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GEOGRAFIA DO AMAZONAS 1. A Organização Do Espaço: A Conquista E A Expansão Da Amazônia Colonial; A Produção Do Espaço Amazônico Atual ................ 01 2. O Espaço Natural: Estrutura Geológica E Características Do Relevo; Ecossistemas Florestais E Não-Florestais; O Clima; A Rede Hidro- gráfica; Aproveitamento Dos Recursos Naturais E Impactos Ambientais ..................................................................................................................... 02 3. Organização Do Espaço Amazonense: Posição Geográfica; Mesorregiões E Microrregiões; O Processo De Ocupação: Aspectos Geopo- líticos E Planos De Desenvolvimento Regional ............................................................................................................................................................................. 04 4. Aspectos Socioeconômicos: Ciclos Econômicos E Crescimento Da População; Dinâmica Dos Fluxos Migratórios E Problemas Sociais; O Extrativismo Florestal (Importância Da Biodiversidade; Biodiversidade E Manipulação Genética Para Fins Comerciais; Ecoturismo); Extrati- vismo Mineral; Concentração Fundiária E Conflitos Pela Terra; O Processo De Urbanização E Redes Urbanas; Fontes De Energia: Potencial Hidrelétrico, Hidrelétricas E Meio-Ambiente; A Produção De Gás; Transportes: A Malha Viária, Importância Do Transporte Fluvial. A Zona Franca De Manaus .......................................................... 06 5. Questões Atuais: A Questão Indígena: Invasão, Demarcação Das Terras Indígenas. A Questão Ecológica: Desmatamento, Queimadas, Poluição Das Vias Hídricas, Alterações Climáticas .............................................................................................................................................................................................. 11 GEOGRAFIA DO AMAZONAS 1 A Amazônia é o maior bioma do Brasil e abriga a maior flo- resta tropical do mundo. Ela ocupa nove países da América do Sul, como Bolívia, Equador e Peru. Um quinto de água doce que vai para os oceanos do planeta são da Amazônia. Além disso, das 100 mil classes de plantas que existem nos países do sul, 30 mil estão nessa região. O espaço amazônico se encontra hoje bem diferente dos tempos passados. No início durante a ocupação pelos europeus, a Amazônia era um espaço pouco transformado, apresentando uma imensa área natural, utilizada principalmente para as ativi- dades extrativistas, além de algumas áreas que tinham sua ve- getação retirada e substituída por uma pequena lavoura voltada para suas necessidades, denominadas de roça. Nesse tempo os elementos criados pela natureza sofreram poucas modificações, pois a população só utilizava ou extraia da natureza só o que necessitava para a sua subsistência. As gran- des rodovias ainda não existiam. Os rios não apresentavam a po- luição que hoje apresentam, embora já fossem utilizados como via de transporte. Além de servirem como fonte de alimentos. Nas últimas décadas, essa situação vem-se modificando em decorrência de fatores sociais, políticos, econômicos. Isto ocor- re porque o governo vem incentivado grandes investimentos na Amazônia, provocando um intenso e violento processo de ocu- pação e povoamento. Tal processo desencadeou e desencadeia inúmeras consequências negativas para o espaço amazônico. Peguemos como exemplo a mata, que é derrubada desorde- nada e aceleradamente; a implantação de grandes projetos, alta- mente lucrativo para um pequeno grupo de pessoas e empresas, isso sem falar dos processos de grilagem de grandes proprieda- des rurais, promovida pelos grandes latifundiários que esperam a valorização econômica para obterem mais lucros. O bioma enfrenta sérios problemas de degradação devido à exploração ilegal de madeira e avanço da agropecuária. Por isso, com o intuito de elaborar e promover a sustentabilidade – aliado ao desenvolvimento social e econômico das populações amazô- nicas – o governo brasileiro criou o programa Amazônia Legal. Atualmente, nove estados compõem o projeto: Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão. - A Amazônia é considerada a região de maior biodiversida- de do planeta. - O bioma Amazônia não é exclusivo do território brasileiro, abrangendo áreas de outros países. - Compreende o conjunto de ecossistemas que correspon- dem à Floresta Amazônica, maior floresta tropical do mundo, e também a Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do planeta. - A fauna é extremamente rica e conta com mais de 30 mi- lhões de espécies. - A flora da Amazônia é bastante diversificada, constituída por árvores, ervas, arbustos, lianas e trepadeiras. - Cerca de 17% do bioma foi devastado nos últimos 50 anos. Devastação Nas últimas décadas, a Amazônia tem sofrido um aumen- to no desmatamento de suas áreas. De acordo com uma pes- quisa realizada pelo norte-americano Thomas Lovejoy (profes- A ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO: A CONQUISTA E A EX- PANSÃO DA AMAZÔNIA COLONIAL; A PRODUÇÃO DO ESPAÇO AMAZÔNICO ATUAL GEOGRAFIA DO AMAZONAS 2 sor da George Mason University) e pelo brasileiro Carlos Nobre (coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas), o bioma Amazônia pode sofrer perdas irreversíveis devido ao desmatamento. O qual, segundo os pes- quisadores, já chegou a 17% nos últimos 50 anos, sendo que o limite seria 20%, para que não houvesse consequências irrever- síveis para o clima e o ciclo hidrológico. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Ama- zônia (Imazon), o desmatamento no bioma aumentou cerca de 40% entre os anos de 2017 e 2018, perdendo-se quase 4.000 km2 de mata nativa. A ocorrência do desmatamento deu-se, principalmente, em áreas privadas, assentamentos e unidades de conservação Localização do bioma Amazônia, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. (Fonte: IBGE.) O processo de ocupação com intuitos financeiros promoveu – e ainda promove – vários problemas ambientais (desmatamen- to, queimadas, tráfico de espécies animais e vegetais, etc.). Nes- se sentido, acompanhe a ordem cronológica de ocupação e destrui- ção da maior floresta tropical do mundo. 1494: A assinatura do Tratado de Tordesilhas entre Portugal e Espanha concedeu aos espanhóis o direito de domínio da porção oeste da América do Sul, onde está localizada a floresta Amazônica. 1540: Apesar do domínio espanhol na região, os portugue- ses ocuparam a Amazônia e impediram a invasão de ingleses, franceses e holandeses na floresta. 1637: Os portugueses realizaram a primeira grande expedi- ção pela Amazônia, sendo composta por mais de 2 mil pessoas. Durante essa jornada, ocorreu a exploração de frutos como o cacau e a castanha. 