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Fármacos antitireoidianos • A glândula tireoide tem como função a produção e liberação dos hormônios T3 (tri-iodotironina) e T4 (tiroxina) que regulam uma série de processos no organismo como: · crescimento e desenvolvimento cerebral em recém-nascidos · metabolismo e modelamento da função e morfologia cardiovasculares · Síntese e liberação de T3 e T4 • O início do estímulo para a liberação e produção dos hormônios da tireóide ocorre no hipotálamo, que libera TRH = hormônio da liberação da tireotropina, no sistema porta-hipofisário -> estimulando a adeno-hipófise a secretar o hormônio estimulante da tireoide (TSH) • O TSH chega à tireoide por via sanguínea e estimula a glândula a produzir e secretar seus hormônios • O aumento da concentração de T3 e T4 na corrente sanguínea leva a um feedback negativo tanto na hipófise quanto no hipotálamo - diminuindo, assim, as liberações de TRH e TSH • Do mesmo modo, o hormônio hipofisário promove controle da liberação do hormônio hipotalâmico FISIOLOGIA DA TIREÓIDE • A glândula tireoide normal secreta quantidades suficientes de hormônios tireoidianos : triiodotironina (T3) e tetraiodotironina (T4, tiroxina) -> biologicamente ativos - para normalizar o crescimento e o desenvolvimento, a temperatura corporal e os níveis energéticos • Esses hormônios contêm 59% e 65%, respectivamente de iodo como parte essencial da molécula · Metabolismo do iodeto • A ingestão diária recomendada de iodeto no adulto é de 150 μg ( aumenta a necessidade = 200 μg durante a gravidez) • O iodeto, que é ingerido nos alimentos, na água ou a partir de medicamentos é rapidamente absorvido e penetra em um reservatório de líquido extracelular • A glândula tireoide remove cerca de 75 μg por dia desse reservatório de iodo -> para a síntese hormonal, sendo o restante excretado na urina • Se houver aumento na ingestão de iodeto verifica-se uma diminuição na captação fracional de iodo pela tireoide = base para o tratamento no hipertireoidismo · Biossíntese dos hormônios tireoidianos • Uma vez captado pela glândula tireoide o iodeto sofre uma série de reações enzimáticas que o convertem no hormônio tireoidiano ativo • A primeira etapa consiste no transporte de iodeto para o interior da glândula tireóide por uma proteína intrínseca da membrana basal das células foliculares = denominada simportador de sódio/iodeto (SNI) • Na membrana apical da célula uma segunda enzima de transporte de I−, denominada pendrina controla o fluxo de iodeto através da membrana • Na membrana celular apical o iodeto é oxidado pela tireoide peroxidase a iodo -> nesta forma que ele efetua a rápida iodação de resíduos de tirosina = existentes na molécula de tireoglobulina = formando monoiodotirosina (MIT) e diiodotirosina (DIT) • Esse processo é denominado organificação do iodeto = ligação do iodo aos residuos de tirosina • Duas moléculas de DIT = combinam-se no interior da molécula de tireoglobulina para formar L-tiroxina (T4) • Uma molécula de MIT e uma molécula de DIT = combinam-se para formar T3 • A tiroxina, a T3, a MIT e a DIT são liberadas da tireoglobulina por exocitose e proteólise da tireoglobulina na borda coloide apical • A MIT e a DIT são desiodadas no interior da glândula e o iodo é reutilizado • Esse processo de proteólise é bloqueado por níveis elevados de iodeto intratireoidiano • A relação entre T4 e T3 no interior da tireoglobulina é de cerca de 5:1 = a maior parte do hormônio liberado consiste em tiroxina (t4) • A maior parte da T3 circulante no sangue provém do metabolismo periférico da tiroxina · Transporte dos hormônios tireoidianos • A T4 e a T3 no plasma ligam-se reversivelmente às proteínas, sobretudo à globulina de ligação da tiroxina (TBG) • Apenas cerca de 0,04% da quantidade total de T4 e 0,4% de T3 ocorrem na forma livre • Muitos estados fisiológicos e patológicos, bem como certos fármacos afetam a T4, a T3 e o transporte pela tireoide • Os níveis efetivos de hormônio livre geralmente permanecem normais, refletindo o controle por retroalimentação 1)iodeto entra na glandula por meio da SNI 2) na membrana apical da glandula o iodeto é convertido em iodo pela peroxidase 3) Na forma de iodo, ele sofre uma iodação de residuos de tirosina (presentes na molecula de tireglobulina), ou seja o iodo se liga as molec