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TOXINA BOTULÍNICA Elaboração Juliana Bueno Sousa de Almeida Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................................ 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA ................................................................................. 5 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 7 UNIDADE I ANATOMIA ............................................................................................................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 MÚSCULOS DA FACE ........................................................................................................................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 MÚSCULOS DA MASTIGAÇÃO ........................................................................................................................................................................ 14 CAPÍTULO 3 ANATOMIA VASCULAR ..................................................................................................................................................................................... 20 CAPÍTULO 4 NEUROANATOMIA .............................................................................................................................................................................................. 26 UNIDADE II TOXINA BOTULÍNICA ........................................................................................................................................................................................................ 36 CAPÍTULO 1 HISTÓRICO, ESTRUTURA MOLECULAR E MECANISMO DE AÇÃO ................................................................................................ 36 CAPÍTULO 2 MARCAS COMERCIAIS, ARMAZENAMENTO, DOSE E DILUIÇÃO ................................................................................................... 40 UNIDADE III APLICAÇÕES ESTÉTICAS ................................................................................................................................................................................................ 43 CAPÍTULO 1 ANAMNESE E EXAME CLÍNICO .................................................................................................................................................................... 43 CAPÍTULO 2 APLICAÇÕES ......................................................................................................................................................................................................... 54 UNIDADE IV APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS ...................................................................................................................................................................................... 73 CAPÍTULO 1 BRUXISMO ............................................................................................................................................................................................................. 73 CAPÍTULO 2 APLICAÇÃO DA TOXINA BOTULÍNICA PARA O BRUXISMO ............................................................................................................. 85 REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................................... 93 4 APRESENTAÇÃO Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico- tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. 6 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESqUISA Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/ conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 INTRODUÇÃO Hoje em dia, vemos a aplicação tanto estética quanto funcional da toxina botulínica como importante ferramenta na odontologia. Trata-se de uma técnica que, quando bem indicada e bem realizada, traz benefícios aos pacientes. Os resultados da toxina botulínica são rápidos, aparecem em até 15 dias após a aplicação e podem permanecer entre 4-6 meses. Na área estética podemos, de maneira não muito invasiva, resolver problemas como linhas de expressão e sorriso gengival, substituindo cirurgias plásticas, que são mais invasivas e com maior custo ao paciente. Na área funcional, podemos ajudar a melhorar o bruxismo em conjunto com outras técnicas, como uso de placas interoclusais. Neste curso, vamos abordar a anatomia da face e como a toxina botulínica se comporta, bem como seus usos estéticos e funcionais. Objetivos » Adquirir conhecimentos anátomo-histológicos da face. » Saber o correto diagnóstico, indicações, contraindicações e tempo de aplicação da toxina botulínica. » Entender os pontos de aplicações, estéticas ou funcionais, e suas doses. 9 UNIDADE IANATOMIA CAPÍTULO 1 Músculos da face Os músculos da face são aqueles mais superficiais e responsáveis pela mímica. Eles têm inserções em mucosa e cutis e, por esse motivo, realizam a movimentação da pele da face onde estãoinseridos, levando às linhas de expressão facial. São músculos extremamente finos e delicados, eles não possuem fáscia. Durante a sua contração, nós vemos a formação de linhas perpendiculares, a orientação das fibras musculares. Todos os músculos desse grupo são inervados pelo nervo motor facial, e suas funções geralmente são descritas pelo próprio nome do músculo. Vamos descrever mais detalhadamente adiante cada músculo, sua função e particularidades (MADEIRA, 2004). Antes de iniciarmos nossos estudos detalhados desses músculos, vamos relembrar a anatomia óssea da região da cabeça e do pescoço, já que essas estruturas, assim como veias, artérias e nervos, recebem seus nomes pelos ossos dessa região. O crânio constitui o esqueleto da cabeça e pode ser dividido em viscerocrânio e neurocrânio. No viscerocrânio, temos os órgãos de sentido e início do trato digestório. Ele é formado por 14 ossos: uma mandíbula e um vômer e os demais ossos aos pares maxilares, zigomáticos, nasais, conchas nasais, palatinos e lacrimais. A mandíbula é o único osso móvel, que está ligado à maxila pela articulação temporomandibular (ATM); os demais ossos estão ligados entre si pelas suturas (articulações fibrosas). O neurocrânio, por sua vez, forma a cavidade onde se aloja o encéfalo. Ele é formado pelos pares dos ossos parietais e frontais e por um occipital, um etmoide, um frontal e um esfenóide. 10 UNIDADE I | ANATOMIA Figura 1. Vista frontal do crânio. Frontal Osso zigomático Osso nasal Lâmina orbital do osso etmoide Pequena asa do osso esfenoide Parietal Temporal Grande asa do osso esfenoide Maxila Proc. orbital do osso palatino Osso lacrimal Dentes Vômer Mandíbula Concha nasal média do osso etmoide Concha nasal inferior Lâm. perpendicular do osso etmoide Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/bones-cranium-head-skull-individual-their-505306105. Músculo occipitofrontal Músculo formado por dois ventres, um occipital e outro frontal, unidos pela aponeurose craniana. O ventre frontal é responsável pelas linhas de expressão da testa e levantam os supercílios, sua inserção está na pele do supercílio. Músculo prócero Músculo inserido na pele da região da glabela, com feixes no sentido vertical; sua contração gera linhas no sentido horizontal. Esse músculo geralmente encontra-se com as fibras dos músculos frontal e orbicular entrelaçadas. Músculo corrugador do supercílio Está entre o osso nasal e a extremidade lateral do supercílio, é um músculo horizontal; ele é recoberto pelo orbicular do olho e frontal. Sua contração causa rugas verticais na glabela juntamente com o músculo prócero. 11 ANATOMIA | UNIDADE I Figura 2. Glabela. Glabela Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/frontal-bone-cranium-bones-head-skull-1016955823. Na figura 2, vemos em destaque o osso frontal, no qual encontra-se esse espaço chamado glabela, bem abaixo da testa, entre as sobrancelhas e acima do osso nasal. Nessa região, os músculos prócero e corrugador de supercílio estão inseridos. Músculo orbicular do olho Situa-se ao redor da órbita ocular, inserido basicamente na pele dessa região, sobrepondo-se aos músculos próximos, como o frontal e o prócero. Durante sua contração, vemos as linhas de expressão em sentido horizontal situadas lateralmente à órbita ocular, as quais são popularmente denominadas “pés de galinha”. Músculo levantador do lábio superior e da asa do nariz Encontra-se inserido desde a região do processo frontal da maxila, próximo ao ângulo do olho, até a o lábio superior, passando e inserindo-se também na asa do nariz. Sua contração realiza o levantamento do lábio superior e a elevação da asa do nariz. 12 UNIDADE I | ANATOMIA Músculo levantador do lábio superior Têm origem da margem infraorbitária, bem abaixo do forame infraorbitário, descendo obliquamente até a margem do lábio superior; suas fibras estão posicionadas entre o músculo levantador do lábio superior e a asa do nariz, e músculo zigomático menor, quando contraído, realiza a elevação da porção intermediária do lábio. Geralmente as fibras desse músculo encontram-se entrelaçadas com os músculos citados. Músculo zigomático menor Situa-se ao lado do levantador do lábio superior e medialmente ao músculo zigomático maior, percorrendo o osso zigomático até o lábio superior; tem a função de levantar o lábio superior; pode encontrar-se ausente ou fusionado aos músculos vizinhos. Músculo levantador do ângulo da boca Está inserido na fossa canina e segue até o canto do lábio. É um músculo mais curto que os anteriores e, por vezes, suas fibras estão fusionadas. É coberto pelo músculo levantador do lábio superior. Sua função é proporcionar a elevação do ângulo da boca. Músculo abaixador do ângulo da boca Situado desde a base da mandíbula até o ângulo da boca, é um músculo muito superficial. Tem aspecto de um triângulo, pois encontra-se entre os músculos platisma e abaixador do lábio inferior, este situado desde a região molar até o tubérculo mentoniano (base), até o canto do lábio inferior (ápice). Ele realiza o abaixamento do ângulo da boca. Músculo abaixador do lábio inferior Tem inserção em cima do músculo abaixador do ângulo da boca, estendendo-se até o lábio obliquamente; tem formato quadrilátero e realiza o abaixamento do lábio inferior. 