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PDF - Módulo 1 - Contexto e Fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal.pdf Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Novo Regime Fiscal (NRF) Contexto e Fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 1 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2020 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Educação a Distância Carlos Eduardo dos Santos Equipe Responsável Guilherme Mansur (Conteudista, 2020). Jader de Sousa Nunes (Desenho Instrucional, 2020) Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenação Web, 2020) Paulo Ivan Rodrigues Vega Junior (Revisão de texto, 2020) Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2020) Yan Almeida (Implementação Moodle, 2020) Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. Curso produzido em Brasília, 2020. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Contextualização da Lei de Responsabilidade Fiscal ........ 5 1.1 Contexto político, econômico e institucional do país antes da LRF ................................................................... 5 1.2. Modelos internacionais de responsabilidade fiscal e imposições normativas para o Brasil........................................... 7 Unidade 2: Aplicabilidade, Fundamentos Legais, Objeto e Objetivos da LRF ................................................................. 9 2.1. Fundamentos legais e aplicabilidade da LRF ........................ 9 2.2. Objeto e objetivos da LRF .................................................... 9 Unidade 3: Dispositivos da LRF que aprimoraram o processo orçamentário ................................................................ 11 3.1. Dispositivos agregados à LDO pelos anexos da LRF ........... 11 3.2. Dispositivos agregados à LOA pelos anexos da LRF ............ 12 Referências ..................................................................................... 13 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Contextualização da Lei de Responsabilidade Fiscal Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de compreender os fatores determinantes para a inauguração de um novo regime fiscal brasileiro após a redemocratização. 1.1 Contexto político, econômico e institucional do país antes da LRF Do ponto de vista político e institucional, as décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pelo restabelecimento da democracia, após 24 anos sob um regime militar, com a promulgação da Carta Magna em 1988. Isso caracteriza o Brasil como uma democracia jovem em comparação a outras nações. Do ponto de vista econômico, as décadas de 1980 e 1990 foram marcadas pela busca da estabilização monetária, do controle inflacionário e da abertura ao mercado internacional. Neste período, existiram sete planos econômicos (Cruzado, Cruzado II, Bresser, Verão, Collor, Collor II, Real) em oito anos (1986-1994) e, em meados da década de 1980, a inflação chegava à incrível marca de 82% ao mês. A estabilidade econômica só foi alcançada com a implementação do Plano Real em 1994. Mesmo assim, a década de 1990 foi marcada pela aceleração da abertura externa e pela crise financeira dos estados-membros e dos bancos estaduais e privados, todos socorridos pelo Governo Federal a partir de programas específicos. Na seara internacional, três grandes crises – a do México em 1994, a da Ásia, em 1997 e a da Rússia em 1998 – impactaram sobremaneira a economia nacional. A formação de blocos econômicos e a acelerada movimentação de recursos a partir dos mercados de capital deram ares à atual globalização econômica. M ód ul o Contexto e Fundamentos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 1 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Diante deste contexto e na busca de desenvolver sua economia, o Brasil passa a firmar acordos com blocos econômicos, fundos e bancos internacionais a fim de se inserir no mercado internacional tanto para fazer negócios quanto para captar recursos. Entretanto, a falta de planejamento e transparência governamental, a fragilidade institucional com que se geria a Administração Pública, resultaram em ineficiência, deterioração das contas públicas e dezenas de escândalos de corrupção que impediram o Brasil de se inserir como um ator relevante no mercado internacional à época. Destaque h, h, h, h, Nesse cenário desafiador, o país se viu obrigado a adotar um conjunto de medidas para conter os desmandos na gestão do patrimônio público, equilibrar e dar transparência às contas públicas. Entre essas medidas, estava a promulgação da Lei Complementar Federal nº 101, de 05 de maio de 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O que foram o Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária (PROES) e o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER)? O Programa de Incentivo à Redução do Setor Público Estadual na Atividade Bancária ou PROES foi o principal programa de privatização do setor bancário realizado no Brasil. Foram criadas, com o PROES, duas linhas de crédito voltadas à renegociação dos passivos dos bancos estaduais, condicionadas à medidas na Administração e no controle acionário. A primeira previa um financiamento de 100% do total das dívidas caso o banco estadual fosse privatizado, transformado em agência de fomento ou extinto. A segunda linha de crédito previa um financiamento de 50% do total das dívidas caso o Estado optasse pelo saneamento de sua instituição financeira. A execução do programa pode ser dividida em três etapas: a primeira envolveria discussões preliminares entre o Banco Central e diretores dos bancos estaduais, a fim de definir a opção entre as alternativas de privatização, transformação em agência de fomento, extinção ou saneamento; a etapa seguinte consistia no levantamento da situação dos bancos estaduais pela área de fiscalização do Banco Central; a terceira etapa, por fim, incluiria a formalização de adesão ao PROES, envolvendo a elaboração de contratos e seu encaminhamento para a aprovação do Senado Federal. 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo O PROES e a Privatização dos Bancos Estaduais, de Rafael Brandão. O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional - PROER, lançado em novembro de 1995, foi um programa que autorizou o repasse de dinheiro público a bancos privados que estavam quebrados. O argumento do governo à época era que, sem a medida, haveria um colapso bancário e financeiro no país. Parte da dívida gerada pelo socorro até hoje não foi paga. A implantação do Plano Real, e o consequente fim da hiperinflação, reduziu drasticamente os ganhos dos bancos, até então beneficiados pelos altos índices. Com a estabilização das moedas, os lucros diminuíram e o governo federal decidiu intervir para evitar uma quebradeira generalizada. A oposição dizia na época que o Banco Central não tinha competência para executar esse tipo de programa e a atuação desrespeitava atribuições constitucionais estabelecidas para esse tipo de transação econômica. No total, foram beneficiados sete bancos: Nacional (R$ 5,9 bilhões), Econômico (R$ 5,2 bilhões), Bamerindus (R$ 3,3 bilhões), Mercantil (R$ 530 milhões), Banorte (R$ 476 milhões), Pontual (R$ 325 milhões) e Crefisul (R$ 296 milhões). Vieram a público, durante a execução do PROER, informações sobre fraudes contábeis e operações de crédito irregulares cometidas pelos bancos. (...) Reportagens e documentos do próprio BC indicavam a ocorrência de falhas desde o final dos anos 1980. Elas envolviam manipulação de dados contábeis, contratos superfaturados, além de empréstimos concedidos a empresas falidas para inflar o balanço do banco e, assim, maquiar as contas diante dos órgãos de controle. As suspeitas foram parar em duas Comissões Parlamentares