de tirosina (MIT E DIT) 4) dentro da moleculo de tireoglobulina DIT-> t4 e MIT-> t3 5) t3, t4, MIT e DIT são liberadas da tireoglobulina por proteólise e exocitose e são liberadas no sangue (t3 e t4 lig a proteinas = TBG) 6)No sangue periférico parte t4 é convertido em t3 OBS: o processo de proteólise é bloqueado por níveis elevados de iodeto intratireoidiano = logo com alta de iodeto intra glandular não há lib de t3 e t4 · Metabolismo periférico dos hormônios tireoidianos • A principal via do metabolismo periférico da tiroxina (t4) = é a desiodação por três enzimas 5′ desiodinase • Pode ocorrer desiodação de T4 por monodesiodação do anel externo produzindo 3,5,3′-triiodotironina (T3) que é três a quatro vezes mais potente do que a T4 • Pode ocorrer desiodação do anel interno com produção de 3,3′,5′-triiodotironina (T3 reversa ou rT3) • que é metabolicamente inativa • A produção diária normal de T4 varia entre 80 e 100 μg e a da T3, entre 30 e 40 μg • Embora a T3 seja secretada pela tireoide, o metabolismo da T4 em t3 = nos tecidos periféricos é responsável por cerca de 80% da T3 circulante • Certos fármacos como = amiodarona, os meios de contraste iodados, os betabloqueadores e os corticosteróides, bem como a presença de doença grave ou inanição = inibem a desiogenaze (inibe a conversão periférica de t4 em t3) = resultando em baixos níveis de T3 e níveis elevados de rT3 no soro · Principais efeitos clínicos dos hormônios tireoidianos • Crescimento e desenvolvimento desenvolvimento do encéfalo ausência de hormônio tireoidiano durante o período de neurogênese ativa até 6 meses após o parto = resulta em deficiência intelectual irreversível (cretinismo) e é acompanhada de várias alterações morfológicas no encéfalo • Efeitos termogênicos o hormônio tireoidiano é necessário tanto para a termogênese obrigatória , quanto para a termogênese facultativa ou adaptativa • Efeitos cardiovasculares pacientes com hipertireoidismo apresentam = taquicardia, aumento do volume sistólico, aumento do índice cardíaco, hipertrofia cardíaca, diminuição da resistência vascular periférica e aumento da pressão de pulso • Efeitos metabólicos o hormônio tireoidiano estimula a expressão dos receptores hepáticos de LDL e reduz os níveis de apolipoproteína B por meio de vias de receptores não LDL = a hipercolesterolemia constitui um aspecto característico do hipotireoidismo (principais T4 livre e TSH) TSH alto e T4 normal por indicar hipotireoidismo subclínico Distúrbios da função da tireoide · Hipofunção da tireóide • O hipotireoidismo = conhecido como mixedema quando grave = mais comum da função da tireoide • hipotireoidismo que resulta da deficiência de iodo = continua sendo problema comum nas áreas não endêmicas = onde o iodo está presente em quantidades suficientes • A tireoidite autoimune crônica (tireoidite de Hashimoto) é responsável pela maioria dos casos = caracteriza-se por anticorpos circulantes dirigidos contra a peroxidase tireoidiana, algumas vezes, contra a tiroglobulina - Essas condições são exemplos de hipotireoidismo primário = insuficiência da própria glândula tireoide • O hipotireoidismo central = ocorre com muito menos frequência = resulta da diminuição da estimulação da tireoide pelo TSH devido à: insuficiência hipofisária (hipotireoidismo secundário) ou hipotalâmica (hipotireoidismo terciário) • O hipotireoidismo presente ao nascimento = hipotireoidismo congênito = constitui uma importante causa evitável de deficiência intelectual no mundo • Os sintomas comuns de hipotireoidismo consistem em: - fadiga, letargia, intolerância ao frio, - lentidão mental, depressão - pele seca - constipação intestinal - ligeiro ganho ponderal,retenção de líquido - dores e rigidez musculares - menstruações irregulares e infertilidade • Os sinais comuns incluem: - bócio (apenas no hipotireoidismo primário = insufic da propria glandula) - bradicardia - fase de relaxamento tardia dos reflexos tendíneos profundos - pele fria e seca - hipertensão - edema não depressível e face edemaciada • A deficiência de hormônio tireoidiano nos primeiros meses de vida provoca problemas alimentares, atraso do crescimento, constipação intestinal e sonolência • O atraso do desenvolvimento intelectual é irreversível se o distúrbio não for tratado imediatamente • O hipotireoidismo infantil = compromete o crescimento