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Comunicação, Culturas e Sociedade - EAD

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Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Diretora de Ensino a Distância: 
Profa. Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Designer Educacional: 
Clovis Ribeiro do Nascimento Junior
Diagramador:
Alan Michel Bariani
Revisão Textual:
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim / 
Mariana Tait Romancini Domingos
Produção Audiovisual:
Eudes Wilter Pitta / Heber Acuña 
Berger
Revisão dos Processos de 
Produção: 
Rodrigo Ferreira de Souza
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
UNIDADE
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ENSINO A DISTÂNCIA
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS E O ATO DE COMUNICAR-SE ................................................................................. 5
A COMUNICAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO SOCIAL ....................................................................................................... 7
AS CONDIÇÕES CULTURAIS E A EMERGÊNCIA DA COMUNIÇÃO NA SOCIEDADE MODERNA ....................... 14
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 15
COMUNICAR COMO 
UM ATO HISTÓRICO
PROF. DR. DELTON APARECIDO FELIPE 
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INTRODUÇÃO
Caros/as alunos/as iniciamos a Unidade 1 com uma a� rmação categórica que é ‘comuni-
car é um ato histórico’ ao a� rmarmos isso queremos dizer que as formas de comunicação e como 
nos comunicamos está sujeito ao tempo e ao espaço. Por exemplo, a geração atual envolvida por 
redes sociais e com constante contato com as mídias interativas, utilizam algumas estratégias de 
comunicação que as gerações anteriores não utilizam. Uma dessas estratégias é a comunicação 
feita por meio de “memes”.
Figura 1 - Fases de estudo. Fonte: Google Images (2017).
Podemos a� rmar que os “memes” como o demonstrado na imagem acima são unidades 
de transmissão cultural e de difusão da informação mediada pela comunicação online e utilizam 
para isso uma maior quantidade de símbolos no menor espaço possível para sintetizar pensa-
mentos, sentimentos e ideias e têm como objetivo alcançar o maior número de pessoas. 
É importante entendermos que os “memes” como estratégia de comunicação são fruto 
de uma sociedade com alto grau de interatividade mediada pela internet e potencializada pelas 
redes sociais e que, possivelmente, em uma sociedade como organização cultural não mediada 
pela internet, essa comunicação seria falha ou não alcaçaria o objetivo � nal que é difundir uma 
ideia, um comportamento ou um valor para maior número de pessoas. 
Por isso, um dos nossos objetivos nesse módulo é discutir: o que caracteriza a comuni-
cação das diferentes sociedades no decorrer da história. Vamos problematizar como a comu-
nicação é feita no decorrer da história e suas principais mudanças sociais com passar do tempo 
e, para alcançar esse objetivo, vamos, inicialmente, apresentar as discussões acerca do ato de 
comunicar no decorrer da história; vamos também discutir relação entre a organização social e o 
processo de comunicação e suas interferências históricas na vida social e, por � m, vamos analisar 
as condições culturais que as comunicações possibilitam à vida social na modernidade.
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AS CONDIÇÕES HISTÓRICAS E O ATO DE 
COMUNICAR-SE
O estudioso Juan Dias Bordenave (1985, p.17), em seu livro, “O que é a comunicação” 
a� rma que “a comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe 
transmitidos, pelo qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade”. Ou seja, a comunicação se 
funde com a vida, com a história e com a própria organização social. Por isso, hoje, a comunica-
ção se tornou objeto de estudos diversas áreas do saber, inúmeros intelectuais desenvolvem es-
tudos com objetivo de entender seus efeitos na vida da humanidade qual sua relação com outras 
áreas de saber.
Além disso, a comunicação no seu sentido empregado por McQuail (2003, p. 7) seria a 
“interação social através de mensagens”, o que permite o conceito de comunicação ser utilizado 
por diversas áreas do saber e por inúmeros intelectuais. Isso pode ser visto desde dos estudos de 
� lósofos gregos como Platão e a Aristóteles em que o conceito de comunicação é um elemento 
para as suas tematizações da linguagem em geral e da retórica e da poética em particular aos es-
critos mais atuais sobre interatividade e conectividade na pós-modernidade.
Intelectuais como João Batista Peles, em seu texto intitulado “Comunicação: conceitos, 
fundamentos e história” indica que diversas áreas do saber utilizam o conceito de comunicação 
para compor seus estudos na atualidade. A Antropologia, por exemplo, olha para o conceito de 
comunicação como elemento essencial para de diferenciação da humanidade de outros animais, 
pois para antropologia os processos de aprendizagens proporcionado pela comunicação é o que 
diferenciará um grupo de animal de outro, ou diferenciaria uma prática cultural de grupo huma-
no de outro. 
No artigo “Antropologia e comunicação: que conversa é essa?”, Llana Strozenberg (2003, 
p. 20) argumenta que: 
Se a Antropologia inicia as suas indagações a partir da perplexidade trazida 
pela descoberta de sociedades distantes, cujo modo de vida parecia exótico aos 
ocidentais, pode-se dizer que a Comunicação tem sua origem na perplexidade 
causada pelo desenvolvimento de tecnologias de comunicação, cujo potencial 
de transformação das fronteiras culturais tradicionalmente estabelecidas e con-
sagradas no interior da própria sociedade ocidental passou a ser objeto de pre-
ocupação. 
Aliás, é exatamente essa necessidade de compreensão de outros grupos e outros grupos 
que reside a parceria profícua entre a Antropologia e a Comunicação. Hoje, falar em comunica-
ção é entender como as sociedades se organizam te e aprendem o seu comportamento dentro de 
um sistema cultural.
No campo da sociologia, hoje temos subárea de estudos que se preocupa com a inter-
cessão ente a sociologia e comunicação, chamada de Sociologia da comunicação. O surgimento 
de uma sociologia especialmente centrada na comunicação é algo recente, no entanto é preciso 
lembrarmos que nodecorrer da história das ciências sociais, há autores como Durkeim, Weber e 
Marx que se preocupavam como as pessoas apreendem e comunicam as normas sociais, seja por 
meio do estado ou de suas instituições como a escola. Mas, talvez tenha sido a expansão com a 
expansão dos meios de comunicação de massas e a sua crescente importância, fez com que socio-
logia se constitui uma subárea com preocupação direta com as comunicações.
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Na Sociologia da Comunicação, admite-se que a comunicação se organiza a partir de 
três níveis: físico, semântico e sociocultural. A sociologia está mais preocupada com os aspectos 
socioculturais da comunicação. Num sentido amplo, a comunicação humana pode ser de� nida 
como um processo interativo que envolve o intercâmbio de símbolos signi� cantes que só poder 
apreendido e compreendido em um meio social, nesse ramo que se inserem os estudos sobre a 
recepção e os modos de endereçamentos utilizados na elaboração de produtos audiovisuais e na 
publicidade e propaganda (MARÍN, 1999).
O conceito de comunicação se torna fundamental para os estudos desenvolvidos no cam-
po da Linguagem. Para os teóricos desse campo, a linguagem é considerada a capacidade es-
pecí� ca da espécie humana de se comunicar por meio de signos, pois todos os seres humanos, 
independentemente de sua escolaridade, raça, sexo, orientação sexual e condição social utilizam 
da linguagem para expressar seus sentimentos, visão de mundo e suas práticas culturais.
A função principal da linguagem é comunicar, mas é preciso lembrar que comunicar não 
é só transmitir informações, pois essa comunicação precisa do entendimento do outro lado, co-
municar não é um ato unilateral, mas é um jogo em que um parceiro da comunicação age sobre o 
outro. A comunicação é, antes de qualquer coisa, relacionamento, interação. Por isso, geralmente, 
no campo da linguagem, a comunicação é vista como uma ação recíproca que se estabelece por 
meio de confrontos e negociações. Para Travaglia (2009): 
A linguagem é, pois, um lugar de interação humana, de interação comunicativa 
pela produção de efeitos de sentido entre interlocutores, em uma das situações 
de comunicação e em um contexto sócio histórico e ideológico. Os usuários da 
língua ou interlocutores interagem enquanto sujeitos que ocupam lugares so-
ciais e “falam” e “ouvem” desses lugares de acordo com formações imaginárias 
(imagens) que a sociedade estabeleceu para tais lugares sociais. (TRAVAGLIA, 
2009, p. 23).
Apesar de ser um campo com muitas vertentes, um dos elementos comum nas várias 
teorias sobre a linguagem é a importância da interação para a signi� cação do mundo, pois a 
linguagem é social, histórica e coletiva, o indivíduo signi� ca o mundo a partir da relação com o 
outro, da interação entre os falantes. Isso nos leva ao questionamento: como é visto o conceito de 
comunicação no campo da História sendo a comunicação um ato histórico como a� rmamos no 
indício dessa unidade?
Uma das possibilidades de relação que podemos estabelecer entre história com o conceito 
de comunicação envolve o conceito de narrativa como processo entendimento da ação humana 
no tempo. Como de� ne o historiador francês Paul Veyne (1983), a História é, acima de qualquer 
coisa, uma narrativa de eventos, e a narrativa histórica, para comunicar a ação dos indivíduos do 
tempo, seleciona, simpli� ca, organiza. 
Entender a relação entre comunicação e história é se referir a dois elementos fundamen-
tais de um ato comunicacional: a narrativa e o tempo. 
