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2- Geografia do Amazonas

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GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
 
 
1. A Organização Do Espaço: A Conquista E A Expansão Da Amazônia Colonial; A Produção Do Espaço Amazônico Atual ................ 01 
2. O Espaço Natural: Estrutura Geológica E Características Do Relevo; Ecossistemas Florestais E Não-Florestais; O Clima; A Rede Hidro- gráfica; 
Aproveitamento Dos Recursos Naturais E Impactos Ambientais ..................................................................................................................... 02 
3. Organização Do Espaço Amazonense: Posição Geográfica; Mesorregiões E Microrregiões; O Processo De Ocupação: Aspectos Geopo- líticos E Planos De 
Desenvolvimento Regional ............................................................................................................................................................................. 04 
4. Aspectos Socioeconômicos: Ciclos Econômicos E Crescimento Da População; Dinâmica Dos Fluxos Migratórios E Problemas Sociais; O Extrativismo 
Florestal (Importância Da Biodiversidade; Biodiversidade E Manipulação Genética Para Fins Comerciais; Ecoturismo); Extrati- vismo Mineral; Concentração 
Fundiária E Conflitos Pela Terra; O Processo De Urbanização E Redes Urbanas; Fontes De Energia: Potencial Hidrelétrico, Hidrelétricas E Meio-Ambiente; A 
Produção De Gás; Transportes: A Malha Viária, Importância Do Transporte Fluvial. A Zona Franca De Manaus .......................................................... 06 
5. Questões Atuais: A Questão Indígena: Invasão, Demarcação Das Terras Indígenas. A Questão Ecológica: Desmatamento, Queimadas, Poluição Das Vias 
Hídricas, Alterações Climáticas .............................................................................................................................................................................................. 11 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
1 
 
 
 
 
 
 
A Amazônia é o maior bioma do Brasil e abriga a maior flo- resta 
tropical do mundo. Ela ocupa nove países da América do Sul, como 
Bolívia, Equador e Peru. Um quinto de água doce que vai para os 
oceanos do planeta são da Amazônia. Além disso, das 100 mil classes de 
plantas que existem nos países do sul, 30 mil estão nessa região. 
O espaço amazônico se encontra hoje bem diferente dos 
tempos passados. No início durante a ocupação pelos europeus, a 
Amazônia era um espaço pouco transformado, apresentando uma 
imensa área natural, utilizada principalmente para as ativi- dades 
extrativistas, além de algumas áreas que tinham sua ve- getação 
retirada e substituída por uma pequena lavoura voltada para suas 
necessidades, denominadas de roça. 
Nesse tempo os elementos criados pela natureza sofreram 
poucas modificações, pois a população só utilizava ou extraia da 
natureza só o que necessitava para a sua subsistência. As gran- des 
rodovias ainda não existiam. Os rios não apresentavam a po- luição que 
hoje apresentam, embora já fossem utilizados como via de 
transporte. Além de servirem como fonte de alimentos. 
Nas últimas décadas, essa situação vem-se modificando em 
decorrência de fatores sociais, políticos, econômicos. Isto ocor- re 
porque o governo vem incentivado grandes investimentos na 
Amazônia, provocando um intenso e violento processo de ocu- pação 
e povoamento. Tal processo desencadeou e desencadeia inúmeras 
consequências negativas para o espaço amazônico. 
Peguemos como exemplo a mata, que é derrubada desorde- nada 
e aceleradamente; a implantação de grandes projetos, alta- mente 
lucrativo para um pequeno grupo de pessoas e empresas, isso sem falar 
dos processos de grilagem de grandes proprieda- des rurais, 
promovida pelos grandes latifundiários que esperam a valorização 
econômica para obterem mais lucros. 
O bioma enfrenta sérios problemas de degradação devido à 
exploração ilegal de madeira e avanço da agropecuária. Por isso, com o 
intuito de elaborar e promover a sustentabilidade – aliado ao 
desenvolvimento social e econômico das populações amazô- nicas – o 
governo brasileiro criou o programa Amazônia Legal. Atualmente, 
nove estados compõem o projeto: Acre, Amapá, Amazonas, Mato 
Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. 
- A Amazônia é considerada a região de maior biodiversida- 
de do planeta. 
- O bioma Amazônia não é exclusivo do território brasileiro, 
abrangendo áreas de outros países. 
- Compreende o conjunto de ecossistemas que correspon- dem 
à Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, e também a 
Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do planeta. 
- A fauna é extremamente rica e conta com mais de 30 mi- lhões 
de espécies. 
- A flora da Amazônia é bastante diversificada, constituída por 
árvores, ervas, arbustos, lianas e trepadeiras. 
- Cerca de 17% do bioma foi devastado nos últimos 50 anos. 
 
Devastação 
Nas últimas décadas, a Amazônia tem sofrido um aumen- to no 
desmatamento de suas áreas. De acordo com uma pes- quisa 
realizada pelo norte-americano Thomas Lovejoy (profes- 
A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO: A CONQUISTA E A EX- 
PANSÃO DA AMAZÔNIA COLONIAL; A PRODUÇÃO DO 
ESPAÇO AMAZÔNICO ATUAL 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
2 
 
 
sor da George Mason University) e pelo brasileiro Carlos Nobre 
(coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para 
Mudanças Climáticas), o bioma Amazônia pode sofrer perdas 
irreversíveis devido ao desmatamento. O qual, segundo os pes- 
quisadores, já chegou a 17% nos últimos 50 anos, sendo que o 
limite seria 20%, para que não houvesse consequências irrever- 
síveis para o clima e o ciclo hidrológico. 
Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Ama- 
zônia (Imazon), o desmatamento no bioma aumentou cerca de 
40% entre os anos de 2017 e 2018, perdendo-se quase 4.000 km2 
de mata nativa. A ocorrência do desmatamento deu-se, 
principalmente, em áreas privadas, assentamentos e unidades de 
conservação 
 
 
Localização do bioma Amazônia, segundo o Instituto Brasileiro de 
Geografia e Estatística. (Fonte: IBGE.) 
 
O processo de ocupação com intuitos financeiros promoveu 
– e ainda promove – vários problemas ambientais (desmatamen- to, 
queimadas, tráfico de espécies animais e vegetais, etc.). Nes- se 
sentido, acompanhe a ordem cronológica de ocupação e destrui- ção da 
maior floresta tropical do mundo. 
1494: A assinatura do Tratado de Tordesilhas entre Portugal e 
Espanha concedeu aos espanhóis o direito de domínio da porção 
oeste da América do Sul, onde está localizada a floresta Amazônica. 
1540: Apesar do domínio espanhol na região, os portugue- 
ses ocuparam a Amazônia e impediram a invasão de ingleses, 
franceses e holandeses na floresta. 
1637: Os portugueses realizaram a primeira grande expedi- ção 
pela Amazônia, sendo composta por mais de 2 mil pessoas. Durante 
essa jornada, ocorreu a exploração de frutos como o cacau e a 
castanha. 
1750: Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, cujo 
conteúdo proporcionava o direito de domínio da floresta 
Amazônica àquele que realizasse a ocupação e exploração da 
mata. Nesse sentido, os portugueses conquistaram o direito de 
domínio na Amazônia. 
Fim do século XIX: Esse período foi marcado pela exploração da 
borracha. Essa atividade tornou-se bastante expressiva para a 
economia local, visto que as fábricas inglesas importavam a 
matéria-prima em grandes quantidades. Estima-se que entre as 
décadas de 1870 e 1900, cerca de 300 mil nordestinos migraram para 
a região. 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
3 
 
 
1960: Temendo uma possível internacionalização da flores- ta, os 
militares promoveram diversas obras de infraestrutura para 
integrar a Amazônia ao restante do país, a principal delas foi a 
Transamazônica. A ordem era “Integrar para não Entregar”. 1970: As 
diversas políticas públicas de ocupação da porção oeste do território 
brasileiro refletiram diretamente no aumento do contingentepopulacional da região e, em 1970, a Amazônia atingiu sete milhões 
de habitantes. Como consequência dessa ocupação sem o devido 
planejamento, começaram a surgir os primeiros problemas 
ambientais significativos, sendo que 14 mi- 
lhões de hectares foram desmatados. 
1980: Os desmatamentos intensificaram-se, impulsionados pela 
venda de madeiras e expansão das atividades agropecuá- rias. Esse 
fato gerou repercussões internacionais, fortalecendo o discurso de 
internacionalização da Amazônia, que era erronea- mente 
considerada o “pulmão do mundo”. Para agravar ainda mais a 
situação, em 1988, o seringueiro, ativista ambiental e líder sindical 
dos seringueiros, Chico Mendes, foi assassinado. Nesse mesmo ano, foi 
introduzido o PRODES (Sistema de Satélite para Monitorar o 
Desmatamento na Amazônia). 
1990; A soja passou a ser cultivada na região, sobretudo por 
migrantes do Sul e Sudeste do Brasil. A área desmatada atingiu a marca 
de 41 milhões de hectares. 
2000: A pecuária foi introduzida em larga escala – 64 mi- lhões 
de cabeças de gado. Outro agravante foi a expansão ur- bana e o 
constante aumento populacional: conforme dados do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 21 milhões de 
pessoas residiam na região nesse período. 
2005 – 2009: Políticas públicas eficazes de preservação am- biental 
passaram a ser executadas. Porém, um fato ofuscou a luta pela 
redução do desmatamento – o assassinato da missio- nária e 
ambientalista estadunidense Dorothy Stang. Além disso, o 
desmatamento destruiu 70 milhões de hectares da floresta, no 
entanto, entre os anos de 2008 e 2009, foi registrado o menor índice 
de desmatamento na Amazônia em 20 anos, sendo 46% inferior ao 
realizado entre 2007 e 2008. 
 
