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143 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 9 SITUAÇÃO-PROBLEMA Será que você já consegue reconhecer as características de uma narrativa fantástica? Analise com o professor o texto a seguir, fragmento da história de um menino que não queria crescer, o romance Peter Pan. Ele mora em um lugar chamado Terra do Nunca, onde vive aventuras acompanhado da fada Sininho. Peter Pan convida três irmãos (Wendy, Miguel e João), que moram em Londres, para conhecerem sua terra natal. Mas como eles chegariam a esse lugar mágico? Quem acredita em fadas? […] Peter Pan pegou Wendy pela mão e foi levando a menina para a janela: — Venha. Vamos logo! Wendy parou, assustada, e perguntou: — Mas como é que a gente vai pra Terra do Nunca? — Voando, lógico! — Voando?! Mas eu não sei voar! O menino não tinha pensado nisso e parou, raciocinando: — Hum... É verdade... Vocês ainda não viveram com as fadas e por isso não aprenderam ainda coisas tão fáceis como voar. Hum... Ah, já sei como se pode resolver isso: Sininho, venha cá! […] — Vejam como é fácil, pessoal — mostrou o me- nino. — Com purpurina-de-fada voar é sopa! E sacudiu Sininho por cima da cabeça dos três novos amigos. Como se saída de um saleiro, uma nu- venzinha dourada, como a mais fina purpurina deste mundo, flutuou no ar e pousou sobre os irmãos. — Ei! — surpreendeu-se João. — Estou mais leve. — Estão vendo? — continuou Peter. — Agora é só pensar pensamentos maravilhosos! Com a purpurina-de-fada, os três já estavam se sentindo bem levinhos e seus pés já se soltavam do chão. Cada um fechou os olhos bem fechados e for- çou-se para pensar pensamentos maravilhosos. Coisa fácil para uma criança. Logo, seus corpos ficaram ainda mais leves e começaram a elevar-se no ar feito plumas. BANDEIRA, Pedro. Peter Pan: recriação da obra de James Barrie. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2014. Por se tratar de uma narrativa fantástica, os personagens chegariam à Terra do Nunca voando com purpurina-de-fada. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 © W a lt D is n e y C o ./ E ve re tt C o lle c ti o n /F o to a re n a Veja, no Manual do Professor, o gabarito comentado das questões sinalizadas com asterisco. PH_EF2_6ANO_PT_138a147_CAD2_MOD09_CA.indd 143 11/14/19 3:34 PM 144 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 9 PARA CONCLUIR Neste módulo, você aprendeu a identificar os elementos de uma narrativa baseada na imaginação e teve contato com dois gêneros textuais que contam essas histórias: o romance e o conto fantásti- cos. Viu como essas narrativas, que sempre fizeram parte do imaginário do ser humano, despertam nosso interesse por nos transportar para mundos mágicos. Nesses universos, a realidade é recriada e transformada por meio do estabelecimento de regras próprias que dão coerência à história narrada: a verossimilhança interna. Esse tipo de narrativa é ao mesmo tempo ficção (inventada pelo autor) e fantasia (por apresentar seres irreais). Você ainda lerá e conhecerá novas narrativas fantásticas durante as aulas de Produção de Texto. Esse tipo de história é encontrado em vários gêneros que ainda serão estudados, como mitologia, lendas, contos e romances de terror, histórias de ficção científica, entre outros. Agora, é só se entregar à magia! 1 Leia novamente o conto “Entre leão e unicórnio” e cite um acontecimento presente nele que o torna uma nar- rativa fantástica. Os alunos podem citar um destes acontecimentos: a presença de um leão vigiando o sono da rainha; o quarto do rei ter sido invadido por beija-flores e abelhas pelo fato de a rainha ter tido sonhos doces e floridos; e a presença de um unicórnio azul que levava o rei para galopar durante o sono da rainha. 