1750: Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, cujo conteúdo proporcionava o direito de domínio da floresta Amazônica àquele que realizasse a ocupação e exploração da mata. Nesse sentido, os portugueses conquistaram o direito de domínio na Amazônia. Fim do século XIX: Esse período foi marcado pela exploração da borracha. Essa atividade tornou-se bastante expressiva para a economia local, visto que as fábricas inglesas importavam a matéria-prima em grandes quantidades. Estima-se que entre as décadas de 1870 e 1900, cerca de 300 mil nordestinos migraram para a região. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 3 1960: Temendo uma possível internacionalização da flores- ta, os militares promoveram diversas obras de infraestrutura para integrar a Amazônia ao restante do país, a principal delas foi a Transamazônica. A ordem era “Integrar para não Entregar”. 1970: As diversas políticas públicas de ocupação da porção oeste do território brasileiro refletiram diretamente no aumento do contingentepopulacional da região e, em 1970, a Amazônia atingiu sete milhões de habitantes. Como consequência dessa ocupação sem o devido planejamento, começaram a surgir os primeiros problemas ambientais significativos, sendo que 14 mi- lhões de hectares foram desmatados. 1980: Os desmatamentos intensificaram-se, impulsionados pela venda de madeiras e expansão das atividades agropecuá- rias. Esse fato gerou repercussões internacionais, fortalecendo o discurso de internacionalização da Amazônia, que era erronea- mente considerada o “pulmão do mundo”. Para agravar ainda mais a situação, em 1988, o seringueiro, ativista ambiental e líder sindical dos seringueiros, Chico Mendes, foi assassinado. Nesse mesmo ano, foi introduzido o PRODES (Sistema de Satélite para Monitorar o Desmatamento na Amazônia). 1990; A soja passou a ser cultivada na região, sobretudo por migrantes do Sul e Sudeste do Brasil. A área desmatada atingiu a marca de 41 milhões de hectares. 2000: A pecuária foi introduzida em larga escala – 64 mi- lhões de cabeças de gado. Outro agravante foi a expansão ur- bana e o constante aumento populacional: conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 21 milhões de pessoas residiam na região nesse período. 2005 – 2009: Políticas públicas eficazes de preservação am- biental passaram a ser executadas. Porém, um fato ofuscou a luta pela redução do desmatamento – o assassinato da missio- nária e ambientalista estadunidense Dorothy Stang. Além disso, o desmatamento destruiu 70 milhões de hectares da floresta, no entanto, entre os anos de 2008 e 2009, foi registrado o menor índice de desmatamento na Amazônia em 20 anos, sendo 46% inferior ao realizado entre 2007 e 2008. Aspectos geográficos O relevo do Estado do Amazonas apresenta três patamares de altitude - igapós, várzeas e baixos platôs ou terra firme - de- finidos pelo volume de água dos rios, em função das chuvas. Os igapós são áreas permanentemente inundadas, com vegetação adaptada a permanecer com as raízes sempre debaixo d’água. As várzeas encontram-se em terreno mais elevado e são inundadas apenas na época das cheias dos rios. A seringueira é um exemplo do tipo de árvores existentes nessa área. Os baixos platôs ou terra firme estão localizados nas partes mais elevadas e fora do alcance das cheias dos rios. Na região norte do Estado, encontra- -se o ponto mais alto do território brasileiro, o pico da Neblina, com 3.014 metros de altitude, localizado na serra de Imeri, pró- ximo à Venezuela. A linha do Equador atravessa o Estado, fazen- do predominar o clima equatorial, caracterizado por temperatu- ras médias entre 24º e 26º e chuvas abundantes durante todo o ano. A vegetação típica dessa região é a floresta equatorial. O ESPAÇO NATURAL: ESTRUTURA GEOLÓGICA E CA- RACTERÍSTICAS DO RELEVO; ECOSSISTEMAS FLORES- TAIS E NÃO-FLORESTAIS; O CLIMA; A REDE HIDROGRÁ- FICA; APROVEITAMENTO DOS RECURSOS NATURAIS E IMPACTOS AMBIENTAIS GEOGRAFIA DO AMAZONAS 4 Relevo Na Amazônia são encontradas três principais formas de re- levo: planícies, representadas pelas áreas inundadas pelos rios; planaltos, representados pelas regiões de serras; e depressões, como a região das depressões norte e sul amazônicas. A estrutura geológica da região compreendida pelo bioma é formada pelo Escudo das Guianas. Há presença de bacias sedi- mentares ao longo da região do Rio Amazonas. Escudos crista- linos são encontrados ao norte e ao sul dessas bacias sedimen- tares. Segundo a classificação do Geógrafo Jurandir Ross, o Estado do Amazonas explicita as seguintes variações de relevo: - Depressão da Amazônia Ocidental. - Depressão Marginal Norte-Amazônica. - Depressão Marginal Sul-Amazônica. - Planaltos Residuais Norte-Amazônicos. - Planícies do Rio Amazonas. - Planalto da Amazônia Oriental. Formas de relevo da Amazônia Segundo o dicionário técnico da nova classificação para o Brasil, é possível dividir o relevo amazônico em três principais formas: I. Depressão: Caracteriza-se por ser uma superfície en- tre.100~500m de atitude, com sua inclinação formada por pro- cessos prolongados de erosão. É mais plana do que o planalto. II. Planalto: O termo parece-nos sugestivo, porém nada tem a ver com plano alto. Trata-se de uma superfície irregular com altitude acima de 300m. É o produto da erosão sobre as rochas cristalinas (metamórficas) ou sedimentares. Pode apresentar morros, serras ou elevações íngremes, de topo plano (chapadas). III. Planície: É uma superfície muito plana com o máximo de l00m de altitude, formada pelo acúmulo recente de sedimentos movimentados pelas águas do mar, de rios ou de lagos. Ocupa porção modesta no conjunto do relevo brasileiro. Classificação atual do relevo A recente classificação do pro- fessor Jurandyr Ross resultou de uma pesquisa baseada em le- vantamentos feitos pelo RADAMBRASIL, que fotografou cada pedaço do País com equipamentos especiais de radar – instala- dos em um avião – e imagens de satélites, no período de1970 a 1985. Examinando o mapa da classificação atual, podemos ob- servar que apresenta, conforme ordem crescente de altitude, a seguinte divisão: 1. Planície do rio Amazonas: Compreende uma estreita faixa de terras planas que acompanha principalmente os rios Ama- zonas, Solimões, Purus, Juruá, Javari e Madeira, com altitudes inferiores a 100m e desníveis máximos de 60m. Foi o que restou daquela que se considerava uma planície gigantesca, reduzida cerca de vinte vezes do tamanho que se imaginava. 2. Depressão da Amazônia Ocidental: É a mais ampla porção da Região, apresentando altitudes entre 100 a 200m. 3. Depressão Marginal Norte-Amazônica: As altitudes va- riam entre 200 e 300 metros. 4. Depressão Marginal Sul-Amazônica: Também apresenta uma variação de 200 a 300 metros de altitude. 5. Planalto da Amazônia oriental: Recoberto por mata densa e com altitude entre 400 e 500 metros, abrange terras que vão de Manaus até o Oceano Atlântico. 