13 ANATOMIA | UNIDADE I Músculo mentoniano Eles têm um formato triangular com base inferior, encontram-se inseridos com origem óssea na fossa mentoniana, entre os abaixadores do lábio inferior, dirigindo-se para frente e fixando-se na cútis do mento; sua contração causa aquelas estrias na região mentoniana. Músculo platisma É uma lâmina longa, larga e fina que cobre grande parte da região lateral e anterior do pescoço, com inserção na base da mandíbula, estendo-se até a clavícula e indo para a região do peitoral. Sua movimentação causa o enrugamento da pele onde encontra-se inserido. Na figura 3, conseguimos ver os músculos da face e podemos notar como suas fibras têm relação muito próxima, muitas vezes fusionadas e entrelaçadas. Sua dissecção é bem delicada e fazemos uma separação anatômica desses músculos para que o estudo fique mais claro e didático. Figura 3. Músculos da face. Mm. occipitofrontal Mm. prócero Mm. zigomático maior Mm. Orbicular da boca Mm. mentoniano Mm. temporal Mm. zigomático menor Mm. levantador do lábio superior Mm. levantador do lábio superior e da asa do nariz Mm. risório Mm. bucinador Mm. nasal Mm. platisma Mm. abaixador do ângulo da boca Mm. abaixador do lábio inferior Mm. Orbicular do olho Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/female-head-muscles-anatomy-front-view-197484572. 14 CAPÍTULO 2 Músculos da mastigação É um grupo de quatro músculos: masseter, temporal, pterigóideo medial e pterigóideo lateral. Eles são responsáveis pelos movimentos da mastigação em conjunto, elevando a mandíbula e o osso móvel em direção à maxila. São inervados pelo nervo trigêmeo, pela sua parte motora (ramo mandibular), o nervo mandibular. Assim que cada nervo chega em seu músculo de destino, ele passa a receber o nome desse músculo. O masseter e o temporal são mais superficiais, de fácil manipulação. Os músculos pterigóideo medial e pterigóideo lateral, por sua vez, estão situados mais profundamente e são de difícil palpação. Na figura 4, uma vista lateral, vemos o músculo temporal e o músculo masseter em destaque. Figura 4. Músculos da mastigação. Mm. masseter Mm. temporal Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/female-head-muscles-anatomy-side-view-195282506. Músculo masseter Músculo forte, espesso e grande. Tem sua inserção fixa no processo zigomático e inserção móvel na base da mandíbula. Ele encobre quase todo ramo mandibular, 15 ANATOMIA | UNIDADE I com exceção do côndilo. Ele é dividido em uma porçãosuperficial e outra profunda. A parte superficial é mais anterior, maior e tem as fibras dispostas mais inclinadas; a parte profunda é menor, mais posterior e tem as fibras dispostas verticalmente. A separação dessas duas porções é mais visível na parte mais profunda; quanto mais superficial, mais difícil de separar as suas fibras.O masseter é o principal músculo da mastigação. A parte superficial é mais responsável pela elevação da mandíbula, enquanto a parte profunda mantém os dentes em oclusão por longos períodos de tempo. Figura 5. Músculo masseter feixes profundo e superficial. Feixe profundo Mm. masseter Feixe superficial Mm. masseter Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/human-facial-muscles-anatomy-side-view-1297587229. Músculo temporal O músculo temporal é coberto pela fáscia temporal, que se divide em profunda e superficial. A fáscia ainda é revestida pela aponeurose epicraniana de onde vem o suprimento sanguíneo e a inervação. A fáscia tem a função de proteger, cobrir e também de oferece inserção; outra função é agir como força contrária ao masseter que traciona o osso zigomático. 16 UNIDADE I | ANATOMIA Esse músculo tem aparência de leque, pois suas três porções (anterior, média e posterior) convergem formando um grande tendão para o espaço entre o osso zigomático e crânio, inserindo-se no processo coronoide da mandíbula. A porção anterior desse músculo é mais espessa, e suas fibras encontram-se dispostas mais verticalmente. As fibras vão ficando cada vez mais oblíquas em direção posterior, podendo até ficar dispostas horizontalmente na porção mais posterior do temporal. A elevação da mandíbula é realizada pelo conjunto de todas as porções desse músculo, mas, em maior grau, é feita pela parte anterior, por ter fibras mais espessas; enquanto que a parte posterior faz sozinha o movimento de retrusão mandibular. O temporal tem fibras mais extensas que o masseter, caracterizando-se como um músculo mais de movimento do que de força. Sendo assim, nos movimentos de fala ou fechamento rápido, suas fibras são mais requisitadas que as do masseter. Durante a mastigação, o temporal também é requisitado, mas o masseter tem maior função. Figura 6. Músculo temporal. Mm. temporal Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/facial-muscles-289015943. 17 ANATOMIA | UNIDADE I Músculo pterigóideo medial É um músculo de anatomia e funções bem parecidas ao masseter, porém em tamanho reduzido. Ele tem ação sinérgica ao masseter na elevação da mandíbula; é um músculo retangular; tem sua inserção móvel no ramo da mandíbula entre o forame da mandíbula e o sulco milo-hióideo, de um lado, e contorno do ângulo da mandíbula, de outro; e inserção fixa na fossa pterigóidea. Ele não é revestido por uma fáscia, somente por uma lâmina fascial extremamente fina separando-o do músculo pterigóideo lateral. Além de elevar a mandíbula, o pterigóideo medial têm a função de protrusão mandibular. Figura 7. Músculo pterigóideo medial. Mm. pterigóideo medial Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/this-3d-illustration-medial-pterygoid-muscles-1662436561. Músculo pterigoideo lateral Menor dos quatro músculos da mastigação, é o único com inserção na articulação temporomandibular e com disposição horizontal de suas fibras. Tem sua inserção fixa na fossa infratemporal, que se divide em duas partes: a inferior, maior, sai do processo pterigóide; e a superior, menor, sai do osso esfenóide. Ambas se unem e caminham até a fóvea pterigóidea da mandíbula. Uma pequena parte da fibras superiores se ligam à articulação temporomandibular pela cápsula e pelo disco articular. Essas fibras inseridas no disco oferecem estabilidade para ele, evitando deslocamento posterior e um possível descompasso entre sua movimentação e a cabeça da mandíbula. 18 UNIDADE I | ANATOMIA Figura 8. Músculo pterigóideo lateral. Mm. pterigóideo lateral Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/tmj-temporomandibular-joints-healthy-occlusion- anatomy-1741122230. Quando ambos os pterigóideos laterais são acionados, um movimento de protrusão é rea l izado. Quando há também contração dos músculos supra-hioideos, a mandíbula roda e ocorre a abertura da boca também. Já quando somente um dos pterigóideos laterais é contraído, ocorre um movimento de lateralidade da mandíbula para o lado oposto de onde houve contração. Figura 9. Músculos pterigoideo medial e lateral em uma vista coronal. Mm. pterigóideo medial Mm. pterigóideo lateral Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/origins-insertions-head-muscles-cranium-skull-1022239903. Nas figuras 8 e 9, podemos ver as inserções, no crânio, dos músculos pterigóideos medial e lateral. 19 ANATOMIA | UNIDADE I No pterigoideo medial, vemos sua inserção fixa na fossa pterigoidea; e no músculo pterigoideo lateral, vemos sua inserção fixa na fossa intratemporal. Vale ressaltar que chamamos de inserção fixa onde o músculo está inserido e sem deslocamento; é a origem do músculo. E inserção móvel, onde o músculo se insere e tem movimentação efetiva (MADEIRA, 2004). 20 CAPÍTULO 3 Anatomia vascular A anatomia vascular da cabeça e do pescoço é extensa e complexa. Neste capítulo, iremos focar apenas nas estruturas responsáveis pela irrigação e drenagem venosa dos músculos mencionados anteriormente e nas estruturas adjacentes de interesse. Artérias O suprimento sanguíneo da cabeça e do pescoço se dá por meio das artérias carótidas comum e vertebral. A carótida comum vem subindo pelo pescoço e é protegida por músculos por quase todo seu comprimento, e também pela bainha carótida, dentro da qual ainda correm juntos a veia jugular interna e o nervo vago. Assim que chega na cartilagem tireoidea, a carótida comum se bifurca em artéria carótida interna e externa. A artéria carótida interna segue o mesmo caminho da carótida comum e penetra no crânio pelo canal carótico. Ela irriga grande parte do cérebro, com seus ramos anterior e médio. Uma parte posterior do cérebro tem sua irrigação feita pela artéria vertebral. A artéria carótida externa tem trajeto sinuoso e profundo desde sua bifurcação na carótida comum. Ela se divide em seus ramos terminais. Tem relação superficial com alguns músculos, passa pelo interior da glândula parótida e está envolvida por um plexocarótido de fibras simpáticas pós-ganglionares. Os ramos da carótida externa são: artéria tireoidea superior, artéria lingual, artéria facial, artéria occipital, artéria auricular posterior, artéria faríngea ascendente, artéria temporal superior, artéria maxilar. Os ramos de maior interesse e estruturas irrigadas para nosso estudo serão citados a seguir. A artéria facial tem seu início no ângulo da mandíbula, logo acima da artéria lingual. Ela vai para cima e para frente, passando pela face posterior da glândula submandibular, onde libera seus ramos glandulares e a artéria palatina ascendente, que caminha para o palato mole. Logo após, perfura a fáscia cervical e segue para a base da mandíbula à frente do músculo masseter. 