2 O acontecimento citado por você na questão anterior comprova que esse texto apresenta verossimilhança in- terna ou externa? Justifique sua resposta. Os acontecimentos que permitem classificar o texto “Entre leão e unicórnio” como uma narrativa fantástica comprovam que há nele verossimilhança interna, visto que são fatos que não se alinham às leis que regem o mundo real e só fazem sentido no mundo criado pela autora. 3 Seres irreais ajudam a compor o enredo de uma narrativa maravilhosa. Como o leão e o unicórnio azul participam do enredo desse texto? O leão era o guardião do sono da rainha e permanecia na porta de entrada de seus sonhos, não deixando ninguém sair ou entrar. O unicórnio era a “montada da imaginação” da rainha e levava seus sonhos a lugares aos quais ela não tinha acesso. 4 Uma das características de uma história fantástica é o tratamento que os personagens dão a fatos inexplicá- veis. Para eles, o sobrenatural, muitas vezes, é visto com normalidade. Identifique no texto como isso acontece por meio da análise das ações do rei. O rei se surpreende com a presença do leão, que guarda o sono da rainha, mas não se assusta. Quando viu o unicórnio pela primeira vez, ficou perplexo, mas na segunda vez montou nele, que partiu a galope. 5 A fim de acabar com as noites de aventuras do rei, a rainha traça um plano a ser realizado com a ajuda de uma de suas damas de companhia. Que plano era esse? Ele se concretizou como ela esperava? Justifique sua resposta. Para que o rei deixasse de galopar no unicórnio azul todas as noites, era preciso que a dama de companhia da rainha costurasse as patas do leão e, assim, ele voltasse a proteger seu sono. Entretanto, o plano da rainha não se concretizou como ela esperava, pois a dama de companhia adormeceu e, quando acordou e costurou as patas do animal, o rei já havia sido levado pelo unicórnio e não pôde voltar do sonho. Peter Pan. Direção de Joe Wright. Produção: Berlanti. Estados Unidos: Warner Bros. Pictures, 2015. 1 DVD. A história do menino que não queria crescer já foi adaptada algumas vezes para o cinema. A versão produzida em 2015 destaca-se pelos impressionantes efeitos visuais. Vale a pena embarcar nessa aventura rumo à Terra do Nunca. R e p ro d u ç ã o /W a rn e r B ro s . APLICANDO O CONHECIMENTO PH_EF2_6ANO_PT_138a147_CAD2_MOD09_CA.indd 144 11/14/19 3:34 PM 145 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 9 Leia o texto a seguir para responder às questões 6 a 11. Uirapuru Os nativos da Floresta Amazônica contam que, no Sul do Brasil, existia uma tribo de índios valentes e que um dos guerreiros era apaixonado pela filha do cacique. Ele era um rapaz forte e inteligente. E a moça era bonita e delicada. Os dois se conheceram numa festa da tribo e logo se apaixonaram. Mas havia um problema: o cacique já tinha prometido que sua jovem filha se casaria com outro guer- reiro. Mesmo assim, o casal namorava escondido. E sempre que o cacique saía para caçar ou pescar, os dois apaixonados se encontravam. Certo dia, a indiazinha, incomodada com aquela situação, disse para o seu amado: — Temos que contar para o meu pai sobre o nosso namoro. Ele não vai nos perdoar se descobrir essa traição. O guerreiro passou dias e dias pensando em como falar com o cacique sobre o seu namoro com a linda indiazinha, mas não conseguia descobrir uma maneira. Então, o cacique acabou descobrindo tudo, por conta própria. E adivinhe: ficou furioso! — Isso foi uma traição! Guerreiro não trai cacique! E filha de cacique já é prometida para outro homem! Vocês vão pagar por isso! Muito brabo, o cacique invocou Tupã: — Tupã, peço que o guerreiro que se apaixonou pela minha filha seja transformado em um pássaro e passe o resto da vida voando pelas matas. A indiazinha, desesperada, gritava: — Não, pai! Por favor, não! Eu me caso com o guerreiro prometido, mas não faça mal ao meu amado! Mas Tupã atendeu ao pedido do cacique e transformou o jovem guerreiro num pássaro chamado Uirapuru. Muito triste por ter perdido a sua amada, o guerreiro, agora em forma de pássaro, cantava todos os dias, ao amanhecer, por cinco oudez minutos, bem pertinho da oca onde dormia a indiazinha. Fazia