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recurso especial - estágio I

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO 
 
 
 
 
 
 
[ processo em autos eletrônicos ]
 
Processo: Agravo de Instrumento nº. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx
 
 
 JOÃO (“Recorrente”), já devidamente qualificada nos autos do Agravo de Instrumento em destaque, a qual figura como Agravado Ômega Transportes Rodoviários Ltda. ( “Recorrido” ), vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu patrono que ora assina, alicerçada no art. 105, inc. III, alíneas “a”, da Constituição Federal, bem como com supedâneo no art. 1.029 e segs. da Legislação Adjetiva Civil, bem como aos desrespeito aos arts. 50 do Código Civil/2002 e ao art. 28, do Código de Defesa do Consumidor, momento em que se vem à presença deste Egrégio Tribunal para interpor o presente
RECURSO ESPECIAL
em razão dos vv. acórdão de fls. tais do recurso em espécie, no qual, para tanto, apresenta as Razões acostadas.
 
I - Pedido de efeito suspensivo
 
 Anote-se que a parte Recorrente, diante deste quadrante específico em que pese o direito à gratuidade judiciária já alegada em sede de petição inicial da presente demanda, máxime em sendo autos digitais, deixara de recolher o porte de remessa e retorno (novo CPC, art. 1.007, § 3º).
 
 Todavia, no tocante ao preparo, este é o âmago do presente pedido de efeito suspensivo.
 
As questões destacadas no presente Recurso Especial comprovam a imperiosa necessidade da intervenção Estatal. Desse modo, reclama, sem sombra de dúvidas, a concessão de efeito suspensivo (novo CPC, art. 1.029, § 5º, inc. III).
 
Concernente aos pressupostos à concessão de efeito suspensivo pondera Luiz Guilherme Marinoni, ad litteram:
 
Os requisitos para concessão de efeito suspensivo são aqueles mencionados no art. 1.012, § 4º, CPC - analogicamente aplicável.
 
Nesse mesmo rumo, é de todo oportuno igualmente gizar o magistério de Flávio Cheim Jorge, verbo ad verbum:
 
Concessão de efeito suspensivo pelo relator. Nos casos em que o recurso não tenha efeito suspensivo automático (ope legis), é possível que o relator profira decisão no sentido de sustar a eficácia da decisão (ope judicis). Para tanto, deve o recorrente demonstrar, nas razões recursais, que a imediata produção dos efeitos pode causar dano grave, de difícil ou impossível reparação (periculum in mora), e a probabilidade de que o recurso venha a ser provido (fumus boni iuris )...
 
Quanto ao pressuposto da “probabilidade de provimento do recurso” (NCPC, art. 995, parágrafo único c/c art. 1.012, § 4º) é de reconhecer-se que a peça recursal em espécie traz à tona inúmeros documentos comprobatórios da hipossuficiência financeira do Recorrente.
 
Da mesma maneira é inarredável, venia concessa, que o magistrado de piso longe passou de ater-se à disciplina indicada no art. 99, § 2º, do Código de Processo Civil de 2015, e, além disso, aos ditames do art. 5º, caput, da Lei 1.060/50.
 
De outro bordo, o pleito semelhantemente obedece ao requisito do “risco de dano de difícil reparação”. A extinção da demanda via reflexa, por falta do recolhimento do preparo, por si só, representa um evidente risco e, óbvio, de custosa reparação. E isso já foi anunciado na decisão guerreada, vale ressaltar.
 
Como consequência, com suporte nos ditames do art. 1.029, § 5º, inc. III, do CPC, pede-se seja concedido efeito suspensivo ao presente Recurso Especial, ordenando, por extensão, seja imposto regular andamento ao feito, sem a necessidade, neste instante, de recolhimento do preparo.
 
II - Requerimentos
 
Requer, por fim, que esta Egrégia Presidência conheça e dê seguimento ao presente recurso, com a consequente remessa dos autos ao Egrégio Superior Tribunal de Justiça.
 