 
Aspectos geográficos 
O relevo do Estado do Amazonas apresenta três patamares de 
altitude - igapós, várzeas e baixos platôs ou terra firme - de- finidos 
pelo volume de água dos rios, em função das chuvas. Os igapós são 
áreas permanentemente inundadas, com vegetação adaptada a 
permanecer com as raízes sempre debaixo d’água. As várzeas 
encontram-se em terreno mais elevado e são inundadas apenas na 
época das cheias dos rios. A seringueira é um exemplo do tipo de 
árvores existentes nessa área. Os baixos platôs ou terra firme estão 
localizados nas partes mais elevadas e fora do alcance das cheias dos 
rios. Na região norte do Estado, encontra- 
-se o ponto mais alto do território brasileiro, o pico da Neblina, com 
3.014 metros de altitude, localizado na serra de Imeri, pró- ximo à 
Venezuela. A linha do Equador atravessa o Estado, fazen- do 
predominar o clima equatorial, caracterizado por temperatu- ras 
médias entre 24º e 26º e chuvas abundantes durante todo o ano. A 
vegetação típica dessa região é a floresta equatorial. 
O ESPAÇO NATURAL: ESTRUTURA GEOLÓGICA E CA- 
RACTERÍSTICAS DO RELEVO; ECOSSISTEMAS FLORES- TAIS 
E NÃO-FLORESTAIS; O CLIMA; A REDE HIDROGRÁ- FICA; 
APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS E 
IMPACTOS AMBIENTAIS 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
4 
 
 
Relevo 
Na Amazônia são encontradas três principais formas de re- 
levo: planícies, representadas pelas áreas inundadas pelos rios; 
planaltos, representados pelas regiões de serras; e depressões, 
como a região das depressões norte e sul amazônicas. 
A estrutura geológica da região compreendida pelo bioma é 
formada pelo Escudo das Guianas. Há presença de bacias sedi- 
mentares ao longo da região do Rio Amazonas. Escudos crista- linos 
são encontrados ao norte e ao sul dessas bacias sedimen- tares. 
Segundo a classificação do Geógrafo Jurandir Ross, o Estado do 
Amazonas explicita as seguintes variações de relevo: 
- Depressão da Amazônia Ocidental. 
- Depressão Marginal Norte-Amazônica. 
- Depressão Marginal Sul-Amazônica. 
- Planaltos Residuais Norte-Amazônicos. 
- Planícies do Rio Amazonas. 
- Planalto da Amazônia Oriental. 
 
Formas de relevo da Amazônia 
Segundo o dicionário técnico da nova classificação para o 
Brasil, é possível dividir o relevo amazônico em três principais 
formas: 
I. Depressão: Caracteriza-se por ser uma superfície en- 
tre.100~500m de atitude, com sua inclinação formada por pro- 
cessos prolongados de erosão. É mais plana do que o planalto. 
II. Planalto: O termo parece-nos sugestivo, porém nada tem a 
ver com plano alto. Trata-se de uma superfície irregular com 
altitude acima de 300m. É o produto da erosão sobre as rochas 
cristalinas (metamórficas) ou sedimentares. Pode apresentar 
morros, serras ou elevações íngremes, de topo plano (chapadas). 
III. Planície: É uma superfície muito plana com o máximo de 
l00m de altitude, formada pelo acúmulo recente de sedimentos 
movimentados pelas águas do mar, de rios ou de lagos. Ocupa 
porção modesta no conjunto do relevo brasileiro. 
 
Classificação atual do relevo A recente classificação do pro- 
fessor Jurandyr Ross resultou de uma pesquisa baseada em le- 
vantamentos feitos pelo RADAMBRASIL, que fotografou cada 
pedaço do País com equipamentos especiais de radar – instala- dos 
em um avião – e imagens de satélites, no período de1970 a 1985. 
Examinando o mapa da classificação atual, podemos ob- servar que 
apresenta, conforme ordem crescente de altitude, a seguinte 
divisão: 
1. Planície do rio Amazonas: Compreende uma estreita faixa de 
terras planas que acompanha principalmente os rios Ama- zonas, 
Solimões, Purus, Juruá, Javari e Madeira, com altitudes inferiores a 
100m e desníveis máximos de 60m. Foi o que restou daquela que se 
considerava uma planície gigantesca, reduzida cerca de vinte vezes 
do tamanho que se imaginava. 
2. Depressão da Amazônia Ocidental: É a mais ampla porção 
da Região, apresentando altitudes entre 100 a 200m. 
3. Depressão Marginal Norte-Amazônica: As altitudes va- 
riam entre 200 e 300 metros. 
4. Depressão Marginal Sul-Amazônica: Também apresenta 
uma variação de 200 a 300 metros de altitude. 
5. Planalto da Amazônia oriental: Recoberto por mata densa e 
com altitude entre 400 e 500 metros, abrange terras que vão de 
Manaus até o Oceano Atlântico. 
6. Planaltos residuais Norte-Amazônicos: Possui as maio- res 
altitudes da região, variando entre 800 e 1.200m, e os pon- tos 
culminantes do relevo brasileiro, que são o Pico da Neblina 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
5 
 
 
(3.014m) e o pico 31de março (2.992m), ambos na serra do Ime- ri, 
fronteira do Amazonas com a Venezuela. Nessas terras altas, as 
tempestades caem muito à noite, e índice pluviométrico fica acima 
de 3.000mm por ano, criando uma intensa nebulosidade que 
dificulta ou impede a obtenção de imagens de satélites ou fotos 
aéreas. 
Existem outros picos com menor altitude no extremo-norte dos 
municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e 
Barcelos, como o Aracá, Rondon, Tunuí, Macaco, entre outros, e as 
serras Tapirapecó, Traíra, Daraá, do Padre, Curupi- ra, Bela 
Adormecida, Urucuzeiro, Kaburi, dos Porcos, da Pedra, Unaiuxi e 
Parima. O perfil topográfico apresentado acima repre- senta um corte 
transversal de noroeste a sudeste, com cerca de 2.000km de 
comprimento, que vai das altíssimas serras do norte da Região, na 
fronteira com a Venezuela, até o norte do Estado de Mato Grosso. 
Podemos notar claramente as estreitas faixas de planície situadas às 
margens do rio Amazonas, a partir das quais seguem-se vastas 
extensões de planaltos e depressões. 
 
Ecossistema florestal 
É uma extensão em que elementos bióticos (seres vivos) e 
elementos abióticos (clima, solo, água) interagem, com o bióti- po da 
árvore predominando em seu componente vegetal. Nestas árvores 
predominam outras formas de vida do ecossistema em densidade, 
frequência e cobertura. 
Entre os ecossistemas florestais estão florestas tropicais, 
florestas sazonais e úmidas. Da mesma forma, os ecossistemas 
florestais são florestas mediterrâneas, florestas temperadas, flo- restas 
mistas, florestas de coníferas, além de plantaçõesflores- tais e 
pomares de frutas. 
 
Vegetação 
A vegetação, de maneira geral, é caracterizada por uma flo- resta 
densa e pela presença de árvores de grande porte. O bioma possui cerca 
de 3.650.000 km² de florestas contínuas. De manei- ra específica, a 
vegetação é classificada em três categorias: 
- Mata de terra firme: vegetação localizada em regiões de 
altitudes mais elevadas, essas são, portanto, caracterizadas por não 
haver inundações e sua vegetação ser sempre seca. Há pre- sença de 
árvores de grande porte, como castanheira, palmeira e mogno. 
- Mata de igapó: vegetação localizada em terrenos de me- nores 
altitudes, estando esses inundados praticamente por todo o tempo. 
Há presença de vegetação baixa, como musgos e ar- bustos. Nessas 
matas, é possível encontrar a vitória-régia, planta aquática, símbolo 
do bioma Amazônia. 
- Matas de várzea: vegetação localizada em regiões de alti- tudes 
intermediárias e que são inundadas em uma determinada época 
do ano. As áreas mais altas permanecem inundadas por menos 
tempo. Já as áreas menos elevadas permanecem inunda- das por um 
tempo maior. As espécies encontradas nessas áreas são semelhantes 
às encontradas nas matas de igapó, apresen- tando, também, árvores 
de até 40 metros de altura. 
 
Na Amazônia, uma pesquisa revelou que o bioma conta com cerca 
de 14.003 espécies de plantas que se dividem em árvores, ervas, 
arbustos, lianas e trepadeiras. Desse total, cerca de 76% encontra-se 
no Brasil. A flora apresenta elevado potencial medi- cinal e econômico. 
É possível encontrar espécies de bromélias e orquídeas, bem como 
seringueiras e buritis, entre outras plantas e árvores. 
Flora e fauna 
A vegetação típica do Estado é a floresta equatorial, que se divide 
em três tipos: matas de terra firme, matas de igapó e ma- tas de várzea. 
Nas matas de terra firme encontram-se as grandes árvores de madeira 
de lei da Amazônia. Em alguns locais as co- pas das árvores são tão 
grandes que impedem a passagem de até 95% da luz do sol, tornando 
o interior da floresta escuro, mal ventilado e úmido. Entre as principais 
espécies existentes nessa região encontram-se as castanheiras-do-
pará, a seringueira, o guaraná e o timbó, árvore utilizada pelos índios 
para envenenar os peixes. 
As matas de igapó localizam-se nos terrenos mais baixos, 
próximos aos rios, mantendo-se permanentemente alagadas. 
Durante o período de cheia, as águas inundam as margens dos rios, 
avançam pela floresta e chegam quase a alcançar as co- pas das 
árvores, formando os “igapós”. Quando esse fenôme- no acontece 
nos pequenos rios e afluentes, são denominados “igarapés”. As 
árvores encontradas nesse tipo de matas podem atingir 20 metros de 
altura, mas é comum encontrar-se árvores de dois a três metros, com 
ramificação baixa e densa, de difícil penetração. Sua espécie mais 
famosa é a vitória-régia, conhe- cida como a “rainha dos lagos”. A 
folha da vitória-régia pode chegar a medir um metro e oitenta 
centímetros de diâmetro. As bordas de suas folhas são levantadas e 
espinhosas, para evitar a ação destruidora dos peixes, e as raízes se 
fixam no fundo da água, formando um bulbo com um cordão fibroso 
revestido de espinhos. A flor também se abre protegida por espinhos 
e muda de cor, do branco para o rosa, com o passar do tempo. O 
bulbo da vitória-régia é muito apreciado pelos índios e as sementes se 
assemelham às do milho. No período de seca as vitórias-régias 
desaparecem, voltando suas sementes a germinar na estação das 
cheias. 
As matas de várzea localizam-se entre a terra firme e os 
igapós, variando de acordo com a proximidade dos rios. Nelas 
podem ser encontradas árvores de grande porte como a serin- 
gueira, as palmeiras e o jatobá. A Floresta Amazônica concentra grande 
diversidade de espécies de plantas medicinais, comestí- veis, 
oleaginosas e colorantes, muitas das quais ainda não foram 
investigadas em profundidade. Suas propriedades continuam 
sendo estudadas em laboratórios. Acredita-se que 25% de todas as 
essências farmacêuticas utilizadas atualmente pela medicina tenham 
sido extraídas das florestas tropicais. A variedade da flo- ra amazônica 
tem como seu principal habitat as matas de iga- pó e terra firme. 
Dentre as espécies mais conhecidas de plantas medicinais extraídas da 
Amazônia encontram-se o guaraná, que apresenta propriedades 
vitalizantes, rejuvenescedoras e afrodi- síacas, atuando como tônico 
do coração e ativando as funções cerebrais e a circulação periférica; 
a copaíba, que contém um azeite desinflamatório e cicatrizante, 
utilizada em casos de úl- ceras e faringites; e o urucu, que possui 
sementes com proprie- dades capazes de aumentar a pigmentação de 
tecidos adiposos, tornando a pele resistente e com coloração 
natural. Contém betacaroteno (vitamina A) e pode ser ingerido em 
cápsulas ou utilizado na culinária, como corante natural. A fauna da 
região Amazônica também é rica e variada, incluindo felinos, 
roedores, aves, quelonios e primatas. Algumas espécies encontram-se 
em perigo de extinção e passam a ser protegidas pelos órgãos 
espe- cializados do Governo, para terem garantida a sua sobrevivência. 
Este é o caso do macaco uacari branco e do pequeno sagüi, que apenas 
podem ser encontrados atualmente nos arredores da ci- dade de 
Manaus. 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
6 
 
