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Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003): Assegura a atenção integral à saúde do idoso, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo. Pacto pela Vida (2006): Define a população idosa como uma das prioridades do SUS. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (MS, 2006): Prioriza a avaliação da Capacidade Funcional como uma estratégia para promoção à saúde da pessoa idosa e prevenção de agravos. Definição: A Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica (AMPI-AB) é um processo diagnóstico estruturado de múltiplas dimensões, frequentemente interdisciplinar, que serve para determinar as deficiências ou habilidades do ponto de vista clínico, psicossocial e funcional, com o objetivo de formular um plano de cuidados, coordenado e integrado, a curto, médio e longo prazos, visando especialmente a recuperação e/ou a manutenção da capacidade funcional. A avaliação multidimensional da pessoa idosa se difere do exame clínico padrão por enfatizar a avaliação das capacidades cognitiva e funcional e dos aspectos psicossociais da vida das pessoas idosas e por se basear em escalas e testes que permitem quantificar o grau de incapacidade. São diversos os instrumentos existentes que colaboram para uma avaliação global da pessoa idosa. ATENÇÃO: A perda da capacidade de gerir a própria vida ou das atividades de vida diária não é normal da velhice ou da idade. Envelhecimento saudável: Processo de desenvolvimento e manutenção da capacidade funcional que permite o bem-estar na idade avançada (OMS, 2015). Capacidade funcional: A interação entre os recursos físicos e mentais do próprio indivíduo (a capacidade intrínseca da pessoa) e dos ambientes (físicos e sociais) em que este indivíduo está inserido, é essencial para a realização de atividades consideradas importantes para si e para sua sobrevivência (BRASIL, 2018). Envelhecimento ativo: Processo de otimização da oportunidade de saúde, participação e segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem (OMS, 2015). “Ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de fazer parte da força de trabalho (OMS, 2015). A AMPI-BA visa: Instrumentalizar as UBSs para qualificação da demanda, planejamento e gestão do cuidado. Além de conhecer as necessidades de saúde da população idosa, classificando-a segundo o grau de fragilidade. A Avaliação Multidimensional da Pessoa Idosa na Atenção Básica consiste de etapas processuais e complementares com a aplicação de questionários e testes. Difere do exame clínico padrão por enfatizar a avaliação das capacidades cognitiva e funcional e dos aspectos psicossociais da vida das pessoas idosas e pela possibilidade de utilizar escalas e testes que permitem quantificar o grau de incapacidade. O exame clínico: Parte integrante da avaliação multidimensional da pessoa idosa. Sem ele, ainda que se detectem as deficiências, incapacidades e desvantagens do indivíduo, não será possível diagnosticar o dano ou lesão responsável por elas. Estas e outras informações pertinentes podem ser registradas na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Vale lembrar que a atualização das vacinas também compõe a avaliação clínica. https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/27/CADERNETA-PESSOA-IDOSA-2017-Capa-miolo.pdf https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2017/setembro/27/CADERNETA-PESSOA-IDOSA-2017-Capa-miolo.pdf A cognição: Conjunto de capacidades mentais (memória, função executiva, atenção, práxis, linguagem, função visuo-espacial e comportamento) que permitem ao indivíduo compreender e resolver os problemas do cotidiano. A avaliação cognitiva deve fazer parte da avaliação multidimensional, pois auxilia na identificação das principais alterações na saúde mental das pessoas idosas. O desempenho físico e social do idoso depende da integridade de suas funções cognitivas. ATENÇÃO: Se o idoso deixar de realizar uma tarefa que executava rotineiramente, como cuidar do próprio dinheiro, pode sugerir o início de demência. Perguntas simples são utilizadas para o rastreio do déficit cognitivo. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa contempla as seguintes perguntas para esse fim: → Algum familiar ou amigo(a) falou que você está ficando esquecido(a)? → O esquecimento está piorando nos últimos meses? → O esquecimento está impedindo a realização de alguma atividade do cotidiano? ATENÇÃO: A resposta positiva a uma das questões acima sugere a aplicação de outros instrumentos de rastreio. Mini Exame do Estado Mental (MEEM): Essa é uma das escalas mais comuns para avaliar o estado cognitivo, por sua rapidez e facilidade de aplicação. É um instrumento extremamente útil na triagem cognitiva por ser simples e de fácil aplicação. Com duração de 5 a 10 minutos é capaz de rastrear todas as funções cognitivas, o MEEM permite a quantificação do declínio cognitivo e sugere quais funções cognitivas estão comprometidas. Desenho do relógio → complementação do MEEM: Teste válido e confiável para rastrear pessoas com lesões cerebrais. Verifica a habilidade visuo-construtiva ou praxia construcional, que é a capacidade de desenhar ou construir a partir de um estímulo (no caso, um comando verbal). Independe da linguagem verbal e por essa razão é considerada uma prova cognitiva não verbal. → O teste consiste em solicitar à pessoa idosa que desenhe um mostrador de relógio com números. Em seguida, solicita-se que sejam acrescentados os ponteiros do relógio, de horas e minutos, representando ali um horário específico, como por exemplo, 2 horas e 50 minutos. Avaliação dos resultados: Se o paciente desenha um mostrador pequeno, onde não cabem os números, já há evidência preliminar de uma dificuldade com o planejamento. Na negligência unilateral, os números serão colocados apenas na metade do relógio. Pacientes com disfunção executiva (lesão frontal) podem apresentar dificuldade para colocar os ponteiros. Teste de fluência verbal: Consiste em solicitar à pessoa idosa que diga o maior número possível de animais em 1(um) minuto. Avaliações dos resultados: Escore esperado é de 14 ou 15 animais citados. → Pacientes com demência, além de produzirem escores baixos, tendem a interromper a geração de palavras após 20 segundos do teste. → Pacientes deprimidos podem apresentar escores baixos, mas tendem a gerar palavras durante todo o minuto. Questionário PFEFFER: É uma escala de 11 questões aplicada ao acompanhante ou cuidador da pessoa idosa sobre a capacidade deste em desempenhar determinadas funções. O objetivo do questionário é verificar a presença e a severidade de declínio cognitivo. Para a progressão da investigação ou encaminhamento de um caso suspeita de demência: consultar a Portaria SAS/MS 1.298, de 21 de novembro de 2013. Avaliação psíquica: humor O humor é uma função indispensável para a preservação da autonomia do indivíduo, sendo essencial para a realização das atividades de vida diária. Depressão e ansiedade são os principais transtornos de humor. A ansiedade pode ocorrer de forma isolada, porém, geralmente está associada ou é um dos sintomas da depressão. O espectro dos problemas associados ao rebaixamento do humor ou baixa motivação varia desde a tristeza isolada até a depressão maior. A presença de depressão entre as pessoas idosas tem impacto negativo na saúde, com mais comprometimento físico, social e funcional, impactando na cognição e afetando a qualidade de vida. É essencial que seja feita a diferença entre tristeza e depressão, uma vez que os sintomas depressivos podem ser mais comuns nessa faixa etária ocorrendo, com frequência, no contexto de enfermidades agudas ou crônicasacutizadas. As perguntas de rastreio para o transtorno de humor na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa são: → No último mês, você ficou com desânimo, tristeza ou desesperança? → No último mês, você perdeu o prazer ou interesse em atv anteriormente prazerosas? ATENÇÃO: Caso a pessoa responda “sim” a uma das duas questões, deve-se aplicar a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0002_IDOSO_AVALIACAO_MULTIDIMENSIONAL/6/assets/lib/docs/u3-caderneta.pdf