Outrossim, ex vi legis, solicita que Vossa Excelência determine que o Recorrido responda, querendo, no prazo de 15 (quinze) dias, sobre os termos do presente. (novo CPC, art. 1.030, caput).
                                     
Respeitosamente, pede deferimento.
 
Sobral, 06 de dezembro de 2021.
 Thaiane Sousa Roberto
OAB/UF n° XXXXX
 
 
 
RAZÕES DO RECURSO ESPECIAL
EGRÉGIO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
PRECLARO MINISTRO RELATOR
 
1 - Tempestividade
 
O recurso, ora agitado, deve ser considerado como tempestivo, porquanto o Recorrente fora intimado da decisão recorrida por meio do Diário da Justiça nº X. Esse circulou no dia 22 de novembro de 2021 (segunda-feira), evocando que dia 10 de dezembro desse mesmo ano (sexta-feira) se dará o último dia do prazo recursal.
 
A propósito, e à luz da disciplina contida no art. 1.003, § 6º, do Estatuto de Ritos, acosta-se ao presente recurso certidão narrativa obtida junto ao Tribunal Local. 
 
2 - Considerações do processado
(CPC, ART. 1.029, I)
 
O Recorrente ajuizou Ação de indenização por danos materiais e morais em desfavor da Recorrida, com o fito de obter as indenizações buscadas.
 
Na referida ação, na petição inicial, o Recorrente, por seu patrono, na forma do que dispõe o art. 99, caput c/c art. 105, caput, do CPC, asseverou não estava em condições de pagar as custas do processos e os honorários de advogado, por ser hipossuficiente na forma da lei. (fl. tal) Além disso, trouxe à baila, naquela ocasião inicial do processo, com a peça vestibular, vários documentos comprobatórios da referida hipossuficiência. (fls. tais)
Certo é que inexiste, no caso, presunção legal quanto à hipossuficiência financeira do Recorrente (CPC, art. 99, § 3º). Todavia, indiscutível que os aludidos documentos eram suficientes a comprovarem a impossibilidade de pagamentos de despesas processuais. 
 
Conclusos os autos, ao apreciar a regularidade formal da peça vestibular, o magistrado, antes ouvindo-se o Recorrente (CPC, art. 99, § 2º), deferiu o pedido em comento. (fls. tais)
  
O juiz de primeiro grau acatou o pleito autoral, de maneira que considerou totalmente procedente o pedido, condenando a parte ré ao dever de indenizar a parte autora pelos danos morais e materiais causados, na quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), a título de danos materiais, e mais R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais) para compensar os danos morais sofridos. 
Diante da evidente derrota, a parte ré interpôs agravo de instrumento junto ao Tribunal de Justiça para derrubar a decisão de piso que determinou o pagamento das indenizações devidas e na fase de cumprimento de sentença determinou que fosse realizada a desconsideração da personalidade jurídica da empresa em relação aos bens dos sócios em virtude de os bens de propriedade da empresa não seriam capazes de honrar por completo todas as dívidas contraídas em seus anos de funcionamento.
 Em sede do julgamento de segundo grau, junto ao Tribunal de Justiça, a parte ré rogou pela reforma da decisão proferida na execução do processo, logrando êxito em seu pedido, o que causou o indeferimento por unanimidade da desconsideração da personalidade jurídica da empresa, tendo em vista que eles não entenderam caracterizado o desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, pressupostos essenciais à manutenção da decisão.  
Em decorrência do conteúdo do julgamento meritório colegiado, o Recorrente vem apresentar Recurso Especial buscando-se, máxime para fins de prequestionamento. Na espécie, demonstrou-se, documentalmente, e assim também restou consignado no acórdão testilhado, que o Recorrente teve sua decisão denegada em sede de segundo grau recursal em virtude de interpretação equívoca da respeitável Turma Recursal que julgou o agravo favoravelmente ao réu, o que acabou por derrubar a desconsideração da personalidade jurídica, já favorável à parte autora e agora, novamente buscada.
 