A história formula seu campo de atuação visando o passado, de� nindo-se muitas vezes 
como a ciência que estuda a ação a humanidade no tempo, enquanto a comunicação se refere às 
relações que envolvem ações presentes. Apesar dessa diferença, ambas dizem respeito às relações 
humanas, seja nas sociedades presentes, seja nas passadas, e di� cilmente conseguimos compre-
ender a ação humana do presente sem o passado e vice e versa.
Dessa forma, sobre a narrativa histórica e sobre a centralidade da comunicação e his-
tória, é fundamental que se pense nos processos de longo prazo, nas continuidades e rupturas. 
Fazemos a história com nossas práticas cotidianas e nelas estão inseridas invariavelmente a vida 
que continua e as vidas que se transformam e só compreendemos isso por meio dos processos 
comunicacionais. 
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É isso que nos leva à compreensão que, mesmo antes de termos a comunicação se orga-
nizando como campo próprio do saber, o conceito de comunicação é utilizado por muitas outras 
áreas do saber.
Apesar das raízes históricas das pesquisas sobre a comunicação moderna remontarem do 
século XIX, com efeitos da Revolução Industrial e sua difusão tecnológica, o ato de se comunicar 
tem sua origem bem antes do século XIX. Ousamos a� rmar que se origina com a humanidade e 
Bordaneve (1985) argumenta que não existe comunicação sem sociedade e nem sociedade sem 
comunicação, além disso, cada sociedade organiza sua comunicação de acordo com seus elemen-
tos culturais. 
A comunicação é o canal por onde os padrões de vida e de uma cultura são transmitidos 
para cada sujeito sócia. E cabe lembrar que a comunicação não é composta apenas pelos meios de 
Comunicação social como veremos nas unidades seguintes, ela também é composta pelos atos de 
comunicação que um indivíduo realiza desde quando ele se levanta até quando vai dormir, o que 
nos leva perguntar: Como a comunicação se organizou nas diferentes sociedades no decorrer 
da história?
A COMUNICAÇÃO E A ORGANIZAÇÃO SOCIAL
Por fazer parte da organização cultural de uma sociedade, é difícil dizer onde a comuni-
cação começa e onde termina. Uma das formas de problematizar os efeitos da comunicação sobre 
as diferentes organizações sociais é iniciar com sua análise desde dos primórdios da humanidade.
Para isso precisamos entender que a comunicação é uma prática cultural da necessidade 
humana, pois ela é informativa, regulatória e interacional. Desde que os indivíduos começaram a 
viver em sociedade e a se comunicar, surgiu a necessidade de fazer isso utilizando códigos. Uma 
das primeiras formas de códigos utilizada pela humanidade foi a imagem, depois a oralidade e 
mais tarde a escrita com intuito de passar ideias e vivências como a caça e a pesca.
Para melhor explicar a relação entre a comunicação e organização social no decorrer da 
história, utilizaremos como base o modelo para explicar a história organizado pelos franceses a 
partir de marcos políticos: o quadripartite histórico.
Uma organização social, que também é chamada de instituição social, se trata 
de qualquer estrutura ou organismo advindo de uma ordem social, responsável 
por reger a esfera comportamental de um coletivo de cidadãos dentro de um 
certo grupo, podendo ser humana ou de um animal específico. A organização 
social é um conceito sociológico definido como um padrão de relacionamentos 
entre indivíduos e grupos. As características da organização social podem incluir 
qualidades tais como o tamanho, a composição de gênero, coesão espaço-tem-
poral, liderança, estrutura, divisão do trabalho, sistemas de comunicação, etc. 
Fonte: https://www.infoescola.com/sociedade/organizacao-social/ Acesso em: 
12 jan. 2018.
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Esse modelo divide a história em Pré-História, antes da invenção da escrita, subdivi-
dida em Paleolítico, Neolítico e Idade dos Metais, e em História depois da invenção da escrita, 
subdividida em História Antiga, História Medieva, HistóriaModerna e História Contemporâ-
nea. Apesar desse modelo ser recorrente para explicar a história de diversas nações, é necessário 
atentarmos para advertência de Chesneaux (1995) que a� rma que se consideramos a história de 
outros países podemos encontrar outras formas de periodização da história.
Figura 2 - Quadripartite histórico. Fonte: Menezes (2015).
Na Pré-História, a humanidade deixou diversos registros histórico de sua comunicação, 
vários desses registros chegaram até nós por meio de descobertas arqueológicas que encontradas 
em cavernas e paredes de montanhas imagens que comunicam o modelo de vida dos povos pré-
-históricos. Um dos exemplos desse registro de comunicação históricos foram as pinturas rupes-
tres encontradas na Caverna de Altamira, localizada perto da cidade de Santander na Espanha, 
descoberta em 1868 por Modesto Cubillas.
Figura 3 - Pintura rupestre da Caverna de Altamira na Espanha. Fonte: Domínio Público (2017).
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Hoje, a partir de estudos arqueológicos, sabe-se que, no período da pré-história, o pro-
cesso de comunicação foi produzido por meio de artefatos como pinturas, desenhos e gravuras 
rupestres, ferramentas, esculturas, armas, entre outras ferramentas que revelam os modelos e as 
formas de vida da população existente naquele período. Esses registros tornam possível descrever 
e analisarmos sua história e sua cultura. 
A necessidade dos indivíduos pré-históricos de ocupar novos espaços pela escassez de 
alimentos, como a caça e colheita de plantas, fez com eles deixassem vestígios culturais por di-
versos lugares como a Caverna de Altamira; temos também essas imagens na França na Caverna 
de Lascaux. No Brasil, também há diversos desses registros comunicacionais, como as pinturas 
e as gravuras rupestres que estão na Serra da Capivara localizada no sudeste do Estado do Piauí. 
Nesse parque, considerado Patrimônio Histórico da Humanidade pela Unesco, há vestígios hu-
manos datados de cerca de 12 mil anos. Como a� rma Parellada (2009), os sujeitos sociais, antes 
de aprenderem a falar, aprenderam a comunicar-se através de imagens.
A partir do momento que os indivíduos deixaram de ser nômades e passaram a � xar-se 
em uma determinada região, passaram a ter mais tempo disponível, dele fazendo uso para de-
dicar-se a arte da comunicação, ou seja, os desenhos rupestres encontrados por pesquisadores 
em diversos sítios arqueológicos, nos paredões das cavernas e dos rochedos ao ar livre, como se 
fossem os gra� tes dos dias atuais. 
Os povos pré-históricos esculpiam, desenhavam e pintavam representações de sua reali-
dade. Nas artes rupestres, descreviam sua vida cotidiana, suas conquistas e animais. Eram infor-
mações do seu tempo contido nas pinturas (PARELLADA, 2009). 
Para além das pinturas rupestres, como a demonstrada na imagem acima, temos a tra-
dição oral que, desde a pré-história, é utilizada como um dos principais meios de comunicação, 
lembrando que ainda atualidade a oralidade é considerada o seu principal meio de comunicação 
de passar informações para as futuras gerações, por exemplos, em diversas sociedades do conti-
nente africano há os griots – contadores de histórias –, � guras centrais para a difusão e perpetu-
ação de suas tradições. Nas sociedades da pré-história, as narrativas orais con� guram-se como 
pilares onde se apoiam os valores e as crenças transmitidas pela tradição e, simultaneamente, 
previnem as inversões éticas e o desrespeito ao legado ancestral da cultura.
Do passar da Pré-História para a História, a escrita começou a ganhar status de comu-
nicação, uma vez que os indivíduos, mais organizados socialmente e buscando � xação em espa-
ços especí� cos, registravam seus feitos, suas colheitas, seus estoques de alimentos e mesmo suas 
crenças.
REFLITA
Chama-se griot (pronúncia: “griô”) ou ainda jeli (ou djéli) um personagem impor-
tante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função 
primordial é a de informar, educar e entreter. É uma figura semelhante ao re-
pentista no Brasil, com a diferença de que constituem uma casta (costumam 
casar-se somente com outros griots ou griottes, seu equivalente feminino), as-
sumindo uma posição social de destaque em seu meio, pois este é considerado 
mais que um simples artista. O griot é antes de tudo o guardião da tradição oral 
de seu povo, um especialista em genealogia e na história de seu povo. 
Fonte: https://www.infoescola.com/curiosidades/griot/ Acesso em: 29 dez. 2017.
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Com o passar do tempo, a humanidade entendeu a necessidade registrar suas práticas 
culturais por meio de símbolos e signos, o que dará o início da escrita.
Prezados/as alunos/as, é preciso chamarmos atenção de vocês, como faz Hart-Davis 
(2009), para o fato de que, antes da linguagem escrita, usava-se símbolos para registrar as tran-
sações comerciais, com � chas de barro que eram guardadas em invólucros chamados de bullae e 
foram usados de 9000 a.C. a 300 a.C.
Figura 4 - Fichas de Bullae de barro. Fonte: Hart-Davis; Pavam (2009).
Autoras como Hart-Davis e Pavam (2009) consideram que a escrita realizada como for-
ma simbólica da linguagem falada é uma das maiores invenções da humanidade porque permite 
a preservação e registro de pensamentos, experiências e transmitir os conhecimentos obtidos às 
novas gerações. A escrita surgiu da necessidade de diversas sociedades como sistemas autôno-
mos, desde 3300 a.C. há registos da escrita na Mesopotâmia, Egito, China, algumas regiões da 
Mesoamérica, América do Sul, entre outras.