 
Clima 
O clima predominante no estado é o Equatorial, caracteri- zado 
pela elevada umidade do ar (80% em média) e pelas altas 
temperaturas que perduram no ano. Durante o final do outono e o 
inverno, pode haver a ocorrência de friagens no sul amazo- nense, 
que corresponde à queda de temperaturas decorrente do avanço de 
uma frente fria. 
Os índices pluviométricos registrados para o estado são os 
maiores do território nacional, com médias entre 1500 mm e 2500 
mm anuais, superando os 3500 mm em algumas áreas. 
Os fatores climáticos mais atuantes e que definem as condi- ções 
observadas no Amazonas são a baixa latitude e a continen- talidade. A 
proximidade da floresta densa contribui igualmente para o controle 
dos elementos do clima local. 
 
Rede hidrográfica 
A bacia Amazônica estende-se por 3.889.489,6 km2, repre- 
sentando um quinto de toda a reserva de água doce do planeta. Seus 
rios estão condicionados ao regime das chuvas e se cons- tituem 
praticamente as únicas vias de transporte dos habitan- tes locais. 
Existem mais de 20 mil km de vias fluviais navegáveis, ligando 
comunidades distantes na região. O rio Amazonas é o segundo mais 
extenso do planeta e o primeiro em volume de água (100.000 m3). 
Nasce no planalto de La Raya, no Peru, com o nome de Vilcanota, 
passando a se chamar Solimões quando entra em território 
brasileiro. A partir da confluência com o rio Negro, nas 
proximidades da cidade de Manaus, recebe o nome de Amazonas. 
Dos seus 6.515 km de extensão, 3.600 correm em território brasileiro a 
uma velocidade de 2,5 km; hora, levando em seu leito toneladas de 
sedimentos arrancados das margens, o que torna a sua coloração 
amarelada. Sua largura varia de qua- tro a cinco km, chegando a 
alcançar 10 km em certos locais. A profundidade média do rio 
Amazonas chega a quase 100 metros. Entre seus mais de sete mil 
afluentes, os principais são os rios Madeira (que percorre uma 
extensão de 3.200 km), o Xingu e o Tapajós, na margem direita; e os rios 
Negro, Trombetas e Jari, na margem esquerda. 
Os rios amazônicos diferem quanto à qualidade de suas águas 
e sua geomorfologia. Os principais rios, baseando-se na coloração de 
suas águas são: 
•De água preta: Negro 
•De água clara: Tapajós 
•De água barrenta: Solimões e Amazonas 
 
Encontro das águas: A aproximadamente 10 km de Manaus, as 
águas escuras do rio Negro se encontram com as águas bar- rentas do 
rio Solimões, correndo lado a lado, sem se misturarem, por uma 
extensão de cerca de seis km, quando passam então a formar o rio 
Amazonas, até chegar ao oceanoAtlântico. Trata-se de um fenômeno 
muito apreciado por turistas, que decorre das diferenças de 
densidade, temperatura e velocidade de ambos os rios. 
Pororoca: É o fenômeno do encontro das correntes de maré do 
oceano com a corrente fluvial, que ocorre na foz do rio Ama- zonas, 
onde as marés se manifestam com grande amplitude e 
impetuosidade. 
Anavilhanas: Situado no rio Negro, o arquipélago de Anavi- 
lhanas é formado por 400 ilhas que abrigam complexo ecossiste- ma da 
Amazônia. A região está protegida por legislação federal que criou a 
Estação Ecológica de Anavilhanas, com área de 350 mil hectares. No 
período das cheias do rio Negro, metade das ilhas ficam submersas e 
os animais têm que se refugiar nas par- 
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tes mais elevadas. Quando as águas começam a baixar, as ilhas 
deixam à mostra praias e canais que entrecortam toda a região 
como uma rede, num percurso de aproximadamente 90 km. A 
região de Anavilhanas encontra-se próxima ao Parque Nacional de 
Jaú, a maior reserva florestal da América do Sul, com 2,27 milhões 
de hectares, também banhada pelo rio Negro. 
Parques ecológicos: Em todo o Estado do Amazonas existem 
vários parques nacionais ecológicos, entre os quais se destaca o 
Parque do Pico da Neblina, que abriga um conjunto de monta- 
nhas ocupando 2,20 milhões de hectares. 
Próximo à cidade de Manaus encontra-se o Parque Ecológi- co 
de Janauary, localizado na região do rio Negro, com área de 9 mil 
hectares. Possui matas de terra firme, igapós e de várzea, onde os 
turistas podem passear de canoa, apreciando a vegeta- ção típica dos 
igarapés. Contém ainda um lago, onde se encontra grande 
quantidade de vitórias-régias que podem ser admiradas de uma 
passarela rústica, construída para esse fim. O Parque de Janauary é 
administrado por um consórcio turístico formado por empresas do 
setor, com a cessão do Governo do Estado. 
Turismo ecológico: É o grande atrativo dos roteiros de 
viagens pela Amazônia, proporcionando ao turista a 
oportunidade de conhecer e aprender a respeito da floresta 
tropical e de seus habitantes. Seu objetivo principal é promover a 
interação do homem com a natureza e a valorização da rica 
diversidade biológica da região. O turismo ecológico no Estado 
inclui programas de viagens de barco, pernoites em hotéis de 
selva e passeios pela floresta. Podem ter a duração de horas ou de 
dias, em função do interesse e disponibilidade de tempo do 
visitante. Os programas são sempre realizados na companhia de guias 
especializados em sobrevivência na selva, que são profis- sionais 
formados em cursos administrados pelo Exército Brasi- leiro. 
 
O desmatamento 
Um dos problemas ambientais que mais tem chamado aten- ção 
do mundo é o desmatamento da floresta amazônica, que põe em 
risco o equilíbrio ecológico de uma região. Desde que a Amazônia 
passou a ser definitivamente explorada, na década de 1970, já 
foram desmatados de 12 a 13% de sua área original. Com o 
desmatamento há uma quebra no equilíbrio ecológico, pois ele 
afeta a evaporação, dificulta a infiltração da água no solo e diminui o 
abastecimento dos lençóis de água e dos próprios rios. Além disso 
compromete a biodiversidade podendo signi- ficar até a 
eliminação de espécies vegetais desconhecidas. Em uma pequena 
porção de 300 centímetros cúbicos de floresta po- dem-se encontrar 
1500 espécies de animais e vegetais. 
 
 
O Amazonas é um estado brasileiro que integra a região Nor- te, 
com capital em Manaus. Com área de 1.559.167,878 km², o 
território amazonense é o mais extenso do Brasil. Uma parcela 
setentrional do estado se encontra no Hemisfério Norte, sendo 
cruzado, portanto, pela Linha do Equador. 
Cinco unidades federativas fazem fronteira com o Amazo- 
nas, sendo elas: 
- Roraima, a nordeste; 
- Pará, a leste; 
- Mato Grosso, a sudeste; 
- Rondônia, ao sul; 
ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AMAZONENSE: POSIÇÃO 
GEOGRÁFICA; MESORREGIÕES E MICRORREGIÕES; O PROCESSO 
DE OCUPAÇÃO: ASPECTOS GEOPOLÍTICOS E PLANOS DE 
DESENVOLVIMENTO REGIONAL 
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- Acre, a sudoeste. 
As divisas internacionais do estado ficam a oeste, com Peru, e a noroeste, com Colômbia e Venezuela. 
 
 
Fonte: IBGE 
 
Divisão geográfica do Amazonas 
O território amazonense está dividido em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias, conforme o IBGE. Os 62 
municípios que formam o estado estão agrupados em 11 regiões imediatas, as quais formam quatro regiões intermediárias. São elas: 
Manaus, no norte e centro; 
Tefé, no oeste; 
Lábrea, no sul; 
Parintins, no leste. 
 
O Amazonas possui atualmente nove microrregiões que são; 
REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES: Amaturá, Atalaia do norte, Benjamin Constant, Santo Antônio do Iça, São Paulo de Olivença, tabatinga e 
Tocantins. 
REGIÃO DO TRIÃNGULO JUTAÍ-SOLIMÕES-JURUÁ: Alvarães, Fonte boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé e Uarini. REGIÃO DO 
PURUS: Boca do Acre, Canutama, Lábrea, Pauini, Tapuá. 
REGIÃO DO JURUÁ CARAURI, XUNA E ITAMARATI: Eirunepé , Envira, Guajará, Ipixuna e Itamarati. REGIÃO DO 
MADEIRA: Apuí, Borba, Humaitá, Manicora e Novo Aripuanã. 
REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO: Barcelos Santa Isabel do rio negro e São Gabriel da cachoeira. 
REGIÃO DO RIO NEGRO-SOLIMÕES: Anamã, Anori, Autazes, Beruri, Caapiranga, Careiro-castanho, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, 
Iranduba, Manicoré, Manaquiri, Manaus, Novo Airão, Rio preto da Eva. 
REGIÃO DO MÉDIO AMAZONAS: Itacoatiara, Itapiranga, Maués, nova Olinda do Norte, Presidente Figueiredo, silves e Ueucuri- tuba. 
REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS: Barreirinha, boa vista do Ramos, Nhamundá, Parintins, são Sebastião do Uatumã e Urucará. As mesorregiões 
apresentam outra divisão político-administrativa que toma como referência a posição geográfica de cada município, os rios e centros regionais 
de maior expressão. São as seguintes: 
Norte amazonense: 
RIO NEGRO: Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da cachoeira JAPURÁ: Japurá 
e Maraã. 
 