21 ANATOMIA | UNIDADE I Quando cruza a mandíbula, ela emite a artéria submentoniana, seguindo a mandíbula até o mento. O tronco dessa artéria sobe sinuosamente pela face, passando pelos músculos bucinador e zigomático maior, liberando os ramos artéria labial inferior e artéria labial superior. Cada um desses ramos acompanha a margem do respectivo lábio mais profundamente ao músculo orbicular da boca. Os ramos dessas artérias labiais superior e inferior dos lados direito e esquerdo anastomosam-se na linha média formando um círculo arterioso. Em algumas pessoas, pode aparecer uma segunda artéria labial inferior chamada de artéria sublabial. A última parte da artéria facial a ser descrita segue o sulco nasolabial até o ângulo medial do olho. Nesse local, ela recebe onome de artéria angular, que se anastomosa com ramos provenientes de uma artéria da órbita. Ela ainda tem diversos ramos colaterais menores, em sua maioria são ramos musculares (MADEIRA, 2004). Resumo da artéria facial, seus ramos e estruturas vascularizadas por elas: » Artéria facial › artéria labial inferior: músculos do lábio inferior; › artéria labial superior: músculos do lábio superior; › artéria angular: ângulo medial do lábio. A artéria temporal superficial é proveniente da artéria carótida comum externa, continuando seu trajeto. Ela se inicia atrás do colo da mandíbula, bem junto da parótida, e passa entre a ATM e o meato acústico externo, cruzando o arco zigomático em conjunto com o nervo auricolotemporal e a veia temporal superficial, chegando na região temporal. Nessa posição, ela passa bem rente à pele e à aponeurose epicraniana, onde vai bifurcar em ramos frontal e parietal. Outro ramo é a artéria facial transversa, que se inicia no colo da mandíbula, passa pelo músculo masseter e termina na bochecha. Resumo da artéria temporal superficial, seus ramos e estruturas por eles irrigadas: » Artéria temporal superficias: › ramo frontal: região temporal – região frontal; › ramo parietal: região temporal – região parietal. 22 UNIDADE I | ANATOMIA A artéria maxilar surge da artéria comum externa, que inicia seu caminho dentro da glândula parótida e segue pela fossa infratemporal junto com a veia maxilar. Elas contornam o colo da mandíbula até alcançar a fossa infratemporal. A artéria maxilar segue seu caminho em contato com o músculo pterigóideo lateral e a tuberosidade da maxila e, adiante, cruza a fissura pterigomandibular. Seu maior ramo, a artéria meníngea média atravessa o forame espinhoso e vai para dentro do crânio. Outro ramo é a artéria alveolar inferior, que desce entre o ramo mandibular e o ligamento esfenomandibular, penetra no forame da mandíbula junto com o nervo alveolar inferior, seguindo até a linha média; os pequenos vasos que saem desse ramo são os ramos dentais e os ramos paradentais. Antes de entrar na mandíbula, a artéria alveolar inferior libera o ramo milo-hióideo, que segue pelo sulco de mesmo nome e pelo canal mandibular. Outro ramo da artéria alveolar inferior é a artéria mentoniana, que emerge da mandíbula pelo canal e forame mentoniano. Passemos então a descrever os ramos musculares da artéria maxilar. Temos a artéria massetérica, que inerva o músculo masseter; a artéria temporal profunda posterior, que irriga o músculo temporal; os ramos pterigóideos, que irrigam os músculos pterigóideos medial e lateral; a artéria temporal profunda superior, que irriga o temporal também; e artéria bucal, que se dirige ao bucinador e à bochecha. Outro ramo da artéria maxilar é a artéria alveolar posterior, que passa pela tuberosidade da maxila e se divide em ramos sobre esse osso; ramos gengivais e ramos dentais e paradentais. Outro ramo da artéria maxilar é a artéria infraorbital, que alcança o assoalho da órbita pela fissura orbital inferior, saindo da órbita pelo forame infraorbital, dando origem aos ramos alveolares superiores, aos ramos dentais e aos ramos paradentais. A artéria maxilar se chama artéria esfenopalatina quando passa pelo forame de mesmo nome dentro da cavidade nasal (MADEIRA, 2004). Resumo da artéria maxilar, seus ramos e estruturas por eles irrigados: » Artéria maxilar: artéria massetérica: músculo masseter: › artéria temporal profunda posterior: músculo temporal (face profunda); › artéria temporal profunda anterior: músculo temporal (porção mais volumosa); › ramos pterigóideos: músculos pterigóideos medial e lateral. 23 ANATOMIA | UNIDADE I Figura 10. Principais artérias da cabeça e do pescoço. Artéria temporal superficial Artéria occipital Artéria carótida interna Artéria carótida externa Seio carotídeo Artéria vertebral Artéria subclávia Artéria maxilar Artéria facial Artéria lingual Artéria tireóidea superior Artéria carótida comum Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/blood-supply-head-neck-101148208. Na figura 10, temos as principais artérias da cabeça e pescoço. Veias A drenagem sanguínea da cabeça e do pescoço é feita por vasos agrupados em: seios da dura-máter, veias cerebrais e cerebelares, veias diplóicas, veias emissárias, veias do couro cabeludo, sistema venoso vertebral e veias superficiais e profundas da face e do pescoço. Assim como na descrição da irrigação feita pelas artérias, iremos citar as veias que drenam as estruturas estudadas neste capítulo. As veias do couro cabeludo têm conexão em forma de rede entre os ossos do crânio e a pele logo acima. As veias principais são a supraorbital, occipital, temporal superficial. Elas seguem os ramos da artéria temporal superficial. A veia temporal superficial chega à face depois de cruzar o arco zigomático, se aprofunda, entra na glândula parótida e recebe as veias maxilares. A veia maxilar drena grande parte do sangue de regiões profundas que são irrigadas pela artéria maxilar; o plexo pterigóideo também drena sangue dessa região, isso acontece porque as artérias e veias maxilares não correm juntamente, diferente da maior parte do sistema arteriovenoso, e veias dos músculos mastigatórios confluem para esse plexo. As veias alveolares superiores, anterior e posterior, e veia alveolar inferior acompanham as artérias de mesmo nome e fazem a sua drenagem sanguínea. 24 UNIDADE I | ANATOMIA O plexo pterigóideo que drena sangue da região profunda da face une-se à veia temporal superficial e, juntos, formam a veia retromandibular, que passa pelo interior da glândula parótida em conjunto com a artéria carótida externa. No ângulo da mandíbula, essa veia pode aparecer de diversas formas. As veias apresentam grande variação anatômica, porém estudaremos a mais comum, que aparece na maioria dos indivíduos. A veia retromandibular se bifurca em um ramo anterior, que irá se unir à veia facial, formando a veia facial comum; e um ramo posterior, que irá se unir à veia auricular posterior, dando origem à veia jugular externa. A veia facial tem seu início no ramo medial do olho. Nesse local, ela recebe o nome de veia angular, com comunicação do seio cavernoso pelas veias oftálmicas superior e inferior. Essas são veias sem válvulas, cujo fluxo sanguíneo depende da pressão intracraniana. A veia facial percorre a face e glândula submandibular, chegando até a veia jugular interna e recebendo suas tributárias, as veia nasal externa, labial inferior, submentoniana e palatina externa. A veia facial cruza a base da mandíbula e se reúne à veia retromandibular, que dá origem à veia facial comum, lançando-se na veia jugular interna juntamente com as veias lingual e tireóidea superior, formando o tronco tirolinguofacial. A veia lingual recebe as veias dorsais da língua, veia sublingual e veia profunda da língua que possuem os mesmos trajetos de suas artérias correspondentes. A veia jugular interna emerge do crânio pelo forame jugular, descendo pelo pescoço protegido pelo músculo e se unindo à veia subclávia. O ramo posterior da veia retromandibular é superficial e se reúne à veia auricular posterior, dando origem à veia jugular externa, que desce pelo pescoço e atinge as veias jugular interna e subclávia (MADEIRA, 2004). » Veias do couro cabeludo: drenam sangue das regiões parietal, frontal, occipital e temporal. » Plexo pterigóideo: drena sangue da parte profunda da face, músculos da mastigação, dentes, palato, cavidade nasal e parte superior, região infraorbital e mentoniana. » Veia facial: ângulo medial do olho, nariz, lábios, bochecha, áreas submentonianas e glândula submandibular. 25 ANATOMIA | UNIDADE I » Veia jugular interna: conteúdo da cavidade craniana, faringe, face, língua, glândula tireoide, laringe (MADEIRA, 2004). Figura 11. Drenagem venosa cabeça e pescoço. V. jugular interna V. submentoniana V. facial comumV. profunda da face Tronco tirolinguofacial V. oftálmica inferior V. temporal superficial V. supraorbital Plexo pterigoideo V. tireóidea superior Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/structure-scheme-human-head-muscles-veins-1658213953. Na figura 11, podemos ver as principais veias e estruturas relacionadas à drenagem venosa. 