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Resumo do capítulo 13 do livro 'A psicanálise na terra do nunca'

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Resumo do capítulo 13: Vampiromania 
O tema dos mortos e seus destinos assombrou e questionou a humanidade em diversas épocas. O medo da morte e enfrentamento do desconhecido foi terreno fértil para o imaginário popular em que a revolta com sua condição de finitude humana juntamente em conjunto com alguns fatores, como interrupção abrupta do curso natural de vida, falha no ritual de partida ou indivíduos considerados amaldiçoados ou excomungados em vida, propiciaria o apego dos mortos ao mundo material em condição de assombração (fantasmas, vampiros, zumbis). Nesse sentido, era comum o exame do túmulo na Europa antiga em suspeita de perigo, de forma que a ameaça deveria ser eliminada através de métodos para deter e finalmente “dar paz” ao morto. Além da imortalidade, a fome desmedida que levava o consumo de sangue humano, fluído vital e sagrado, é uma característica que o diferenciava o vampiro do zumbi, mero “abutre do além”, possibilitando a permanência desse em condição de parasita desesperado apegado ao mundo. 
O vampiro é uma “colcha de retalhos” de elementos folclóricos, práticas supersticiosas, mitologias pagãs, crenças de um cristianismo popular, costuradas com os fios do romance moderno. Esse personagem, como é conhecido popularmente, foi definido com a escrita do romance intitulado Drácula, publicado em 1897, pelo irlandês Bram Stoker. O momento histórico era propício ao tema: o ambiente das novelas góticas, as paisagens lúgubres e, sobretudo, a moda dos temas fantasmagóricos e sobrenaturais. 
O conde Drácula vivia em seu castelo na Transilvânia, possuía pele fria e pálida, pelos no centro das palmas das mãos, unhas afiadas, orelhas com pontas aguçadas, hálito nauseante e jamais se alimentava à mesa, boca com dentes brancos afiados e lábios avermelhados, não se refletia nos espelhos, tinha o poder sobre os lobos e péssima relação com a luz solar, dormindo em um caixão durante o dia com terá do próprio túmulo, caçava durante a noite, podendo ficar totalmente imóvel ou deslocar-se de forma surpreendente. Apesar dessa imagem monstruosa da obra de Stoker, com as releituras, houve a suavização da imagem do personagem, atribuindo a esse um charme de conquistador e envolvente de um homem misterioso, atraente e provido riquezas. 
A história de Drácula não foi um imediato sucesso de público, sendo sua popularidade consolidada somente com a versão teatral versão (1927) e o filme produzido pelo estúdio norte-americano Universal (1931). Com a versão cinematográfica intitulada Drácula, de Bram Stoker, houve a ligação do personagem à figura de Vlad, o empalador; além disso, o conde Drácula possui aparência bastante melhorada e tem na obra uma forte presença de Lucy que propicia a atribuição da característica de sedutor da morte aos vampiros. No que se refere aos vampiros contemporâneos, esses assumem nas obras papel filósofos, aristocrata, drogado, sedutor com desempenho sexual além do humano, onipotentes e românticos. Apesar da modificação de algumas características da natureza do personagem, as questões em que sua história foi baseada sofreu dramática modificação, possuindo em comum apenas o tema da morte. O vampiro configura-se como a representação de um dos questionamentos que acompanha a humanidade desde os primórdios: como seria uma existência que não fosse finita? E, para tanto, a imortalidade traz o fardo de continuar existindo no mundo, tornando-os seres à deriva em um eterno ciclo sem sentido de si como os Cullen retratados por Stephenie Meyer em sua obra.

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