Sudoeste amazonense: 
ALTO SOLIMÕES: Amaturá, atalaia do norte, Benjamin Constant, fonte boa, Judaí, Santo Antônio do Iça, São Paulo de Olivença, Tabatinga e 
Tocantins 
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JURUÁ: Canauari, Eurinepé, Envira, Guajará, Ipixuna, Itama- rati e 
Juruá. 
Centro amazonense: 
TEFÉ: Alvarães, Tefé e Uarini. 
COARI: Anamã, Anori, Beruri, Caapiranga, Coari e Codajás. 
MANAUS: Autazez, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, 
Manacapuru, Manaquiri e Manaus. 
RIO PRETO: Rio preto da Eva e Presidente Figueiredo. 
ITACOATIARA: Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, 
Silves e Urucurituba. 
PARINTINS: Barreirinha, boa Vista do Ramos, Maués, Nha- mundá, 
Parintins, São Sebastião do Uatumã e Urucará. 
 
Sul amazonense: 
BOCA DO ACRE: Boca do Acre e Pauini. PURUS: 
Canutama, Lábrea e Tapua. 
MADEIRA: Apuí, Borba, Humaitá, Manicoré e Novo Aripuanã. 
 
O povoamento 
Durante mais de cem anos após a chegada dos europeus ao Brasil a 
Amazônia era conhecida somente através das expedi- ções que eram 
feitas para aprisionar índios em buscar as drogas do sertão (cacau, 
canela, baunilha, madeira e etc). 
Mesmo com toda colonização feita na Amazônia inclusive com 
o marquês de Pombal, o único objetivo era sempre explorar. A 
Amazônia também foi palco de inúmeras migrações (japo- neses, 
europeus, nordestinos, sulistas e etc), que foram determi- nantes no 
processo de miscigenação amazônico, que deu origem ao povo 
Amazônia atual. É claro que em meio a esse longo pro- cesso deve 
ser destacado o Boom das drogas do sertão, da juta, da borracha, da 
zona franca de Manaus e agora do peixe liso, todos esses momentos 
foram de suma importância na confecção 
desta Amazônia que temos hoje. 
 
Ocupação e desenvolvimento1 
A região amazônica brasileira, após as iniciativas de integra- ção do 
governo, passou a ter dois tipos de ocupação básica. A da porção 
oriental que tem de um lado a Rodovia Belém-Brasília como eixo 
principal e, de outro, a implantaçãode grandes proje- tos minerais, 
como o Projeto Carajás. O desenvolvimento destes projetos ocasionou 
grande ocupação ao longo da Estrada de Fer- ro de Carajás a São Luís 
(no Maranhão). 
Já na porção ocidental, a ocupação deu-se ao longo das ro- dovias 
Cuiabá-Santarém e Brasília-Acre. Em Rondônia e também no norte do 
Mato Grosso, surgiram vários núcleos de povoamen- to que 
reforçaram a ocupação do oeste da Região Norte com a criação da 
Zona Franca de Manaus. Neste processo, Manaus e Belém passaram a 
ocupar lugar de destaque na polarização do espaço da região Norte 
como metrópoles regionais. 
 
O regime militar e a ocupação da Amazônia 
Para acelerar a ocupação e a exploração econômica da Ama- 
zônia, as instituições regionais criadas a partir do governo Getú- lio 
Vargas foram modernizadas a partir de 1966, sob a chancela da 
“Operação Amazônia”. Empreendida pelo governo Castelo Branco, 
reorganizou a legislação básica e as normas institucio- nais para atrair 
os grandes capitais corporativos, colocando a região na mira dos 
investidores. 
Para ocupar a Amazônia, era necessário conhecer essa imensa região. 
Para isso, foi criado o Projeto Radam (Radar da Amazônia) 
 
 
1 Disponível em https://www.coladaweb.com Acesso em 
13.12.2021 
http://www.coladaweb.com/
http://www.coladaweb.com/
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que “tinha como objetivo proceder ao levantamento dos elemen- 
tos básicos necessários a um planejamento racional do aprovei- 
tamento integrado dos recursos naturais da região Amazônica”. 
Durante a Presidência do general Ernesto Geisel, foi criado o 
Polamazônia, que tinha por finalidade o estabelecimento de 
quinze áreas prioritárias para a ocupação, visando à exploração dos 
recursos agrominerais e agropecuários na Amazônia Legal. Estes 3 
projetos não seriam suficientes para promover a ocupa- ção da 
imensa região. Por essa razão, o presidente Emílio Gar- rastazu 
Médici assinou o Decreto-Lei número 1 106, que criou o Plano de 
Integração Nacional (PIN). 
O PIN tinha como principais finalidades a abertura das rodo- vias 
de integração Transamazônica, Porto Velho-Manaus, Perime- tral 
Norte, Cuiabá-Santarém (BR-163) e Cuiabá-Porto Velho (BR- 364). 
Outro decreto de abril de 1971 declarou as terras devolutas em uma 
faixa de 100 km, ao lado das rodovias na Amazônia Legal, como áreas de 
segurança nacional, nas quais o Instituto Nacional de Reforma Agrária 
(Incra) iria implantar os planos oficiais de co- lonização por meio da 
entrega dos lotes aos colonos. 
As rodovias tornaram-se cunhas de ocupação (fixos e fluxos), 
orientando os fluxos migratórios para a Amazônia Legal. Como 
principais consequências dessa ocupação rápida, podemos des- 
tacar: o acentuado crescimento populacional e urbano, o incre- 
mento das trocas com outras regiões e os impactos ambientais. 
 
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS: CICLOS ECONÔMICOS E 
CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO; DINÂMICA DOS 
FLUXOS MIGRATÓRIOS E PROBLEMAS SOCIAIS; O EX- 
TRATIVISMO FLORESTAL (IMPORTÂNCIA DA BIODIVER- SIDADE; 
BIODIVERSIDADE E MANIPULAÇÃO GENÉTICA PARA FINS 
COMERCIAIS; ECOTURISMO); EXTRATIVIS- MO MINERAL; 
CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA E CON- 
FLITOS PELA TERRA; O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E 
REDES URBANAS; FONTES DE ENERGIA: POTENCIAL 
HIDRELÉTRICO, HIDRELÉTRICAS E MEIO-AMBIENTE; A PRODUÇÃO 
DE GÁS; TRANSPORTES: A MALHA VIÁRIA, 
IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE FLUVIAL. A ZONA 
FRANCA DE MANAUS 
 
Demografia do Amazonas 
O Amazonas conta com 4.207.714 habitantes, sendo o 13º 
estado em população do Brasil e o 2º da região Norte. Em termos 
relativos, a população amazonense equivale a 22,5% de todos os 
habitantes da região. Com ampla superfície territorial, a densi- 
dade demográfica do estado é uma das mais baixas do país. Os 
dados do Censo de 2010 apontam um valor de apenas 2,23 hab./ km². 
Atualmente, essa cifra é de 2,69 hab./km². 
Com taxa de urbanização de 79,09%, temos que a maior par- cela 
dos amazonenses vive nas cidades. A capital, Manaus, é o 
município com maior número de habitantes do estado e o 7º 
mais populoso do Brasil, com 2.219.580 habitantes. Na sequên- cia 
está Parintins, com 115.363 habitantes. 
O último Censo Demográfico, que data de 2010, mostrou que 
o Amazonas é o estado que possui a maior população indí- gena do 
Brasil, com 183.514 pessoas. Os indígenas amazonen- ses 
correspondem a 20,46% da população indígena brasileira, e 53,52% 
da região Norte. 
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População 
A população do Estado do Amazonas, conforme contagem 
populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geo- grafia 
e Estatística (IBGE), é de 3.483.985 habitantes, essa uni- dade da 
federação é o segundo mais populoso da Região Norte. 
 
 
A capital do Estado é Manaus, uma cidade que ocupa o sétimo 
lugar no ranking de maior PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, 
porém esse dado é restrito somente à cidade, além disso, a capital é 
a maior cidade de toda Região Norte, com uma população de 
1.802.014 habitantes, no entanto, o crescimento está ocorrendo de 
forma desordenada e sem planejamento ade- quado. Manaus é uma 
das cidades que mais recebe imigrantes no país. 
A população do Amazonas é composta por brancos (24,2%), negros 
(3,1%), pardos ou mestiços (66,9%), indígenas (4,0%) e 
amarelos (0,3%). 
Apesar de possuir uma população superior a 3,4 milhões de 
pessoas, o território amazonense é pouco povoado, isso é evi- 
denciado nos dados de densidade demográfica que corresponde a 2,2 
habitantes por quilômetro quadrado. 
Do total da população, aproximadamente 79% vivem em 
centros urbanos, a capital, Manaus, abriga mais de 50% dos ha- 
bitantes do Estado. 
A configuração da estrutura etária do Estado se apresenta da 
seguinte forma: 43,8% da população tem idade entre 0 e 14 anos, 
52% correspondem àquelas que têm entre 15 e 59 anos e 4,2% da 
população são pessoas acima de 60 anos. 
Já a distribuição da população por sexo é relativamente 
equivalente, as mulheres representam 49,7% e os homens 50,3% da 
população. O Estado concentra a maior população indígena do 
país, localizados em áreas de difícil acesso. 
O processo de formação étnica da população do Amazonas, possui 
uma grande variação social, deste modo, o processo de- formação 
populacional do Estado é composto pelos seguintes grupos 
étnicos: 
- Brancos (24,2%) 
- Negros (3,1%) 
- Pardos ou mestiços (66,9%) 
- Indígenas (4,0%) 
- Amarelos (0,3%) 
 