De mais a mais, imperioso destacar a passagem do acórdão, situada à fl. tais, na qual menciona que não há clara configuração de desvio de finalidade ou provas suficientes da ocorrência de confusão patrimonial para justificar a manutenção da decisão, sendo por esse motivo derrubada a decisão de piso.
 
Ocorre que há mais de uma interpretação para tal entendimento, ecaso este seja interpretado de maneira diametralmente oposta àquela da Turma recursal, temos que é sim bastante possível, inclusive salutar ao bom andamento do processo de falência sofrido pela empresa ré, que seja declarada a desconsideração da personalidade jurídica da mesma em casos de fatos contundentes que demonstre nitidamente uma má administração dos bens e ativos da empresa em processo falimentar, pois isso garantirá necessariamente a melhor execução do processo como um todo, assegurando que todos os credores serão equivalentemente satisfeitos nas proporções de seus créditos.
 
Eis, pois, a decisão meritória guerreada, a qual, sem sombra de dúvidas, deve ser reformada.
 
3 - Cabimento do REsp (CPC, ART. 1.029, II)
 
Segundo a disciplina do art. 105, inc. III, letra “a” da Constituição Federal, é da competência exclusiva do Superior Tribunal de Justiça, apreciar Recurso Especial fundado em decisão proferida em última ou única instância, quando a mesma contrariar lei federal ou negar-lhe vigência.   
   
Na hipótese em estudo, exatamente isso que ocorreu, situação essa que converge ao exame deste Recurso Especial por esta Egrégia Corte.
 
3.1. Pressupostos de admissibilidade
 
Verifica-se, mais, que o presente Recurso Especial é (a) tempestivo, quando o foi ajuizado dentro do prazo previsto na legislação processual civil (art. 1.003, § 5º), (b) a Recorrente tem legitimidade para interpor o presente recurso e, mais, (c) há a regularidade formal do mesmo.
 
Diga-se, mais, a decisão recorrida foi proferida em “última instância”, não cabendo mais nenhum outro recurso na instância originária (STF, Súmula 281).
 
Por outro ângulo, a questão federal foi devida prequestionada, quando a mesma foi expressamente ventilada, enfrentada e dirimida pelo Tribunal de origem (STF, Súmula 282/356 e STJ, Súmula 211).
 
Outrossim, todos os fundamentos lançados no Acórdão guerreado foram devidamente infirmados pelo presente recurso, não havendo a incidência da Súmula 283 do STF.
 
Ademais, o debate trazido à baila não importa reexame de provas, mas sim, ao revés, unicamente matéria de direito, não incorrendo, portanto, com a regra ajustada na Súmula 07 desta Egrégia Corte.
 
3.2. Reexame de provas
INEXISTE PRETENSÃO DE REEXAME DE FATOS
 
Não incidência da Súmula 07 do STJ
 
É necessário apontarmos argumentos no que concerne à ausência de pretensão, na hipótese, de reexame de fatos ou provas.
 
É consabido que, a esta Corte, descabe revolver o acervo probatório já delineado e minuciado no Tribunal de Origem (STJ, Súmula 07). Restringe-se às questões de direito, bem sabemos, máxime por ser, com respeito aos recursos, unicamente voltado àqueles de natureza extraordinária. É dizer, visa, tão só, nessas hipóteses, revisar a correta aplicação do direito (CF, art. 105, inc. III).
 
Todavia, importa ressaltar um quadrante de argumentos, ocorridos neste processo, que, em princípio, possa aparentar reanálise de provas. Não será esse o propósito, certamente.
 