Mencionaremos aqui somente como se deu esse processo no Egito, em que organizaram 
símbolos padronizados para expressar suas ideias, e na Mesopotâmia, que por meio dos Sumé-
rios, surgiu a escrita fonética, organizando símbolos que representavam sons e a junção desses 
sons expressavam ideias. Podemos dizer que depois de muitos, o ato de escrever se tornou rea-
lidade, a história da escrita é a passagem da representação pictórica para sistemas fonéticos, da 
representação de palavras complexas com imagens ou desenhos estilizados para determinação de 
letras dando a entender determinados sons.
Na Mesopotâmia, a escrita foi desenvolvida através do conhecimento adquirido dos su-
mérios a partir de 3100 a.C. Os símbolos eram gravados em blocos e, na fase posterior, eram 
gravados em colunas verticais, começando no canto superior à direita da placa.
Figura 5 - Escrita cuneiforme da Mesopotâmia. Fonte: Mundo História (2012).
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No Egito, o processo de escrita foi realizado por hieróglifos. De acordo com Sampaio 
(2009), há registros de hieróglifos egípcios desde antes de 3000 a.C. É importante ressaltar que os 
hieróglifos também foram utilizados por outras civilizações, lógico que cada uma signi� cando os 
seus signos a partir de seu universo cultural. 
Os hieróglifos vêm do grego, hieros signi� ca sagrado e glifos (gluphein) signi� ca gravar, 
escrever, “gravuras sagrada”, foi a combinação de ideogramas de sinais que representam ideias, e 
fonogramas sinais que representam sons. Quando unidos, formavam textos, não tinham espaços 
ou pontuação, lidos horizontalmente ou verticalmente, a partir da imagem de criaturas vivas em 
geral volta-se para o começo da leitura, e os símbolos de cima precedendo sobre os de baixo cada 
grupo de sinais, eram simetricamente arrumados num retângulo invisível, usados com frequên-
cia para efeitos decorativos, (CASSON, 1969). 
Figura 6 - Hieroglí� cos – escrita egípcia.Fonte: Stock Photos (2017).
Os egípcios também utilizaram os papiros, que é o nome da planta e da folha de papel 
originada dessa planta. Os papiros eram utilizados para a escrita de cartas, contas e registros e 
literatura de forma geral, muitos desses documentos podem ser lidos com clareza hoje, por terem 
sidos conservados pelo calor do deserto (CASSON, 1969). Ressaltamos que a escrita não era 
acessível a todos, pois a maioria da população ainda utilizava a imagem e os símbolos desenhados 
para se comunicar, o que poderemos veri� car no decorrer a Idade Antiga e da Idade Média. No 
caso do Egito, os escribas dominavam a escrita, sendo o conhecimento transmitido de pai para 
� lho (POZZER, 2004).
Com a invenção do papel, a institucionalização da escrita como prática cultural que per-
mite comunicar formas de vidas e modelos de sociedade adentramos a Idade Antiga ou Antigui-
dade foi o período da história que se desdobrou desde a invenção da escrita (4000 a.C. a 3500 
a.C.) até a queda do Império Romano do Ocidente (476 d.C.) e início da Idade Média (século 
V). Neste período temporal, constatamos que as chamadas civilizações antigas, que conhecem a 
escrita, coexistem com outras civilizações, escrevendo sobre elas (Proto-História).
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Diferentes povos se desenvolveram na Idade Antiga, entre elas as civilizações do Egito, 
Mesopotâmia, China, as civilizações clássicas como Grécia e Roma, os Persas, os Hebreus, os 
Fenícios, além dos Celtas, Etruscos, Eslavos, dos povos germanos (visigodos, ostrogodos, anglos, 
saxões,) entre outros. A Antiguidade foi um período da história, pois nessa época da organização 
mais complexas que outras cidades encontradas antes desse período da história, o que fez com 
que a comunicação escrita se tornasse cada vez mais importante, em especial para as cidades-es-
tados constituídas.
Figura 7 – Escrita no decorrer da história. Fonte: domínio público (2016).
Conforme pode ser visualizado na imagem acima, depois de muitas variações entre mui-
tos povos, foram os gregos que mais e� cientemente padronizaram e simpli� caram o sistema de 
escrita fonética. Por volta de 500 a.C., tinham um alfabeto amplamente utilizado. Oportunamen-
te, o alfabeto grego foi passado para Roma, onde foi modi� cado e melhorado, por exemplo, hoje 
usamos as letras maiúsculas e minúsculas dos romanos, que atualmente denominamos de letras 
caixa alta e baixa. 
Não podemos deixar de ressaltar a importância dos egípcios que � zeram a troca da pedra 
pesada para o papel, no caso o papiro, o que permitiu uma maior difusão de documentos escri-
tos. Lógico que o domínio da escrita, tanto no Egito como em outras civilizações da antiguidade, 
ainda continuava apenas com os grupos privilegiados. Com a inserção do papel, o meio para 
comunicação permitiu um maior armazenamento de ideias que puderam ser registradas para as 
gerações futuras em formas de livros e a organização de bibliotecas como a Biblioteca de Alexan-
dria, o que foi fundamental para constituição do nosso universo cultural atual.
A Biblioteca de Alexandria foi, durante muitos séculos, mais ou menos de 280 
a.C. a 416, uma das maiores e mais importantes bibliotecas do Planeta. Este 
valoroso centro do conhecimento estava localizado na cidade de Alexandria, ao 
norte do Egito, a oeste do Rio Nilo, bem nas margens do Mediterrâneo. Durante 
sete séculos, esta Biblioteca abrigou o maior patrimônio cultural e científico de 
toda a Antiguidade. 
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Ela não apenas continha um imenso acervo de papiros e livros, mas também 
incentivava o espírito investigativo de cientistas e literatos, transmitindo à Hu-
manidade uma herança cultural incalculável. Ao que tudo indica, ela conservou 
em sua estrutura interna mais de 400.000 rolos de papiro, mas esta cifra pode, 
em alguns momentos, ter atingido o patamar de um milhão de obras. Sua de-
vastação foi realizada gradualmente, até ela ser definitivamente consumida pelo 
fogo em um incêndio de origem acidental, atribuído aos árabes durante toda a 
era medieval.
Fonte: https://www.infoescola.com/historia/biblioteca-de-alexandria/. Acesso 
em: 29 dez. 2017.
Os primeiros exemplares de livros foram confeccionados em blocos de argila, depois nas 
folhas do papiro. Inicialmente, eram rolos como boa parte do acervo da Biblioteca de Alexandria. 
As bibliotecas eram organizadas com diversos rolos de papiros e pergaminhos e, somente na épo-
ca dos gregos e depois dos romanos é que os livros começaram a ter páginas dentro do padrão 
que conhecemos hoje. Inicialmente, eles prendiam várias tábuas de madeira revestidas com cera 
de abelha onde se registravam as informações. Depois, surgiu o códex ou códice, uma reunião de 
pergaminhos feitos de pele de animais. 
O papel mais parecido com o que conhecemos, feito de � bras de plantas trituradas, foi in-
ventado na China, cerca de 100 a.C. Ou seja, mais ou menos 3.000 anos depois daquela plaquinha 
de argila da Suméria. Depois disso, ainda foram necessários mais 1.600 anos para que surgisse 
o primeiro livro impresso que foi a Bíblia feita pela prensa inventada por Gutenberg no � nal da 
Idade Média.
A prensa de Gutenberg com certeza revolucionou a forma como as comunicações e a 
difusão de informação era feitas. No entanto, é preciso fazer uma ressalva, por volta do ano 800 
d.C, tivemos a impressão feita pelos chineses como argumenta De Fleur (1993):
Até o processo de imprimir uma página inteira de letras, pacientemente cavan-
do-as em um bloco de madeira lisa, com a imagem invertida, e depois passar 
tinta e apertar em cima de um papel ou de outra superfície lisa, fora compreen-
dido havia muito tempo. Os chineses haviam feito isso e imprimido o Sutra do 
Diamante, o primeiro livro do mundo, por volta do ano 800 d.C., séculos antes 
de a impressão surgir na sociedade ocidental. Todavia, estava longe do sistema 
de utilizar letras individuais moldadas em metal (DEFLEUR, 1993, p. 37) 
Há também informações de uma publicação feita por meio da tipogra� a europeia, seria 
o Juízo Final com aproximadamente 74 páginas, supõe-se que foi uma espécie de teste antes da 
publicação de maior escala com a Bíblia. De Fleur (1993) comenta as primeiras impressões:
Bem mais recentemente, ingressamos na Idade da Imprensa. Podemos � xar um 
tempo exato (1455, na cidade alemã de Mainz). Embora aproximações grossei-
ras da imprensa possam ser encontradas em épocas mais recuadas da história, 
o primeiro livro foi produzido por uma prensa que usava tipos móveis fundidos 
em metal, apenas poucas décadas antes de Colombo realizar sua famosa viagem. 