A expansão econômica e o crescimento populacional 
A economia amazonense sempre esteve ligada a extração dos 
produtos da floresta. Foi esta que ao longo do século XIX e XX 
forneceu produtos para as diversas atividades de pequenas indústrias 
locais. A madeira, por ser básica para a construção civil, tem até hoje 
sua importância. Porem foi, sem sombra de dúvida, a borracha que 
deu um grande impulso à economia re- gional a partir de meados do 
século XIX. 
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O constante aumento da demanda mundial, acompanhada 
pelo aumento de preços deste produto, trouxe para o Amazonas e 
Amazônia em geral, um contingente de migrantes estimado em 300 
mil pessoas, que se espalharam para os diversos rios da re- gião em 
busca de coleta da borracha. Áreas até então ocupadas pelos índios 
passaram a receber os seringueiros. Como a concen- tração da área 
era maior nos rios madeira, Juruá e Purus, foi aí que instalaram os 
inúmeros seringais. 
Manaus, capital do estado chega ao final do período pro- 
vincial com uma população em torno de 40 mil habitantes, pois 
também recebeu migrantes de diversas nacionalidades para tra- 
balhar em atividades de apoio à exportação da borracha. 
Outros núcleos populacionais pelo interior do amazonas 
também foram se consolidando, como Humaitá, sempre voltado ao 
movimento proporcionado pela borracha. 
A decadência do principal produto extrativo da floresta vai 
forçar uma outra organização produtiva, a busca de outras ativi-dades econômicas de trabalho para as populações que estavam 
envolvidas com ela. A agricultura constitui-se num dos supor- tes 
para estas. O outro recurso foi a migração para as cidades e, 
principalmente para Manaus. 
Dentro do plano de ocupação da região elaborado pelo go- 
verno federal, procuram-se alternativas incentivando a migra- 
ção japonesa para o trabalho agrícola. Posteriormente, a pro- 
dução de fibras – juta e malva- foi introduzida nas várzeas do 
amazonas. Junto com ela, fabricas de fiação e tecelagem de juta 
instalaram-se em Manaus, Parintins e etc. basicamente a pro- 
dução de sacaria era destinada à exportação. Porém, a grande 
alteração da economia amazonense ocorreu com a implantação 
da zona franca de Manaus em 1967. Sua meta foi criar um polo 
comercia, com importação de mercadorias livres de qualquer co- 
brança tributaria. O comercio atingiu o auge no final da década de 
80. Apresentavam um fluxo de turismo nacional voltado para 
compras de produtos importados que desapareceu com a aber- 
tura comercial promovida pelo governo brasileiro no início dos 
anos 90. 
Esta abertura comercial, representada pela redução das ta- 
rifas de importação, possibilitou a importação de mercadorias 
por qualquer comerciante de outros lugares do país. Também era 
meta a instalação de um polo industrial sendo as industrias 
isentas de qualquer imposto federal. 
 
A dinâmica dos fluxos migratórios e os problemas sociais 
A migração para o estado do Amazonas teve por caracte- 
rística uma centralização na cidade de Manaus. Com a criação da 
zona franca de Manaus e a expansão do setor secundário e 
terciário, Manaus atraiu população tanto urbana, originaria de 
outras cidades do país quanto rural do interior do amazônico. 
A expansão urbana não poderia deixar de causar problemas in- 
fraestruturas, uma vez que o ritmo do crescimento populacional foi 
maior que a capacidade de atendimento aos serviços públi- cos. 
 
Economia 
O maior Estado do Brasil possui a maior floresta tropical do 
mundo com 98% de sua área preservada. Aliando seu potencial 
ecológico a uma política de negócios embasada na sustentabili- 
dade, a capital do Amazonas tornou-se a 6ª cidade mais rica do país. 
Parte deste sucesso se deve ao Polo Industrial de Manaus 
(PIM), um modelo de desenvolvimento regional que abriga inú- 
meras empresas nacionais e internacionais, gerando mais de 100 
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mil empregos diretos e um faturamento de 35 bilhões de dólares em 
2010. O PIM é o principal mecanismo irradiador do desen- 
volvimento no modelo Zona Franca de Manaus, que concede in- 
centivos fiscais para a produção. Esta política de incentivos gera 
emprego, renda e aumento da arrecadação de tributos federais, 
estaduais e municipais não só no Amazonas, onde está situado o PIM, 
mas nos demais Estados da Amazônia Ocidental (Rorai- ma, Acre, 
Rondônia), além das cidades de Macapá e Santana, no Amapá (a área de 
atuação do modelo Zona Franca de Manaus). 
Em sua política de desenvolvimento econômico, o Governo do 
Amazonas busca atrair investidores comprometidos com o meio 
ambiente, direcionando esforços para diversificar a eco- nomia a 
partir do desenvolvimento de atividades voltadas ao 
aproveitamento de recursos naturais nas áreas de agroindústria, 
bioindústria, fruticultura, turismo, energia, dentre outras poten- 
cialidades abundantes na região. 
As políticas públicas do Estado estão voltadas para a melho- ria da 
qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. Como exemplo, 
investimentos em Programas como a Zona Franca Ver- de e Bolsa 
Floresta; o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus 
(Prosamim); o gasoduto Coari-Manaus, que veio para mudar a matriz 
energética de oito municípios, incluindo a capi- tal, e a construção 
da Ponte do Rio Negro, que vai interligar a região metropolitana de 
Manaus à cidade de Iranduba e áreas adjacentes. 
No interior do Estado é crescente a abertura de novas opor- 
tunidades de emprego e renda, com investimentos em áreas como 
a piscicultura, agroindústria e produção rural. Para isso, o Governo 
do Amazonas mantém um sistema de apoio ao se- tor produtivo que 
alia assistência técnica, fomento e comercia- lização. A pesca é uma 
das principais atividades econômicas da população amazônica e o 
alimento básico para o seu sustento. Existem várias espécies de 
peixes nos inúmeros rios da região, entre os quais se destacam o 
tucunaré, o dourado amazônico, o gamitana e a pescada. As piranhas, 
cuja carne é muito apreciada por pescadores, habitam quase todos os 
rios da Amazônia. 
O Amazonas surpreende pela combinação de modernidade e 
conservação da natureza, dispondo de arrojados espaços cul- turais, 
shopping centers, excelente rede hoteleira, restaurantes de categoria 
internacional, rede de ensino diversificada, parques ecológicos e 
espaços de integração social, que asseguram qua- lidade de vida e 
bem-estar à população. O Estado conta ainda com diversas opções 
de turismo que vão da visita de cavernas e cachoeiras, a prática do 
arvorismo, pesca esportiva, festivais folclóricos e patrimônios 
históricos. 
 
Recursos naturais e aproveitamento econômico 
No amazonas os recursos naturais de sua floresta, solos e rios, 
são sem dúvida o seu potencial econômico. Explorados com equilíbrio e 
visando a sua conservação pode trazer aos seus ha- bitantes 
perspectivas de melhores condições de vida. Começa- remos por 
analisar a rede hidrográfica como fonte de energia e como via de 
transporte. Podemos conhecer melhor o potencial hidrelétrico 
destes rios e sua importância como lugar de circu- lação de pessoas e 
mercadorias embora sejam vistos frequen- temente como recursos 
ou potenciais econômicos, os rios na Amazônia servem ainda como 
lugar de lazer com seus milhares de igarapés e praias que se formam as 
suas margens e como con- templação pela população local em 
virtude de suas característi- cas singulares tais como largura, 
extensão e profundidade. 
No estado do amazonas apenas a hidrelétrica de Balbina foi 
construída, no rio Uatumã e não foi um investimento de sucesso. Outra 
importante fonte de energia no amazonas. Há no municí- 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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pio de Coari uma base de exploração da Petrobras- denominada 
urucu. A produção em urucu chega a 55 mil barris/dia que são 
escoados para a refinaria de Manaus pelo oleoduto até a mar- gem 
do rio Solimões e de La segue nas embarcações. 
Um gasoduto no meio da floresta 
Também no município de Coari foi descoberta uma jazida de gás 
natural estimada em 130 que pode durar 30 anos para serem 
consumidas pela Petrobras no município de Coari. O gás natural vem 
aparecendo na atualidade como uma das melhores opções para a 
substituição do óleo na geração de energia. 
 
Transportes fluviais no Amazonas e sua importância 
Como os rios da Amazônia são extensos e largos isso facilita o 
transporte fluvial, inclusive esse meio de transporte é utilizado na 
Amazônia desde a colonização e tem sido até hoje. As mar- gens dos 
rios amazônicos, encontramos vários núcleos urbanos, cidades que 
embora com um nº reduzido de habitantes, mantem relações 
comerciais com Manaus por meio do transporte fluvial. 
 
Manejo florestal 
 
O que é o manejo florestal? 
O Código florestal brasileiro de 1965(artigo 15) definiu que as 
florestas da Amazônia só poderiam ser utilizadas através de planos 
de manejo. Em 1989, a ordem de serviço 001-89IIBAMA DIREN 
definiu um extensivo protocolo de plano de manejo, in- cluindo 
especificação de técnicas de extração para diminuir os danos à 
floresta, estimativas do volume a ser explorado, trata- mentos 
silviculturais e métodos de monitoramento do desenvol- vimento 
da floresta após a exploração. O ciclo de corte mínimo foi fixado, na 
época, em 30 anos. 
Em resumo, o manejo florestal é um conjunto de técnicas 
empregadas para colher cuidadosamente parte dasárvores 
grandes de tal maneira que as menores, a serem colhidas futura- 
mente, serão protegidas. Com a atuação do manejo a produção de 
madeira pode ser contínua ao longo dos anos. 
 
Por que manejar florestas? 
As principais razões para manejar a floresta são: 
- Continuidade da produção a adoção do manejo garante a 
produção continuidade da produção, a adoção do manejo garan- te a 
produção de madeira na área indefinidamente, e requer a metade 
do tempo necessário na exploração não manejada. 
- Rentabilidade, os benefícios econômicos do manejo supe- 
ram os custos, tais benefícios decorrem do aumento da produ- 
tividade do trabalho e da redução dos desperdícios de madeira. 
- Segurança de trabalho: as técnicas de manejo diminuem 
drasticamente os riscos de acidentes de trabalho. No projeto pi- 
loto de manejo florestal (ímazon/ WWF), os riscos de acidentes 
durante o corte na operação manejada foram 17 vezes menores se 
comparado às situações de perigo na exploração predatória. 
- Respeito à lei, manejo florestal é obrigatório por lei, as empre- sas 
que não fazem manejo estão sujeitas a diversas penas. embora, a ação 
fiscalizadora tenha sido pouca efetiva até o momento, é cer- to que essa 
situação vai mudar, recentemente, tem aumentado as pressões da 
sociedade para que as leis ambientais e florestais sejam cumpridas. 
Oportunidades de mercado, as empresas que adotam um bom manejo 
são fortes candidatas a obter um selo verde como a certificação é uma 
exigência cada vez maior dos compradores de madeira, especialmente 
na Europa e nos estados unidos, as empre- sas que tiverem um selo 
verde, provando a autenticidade da origem manejada de sua madeira, 
poderão ter maiores facilidades de co- mercialização no marcado 
internacional. 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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- Conservação florestal: o manejo da floresta garante a co- 
bertura florestal da área, retém a maior parte da diversidade ve- getal 
original e pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se 
comparados à exploração não manejada. 
- Serviços ambientais: as florestas manejadas prestam servi- ços 
para o equilíbrio do clima regional e global, especialmente pela 
manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono. 
 