de Inquérito, uma em 1999 e outra em 2001. As duas reconheceram que houve falhas na execução do programa e que o Banco Central deveria melhorar a fiscalização dos bancos privados. O programa vigorou até 2001, quando da promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que proibiu aportes de recursos públicos para saneamento do Sistema Financeiro Nacional. Dados retirados da reportagem O que foi o PROER, caso dos anos 90 agora desarquivado pelo Supremo, do jornal NEXO. 1.2. Modelos internacionais de responsabilidade fiscal e imposições normativas para o Brasil A LRF teve o estudo de leis e a experiência de diversos outros países e organismos multilaterais como base. https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548772005_adf83124319e5fa5b6bfb10d220fef86.pdf https://anpuh.org.br/uploads/anais-simposios/pdf/2019-01/1548772005_adf83124319e5fa5b6bfb10d220fef86.pdf https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal https://pt.wikipedia.org/wiki/Sistema_Financeiro_Nacional https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/03/29/O-que-foi-o-Proer-caso-dos-anos-90-agora-desarquivado-pelo-Supremo https://www.nexojornal.com.br/expresso/2016/03/29/O-que-foi-o-Proer-caso-dos-anos-90-agora-desarquivado-pelo-Supremo 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Os principais documentos e legislações norteadores da Lei foram o Manual de Boas Práticas Orçamentárias do Fundo Monetário Internacional (FMI), as legislações da União Europeia (Tratado de Maastricht, 1992) e da Nova Zelândia (Lei de Responsabilidade Fiscal da Nova Zelândia, 1994). Os instrumentos de controle fiscal relativos à despesas, dívida e receitas dos Estados Unidos (Budget Enforcement Act, 1990) também serviram de inspiração para a elaboração do modelo brasileiro de responsabilidade fiscal. A LRF era parte integrante de um conjunto de medidas que foram apresentadas em 1998, no Senado Federal, pelo então Ministro da Fazenda, Pedro Malan, no escopo do Programa de Estabilidade Fiscal (PEF). Destaque h, h, h, h, O Programa de Estabilidade Fiscal (PEF) objetivava a drástica e veloz redução do déficit público e a estabilização do montante da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) do país e se pautava em quatro pilares: 1 - Reformas constitucionais e legais da ordem econômica que permitiram a implementação do processo de privatizações de empresas públicas. 2 - Acordos de ajuste fiscal com os estados. 3 - Saneamento e privatização dos bancos estaduais. 4 - Aprimoramento dos mecanismos de controle do endividamento de estados, municípios e estatais. Além de regulamentar o artigo 163 da Constituição, a LRF alterou um conjunto de legislações anteriores, como a Lei Complementar Federal nº 64, de 18 de maio de 1990, e as Leis Camata I (Lei nº 82, de 27 de março de 1995) e II (Lei nº 96, de 31 de maio de 1999). Submetido à consulta pública, o Projeto de Lei Complementar nº 18-A beneficiou-se de milhares de contribuições de especialistas em finanças públicas, da academia e do mercado, até que foi votado e aprovado por maioria absoluta das duas casas legislativas e sancionado no dia 4 de maio de 2000, transformando-se na Lei Complementar Federal nº 101 ou Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 2: Aplicabilidade, Fundamentos Legais, Objeto e Objetivos da LRF Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar fundamentos legais, objeto e objetivos da LRF e quem está obrigado a respeitá-la. 2.1. Fundamentos legais e aplicabilidade da LRF No Brasil, duas fundamentações legais obrigavam a edição de uma norma de responsabilidade fiscal. A primeira delas era a própria Constituição Federal de 1988, cujos artigos 163, 165 e 169 tratam da competência para legislar sobre Direito Financeiro e determinam à lei complementar a regulamentação da matéria de cunho financeiro. Já a segunda fundamentação legal recai sobre o artigo 30 da Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, que determinava 180 dias ao Poder Executivo para a apresentação de projeto de lei complementar referente ao artigo 163 da Constituição Federal. Por sua vez, o artigo 24 da Constituição Federal estabeleceu à União, estados e Distrito Federal a competência concorrente de legislar sobre Direito Econômico, Tributário e Financeiro. Naturalmente, a legislação dos estados-membros não pode contrastar com o regramento federal. Destaque h, h, h, h, No que diz respeito à aplicabilidade, a LRF será aplicada a todos os entes da federação e deverá ser cumprida por todos os poderes da União, estados, Distrito Federal e municípios, aí incluídos os órgãos que gozam de autonomia funcional, como o Ministério Público e a Defensoria Pública. As empresas estatais dependentes também são submetidas ao regramento da LRF e, por isso, devem constar no Orçamento Fiscal e de Seguridade Social do Poder Executivo, como se autarquia fossem. Já as empresas públicas e sociedades de economia mista que não se caracterizam pela dependência econômica de recursos do ente controlador não são alcançadas pela LRF. 2.2. Objeto e objetivos da LRF A LRF estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, que consiste nos seguintes elementos: 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Ação planejada Consiste em reforçar o papel da atividade de planejamento e de execução do gasto público a partir dos instrumentos já preconizados na CF/88: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Transparência A transparência será alcançada através do conhecimento e da participação da sociedade, bem como da ampla publicidade das receitas e despesas pelo Poder Público. Prevenção de riscos Consiste em um conjunto de medidas para que o gestor público atue em caso de detecção de desvios em relação aos objetivos e metas traçados. Quando de sua ocorrência, requer-se a adoção de providências com vistas à eliminação dos fatores que lhes tenham dado causa. Garantia de equilíbrio nas contas A garantia de equilíbrio nas contas se dá via cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas, com limites e condições para a renúncia de receita e a geração de despesas com o funcionalismo público, seguridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição em restos a pagar. Destaque h, h, h, h, É válido salientar que a LRF prevê a participação popular na discussão e elaboração dos planos orçamentários. Além disso, serão emitidos relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução orçamentária, igualmente de acesso público e ampla divulgação. Já as contas dos administradores deverão estar disponíveis, durante todo o exercício, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade. Outra novidade da LRF reside no fato de ela responsabilizar especificamente a parte da gestão financeira a partir de um acompanhamento sistemático do desempenho mensal, trimestral, anual e plurianual. Para se avaliar tal desempenho, servirão de referencial: • Controles localizados nos gastos com pessoal, nos limites de endividamento. • Organização do sistema próprio de previdência. • Transferência de recursos constitucionais e voluntários. • Déficit primário. 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 3: Dispositivos da LRF que aprimoraram o processo orçamentário Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF que levaram ao aperfeiçoamento do processo orçamentário brasileiro. 