26 CAPÍTULO 4 Neuroanatomia Existem 12 pares de nervos cranianos, que saem do encéfalo e se projetam para cabeça, pescoço, tórax e abdômen. Os nervos cranianos emergem do crânio em direção às áreas onde suas terminações nervosas inervam por meio de forames e fissuras. Todos os nervos originam-se dos núcleos do cérebro. Recebem denominação de acordo com a função que têm, por isso vamos detalhar melhor alguns termos anatômicos antes de estudar profundamente os nervos de interesse para esta apostila. Tabela 1. Pares de nervos cranianos. Nervos cranianos Tipo 1o Nervo (NC-I) Olfatório Sensorial 2o Nervo (NC-II) Ótico Sensorial 3o Nervo (NC-III) Oculomotor Motor 4o Nervo (NC-IV) Troclear Motor 5o Nervo (NC-V) Trigêmeo Misto 6o Nervo (NC-VI) Abducente Motor 7o Nervo (NC-VII) Facial Misto 8o Nervo (NC-VIII) Vestibulococlear Sensorial 9o Nervo (NC-IX) Glossofaríngeo Misto 10o Nervo (NC-X) Vago Misto 11o Nervo (NC-XI) Acessório Motor 12o Nervo (NC-XII) Hipoglosso Motor Fonte: Elaborado pela autora. Neste capítulo, vamos estudar com mais detalhes os nervos: trigêmeo (NC-V) e facial (NC-VII). Eles fazem a inervação das estruturas anatômicas do nosso maior interesse. Observe os nervos cranianos em destaque na tabela. 27 ANATOMIA | UNIDADE I Figura 12. Nervos cranianos. Fibras nervo olfatório (I) Nervo óptico (II) Nervo oculomotor (III) Nervo troclear (IV) Nervo trigêmeo (V) Nervo abducente (VI) Nervo facial (VII) Nervo vestibulococlear (VIII) Nervo glossofaríngeo (IX) Nervo vago (X) Nervo acessório (XI) Nervo hipoglosso(XII) Medula Ponte Fonte: adaptado de: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/12-cranial-nerves-101696095. Nervo trigêmeo (NC-V) O nervo trigêmeo possui três ramos, denominados oftálmico, maxilar e mandibular. É um nervo misto, com maioria de fibras sensitivas. A sua parte motora encontra-se toda no ramo mandibular. É um nervo com fibras viscerais especiais e fibras somáticas gerais. O nervo oftálmico deixa o crânio pela fissura orbital superior; o ramo mandibular, pelo forame redondo; e o mandibular, pelo forame oval. O gânglio trigeminal é onde encontra-se a maior parte dos neurônios deste nervo; é a maior massa ganglionar do nosso corpo. Encontra-se na fossa média do crânio em uma depressão próxima à parte petrosa do osso temporal chamada depressão trigeminal. Figura 13. Nervo trigêmeo. Ramo oftálmico Ramo maxilar Ramo mandibular Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/anatomy-trigeminal-nerve-287860874. 28 UNIDADE I | ANATOMIA Conexões centrais Os neurônios responsáveis pela sensibilidade exteroceptiva da face (dor, temperatura, tato e pressão) e pela sensibilidade proprioceptiva da articulação temporomandibular encontram-se dentro do gânglio trigeminal. Os prolongamentos periféricos recebem esses impulsos dos três ramos (mandibular, maxilar e oftálmico) e os transmitem para o sistema nervoso central, no tronco encefálico, onde estão os núcleos sensitivos pelos prolongamentos centrais, que constituem a raiz do nervo trigêmeo, localizado entre pedúnculo e a ponte cerebelar médio (constituindo a origem aparente do nervo trigêmeo). Por sua vez, o caminho feito pelos prolongamentos proprioceptivos, com origem muscular, são transmitidos até um grupo de neurônios até o núcleo do tracto mesenfálico no tronco encefálico. Os prolongamentos centrais fazem sinapses com outro grupo de neurônios chamado núcleo motor. O encontro desses axônios formam a porção motora do trigêmeo. As conexões centrais desse nervo ainda chegam até o núcleo sensitivo principal e o núcleo espinal, que estão em segmentos superiores da medula espinal. Figura 14. Gânglio trigeminal. Gânglio Trigeminal . Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/3d-illustration-female-face-trigeminal-nerve-1057508144. Nervo oftálmico O nervo oftálmico sai do crânio pela fissura orbital superior e se divide em ramos nasociliar, frontal e lacrimal, que são todos sensitivos, e estão dispostos nas porções medial, intermedial e lateral do interior da órbita. O nervo oftálmico ainda possuí um ramo meníngico, responsável pela inervação da dura-máter encefálica. 29 ANATOMIA | UNIDADE I O nervo frontal transmite impulsos de uma grande área da fronte e porção ântero-superior do couro cabeludo; Os nervos nasociliar e lacrimal inervam a cavidade da órbita e da cavidade nasal, o nervo lacrimal recebe do nervo maxilar o ramo comunicante do nervo zigomático; este tem fibras secretomotoras parassimpáticas que chegam até a glândula lacrimal; essas são fibras pós- ganglionares do gânglio pterigopalatino. Figura 15. Divisão dos três ramos do nervo trigêmeo. 1 – Ramo oftálmico 2 – Ramo maxilar 3 – Ramo mandibular Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/trigeminal-nerve-312025781. Nervo maxilar O nervo maxilar deixa o crânio pelo forame redondo, com fibras sensitivas chegando à fossa pterigopalatina. Figura 16. Ramos maxilares. Ramos maxilares G – Gânglio V1 – R. oftálmico V2 – R. maxilar V3 – R. mandibular Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/trigeminal-nerve-97755599. 30 UNIDADE I | ANATOMIA Na figura 16, vemos a divisão do nervo trigêmeo; onde está V2, é a representação do ramo maxilar e suas outras ramificações. O nervo palatino, um ramo descendente do nervo maxilar, atravessa o gânglio pterigopalatino, sem ter relações com ele. Ainda no gânglio, o nervo palatino vai dar os ramos nasais posteriores superiores, que penetram na cavidade nasal pelo forame esfenopalatino. Depois o nervo vai se ramificar no nervo nasopalatino (medial), que inerva a mucosa da região anterior do palato duro, entre canino e incisivo central e mucosa da região anterior do septo nasal. Depois de passar pelo gânglio pterigomandibular, o ramo nasopalatino desce pela fossa pterigopalatina, entra no canal palatino maior e divide-se em três ramos, os nasais posteriores inferiores que inervam a porção posterior da cavidade nasal e septo e ramos palatino maior e palatino menor. O ramo palatino maior sai da cavidade nasal pelo forame palatino maior e dividem-se em dois ramos, no minímo. As fibras no paltino maior inervam a mucosa do palato duro da região de canino até o limite entre palato duro e palato mole, envolvendo gengival lingual de dentes posteriores; algumas fibras são parassimpáticas e ajudam na secreção das glândulas palatinas. Pelo forame palatino menor saem as fibras do nervo palatino menor, que inervam a mucosa mole e glândulas do palato mole. Esse nervo ainda recebe fibras gustativas do nervo facial. Mais para frente, o nervo maxilar origina , as fibras dos nervos alveolares superiores posteriores, que inervam a polpa e o periodonto dos molares superiores e revestimento posterior da cavidade do seio maxilar. Esses nervos saem pelos pequenos forames alveolares da tuberosidade da maxila em dois a três ramos, alguns ramos não têm trajeto intraósseo e são chamados de ramos gengivais. Em alguns indivíduos, há ausência dos ramos alveolares superiores médios. Aí há um plexo formado entre os ramos superiores posteriores e anteriores que irão inervar os dentes posteriores e seus tecidos moles. Outro ramo do nervo maxilar ainda é o ramo zigomático, que sai pela fissura orbital inferior e entra no forame zigomático-orbital, entrando no osso zigomático, onde se divide em ramos zigomáticotemporal e zigomáticofacial, saindo por forames de mesmo nome e se prolongam na pele na têmpora e proeminência zigomática. Ainda há um ramoque se projeta para as glândulas lacrimais com fibras parassimpáticas. 31 ANATOMIA | UNIDADE I O gânglio pterigopalatino se une ao nervo do canal pterigóideo, que é formado por fibras pré-ganglionares parassimpáticas do nervo petroso maior e por fibras simpáticas do nervo petroso profundo. As fibras pós-ganglionares parassimpáticas secretomotoras seguem até as glândulas nasais, palatinas, faríngeas, do seio maxilar, glândulas bucais e labiais superiores. Quando sai pela fissura orbital inferior para dentro da órbita, o nervo maxilar passa a ser chamado de nervo infraorbital; ele caminha pelo canal de mesmo nome e emite os nervos alveolares superior médio e anterior. Ele emite ramos que saem pelo forame infraorbital e inerva parte da mucosa e da pele da face. Ainda temos o nervo alveolar médio, que não está presente em todos os indivíduos. Ele inerva o periodonto e polpa dos pré-molares, até o primeiro molar superior, a mucosa do seio maxilar e o processo zigomático da maxila. O nervo infraorbital se ramifica ainda em nervos alveolares superiores anteriores, inervando a mucosa da parede interior do seio maxilar; depois divide-se em ramos laterais que inervam as polpas dentárias e ramos laterais que inervam o periodonto, a papila interdental e o osso alveolar de caninos e incisivos. Figura 17. Ramos maxilares. N. alveolar superior N. maxilar N. infraorbitário Ramos dentais Ramos alveolares superiores posteriores Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/this-illustration-represents-fifth-cranial-nerve-1385674268. 