Quase da noite para o dia a tecnologia disseminara-se pela Europa toda. De lá 
partiu para outras partes do mundo e revolucionou a maneira pela qual desen-
volvemos e preservamos nossa cultura. (DEFLEUR, 1993, p. 24)
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Apesar de termos novas formas de acesso às informações, temos que admitir que a pren-
sa de Gutenberg representou uma revolução na comunicação por permitir uma maior difusão e 
preservação da cultura de um determinado grupo social.
AS CONDIÇÕES CULTURAIS E A EMERGÊNCIA DA 
COMUNIÇÃO NA SOCIEDADE MODERNA
A prensa desenvolvida por Gutenberg não foi, de fato, uma invenção totalmente nova, 
visto que os chineses já haviam usado técnicas de impressão de letras em tecido. A inovação 
de Gutenberg está na maneira como ele usou a prensa: o molde das letras com tinta é colocado 
numa plataforma que desliza até à parte inferior de uma estrutura metálica; uma prensaé acio-
nada através de uma barra que provoca a compressão, fazendo com que a estrutura que suporta 
o papel o “carimbe” com aquelas letras com toda a força e, assim, se faz a impressão da letra no 
papel. Como as letras eram metálicas e amovíveis, cada caráter era separado e podia facilmente 
ser removido se estragasse ou se houvesse necessidade de alterar algo no texto.
Figura 8 - Esquema da prensa de Gutenberg. Fonte: MyBrain (2013).
A invenção da prensa, de certa forma, é a resultante de uma série de mudanças, econômi-
cas, culturais, cientí� cas e sociais que mundo ocidental passou da Idade Média a Idade Moderna. 
Parte dessas mudanças podem ser sintetizadas ao se analisar o período do Renascimento.
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Para além da criação da imprensa pelo alemão Gutenberg, que revolucionou a produção 
do livro, esse período é conhecido como uma fase de retorno a alguns elementos culturais da 
Antiguidade Clássica, pois manifestou-se, na leitura e na poesia, um clima de � orescimento e 
erudição urbanos. Isso desenvolveu-se, principalmente entre a nobreza e a alta burguesia das 
cidades italianas e alemãs (LE GOFF, 2015).
O historiador medievalista Hilário Franco Júnior (2001, p. 156), argumenta que “As ca-
racterísticas básicas do movimento estavam presentes na cultura ocidental pelo menos desde 
princípios do século XII”. O Renascimento é melhor compreendido como uma síntese de ino-
vações medievais fruto de um longo processo de gestação, não como um período à parte, muito 
menos como o inaugurador da Idade Moderna. A criação e o aprimoramento da prensa colabo-
raram com duas características fundamentais para entendermos a importância da comunicação 
a partir do � nal da Idade Média. 
A primeira característica foi o desenvolvimento e divulgação do pensamento cientí� co 
a partir da observação racional da natureza. Como a� rma Knorr- Cetina (1990), só por volta de 
1665 é que as primeiras revistas cientí� cas foram fundadas e foi no séc. XIX, considerado o sécu-
lo da especialização, que surgiram as revistas periódicas especializadas. As Academias e Socieda-
des Cientí� cas deixam de ser os centros por excelência da produção e comunicação da Ciência. 
A segunda característica foi a difusão da alfabetização, incentivada pela Reforma Protes-
tante que tinha na leitura da bíblia a base para seus argumentos contra a Igreja Católica. Marshall 
(1969) relata que, ao iniciar o século XVI, as prensas com tipos móveis estavam produzindo 
milhares de exemplos de livros impressos em papel. Publicavam livros na maioria das línguas eu-
ropeias que podiam ser lidos por qualquer pessoa alfabetizada em seu idioma. A disponibilidade 
desses livros incentivou interesse mais disseminado pela aprendizagem da leitura. 
Pela primeira vez, as escrituras bíblicas estavam acessíveis em outra língua que não o 
latim. A acessibilidade das escrituras pelas pessoas comuns e em suas próprias línguas levou a 
novos desa� os à autoridade e às interpretações. Um novo veículo de comunicação abriu cami-
nho para que os modelos culturais pautados nas crenças religiosas da Idade Média vivida pelas 
pessoas até então fossem questionados, abrindo espaços para as caraterísticas da Idade moderna. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caros/as alunos/as, como notamos no decorrer da exposição, a comunicação em suas 
diversas formas, desde a pré-história até o momento estudado, tem in� uenciado na forma em 
que as sociedades se organizam e difundem o seu modo de vida. O processo de aprendizagem 
das práticas culturais da humanidade tem passado por diversos formas de comunicação, desde a 
utilização de símbolos e sinais como os encontrados em sítios arqueológicos pré-históricos até a 
era da imprensa como conversaremos na próxima unidade.
Faz-se importante compreendermos que a relação entre comunicação, cultura e socieda-
de é mobilizadora de práticas sociais desde a pré-história aos nossos dias atuais. Essas práticas 
sociais permeiam o nosso cotidiano, fazendo com os sujeitos (que somos) sejam resultados de 
práticas culturais do ontem e do hoje. 
UNIDADE
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 17
A SOCIEDADE MODERNA E AS TRANSFORMAÇÕES CULTURAIS DE UM NOVO TEMPO ................................ 18
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E OS CAMINHOS PARA COMUNICAÇÃO DE MASSA .................................. 22
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: DA ERA DO RÁDIO A ERA INTERNET ........................................................ 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 32
DEBATES E EMBATES SOBRE 
COMUNICAÇÃO A PARTIR DA IDADE MODERNA
PROF. DR. DELTON APARECIDO FELIPE 
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INTRODUÇÃO
O Poeta português Luiz Vaz de Camões, em seu livro ‘Os Lusíadas’, publicado em 1572, 
na Parte I diz que: 
As armas e os barões assinalados
Que da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edi� caram
Novo Reino, que tanto sublimaram
(...).
A abertura de novos e velhos territórios, como a África e as Américas, permitiu uma 
maior dinâmica de comunicação global que teve na capacidade náutica portugueses de domina-
rem as técnicas/tecnologias e a ciência necessárias para navegarem por mares desconhecidos um 
dos seus propulsores. Como podemos ler em Camões, a expansão marítima permitiu contribui-
ções culturais e cientí� cas que impactaram a forma que vemos e lemos o mundo na atualidade. 
Em vista disso, nosso objetivo nessa unidade, prezados/as alunos/as, é analisar os impac-
tos que a comunicação sofreu com as transformações culturais a partir da Idade Moderna. Para 
isso, problematizamos as condições sociais que foram produzidas pelas relações entre meios de 
comunicação e avanços tecnológicos a partir da Idade Moderna; mapeamos também o impacto 
da expansão Marítima e das novas formas de organização e difusão do conhecimento nas condi-
ções de sociabilidade a partir da Idade Moderna e identi� camos os avanços tecnológicos permi-
tiram surgimento da comunicação de massa. Vamos lá?
Objetivo Geral é analisar os impactos que a comunicação sofreu com as transformações 
culturais da sociedade a partir da Idade Moderna. Os objetivos Especí� cos são mapear o im-
pacto da expansão Marítima e das novas formas de organização e difusão do conhecimento nas 
condições de sociabilidade a partir da Idade Moderna; problematizar as condições sociais que 
foram produzidas pelas relações entre meios de comunicação e avanços tecnológicos a partir da 
Idade Moderna; identi� car como os avanços tecnológicos permitiram surgimento da Comuni-
cação de massa.
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A SOCIEDADE MODERNA E AS TRANSFORMAÇÕES 
CULTURAIS DE UM NOVO TEMPO
Idade Moderna se inicia trazendo novos padrões culturais para as sociedades do mundo, 
em especial aquelas localizadas na Europa ou em contato com países europeus. Para compreen-
dermos as transformações culturais dessa época e seu impacto sobre a comunicação, é necessário 
contextualizarmos pelo menos três processos históricos que impactarão o mundo a partir do 
século XV, na forma como ele se comunica e como ele se comunica.
O primeiro processo históricoque discutiremos será o impacto da Expansão Marítima, 
que tradicionalmente é vista como um dos elementos determinantes para o processo de mun-
dialização geopolítico assumido por Portugal no decorrer séculos XV e XVI. Essa troca de infor-
mação que permitiu a mundialização de práticas culturais só foi possível devido so� sticação na 
capacidade humana de registrar e comunicar informações como a elaboração das cartas náuticas, 
o que permitiu a chegada dos europeus as américas, por exemplo.
Figura 1 - Mapa das Grandes Navegações do XV e XVI. Fonte: Nogueira (2017)
Um dos primeiros aspectos que vai impactar as formas de comunicação nesse período, 
como consequência da “descoberta” de um novo mundo ao mundo, vai ser a criação de carreiras 
marítimas regulares que asseguravam ligações periódicas entre os vários continentes, para além 
da criação de uma economia-mundo, articuladora dos vários continentes, o que levará a desmis-
ti� cação do espaço e para a sua mais rigorosa compreensão e representação.
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A bússola é composta de uma agulha magnética que sempre aponta o Norte, 
é fundamental na orientação de viagens de qualquer tipo. Foi inventada pelos 
chineses e trazida à Europa pelos árabes. A princípio colocava-se a agulha iman-
tada a flutuar sobre óleo ou água, presa a um pedaço de palha ou cortiça: era a 
marinette dos franceses. Mais tarde foi aperfeiçoada: colocou-se numa caixinha 
uma haste de metal sobre a qual se move a agulha. Graças ao novo instrumento, 
os navegadores não eram obrigados a viajar de ilha em ilha ou ao longo das 
costas e podiam aventurar-se pelo oceano.