linear e a maturação óssea • Como os sinais e os sintomas do hipotireoidismo são inespecíficos = o diagnóstico requer o achado de níveis séricos elevados de TSH e níveis séricos reduzidos ou normais baixos de T4 livre - nos casos de hipotireoidismo central = apenas níveis séricos diminuídos de T4 livre · Hiperfunção da tireóide • A tireotoxicose ou hipertireidismo é uma afecção causada por concentrações elevadas de hormônios tireoidianos livres circulantes • O aumento na produção de hormônios tireoidianos constitui sua causa mais comum = com associação comum da estimulação dos receptores de TSH e aumento da captação de iodo pela glândula tireoide = demonstrado pela medida da captação percentual de I123 ou I131 - no teste de RAIU (captação de iodo radioativo) de 24 h • A estimulação dos receptores de hormônio estimulante da tireoide é resultado de anticorpos estimuladores dos receptores de TSH na doença de Graves ou de mutações ativadoras somáticas dos receptores de TSH em nódulos de função autônoma ou no bócio tóxico = vai aumentar a captção de iodo • A inflamação ou a destruição da tireoide que provocam “extravasamento” excessivo de hormônios tireoidianos ou o aporte exógeno excessivo de hormônio tireoidiano resultam em baixos valores de RAIU de 24 h • A expressão hipertireoidismo subclínico é definida em relação a indivíduos que apresentam níveis séricos subnormais de TSH (baixo) e concentrações normais de T4 e T3 Niveis elevados dos hormônios tireoidianos pode levar: • As arritmias atriais, o excesso de mortalidade cardíaca e a perda óssea têm sido associados a esse perfil de provas da função da tireoide • A doença de Graves constitui a causa mais comum de tireotoxicose com RAIU elevado responde por 60 a 90% dos casos dependendo da idade e da região geográfica • A doença de Graves é um distúrbio autoimune caracterizado por aumento na produção de hormônio tireoidiano bócio difuso e anticorpos IgG que se ligam ao receptor de TSH e o ativam • Assim como na maioria dos tipos de disfunção da tireoide as mulheres são mais acometidas do que os homens com proporção de 5:1 a 7:1 • A doença de Graves é mais comum entre 20 e 50 anos de idade mas pode ocorrer em qualquer faixa etária Distúrbios da função da tireoide Hiperfunção da tireoide • A doença de Graves costuma estar associada a outras doenças autoimunes •Caract doença de graves: -A exoftalmia = uma oftalmopatia infiltrativa inflamação do tecido conectivo periorbitário e dos músculos extraoculares mediada por mecanismos autoimunes -O bócio uninodular/multinodular tóxico responde por 10 a 40% dos casos de hipertireoidismo mais comum em pacientes idosos • Observa-se um baixo valor de RAIU na tireoidite destrutiva e na tireotoxicose em pacientes em uso de doses excessivas de hormônio tireoidiano • Os sinais e sintomas de tireotoxicose provêm, em sua maioria da: produção excessiva de calor, do aumento da atividade motora e do aumento de sensibilidade às catecolaminas produzidas pelo sistema nervoso simpático - A pele apresenta-se ruborizada, quente e úmida os músculos são fracos e trêmulos a frequência cardíaca é rápida, o batimento cardíaco, forte, e os pulsos arteriais proeminentes e pulsáteis - O aumento no consumo de energia leva a um aumento do apetite e, se a ingestão for insuficiente, à perda de peso - Podem ocorrer insônia, dificuldade de permanecer quieto ansiedade e apreensão, intolerância ao calor e aumento da frequência das evacuações - Em pacientes idosos pode-se verificar a presença de angina, arritmias e insuficiência cardíaca • Os pacientes idosos podem apresentar menos manifestações de estimulação do sistema nervoso simpático e sintomas reduzidos em comparação com indivíduos mais jovens condição designada “hipertireoidismo apático” • Alguns indivíduos podem exibir debilitação muscular extensa em consequência da miopatia tireoidiana • A forma mais grave de hipertireoidismo é a tempestade tireoidiana Fármacos usados no hipertireoidismo Tioamidas • Esta classe de fármacos consiste na principal opção para combate ao hipertireoidismo propiltiouracila (PTU) e metimazol (também chamado de tiamazol) são os principais fármacos em uso • Os dois têm vários mecanismos de ação o principal deles é o bloqueio da tireoperoxidase (TPO) com consequente interrupção da organificação do iodo · Mecanismo de ação • Os