3.1. Dispositivos agregados à LDO pelos anexos da LRF A LRF procurou aperfeiçoar a sistemática traçada pela norma constitucional, atribuindo novas e importantes funções ao orçamento e à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Com base na Lei de Responsabilidade Fiscal, a LDO incorporou funções como: • Dispor sobre o equilíbrio entre receitas e despesas. • Estabelecer critérios e formas de limitação de empenho, na ocorrência de arrecadação da receita inferior ao esperado. • Dispor sobre o controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados pelo orçamento. • Quantificar o resultado primário a ser obtido com vistas à redução do montante da dívida e das despesas com juros. • Disciplinar as transferências de recursos a entidades públicas e privadas. • Estabelecer limitações à expansão de despesas obrigatórias de caráter continuado. Além disso, a principal inovação da LRF em relação à LDO foi a previsão do Anexo de Metas Fiscais e do Anexo de Riscos Fiscais: Anexo de Metas Fiscais Anexo de Riscos Fiscais Demonstra como será a condução da política fiscal nos próximos exercícios e avalia o desempenho fiscal dos exercícios anteriores. Tem por objetivo avaliar os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas. Destaque h, h, h, h, Segundo a LRF, a limitação de empenho ocorrerá nos seguintes casos: • Quando se verifica, no fim de um bimestre, que a realização da receita poderá não ser suficiente para o cumprimento das metas de resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais. Nesse caso, os Poderes e 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública o Ministério Público promoverão a limitação de empenho e movimentação financeira nos 30 dias subsequentes. Essa limitação acontecerá por ato próprio e nos montantes necessários, segundo os critérios fixados no art. 9 da LRF. • Quando se verifica, no fim de um quadrimestre, que a dívida consolidada de um ente da federação ultrapassou o respectivo limite. Nesse caso, ela deverá ser reconduzida ao limite até o término dos 3 quadrimestres subsequentes. Também é obrigatório que o excedente seja reduzido em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro quadrimestre. 3.2. Dispositivos agregados à LOA pelos anexos da LRF Na mesma esteira de inovações trazidas pela LRF à LDO, a LOA também teve suas funções ampliadas para além daquelas previstas na Constituição Federal. Entre as principais, destaca-se a inclusão dos seguintes anexos: Demonstrativo da compatibilidade Demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas constantes do Anexo de Metas Fiscais da Lei de Diretrizes Orçamentárias. Demonstrativo regionalizado Demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrente de renúncias de receitas. Reserva de contingência Reserva de contingência, cuja forma de utilização e montante, definido com base na receita corrente líquida, serão estabelecidos na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), destinada ao atendimento de passivos contingentes e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. Destaque h, h, h, h, Outros destaques da LOA inseridos pela Lei de Responsabilidade Fiscal foram os seguintes: • O refinanciamento da dívida pública constará separadamente na LOA e (...) a atualização monetária do principal da dívida mobiliária refinanciada não poderá superar a variação do índice de preços previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias ou em legislação específica. • Proibição de consignar, na LOA, crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada. • Investimento com duração superior a um exercício financeiro que não esteja previsto no Plano Plurianual não poderá ser incluído. 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso (art. 8º). • Os pagamentos de sentenças judiciais deverão identificar os respectivos beneficiados, de forma a evidenciar a ordem cronológica da sua ocorrência. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Publicado em 05/10/1988. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, alterou o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modificou o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Complementar Federal nº 101, de 04 de maio de 2000, estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Federal nº 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001. Diário Oficial da União. BRASIL. Nota Técnica nº 23, de maio de 2017. Repercussões da Emenda Constitucional nº 95/2016 no Processo Orçamentário. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Estudo Técnico nº 26, 22 de dezembro de 2016. Novo Regime Fiscal - Emenda Constitucional 95/2016 Comentada. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resolução nº 03, de 26 de agosto de 2019. Estimativas Populacionais para os Municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2019. Diário Oficial da União. BRASIL. Artigos - Responsabilidade Fiscal e Dívida Pública Federal. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). CRUZ, Flávio da. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. 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Dispositivos agregados à LOA pelos anexos da LRF 3.1. Dispositivos agregados à LDO pelos anexos da LRF Unidade 3: Dispositivos da LRF que aprimoraram o processo orçamentário 2.1. Fundamentos legais e aplicabilidade da LRF Unidade 2: Aplicabilidade, Fundamentos Legais, Objeto e Objetivos da LRF 1.2. Modelos internacionais de responsabilidade fiscal e imposições normativas para o Brasil 1.1 Contexto político, econômico e institucional do país antes da LRF 2.2. Objeto e objetivos da LRF PDF - Módulo 2 - Receita Despesa e Transferências Voluntárias.pdf Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Novo Regime Fiscal (NRF) Receita, Despesa e Transferências Voluntárias2 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2020 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Educação a Distância Carlos Eduardo dos Santos Equipe Responsável Guilherme Mansur (Conteudista, 2020). Jader de Sousa Nunes (Desenho Instrucional, 2020) Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenação Web, 2020) Paulo Ivan Rodrigues Vega Junior (Revisão de texto, 2020) Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2020) Yan Almeida (Implementação Moodle, 2020) Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. Curso produzido em Brasília, 2020. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Receita Pública ............................................................... 5 1.1. Dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade da receita pública .................................................... 5 1.2. Isenção de tributos e renúncia de receita ............................ 6 1.3. A “Regra de Ouro”................................................................ 6 Unidade 2: Despesa Pública .............................................................. 7 2.1. Regras para criação, expansão ou aperfeiçoamento do gasto governamental ............................................................................ 7 2.2. Despesas referentes a pessoal e seguridade social ............. 8 2.3. Mecanismos de correção no descontrole das despesas com pessoal ...................................................................................... 10 Unidade 3: Transferências Voluntárias e Recursos ao Setor Privado 11 3.1. Transferências voluntárias entre os entes federados ......... 11 3.2. Destinação de recursos públicos ao setor privado ............. 12 Referências ..................................................................................... 13 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Receita Pública Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade da receita pública. 