Fonte: <http://www.historiamais.com/avancos.htm>. Acesso em: 12 jan. 2018.
Quanto às novas técnicas elaboradas a partir da expansão marítima, temos a orientação 
astronômica, os novos instrumentos de navegação, a nova cartogra� a e as originalidades na cons-
trução naval que permitiram a expansão com êxito. Tudo isso propiciou o contato do europeu 
com novos grupos humanos, novas práticas culturais e organizações sociais.
Quando se procura averiguar os impactos que as grandes navegações para pensar as co-
municações na atualidade, podemos sintetizá-los da seguinte forma: primeiro, permitiram novos 
processos de sociabilidade ao expandir o mundo e o entendimento de novas práticas culturais e 
sociais e, segundo, as grandes navegações permitiram a invenção de técnicas e tecnologias para o 
armazenamento e difusão de conhecimento. 
Isso nos leva à análise do segundo processo histórico fundamental para a compreensão 
como a comunicação foi impactada com as mudanças da organização social a partir do século 
XV, que são as transformações na produção de conhecimento e divulgação. A forma de partilhar 
informações não poderia ser a mesma com as descobertas de novas terras e colonização de novos 
espaços. 
Era preciso construir meios e formas para 
fazer com que as pessoas tivessem acesso as infor-
mações que viam além-mar sobre as sociedades en-
contradas, como essas culturas se organizavam. Era 
preciso fazer com que essas informações chegassem 
ao conhecimento tanto dos eruditos, aqueles que ti-
nham acesso à leitura, como da população em geral 
que em sua maioria não tinha acesso à leitura. Nesse 
contexto, terá uma difusão de uma literatura e ico-
nogra� a de viagens, que podemos exempli� car uti-
lizando desde a primeira carta sobre o Brasil, escrita 
por Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal Dom 
Manuel, até uma série de imagens que buscavam 
retratar os costumes da população nativa das amé-
ricas, como livro do alemão Hans Staten publicado 
em 1557 intitulado Viagens e Aventuras no Brasil.
Figura 2 - Ilustração de ritual de canibalismo. Fonte: Staden (1557).
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REFLITA
É necessário lembrar que imagens como as que ilustram a obra de Staden cons-
truíram um imaginário europeu de barbaridade das práticas culturais dos povos 
nativos viventes no Brasil, o que justificou por anos o discurso civilizatório utili-
zando para isso os princípios religiosos.
Outro elemento que devemos chamar a atenção em relação à comunicação é que esta é 
intrínseca à própria divulgação da ciência moderna, visto que a modernidade se construiu a par-
tir da ideia de avanças técnicos e tecnológicos que proporcionam o desenvolvimento cientí� co. 
Nesse momento, a difusão dos resultados dos avanços cientí� cos e tecnológicos se torna essencial 
para construir a o imaginário de uma época, além disso, o progresso da ciência depende direta-
mente que público, pelo menos o especializado, o compreenda, pois dele saem os seus represen-
tantes encarregados de fazer as leis e traçar as políticas e as bases cientí� cas para época. 
 Isso nos leva a� rmar que o desenvolvimento cientí� co da Idade Moderna também or-
ganiza novas práticas culturais dessa sociedade, por isso, não podemos vê-las em separado. O 
entendimento e aprendizado das mudanças cientí� cas e culturais de uma época serão mediados 
pelos processos comunicacionais sejam escritos ou imagéticos, cientí� cos ou populares. Diante 
disso, podemos pressupor que a difusão da cultura de uma época precisa de determinado suporte 
de comunicação e, com certeza, com a Invenção da prensa de Gutemberg, um dos suportes de 
que se destaca no decorrer da Idade Moderna será a imprensa. 
Para o teórico das comunicações Bacelar (1999), a imprensa marcou a história pelo modo 
como disseminou as informações e como ferramenta cultural que proporcionou mudanças so-
ciais, políticas e psicológicas para sociedade moderna nascente. A imprensa, como instrumento 
de mudança, contribuiu consideravelmente para a difusão de novo modelo de ciência, de religião, 
de cultura e política.
REFLITA
Consequências da invenção da imprensa
Profundas foram as modificações operadas no mundo graças a este invento. 
Sob o ponto de vista social, ela revolucionou as classes, determinou o desapare-
cimento dos copistas e fez com que o movimento intelectual suplantasse todo 
o imaginável. Rapidamente, as elites de sangue começaram a ser suplantadas 
pelas elites intelectuais. Muitas mentalidades aparecem, e é indiscutível o papel 
que a imprensa desempenhou no advento do Renascimento. A Bíblia foi espa-
lhada por toda parte e isto deu margem a discussões em torno de sua inter-
pretação, preparando a Reforma protestante em alguns espíritos. O livro baixou 
de preço e então a cultura esteve ao alcance de qualquer bolso. Também no 
terreno político e no econômico a influência foi grande. As ideias políticas e as 
experiências econômicas puderam ser, através do livro e do jornal, conhecidas 
por todos. Desta expansão, profundas consequências surgiram durante a idade 
moderna e contemporânea.
Fonte: https://allanlopesdossantos.wordpress.com/2014/02/25/idade-moder-
na-e-contemporanea-a-invencao-da-imprensa/ Acesso em: 03 jan. 2018.
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A tecnologia da impressão desencadeou uma revolução nas comunicações, alargando 
consideravelmente a circulação da informação, alterando os modos de pensar e as interações 
sociais. Com a invenção de Gutenberg, tornou-se possível transmitir informações para milhões 
de pessoas. Houve a disseminação da informação de forma mais democrática, quando o conhe-
cimento deixou de ser de poucos, para abranger uma massa maior. Como já mencionamos, a 
informação se disseminou por novos territórios e ganhou novas fronteiras. Como a� rma Chaves 
(2005), a imprensa permitiu que o conhecimento, antes limitado a poucos, se estendesse a um 
grupo maior.Para além da prensa de Gutemberg, no decorrer da Idade Moderna, teremos diversos 
avanços tecnológicos, frutos da Revolução Industrial. Prezado/as estudantes, a expressão é utili-
zada para nos referirmos a todas as mudanças no trabalho industrial, que se deram a partir dos 
meados do século XVIII. A mais importante dessas alterações, ocorrida em primeiro lugar na 
Grã-Bretanha, foi a invenção de máquinas que produziam muito mais que o trabalho manual. 
Tivemos mudanças na indústria com suas máquinas como as de tecelagem que passaram 
a ser movidas pela força hidráulica, e depois vapor e não mais pela força humana. No século XIX, 
temos as estradas de ferro, que facilitaram muito o transporte dos produtos manufaturados, to-
mando-os mais baratos, além de facilitar e estabelecer com maior rapidez a comunicação interna 
dentro de países como a Inglaterra. 
O século XIX, com certeza, foi o século das invenções e inovações tecnológicas, como 
a� rma Bacelar (1999). Já na primeira metade do século, houve melhoras signi� cativas nos sis-
temas de transporte e de comunicação como as inovações tecnológicas dos barcos à vapor, nas 
locomotivas, nos telégrafos, entre outros meios de comunicação e transportes. A invenção ou o 
melhoramento dessas invenções causaram mudanças que serão essenciais para o desenvolvimen-
to de diversas tecnologias que impactarão a organização da sociedade no futuro próximo. 
As distâncias entre as pessoas, entre os países, entre os mercados se encurtaram. Os con-
tatos mais regulares e frequentes permitiram uma maior aproximação de mundos tão distintos 
como o europeu e o asiático. O avanço tecnológico conheceu um ritmo ainda mais frenético com 
a energia elétrica e os motores a combustão interna. A energia elétrica aplicada aos motores, a 
partir do desenvolvimento do dínamo, deu um novo impulso industrial. Movimentar máquinas, 
iluminar ruas e residências, impulsionar bondes. Os meios de transporte se so� sticam com na-
vios mais velozes. 
Quanto ao processo de armazenamento e difusão de informação há avanços signi� cati-
vos também, como as listadas abaixo:
• Em 1876, foi feita pelo inventor Granham Bell a primeira transmissão completa via 
telefone o que abria novas possibilidades à comunicação;
• Em 1898, o casal Curei e Sklodowska descobriu os elementos rádio e polônio, essenciais 
para diversas tecnologias; 
• Em 1895, o físico italiano Marconi inventou o telégrafo sem � o que foi essencial para 
utilização do código Morse como elemento comunicativo, principalmente na Primeira Guerra 
Mundial;
• Em 1894, os franceses irmãos Lumière conseguiram a projeção com maior e� cácia cine-
matógrafo, apesar de não serem os primeiros a fazer, foram os que conseguiram uma maior difu-
são de seu invento, o que levou ao surgimento da indústria do cinema por volta de 1920 na EUA; 
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• Em 1885, a invenção do automóvel movido à gasolina, que geraria tantas mudanças no 
modo de vida das grandes cidades. Henry Ford no início do século XX proferiu a seguinte frase 
‘você pode ter o carro que quiser desde que seja preto”. 