Projeto de manejo 
A utilização dos recursos florestais brasileiros em uma histó- rica 
perspectiva precisa de análise para um programa de manejo florestal 
sustentado. Esses recursos fazem uma contribuição vi- tal para 
proteção de mananciais, vida silvestre, e diversidades biológicas, 
geração de empregos recursos e receita através da exploração 
florestal e indústria e suporte as comunidades rurais como fonte de 
alimento, combustível e medicamento para mui- tos, incluindo as 
regiões mais pobres. 
Um entendimento dos complexos requisitos ecológicos e inter-
relações existentes no ecossistema florestal, assim como próprio 
manejo. De acordo com a proposta metodológica da FAO para manejo 
florestal sustentado em países das Américas cen- tral e América do 
Sul, disponibilidade e exatidão de informação sobre recursos 
florestais e sua utilização é a precondição para um manejo florestal 
sustentado, baseado em uma legislação flo- restal balanceada 
economicamente, ambientalmente e social- mente, usando esta 
metodologia como guia e o conhecimento histórico do serviço 
florestal americano, USDA Forest Service, em critérios e indicadores 
para um manejo florestal sustentado, este projeto tem dois resultados 
a serem alcançados: Aprimorar os atuais critérios e indicadores de 
sustentabilidade (CIS) para o manejo florestal no Brasil; Apresentar 
uma análise do setor florestal, com os tipos de trocas e ajustes 
necessários para o ma- nejo florestal sustentado. 
Aprimorando os critérios indicadores de sustentabilidade (CIS) 
para o manejo florestal no Brasil ajudaremos a implemen- tar os 
princípios florestais na Conferência sobre desenvolvimen- to e meio 
ambiente nas Nações Unidas (UNCED) e da agenda 21, e é também 
importante para a convenção sobre biodiversidade das Nações 
Unidas, mudanças climáticas e desertificação. 
Analisando e atualizando os critérios e indicadores de sus- 
tentabilidade teremos transparente as necessidades para novas 
pesquisas, ações na tecnologia e aumento da capacidade de medir 
e entender indicadores manejo florestal e sustentável. Legislação 
florestal, estatística florestal, serviços florestais, isso na terra, 
modelos florestais, marketing de produtos florestais, produtos não 
madeireiros, instituições não florestais, dados so- cioeconômicos, 
árvores em áreas não florestais, florestas com interface urbana, e 
energia da madeira serão analisados em sete propostas de critério e 49 
indicadores de manejo florestal sus- tentável. 
 
Biodiversidade da Amazônia 
Em nenhum lugar do mundo existem mais espécies de ani- mais 
e de plantas do que na Amazônia. Entretanto, apesar da Amazônia 
ser a região de maior biodiversidade do planeta, ape- nas uma fração 
dessa biodiversidade é conhecida. 
A riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 
espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000 
espécies de árvores, variando entre 40 e 300 espécies diferentes por 
hectare. Os artrópodos (insetos, aranhas, escor- piões, lacraias e 
centopéias, etc.) constituem a maior parte das espécies de animais 
existentes no planeta. Na Amazônia, ape- 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
16 
 
 
sar de dominar a Floresta Amazônica em termos de número de 
espécies, estima-se que mais de 70% das espécies amazônicas ainda 
não possuem nomes científicos. 
Atualmente são conhecidas 7.500 espécies de borboletas no 
mundo, sendo 1.800 na Amazônia. Para as formigas, que con- 
tribuem com quase um terço da biomassa animal das copas de 
árvores na Floresta Amazônica, a estimativa é de mais de 3.000 
espécies. 
Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encon- 
trado para a Amazônia brasileira. Esta cifra equivale a aproxima- 
damente 4% das 4.000 espécies que se pressupõe existirem no 
mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número total de 
espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo pró- 
ximo de 240 espécies o número de espécies identificadas para a 
Amazônia brasileira, muitas das quais restritas à Amazônia ou a parte 
dela. Mais da metade dessas espécies são de cobras, e o segundo 
maior grupo é o dos lagartos. 
As aves constituem um número de espécies estimado em 
9.700 no mundo. Na Amazônia, há mais de 1000 espécies, das quais 
283 possuem distribuição restrita ou são muito raras. A Amazônia 
é a terra dos grandes Cracidae (mutuns), Tinamidae (inhambus), 
Psittacidae (araras, papagaios, periquitos), Ram- phastidae (tucanos 
e araçaris) e muitos Passeriformes como por exemplo, os 
Formicariidae, Pipridae e Cotingidae. Na Amazô- nia, são 
registradas atualmente 311 espécies de mamíferos. Os quirópteros 
e os roedores são os grupos com maior número de espécies. 
 
Ameaças à Biodiversidade da Amazônia 
Apesar de sua grande diversidade, a Amazônia está sendo 
empobrecida pelo avanço do desmatamento que inviabiliza a 
continuidade da existência de populações de diversas espécies, 
inclusive várias de interesse comercial. Outra grande ameaça à 
biodiversidade, que também decorre do desmatamento, é o con- 
junto de mudanças ambientais globais que alteram ciclos natu- rais 
e põem em risco muitas espécies naturais e à saúde do ser humano. 
Segundo levantamento da organização não governamental 
WWF, com base em dados da ONU, mostra que a média de des- 
matamento na Amazônia brasileira é a maior do mundo, sen- do 
30% mais intensa que na Indonésia, a segunda colocada no 
ranking. 
Na Amazônia a eliminação de florestas cresceu exponen- 
cialmente durante as décadas de 70 e 80 e continua em taxas 
alarmantes. A mudança no uso do solo tem mostrado afetar a 
hidrologia regional, o ciclo global do carbono, as taxas de eva- 
potranspiração, a perda de biodiversidade,a probabilidade de 
fogo e uma possível redução regional na quantidade de chuvas. Os 
dados oficiais, elaborados pelo INPE sobre o desmatamento, 
mostram que já foram eliminados cerca de 570 mil quilômetros de 
florestas na região. 
Entretanto, a situação pode ser ainda mais grave, pois se- 
gundo levantamentos oficiais, identificam apenas áreas onde a 
floresta foi completamente retirada por meio de práticas conhe- 
cidas por corte raso, e não aquelas por atividades de madeireiras e 
queimadas, na qual não são contabilizadas. 
 
Um espaço de conflitos 
A construção de grandes rodovias, os projetos de minera- ção 
a expansão da agropecuária na região norte têm sido rea- lizados 
à custa de muitas lutas, perseguições e mortes de bran- cos e 
indígenas. O número dos sem-terra na região é grande e 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
17 
 
 
tem aumentado ainda mais nos últimos anos. São seringueiros, 
castanheiros, lavradores, peões de fazendas de pecuária, e mi- grantes 
de outras regiões brasileiras que se instalaram em áreas desocupadas, 
aparentemente sem dono, para morar e produzir. Essa ocupação gera 
uma serie de conflitos, como se verifica no sul e sudeste do Pará. 
Esses conflitos ocorreram principalmente nas áreas em que há um 
grande avanço da pecuária e da mineração, que não dei- xam espaço 
para pequenas propriedades. 
Também os indígenas da região sofrem com a expansão 
agropastoril e mineradora. Embora o Brasil tenha terras indíge- nas 
delimitadas nas chamadas reservas, que são protegidas por lei, essas 
terras muitas vezes são invadidas. 
Como vimos, o Norte constitui a última fronteira de expan- são 
econômica do país, e por isso ainda verificam aí muitos con- flitos. Nos 
últimos anos porem tem-se ampliado na região os mecanismos de 
organização de diversas categorias sociais, como seringueiros, 
produtores rurais e indígenas. É preciso reconhe- cer que essas 
iniciativas tem sido respostas, a forte intervenção do estado que 
marcou e ainda marca a organização desse espaço regional. 
 
A agricultura 
Uma das mais tradicionais culturas da região é a da pimenta do 
reino introduzida pelos imigrantes japoneses. Eles se instala- ram na 
década de 1930 na região de Bragantina, entre Belém e Bragança 
(Pará). A produção é voltada para os mercados nacio- nal e 
internacional. 
Outra cultura introduzida pelos japoneses foi a juta, planta- da 
nas várzeas e que teve seu momento de auge assim como a borracha 
mais tarde. 
O Norte também produz malva, planta fornecedora de fibra para 
a indústria. Além desses cultivos destinados a industrias a região 
norte produz várias culturas alimentares, o arroz, o milho 
, o feijão, a soja e etc. 
 
Pecuária 
Até a década de 1970, a criação de gado bovino –leiteiro e de 
corte- para consumo regional desenvolveu-se em poucas áreas de 
pastagem naturais, formadas pelos cerrados e campos. Porem pouco 
tempo depois começaram a se instalar na região poderosas 
empresas agropecuárias, que substituíram grandes trechos de 
floresta por pastos cultivados. 
A pecuária dessas novas áreas é extensiva e destinada ao corte. 
O gado e criado solto nos pastos, a atividade apresentou grande 
crescimento, passando de pouco mais de 1,7 milhões de cabeças em 
1970 para 24 milhões em 2000. Destaque para a criação de búfalos 
em Marajó 60% do total nacional. 
 