isso para matar um pouco da sua saudade. Quando soube disso, o cacique ficou louco da vida. Reuniu os maiores caçadores da tribo para cap- turarem o pássaro. Ao saber dos planos do pai, a indiazinha correu para avisar o pássaro, no meio da floresta. Ele preci- sava fugir para bem longe. — Não vou fugir! Ficar longe de você é pior do que a morte! — exclamou o jovem transformado em pássaro. E a indiazinha respondeu: — Mas se eu souber que você está vivo, minha tristeza será menor, porque, em algum lugar, você continuará cantando o nosso amor! Então, o pássaro saiu voando, sem destino, até chegar ao Norte do Brasil, na Floresta Amazônica, onde vive até hoje. Esta é a história do Uirapuru, um pássaro raro, de cor avermelhada, que não se mostra facilmente. Quando ele canta, o som é tão bonito que todas as aves da floresta se calam. Segundo a lenda, quem encontra um Uirapuru tem qualquer desejo realizado, pois este pássaro é o símbolo mágico da felicidade. E é por isso que os indígenas o respeitam tanto e transmitem sua história de geração para geração. SOUSA, Mauricio de. Lendas brasileiras. Barueri: Girassol, 2009. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Id e á ri o L a b / A rq u iv o d a e d it o ra PH_EF2_6ANO_PT_138a147_CAD2_MOD09_CA.indd 145 11/14/19 3:34 PM 146 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 9 Tupã é uma entidade da mitologia dos indígenas tupis. O nome desse deus, na língua tupi, significa “trovão”. Considerado o criador do Universo e da luz, ele mora no Sol. Tupã criou o espírito do bem (Angatupyry) e o do mal (Tau) para guiar as pessoas na Terra pelos dois caminhos. GOTAS DE SABER 6 Os indígenas contam seus mitos por meio de suas len- das. Explique por que, no texto “Uirapuru”, o amor entre o guerreiro e a indígena era proibido. O amor entre o guerreiro e a indígena era proibido porque ela havia sido prometida a outro homem. 7 Ao descobrir o amor proibido, o cacique invocou Tupã. O que o pai da indígena pediu a seu deus? Com raiva pela descoberta do namoro escondido de sua filha, o cacique pediu a Tupã que transformasse o guerreiro em um pássaro que passasse o restante da vida voando pelas matas. 8 O pássaro uirapuru é, segundo o texto, muito respeitado pelos indígenas. Explique o porquê. O pássaro uirapuru é muito respeitado pelos indígenas porque, segundo a lenda, ele canta de forma muito bela o seu amor, tornando-se assim o símbolo mágico da felicidade. 9 As lendas também podem ser consideradas narrativas fan- tásticas. Que fato extraordinário é apresentado no texto? O fato extraordinário apresentado é a transformação de um indígena em um pássaro que canta lindamente o seu amor. 10 Como a lenda do uirapuru pode ser entendida como uma narrativa coerente em relação aos acontecimentos de seu enredo? O fato sobrenatural dessa lenda (a transformação de um indígena em um pássaro) pode ser explicado levando-se em consideração ter sido realizado por um deus, ser que detém esse poder. 11 Tanto o conto “Entre leão e unicórnio” como a lenda “Uirapuru” apresentam personagens femininas fortes. A rainha decidiu dar fim às viagens noturnas do rei, arquitetando um plano com sua dama de companhia. Cite uma atitude da indígena que comprova que ela também é uma mulher decidida. A indígena, além de cobrar do amado que contasse a seu pai sobre o namoro, salvou a vida do guerreiro ao avisá-lo de que o cacique mandara outros guerreiros à sua caça. Ela ordena ao pássaro que fuja para bem longe. Leia um trecho do romance Pin—quio para responder às questões propostas a seguir. Pinóquio Assim que chegou em casa, Gepeto pegou as ferramentas e se pôs a fazer seu boneco. — Que nome lhe darei? — perguntou a si mesmo. — Hum! Vou chamá-lo de Pinóquio. É um nome que lhe trará felicidade. [...] Quando encontrou um nome para o seu boneco, aí então começou a trabalhar com vontade. E logo fez os cabelos, depois a testa, em seguida os olhos. Terminados os olhos, imaginem o espanto de Gepeto ao notar que se moviam e o olhavam fixamente. Ao se ver encarado por aqueles dois olhos de pau, Gepeto levou aquilo a mal e disse em tom zangado: — Diabo de olhos de pau, por que é que me encaram? 