O que se busca, aqui, é sanar uma inarredável falha, do Tribunal de piso, do ensejo do acórdão guerreado, quando, equivocadamente, dera ao âmago das provas debatidas, uma qualificação jurídica desacertada. Desse modo, os fatos e provas em espécie, a seguir explicitado, verdadeiramente ocorreram, nos moldes do que constam da decisão hostilizada. Dessarte trata-se de exame de fatos, não reexame.
 
Nesse compasso, o acórdão vergastado revela incorreção quando laborou na subsunção dos fatos à norma aplicada. Com efeito, nessas circunstâncias, emerge inescusável necessidade de revaloração do fato comprovado.
 
Por esse ângulo, por ter-se, na hipótese, o desígnio único relativo à incorreta qualificação jurídica dos fatos, trata-se, por isso, de examinar-se matéria de direito. 
 
Assim, o exame a ser feito por esta Corte, neste apelo nobre, quanto à caracterização do estado de má administração contumaz dos ativos da empresa ré, em face do conteúdo probatório avaliado pelo acórdão guerreado. Assim, o Recorrente se reporta ao indevido enquadramento legal feito pelo Tribunal turmário.
 
A propósito do tema, vejamos as lições de José Miguel Garcia Medina, verbo ad verbum:
 
“IV. Questão unicamente de direito. A questão, de acordo com o art. 976, I, do CPC/2015, deve ser ‘unicamente de direito’. Rigorosamente, nenhuma questão pode ser exclusivamente de direito; afinal, pensa-se na construção de normas jurídicas para resolver problemas, e problemas que ocorrem no plano dos fatos. É, até mesmo, difícil pensar-se em norma jurídica sem se recorrer a um fato, ainda que hipotético. O que se quer dizer, ao se exigir que a questão seja somente de direito, é que a controvérsia diga respeito não ao modo como ocorreram os fatos, mas apenas sobre como deve ser considerada a disposição legal, ou o princípio, que servirá à solução controvérsia...
 
De igual modo é o magistério de Teresa Arruda Alvim Wambier:
 
“2.5 É matéria de direito a adequação da subsunção dos fatos à solução normativa encontrada pelo juiz encontrada pelo juiz. A qualificação jurídica dos fatos não é questão de fato, mas questão de direito, que, como tal, sujeita-se ao controle dos Tribunais Superiores... 
 
 Não é demais trazer ao ensejo o que ensina Fredie Didier Jr:
 
“Possivelmente o critério de distinção preferível reside, então, na análise de caso a caso, mediante percepção da necessidade de a decisão a ser proferida pelas Cortes Superiores dizer se e como teriam ocorrido os fatos e se e como teriam sido provados.
Nesta trilha, podemos afirmar que é possível às Cortes Superiores conhecer dos fatos quando não se faça necessário o seu reexame, pelo que, concordamos quando se diz que ‘os fatos são examinados pelos tribunais superiores tal como descritos na decisão recorrida.
Isto porque, cabe aos Tribunais Superiores a adequação da subsunção dos fatos – soberanamente decididos pela instância anterior – à norma, o que permite, a revaloração da prova pelas instâncias superiores...”.
 
Com efeito, constata-se que não se trata de “simples reexame de provas”, como anuncia a Súmula em destaque. Aqui, sem sombra de dúvidas é a hipótese de “revaloração da prova”.
 
Nesse exato enfoque salientamos, mais uma vez, os dizeres de José Miguel Garcia Medina, o qual professa ad litteram:
 