Todas essas invenções afetaram diretamente os processos comunicacionais e � zeram com 
que, no século XX, a visão de universo estivesse totalmente transformada pelas possibilidades 
que se apresentavam pelo avanço tecnológico. Conforme explanado, graças ao invento de Gu-
tenberg, passando pelas descobertas de novos territórios e os avanços tecnológicos, as práticas 
culturais da sociedade se recon� guraram de uma forma signi� cativa permitindo um maior ar-
mazenamento e difusão de informação. Comparando esses fatos com os dias atuais, percebe-se 
grandes semelhanças no que diz respeito ao grande volume de informação que é disponibilizada 
hoje, principalmente nos meios eletrônicos. 
Neste novo contexto da sociedade da informação, tornou-se necessário desenvolver es-
tratégias e pro� ssionais competentes capazes de selecionar, organizar e recuperar informações 
pertinentes aos leitores, sejam eles virtuais ou não, como veremos a seguir.
AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E OS CAMINHOS 
PARA COMUNICAÇÃO DE MASSA
Ao realizarmos um panorama histórico sobre a diversidade e ampliação dos meios de 
comunicação, percebemos que os avanços tecnológicos que ocorreram no século XIX são funda-
mentais analisar os processos de sociabilidade atual. Como argumenta o historiador Peter Burke 
(2003), a partir da invenção prensa de Gutemberg e dos avanços tecnológicos desde a Idade Mo-
derna, houve também a exploração social e econômica desse novo meio. Ocorreu uma mudança 
impactada e, ao mesmo tempo, ligada ao uso dos meios de comunicação, determinando quais os 
tipos de mídia que uma pessoa tem acesso ou não, afetando a própria organização social.
Podemos a� rmar que o avanço nos processos comunicacionais é um marco acelerador 
de mudanças sociais. A relevância dessas mudanças está diretamente vinculada a promover uma 
transformação não só no sistema de distribuição de grande escala, mas também nos contextos de 
experiência social. As atividades cotidianas são cada vez mais in� uenciadas por acontecimentos 
que ocorrem em diferentes regiões do mundo. Dessa forma, a mundialização das informações 
causadas por invenções como rádio, telefone e o cinema afetou não somente espaços mais dis-
tantes como também a existência das pessoas por inserir cada vez mais em seu cotidiano novas 
experiências, o que fará também com o século XX � que conhecido na história como o século da 
Comunicação Social. 
O estudioso das comunicações sociais Marshall McLuhan, em seu livro Os meios de co-
municação como extensão do homem, publicado em 1969, explica que depois de séculos em que 
vigoraram a “aldeia tribal”, dominada pela oralidade, e a “galáxia Gutenberg”, dominada pela es-
crita e sobretudo pela imprensa (livros, jornais), surge a “galáxia Marconi”, dominada pelos meios 
electrónicos como o telefone, o cinema, a rádio e a televisão e, mais recentemente, a Internet, que 
não só introduzem novas modalidades de comunicação como potenciam a níveis extremos a 
“comunicação de massas” surgida com os jornais dos � nais dos século XIX.
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Figura 3 – Livro Os Meios de Comunicação como Extensões do homem. Fonte: McLUHAN (1969).
Para Mcluhan (1969), a importância dos novos meios e do conjunto dos meios de comu-
nicação social do século XX é tão grande que se pode a� rmar que “em poucas dezenas de anos, 
o nosso ecossistema cultural se transformou mais do que nos três séculos precedentes”. De fato, 
a “galáxia Marconi” se diferencia de suas antecessoras devido a massi� cação das informações 
mediadas pelas tecnologias.
Cabe ressaltarmos que as tecnologias não são o único fator que fará com que a comuni-
cação tenha um papel tão importante no século XX. Temos que considerar o fator econômico, 
traduzido no incremento da atividade produtiva e, talvez mais importante do que isso, na substi-
tuição de um paradigma baseado na produção por um paradigma baseado no consumo de bens 
e serviços que são, ao mesmo tempo, cada vez mais bens e serviços “comunicacionais”, culturais 
e informacionais, produzidos e disseminados por grandes corporações, muitas vezes de carácter 
transnacional. Para veri� car isso, basta observar como uma crise econômica da bolsa de Valores 
de Tóquio no Japão, em questões de segundos, afeta a bolsa de valores brasileira. 
 Outro fator que não podemos deixar de mencionar é o político, centrado na a� rmação 
da democracia como um regime político em que o poder se alcança e se exerce não através da 
violência, mas através da palavra e da comunicação em geral; é só analisarmos como documentosinternacionais como a Declaração dos Direitos Humanos de 1948 até hoje estabelece diretrizes 
para o convívio humano e a busca da dignidade da pessoa humana independe da localização que 
ela está. Podermos citar ainda outros fatores, como culturais, políticos e entre outros.
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Ao citarmos os fatores tecnológicos, políticos e econômicos e como eles afetam e são 
afetados por essa comunicação que se organizou a partir do século XX, intitulada por Mcluhan 
de Galáxia de Marconi, percebemos como a comunicação vai cada vez mais afetando a vida das 
pessoas e se tornando uma comunicação de massa. Mas, a� nal o que é comunicação de massa? 
Comunicação de massa é de� nida pelo pesquisador Wilson Dizar (2000) como a dis-
seminação de informações que tem a capacidade de chegar a muitos receptores, utilizando um 
único emissor como os jornais, a televisão, o cinema, o rádio, Internet, emissores que geralmente 
denominamos de mass media. As sociedades que são afetadas pela mass media geralmente são 
urbanas, que têm nas tecnologias a mediação do envio de suas mensagens, modelos de vida e for-
mas de ver o mundo. Diante disso, podemos a� rmar que comunicação de massa está diretamente 
vincula ao desenvolvimento tecnológico de uma sociedade.
O sociólogo John � ompson (2011), ao estudar a relação entre cultura, mídia e socieda-
de, argumenta que o advento da comunicação de massa é um elemento constitutivo fundamental 
das sociedades modernas. Essa comunicação de massa é de� nida, por � ompson (2011), a partir 
de quatro características fundamentais:
• A produção e a difusão de bens simbólicos – que envolvem, nomeadamente, a codi� -
cação e a � xação dos bens simbólicos como informação, que é armazenada, distribuída e desco-
di� cada pelos potenciais destinatários. Esta transformação dos bens simbólicos em informação 
permite que eles se tornem inde� nidamente reprodutíveis e sejam, assim, disponibilizados como 
mercadorias a uma massa inde� nida de receptores;
• A cisão entre a produção e a recepção dos bens simbólicos –os meios de comunicação 
de massa generalizam um processo que, de facto, já acontecia com a escrita – a mediação dos 
bens simbólicos pelos meios técnicos em que são � xados e pelos quais são transmitidos. Este 
processo, que vai fundamentalmente no sentido do produtor para os receptores, implica uma 
indeterminação em relação às respostas destes últimos;
• A extensão da disponibilidade das formas simbólicas no tempo e no espaço – as comu-
nicações de massa prolongam, neste aspecto, o que também já sucedia com a escrita e não só, 
dado que todas as formas de transmissão cultural envolvem uma distanciação no espaço-tempo;
Comunicação social, também conhecida como “mídia” ou “comunicação de mas-
sa”, refere-se à transmissão de mensagens, de maneira ativa com o desígnio de 
atingirem um público heterogêneo. Tradicionalmente, os meios de comunicação 
social indicados de 1° grau: imprensa, rádio, cinema, televisão e de 2° grau: vídeo, 
disco, fita etc. Esta distinção assenta especialmente na forma como vemos os 
mesmos e a importância maior ou menor assumida por eles perante todo pro-
cesso da comunicação. 
Fonte: https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/idiomas/sociolo-
gia-da-comunicacao/48306. Acesso em: 12 jan. 2018.
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• A circulação pública das formas simbólicas – ao contrário do que acontece com meios 
como o telefone, as formas simbólicas transmitidas pela comunicação de massa destinam-se a 
uma pluralidade indeterminada de receptores, estando disponíveis para todos indivíduos que 
disponham dos meios técnicos, capacidades e recursos para os adquirir; circulam, portanto, no 
chamado “espaço público”. 
A partir da elaboração de � ompson, é perceptível que a comunicação de massa como o 
cinema, a rádio, televisão e, mais recentemente, a internet permitem fazer chegar, potencialmen-
te, a todos os indivíduos de todos os lugares e condições, as informações, as notícias, mesmo as 
diversões que permitem a sua integração no todo social. Nesse aspecto, os meios de comunicação 
de massa atingiram uma tal importância nas sociedades modernas por permitir o compartilha-
mento de bens simbólicos, como por exemplo, o que sentimos. O que nos faz concordar com a 
a� rmação de Mcluhan que “tudo o que sabemos sobre a sociedade e ainda o que sabemos sobre 
o mundo, sabemo-lo através dos meios de comunicação de massa”.
A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA: 
DA ERA DO RÁDIO A ERA INTERNET
 
Caros/as Alunos/as, conversaremos nesse tópico sobre como foi o caminho para as três 
invenções que nos levarão a uma comunicação de massa ou mass media: o rádio, o cinema e a 
internet. Isso de forma alguma signi� ca que não haja outras tecnologias que são fundamentais 
para o processo de difusão de informação na atualidade, mas a escolha dessas três tecnologias se 
deve por causa do impacto que elas causaram nos meios comunicacionais. Essas tecnologias � ze-
ram com que passássemos de uma comunicação mais restrita para uma comunicação de massa.