fármacos antitireoidianos inibem a formação dos hormônios da tireoide ao interferir na incorporação do iodo aos resíduos de tirosila da tiroglobulina inibem o acoplamento desses resíduos de iodotirosila para formar as iodotironinas • Acredita-se que esses fármacos inibam a enzima peroxidase • A inibição da síntese hormonal resulta em depleção das reservas de tiroglobulina iodada à medida que a proteína é hidrolisada e os hormônios são liberados na circulação • Além de bloquear a síntese hormonal a propiltiouracila inibe parcialmente a desiodação periférica da T4 em T3 o metimazol não exerce esse efeito • O que fornece uma base racional para a preferência da propiltiouracila aos demais fármacos antitireoidianos no tratamento dos estados graves de hipertireoidismo ou da tempestade tireoidiana • Como é a síntese de T3 e T4 que é diminuída por esses fármacos é preciso que haja um período de até 4 semanas para início dos efeitos para que os níveis desses hormônios voltem às concentrações consideradas normais • A PTU, além de inibir a TPO também atua diminuindo a desiodinação periférica de T4 e T3 fazendo com que o nível do segundo também diminua • Esses fármacos não bloqueiam a captação do iodo pela glândula • As tioamidas tiamazol e propiltiouracila constituem os principais fármacos utilizados no tratamento da tireotoxicose • O tiamazol (metimazol) é cerca de dez vezes mais potente do que a propiltiouracila = fármaco de escolha em adultos e crianças • A propiltiouracila deve ser reservada primeiro trimestre de gravidez e tempestade tireoidiana reações adversas ao metimazol = também inibe conversão periférica de t4 = reduz a gravidade · Farmacocinética: • A propiltiouracila é rapidamente absorvida e atinge níveis séricos máximos depois de 1 h • A biodisponibilidade de 50 a 80% = pode ser decorrente de sua absorção incompleta ou de um acentuado efeito de primeira passagem no fígado • A maior parte da dose ingerida de propiltiouracila é excretada pelos rins na forma de glicuronídio inativo em 24 h • O metimazol é totalmente absorvido acumula-se rapidamente na glândula tireóide • A excreção é mais lenta que a da propiltiouracila 65 a 70% de uma dose são recuperados na urina em 48 h • A meia-vida plasmática curta desses agentes 1,5 h para a propiltiouracila e 6 h para o metimazol = exerce pouca influência sobre a duração da ação antitireoidiana s = ambos os fármacos são acumulados pela glândula tireóide Tioamidas • No caso da propiltiouracila administrar o fármaco a cada 6 a 8 h visto que uma dose única de 100 mg pode inibir 60% da organificação do iodo durante 7 h • Como a administração de uma dose única de 30 mg de metimazol exerce um efeito antitireoidiano por mais de 24 h o uso de uma dose única diária mostra-se efetivo no tratamento do hipertireoidismo leve a moderado • Ambas as tioamidas atravessam a barreira placentária e concentram-se na tireóide do feto exigindo cautela no uso desses fármacos durante a gravidez •Em razão do risco de hipotireoidismo fetal são classificadas como fármaco da categoria D para a gravidez Comment by Eduarda Muzzi: pesquisar categoria D • A propiltiouracila é preferível ao metimazol durante a gravidez ela se liga mais fortemente às proteínas e atravessa a placenta com menos facilidade · Farmacodinâmica •Atuam através de múltiplos mecanismos: - a principal ação consiste em impedir a síntese hormonal ao inibir as reações catalisadas pela tireóide peroxidase e ao bloquear a organificação do iodo esses fármacos bloqueiam o acoplamento das iodotirosinas não bloqueiam a captação de iodeto pela glândula • a propiltiouracila e (em menor grau) o metimazol inibem a desiodação periférica da T4 e T3 como a síntese dos hormônios é afetada mais do que a sua liberação o início de ação desses agentes é lento exigindo 3 a 4 semanas para que ocorra depleção das reservas de T4 • Os fármacos antitireoidianos são usados no tratamento do hipertireoidismo nas seguintes maneiras · como tratamento definitivo para controlar o distúrbio quando se espera uma remissão espontânea da doença de Graves · em associação com iodo radioativo para acelerar a recuperação enquanto se aguardam os efeitos da radiação · para controlar o distúrbio na preparação para tratamento cirúrgico · Usos terapêuticos • O metimazol constitui o fármaco de escolha para a doença de Graves • Efetivo, administrado em dose diária única possibilita uma melhor adesão do paciente e é menos tóxico do que a propiltiouracila • A dose inicial habitual de metimazol é de 15 a 40 mg/ dia • A dose inicial habitual de propiltiouracila é de 100 mg a cada 8 h • Uma vez alcançado o estado de eutireoidismo que ocorre habitualmente em 12 semanas a dose do fármaco antitireoidiano pode ser reduzida, mas não interrompida para que não ocorra exacerbação da doença de Graves · Toxicidade • Ocorrem reações adversas às tioamidas em 3 a 12% dos pacientes tratados • As reações são observadas, em sua maioria em uma fase precoce = náuseas e desconforto gastrintestinal • Pode ocorrer sensação alterada do paladar ou do olfato -> metimazol • O efeito adverso mais comum = exantema pruriginoso maculopapular (4 a 6%) algumas vezes acompanhado de sinais sistêmicos, como febre • A hepatite (mais comum com a propiltiouracila) e a icterícia colestática (mais comum com o metimazol) podem ser fatais • A complicação mais perigosa consiste em agranulocitose contagem de granulócitos < 500 células/mm3 (neutropenia) - infreqüente porém potencialmente fatal - Ocorre em 0,1 a 0,5% dos pacientes em uso de tioamidas o risco pode aumentar em pacientes de idade mais avançada e naqueles que recebem terapia com altas doses de metimazol > 40 mg/dia - A reação é rapidamente reversível quando se interrompe o fármaco pode ser necessário instituir uma antibioticoterapia de amplo espectro para as infecções que ocorrem como complicação • A sensibilidade cruzada entre a propiltiouracila e o metimazol é de cerca de 50% não se recomenda substituir os fármacos em pacientes com reações graves Iodetos • Antes da introdução das tioamidas, os iodetos eram os principais agentes antitireoidianos • Hoje, são raramente utilizados como terapia única • O excesso de iodo provoca (satura a glândula) a inibição da organificação e da liberação de T3 e T4 por bloquear a degradação da tireoglobulina diminui o tamanho e a vascularização da tireóide • A melhora no quadro do paciente é notada em poucos dias mas, em indivíduos sensíveis, pode piorar o quadro de hipertireoidismo · Efeitos colaterais são raros e reversíveis com a suspensão da medicação • A desvantagem em se utilizar o iodeto é que as reservas tireoideanas de iodo ficam elevadas o que inviabiliza a utilização de iodo radioativo durante o período necessário para a diminuição dessas reservas possibilitando sua captação Iodo radioativo • O I131 constitui o único isótopo empregado no tratamento da tireotoxicose • Administrado por via oral , é rapidamente absorvido, concentrado pela tireóide e incorporado nos folículos de armazenamento • O efeito terapêutico depende da emissão de raios β com meia-vida efetiva de 5 dias · Mecanismo de ação: • Poucas semanas após a sua administração = ocorre destruição do parênquima tireoidiano = evidenciada pelo intumescimento e necrose do epitélio = desorganização dos folículos, edema e infiltração por leucócitos • As vantagens do iodo radioativo são sua administração fácil, eficácia, baixo custo e ausência de dor • Temor quanto possibilidade de lesão genética induzida por irradiação leucemia e neoplasia não foi corroborado depois de mais de 50 anos de experiência clínica com o iodo radioativo • Não se deve administrar iodo radioativo = a mulheres grávidas ou mães durante a lactação - ele atravessa a placenta, destruindo a glândula tireóide do feto, além de ser secretado no leite materno Agentes bloqueadores dos adrenorreceptores • Os betabloqueadores sem atividade simpaticomimética intrínseca • metoprolol, propranolol, atenolol = constituem adjuvantes terapêuticos efetivos no tratamento da tireotoxicose, muitos desses sintomas simulam aqueles associados à estimulação simpática • O propranolol tem sido o betabloqueador mais amplamente estudado e utilizado na terapia da tireotoxicose • Os betabloqueadores produzem melhoras clínicas nos sintomas do hipertireoidismo, não alteram os níveis dos hormônios tireoidianos • o propranolol acima de 160 mg/dia inibe a conversão periférica de T4 em T3 Fármacos utilizados no hipotireoidismo • O hipotireoidismo é uma síndrome causada pela deficiência dos hormônios tireoidianos = manifesta-se por uma diminuição reversível de todas as funções corporais • Nos lactentes e crianças ocorre acentuado retardo do