1.1. Dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade da receita pública As principais receitas públicas advêm da cobrança de tributos à população e às empresas. A LRF estabelece dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade de tais receitas, cujos requisitos são necessários à responsabilidade na gestão fiscal. Esses dispositivos estabelecem que a instituição, previsão e arrecadação de todos os tributos pelo ente da federação são preponderantes para a responsabilidade na gestão fiscal. Além disso, no tocante às receitas: Destaque h, h, h, h, • São vedadas as transferências voluntárias para aqueles que não instituem e efetivamente arrecadam os tributos de sua competência. • As previsões de receita serão acompanhadas de: demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, projeção para os dois anos seguintes àquele a que se referirem e metodologia de cálculo e premissas utilizadas. • Na previsão de receita, calculam-se as receitas de operações de crédito contraídas para financiar despesas de capital. Nesse caso, as receitas de operações de crédito não poderão ser superiores às despesas de capital. • Haverá metas bimestrais de arrecadação, medidas de combate à evasão e à sonegação, cobrança da dívida ativa e controle da evolução do montante de crédito tributário cobrado. M ód ul o Receita, Despesa e Transferências Voluntárias2 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O descumprimento desses dispositivos terá como consequência a imediata suspensão das transferências voluntárias ao ente público que se mostrar negligente nessa questão. 1.2. Isenção de tributos e renúncia de receita A LRF também aborda as normas relativas aos cuidados que se deve ter com as renúncias fiscais. Nesse sentido, a lei procurou dificultar a renúncia de receita, garantindo, assim, maior nível de arrecadação, eliminando a pressão dos contribuintes que visam obter benefícios fiscais sobre o Executivo e impondo restrições à guerra fiscal entre municípios. Nesse sentido, a norma estipula que a concessão ou ampliação de incentivo (Renúncia de Receitas) deve estar prevista na LDO, além de: Destaque h, h, h, h, • Ser acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que iniciou sua vigência e nos dois seguintes. • Prever que a renúncia de receita não afetará o cumprimento das Metas Fiscais. • Prever medidas compensadoras nos exercícios seguintes. 1.3. A “Regra de Ouro” Destaque h, h, h, h, A “Regra de Ouro” do Orçamento está prevista na Constituição Federal e é um mecanismo que proíbe o governo de fazer dívidas para pagar despesas correntes, como salários, benefícios de aposentadoria, contas de luz e outros custeios da máquina pública. A LRF reforçou as premissas da “Regra de Ouro” a partir de dispositivos específicos. Ela inclui o atendimento à “Regra de Ouro” como uma das condições para que entes da federação possam formalizar seus pleitos, perante o Ministério da Fazenda, com vistas à realização de operações de crédito. Assim, a LRF impôs a obrigatoriedade de constituição de reserva específica na Lei Orçamentária para o exercício seguinte, caso a “Regra de Ouro” não seja atendida no montante equivalente ao excesso identificado. E, além disso, a referida Lei definiu que o Relatório Resumido da Execução Orçamentária referente ao último bimestre do exercício deve ser acompanhado de demonstrativo do atendimento da “Regra de Ouro”. 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública É válido salientar que, quando a Regra de Ouro é descumprida, os gestores e o presidente da República ficam sujeitos a serem enquadrados em crime de responsabilidade. Este Painel da “Regra de Ouro” permite acompanhar, com dados atualizados, o cumprimento da “Regra de Ouro” pelo governo federal. Unidade 2: Despesa Pública Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade da receita pública. 2.1. Regras para criação, expansão ou aperfeiçoamento do gasto governamental A LRF prevê critérios a serem observados para a criação e expansão da despesa pública, além de dispositivos referentes às despesas de caráter continuado e às despesas com pessoal e seguridade social. Destaque h, h, h, h, A criação, a expansão ou a implementação de despesa de caráter continuado só será possível mediante acompanhamento de: • Estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subsequentes. • Declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a Lei Orçamentária Anual (LOA) e compatibilidade com o Plano Plurianual (PPA) e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Segundo a LRF, considera-se: Adequada com a lei orçamentária anual A despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício. https://www.tesourotransparente.gov.br/visualizacao/painel-da-regra-de-ouro 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias A despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições. Destaque h, h, h, h, A LRF também instituiu o conceito de despesa obrigatória de caráter continuado como sendo a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. Para a execução dessas despesas, o ente federativo fica obrigado a adotar um conjunto de medidas preventivas a fim de não comprometer o equilíbrio fiscal, tais como demonstrar a origem dos recursos para seu custeio e comprovar que a despesa criada ou aumentada não afetará as metas de resultados fiscais. As exceções à apresentação de estimativa de impacto orçamentário-financeiro ocorrem quando a despesa for destinada ao serviço da dívida e ao reajustamento de remuneração de pessoal. 2.2. Despesas referentes a pessoal e seguridade social A despesa com pessoal é o somatório dos gastos do ente da federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência. Destaque h, h, h, h, ASegundo a LRF, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e em cada ente da federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados: I - União: 50% (cinquenta por cento). II - Estados: 60% (sessenta por cento). III - Municípios: 60% (sessenta por cento). Excluem-se da despesa total de pessoal: • Indenização por demissão de servidores ou empregados. 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • Incentivo à demissão voluntária. • Despesa para a convocação extraordinária do Congresso Nacional, em caso de urgência ou interesse público relevante. • Despesa decorrente de decisão judicial e de competência anterior. • Despesa com pessoal, do Distrito Federal e dos estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União. • Despesa com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes: o Da arrecadação de contribuições dos segurados. o Da compensação financeira de que trata o § 9° do art. 201 da Constituição Federal. o Das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens, direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro. No que tange aos limites individualizados por ente público, a seguinte tabela explicita até quanto cada órgão poderá gastar de seu orçamento com pessoal: 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 2.3. Mecanismos de correção no descontrole das despesas com pessoal Segundo a LRF, é tornado nulo de pleno direito o ato que provoque aumento de despesa com pessoal, que não respeite o limite estabelecido e que não atenda aos requisitos legais. Destaque h, h, h, h, Para isso, a verificação do cumprimento dos limites da despesa com pessoal será realizada ao final de cada quadrimestre, e, caso constatado que a despesa total com pessoal excede a 95% do total permitido, fica vedado ao ente federativo: I - Concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual. II - Criação de cargo, emprego ou função. III - Alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa. IV - Provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança. V - Contratação de hora extra, salvo no caso da convocação extraordinária do Congresso Nacional em caso de urgência ou interesse público relevante. Se a despesa total com pessoal ultrapassar os limites previstos pela Lei, o percentual excedente deverá ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo, pelo menos, um terço no primeiro deles. Destaque h, h, h, h, A forma como os entes federativos reduzirão as despesas são as seguintes: • Redução em, pelo menos, vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança. • Exoneração dos servidores não estáveis. Ainda, segundo a LRF, se as medidas anteriores não forem suficientes para assegurar o cumprimento Lei, o servidor estável poderá perder o cargo. 11Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Vale ressaltar que os contratos de terceirização que visem a substituição de servidores também são contabilizados como despesa de pessoal. A LRF prevê ainda que caso o órgão ou poder não alcance a redução das despesas com pessoal no prazo estabelecido, o ente não poderá receber transferências voluntárias, obter garantia direta ou indireta de outro ente, nem contratar operações de crédito. Unidade 3: Transferências Voluntárias e Recursos ao Setor Privado Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos legais relacionados às transferências voluntárias entre os entes federativos. 3.1. Transferências voluntárias entre os entes federados A LRF estabeleceu uma nova forma de relação ou cooperação entre os entes federativos trazendo o instituto da transferência voluntária. Destaque h, h, h, h, Por transferência voluntária, entende-se a entrega de recursos correntes ou de capital a outro ente da federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). Para a realização da transferência voluntária, é preciso: Existir dotação orçamentária específica. Que se cumpram as disposições da LDO sobre a matéria. Comprovação pelo beneficiário de que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor, assim como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos. Que o beneficiário demonstre o cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde, a observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, de inscrição em restos a pagar e de despesa total com pessoal. 12Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Previsão orçamentária de contrapartida que não pode ser destinada ao pagamento de despesa de pessoal. Destaque h, h, h, h, Vale assinalar que não se aplica a sanção de suspensão de transferência voluntária quando esta for relativa à ações de educação, saúde e assistência social. 3.2. Destinação de recursos públicos ao setor privado A LRF também disciplinou e restringiu as transferências de recursos públicos para o setor privado. Destaque h, h, h, h, Segundo a LRF, a destinação de recursos para cobrir, direta ou indiretamente, necessidades de pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas ocorrerá tão somente se: • Autorizada por lei específica. • Atendidas as condições estabelecidas na LDO. • Estiver prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. O artigo 28 da LRF também proibiu expressamente a destinação de recursos públicos a instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN), ainda que mediante a concessão de empréstimos de recuperação ou financiamentos para mudança de controle acionário. O objetivo foi impedir o que ocorreu na década de 90 com o PROER (O Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), que destinou bilhões de reais a bancos privados. A LRF estabelece que somente será possível empregar recursos públicos nessas instituições mediante lei autorizativa específica. 13Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Publicado em 05/10/1988. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, alterou o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modificou o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Complementar Federal nº 101, de 04 de maio de 2000, estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Federal nº 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001. Diário Oficial da União. BRASIL. Nota Técnica nº 23, de maio de 2017. Repercussões da Emenda Constitucional nº 95/2016 no Processo Orçamentário. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Estudo Técnico nº 26, 22 de dezembro de 2016. Novo Regime Fiscal - Emenda Constitucional 95/2016 Comentada. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resolução nº 03, de 26 de agosto de 2019. Estimativas Populacionais para os Municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2019. Diário Oficial da União. BRASIL. Artigos - Responsabilidade Fiscal e Dívida Pública Federal. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). CRUZ, Flávio da. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. São Paulo: Atlas, 2000. CRUZ NETO, Nilo. Lei de Responsabilidade Fiscal. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2010. KHAIR, Amir Antônio. 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Destinação de recursos públicos ao setor privado 3.1. Transferências voluntárias entre os entes federados Unidade 3: Transferências Voluntárias e Recursos ao Setor Privado 2.3. Mecanismos de correção no descontrole das despesas com pessoal 2.1. Regras para criação, expansão ou aperfeiçoamento do gasto governamental Unidade 2: Despesa Pública 1.3. A “Regra de Ouro” 1.2. Isenção de tributos e renúncia de receita 1.1. Dispositivos relacionados à efetiva previsão, arrecadação e publicidade da receita pública 2.2. Despesas referentes a pessoal e seguridade social PDF - Módulo 3 - Dívida Pública e Gestão Patrimonial.pdf Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Novo Regime Fiscal (NRF) Dívida Pública e Gestão Patrimonial3 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2020 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Educação a Distância Carlos Eduardo dos Santos Equipe Responsável Guilherme Mansur (Conteudista, 2020). Jader de Sousa Nunes (Desenho Instrucional, 2020) Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenação Web, 2020) Paulo Ivan Rodrigues Vega Junior (Revisão de texto, 2020) Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2020) Yan Almeida (Implementação Moodle, 2020) Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. Curso produzido em Brasília, 2020. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Dívida Pública e Gestão Patrimonial na LRF ..................... 5 1.1.Fundamentos da dívida pública ............................................ 5 1.2. Aplicações, limites e mecanismos de correção .................... 6 1.3. Regras da LRF na gestão patrimonial ................................... 7 Referências ....................................................................................... 8 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Dívida Pública e Gestão Patrimonial na LRF Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos da LRF relacionados aos conceitos-chave referentes à dívida pública brasileira. 1.1. Fundamentos da dívida pública De acordo como ordenamento jurídico brasileiro, a dívida pública consolidada ou fundada é o montante total das obrigações financeiras do ente da federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito para amortização em prazo superior a doze meses. Além do conceito de dívida pública consolidada, a LRF também estabelece as definições de dívida pública mobiliária, operações de crédito, concessão de garantia e refinanciamento da dívida mobiliária. Veja: Dívida pública mobiliária Dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco Central do Brasil, estados e municípios. Operações de crédito Compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros. Concessão de garantia Compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da federação ou entidade a ele vinculada. M ód ul o Dívida Pública e Gestão Patrimonial3 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Refinanciamento da dívida mobiliária Emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização monetária. É importante destacar que, de acordo com a Constituição Federal de 1988, a competência para fixar os limites globais para o montante de endividamento consolidado da União, estados, Distrito Federal e municípios é do Senado Federal. Esta previsão foi reafirmada no artigo 30 da LRF. No caso dos estados e do Distrito Federal, o limite da Dívida Consolidada Líquida (DCL) em relação à Receita Corrente Líquida (RCL) é de 200%, ao passo que no caso dos municípios é de 120% (Resolução do Senado Federal n° 40, de 21/12/2001). Já os limites da Dívida Consolidada Líquida (DCL) da União não foram regulamentados pelo Senado Federal até o momento. De fato, o endividamento do setor público brasileiro está no cerne da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Apenas entre os anos de 1994 e 2000, após a implantação do Plano Real, a dívida líquida consolidada do país saltou de 23% do PIB para 50%, conforme dados do Banco Central do Brasil à época. 