A pesquisadora Lia Calabre, em seu livro A Era do Rádio, publicado em 2002, argumenta 
que o rádio como aparelho e meio de comunicação é uma invenção que está relacionada com a 
busca do desenvolvimento de uma tecnologia que permitisse a transmissão, sem � os, de sons à 
distância. Assim, o rádio pressupõe um � uxo unidimensional e público no qual se envia uma 
mesma mensagem para centenas ou milhares de pontos de recepção, o que o caracteriza dentro 
da comunicação de massa. 
Figura 4 - Um dos primeiros rádios da história. Fonte: Domínio Público (2012).
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O caminho para a invenção do rádio como meio de comunicação é relativamente longo, 
Calabre (2002) argumenta que desde do século XV podemos localizar elementos que levarão 
para a invenção do rádio: desde o inventor Willian Gilbert que, em meados do século XVI, cria o 
eletroscópio, estudando o magnetismo, até Lee DeForest, dezenas de pessoas ao longo de cente-
nas de anos participaram da descoberta do rádio e, em 1753, Benjamin Franklin propunha o uso 
da eletricidade para a transmissão de mensagens à distância.
Por volta de 1830 até o � nal de 1910, a tecnologia a ser empregada no meio de comunica-
ção rádio desenvolve-se com base nas pesquisas de ondas eletromagnéticas e nos avanços obtidos 
a partir do telégrafo e do telefone. Calabre (2002) a� rma que as observações de � omas Edison, 
por volta de 1880, foram essenciais para pensarmos a transmissão de informação como vemos 
hoje. Edison observou que colocando em uma ampulheta de cristal um � lamento e uma placa de 
metal separados entre si e ligando-se o � lamento ao negativo de uma bateria e a placa ao positivo, 
constatava-se a passagem de corrente elétrica da placa para o � lamento. 
Em 1890, o professor alemão Henrich Rudolph Hertz comprovou experimentalmente a 
existência das ondas eletromagnéticas propostas por Maxwell. Em 1894, o britânico Oliver Lodge 
demonstra a possibilidade de transmitir e de receber as ondas eletromagnéticas. A partir de 1894, 
o italiano Guglielmo Marconi realiza experimentos, empregando as tecnologias conhecidas, e 
consegue soar uma pequena campainha ligada aos equipamentos de recepção em transmissões 
que, gradativamente, chegam a um quilômetro de distância. Comete-se uma injustiça a um cien-
tista brasileiro predecessor de Marconi. Ele obteve cartas patentes para o telégrafo sem � o, o 
telefone sem � o e o transmissor de ondas sonoras, além de uma carta lhe garantindoo mérito 
do pionerismo cientí� co na área de telecomunicações. Mas a invenção e o desenvolvimento dos 
rádios receptores está, também, ligada ao grande inventor russo A. S. Popov. 
 Em 1899, Popov e seus dois assistentes, Rybkin e Troitsky, descobriram que os sinais te-
legrá� cos poderiam ser recepcionados por fones de ouvido, aumentando o alcance da comunica-
ção. Nos dez anos entre a experiência pública de Marconi e as transmissões radiofônicas iniciais 
nos Estados Unidos, começou-se a desenvolver a indústria dos eletroeletrônicos. O grande salto 
das descobertas e modernização ocorre em 1904 quando o grande cientista britânico John Am-
brose Fleming inventa a válvula elementar, constituída de placa e � lamento. Para transmissão da 
voz humana, ainda se necessitava de uma certa estabilidade no � uxo de ondas eletromagnéticas, a 
qual só foi obtida em 1906, quando o norte-americano Lee DeForest desenvolve o tríodo (válvu-
la) baseado nas descobertas de Fleming. DeForest construiu a válvula Audion que era composta 
por � lamento, placa e grade. 
Em 1911, a comunicação do solo para uma aeronave, através do rádio, foi alcançada. O 
período real para válvulas começaria apenas em 1915 com a produção das válvulas de rádio alta-
mente evacuadas. Com o � m da primeira Guerra Mundial, a indústria americana Westinghouse 
� cou com um grande estoque de aparelhos de rádio fabricados para a guerra. Instalou-se uma 
grande antena no pátio para transmitir música e, assim, nasce a radiodifusão, através da comer-
cialização dos aparelhos. 
No Brasil, o rádio nasceu, o� cialmente, em 7 de setembro de 1922, nas comemorações 
do centenário da Independência do país, com a transmissão, à distância e sem � os, da fala do 
presidente Epitácio Pessoa na inauguração da radiotelefonia brasileira. Roquette Pinto, um mé-
dico que pesquisava a radioeletricidade para � ns � siológicos, acompanhava tudo e, entusiasmado 
com as transmissões, convenceu a Academia Brasileira de Ciências a patrocinar a criação da Rá-
dio Sociedade do Rio de Janeiro, que viria a ser a PRA-2. 
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A rádio só começou a operar, no entanto, em 30 de abril de 1923, com um transmissor 
doado pela Casa Pekan, de Buenos Aires, instalado na Escola Politécnica, na então capital federal. 
Pessoalmente, ao cumprir tarefa em pequeno estúdio de rádio, em 1933, aos 11 anos de idade, na 
Rádio Sociedade da Bahia, a PRA-4 de Salvador, aprendi que as primeiras emissoras eram clubes 
ou sociedades de amigos, em geral, nascidas da união de curiosos encantados com a sensacional 
novidade.
Como vemos, o rádio enquanto transmissor de informação para um grande público pas-
sou por inúmeras inovações tecnológicas até chegar ao Brasil, o desenvolvimento tecnológico e 
o trabalho de diversos pesquisadores em diferentes lugares do mundo foram fundamentais para 
que um único difusor de informações permitisse a comunicação para centenas e milhares de 
pessoas.
A origem do cinema, um difusor de informação para um grande público, também passa 
por diversas transformações ao longo do tempo. Rosália Duarte, em seu livro Cinema e Educa-
ção, de 2002, informa que as primeiras exibições de � lmes com uso de um mecanismo intermi-
tente aconteceram entre 1893, quando � omas A. Edison registrou nos EUA a patente de seu 
quinetoscópio. No entanto, foi apenas em 1895 que essa tecnologia de fabricar sonhos ganha 
maior projeção quando os irmãos Louis e Auguste Lumière realizaram em Paris a famosa de-
monstração, pública e paga, de seu cinematógrafo. 
Os oito � lmes apresentados pelos Lumière são o registo de situações quotidianas, � lma-
das ao ar livre, cada um deles, com pouco mais de cinquenta segundos. Com uma poética única, 
os � lmes Lumière, abriram portas ao mundo da Sétima Arte. Também em 1985, em Berlim, os 
irmãos Max e Emil Skladanoswky, projetavam no seu “Bioskop” (que funcionava como um pro-
jetor de slides, em ritmo acelerado), o registo fílmico de situações extraordinárias, como artes 
circenses e danças tradicionais. O reconhecimento dos avanços técnicos do cinematógrafo, em 
relação ao Bioskop, fez com que os Skladanowsky abandonassem o projeto, mas sem antes nos 
deixarem uma outra “visão” associada ao nascimento do cinema.
O cinema como indústria está diretamente ligado também ao empresário Edison, que 
trabalhava com uma equipe de técnicos em seus laboratórios em West Orange, New Jersey. Em 
1889, depois de ter visto a câmera de Etiènne-Jules Marey em Paris, Edison encarregou uma equi-
pe de técnicos a construir máquinas que produzissem e mostrassem fotogra� as em movimento, e 
foi a partir do empreendimento de Edison que quinetógrafo e quinetoscópico foram inventados.
Utilizando de sua experiência de empresário e seu conhecimento tecnológico, 
em 1891, Edison consegue o fornecimento de filme celuloide de 19mm, possi-
bilitando que em 1891 Edison fizessem a pedido da patente da câmera de 46 
quadrados por segundo – chamada quinetógrafo e o aparelho individual que o 
espectador poderia apreciar filmes animados, foi chamado de quinetóscópio.
Fonte: https://kinodinamico.wordpress.com/2011/02/08/quinetoscopio-cinemi-
nha-de-primeira/. Acesso em: 10 jan. 2018.
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Figura 5 – Quinetógrafo. Fonte: Kinodinâmico (2011).
O primeiro salão de quinetoscópios, com dez máquinas, cada uma delas mostrando um 
� lme diferente, iniciou suas atividades em abril de 1894 em Nova York. Edison produziu os � lmes 
para o quinetoscópio num pequeno estúdio construído nos fundos de seu laboratório. 
Figura 6 - Um dos primeiros estúdios de � lmagem – Black Maria. Fonte: Kinodinamico (2011).
O estúdio uma construção totalmente pintada de preto, que tinha um teto retrátil, para 
deixar entrar a luz do dia, e que girava sobre si mesma, para acompanhar o sol. Por seu aspecto, 
o primeiro estúdio de cinema do mundo foi apelidado de Black Maria - como se designavam os 
camburões da polícia na época. Lá dentro, dançarinas, acrobatas de vaudevile, atletas, animais e 
até mesmo as palhaçadas dos técnicos de Edison eram � lmados contra um fundo preto, ilumina-
dos pela luz do sol.