32 UNIDADE I | ANATOMIA Na figura 17, podemos ver os ramos maxilares com a abertura do seio maxilar e canal infraorbitário. Nervo mandibular Nessa porção do trigêmeo, temos as fibras motoras deste nervo, mas também existem fibras sensitivas. As fibras sensitivas fazem parte da maior porção deste nervo. Seus axônios estão agrupados no interior gânglio trigeminal; já a parte motora possui axônios no interior do tronco encefálico, no núcleo motor do trigêmeo. A porção motora pode ser vista medialmente próxima à origem aparente do nervo trigêmeo; já abaixo do forame oval, não é possível a distinção das fibras sensitivas e motoras. Ao sair do forame oval, o nervo mandibular recebe o nome dos músculos que irá inervar: ramo massetérico, que emite filetes até a articulação temporomandibular ajudando na propriocepção; ramo temporal profundo anterior; nervo temporal profundo posterior, que também inerva a cápsula da articulação pterigomandibular; e também o nervo pterigóideo lateral, que é formado por fibras advindas do nervo bucal. O nervo pterigóideo medial tem suas fibras formadas também pelo nervo tensor do véu palatino e/ou nervo tensor do tímpano. Esses três nervos estão agrupados no gânglio óptico, esse gânglio tem ligações funcionais com o nervo glossofaríngeo, dessa forma, tem relação apenas anatômicas com o nervo trigêmeo. Na parte sensitiva temos o nervo auriculotemporal responsável pela sensibilidade exteroceptiva de grande parte da região temporal, parte do pavilhão da orelha, ATM, meato acústico externo, membrana do tímpano e glândula parótida (MADEIRA, 2004). Outra ramificação do nervo mandibular é o ramo bucal, que é responsável pela sensibilidade da mucosa e da pele de bochecha e gengiva vestibular dos molares inferiores. O nervos alveolar inferior confere sensibilidade aos dentes, periodonto e papilas de um lado da mandíbula. E temos também o nervo lingual, que se 33 ANATOMIA | UNIDADE I divide em ramos linguais e sublinguais, inervando a língua; são os dois ramos sensitivos mais calibrosos do nervo mandibular. O nervo mentoniano inerva pele do mento, mucosa e pele do lábio inferior, além da gengiva vestibular dos dentes anteriores. O nervo milo-hióideo é parte do nervo alveolar inferior, sendo sua parte motora (cerca de 30%). Ele inerva o músculo milo-hióideo e parte do ventre anterior do músculo digástrico. Figura 18. Ramo mandibular em um hemiarco. N.. ngual N.. cal N.. man bular N.. ma etérico N.. veolar inferior Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/nerve-anatomy-lower-jaw-hand-drawing-1737084197. Na figura 18, podemos ver o ramo mandibular e seus ramos em um hemiarco. Essa ramificação maxilar do nervo trigêmeo fornece inervação para os músculos mandibulares; tem forte ramo motor. As terminações nervosas do ramo mandibular do nervo trigêmeo, chegando na mandíbula e se distribuindo nos dentes inferiores, são as seguintes, conforme a numeração demonstrada na figura 19: 1. incisivos; 2. canino; 3. pré-molares; 4. molares; 5. nervo alveolar inferior; 6. mandíbula. 34 UNIDADE I | ANATOMIA Figura 19. Ramo mandibular. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/image-teeth-human-jaw-1-incisors-1677057046. Nervo facial O nervo facial tem o ramo petroso maior, que distribui-se pelo território do nervo maxilar, com fibras sensitivas e internas do osso temporal. Ele daá sensibilidade geral à mucosa nasal. Outro ramo, o nervo da corda do tímpano, distribuindo-se pelo nervo mandibular, com fibras aferentes gustatórias nos dois terços anteriores da língua; este nervo também tem fibras eferentes viscerais parassimpáticas que fazem sinapses com os gânglios submandibular e sublingual. Quando sai do osso temporal pelo forame estilomastóide, recebe o nome de nervo auricular posterior, tendo fibras somente motoras, o qual irá se ramificar para os músculos digástrico e estilo-hióideo, recebendo os nomes desses músculos. Ao chegar na parótida, ele cruza essa glândula e se divide em muitos outros ramos terminais (temporais, zigomáticos, bucais, marginal da mandíbula e cervical) que inervam os músculos da mímica facial com estes nomes (MADEIRA, 2004). 35 ANATOMIA | UNIDADE I Figura 20. Nervo facial. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/facial-nerve-126428756. 36 UNIDADE IITOXINA BOTULÍNICA CAPÍTULO 1 Histórico, estrutura molecular e mecanismo de ação Histórico Justinus Kerner, um físico alemão que viveu de 1786 a 1862, foi um dos primeiros cientistas a realizar estudos para investigar as mortes ocorridas por envenenamento com alimentos – como as salsichas em conserva, por exemplo. Ele realizou experimentos em animais e nele mesmo. Com esses estudos, ele concluiu que a causa da doença desenvolvia-se em salsichas estragadas em condições anaeróbias, cujos efeitos, nos seres humanos, eram a interrupção da transmissão do sinal nervoso tanto periférico como autônomo e a letalidade em doses pequenas. Ainda descreveu todos os sintomas neurológicos essa substância, e propôs seu uso terapêutico para diversas desordens de movimento, porém não conseguiu determinar a origem da toxina. Foi somente em 1895 que Émile Pierre van Ermengem, microbiologista alemão, conseguiu determinar a relação de microorganismos encontrados tanto em carne crua como em vítimas de envenenamento que consumiram tais carnes. Ele isolou esse agente e o nomeou como Bacillus botulinum, que foi renomeado posteriormente anos depois de Clostridium botulinium (AZAM et al., 2015). Estrutura molecular A toxina botulínica é produzida por algumas bactérias em formato de bastonetes como, a Clostridium botulinum, e em algumas cepas de Clostridium butyricuim, Clostridium sporogenes e Clostridium baratii, todas são gram-positivas. Existem 40 subtipos da toxina e estão divididas em 7 sorotipos (A, B, C, D, E, F, G). 37 TOXINA BOTULÍNICA | UNIDADE II Figura 21. Clostridium botulinum. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/clostridium-botulinum-bacteria-389771695. A estrutura molecular da toxina é composta por uma cadeia pesada de 100 KDa, formada por uma metade C-terminal (ligação) e N-terminal (translocação); e uma cadeia leve de 50 KDa, que tem a porção catalítica da molécula. A cadeia pesada é responsável pela internalização da molécula na célula, e a cadeia leve é responsávelpelo efeito propriamente dito da toxina botulínica (PELLETT et al., 2015). Figura 22. Estrutura da molécula da toxina botulínica. HC = 100 kDa LC = 50 kDa Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/molecular-structure-botulinum-toxin-typ-neurotoxic-341913602. Ao lado direito da figura, temos a cadeia leve (LC = light chain); e ao lado esquerdo a cadeia pesada (HC = heavy chain). Mecanismo de ação Antes de descrever o mecanismo de ação da toxina botulínica, vamos falar da junção neuromuscular, local onde há a liberação de neurotransmissores que agem para que a contração muscular aconteça. 38 UNIDADE II | TOXINA BOTULÍNICA A junção neuromuscular é o encontro do axônio motor e da placa motora, região da membrana plasmática de uma fibra muscular onde há o encontro entre nervo e músculo, desencadeando contração muscular. A fenda sináptica é formada por um neurônio pré-sináptico, o espaço sináptico e célula muscular. Na região de encontro entre nervo e músculo, o axônio dilata-se e invagina-se na superfície externa da fibra muscular, formando a fenda sináptica primária. Um potencial de ação. A toxina botulínica tem ação na junção neuromuscular, ela se liga a um receptor na superfície neural pela cadeia pesada, sendo internalizada por duas vias: via vesículas e via célula do sistema nervoso – em condições ácidas, a cadeia pesada ajuda a entrada da cadeia leve na célula do sistema nervoso; este último processo é mais demorado. A toxina botulínica impede a ação da acetilcolina, um neurotransmissor responsável pela contração muscular. Ocorre a inibição da liberação da acetilcolina pelo neurônio para a junção neuromuscular; a toxina botulínica impede sua exocitose, clivando ligações peptídicas de uma proteína SNARE (Soluble N-ethylmaleimide-sensitivefactorattachmentprotein-Receptor), reponsável na fusão da vesícula de acetilcolina à membrana celular e posterior exocitose (SPOSITO, 2014). Figura 23. Exposição da toxina botulínica. Contração da fibra muscular Contração bloqueada Toxina Nervo Nervo Acetilcolina Acetilcolina Receptor Receptor Toxina Processor normal Após injeção de toxina botulínica Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/drug-made-botulin-botulinum-toxin-produced-1474960415. 39 TOXINA BOTULÍNICA | UNIDADE II Na figura 23, vemos a representação da junção neuromuscular com e sem a introdução da toxina botulínica. Outro mecanismo de ação com efeito antinociceptivo é a diminuição da sensibilidade periférica, inibindo o lançamento de marcadores de sinalização neuronal (substância P, glutamato, diminuição da expressão do gene c-Fos) (AOKI, 2003). Um estudo comparando a diminuição da sensibilidade dolorosa em pacientes recebendo a toxina botulínica em um antebraço e placebo em outro chegou à conclusão de que a redução da dor acontece após a aplicação da toxina botulínica pela diminuição de tônus muscular e fibras nervosas, com isso houve aumento da perfusão, promovendo ambiente metabólito com melhor oxigenação, eliminando, assim, substâncias sensibilizantes (VOLLER, 2013). Outro estudo demonstrou que a toxina também tem efeitos anti-inflamatórios. Uma possibilidade relatada pelos autores foi o efeito analgésico da toxina na percepção da dor, prevenindo o lançamento de neurotransmissores (SYCHA, 2006). 