A extração mineral 
MINA DE CASSITERITA: Existente no mundo de presidente 
Figueiredo, tem sua exploração controlada hoje por um fundo de 
pensão de empresas estatais. É um minério cujo preço é de- finido 
pelas bolsas mundiais de mercadorias, e, ressalta-se, tem caído muito 
nos últimos anos, é usada para a fabricação de ligas metálicas. 
OURO: Disputado por garimpeiros e empresas, as ocorrên- cias 
desde minério no estado do amazonas são nos municípios do alto rio 
negro, Maués e residualmente em Humaitá. Em 1997, no rio Bóia, 
afluente do rio Jutaí, no alto Solimões, a política federal expulsou 
um grupo de 300 garimpeiros, do mesmo modo que esta atividade já 
foi reprimida em santa Isabel do rio negro. 
SAL-GAMA: há uma jazida de aproximadamente 560 milhões de 
toneladas de nova Olinda do norte usado para produção de 
fertilizantes. Porém a facilidade de exploração noutros lugares não 
estimula a exploração desta jazida. 
NIÓBIO: A maior jazida deste produto encontra-se no muni- cípio 
de são Gabriel da cachoeira, está estimulada em 28 milhões de 
toneladas 
 
Zona Franca de Manaus 
É uma área empresarial destinada à atração de investimen- tos e 
instalação de empresas, sobretudo aquelas pertencentes ao ramo 
industrial. 
 
 
Logomarca da Zona Franca de Manaus. 
Os bens produzidos em sua área possuem esse selo 
 
Seu objetivo principal é atrair empresas e promover uma maior 
ocupação e integração territorial com a região Norte do país. 
Atualmente, existem mais de 500 empresas instaladas em seus 
domínios. 
Oficialmente, no Decreto de Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 
1967, a Zona Franca de Manaus é: “uma área de livre comér- cio de 
importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, 
estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um 
centro industrial, comercial e agropecuário dotado de con- dições 
econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores 
locais e da grande distância, a que se encontram, os centros 
consumidores de seus produtos”. 
Portanto, apenas na definição oficial, já identificamos algu- mas 
características básicas da Zona Franca de Manaus, a saber: 
a) a existência de incentivos fiscais especiais, ou seja, a con- cessão 
de isenção de impostos e outros benefícios para as em- presas e 
indústrias que se instalarem nessa região; 
b) o objetivo de industrializar e desenvolver comercial e eco- 
nomicamente a região da Amazônia em seu interior, tendo em vista 
a dificuldade de obtenção de produtos de outras localida- des em 
face das grandes distâncias e dificuldades no transporte; 
c) o desenvolvimento dos setores industrial, comercial e 
agropecuário, o que significa um maior incentivo ao processo de 
ocupação da Amazônia e interiorização do território; 
 
Os incentivos fiscais especiais acima citados tinham previsão de 
duração apenas até o ano de 1997. Porém, temendo a fuga de 
empresas da região, o governo brasileiro prorrogou por várias vezes o 
seu encerramento, primeiramente para o ano de 2013, depois para 
2023 e, por último, para 2073. 
A construção da Zona Franca de Manaus ocorreu justamente no 
período de maior crescimento do processo de industrializa- ção do 
Brasil. Mesmo assim, esse fato é visto como uma espécie de “ponto 
fora da curva” da industrialização brasileira, haja vis- ta que a maior 
parte das empresas, investimentos e instalações concentrou-se na 
região Sudeste do país. 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
18 
 
 
Os principais produtos industriais fabricados na Zona Franca de 
Manaus são: TVs, celulares, veículos, aparelhos de som e de vídeo, 
aparelhos de ar-condicionado, bicicletas, microcomputa- dores e 
chips, aparelhos transmissores/receptores, entre outros. A existência 
da Zona Franca de Manaus e de outros polos industriais e 
empresariais pelo país está inserida no contexto dos Fatores 
Locacionais da Indústria, que incluem uma série de ele- mentos 
básicos para atrair empresas para uma região a fim de se 
gerar empregos e movimentar a economia. 
 
 
 
A questão indígena 
Dos cerca de 900 mil índios que habitam o território brasi- leiro, 
mais da metade vive na região Norte brasileira. As várias tribos e 
comunidades indígenas sofreram grande dizimação ao longo do 
processo de ocupação da região, fato que só foi reverti- do com a 
demarcação de terras e a criação de áreas de preserva- ção. Hoje as 
populações indígenas voltaram a crescer e aumen- tar 
numericamente. 
Na década de 70, a região amazônica passou a ser alvo das 
políticas de integração territorial do governo federal. As chama- das 
rodoviasde integração nacional, como a Transamazônica, a Perimetral 
Norte, a Cuiabá-Santarém e a Manaus-Boa Vista atra- vessariam a 
região em várias direções, cortando e facilitando o acesso às terras 
amazônicas, expondo muito as áreas das aldeias indígenas. 
Em razão de suas terras serem ocupadas por madeireiras, 
mineradoras, construção de hidrelétricas, garimpos, entre ou- tros, 
as comunidades nativas acabaram ficando sem condições de 
sobreviver, muitas desapareceram e outras foram totalmente 
incorporadas como mão de obra barata ou migraram para as ci- 
dades. A entrada de técnicas mais avançadas de exploração dos 
recursos naturais na Amazônia trouxe muitos prejuízos para a vida 
indígena que, em muitos casos, se vê envolvida neste pro- cesso. 
Portanto, a demarcação das terras indígenas é uma forma de 
preservar e garantir a sobrevivência dos índios e seus descen- dentes; 
mas muitos setores da sociedade interessados na explo- ração 
destas terras são contrários e frequentemente entram em conflito 
com os grupos nativos. 
 
Como o desmatamento contribui para as mudanças climá- 
ticas?2 
Quando ocorrem mudanças no uso do solo, ou seja, uma flo- resta 
é derrubada e queimada, dando lugar ao estabelecimento de 
pastagem, agricultura ou outra forma de uso da terra, ocorre a 
liberação de uma grande quantidade de carbono na forma de 
CO2 para a atmosfera contribuindo, assim, para o aquecimento 
global. Estima-se que 1,6 bilhões de toneladas de carbono foram 
emitidas para a atmosfera por ano devido às mudanças no uso 
do solo durante a década de 1990. 
 
 
 
2 Disponível em https://ipam.org.br/entenda/como-o-desmata- 
mento-contribui-para-as-mudancas-climaticas/ Acesso em 12.12.2021 
Nos últimos 300 anos, cerca de 10 milhões de km2 de flores- tas 
deram lugar a outro tipo de uso da terra. Nas regiões tropi- cais, a 
retirada da cobertura florestal poderá causar alterações no balanço 
hídrico, tornando o clima mais seco e quente. A taxa de 
evapotranspiração da floresta é muito maior do que qualquer cultivo 
ou pastagem, e com a mudança no uso do solo, o fluxo de vapor de 
água para a atmosfera diminui sensivelmente, alte- rando o ciclo 
hidrológico. Na Amazônia, por exemplo, estudos preveem que a 
temperatura poderá subir de 5 a 8ºC até 2100 e a redução no volume 
de chuva pode chegar a 20%. 
O desmatamento, a exploração madeireira e os incêndios 
florestais associados aos eventos de El Niño cada vez mais fre- 
quentes e intensos, poderão aumentar significantemente as 
emissões de carbono oriundas de mudanças no uso do solo. 
O ciclo vicioso de empobrecimento da paisagem amazônica à 
medida que a floresta vai se tornando cada vez mais inflamável. O ciclo 
se inicia com o desmatamento e/ou exploração madeireira que 
diminuem a quantidade de água que a vegetação libera para a atmosfera 
(evapotranspiração) e, consequentemente, reduz o volu- me das chuvas. 
Com menos chuvas, há maior possibilidade de ocor- rência de incêndios 
florestais que, por sua vez, provocam a mortali- dade de árvores. Além 
disso, a fumaça produzida pelas queimadas (em campos agrícolas e 
pastagens) e pelos incêndios florestais interfere nos mecanismos de 
formação das nuvens, dificultando a precipitação. Todos estes fatores 
podem ser ainda potencializados pelo aquecimento global que, por sua 
vez, pode tornar cada vez mais intensos e frequentes os fenômenos de El 
Niño, ameaçando ainda mais a valiosa biodiversidade da floresta 
amazônica. 
 
Todo ano tem fogo na Amazônia por causa da estação seca?3 
Infelizmente sim, mas por um único motivo: alguém acende um 
fósforo. A floresta amazônica é um ambiente úmido, e o fogo natural 
acontece raríssimas vezes no bioma, a cada 500 anos ou mais. Mesmo 
na estação seca, quando há condições ambientais e material 
combustível mais favoráveis, a umidade presente na região não 
permitiria tantos focos de calor se não houvesse a ação humana 
como fonte de ignição constante. 
O fogo na Amazônia é resultado de três fatores, o que cha- 
mamos de “triângulo do fogo”: 
1. Condições ambientais: no “verão amazônico”, entre maio e 
outubro, quando está mais seco; 
2. Material combustível: vegetação seca em abundância, que 
podem ser folhas e galhos caídos da copa das árvores e até árvores 
derrubadas; 
3. Ignição: a fonte do fogo. 
 
Existem três tipos de fogo na Amazônia: 
1. Fogo de manejo agropecuário: empregado por produtores 
rurais grandes, médios e pequenos, inclusive por populações tradi- 
cionais, para limpar o terreno de pragas e renovar o solo. Acontece 
principalmente em áreas de pastagem e é sempre intencional; 
2. Fogo de desmatamento recente: queimar a vegetação der- 
rubada é mais barato do que retirá-la com tratores; além disso, as 
cinzas ajudam a nutrir o solo amazônico para o plantio de pasto, 
por exemplo. É sempre intencional; 
3. Incêndios florestais: é o fogo que pega a floresta viva, 
espalhando-se rapidamente pelas folhas secas depositadas no solo. 
Pode ser acidental, quando escapa de uma queimada pró- xima, ou 
intencional, quando colocado propositalmente com a intenção de 
degradar a floresta. 
QUESTÕES ATUAIS: A QUESTÃO INDÍGENA: INVASÃO, 
DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. A QUESTÃO 
ECOLÓGICA: DESMATAMENTO, QUEIMADAS, POLUI- ÇÃO DAS 
VIAS HÍDRICAS, ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
19 
 
 
3 Disponível em https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/tudo-o- 
-que-voce-queria-saber-sobre-fogo-na-amazonia-mas-nao-sabia-para- 
-quem-perguntar/ Acesso em 12.12.2021 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
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Poluição 
A poluição de rios de pequeno e médio porte passam a exi- bir 
trechos com alterações expressivas. A poluição nos rios desta bacia é 
uma realidade em muitos pontos. O carbono e outros nutrientes 
como, nitrogênio e fósforo, atingem os rios carreados pela água da 
chuva não absorvida pelo solo. Em altas concentra- ções estes 
compostos acabam poluindo os rios por longas dis- tâncias. A 
poluição dos rios da bacia do Ji-Paraná, localizada no estado de 
Rondônia são do mesmo escopo de poluição dos rios Atibaia, 
afluente do Piracicaba, no estado de São Paulo. 
Na Amazônia brasileira, a exploração de petróleo é relativa- mente 
recente, mas alguns derramamentos já aconteceram nos rios do 
entorno das áreas de exploração. Um poliduto de Urucú para Coari 
foi completado em 1998. Com isto, o petróleo, trazi- do de Coari para 
Manaus atravessa o rio de barcaça. Em 1999, um oleoduto quebrou 
entre o porto e a refinaria em Manaus, o que resultou em um 
derramamento de petróleo no igarapé de Cururú em 2001. 
Vazamentos de petróleo das barcaças entre Coarí e Manaus e dos 
transportes fluviais em geral, têm causado uma sucessão de pequenos 
eventos de poluição de óleo. A po- luição por óleo seria especialmente 
danosa se afetar as florestas de várzea, onde muitas espécies de peixe 
da região procriam. 
Os solos amazônicos contêm altas concentrações de mercú- rio 
oriundo de fontes naturais. Os solos da Amazônia são antigos, tem 
milhões de anos de idade e têm acumulado mercúrio de for- ma 
gradual por meio de deposição da chuva de poeira oriunda de 
erupções vulcânicas e de outras fontes ao redor do mundo. 
 