“V. Questão de direito. Qualificação jurídica dos fatos. Distinção entre reexame de prova e revaloração da prova. A petição de recurso deverá conter ‘a exposição do fato e do direito’ (cf. art. 1.029, I, do CPC/2015). Tanto a questão constitucional quanto a questão federal que serão objeto de discussão constituem questões de direito, sendo estranha aos recursos especial e extraordinário a discussão de controvérsias relativas a fatos debatidos no processo (cf. Enunciado 279 do STF, e Enunciados 5 e 7 do STJ, nota supra). É também considerada questão de direito a qualificação jurídica dos fatos, isso é, embora não se admita recurso especial em que se discuta se determinado fato ocorreu, ou não (reexame de prova), tal recurso é admitido, no entanto, quando não há dúvida acerca da ocorrência de determinado fato, mas discute-se como ele deve ser qualificado juridicamente (revaloração do fato provado). Como se decidiu com acerto, ‘a redefinição do enquadramento jurídico dos fatos expressamente mencionados no acórdão hostilizado constitui mera revaloração da prova’, e não reexame de prova, que seria vedado pelo Enunciado n. 7 da Súmula do STJ (STJ, AgRg no REsp 1.036.178/SP, rel. Min. Marco Buzzi, 4ª T., j. 13.12.2011; a respeito, cf. o que escrevemos em O prequestionamento ...cit., 1. Ed.,...
 
Esta Corte já se pronunciou acerca de pertinência da interposição do recurso nobre em situação similar, ou seja, do exame da revaloração das provas, verbo ad verbum:
 
PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. ART. 217-A DO CP. ATOS LASCIVOS DIVERSOS DA CONJUNÇÃO CARNAL. TIPIFICAÇÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. REVALORAÇÃO DE PROVAS. AGRAVO NÃO PROVIDO.
1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, nega-se vigência ao art. 217-A do CP quando, diante deatos lascivos diversos da conjunção carnal e atentatórios à liberdade sexual da vítima (menor de 14 anos), desclassifica-se a conduta para contravenção penal. 2. "A controvérsia atinente à inadequada desclassificação para a contravenção penal prevista no art. 65 do Decreto-Lei n. 3.688/1941 prescinde do reexame de provas, sendo suficiente a revaloração de fatos incontroversos explicitados no acórdão recorrido. (RESP 1.605.222/MS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 28/6/2016, DJe 1/8/2016). 3. Agravo regimental não provido [ ... ]
 
AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. CLÁUSULAS PENAL MORATÓRIA. POSSIBILIDADE DE REVERSÃO. REVALORAÇÃO DE PROVAS. POSSIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO Nº 7/STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO.
1. O STJ possui entendimento no sentido de que é possível a inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, na hipótese de inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado na ausência de entrega do imóvel. Precedentes. 2. O Tribunal de origem reconheceu a impossibilidade de inversão da multa contratual em favor do adquirente do imóvel, uma vez que esta não estaria prevista contratualmente para o caso de inadimplemento das promitentes vendedoras, o que contraria a atual jurisprudência desta Corte a respeito do tema. 3. Não há se falar em violação ao enunciado da Súmula nº 7/STJ quando a decisão agravada, ao dar provimento ao Recurso Especial, realiza mera valoração probatória dos fatos sobejamente delineados no acórdão recorrido. 4. Agravo interno não provido [ ... ]
 
AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. AÇÃO ORDINÁRIA. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE COMPRA E VENDA. ATRASO NA ENTREGA DO IMÓVEL. REVALORAÇÃO DE PROVAS. POSSIBILIDADE. NÃO INCIDÊNCIA DO ENUNCIADO Nº 7/STJ. INVERSÃO DA CLÁUSULA PENAL. CABIMENTO.
1. A revaloração da prova constitui em atribuir o devido valor jurídico a fato incontroverso, sobejamente reconhecido nas instâncias ordinárias, prática admitida em sede de Recurso Especial, razão pela qual não incide o óbice previsto no Enunciado Nº 7/STJ. 2. Possibilidade, segundo o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, de inversão da cláusula penal moratória em favor do consumidor, em caso de inadimplemento do promitente vendedor, consubstanciado no atraso da entrega do imóvel no prazo estipulado pelas partes. 3. Não apresentação pela parte agravante de argumentos novos capazes de infirmar os fundamentos que alicerçaram a decisão agravada. 4. AGRAVO INTERNO DESPROVIDO [ ... ]
 
3.3. Violação de norma federal    
A preexistência de Recurso passível de endereçamento ao Supremo Tribunal de Justiça atine ao fato de que houve claro desrespeito à lei federal n°. 8,078/1990 em seu valoroso art. 28 que trata sobre a desconsideração da personalidade jurídica de uma empresa em diversas hipóteses possíveis, dentre elas má administração, insolvência e falência, se não vejamos:
Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica, provocados por má administração.
3.3.1. Caracterização da má administração dos bens e suas consequências.
 