40 CAPÍTULO 2 Marcas comerciais, armazenamento, dose e diluição Marcas comerciais e armazenamento Temos, no mercado, algumas apresentações comerciais, vamos citar neste capítulo as mais usadas. Botox®, da empresa Allergan, é a toxina onabotulínica tipo A, com frascos de 50U, 100U e 200U. Em sua composição, ainda há albumina humana e cloreto de sódio. Sua apresentação é em um frasco com pó seco, a vácuo, que precisa ser reconstituído com soro fisiológico estéril. Seu armazenamento deve ser feito em geladeira ou em freezer em temperatura de 2°C a 8°C antes da diluição; após diluição, deve-se armazenar somente em geladeira em temperatura de 2°C a 8°C e não mais ser congelado. A toxina tem seu efeito aumentado por antibióticos aminoglicosídeos ou por outras drogas que alterem a transmissão neuromuscular (agentes bloqueadores musculares, por exemplo) (ALLERGAN, s.d.; KANE; SATTLER, 2016). Figura 24. Botox®, Allergan. Fonte: elaborada pela própria autora. Xeomin®, fabricado pela Merz Pharmaceuticals, é a toxina incobotulínica tipo A. Existem apenas frascos com 100U. Em sua composição há sacarose e 41 TOXINA BOTULÍNICA | UNIDADE II albumina humana; apresenta-se em pó liofilizado, que deve ser reconstituído com soro fisiológico estéril. Seu armazenamento, antes da diluição, pode ser feito em temperatura ambiente e em geladeira a temperatura de 2°C a 8°C; após diluição, deve ser mantido em geladeira a temperatura de 2°C a 8°C. Tem também efeito potencializado com uso de antibióticos aminoglicosídeos ou outras drogas que alterem a transmissão neuromuscular (BIOLAB SANUS, s.d.; KANE; SATTLER, 2016). Prosigne®, da marca Cristália, é toxina botulínica tipo A, em frascos de 50U e 100U. Ainda contém gelatina, dextrana e sacarose; também está na forma de pó liofilizado, devendo ser reconstituído com soro estéril. Deve ser armazenado em geladeira de temperatura de 2°C a 8°C antes e após a diluição – o fabricante recomenda seu uso até quatro horas após a diluição. O efeito da toxina botulínica pode ser potencializado por antibióticos aminoglicosídicos (amicacina, gentamicina, estreptomicina); ciclosporina; cloroquina e hidroxicloroquina; D-penicilamina ou quaisquer outras substâncias que interfiram com a transmissão neuromuscular (–CRISTÁLIA, s.d.; KANE; SATTLER, 2016). Botulift®, do laboratório químico farmacêutico Bergamo Ltda., é toxina botulínica tipo A, em frascos de 50U, 100U, 150U e 200U. Há em sua composição albumina humana, cloreto de sódio e água; apresenta-se em pó liofilizado, devendo ser reconstituído com soro fisiológico. Deve ser mantido, antes e após diluição, em geladeira na temperatura de 2°C a 8°, evitando-se agitação. Tem interação medicamentosa com antibióticos aminoglicosídicos, assim como outros medicamentos que tenham interferência com a transmissão neuromuscular (BOTULIFT, s.d.; KANE; SATTLER, 2016). Dysport®, da Ipsen, é toxina botulínica tipo A, disponível em frascos de 300U e 500U. Há albumina e lactose em sua fórmula; apresenta-se em pó liofilizado, que é diluído em soro fisiológico estéril. Deve ser mantido em geladeira a temperatura de 2°C a 8C°, não podendo ser congelado. O fabricante recomenda o uso em até 24 horas após diluição. Pode ter seu efeito potencializado por fármacos que atuam na transmissão neuromuscular (IPSEN, s.d.). 42 UNIDADE II | TOXINA BOTULÍNICA Figura 25. Botox® e Dysport®. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/chiang-mai-thailand-march-15th-2019-1455513182. Monobloc, da Solstice Neurosciences, LLC, é toxina rimabotulínica tipo B, com preparação de 2500U/ml, 5000U/ml, 10000U/ml. Contém albumina humana, cloreto de sódio e succinato de sódio em sua composição. Este produto vem pronto para uso, mas pode ser reconstituída com algum soro fisiológico e, nesse caso, deve ser usado em até 4 horas após diluição. Deve ser mantida em geladeira a temperatura de 2°C a 8°C, não podendo ser agitado ou congelado. É indicada somente para o tratamento de distonia cervical e sialorreia crônica ( SOLSTICE NEUROSCIENCES, s.d.; KANE; SATTLER, 2016). Dose e diluição A unidade de medida da toxina botulínica é definida pela DL50 (dose letal) e, é medida em Unidades Biológicas (U). O DL50 indica uma dose que, quando injetada em uma espécie de ratos (swiss-webster pesando entre 18-20g), mata 50% do grupo desses indivíduos (SPOSITO, 2014). Cada produto tem a sua potência biológica específica; não existe uma equivalência exata de doses entre as marcas comerciais. Na literatura, há uma correlação aproximada de doses entre as marcas, na proporção de 1U:1U entre Botox® e Xeomin®;e relação de 1U de Botox® para 2,5U de Dysport®. (SPOSITO, 2014; KANE; SATTLER, 2016). 43 UNIDADE IIIAPLICAÇÕES ESTÉTICAS Nesta unidade, vamos estudar as aplicações estéticas da toxina botulínica na face, suas indicações, contraindicações, exames clínicos, anamnese, riscos e benefícios. CAPÍTULO 1 Anamnese e exame clínico A consulta inicial com o paciente é de extrema importância para o sucesso do tratamento. O cirurgião-dentista precisa ter ótima comunicação com o paciente para saber entender quais são suas reais expectativas, precisa entender qual sua queixa principal, explicar qual o prognóstico bem como saber explicar os riscos e benefícios da aplicação da toxina botulínica. Vamos dividir essa primeira consulta em: anamnese e exame clínico. Anamnese É a conversa entre o profissional de saúde e o paciente; o dentista precisa fazer perguntas sobre: » Estado de saúde geral do paciente: não é aconselhável fazer aplicação com toxina botulínica em mulheres gestantes ou em período de lactação por não haver dados suficientes na literatura médica dos risco para feto e bebê. » Medicamentos em uso: há medicamentos que potencializam o efeito da toxina, como aminoglicosídeos, e medicamentos com efeitos na condução do estímulo neuromuscular. Há também medicamentos que favorecem o aumento de sangramento, como ácido acetilsalicílico (AAS) e anticoagulantes; e medicamentos que reduzem o efeito da toxina, como aminoquinolina (KANE; SATTLER, 2016). 44 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS » Uso de citrato de zinco e fitase para aumentar o efeito da toxina botulínica: estudos relatam maior tempo de efeito da toxina botulínica quando o paciente faz uso dessas substâncias antes e após a aplicação. É relatado que pacientes com altos níveis de zinco no organismo conseguem manter por tempos mais prolongados os efeitos da toxina botulínica; a fitase proporciona maior absorção do zinco. Recomenda-se uso de 2 cápsulas por dia, 4 dias antes de fazer a aplicação da toxina botulínica e 2 cápsulas também no dia da aplicação. Temos uma fórmula de sugestão (fitase 3000ui; citrato de zinco 50mg) (KOSHY et al., 2012). » Alergias conhecidas aos componentes da toxina botulínica. » Histórico de procedimentos estéticos na face: se o paciente já realizou o tratamento com toxina botulínica, há quanto tempo foi feito, quanto tempo durou, saber a marca comercial também é uma informação importante, se realizou lifting facial, alguma cirurgia no local etc. » Queixa principal: o que mais incomoda o paciente, qual o resultado que ele espera do tratamento. Essa anamnese tem como objetivo não um diagnóstico de uma doença, mas sim saber as expectativas e desejos do paciente, fato muito importante nos tratamentos estéticos. Nesse momento, é preciso que o dentista estabeleça uma relação de confiança com o paciente, explicando o prognóstico após a aplicação da toxina botulínica. Muitas vezes os pacientes têm expectativas irreais, e o tratamento pode até ser não aconselhável. Exame clínico O profissional irá examinar a região onde a toxina será aplicada. Fotografias iniciais são importantes recursos para posterior análise da efetividade do tratamento. É importante ter fotografias em repouso e em movimentos, de frente e de lado dos músculos que serão afetados. Durante o exame clínico, o dentista deve notar e mostrar ao paciente as marcas de expressão, se aparecem somente em movimento ou em repouso também; 45 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III nesse último caso, muitas vezes as rugas não desaparecem por completo logo na primeira aplicação e o paciente deve ser avisado. Outro fato importante é verificar regiões de edema, que devem ser evitadas ou se aguardar a completa remissão para aplicar a toxina botulínica a fim de não ocorrer diluição do produto e baixa eficácia do tratamento (KANE; SATTLER, 2016). Figura 26. Análise das expressões faciais. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/stressed-young-woman-confused-about-facial-1289545006. Na figura 26, podemos ver um exemplo de rugas de mímica – marcas de expressão da região da testa (músculo frontal) e da glabela (prócero). Guia de aplicação Nesta parte, vamos estudar sobre o guia de conduta do cirurgião-dentista desde a consulta inicial até as possíveis complicações decorrentes da aplicação da toxina botulínica. Como já relatado anteriormente, devemos fazer uma consulta inicial minuciosa para saber os desejos do paciente e ter um exame clínico e uma documentação fotográfica completa. Outro fato importante é obter um consentimento informado do tratamento assinado pelo paciente. Nele deve constar qual tratamento será realizado bem como seus riscos e benefícios, como segue o modelo a seguir: 46 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS Tabela 2. Termo de consentimento informado. TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO Eu,____________________________________________________________, portador do RG ______________________ serei atendido/a pelo cirurgião-dentista ________________________________________________ CRO ____________, tenho queixa de ______________________________________________________. Marca toxina botulínica: _________________ Lote: ___________ Validade: __________________ Estou ciente de que o tratamento será realizado com a aplicação de Toxina Botulínica tipo A. Atesto não ter recebido toxina botulínica nos últimos 2 meses e estou ciente de que não poderei receber toxina novamente nos próximos 2 meses a contar desta aplicação. Atesto também não ter recebido vacina antitetânica nos últimos 6 (seis) meses e que não tenho alergia a lactose, albumina ou à toxina botulínica. Estou ciente ainda de que: » A toxina botulínica tem efeito inicial entre o terceiro e o quarto dia após a aplicação. » Seu efeito máximo ocorre após 15 dias da presente data. » O efeito da toxina botulínica dura, em média, 4 meses. » Alguns riscos podem ocorrem após aplicação: assimetria temporária por acometer músculos indesejados, dor de cabeça, dor ou formigamento no local, dificuldade ao mastigar, dificuldade no fechamento dos lábios, boca seca, lacrimejamento. Autorizo a documentação fotográfica. Afirmo ter compreendido o diagnóstico e tratamento escolhido, assim como os riscos citados, Assim sendo, autorizo o tratamento conforme explicado acima e por mim aceito. Declaro estar ciente e assino o presente termo de consentimento. [Cidade], ____ de ____________________de 20 . ____________________________________________________ Assinatura do paciente Fonte: Elaborado pela autora. Depois obtido o termo de consentimento assinado, o próximo passo é fazer a diluição da toxina botulínica. A diluição da toxina botulínica é um passo muito importante e precisa ser feito com muita atenção, cuidado e delicadeza. A toxina é uma substância muito instável, variações de temperatura e muita agitação podem diminuir o tempo de ação esperado. 47 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III Deve ser usada uma seringa de 5ml ou 10ml para colocar o soro fisiológico estéril; o profissional deve estar muito atento para não incorporar ar ao soro. Após essa etapa, basta coloca o soro dentro do frasco da toxina botulínica, frasco que está com vácuo, ou seja, há grande pressão dentro dele. Se o cirurgião-dentista colocar o soro sem segurar o êmbolo com força, isso irá promover grande agitação e bolhas que podem até mesmo tornar inativa a ação da toxina. Para isso não acontecer, deve-se estar segurando o êmbolo com certa força e então perfurar o frasco da toxina botulínica, deixando pingar o soro na lateral do recipiente – é um processo demorado, pois o soro deve ser gotejado com delicadeza. Como mencionado anteriormente, há frascos de toxina botulínica de 50U, 100U, 150U, 200U (mais comuns no dia a dia, dasmarcas Botox®, Prosigne®, Xeomin®); de 300U e 500U, da marca comercial Dysport®; e 2.500U, 5.000U, 10.000U, da Monobloc®. Para simplificar, vamos ensinar a diluição de 100U, de 300U e de 500U,das respectivas marcas. Outro fator importante é a escolha da seringa. Usamos seringas de 1ml. Essas seringas podem apresentar 5 ou 10 riscos impressos a cada 0,1ml. Pode ser feita a diluição com 2ml de soro fisiológico, indicado para quando o profissional está começando a aplicar e ainda não tem total destreza manual; e também com 1ml de soro fisiológico, quando se tem mais prática. Veja, na figura 27, as diferentes combinações para diluições de 100U das marcas Botox®, Prosigne®, Xeomin®. Relembrando que as toxinas botulínicas não apresentam correspondência das suas unidades de medida com a a potência do produto. Figura 27. Diluição toxina botulínica 100U em 2ml de soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 10. 0,5U 5U 50U Seringa de 1ml, subdividida em 10, frasco de 100U de toxina botulínica e 2ml de soro fisiológico Fonte: Elaborado pela autora. 48 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS Na figura 27, podemos ver a diluição de 100U de toxina botulínica em 2ml de soro fisiológico estéril, em uma seringa de 1ml subdividida em 10 marcas. Cada marcação na seringa corresponde a 0,5U de toxina botulínica, a seringa cheia tem 50U. Quando fazemos a diluição dessa forma, temos mais controle sobre a quantidade aplicada, especialmente quando o profissional está iniciando os atendimentos com a toxina botulínica. Figura 28. Diluição de toxina botulínica 100U em 1ml de soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 10. Seringa de 1ml, subdividida em 10, frasco de 100U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 1U 10U 100U Fonte: Elaborado pela autora. Já na figura 28, vemos a diluição de 100U de toxina botulínica em 1ml de soro fisiológico estéril, em uma seringa de 1ml subdividida em 10 marcas. A cada marcação na seringa, temos 1U de toxina botulínica; a seringa cheia apresenta 100U de toxina botulínica. Com essa diluição, cada “risquinho” da seringa tem 1U. Pode-se utilizá-la quando o profissional tem mais experiência e habilidade manual com a seringa. Nas imagens seguintes, vamos ver as diluições de toxina botulínica em seringas de 1ml, mas subdivididas em 5 marcas. Vamos apresentar essa diluição para dar mais diversidade quando o aluno for adquirir a seringa de 1ml, que pode ser encontrada subdividida em 10 ou em 5, dependendo da localidade. 49 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III Figura 29. Diluição de toxina botulínica 100U em 2ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 5. Seringa de 1ml, subdividida em 5, frasco de 100U de toxina botulínica e 2ml de soro fisiológico 1U 5U 50U Fonte: Elaborado pela autora. Na figura 29, observamos a diluição sendo feita em seringas de 1ml, mas com a subdivisão de 5 marcas a cada 0,1ml. Mantivemos 100U de toxina botulínica e a diluímos em 2ml de soro fisiológico estéril. Dessa forma, a cada marca na seringa, há 1U de toxina botulínica, e a seringa cheia apresenta 50U. Figura 30. Diluição de toxina botulínica 100U em 1ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 5. Seringa de 1ml, subdividida em 5, frasco de 100U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 100U 2U 10U Fonte: Elaborado pela autora. Na figura 30, vemos a diluição de 100U de toxina botulínica em 1ml de soro fisiológico estéril, em seringas de 1ml subdivididas em 5 marcas. A cada marca da seringa, há 2U de toxina botulínica. Essa diluição deve ser feita por profissionais com muita experiência e habilidade manual com a seringa, pois a cada “risquinho” já será aplicada uma grande quantidade de toxina botulínica para alguns procedimentos estéticos, por exemplo. Veja, na figura 31, as diferentes combinações mais usuais e as práticas que podemos encontrar para diluições de 300U e 500U de Dysport®. Relembrando 50 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS que as toxinas botulínicas não apresentam correspondência das suas unidades de medida com a potência do produto. Figura 31. Diluição de toxina botulínica 300U em 1ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 10. Seringa de 1ml, subdividida em 10, frasco de 300U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 300U 3U 30U Fonte: Elaborado pela autora. Na representação da figura 31, vemos a diluição de 300U da toxina botulínica Dysport® em 1 ml de soro fisiológico. Com isso, a cada marca na seringa, há 3U da toxina botulínica, e 300U na seringa cheia. Figura 32. Diluição de toxina botulínica 500U em 1ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 10. Seringa de 1ml, subdividida em 10, frasco de 500U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 5U 50U 500U Fonte: Elaborado pela autora. Na figura 32, vemos a diluição de 500U de Dysport® em 1ml de soro fisiológico, em uma seringa de 1ml subdividida em 10 marcas. A cada marca, há 5U de toxina botulínica, e 500U na seringa cheia. 51 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III Figura 33. Diluição de toxina botulínica 300U em 1ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 5. Seringa de 1ml, subdividida em 5, frasco de 300U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 6U 30U 300U Fonte: Elaborado pela autora. Na figura 33, vemos a diluição de 300U de Dysport® em 1ml de soro fisiológico estéril, em seringa de 1ml subdividida em 5 marcas por 0,1ml. A cada marca, há 6U de toxina botulínica, e 300U na seringa completa. Figura 34. Diluição de toxina botulínica 500U em 1ml soro fisiológico, em seringa 1ml subdividida em 5. Seringa de 1ml, subdividida em 5, frasco de 500U de toxina botulínica e 1ml de soro fisiológico 500U 10U 50U Fonte: Elaborado pela autora. Na figura 34, vemos a diluição de 500U de Dysport® em 1ml de soro fisiológico, em uma seringa de 1ml subdividida em 5 marcas. A cada marca, há 10U de toxina botulínica, e 500U na seringa completa (LUPOSELI; MACHADO, 2019). Geralmente, o profissional começa a usar uma marca comercial e se mantém com ela porque acaba conhecendo como ela se comporta, quanto tempo demora para começar a fazer efeito, quanto tempo demora para que esses efeitos acabem etc. 52 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS É muito difícil ficar trocando de marca comercial, em especial em relação ao Dysport®, que tem um comportamento diferente em relação a outras marcas, desde sua unidade de medida até seu comportamento biológico. Depois de feita a diluição, é preciso fazer a antissepsia do local onde a aplicação será feita com algodão ou gaze e clorexidina a 2%; caso a paciente esteja usando maquiagem, é importante limpar a pele previamente com demaquilante ou água micelar. Com a pele limpa, deve-se aplicar um anestésico tópico contendo prilocaína, lidocaína etc. Na figura 35, há duas opções de marcas comerciais. Uma delas é o Dermomax®, com lidocaína a 4%, e Medicaína®, com prilocaína e lidocaína a 5%. É importante aguardar de 30 a 40 minutos, dependendo da indicação de cada fabricante, para que a pomada faça efeito antes de se aplicar a toxina botulínica, para melhor sensação anestésica. Figura 35. Anestésicos tópicos. Fonte: Elaborada pela autora (2020). Então fazemos o registro fotográfico, em repouso e em movimento, nos planos frontal e sagital. Em seguida, fazemos as demarcações dos pontos a serem aplicados com lápis de maquiagem branco, a fim de termos controle das quantidades e dos locais que irão receber a toxina botulínica. Depois de feitas as demarcações, devem novamente ser tiradas fotografias para registro. 