6. Planaltos residuais Norte-Amazônicos: Possui as maio- res altitudes da região, variando entre 800 e 1.200m, e os pon- tos culminantes do relevo brasileiro, que são o Pico da Neblina GEOGRAFIA DO AMAZONAS 5 (3.014m) e o pico 31de março (2.992m), ambos na serra do Ime- ri, fronteira do Amazonas com a Venezuela. Nessas terras altas, as tempestades caem muito à noite, e índice pluviométrico fica acima de 3.000mm por ano, criando uma intensa nebulosidade que dificulta ou impede a obtenção de imagens de satélites ou fotos aéreas. Existem outros picos com menor altitude no extremo-norte dos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, como o Aracá, Rondon, Tunuí, Macaco, entre outros, e as serras Tapirapecó, Traíra, Daraá, do Padre, Curupi- ra, Bela Adormecida, Urucuzeiro, Kaburi, dos Porcos, da Pedra, Unaiuxi e Parima. O perfil topográfico apresentado acima repre- senta um corte transversal de noroeste a sudeste, com cerca de 2.000km de comprimento, que vai das altíssimas serras do norte da Região, na fronteira com a Venezuela, até o norte do Estado de Mato Grosso. Podemos notar claramente as estreitas faixas de planície situadas às margens do rio Amazonas, a partir das quais seguem-se vastas extensões de planaltos e depressões. Ecossistema florestal É uma extensão em que elementos bióticos (seres vivos) e elementos abióticos (clima, solo, água) interagem, com o bióti- po da árvore predominando em seu componente vegetal. Nestas árvores predominam outras formas de vida do ecossistema em densidade, frequência e cobertura. Entre os ecossistemas florestais estão florestas tropicais, florestas sazonais e úmidas. Da mesma forma, os ecossistemas florestais são florestas mediterrâneas, florestas temperadas, flo- restas mistas, florestas de coníferas, além de plantaçõesflores- tais e pomares de frutas. Vegetação A vegetação, de maneira geral, é caracterizada por uma flo- resta densa e pela presença de árvores de grande porte. O bioma possui cerca de 3.650.000 km² de florestas contínuas. De manei- ra específica, a vegetação é classificada em três categorias: - Mata de terra firme: vegetação localizada em regiões de altitudes mais elevadas, essas são, portanto, caracterizadas por não haver inundações e sua vegetação ser sempre seca. Há pre- sença de árvores de grande porte, como castanheira, palmeira e mogno. - Mata de igapó: vegetação localizada em terrenos de me- nores altitudes, estando esses inundados praticamente por todo o tempo. Há presença de vegetação baixa, como musgos e ar- bustos. Nessas matas, é possível encontrar a vitória-régia, planta aquática, símbolo do bioma Amazônia. - Matas de várzea: vegetação localizada em regiões de alti- tudes intermediárias e que são inundadas em uma determinada época do ano. As áreas mais altas permanecem inundadas por menos tempo. Já as áreas menos elevadas permanecem inunda- das por um tempo maior. As espécies encontradas nessas áreas são semelhantes às encontradas nas matas de igapó, apresen- tando, também, árvores de até 40 metros de altura. Na Amazônia, uma pesquisa revelou que o bioma conta com cerca de 14.003 espécies de plantas que se dividem em árvores, ervas, arbustos, lianas e trepadeiras. Desse total, cerca de 76% encontra-se no Brasil. A flora apresenta elevado potencial medi- cinal e econômico. É possível encontrar espécies de bromélias e orquídeas, bem como seringueiras e buritis, entre outras plantas e árvores. Flora e fauna A vegetação típica do Estado é a floresta equatorial, que se divide em três tipos: matas de terra firme, matas de igapó e ma- tas de várzea. Nas matas de terra firme encontram-se as grandes árvores de madeira de lei da Amazônia. Em alguns locais as co- pas das árvores são tão grandes que impedem a passagem de até 95% da luz do sol, tornando o interior da floresta escuro, mal ventilado e úmido. Entre as principais espécies existentes nessa região encontram-se as castanheiras-do- pará, a seringueira, o guaraná e o timbó, árvore utilizada pelos índios para envenenar os peixes. As matas de igapó localizam-se nos terrenos mais baixos, próximos aos rios, mantendo-se permanentemente alagadas. Durante o período de cheia, as águas inundam as margens dos rios, avançam pela floresta e chegam quase a alcançar as co- pas das árvores, formando os “igapós”. Quando esse fenôme- no acontece nos pequenos rios e afluentes, são denominados “igarapés”. As árvores encontradas nesse tipo de matas podem atingir 20 metros de altura, mas é comum encontrar-se árvores de dois a três metros, com ramificação baixa e densa, de difícil penetração. Sua espécie mais famosa é a vitória-régia, conhe- cida como a “rainha dos lagos”. A folha da vitória-régia pode chegar a medir um metro e oitenta centímetros de diâmetro. As bordas de suas folhas são levantadas e espinhosas, para evitar a ação destruidora dos peixes, e as raízes se fixam no fundo da água, formando um bulbo com um cordão fibroso revestido de espinhos. A flor também se abre protegida por espinhos e muda de cor, do branco para o rosa, com o passar do tempo. O bulbo da vitória-régia é muito apreciado pelos índios e as sementes se assemelham às do milho. No período de seca as vitórias-régias desaparecem, voltando suas sementes a germinar na estação das cheias. As matas de várzea localizam-se entre a terra firme e os igapós, variando de acordo com a proximidade dos rios. Nelas podem ser encontradas árvores de grande porte como a serin- gueira, as palmeiras e o jatobá. A Floresta Amazônica concentra grande diversidade de espécies de plantas medicinais, comestí- veis, oleaginosas e colorantes, muitas das quais ainda não foram investigadas em profundidade. Suas propriedades continuam sendo estudadas em laboratórios. Acredita-se que 25% de todas as essências farmacêuticas utilizadas atualmente pela medicina tenham sido extraídas das florestas tropicais. A variedade da flo- ra amazônica tem como seu principal habitat as matas de iga- pó e terra firme. Dentre as espécies mais conhecidas de plantas medicinais extraídas da Amazônia encontram-se o guaraná, que apresenta propriedades vitalizantes, rejuvenescedoras e afrodi- síacas, atuando como tônico do coração e ativando as funções cerebrais e a circulação periférica; a copaíba, que contém um azeite desinflamatório e cicatrizante, utilizada em casos de úl- ceras e faringites; e o urucu, que possui sementes com proprie- dades capazes de aumentar a pigmentação de tecidos adiposos, tornando a pele resistente e com coloração natural. Contém betacaroteno (vitamina A) e pode ser ingerido em cápsulas ou utilizado na culinária, como corante natural. A fauna da região Amazônica também é rica e variada, incluindo felinos, roedores, aves, quelonios e primatas. Algumas espécies encontram-se em perigo de extinção e passam a ser protegidas pelos órgãos espe- cializados do Governo, para terem garantida a sua sobrevivência. Este é o caso do macaco uacari branco e do pequeno sagüi, que apenas podem ser encontrados atualmente nos arredores da ci- dade de Manaus. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 6 Clima O clima predominante no estado é o Equatorial, caracteri- zado pela elevada umidade do ar (80% em média) e pelas altas temperaturas que perduram no ano. Durante o final do outono e o inverno, pode haver a ocorrência de friagens no sul amazo- nense, que corresponde à queda de temperaturas decorrente do avanço de uma frente fria. Os índices pluviométricos registrados para o estado são os maiores do território nacional, com médias entre 1500 mm e 2500 mm anuais, superando os 3500 mm em algumas áreas. Os fatores climáticos mais atuantes e que definem as condi- ções observadas no Amazonas são a baixa latitude e a continen- talidade. A proximidade da floresta densa contribui igualmente para o controle dos elementos do clima local. Rede hidrográfica A bacia Amazônica estende-se por 3.889.489,6 km2, repre- sentando um quinto de toda a reserva de água doce do planeta. Seus rios estão condicionados ao regime das chuvas e se cons- tituem praticamente as únicas vias de transporte dos habitan- tes locais. Existem mais de 20 mil km de vias fluviais navegáveis, ligando comunidades distantes na região. O rio Amazonas é o segundo mais extenso do planeta e o primeiro em volume de água (100.000 m3). Nasce no planalto de La Raya, no Peru, com o nome de Vilcanota, passando a se chamar Solimões quando entra em território brasileiro. A partir da confluência com o rio Negro, nas proximidades da cidade de Manaus, recebe o nome de Amazonas. Dos seus 6.515 km de extensão, 3.600 correm em território brasileiro a uma velocidade de 2,5 km; hora, levando em seu leito toneladas de sedimentos arrancados das margens, o que torna a sua coloração amarelada. Sua largura varia de qua- tro a cinco km, chegando a alcançar 10 km em certos locais. A profundidade média do rio Amazonas chega a quase 100 metros. Entre seus mais de sete mil afluentes, os principais são os rios Madeira (que percorre uma extensão de 3.200 km), o Xingu e o Tapajós, na margem direita; e os rios Negro, Trombetas e Jari, na margem esquerda. Os rios amazônicos diferem quanto à qualidade de suas águas e sua geomorfologia. Os principais rios, baseando-se na coloração de suas águas são: •De água preta: Negro •De água clara: Tapajós •De água barrenta: Solimões e Amazonas Encontro das águas: A aproximadamente 10 km de Manaus, as águas escuras do rio Negro se encontram com as águas bar- rentas do rio Solimões, correndo lado a lado, sem se misturarem, por uma extensão de cerca de seis km, quando passam então a formar o rio Amazonas, até chegar ao oceanoAtlântico. Trata-se de um fenômeno muito apreciado por turistas, que decorre das diferenças de densidade, temperatura e velocidade de ambos os rios. Pororoca: É o fenômeno do encontro das correntes de maré do oceano com a corrente fluvial, que ocorre na foz do rio Ama- zonas, onde as marés se manifestam com grande amplitude e impetuosidade. Anavilhanas: Situado no rio Negro, o arquipélago de Anavi- lhanas é formado por 400 ilhas que abrigam complexo ecossiste- ma da Amazônia. A região está protegida por legislação federal que criou a Estação Ecológica de Anavilhanas, com área de 350 mil hectares. No período das cheias do rio Negro, metade das ilhas ficam submersas e os animais têm que se refugiar nas par- GEOGRAFIA DO AMAZONAS 7 tes mais elevadas. Quando as águas começam a baixar, as ilhas deixam à mostra praias e canais que entrecortam toda a região como uma rede, num percurso de aproximadamente 90 km. A região de Anavilhanas encontra-se próxima ao Parque Nacional de Jaú, a maior reserva florestal da América do Sul, com 2,27 milhões de hectares, também banhada pelo rio Negro. Parques ecológicos: Em todo o Estado do Amazonas existem vários parques nacionais ecológicos, entre os quais se destaca o Parque do Pico da Neblina, que abriga um conjunto de monta- nhas ocupando 2,20 milhões de hectares. Próximo à cidade de Manaus encontra-se o Parque Ecológi- co de Janauary, localizado na região do rio Negro, com área de 9 mil hectares. Possui matas de terra firme, igapós e de várzea, onde os turistas podem passear de canoa, apreciando a vegeta- ção típica dos igarapés. Contém ainda um lago, onde se encontra grande quantidade de vitórias-régias que podem ser admiradas de uma passarela rústica, construída para esse fim. O Parque de Janauary é administrado por um consórcio turístico formado por empresas do setor, com a cessão do Governo do Estado. Turismo ecológico: É o grande atrativo dos roteiros de viagens pela Amazônia, proporcionando ao turista a oportunidade de conhecer e aprender a respeito da floresta tropical e de seus habitantes. Seu objetivo principal é promover a interação do homem com a natureza e a valorização da rica diversidade biológica da região. O turismo ecológico no Estado inclui programas de viagens de barco, pernoites em hotéis de selva e passeios pela floresta. Podem ter a duração de horas ou de dias, em função do interesse e disponibilidade de tempo do visitante. Os programas são sempre realizados na companhia de guias especializados em sobrevivência na selva, que são profis- sionais formados em cursos administrados pelo Exército Brasi- leiro. O desmatamento Um dos problemas ambientais que mais tem chamado aten- ção do mundo é o desmatamento da floresta amazônica, que põe em risco o equilíbrio ecológico de uma região. Desde que a Amazônia passou a ser definitivamente explorada, na década de 1970, já foram desmatados de 12 a 13% de sua área original. Com o desmatamento há uma quebra no equilíbrio ecológico, pois ele afeta a evaporação, dificulta a infiltração da água no solo e diminui o abastecimento dos lençóis de água e dos próprios rios. Além disso compromete a biodiversidade podendo signi- ficar até a eliminação de espécies vegetais desconhecidas. Em uma pequena porção de 300 centímetros cúbicos de floresta po- dem-se encontrar 1500 espécies de animais e vegetais. O Amazonas é um estado brasileiro que integra a região Nor- te, com capital em Manaus. Com área de 1.559.167,878 km², o território amazonense é o mais extenso do Brasil. Uma parcela setentrional do estado se encontra no Hemisfério Norte, sendo cruzado, portanto, pela Linha do Equador. Cinco unidades federativas fazem fronteira com o Amazo- nas, sendo elas: - Roraima, a nordeste; - Pará, a leste; - Mato Grosso, a sudeste; - Rondônia, ao sul; ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO AMAZONENSE: POSIÇÃO GEOGRÁFICA; MESORREGIÕES E MICRORREGIÕES; O PROCESSO DE OCUPAÇÃO: ASPECTOS GEOPOLÍTICOS E PLANOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL GEOGRAFIA DO AMAZONAS 8 - Acre, a sudoeste. As divisas internacionais do estado ficam a oeste, com Peru, e a noroeste, com Colômbia e Venezuela. Fonte: IBGE Divisão geográfica do Amazonas O território amazonense está dividido em regiões geográficas imediatas e regiões geográficas intermediárias, conforme o IBGE. Os 62 municípios que formam o estado estão agrupados em 11 regiões imediatas, as quais formam quatro regiões intermediárias. São elas: Manaus, no norte e centro; Tefé, no oeste; Lábrea, no sul; Parintins, no leste. O Amazonas possui atualmente nove microrregiões que são; REGIÃO DO ALTO SOLIMÕES: Amaturá, Atalaia do norte, Benjamin