https://app4.unasus.gov.br/ppuplayer4_idoso/uploads/recursos/SE_UNASUS_0002_IDOSO_AVALIACAO_MULTIDIMENSIONAL/6/assets/lib/docs/u3-caderneta.pdf Escala de Depressão Geriátrica (GDS 15): A Escala de Depressão Geriátrica é um questionário de 15 perguntas com respostas objetivas (sim ou não) a respeito de como a pessoa idosa tem se sentido durante a última semana. Ela é uma ferramenta útil, de avaliação rápida para facilitar a identificação de sintomas depressivos em idosos. A cada resposta coincidente com uma conotação negativa some 1 ponto. As perguntas não podem ser alteradas, deve-se perguntar exatamente o que consta no instrumento. Suspeita-se de depressão se a pontuação for maior ou igual a 6, sendo que de 6 a 10 pontos sugere depressão leve e de 11 a 15 pontos, depressão grave. Avaliação do suporte social e familiar: A dimensão sócio familiar tem um profundo impacto na saúde e na qualidade de vida do indivíduo, e deve ser considerada na elaboração do plano de cuidados da pessoa idosa. A Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa lista algumas questões que auxiliam na identificação de vulnerabilidades e indicam a necessidade de acionar, por exemplo, a rede de Assistência Social. ATENÇÃO: Aos indicadores de violência domiciliar, abuso e maus tratos contra a pessoa idosa. Lesões corporais inexplicadas, descuido com a higiene pessoal, demora na busca de atenção médica, discordâncias entre a história da pessoa e a do cuidador, internações frequentes por não adesão ao tratamento de doenças crônicas, ausência do familiar na consulta ou recusa à visita domiciliar são extremamente sugestivos de violência familiar. Avaliação funcional: A avaliação funcional, preconizada pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, é fundamental e determinará não só o comprometimento funcional da pessoa idosa, mas sua necessidade de auxílio. Entre os diversos aspectos que precisam ser investigados estão: o desempenho da pessoa idosa nas atividades de vida diária; sua vulnerabilidade; mobilidade; visão; audição; nutrição e continência. Representa uma maneira de medir se uma pessoa é ou não capaz de desempenhar as atividades necessárias para cuidar de si mesma. Caso não seja capaz, deve-se verificar se essa necessidade de ajuda é parcial, em maior ou menor grau, ou total. Atividades e ferramenta a avaliação no desempenho das atividades cotidianas ou atividades de vida diária → Atividades da Vida Diária (AVD) → Escala de Katz. → Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) → Escala de Lawton. → Avaliação de vulnerabilidade → VES-13. → Avaliação da mobilidade → Ferramentas para avaliação da mobilidade e da marcha: Stand Up And Go, Escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinneti Atividade da vida diária (AVD): São relacionadas ao autocuidado e, no caso de limitação de desempenho normalmente requerem a presença de um cuidador para auxiliar a pessoa idosa a desempenhá-las. São conhecidas também como atividades básicas da vida diária: → Banhar-se. → Vestir-se. → Alimentar-se. → Continência urinária e fecal. → Ir ao banheiro (fazer as necessidades fisiológicas sem auxílio). → Transferir-se de uma cama para uma cadeira e vice-versa. Escala de Katz: Escala mais utilizada para a avaliação das atividades da Vida Diária dos idosos. Os pacientes que não são capazes de realizar qualquer das atividades necessitam de um apoio em casa, seja familiar ou de um cuidador. Atividades instrumentais da vida diária (AIVD): São as atividades relacionadas à participação do idoso em seu entorno social e indicam a capacidade de um indivíduo em levar uma vida autônoma dentro da comunidade. → Realizar compras. → Utilizar o telefone. → Preparar refeições. → Manipular medicamentos. → Utilizar meios de transporte. → Cuidar das próprias finanças. → Realizar tarefas domésticas leves e pesadas. Escala de Lawton: Uma das escalas mais utilizadas para a avaliação das atividades instrumentais da Vida Diária dos idosos. Os pacientes que não são capazes de realizar qualquer das atividades necessitam de um apoio em casa, seja familiar ou de um cuidador. A atenção à saúde da pessoa idosa