 É necessário chamarmos atenção para o fato de que os irmãos Lumière 
não foram os primeiros a fazer uma exibição de filmes pública e paga. Em 1o de 
novembro de 1895, dois meses antes da famosa apresentação do cinematógrafo 
Lumière no Grand Café, os irmãos Max e Emil Skladanowsky fizeram uma exibi-
ção de 15 minutos do bioscópio, seu sistema de projeção de filmes, num grande 
teatro de vaudevile em Berlim. Auguste e Louis Lumière, apesar de não terem 
sido os primeiros na corrida, são os que ficaram mais famosos. Eram negocian-
tes experientes, que souberam tornar seu invento conhecido no mundo todo e 
fazer do cinema uma atividade lucrativa, vendendo câmeras e filmes.
 A família Lumière era, então, a maior produtora europeia de placas foto-
gráficas, e o marketing fazia parte de suas práticas. 
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 Parte do sucesso do cinematógrafo deve-se ao seu design, muito mais 
leve e funcional. Em 1894, os Lumière construíram o aparelho, que usava filme 
de 35 mm. Um mecanismo de alimentação intermitente, baseado nas máquinas 
de costura, captava as imagens numa velocidade de 16 quadros por segundo - o 
que foi o padrão durante décadas - em vez dos 46 quadros por segundo usados 
por Edison.
 O Grand Café, em Paris, onde o invento dos Lumière foi demonstrado 
para o público, em 28 de dezembro de 1895, era um tipo de lugar que foi determi-
nante para o desenvolvimentodo cinema nos primeiros anos. Nos cafés, as pes-
soas podiam beber, encontrar os amigos, ler jornais e assistir a apresentações 
de cantores e artistas. A versão norte-americana dos cafés eram os vaudeviles, 
uma espécie de teatro de variedades.
Durante os primeiros anos do cinema no � nal século XIX ao início do século XX houve 
uma série de tentativas de chegar a uma forma de narrativa intrínseca fílmica que fosse atrativa 
ao público e gerasse lucro. Podemos a� rmar que os � lmes teriam aos poucos superado suas limi-
tações iniciais e se transformado em arte ao encontrar os princípios especí� cos de sua linguagem, 
ligados ao manejo da montagem como elemento fundamental da narrativa.
A primeira fase do cinema como comunicação de massa corresponde ao domínio do 
“cinema de atrações” e vai dos primórdios, em 1894, até 1906-1907, quando se inicia a expansão 
dos História do cinema mundial e o aumento da demanda por � lmes de � cção. A segunda vai 
de 1906 até 1913-1915 e é o que se chama de “período de transição”, quando os � lmes passam 
gradualmente a se estruturar como um quebra-cabeça narrativo, que o espectador tem de mon-
tar baseado em convenções exclusivamente cinematográ� cas. É o período em que a atividade se 
organiza em moldes industriais o que levará a construção dos estúdios de Hollywood.
Ao se referir ao cinema no Brasil, Duarte (2002) argumenta que ele existe enquanto exi-
bição e entretenimento desde 1896. Em seus mais de 120 anos de História, o cinema brasileiro 
teve períodos de grande repercussão internacional, como a época do Cinema Novo a partir de 
1960, e de crescimento do mercado interno, como no período da Embra� lme. Na primeira déca-
da do século XXI, a atividade cinematográ� ca no Brasil envolve pouco mais de 2 mil salas, que 
vendem uma média de 100 milhões de ingressos anuais, dos quais entre 15 e 20% são para � lmes 
brasileiros. 
Agora ao abordar a Internet, é que nos referenciarmos ao meio de comunicação de massa 
nascente no século XX e que atualmente é o principal meio de difusão de comunicação para mui-
tas diversos grupos, provocando novas sociabilidades e formas de interação cultural. Bill Gates, 
em seu livro A estrada para futuro, de 1995, a� rma que a internet surgiu a partir de pesquisas 
militares nos períodos áureos da Guerra Fria. Na década de 1960, quando dois blocos ideológica 
e politicamente antagônicos exerciam enorme controle e in� uência no mundo, qualquer meca-
nismo, qualquer inovação, qualquer ferramenta nova poderia contribuir nessa disputa liderada 
pela União Soviética e por Estados Unidos: as duas superpotências compreendiam a e� cácia e 
necessidade absoluta dos meios de comunicação. 
Gates (1995) ao narrar o contexto social do desenvolvimento da tecnologia para a atu-
al, apresenta que, no contexto da Guerra Fria, o governo dos Estados Unidos temia um ataque 
União Soviética às bases militares. Um ataque poderia trazer a público informações sigilosas, 
tornando os EUA vulneráveis. Então, foi idealizado um modelo de troca e compartilhamento de 
informações que permitisse a descentralização das mesmas. 
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Assim, se o Pentágono fosse atingido, as informações armazenadas ali não estariam per-
didas. Era preciso, portanto, criar uma rede, a ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced 
Research Projects Agency. 
Figura 7 - Surgimento da internet – 1960. Fonte: Silva (2010).
 No Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT), em 1962, já falava em termos da exis-
tência de uma Rede Galáxica. A ARPANET funcionava através de um sistema conhecido como 
chaveamento de pacotes, que é um sistema de transmissão de dados em rede de computadores 
no qual as informações são divididas em pequenos pacotes, que por sua vez contém trechos dos 
dados, o endereço do destinatário e informações que permitiam a remontagem da mensagem 
original. O ataque inimigo nunca aconteceu, mas o que o Departamento de Defesa dos Estados 
Unidos não sabia era que dava início ao maior fenômeno midiático do século 20, único meio de 
comunicação que em apenas 4 anos conseguiria atingir cerca de 50 milhões de pessoas. 
Foi em 1969, que ocorreu a transmissão do que pode ser considerado o primeiro e-mail 
da história. O texto desse primeiro e-mail seria “LOGIN”, conforme desejava o Professor Leonard 
Kleinrock da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), mas o computador no Stan-
ford Research Institute, que recebia a mensagem, parou de funcionar após receber a letra “O”. Na 
década de 1970, a tensão entre URSS e EUA diminuiu e as duas potências entram de� nitivamente 
naquilo em que a história se encarregou de chamar de Coexistência Pací� ca. Não havendo mais a 
iminência de um ataque imediato, o governo dos EUA permitiu que pesquisadores desenvolves-
sem, nas suas respectivas universidades, estudos na área de defesa que pudessem também entrar 
na ARPANET. Com isso, a ARPANET começou a ter di� culdades em administrar todo este siste-
ma, devido ao grande e crescente número de localidades universitárias contidas nela. 
Dividiu-se então este sistema em dois grupos, a MILNET, que possuía as localidades mi-
litares e a nova ARPANET, que possuía as localidades não militares. O desenvolvimento da rede, 
nesse ambiente mais livre, pôde então acontecer. Não só os pesquisadores como também os alu-
nos e os amigos dos alunos tiveram acesso aos estudos já empreendidos e somaram esforços para 
aperfeiçoá-los. Houve uma época nos Estados Unidos em que sequer se cogitava a possibilidade 
de comprar computadores prontos, já que a diversão estava em montá-los. 
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A mesma lógica se deu com a Internet. Jovens da contracultura, ideologicamente enga-
jados ou não em uma utopia de difusão da informação, contribuíram decisivamente para a for-
mação da Internet como hoje é conhecida. Isso se chegou a tal ponto que o sociólogo espanhol e 
estudioso da rede, Manuel Castells, a� rmou, no livro A Galáxia da Internet (2003), que A Inter-
net é, acima de tudo, uma criação cultural.
Um sistema técnico denominado Protocolo de Internet (Internet Protocol) permitia que 
o tráfego de informações fosse encaminhado de uma rede para outra. Todas as redes conectadas 
pelo endereço IP na Internet comunicam-se para que todos possam trocar mensagens. 
Através da National Science Foundation, o governo norte-americano investiu na criação 
de backbones (que signi� ca espinha dorsal, em português), que são poderosos computadores co-
nectados por linhas que tem a capacidade de dar vazão a grandes � uxos de dados, como canais 
de � bra óptica, elos de satélite e elos de transmissão por rádio. Além desses backbones, existem os 
criados por empresas particulares. A elas são conectadas redes menores, de forma mais ou menos 
anárquica. É basicamente nisto que consiste a Internet, que não tem um dono especí� co, mas tem 
um criador: o cientista Tim Berners-Lee, do CERN, criou a World Wide Web em 1991. 
A empresa norte-americana Netscape criou o protocolo HTTPS, possibilitando o envio 
de dados criptografados para transações comercias pela internet. Por � m, vale destacar que já em 
1992, o então senador Al Gore, já falava na Superhighway of Information. 
Essa “super-estrada da informação” tinha como unidade básica de funcionamento a tro-
ca, compartilhamento e � uxo contínuo de informações pelos quatro cantos do mundo através de 
uma rede mundial, a Internet. O que se pode notar é que o interesse mundial aliado ao interesse 
comercial, que evidentemente observava o potencial � nanceiro e rentável daquela “novidade”, 
proporcionou o boom (explosão) e a popularização da Internet na década de 1990. Até 2003,

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