1 2 3 4 5 6 DESENVOLVENDO HABILIDADES Ideário Lab/Arquivo da editora PH_EF2_6ANO_PT_138a147_CAD2_MOD09_CA.indd 146 11/14/19 3:34 PM 147 PR O D UÇ Ã O D E T EX TO M Ó D UL O 9 Ninguém respondeu. Depois dos olhos, Gepeto fez o nariz; mas o nariz, assim que estava pronto, começou a crescer. E cresceu, cresceu, cresceu até que em poucos minutos se tornou um narigão que não tinha mais fim. O pobre homem se cansava de podá-lo; mas quanto mais o encurtava, mais comprido se tornava aquele nariz impertinente. A boca não estava ainda bem pronta e já começou a rir e a zombar do velho. — Acabe com essas risadas! — ordenou Gepeto irritado, mas foi o mesmo que ter falado com as pa- redes. — Acabe com essas risadas, já disse! — berrou ele. A boca parou de rir, mas mostrou-lhe a língua. Gepeto, para não estragar o serviço, fingiu não dar pela coisa e continuou a trabalhar. Depois da boca, fez o queixo, o pescoço, os ombros, o tronco, os braços e as mãos. Mal terminara o trabalho, Gepeto sentiu sua peruca desgrudar-se da cabeça. Voltou-se e o que viu? Viu sua peruca amarela nas mãos do boneco. — Pinóquio! Dê aqui minha peruca! Mas, em vez de devolvê-la, Pinóquio a colocou na própria cabeça, ficando quase sufocado dentro dela. Diante daquele ar zombeteiro e insolente, Gepeto sentiu-se mais triste e desgostoso do que nunca e, voltando-se para Pinóquio, disse-lhe: — Oh, seu moleque! Você ainda nem está bem acabado e já começa a faltar com o respeito a seu pai? Faz mal, meu filho, faz muito mal, sabe? — disse e enxugou uma lágrima. Faltava fazer as pernas e os pés. Quando Gepeto acabou os pés, recebeu um pontapé na ponta do nariz. — Eu bem que mereço! — disse então para si mesmo. — Devia ter me lembrado disso antes. Agora é tarde. COLLODI, Carlo. Pinóquio. Tradução de Monteiro Lobato. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2004. 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 1 Pinóquio é um boneco de madeira que tinha o sonho de tornar-se um menino de verdade. O nariz desse perso- nagem malcomportado crescia quando contava alguma mentira. No trecho “E cresceu, cresceu, cresceu até que em poucos minutos se tornou um narigão que não tinha mais fim”, a repetição em “cresceu, cresceu, cresceu” produz um efeito de: a) enumeração. b) duplo sentido. c) ênfase. d) exagero. 2 Um recurso usado para convidar os leitores a partici- par da história é o estabelecimento de diálogos com o narrador. Isso ocorre em: a) “Acabe com essas risadas!” b) “Terminados os olhos, imaginem o espanto de Gepe- to ao notar que se moviam e o olhavam fixamente.” c) “Você ainda nem está bem acabado e já começa a faltar com o respeito a seu pai?” d) “Eu bem que mereço!” 3 No trecho “— Acabe com essas risadas! — ordenou Gepeto irritado, mas foi o mesmo que ter falado com as paredes”, a expressão destacada significa: a) não ter com quem falar. b) conversar com as imagens de um quadro. c) falar sem ser ouvido. d) enlouquecer e falar com seres sem vida. 4 A história de Pinóquio é um exemplo de narrativa fan- tástica. No trecho lido, o primeiro momento em que nos deparamos com um fato extraordinário é: a) “— Que nome lhe darei? — perguntou a si mesmo. — Hum! Vou chamá-lo de Pinóquio. É um nome que lhe trará felicidade.” b) “Quando encontrou um nome para o seu boneco, aí então começou a trabalhar com vontade. E logo fez os cabelos, depois a testa, em seguida os olhos.” c) “Ao se ver encarado por aqueles dois olhos de pau, Gepeto levou aquilo a mal” d) “Terminados os olhos,imaginem o espanto de Gepeto ao notar que se moviam e o olhavam fixamente.” mais fim”, a repetição em “cresceu, cresceu, E s in D e n iz /S h u tt e rs to c k PH_EF2_6ANO_PT_138a147_CAD2_MOD09_CA.indd 147 11/14/19 3:34 PM
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