Desmatamento 
O desmatamento da Amazônia não é uma prática atual. O 
bioma, que ocupa cerca de 49,29% (4.196.943 milhões de km2) do 
território brasileiro nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, 
Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins, mantinha-
se preservado até a década de 1970, mas passou a so- frer com a retirada 
da cobertura vegetal a partir desse período. 
Um dos contribuintes foi a construção da Rodovia Transa- 
mazônica (BR-230) entre 1969 e 1974. Ao longo dos anos, essa prática 
apresentou períodos de declínio e de aumento, o que tem gerado 
inúmeros debates entre o governo federal, diversas instituições e 
ambientalistas. Sabemos que o bioma Amazônia exerce influência no 
equilíbrio ambiental do mundo todo e suapreservação é 
indiscutivelmente essencial para que esse equilí- brio seja mantido. 
 
Desmatamento nos últimos 30 anos 
A construção da Rodovia Transamazônica, que corta o Brasil na 
direção Leste-Oeste com o objetivo de ligar a Região Norte do Brasil às 
demais regiões, deu início ao desmatamento na Ama- zônia. Essa 
construção de grandes proporções atraiu um grande contingente 
populacional para a área (que antes estava limitada às regiões 
litorâneas e ribeirinhas) e foi então que o desmata- mento passou a 
desenvolver-se, especialmente às margens da rodovia, cujas áreas 
foram desapropriadas para atender às prá- ticas agrícolas, bem como 
aos projetos de colonização da região. Segundo o Instituto Nacional de 
Pesquisas Espaciais (Inpe), criado na década de 1970 a fim de fazer 
levantamentos quan- to ao desmatamento da Amazônia, o governo 
federal passou a subsidiar a ocupação de terras na Amazônia a partir 
desse pe- ríodo, explorando economicamente algumas áreas. Antes 
desse momento, especificamente em 1953, o governo preocupou-
se em criar meios para desenvolver a Região Norte econômica e so- 
cialmente, como o conceito de Amazônia Legal, que compreende 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
21 
 
 
a área dos estados que abrangem todo a Amazônia, e a Superin- 
tendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que, por 
meio de incentivos à expansão agrícola, favoreceu o aumento do 
desmatamento. 
Dados apresentados pelo Inpe e pelo Instituto Brasileiro 
para o Desenvolvimento Florestal (IBDF) mostram que foram 
desmatados cerca de 152.200 km2 no ano de 1978, sendo boa 
parte desse desmatamento realizada às margens das rodovias. 
Durante a década de 1980, o desmatamento aumentou para 
377.600km2, o que passou a chamar a atenção do governo, bem 
como de ambientalistas preocupados com a preservação do bio- ma, 
dada a sua importância mundial. Devido a esse aumento, o governo 
federal solicitou ao Inpe, em 1988, o desenvolvimento de um 
sistema que pudesse monitorar o desmatamento do bio- ma. 
Criou-se então o Projeto de Monitoramento do Desmata- mento 
da Amazônia Legal por Satélite (Prodes). 
É importante dizer que há uma linha tênue entre a dinâmica 
econômica e as taxas de desmatamento, visto que, quando a 
economia vai bem, aumenta-se a procura por terras para 
desenvolvimento de atividades econômicas. Posto isso, de 
acordo com pesquisadores do Inpe, em 1988 e 1991, as taxas de 
desmatamento apresentaram uma queda, caindo para 13.730 
km2. Esses pesquisadores acreditam que essa queda está 
relacionada com o período de recessão econômica vivenciado no 
país durante esses anos. 
Assim que a economia se recuperou, por meio do Plano Real, 
em 1995, as taxas de desmatamento apresentaram um au- mento 
significativo, subindo para cerca de 29.059 km2 de área devastada. 
Entre 1996 e 2000, as taxas de desmatamento apre- sentaram 
oscilações, com períodos de diminuição mediante a queda na 
inflação. Essas taxas mantinham-se entre 17.000 km2 e 18.000 km2. 
No ano de 2004, o governo federal criou o Plano de Ação para 
Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal 
(PPCDAm), visando reduzir o desmatamento na Amazônia e bus- car 
uma maneira de desenvolver a região de forma sustentável. Nesse 
período, criou-se também o DETER, um sistema de alerta e controle 
do desmatamento, feito pelo Inpe. A partir de então houve uma 
significativa redução das taxas de desmatamento, passando para 
aproximadamente 7.989 km2, segundo o Minis- tério do Meio 
Ambiente, uma redução de 10% em 10 anos. 
Essa redução perdurou entre os anos de 2008 a 2015, fican- do 
entre 7.989km2 e 6.207km2. Inclusive, 2012 foi o ano que 
registrou o menor índice de desmatamento desde 1988. Foram 
desmatados cerca de 4.571 km2, de acordo com o Prodes. Nesse 
período também foram criadas diversas unidades de conserva- ção. 
O PPCDAm apresentou uma meta de redução do desmata- 
mento de 80% até 2020. Contudo, essa meta deixou de ser pos- sível 
a partir de 2016, quando as taxas tornaram a aumentar. Nesse 
ano foram desmatados cerca de 6.947km2, aumentando para 
7.900km2 entre os anos de 2017 e 2018, um aumento de 13,7% 
de áreas devastadas. Os estados com os maiores índices de 
desmatamento são Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. 
Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Oklahoma pela 
revista científica Nature Sustainability, a Amazônia, no Bra- sil, já 
perdeu cerca de 400 mil km2 de floresta entre 2000 e 2017, o que 
não cessou em 2019, visto que o desmatamento atingiu níveis 
alarmantes. O Inpe divulgou dados que indicam aumento de 278% 
com relação ao período entre 2017 e 2018. Apenas no mês de julho 
de 2019 foram devastados cerca de 2.254,9 km2. 
Nesse mesmo mês, em 2018, foram devastados 596,6 km2. 
GEOGRAFIA DO AMAZONAS 
22 
 
 
Além disso, em 2019, foi constatado também na Amazô- nia 
um aumento expressivo do número de queimadas, número esse que 
havia caído na última década, chamando a atenção do mundo todo 
para o Brasil. Até agosto de 2019, foram registrados mais de 72 mil 
focos de incêndio, 83% de aumento com base nos incêndios 
registrados em 2018. 
Segundo Douglas Morton, chefe do Laboratório de Ciências 
Biosféricas da Nasa, a situação é preocupante, visto que as quei- madas 
geraram uma coluna de fumaça que se deslocou pelos estados do 
Brasil e também por alguns países da América do Sul. Morton associa as 
queimadas à prática do desmatamento, visto que a derrubada de 
árvores desenvolve um ambiente propício para o fogo devido à 
presença de madeira seca. 
Muitos ambientalistas e até mesmo os órgãos responsáveis pelo 
monitoramento do desmatamento na Amazônia têm ques- tionado 
algumas decisões do governo com relação à contenção da devastação 
do bioma, bem como à fiscalização de queimadas. Algumas medidas 
tomadas pelo governo federal diminuíram o poder de órgãos, como 
o Ibama, no que tange às políticas de controle ambiental, o que 
pode ter contribuído para o aumento do desmatamento e também 
das queimadas. 
Segundo a Nasa, incêndios são raros na maior parte do ano na 
região da Amazônia, visto que as características climáticas, como a 
grande umidade, impedem que o fogo se inicie ou se espalhe. 
Portanto, as queimadas estão associadas não só às questões 
naturais, mas também às atividades humanas, como a manutenção 
das terras cultiváveis ou expansão das pastagens. De acordo com o 
Ibama, em 2019 foram aplicadas menos multas a infratores 
ambientais do que em 2018. A redução da fiscalização foi 
acompanhada pelo aumento do desmatamento e dos incêndios. Essa 
decisão do governo de neutralizar o papel do Ibama mediante o 
Decreto 9.760, que instituiu o chamado Núcleo de Conciliação 
Ambiental — cujo papel será de analisar, mudar o valor ou anular a 
multa aplicada pelo órgão —, vem associada ao discurso de que as 
fiscalizações provocam impacto negativo nas atividades do campo. 
Todo esse cenário tem pro- vocado um imenso desconforto, inclusive 
na comunidade inter- nacional, que clama por uma nova postura 
quanto à devastação 
da Amazônia. 
 
Causas 
No início do desmatamento da Amazônia, na década de 1970 até o 
final da década de 1990, as causas estavam associadas aos projetos de 
infraestrutura implantados na região, como a cons- trução de 
rodovias, projetos de colonização de algumas áreas, construção de 
hidrelétricas e também a expansão da mineração. Como já dito, o 
desmatamento nesse período concentrava-se principalmente nas 
áreas próximas às estradas e rodovias, que ficaram conhecidas como 
“arco do desmatamento”, segundo o Inpe. Portanto, o 
desmatamento estava limitado. 
A partir dos anos 2000, mediante uma nova realidade eco- 
nômica, cujas atividades preconizavam o aumento das áreas que as 
viabilizassem, o desmatamento passou a ter como principais 
responsáveis a expansão do agronegócio e o extrativismo vege- tal e 
mineral, muitas vezes praticados de forma

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