1.2. Aplicações, limites e mecanismos de correção De acordo com a LRF, se a dívida consolidada de um ente da federação ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser por ele reconduzida até o término dos três subsequentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro. Destaque h, h, h, h, Saliente-se que, perdurando o excesso, o ente que nele houver incorrido ficará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária. O ente também deverá obter resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras medidas, limitação de empenho. Segundo a LRF, ainda pode ocorrer a suspensão do direito de receber transferências voluntárias. Se os limites da dívida forem ultrapassados, a LRF estabelece, ainda, que ficarão vedadas: As operações de crédito entre instituição financeira estatal e o respectivo ente controlador, sendo este o beneficiário. Dessa forma, estão vedadas as operações envolvendo os bancos estaduais e os respectivos governos. Antecipações de receita de tributo ou tributação, antes da ocorrência do seu fato gerador. 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública A antecipação de valores por empresa estatal, com exceção de lucros e dividendos. A assunção de qualquer modalidade de compromisso com fornecedores, inclusive para pagamento a posteriori, sem autorização orçamentária, exceção feita às empresas estatais. Destaque h, h, h, h, Com vistas ao ano eleitoral, o dispositivo legal prevê especificamente que se o excesso do montante da dívida ocorrer no primeiro quadrimestre do referido ano, a sanção (proibição de operações de crédito) dá-se de imediato, sem prazo para ajuste. Ainda segundo a LRF, nenhuma despesa poderá ser contraída nos dois últimos quadrimestres do mandato de qualquer titular de Poder ou órgão, sem adequada e suficiente disponibilidade de recursos para o seu atendimento, dentro do exercício financeiro ou, em caso de valores a serem pagos no exercício seguinte, sem que existam recursos em caixa para tal finalidade. 1.3. Regras da LRF na gestão patrimonial Os dispositivos abordados pela LRF referentes à gestão patrimonial se fundam a partir de três aspectos: • A disponibilidade de caixa. • A preservação do patrimônio público. • O controle de empresas pelo poder público. A intenção da Lei, ao se referir a esses aspectos, é evitar a dilapidação do patrimônio público. Deste modo, a destinação dos recursos decorrentes da alienação de bens patrimoniais móveis e imóveis é de suma importância e deve passar a ser considerada no planejamento orçamentário e de equilíbrio fiscal de cada entidade do governo. Destaque h, h, h, h, A LRF vedou, portanto: • A aplicação das disponibilidades de caixa em títulos da dívida pública estadual e municipal, em ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da federação, bem como em empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao poder público, inclusive a suas empresas controladas. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública • A alienação de patrimônio público para, com o produto da venda (receita de capital), financiar a despesa corrente, a menos que haja lei destinando os recursos aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos. Como vemos, a única possibilidade de utilização do produto da alienação de bens e direitos em despesas correntes é com os regimes de previdência social e, assim mesmo, se autorizada por lei. Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Publicado em 05/10/1988. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, alterou o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modificou o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Complementar Federal nº 101, de 04 de maio de 2000, estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Federal nº 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001. Diário Oficial da União. BRASIL. Nota Técnica nº 23, de maio de 2017. Repercussões da Emenda Constitucional nº 95/2016 no Processo Orçamentário. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Estudo Técnico nº 26, 22 de dezembro de 2016. Novo Regime Fiscal - Emenda Constitucional 95/2016 Comentada. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resolução nº 03, de 26 de agosto de 2019. Estimativas Populacionais para os Municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2019. Diário Oficial da União. BRASIL. Artigos - Responsabilidade Fiscal e Dívida Pública Federal. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://legis.senado.leg.br/norma/540698/publicacao/15655553 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9995.htm https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2017/nt23-2017-repercussoes-da-emenda-constitucional-no-95-2016-no-processo-orcamentario https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2017/nt23-2017-repercussoes-da-emenda-constitucional-no-95-2016-no-processo-orcamentario https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2016/et26-2016-novo-regime-fiscal-emenda-constitucional-95-2016-comentada https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2016/et26-2016-novo-regime-fiscal-emenda-constitucional-95-2016-comentada http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/sobre 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública CRUZ, Flávio da. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. São Paulo: Atlas, 2000. CRUZ NETO, Nilo. Lei de Responsabilidade Fiscal. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2010. KHAIR, Amir Antônio. Lei de Responsabilidade Fiscal: guia de orientação para as prefeituras. Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; BNDES, 2000. NASCIMENTO, Edson Ronaldo. DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional (STN), 2001. OLIVEIRA, Weder de. Curso de Responsabilidade Fiscal: direito, orçamento e finanças públicas. Belo Horizonte: Fórum, 2015, v.1, 1136p. PERNAMBUCO. Infosocial nº 069//2015. Limite Prudencial de Despesa de Pessoal. PETTER, Lafayete Josué. Direito Financeiro. Doutrina, jurisprudência e questões de concursos. 4. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009. LAPORTA, Taís. ALVARENGA, Darlan. Um Teto para os Gastos Públicos. Portal de Notícias G1 - Economia. Disponível em: http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241- umtetoparaosgastospblicos/. Acesso em: 25 jun. 2020. RIBAS, Paulo Henrique. GELBECKE, Daniel Barreto. OLIVEIRA, Ester dos Santos. Lei de Responsabilidade Fiscal. Paraná: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), 2012, v.1, 144p. SILVA, Daniel Salgueiro da. LRF Fácil: guia contábil da Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, 2001. VOLPE, Ricardo. Emenda Constitucional nº 095: as diversas interpretações. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira (CONOF) da Câmara dos Deputados. http://www.lrf.com.br/ http://www.tesouro.fazenda.gov.br/documents/10180/0/EntendendoLRF.pdf http://www.scge.pe.gov.br/?page_id=781 http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241-umtetoparaosgastospblicos/ http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241-umtetoparaosgastospblicos/ http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241-umtetoparaosgastospblicos/ http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Serviços%20Públicos/Módulo%20IV/Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal/Livro_Lei%20de%20Responsabilidade.pdf http://ead.ifap.edu.br/netsys/public/livros/Livros%20Curso%20Serviços%20Públicos/Módulo%20IV/Lei%20de%20Responsabilidade%20Fiscal/Livro_Lei%20de%20Responsabilidade.pdf https://portal.tcu.gov.br/data/files/42/A2/FA/FE/BCEDF510F0C95CE52A2818A8/EC%2095%20-%20Novo%20Regime%20Fiscal%20-%20As%20diversas%20interpretações.pdf Unidade 1: Dívida Pública e Gestão Patrimonial na LRF Referências 1.3. Regras da LRF na gestão patrimonial 1.2. Aplicações, limites e mecanismos de correção 1.1. Fundamentos da dívida pública PDF - Módulo 4 - Transparência Controle e Fiscalização da Gestão Fiscal.pdf Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Novo Regime Fiscal (NRF) Transparência, Controle e Fiscalização da Gestão Fiscal 4 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2020 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Educação a Distância Carlos Eduardo dos Santos Equipe Responsável Guilherme Mansur (Conteudista, 2020). Jader de Sousa Nunes (Desenho Instrucional, 2020) Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenação Web, 2020) Paulo Ivan Rodrigues Vega Junior (Revisão de texto, 2020) Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2020) Yan Almeida (Implementação Moodle, 2020) Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. Curso produzido em Brasília, 2020. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Transparência, Controle e Fiscalização na LRF ................. 5 1.1. Instrumentos de transparência previstos na LRF ................. 5 1.2. Sanções institucionais e pessoais decorrentes do descumprimento da LRF ............................................................. 7 Referências ....................................................................................... 9 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Transparência, Controle e Fiscalização na LRF Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos relacionados à transparência, controle e fiscalização da LRF. 1.1. Instrumentos de transparência previstos na LRF Destaque h, h, h, h, A LRF estabeleceu uma série de instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso público. São eles: • Os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias. • As prestações de contas e o respectivo parecer prévio. • O Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal • As versões simplificadas desses documentos. A Lei também determina que sejam fixados prazos, a fim de que estados e municípios encaminhem suas contas ao governo federal, tendo em vista a consolidação dos correspondentes demonstrativos contábeis, por esfera de governo e nacionalmente (municípios até 30 de abril, com cópia ao Executivo estadual; estados, até 31 de maio). Um dos instrumentos de transparência previstos na Constituição Federal é o Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO). O RREO deverá ser publicado pelo Poder Executivo até trinta dias após o encerramento de cada bimestre e abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público. Ele será composto por balanço orçamentário e de demonstrativos de execução. M ód ul o Transparência, Controle e Fiscalização da Gestão Fiscal4 6Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) deverá ser acompanhado pela Receita Corrente Líquida (executada e prevista), receitas e despesas previdenciárias, resultado nominal e primário, despesa de juros e restos a pagar. Já o Relatório da Gestão Fiscal (RGF) será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos, e assinado pelo Chefe do Poder Executivo, membros da Mesa Diretora do Poder Legislativo, membros do Conselho de Administração do Poder Judiciário, Chefe do Ministério Público e publicado até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária (RREO) deverá conter um balanço orçamentário e um demonstrativo de execuções, tal como delineado pela norma: "I - balanço orçamentário, que especificará, por categoria econômica, as: a) receitas por fonte, informando as realizadas e a realizar, bem como a previsão atualizada; b) despesas por grupo de natureza, discriminando a dotação para o exercício, a despesa liquidada e o saldo; II - demonstrativos da execução das: a) receitas, por categoria econômica e fonte, especificando a previsão inicial, a previsão atualizada para o exercício, a receita realizada no bimestre, a realizada no exercício e a previsão a realizar; b) despesas, por categoria econômica e grupo de natureza da despesa, discriminando dotação inicial, dotação para o exercício, despesas empenhada e liquidada, no bimestre e no exercício; c) despesas, por função e subfunção." Já o Relatório da Gestão Fiscal (RGF) deverá conter comparativos e demonstrativos, conforme artigo 55 da LRF: "I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes: a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas; b) dívidas consolidada e mobiliária; c) concessão de garantias; d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita; e) despesas de que trata o inciso II do art. 4º; 7Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites; III - demonstrativos, no último quadrimestre: a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro; b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas: 1) liquidadas; 2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41; 3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; 4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados." Destaque h, h, h, h, A fiscalização da gestão fiscal compete ao Poder Legislativo diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, ao sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público. Por sua vez, o acompanhamento e a avaliação, de forma permanente, da política e da operacionalidade da gestão fiscal serão realizados pelo conselho de gestão fiscal, constituído por representantes de todos os Poderes e esferas de governo, do Ministério Público e de entidades técnicas representativas da sociedade. 1.2. Sanções institucionais e pessoais decorrentes do descumprimento da LRF Um conjunto de sanções de ordem administrativa, penal e civil estão previstas face ao descumprimento da LRF pelos agentes públicos. Entre elas, está a suspensão das transferências voluntárias para o governo que não instituir, prever e arrecadar impostos de sua competência. No caso de limites de despesas com pessoal, se as regras da LRF não forem cumpridas e enquanto não for feito o ajuste, ficam suspensas: • Transferências voluntárias, • Obtenção de garantias, • Contratação de operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução de despesas com pessoal. 8Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Ainda no que se refere aos limites de despesas com pessoal, é nulo de pleno direito o ato que: • Não atender ao mecanismo de compensação (aumento permanente da receita ou redução permanente de despesa). • Não atender ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo. • Aumentar despesa de pessoal 180 dias antes do final do mandato. No caso de limites para o estoque da dívida, vencido o prazo de retorno ao limite máximo e enquanto perdurar o excesso, o órgão ou ente federativo fica impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado. Para as operações de crédito irregulares, enquanto não forem cumpridos os mecanismos de correção de desvios (cancelamento da operação ou constituição de reserva), ficam proibidos: • O recebimento de transferências voluntárias. • A obtenção de garantias. • A contratação de novas operações de crédito, exceto para refinanciamento da dívida e redução das despesas com pessoal. Na concessão de garantias, caso não sejam obedecidos os mecanismos de correção e seus prazos, o ente cuja dívida tiver sido honrada pela União ou Estado, terá suspenso o acesso a novos créditos ou financiamentos até a liquidação da dívida. Destaque h, h, h, h, Além das sanções institucionais, há as sanções pessoais que preveem que os governantes poderão ser responsabilizados pessoalmente e punidos com a perda de cargo, inabilitação para exercício de emprego público, prisão e multa. As penalidades alcançam todos os responsáveis, dos Três Poderes da União, estados e municípios, e todo cidadão é parte legítima para denunciar, ao respectivo Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público, o descumprimento das prescrições estabelecidas na LFR. As sanções pessoais recairão diretamente sobre o agente administrativo, importando em: • Cassação de mandato. • Multa de 30% dos vencimentos anuais. • Inabilitação para o exercício da função pública. • Detenção, que poderá variar entre 6 meses e 4 anos. 9Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União. Publicado em 05/10/1988. BRASIL. Emenda Constitucional nº 95, de 15 de dezembro de 2016, alterou o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para instituir o Novo Regime Fiscal, e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Emenda Constitucional nº 19, de 4 de junho de 1998, modificou o regime e dispõe sobre princípios e normas da Administração Pública, servidores e agentes políticos, controle de despesas e finanças públicas e custeio de atividades a cargo do Distrito Federal. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Complementar Federal nº 101, de 04 de maio de 2000, estabeleceu normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Diário Oficial da União. BRASIL. Lei Federal nº 9.995, de 25 de julho de 2000. Dispõe sobre as diretrizes para a elaboração da lei orçamentária de 2001 e dá outras providências. Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2001. Diário Oficial da União. BRASIL. Nota Técnica nº 23, de maio de 2017. Repercussões da Emenda Constitucional nº 95/2016 no Processo Orçamentário. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Estudo Técnico nº 26, 22 de dezembro de 2016. Novo Regime Fiscal - Emenda Constitucional 95/2016 Comentada. Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira da Câmara dos Deputados. BRASIL. Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Resolução nº 03, de 26 de agosto de 2019. Estimativas Populacionais para os Municípios e para as Unidades da Federação brasileiros em 01.07.2019. Diário Oficial da União. BRASIL. Artigos - Responsabilidade Fiscal e Dívida Pública Federal. Secretaria do Tesouro Nacional (STN). CRUZ, Flávio da. (Coord.). Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada: Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. São Paulo: Atlas, 2000. CRUZ NETO, Nilo. Lei de Responsabilidade Fiscal. HARADA, Kiyoshi. Direito Financeiro e Tributário. São Paulo: Atlas, 2010. KHAIR, Amir Antônio. Lei de Responsabilidade Fiscal: guia de orientação para as prefeituras. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm https://legis.senado.leg.br/norma/540698/publicacao/15655553 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Emendas/Emc/emc19.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9995.htm https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2017/nt23-2017-repercussoes-da-emenda-constitucional-no-95-2016-no-processo-orcamentario https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2017/nt23-2017-repercussoes-da-emenda-constitucional-no-95-2016-no-processo-orcamentario https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2016/et26-2016-novo-regime-fiscal-emenda-constitucional-95-2016-comentada https://www2.camara.leg.br/orcamento-da-uniao/estudos/2016/et26-2016-novo-regime-fiscal-emenda-constitucional-95-2016-comentada http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-3-de-26-de-agosto-de-2019-212912652 http://www.tesouro.fazenda.gov.br/-/sobre http://www.lrf.com.br/ 10Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Brasília: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão; BNDES, 2000. NASCIMENTO, Edson Ronaldo. DEBUS, Ilvo. Entendendo a Lei de Responsabilidade Fiscal. Brasília: Secretaria do Tesouro Nacional (STN), 2001. OLIVEIRA, Weder de. Curso de Responsabilidade Fiscal: direito, orçamento e finanças públicas. Belo Horizonte: Fórum, 2015, v.1, 1136p. PERNAMBUCO. Infosocial nº 069//2015. Limite Prudencial de Despesa de Pessoal. PETTER, Lafayete Josué. Direito Financeiro. Doutrina, jurisprudência e questões de concursos. 4. ed. Porto Alegre: Verbo Jurídico, 2009. LAPORTA, Taís. ALVARENGA, Darlan. Um Teto para os Gastos Públicos. Portal de Notícias G1 - Economia. Disponível em: http://especiais.g1.globo.com/economia/2016/pec241- umtetoparaosgastospblicos/. Acesso em: 25 jun. 2020. RIBAS, Paulo Henrique. GELBECKE, Daniel Barreto. OLIVEIRA, Ester dos Santos. Lei de Responsabilidade Fiscal. Paraná: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), 2012, v.1, 144p. SILVA, Daniel Salgueiro da. LRF Fácil: guia contábil da Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, 2001. VOLPE, Ricardo. Emenda Constitucional nº 095: as diversas interpretações. 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Instrumentos de transparência previstos na LRF 1.2. Sanções institucionais e pessoais decorrentes do descumprimento da LRF PDF - Módulo 5 - Emenda Constitucional nº95_2016 - Novo Regime Fiscal.pdf Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e Novo Regime Fiscal (NRF) Emenda Constitucional nº95/2016 – Novo Regime Fiscal 5 M ód ul o 2Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Enap, 2020 Enap Escola Nacional de Administração Pública Diretoria de Educação Continuada SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF Fundação Escola Nacional de Administração Pública Presidente Diogo Godinho Ramos Costa Diretor de Desenvolvimento Profissional Paulo Marques Coordenador-Geral de Educação a Distância Carlos Eduardo dos Santos Equipe Responsável Guilherme Mansur (Conteudista, 2020). Jader de Sousa Nunes (Desenho Instrucional, 2020) Ivan Lucas Alves Oliveira (Coordenação Web, 2020) Paulo Ivan Rodrigues Vega Junior (Revisão de texto, 2020) Ana Paula Medeiros Araújo (Direção e produção gráfica, 2020) Yan Almeida (Implementação Moodle, 2020) Ana Carla Gualberto Cardoso (Diagramação, 2020) Desenvolvimento do curso realizado no âmbito do acordo de Cooperação Técnica FUB/CDT/Laboratório Latitude e Enap. Curso produzido em Brasília, 2020. 3Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Novo Regime Fiscal ou “Lei do Teto de Gastos” ............... 5 1.1. Um Novo Regime Fiscal ........................................................ 5 1.2. Concepção, Abrangência e Aplicação do NRF ...................... 8 1.3. Polêmicas em torno da adoção da EC95/2016: ................. 10 Referências ..................................................................................... 13 Sumário 4Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública 5Enap Fundação Escola Nacional de Administração Pública Unidade 1: Novo Regime Fiscal ou “Lei do Teto de Gastos” Objetivo de aprendizagem: Ao final dessa unidade, você será capaz de identificar os dispositivos relacionados à Emenda Constitucional nº 95/2016, conhecida como o Novo Regime Fiscal (NRF) ou “Lei do Teto de Gastos”. 1.1. Um Novo Regime Fiscal A Emenda Constitucional 95/2016, também conhecida como Lei do Teto de Gastos, inaugurou
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