Temos que não há somente uma forma de se caracterizar condições eu justifiquem um solicitação de desconsideração da personalidade jurídica, conforme art. 50 do Código Civil, como segue:
 Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
                                              
 No caso em tela, se vislumbram vários indícios de que o Recorrido não vem realizando uma boa administração dos bens em processo falimentar, tanto que em sede de cumprimento de sentença, mesmo após a declaração de culpa e condenação da parte ré ao pagamento das indenizações devidas, o autor não teve seu pleito atendido da forma possível para si, que seria o pagamento dos débitos sem que qualquer outro suposto equívoco fosse suscitado de forma protelatória.
Como forma de comprovar a situação volátil das contas do processo falimentar, foram acostados aos autos diversas provas nos atrasos das prestações a vencidas dos credores da empresa ré (fls. tais).
Não é crível que tenha se apoiado, unicamente na hipótese levantada pelo réu para justificar seu pedido a partir da ideia de que não houve a efetiva confusão patrimonial, nem desvio de finalidade no uso dos bens que legitimassem a manutenção da decisão de desconsiderar a personalidade jurídica. Com isso, sem mais investigações acerca do fato, foi derrubada a decisão interlocutória e restabelecida a situação da empresa, bem como a separação dos bens entre empresa e sócios.
 
De outro compasso, é inarredável que a decisão atacada é carente de fundamentação. Assim, far-se-ia necessária a indicação precisa da relevância dos documentos afirmados como indicativos da má administração dos sócios quanto ao espólio da empresa.
Ao contrário disso, sob pena de ferir-se princípios constitucionais, como os da razoabilidade e o da proporcionalidade, a restrição de direitos deve ser vista com bastante cautela.
Nesse diapasão, o Tribunal de piso tão somente poderia deferir o pedido quando absolutamente seguro que a parte, em verdade, teria condições de arcar com a responsabilização pelo bom andamento do processo falimentar.
Ao revés do entendimento em testilha, às veras, quando alegada pela parte, existe uma presunção legal de má administração financeira em detrimento da parte ré (CC art. 50). Nesse passo, sem dúvidas a decisão guerreada buscara inverter esse gozo, previsto em lei processual. É dizer, o julgador, seguramente, com a devida vênia, não fizera distinção entre uma boa condução ou má administração dos bens do espólio da empresa em processo falimentar.
                                      
Com efeito, a extensa prova documental, sobremaneira a má administração financeira dos bens do espólio em relação ao Recorrido, sobejamente, permite superar quaisquer argumentos pela ausência de comprovação, na acepção jurídica do termo. É indissociável a existência de todos os requisitos legais à concessão da desconsideração da personalidade jurídica.
DO PEDIDO:
Diante do exposto, requer:
a) O recebimento do presente agravo em recurso especial;
b) A intimação da Agravada para, querendo, apresentarem contrarrazões, nos termos do parágrafo terceiro do artigo 1.042 do Novo Código de Processo Civil – NCPC;
c) A remessa dos autos para o Superior Tribunal de Justiça (STJ), nos termos do parágrafo quarto do artigo supracitado;
d) O total provimento ao presente agravo, para reformar a decisão que inadmitiu o recurso especial interposto;
e) A redistribuição dos ônus sucumbenciais.
Sobral, 06 de dezembro de 2021.
 Thaiane Sousa Roberto
OAB/UF n° XXXXX

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