53 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III Por fim, fazemos a aplicação no músculo-alvo. As aplicações serão explicadas nas unidades seguintes. Terminado o procedimento, damos ao paciente orientações de como cuidar na região. Essas orientações podem ser feitas por escrito, impressas em papel ou enviadas por e-mail. O paciente não deve fazer esforços físicos intensos por um dia, a fim de manter a toxina no local de aplicação. Ele deve aplicar gelo na região para evitar hematomas e diminuir a dor pós-operatória; também não deve manipular a região onde houveaplicação, de forma a evitar qualquer infecção, e não abaixar a cabeça por até quatro horas. Figura 36. Mesa organizada para aplicação de toxina botulínica. Fonte: elaborada pela autora (2020). Na figura 36, vemos uma bancada organizada com todo o material necessário para aplicação de toxina botulínica: substância para limpeza da pele (água micelar), algodão, soro fisiológico, seringa de 5ml, agulha, pomadas anestésicas, a própria toxina botulínica, seringas de 1ml e agulhas para aplicação na pele. O paciente deve retornar ao consultório após 7 dias e novamente após 14 dias para controle dos resultados e novo registro fotográfico. 54 CAPÍTULO 2 Aplicações Músculo frontal O músculo frontal, na verdade occipitofrontal, é aquele formado por dois ventres um occipital e outro frontal (aqui vamos falar somente desse ventre mais anterior) unidos pela aponeurose craniana. O ventre frontal que é responsável pelas linhas de expressão da testa e levantam os supercílios está inserido na pele do supercílio. Essa é uma das aplicações mais comuns da toxina botulínica, quanto mais ativo esse músculo mais marcas de expressão temos. No dia a dia, usamos o músculo frontal para demonstrar espanto, surpresa, susto, medo, desdém (quando subimos a sobrancelha). Com a aplicação da toxina botulínica, suavizamos essas linhas de expressão e parecemos mais jovens. Em alguns casos, podemos ver essas rugas mesmo com o paciente em repouso, o que nos mostra que talvez seja preciso usar mais unidades de toxina botulínica para suavizá-las; ou, ainda, que devemos avisar ao paciente sobre a possível necessidade de mais de uma aplicação para o resultado desejado. Veja, a seguir, o protocolo básico para todos os pacientes. 1. Fazer a remoção de maquiagem (caso o paciente esteja usando), antissepsia com clorexidina 2%. 2. Demarcar com lápis as regiões a serem aplicadas; no músculo frontal, por ser extenso e fino, espalhar diversos pontos em forma de M ou W ao longo da superfície, com poucas unidades em cada ponto. Esses pontos devem estar entre as linhas imaginárias passando entre as pupilas. Deve-se escolher essa forma de distribuição para que todo o músculo receba a toxina. 3. Usar, como padrão, em cada ponto, 2U de toxina botulínica tipo Botox® ou 5U Dysport®. Essas unidades podem sofrer alterações. Caso seja a segunda aplicação do paciente e ele desejar que o músculo fique mais paralisado, por exemplo, ou se o paciente já tem rugas mesmo em repouso, deve-se colocar mais toxina botulínica a fim de obter resultados satisfatórios. Vale lembrar-se de que, na dúvida, 55 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III é melhor errar para menos, ou seja, colocar menos unidade para evitar que o paciente fique com aparência muito paralisada, uma vez que o efeito da toxina botulínica pode durar até quatro meses, causando desconforto ao paciente. 4. Deve-se apagar, a cada ponto aplicado, a marcação com gaze ou algodão embebido em clorexidina 2% para não aplicar novamente na mesma região e para limpar o sangue que possa sair. 5. Notar as marcações em forma de M ou W dos pontos escolhidos para a aplicação, de modo a conseguir boa dispersão em pequenas doses por todo o músculo. Na figura 37, podemos ver a adequada posição de penetração da agulha: somente a ponta e num ângulo de 45º em relação a pele. Uma pequena pápula irá se formar após a aplicação, essa pápula tende a desaparecer rapidamente, no mesmo dia da aplicação. Figura 37. Pontos em M ou W do músculo frontal. Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/botulinum-toxin-neurotoxic-protein-produced-by-1321979243. Alguns pacientes podem ter o desejo de arquear as sobrancelhas com a toxina botulínica. Quanto mais caída a sobrancelha mais sensação de cansaço e de aspecto envelhecido. Devemos estar atentos para o desenho da sobrancelha do paciente. Ademais, se, por acaso, houver micropigmentação a sobrancelha terá um comprimento diminuído e, portanto, o ponto de aplicação para deixá-la arqueada deve ser repensado. Esse ponto é 56 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS escolhido entre as pupilas onde se deseja fazer o desenho de arqueada, logo acima das sobrancelhas; assim, quanto mais alto, mais arqueada irá ficar. Outro aspecto a ser considerado são as diferenças entre os lados direito e esquerdo. Às vezes, um lado é mais alto que o outro, com a toxina botulínica podemos corrigir isso. Usa-se 2U de toxina botulínica tipo Botox® ou 5U Dysport®.(KANE; SATTLER, 2016). Figura 38. Pontos para arquear sobrancelhas. * * * * Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/smiling-excited-woman-finger-gesture-great-1438977743. Figura 39. Comparativo da testa. Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/girl-forehead-wrinkles-before-after-procedures-1343058893. Glabela Glabela é o espaço entre as sobrancelhas, abaixo da testa e acima do nariz, faz parte do osso frontal e é um ponto antropométrico importante sinalizando a parte mais acentuada da face. É usado nos traçados para tratamentos ortodônticos. Os músculos presentes nessa região são o: prócero, corrugador do supercílio e orbicular do olho (ventre orbital) (MADEIRA, 2004). 57 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III O prócero – músculo pequeno, vertical – encontra-se entre os olhos e é vizinho aos músculos frontal e orbicular dos olhos. Ele está inserido no osso nasal e na pele do supercílio. A contração dele causa o tracionamento da pele para baixo. (MADEIRA, 2004) Figura 40. Músculo prócero. Músculo prócero Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/human-anatomy-face-9873529. O corrugador do supercílio é um músculo horizontal que tem origem no osso frontal e estende-se até a extremidade lateral do supercílio; é recoberto pelos músculos orbicular do olho e frontal. Figura 41. Músculo corrugador de supercílio. Frontal Corrugador de supercílio Orbicular do olho Temporal Prócero Nasal Osso frontal Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/muscles-bones-face-detailed-bright-anatomy-796680076. 58 UNIDADE III | APLICAÇÕES ESTÉTICAS O músculo orbicular do olho (ventre orbital) passa a frente do músculo corrugador do supercílio em direção medial à pele da fronte, quando em ação causa o tracionamento da parte medial dos supercílios para o centro e para baixo. Figura 42. Músculo orbicular do olho. orbicular do olho Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/human-anatomy-face-jawcheek-nose-muscular-616949141. A contração desses três músculos causa rugas também na região da glabela. As linhas de expressão nessa região se apresentam verticais e causam aspecto de braveza. Veja o protocolo de aplicação. 1. Fazer a remoção de maquiagem (caso o paciente esteja usando), antissepsia com clorexidina 2%. 2. Demarcar com lápis as regiões a serem aplicadas; pedir para o paciente franzir a testa; e marcar a região onde as rugas ocorrem, em torno de dois a três pontos – é uma região geralmente bem dolorida. A injeção deve ser aplicada verticalmente, com metade do comprimento da agulha. 3. Usar, como padrão, em cada ponto, 2U de toxina botulínica tipo Botox® ou 5U Dysport®. Essas unidades podem sofrer alterações; quanto mais aprofundada a ruga na região, maior a dose. 4. Deve-se apagar, a cada ponto aplicado, a marcação com gaze ou algodão embebido em clorexidina 2% para não aplicar novamente na mesma região e para limpar o sangue que possa sair. 59 APLICAÇÕES ESTÉTICAS | UNIDADE III Figura 43. Pontos de aplicação na glabela. * * Fonte: adaptado de https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/botulinum-toxin-neurotoxic-protein-produced-by-1321979228. Músculo orbicular do olho O músculo orbicular do olho está situado ao redor da órbita ocular, passando dos limites ósseos dessa, é um músculo com sua inserção quase que somente na pele exceto por dois pontos: na maxila e no osso lacrimal. Ele recobre outros músculos
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