por meio da avaliação da capacidade funcional tem demonstrado ser mais significativa nas intervenções terapêuticas do que apenas a identificação da presença ou ausência de doenças. É o que pode ser observado através do seguinte exemplo: dois idosos que tem o diagnóstico de Diabetes Mellitus, um se mantém independente para todas suas AVD e outro necessita de ajuda para sair da cama e alimentar-se. Os dois possuem a mesma doença de base, mas, seu nível funcional é muito diferente. Avaliação de vulnerabilidade → VES-13 O VES-13 é um instrumento simples e eficaz, capaz de identificar a pessoa idosa vulnerável residente na comunidade, com base na idade, autopercepção da saúde, presença de limitações físicas e incapacidades. O questionário pode ser aplicado por qualquer membro da equipe e respondido pelo paciente ou pelos familiares/ cuidadores (dispensando a observação direta do paciente), exames complementares ou outras escalas diagnósticas. Cada item recebe uma determinada pontuação e o somatório final pode variar de 0 a 10 pontos. Se a pontuação for ≥ 3, há risco de 4,2 vezes maior de declínio funcional ou morte em dois anos, quando comparado com pessoas com pontuação ≤ 2, independentemente do sexo e do número ou tipo de comorbidades presentes. Avaliação da mobilidade: A grande propensão da pessoa idosa à instabilidade postural e à alteração da marcha aumenta o risco de quedas e, por essa razão, equilíbrio e marcha devem ser sempre avaliados. As alterações na mobilidade e quedas podem ocorrer por disfunções motoras, de senso percepção, equilíbrio ou déficit cognitivo. A dinâmica do aparelho locomotor sofre alterações com redução na amplitude dos movimentos, modifica a marcha, que fica com passos mais curtos, lentos e pouca elevação dos pés. A amplitude de movimentos dos braços também diminui, ficando mais próximos do corpo. Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa verifica se há histórico de quedas, através das seguintes perguntas: Ferramentas para avaliação da mobilidade e da marcha: Stand Up And Go O teste Get up and Go (Levante e Ande) é um teste prático e útil da avaliação do equilíbrio e que pode ser realizado em qualquer ambiente. Para realizar o teste, oriente o idoso para que: Levante sem usar as mãos de uma cadeira que não deve ter braços: → Fique de pé por um momento. → Caminhe 2.8 metros em direção de uma parede. → Retorne sem tocar na parede. → Caminhe de volta para a cadeira. → Dê a volta no corpo. → Sente na cadeira. Escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinneti A avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinnetti realizado através de protocolo de Mary Tinneti, proposto em 1986. Em 2003, esse teste foi adaptado para ser utilizado na população brasileira recebendo o nome de POMA-Brasil. Para o teste de equilíbrio, a pessoa idosa deve estar sentada em uma cadeira sem braços. Devem ser executadas alguns movimentos, como levantar e sentar da cadeira. A forma como os movimentos são executados tem uma pontuação específica. Quanto menor a pontuação maior o problema. Para o teste da marcha, a pessoa idosa deve estar em pé, caminhar no passo normal, depois voltar com passos rápidos, mas com segurança,usando o suporte habitual, se for o caso (bengala e/ou andador). Da mesma forma, quanto menor a pontuação maior o problema. Avaliação dos sistemas sensoriais: A diminuição da acuidade da visão e da audição, em conjunto ou isoladamente, impactam na cognição e na estabilidade postural e, quase invariavelmente, levam ao isolamento social da pessoa idosa. Por isso, a necessidade de se avaliar esses sistemas. Uma identificação inicial sobre deficiências já estabelecidas é realizada na seção de Dados Pessoais na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Acuidade visual: O processo natural de envelhecimento associa-se a uma redução da acuidade visual devido às alterações fisiológicas das lentes oculares, déficit de campo visual e doenças de retina. Ao avaliar essa função, pergunte à pessoa idosa se ela sente dificuldade ao ler, assistir televisão, dirigir ou para executar qualquer outra