crescimento e do desenvolvimento = resultando em nanismo e retardamento mental irreversível • Pode ocorrer hipotireoidismo com ou sem aumento de tamanho da tireóide (bócio) • O diagnóstico laboratorial de hipotireoidismo no adulto é estabelecido pela combinação de baixos níveis de tiroxina livre e elevação dos níveis séricos de TSH • A causa atual mais comum de hipotireoidismo é a tireoidite de Hashimoto = distúrbio imunológico observado em indivíduos geneticamente predispostos • Há evidências de imunidade humoral presença de anticorpos antitireoidianos e sensibilização dos linfócitos a antígenos tireoidianos • À exceção do hipotireoidismo causado por fármacos pode ser tratado, em alguns casos, mediante remoção do agente responsável • A estratégia geral de terapia é a de reposição • A preparação mais satisfatória é a levotiroxina = disponível em preparações tanto comerciais quanto genéricas • O tratamento com levotiroxina associada a liotironina = não foi constatado ser o superior a levotiroxina como única medicação HORMÔNIOS TIREOIDIANOS · Farmacocinética • A tiroxina é mais bem absorvida no duodeno e no íleo - a absorção é modificada por fatores intraluminais: como alimentos, fármacos e flora intestinal • A biodisponibilidade oral das preparações atuais de L-tiroxina é, em média, de 80% • A absorção de T4 e de T3 = pode estar comprometida no mixedema grave com íleo • Os fármacos que induzem as enzimas microssômicas hepáticas aumentam o metabolismo da T4 e da T3 rifampicina fenobarbital carbamazepina fenitoína inibidores da protease • Para o tratamento do hipotireoidismo há duas alternativas de fármacos:- - liotironina = t3 - levotiroxina = t4 • Esses fármacos têm farmacocinética e farmacodinâmica bastante diferentes · Mecanismo de ação • Os aspectos farmacocinéticos justificam a escolha da levotiroxina = primeira opção na reposição hormonal do hipotireoidismo • A administração de liotironina apesar de mais potente e ter maior biodisponibilidade = teria de ser por repetidas doses diárias e de difícil monitoramento • A administração do pró-hormônio faz com que ocorra certo controle do próprio organismo na desiodinação = na conversão do T4 para o T3 ativo • Por serem preparações de hormôniosnativos, a liotironina e a levotiroxina praticamente não apresentam efeitos colaterais. Exceto que a elevada potencia da liotironina a torna não recomendável para utilização em pacientes com cardiopatias • Os efeitos da tireóide sobre os processos metabólicos parecem ser mediados pela ativação dos receptores nucleares ,levando à formação aumentada de RNA e síntese subseqüente de proteínas, com formação aumentada de Na+/K+ ATPase • A ação da tireóide manifesta-se in vivo, com um intervalo de tempo de várias horas ou dias após a sua administração • Receptores hormônios tireoidianos encontrados em grande número, na maioria dos tecidos sensíveis a esses hormônios : hipófise, fígado, rim, coração, músculo esquelético, pulmão e intestino · Terapia de reposição com hormônio tireoidiano no hipotireoidismo • A tiroxina ou Levotiroxina (L-t4) = é o hormônio de escolha para a terapia de reposição com hormônio tireoidiano = em virtude de sua potência consistente e duração de ação prolongada • A dose de reposição diária média de L-T4 no adulto é de 1,7 μg/kg de peso corporal - a dosagem deve basear-se na massa corporal sem gordura. • A terapia tem por objetivo = normalizar os níveis séricos de TSH (no hipotireoidismo primário) ou de T4 livre (no hipotireoidismo secundário ou terciário) e aliviar os sintomas do hipotireoidismo • No hipotireoidismo primário = é suficiente acompanhar os níveis de TSH sem determinação da T4 livre • Um paciente com hipotireoidismo primário leve irá obter níveis normais de TSH com uma dose de reposição substancialmente menor do que a dose de reposição integral, com o declínio da função tireoidiana endógena será necessário aumentar a dose · Efeitos adversos do hormônio tireoidiano • Em geral, os efeitos adversos do hormônio tireoidiano só ocorrem com tratamento excessivo e assemelham-se às consequências do hipertireoidismo • O excesso de hormônio tireoidiano = pode aumentar o risco de fibrilação atrial, particularmente no idoso e também pode aumentar o risco de osteoporose, sobretudo em mulheres na pós-menopausa
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