atividade da vida cotidiana. Aqueles que responderem afirmativamente devem ser avaliados com o uso do Cartão de Jaeger ou com o Teste de Snellen. Quando possível, esse paciente deve ser encaminhado para avaliação oftalmológica. Acuidade aditiva: A presbiacusia é uma das causas mais comuns relacionadas ao declínio na acuidade auditiva das pessoas idosas e, geralmente, está associada a diminuição da função do sistema vestibular = controle do equilíbrio. Muitas vezes, o idoso pode não perceber essa perda e, por essa razão, não falar sobre ela. Para auxiliar nessa verificação pode-se utilizar o Teste do Sussurro. Já o exame otoscópico é essencial para evidenciar rolhas de cerúmen ou otites. A obstrução por cerúmen contribui para a perda auditiva e a sua remoção pode melhorar em muito a audição. A remoção deve ser feita antes da avaliação da perda auditiva. → Teste do Sussurro: Para avaliar a acuidade auditiva por meio do Teste do Sussurro, o examinador deve ficar fora do campo visual da pessoa idosa, a uma distância de aproximadamente 33cm. Posicionado, o examinador deve “sussurrar”, ou seja, falar bem baixo uma questão breve e simples como por exemplo → qual o seu nome? O sussurro deve ser feito em cada ouvido. Se a pessoa idosa não responder, deve-se examinar seu conduto auditivo para afastar a possibilidade de cerume ser a causa da diminuição da acuidade auditiva. Se não identificar obstáculo nos condutos auditivos externos, deve-se solicitar audiometria em ambulatório especializado. Avaliação dos sistemas sensoriais: A antropometria é muito útil para o diagnóstico nutricional dos idosos. É um método simples, rápido, de baixo custo e com boa predição para doenças futuras, mortalidade e incapacidade funcional, podendo ser usada como triagem, tanto para diagnóstico quanto para o monitoramento de doenças. Nos procedimentos de diagnóstico e acompanhamento do estado nutricional de idosos, o critério prioritário é a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), considerando os pontos de corte diferentes daqueles utilizados para adultos. Calculo do IMC em idosos: A diferença nos pontos de corte do IMC em idosos se deve às alterações fisiológicas nos idosos: → O declínio da altura é observado com o avançar da idade, em decorrência da compressão vertebral, mudanças nos discos intervertebrais, perda do tônus muscular e alterações posturais. → O peso pode diminuir com a idade, porém, com variações segundo o sexo. Essa diminuição está relacionada à redução do conteúdo da água corporal e da massa muscular, sendo mais evidente no sexo masculino. É muito importante identificar se a pessoa idosa apresentou perda de peso não intencional de, no mínimo, 4,5kg ou de 5% do seu peso corporal no último ano. Essa perda pode ser um indicativo de algum problema de saúde, alteração no estado de ânimo, ou reflexo de negligência sofrida, e, portanto, sua causa precisa ser investigada. Avaliação das contingências urinarias e fecais: As pessoas idosas nem sempre referem perda espontânea de urina e fezes na avaliação clínica, ou por vergonha, ou por acharem ser normal do processo de envelhecimento. Apesar disso, a incontinência tem grande impacto sobre a qualidade de vida das pessoas idosas, causando, geralmente, grande constrangimento e induzindo ao isolamento social e à depressão. Caso haja diagnóstico de incontinência urinária ou fecal, é importante o registro na seção de “diagnósticos e internações prévios” na Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa. Para detectar incontinências: → Deve-se estar atento ao odor de ureia, típico da incontinência urinária (IU), ou ao uso de qualquer tipo de proteção, como absorventes, panos, etc. → Questionar sobre a presença de perda involuntária de urina ao longo da consulta, de forma explícita. → Se a resposta for afirmativa, deve-se investigar as possíveis causas, muitas das quais reversíveis, como restrição de mobilidade, retenção urinária, infecção e efeito medicamentoso. Pontuação final do questionário multidimensional: Classifica as pessoas idosas em três categorias de funcionalidade: IDOSO SAUDÁVEL = 0 A 5 PONTOS = INDEPENDENTES: Promoção de saúde e prevenção de agravos (cuidados de baixa complexidade). Podem ser atendidos na UBS e eventualmente na Atenção Especializada (consultas e exames). IDOSO PRÉ-FRÁGIL = 6 A 10 PONTOS = MAIOR RISCO DE FRAGILIZAÇÃO E PERDA FUNCIONAL: Promoção de saúde, prevenção de agravos (cuidados de baixa e média complexidade). Podem ser atendidos na UBS e eventualmente na Atenção Especializada (consultas, exames diagnósticos e tratamentos, incluindo reabilitação). IDOSO FRÁGIL = IGUAL OU MAIOR QUE 11 PONTOS = DEPENDENTES: Promoção de saúde, prevenção de agravos (cuidados de média e alta complexidade), incluindo cuidados paliativos e reabilitação. Podem ser encaminhados para as Unidades de Referência em Saúde do Idoso ou outros pontos da atenção especializada e atenção hospitalar, porém, não devem perder o vínculo com a UBS → gestora do cuidado! Resultados da AMPI-AB: Tem como objetivo garantir o vínculo entre idoso / equipe UBS / RAS. → Programa Municipal de Atendimento ao Idoso – PROMAI. → Ambulatório Municipal de Fisioterapia. → Programa Melhor em Casa. → Ambulatório Médico de Especialidades – AME. O Plano de Cuidados Específico corresponde às ações propostas pela equipe da Unidade Básica de Saúde no acompanhamento do idoso com alterações, em algum item específico da AMPI/AB → formulação de um Projeto Terapêutico Singular (PTS). Reaplicação da AMPI-AB: Baseada na classificação da funcionalidade: 0 - 5 pontos: repetir após 12 meses. 6 - 10 pontos: repetir após 6 meses. ≥ 11 pontos: encaminhamento para a atenção especializada específica à saúde da pessoa idosa. Após o retorno do cuidado para a UBS realizar a AMPI-AB após 6 meses. Sinais de alerta: → Multimorbidades (>ou = 5 diagnósticos). → Polifarmácia (5 ou mais medicamentos/dia). → Internações recentes (+ de 2 internações último ano). → Incontinência urinária e fecal. → Quedas recorrentes (2 ou mais no último ano). → Alteração da marcha e do equilíbrio. → Comprometimento cognitivo (memória/humor). → Comprometimento sensorial (visão/audição). → Dificuldades de comunicação. → Perda de peso não intencional. → 2 ou mais quedas no último ano. → Morar sozinho(a)/insuficiência familiar. → Autocuidado negligenciado. → Redução da participação social e comunitária. → Suspeitas de violência/maus-tratos. Projeto terapêutico singular: Coordenado e integrado. Possui metas a curto, médio e longo prazo e visa a recuperação e/ou a manutenção da capacidade funcional. Etapas: 1. Diagnóstico (clínico, funcional e situacional): Avalia os fatores orgânicos, sociais e psicológicos do idoso, permitindo que se alcance uma conclusão sobre os riscos e insuficiências. 2. Definição de metas: Para definir as metas e ações, considera-se, inicialmente, a complexidadesituacional (a capacidade funcional, o suporte social e familiar e a autonomia). 3. Divisão de responsabilidades: Escolher um profissional de referência (pode ser qualquer membro da equipe) → estratégia para favorecer a continuidade e articulação entre formulação, ações e reavaliações. 4. Reavaliação: Instrumento dinâmico e deverá ser rediscutido periodicamente (a cada 6 meses) com a Equipe de Trabalho do Programa, com possibilidades de alterações no decorrer do tempo. Resumindo → etapas da AMPI-AB: 1. Coleta de dados de identificação. 2. Aplicação de Questionário Multidimensional. 3. Aplicação de Questionário de Dados Sociais. 4. Aplicação de Testes de Rastreamento. 5. Conclusão da Avaliação e elaboração do Projeto terapêutico Singular (PTS). Objetivo da AMPI-AB: Gerenciamento do Cuidado da Pessoa Idosa → Possibilita a identificação das demandas e dos serviços. → Planeja juntamente com idosos, familiares e cuidadores, a utilização desses serviços. → Coordena a prestação dos serviços que são necessários. → Estabelece uma comunicação entre todos os envolvidos favorecendo o cuidado integrado. → Coordena a qualidade do cuidado prestado, verificando sobre a utilização dos recursos, do estabelecimento e da utilização de protocolos e analisando as respostas obtidas.
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