Constant, Santo Antônio do Iça, São Paulo de Olivença, tabatinga e Tocantins. REGIÃO DO TRIÃNGULO JUTAÍ-SOLIMÕES-JURUÁ: Alvarães, Fonte boa, Japurá, Juruá, Jutaí, Maraã, Tefé e Uarini. REGIÃO DO PURUS: Boca do Acre, Canutama, Lábrea, Pauini, Tapuá. REGIÃO DO JURUÁ CARAURI, XUNA E ITAMARATI: Eirunepé , Envira, Guajará, Ipixuna e Itamarati. REGIÃO DO MADEIRA: Apuí, Borba, Humaitá, Manicora e Novo Aripuanã. REGIÃO DO ALTO RIO NEGRO: Barcelos Santa Isabel do rio negro e São Gabriel da cachoeira. REGIÃO DO RIO NEGRO-SOLIMÕES: Anamã, Anori, Autazes, Beruri, Caapiranga, Careiro-castanho, Careiro da Várzea, Coari, Codajás, Iranduba, Manicoré, Manaquiri, Manaus, Novo Airão, Rio preto da Eva. REGIÃO DO MÉDIO AMAZONAS: Itacoatiara, Itapiranga, Maués, nova Olinda do Norte, Presidente Figueiredo, silves e Ueucuri- tuba. REGIÃO DO BAIXO AMAZONAS: Barreirinha, boa vista do Ramos, Nhamundá, Parintins, são Sebastião do Uatumã e Urucará. As mesorregiões apresentam outra divisão político-administrativa que toma como referência a posição geográfica de cada município, os rios e centros regionais de maior expressão. São as seguintes: Norte amazonense: RIO NEGRO: Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da cachoeira JAPURÁ: Japurá e Maraã. Sudoeste amazonense: ALTO SOLIMÕES: Amaturá, atalaia do norte, Benjamin Constant, fonte boa, Judaí, Santo Antônio do Iça, São Paulo de Olivença, Tabatinga e Tocantins GEOGRAFIA DO AMAZONAS 9 JURUÁ: Canauari, Eurinepé, Envira, Guajará, Ipixuna, Itama- rati e Juruá. Centro amazonense: TEFÉ: Alvarães, Tefé e Uarini. COARI: Anamã, Anori, Beruri, Caapiranga, Coari e Codajás. MANAUS: Autazez, Careiro, Careiro da Várzea, Iranduba, Manacapuru, Manaquiri e Manaus. RIO PRETO: Rio preto da Eva e Presidente Figueiredo. ITACOATIARA: Itacoatiara, Itapiranga, Nova Olinda do Norte, Silves e Urucurituba. PARINTINS: Barreirinha, boa Vista do Ramos, Maués, Nha- mundá, Parintins, São Sebastião do Uatumã e Urucará. Sul amazonense: BOCA DO ACRE: Boca do Acre e Pauini. PURUS: Canutama, Lábrea e Tapua. MADEIRA: Apuí, Borba, Humaitá, Manicoré e Novo Aripuanã. O povoamento Durante mais de cem anos após a chegada dos europeus ao Brasil a Amazônia era conhecida somente através das expedi- ções que eram feitas para aprisionar índios em buscar as drogas do sertão (cacau, canela, baunilha, madeira e etc). Mesmo com toda colonização feita na Amazônia inclusive com o marquês de Pombal, o único objetivo era sempre explorar. A Amazônia também foi palco de inúmeras migrações (japo- neses, europeus, nordestinos, sulistas e etc), que foram determi- nantes no processo de miscigenação amazônico, que deu origem ao povo Amazônia atual. É claro que em meio a esse longo pro- cesso deve ser destacado o Boom das drogas do sertão, da juta, da borracha, da zona franca de Manaus e agora do peixe liso, todos esses momentos foram de suma importância na confecção desta Amazônia que temos hoje. Ocupação e desenvolvimento1 A região amazônica brasileira, após as iniciativas de integra- ção do governo, passou a ter dois tipos de ocupação básica. A da porção oriental que tem de um lado a Rodovia Belém-Brasília como eixo principal e, de outro, a implantaçãode grandes proje- tos minerais, como o Projeto Carajás. O desenvolvimento destes projetos ocasionou grande ocupação ao longo da Estrada de Fer- ro de Carajás a São Luís (no Maranhão). Já na porção ocidental, a ocupação deu-se ao longo das ro- dovias Cuiabá-Santarém e Brasília-Acre. Em Rondônia e também no norte do Mato Grosso, surgiram vários núcleos de povoamen- to que reforçaram a ocupação do oeste da Região Norte com a criação da Zona Franca de Manaus. Neste processo, Manaus e Belém passaram a ocupar lugar de destaque na polarização do espaço da região Norte como metrópoles regionais. O regime militar e a ocupação da Amazônia Para acelerar a ocupação e a exploração econômica da Ama- zônia, as instituições regionais criadas a partir do governo Getú- lio Vargas foram modernizadas a partir de 1966, sob a chancela da “Operação Amazônia”. Empreendida pelo governo Castelo Branco, reorganizou a legislação básica e as normas institucio- nais para atrair os grandes capitais corporativos, colocando a região na mira dos investidores. Para ocupar a Amazônia, era necessário conhecer essa imensa região. Para isso, foi criado o Projeto Radam (Radar da Amazônia) 1 Disponível em https://www.coladaweb.com Acesso em 13.12.2021 http://www.coladaweb.com/ http://www.coladaweb.com/ GEOGRAFIA DO AMAZONAS 10 que “tinha como objetivo proceder ao levantamento dos elemen- tos básicos necessários a um planejamento racional do aprovei- tamento integrado dos recursos naturais da região Amazônica”. Durante a Presidência do general Ernesto Geisel, foi criado o Polamazônia, que tinha por finalidade o estabelecimento de quinze áreas prioritárias para a ocupação, visando à exploração dos recursos agrominerais e agropecuários na Amazônia Legal. Estes 3 projetos não seriam suficientes para promover a ocupa- ção da imensa região. Por essa razão, o presidente Emílio Gar- rastazu Médici assinou o Decreto-Lei número 1 106, que criou o Plano de Integração Nacional (PIN). O PIN tinha como principais finalidades a abertura das rodo- vias de integração Transamazônica, Porto Velho-Manaus, Perime- tral Norte, Cuiabá-Santarém (BR-163) e Cuiabá-Porto Velho (BR- 364). Outro decreto de abril de 1971 declarou as terras devolutas em uma faixa de 100 km, ao lado das rodovias na Amazônia Legal, como áreas de segurança nacional, nas quais o Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) iria implantar os planos oficiais de co- lonização por meio da entrega dos lotes aos colonos. As rodovias tornaram-se cunhas de ocupação (fixos e fluxos), orientando os fluxos migratórios para a Amazônia Legal. Como principais consequências dessa ocupação rápida, podemos des- tacar: o acentuado crescimento populacional e urbano, o incre- mento das trocas com outras regiões e os impactos ambientais. ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS: CICLOS ECONÔMICOS E CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO; DINÂMICA DOS FLUXOS MIGRATÓRIOS E PROBLEMAS SOCIAIS; O EX- TRATIVISMO FLORESTAL (IMPORTÂNCIA DA BIODIVER- SIDADE; BIODIVERSIDADE E MANIPULAÇÃO GENÉTICA PARA FINS COMERCIAIS; ECOTURISMO); EXTRATIVIS- MO MINERAL; CONCENTRAÇÃO FUNDIÁRIA E CON- FLITOS PELA TERRA; O PROCESSO DE URBANIZAÇÃO E REDES URBANAS; FONTES DE ENERGIA: POTENCIAL HIDRELÉTRICO, HIDRELÉTRICAS E MEIO-AMBIENTE; A PRODUÇÃO DE GÁS; TRANSPORTES: A MALHA VIÁRIA, IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE FLUVIAL. A ZONA FRANCA DE MANAUS Demografia do Amazonas O Amazonas conta com 4.207.714 habitantes, sendo o 13º estado em população do Brasil e o 2º da região Norte. Em termos relativos, a população amazonense equivale a 22,5% de todos os habitantes da região. Com ampla superfície territorial, a densi- dade demográfica do estado é uma das mais baixas do país. Os dados do Censo de 2010 apontam um valor de apenas 2,23 hab./ km². Atualmente, essa cifra é de 2,69 hab./km². Com taxa de urbanização de 79,09%, temos que a maior par- cela dos amazonenses vive nas cidades. A capital, Manaus, é o município com maior número de habitantes do estado e o 7º mais populoso do Brasil, com 2.219.580 habitantes. Na sequên- cia está Parintins, com 115.363 habitantes. O último Censo Demográfico, que data de 2010, mostrou que o Amazonas é o estado que possui a maior população indí- gena do Brasil, com 183.514 pessoas. Os indígenas amazonen- ses correspondem a 20,46% da população indígena brasileira, e 53,52% da região Norte. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 11 População A população do Estado do Amazonas, conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geo- grafia e Estatística (IBGE), é de 3.483.985 habitantes, essa uni- dade da federação é o segundo mais populoso da Região Norte. A capital do Estado é Manaus, uma cidade que ocupa o sétimo lugar no ranking de maior PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, porém esse dado é restrito somente à cidade, além disso, a capital é a maior cidade de toda Região Norte, com uma população de 1.802.014 habitantes, no entanto, o crescimento está ocorrendo de forma desordenada e sem planejamento ade- quado. Manaus é uma das cidades que mais recebe imigrantes no país. A população do Amazonas é composta por brancos (24,2%), negros (3,1%), pardos ou mestiços (66,9%), indígenas (4,0%) e amarelos (0,3%). Apesar de possuir uma população superior a 3,4 milhões de pessoas, o território amazonense é pouco povoado, isso é evi- denciado nos dados de densidade demográfica que corresponde a 2,2 habitantes por quilômetro quadrado. Do total da população, aproximadamente 79% vivem em centros urbanos, a capital, Manaus, abriga mais de 50% dos ha- bitantes do Estado. A configuração da estrutura etária do Estado se apresenta da seguinte forma: 43,8% da população tem idade entre 0 e 14 anos, 52% correspondem àquelas que têm entre 15 e 59 anos e 4,2% da população são pessoas acima de 60 anos. Já a distribuição da população por sexo é relativamente equivalente, as mulheres representam 49,7% e os homens 50,3% da população. O Estado concentra a maior população indígena do país, localizados em áreas de difícil acesso. O processo de formação étnica da população do Amazonas, possui uma grande variação social, deste modo, o processo de- formação populacional do Estado é composto pelos seguintes grupos étnicos: - Brancos (24,2%) - Negros (3,1%) - Pardos ou mestiços (66,9%) - Indígenas (4,0%) - Amarelos (0,3%) A expansão econômica e o crescimento populacional A economia amazonense sempre esteve ligada a extração dos produtos da floresta. Foi esta que ao longo do século XIX e XX forneceu produtos para as diversas atividades de pequenas indústrias locais. A madeira, por ser básica para a construção civil, tem até hoje sua importância. Porem foi, sem sombra de dúvida, a borracha que deu um grande impulso à economia re- gional a partir de meados do século XIX. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 12 O constante aumento da demanda mundial, acompanhada pelo aumento de preços deste produto, trouxe para o Amazonas e Amazônia em geral, um contingente de migrantes estimado em 300 mil pessoas, que se espalharam para os diversos rios da re- gião em busca de coleta da borracha. Áreas até então ocupadas pelos índios passaram a receber os seringueiros. Como a concen- tração da área era maior nos rios madeira, Juruá e Purus, foi aí que instalaram os inúmeros seringais. Manaus, capital do estado chega ao final do período pro- vincial com uma população em torno de 40 mil habitantes, pois também recebeu migrantes de diversas nacionalidades para tra- balhar em atividades de apoio à exportação da borracha. Outros núcleos populacionais pelo interior do amazonas também foram se consolidando, como Humaitá, sempre voltado ao movimento proporcionado pela borracha. A decadência do principal produto extrativo da floresta vai forçar uma outra organização produtiva, a busca de outras ativi-dades econômicas de trabalho para as populações que estavam envolvidas com ela. A agricultura constitui-se num dos supor- tes para estas. O outro recurso foi a migração para as cidades e, principalmente para Manaus. Dentro do plano de ocupação da região elaborado pelo go- verno federal, procuram-se alternativas incentivando a migra- ção japonesa para o trabalho agrícola. Posteriormente, a pro- dução de fibras – juta e malva- foi introduzida nas várzeas do amazonas. Junto com ela, fabricas de fiação e tecelagem de juta instalaram-se em Manaus, Parintins e etc. basicamente a pro- dução de sacaria era destinada à exportação. Porém, a grande alteração da economia amazonense ocorreu com a implantação da zona franca de Manaus em 1967. Sua meta foi criar um polo comercia, com importação de mercadorias livres de qualquer co- brança tributaria. O comercio atingiu o auge no final da década de 80. Apresentavam um fluxo de turismo nacional voltado para compras de produtos importados que desapareceu com a aber- tura comercial promovida pelo governo brasileiro no início dos anos 90. Esta abertura comercial, representada pela redução das ta- rifas de importação, possibilitou a importação de mercadorias por qualquer comerciante de outros lugares do país. Também era meta a instalação de um polo industrial sendo as industrias isentas de qualquer imposto federal. A dinâmica dos fluxos migratórios e os problemas sociais A migração para o estado do Amazonas teve por caracte- rística uma centralização na cidade de Manaus. Com a criação da zona franca de Manaus e a expansão do setor secundário e terciário, Manaus atraiu população tanto urbana, originaria de outras cidades do país quanto rural do interior do amazônico. A expansão urbana não poderia deixar de causar problemas in- fraestruturas, uma vez que o ritmo do crescimento populacional foi maior que a capacidade de atendimento aos serviços públi- cos. Economia O maior Estado do Brasil possui a maior floresta tropical do mundo com 98% de sua área preservada. Aliando seu potencial ecológico a uma política de negócios embasada na sustentabili- dade, a capital do Amazonas tornou-se a 6ª cidade mais rica do país. Parte deste sucesso se deve ao Polo Industrial de Manaus (PIM), um modelo de desenvolvimento regional que abriga inú- meras empresas nacionais e internacionais, gerando mais de 100 GEOGRAFIA DO AMAZONAS 13 mil empregos diretos e um faturamento de 35 bilhões de dólares em 2010. O PIM é o principal mecanismo irradiador do desen- volvimento no modelo Zona Franca de Manaus, que concede in- centivos fiscais para a produção. Esta política de incentivos gera emprego, renda e aumento da arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais não só no Amazonas, onde está situado o PIM, mas nos demais Estados da Amazônia Ocidental (Rorai- ma, Acre, Rondônia), além das cidades de Macapá e Santana, no Amapá (a área de atuação do modelo Zona Franca de Manaus). Em sua política de desenvolvimento econômico, o Governo do Amazonas busca atrair investidores comprometidos com o meio ambiente, direcionando esforços para diversificar a eco- nomia a partir do desenvolvimento de atividades voltadas ao aproveitamento de recursos naturais nas áreas de agroindústria, bioindústria, fruticultura, turismo, energia, dentre outras poten- cialidades abundantes na região. As políticas públicas do Estado estão voltadas para a melho- ria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável. Como exemplo, investimentos em Programas como a Zona Franca Ver- de e Bolsa Floresta; o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (Prosamim); o gasoduto Coari-Manaus, que veio para mudar a matriz energética de oito municípios, incluindo a capi- tal, e a construção da Ponte do Rio Negro, que vai interligar a região metropolitana de Manaus à cidade de Iranduba e áreas adjacentes. No interior do Estado é crescente a abertura de novas opor- tunidades de emprego e renda, com investimentos em áreas como a piscicultura, agroindústria e produção rural. Para isso, o Governo do Amazonas mantém um sistema de apoio ao se- tor produtivo que alia assistência técnica, fomento e comercia- lização. A pesca é uma das principais atividades econômicas da população amazônica e o alimento básico para o seu sustento. Existem várias espécies de peixes nos inúmeros rios da região, entre os quais se destacam o tucunaré, o dourado amazônico, o gamitana e a pescada. As piranhas, cuja carne é muito apreciada por pescadores, habitam quase todos os rios da Amazônia. O Amazonas surpreende pela combinação de modernidade e conservação da natureza, dispondo de arrojados espaços cul- turais, shopping centers, excelente rede hoteleira, restaurantes de categoria internacional, rede de ensino diversificada, parques ecológicos e espaços de integração social, que asseguram qua- lidade de vida e bem-estar à população. O Estado conta ainda com diversas opções de turismo que vão da visita de cavernas e cachoeiras, a prática do arvorismo, pesca esportiva, festivais folclóricos e patrimônios históricos. Recursos naturais e aproveitamento econômico No amazonas os recursos naturais de sua floresta, solos e rios, são sem dúvida o seu potencial econômico. Explorados com equilíbrio e visando a sua conservação pode trazer aos seus ha- bitantes perspectivas de melhores condições de vida. Começa- remos por analisar a rede hidrográfica como fonte de energia e como via de transporte. Podemos conhecer melhor o potencial hidrelétrico destes rios e sua importância como lugar de circu- lação de pessoas e mercadorias embora sejam vistos frequen- temente como recursos ou potenciais econômicos, os rios na Amazônia servem ainda como lugar de lazer com seus milhares de igarapés e praias que se formam as suas margens e como con- templação pela população local em virtude de suas característi- cas singulares tais como largura, extensão e profundidade. No estado do amazonas apenas a hidrelétrica de Balbina foi construída, no rio Uatumã e não foi um investimento de sucesso. Outra importante fonte de energia no amazonas. Há no municí- GEOGRAFIA DO AMAZONAS 14 pio de Coari uma base de exploração da Petrobras- denominada urucu. A produção em urucu chega a 55 mil barris/dia que são escoados para a refinaria de Manaus pelo oleoduto até a mar- gem do rio Solimões e de La segue nas embarcações. Um gasoduto no meio da floresta Também no município de Coari foi descoberta uma jazida de gás natural estimada em 130 que pode durar 30 anos para serem consumidas pela Petrobras no município de Coari. O gás natural vem aparecendo na atualidade como uma das melhores opções para a substituição do óleo na geração de energia. Transportes fluviais no Amazonas e sua importância Como os rios da Amazônia são extensos e largos isso facilita o transporte fluvial, inclusive esse meio de transporte é utilizado na Amazônia desde a colonização e tem sido até hoje. As mar- gens dos rios amazônicos, encontramos vários núcleos urbanos, cidades que embora com um nº reduzido de habitantes, mantem relações comerciais com Manaus por meio do transporte fluvial. Manejo florestal O que é o manejo florestal? O Código florestal brasileiro de 1965(artigo 15) definiu que as florestas da Amazônia só poderiam ser utilizadas através de planos de manejo. Em 1989, a ordem de serviço 001-89IIBAMA DIREN definiu um extensivo protocolo de plano de manejo, in- cluindo especificação de técnicas de extração para diminuir os danos à floresta, estimativas do volume a ser explorado, trata- mentos silviculturais e métodos de monitoramento do desenvol- vimento da floresta após a exploração. O ciclo de corte mínimo foi fixado, na época, em 30 anos. Em resumo, o manejo florestal é um conjunto de técnicas empregadas para colher cuidadosamente parte dasárvores grandes de tal maneira que as menores, a serem colhidas futura- mente, serão protegidas. Com a atuação do manejo a produção de madeira pode ser contínua ao longo dos anos. Por que manejar florestas? As principais razões para manejar a floresta são: - Continuidade da produção a adoção do manejo garante a produção continuidade da produção, a adoção do manejo garan- te a produção de madeira na área indefinidamente, e requer a metade do tempo necessário na exploração não manejada. - Rentabilidade, os benefícios econômicos do manejo supe- ram os custos, tais benefícios decorrem do aumento da produ- tividade do trabalho e da redução dos desperdícios de madeira. - Segurança de trabalho: as técnicas de manejo diminuem drasticamente os riscos de acidentes de trabalho. No projeto pi- loto de manejo florestal (ímazon/ WWF), os riscos de acidentes durante o corte na operação manejada foram 17 vezes menores se comparado às situações de perigo na exploração predatória. - Respeito à lei, manejo florestal é obrigatório por lei, as empre- sas que não fazem manejo estão sujeitas a diversas penas. embora, a ação fiscalizadora tenha sido pouca efetiva até o momento, é cer- to que essa situação vai mudar, recentemente, tem aumentado as pressões da sociedade para que as leis ambientais e florestais sejam cumpridas. Oportunidades de mercado, as empresas que adotam um bom manejo são fortes candidatas a obter um selo verde como a certificação é uma exigência cada vez maior dos compradores de madeira, especialmente na Europa e nos estados unidos, as empre- sas que tiverem um selo verde, provando a autenticidade da origem manejada de sua madeira, poderão ter maiores facilidades de co- mercialização no marcado internacional. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 15 - Conservação florestal: o manejo da floresta garante a co- bertura florestal da área, retém a maior parte da diversidade ve- getal original e pode ter impactos pequenos sobre a fauna, se comparados à exploração não manejada. - Serviços ambientais: as florestas manejadas prestam servi- ços para o equilíbrio do clima regional e global, especialmente pela manutenção do ciclo hidrológico e retenção de carbono. Projeto de manejo A utilização dos recursos florestais brasileiros em uma histó- rica perspectiva precisa de análise para um programa de manejo florestal sustentado. Esses recursos fazem uma contribuição vi- tal para proteção de mananciais, vida silvestre, e diversidades biológicas, geração de empregos recursos e receita através da exploração florestal e indústria e suporte as comunidades rurais como fonte de alimento, combustível e medicamento para mui- tos, incluindo as regiões mais pobres. Um entendimento dos complexos requisitos ecológicos e inter- relações existentes no ecossistema florestal, assim como próprio manejo. De acordo com a proposta metodológica da FAO para manejo florestal sustentado em países das Américas cen- tral e América do Sul, disponibilidade e exatidão de informação sobre recursos florestais e sua utilização é a precondição para um manejo florestal sustentado, baseado em uma legislação flo- restal balanceada economicamente, ambientalmente e social- mente, usando esta metodologia como guia e o conhecimento histórico do serviço florestal americano, USDA Forest Service, em critérios e indicadores para um manejo florestal sustentado, este projeto tem dois resultados a serem alcançados: Aprimorar os atuais critérios e indicadores de sustentabilidade (CIS) para o manejo florestal no Brasil; Apresentar uma análise do setor florestal, com os tipos de trocas e ajustes necessários para o ma- nejo florestal sustentado. Aprimorando os critérios indicadores de sustentabilidade (CIS) para o manejo florestal no Brasil ajudaremos a implemen- tar os princípios florestais na Conferência sobre desenvolvimen- to e meio ambiente nas Nações Unidas (UNCED) e da agenda 21, e é também importante para a convenção sobre biodiversidade das Nações Unidas, mudanças climáticas e desertificação. Analisando e atualizando os critérios e indicadores de sus- tentabilidade teremos transparente as necessidades para novas pesquisas, ações na tecnologia e aumento da capacidade de medir e entender indicadores manejo florestal e sustentável. Legislação florestal, estatística florestal, serviços florestais, isso na terra, modelos florestais, marketing de produtos florestais, produtos não madeireiros, instituições não florestais, dados so- cioeconômicos, árvores em áreas não florestais, florestas com interface urbana, e energia da madeira serão analisados em sete propostas de critério e 49 indicadores de manejo florestal sus- tentável. Biodiversidade da Amazônia Em nenhum lugar do mundo existem mais espécies de ani- mais e de plantas do que na Amazônia. Entretanto, apesar da Amazônia ser a região de maior biodiversidade do planeta, ape- nas uma fração dessa biodiversidade é conhecida. A riqueza da flora compreende aproximadamente 30.000 espécies, cerca de 10% das plantas de todo o planeta. São cerca de 5.000 espécies de árvores, variando entre 40 e 300 espécies diferentes por hectare. Os artrópodos (insetos, aranhas, escor- piões, lacraias e centopéias, etc.) constituem a maior parte das espécies de animais existentes no planeta. Na Amazônia, ape- GEOGRAFIA DO AMAZONAS 16 sar de dominar a Floresta Amazônica em termos de número de espécies, estima-se que mais de 70% das espécies amazônicas ainda não possuem nomes científicos. Atualmente são conhecidas 7.500 espécies de borboletas no mundo, sendo 1.800 na Amazônia. Para as formigas, que con- tribuem com quase um terço da biomassa animal das copas de árvores na Floresta Amazônica, a estimativa é de mais de 3.000 espécies. Um total de 163 registros de espécies de anfíbios foi encon- trado para a Amazônia brasileira. Esta cifra equivale a aproxima- damente 4% das 4.000 espécies que se pressupõe existirem no mundo e 27% das 600 estimadas para o Brasil. O número total de espécies de répteis no mundo é estimado em 6.000, sendo pró- ximo de 240 espécies o número de espécies identificadas para a Amazônia brasileira, muitas das quais restritas à Amazônia ou a parte dela. Mais da metade dessas espécies são de cobras, e o segundo maior grupo é o dos lagartos. As aves constituem um número de espécies estimado em 9.700 no mundo. Na Amazônia, há mais de 1000 espécies, das quais 283 possuem distribuição restrita ou são muito raras. A Amazônia é a terra dos grandes Cracidae (mutuns), Tinamidae (inhambus), Psittacidae (araras, papagaios, periquitos), Ram- phastidae (tucanos e araçaris) e muitos Passeriformes como por exemplo, os Formicariidae, Pipridae e Cotingidae. Na Amazô- nia, são registradas atualmente 311 espécies de mamíferos. Os quirópteros e os roedores são os grupos com maior número de espécies. Ameaças à Biodiversidade da Amazônia Apesar de sua grande diversidade, a Amazônia está sendo empobrecida pelo avanço do desmatamento que inviabiliza a continuidade da existência de populações de diversas espécies, inclusive várias de interesse comercial. Outra grande ameaça à biodiversidade, que também decorre do desmatamento, é o con- junto de mudanças ambientais globais que alteram ciclos natu- rais e põem em risco muitas espécies naturais e à saúde do ser humano. Segundo levantamento da organização não governamental WWF, com base em dados da ONU, mostra que a média de des- matamento na Amazônia brasileira é a maior do mundo, sen- do 30% mais intensa que na Indonésia, a segunda colocada no ranking. Na Amazônia a eliminação de florestas cresceu exponen- cialmente durante as décadas de 70 e 80 e continua em taxas alarmantes. A mudança no uso do solo tem mostrado afetar a hidrologia regional, o ciclo global do carbono, as taxas de eva- potranspiração, a perda de biodiversidade,a probabilidade de fogo e uma possível redução regional na quantidade de chuvas. Os dados oficiais, elaborados pelo INPE sobre o desmatamento, mostram que já foram eliminados cerca de 570 mil quilômetros de florestas na região. Entretanto, a situação pode ser ainda mais grave, pois se- gundo levantamentos oficiais, identificam apenas áreas onde a floresta foi completamente retirada por meio de práticas conhe- cidas por corte raso, e não aquelas por atividades de madeireiras e queimadas, na qual não são contabilizadas. Um espaço de conflitos A construção de grandes rodovias, os projetos de minera- ção a expansão da agropecuária na região norte têm sido rea- lizados à custa de muitas lutas, perseguições e mortes de bran- cos e indígenas. O número dos sem-terra na região é grande e GEOGRAFIA DO AMAZONAS 17 tem aumentado ainda mais nos últimos anos. São seringueiros, castanheiros, lavradores, peões de fazendas de pecuária, e mi- grantes de outras regiões brasileiras que se instalaram em áreas desocupadas, aparentemente sem dono, para morar e produzir. Essa ocupação gera uma serie de conflitos, como se verifica no sul e sudeste do Pará. Esses conflitos ocorreram principalmente nas áreas em que há um grande avanço da pecuária e da mineração, que não dei- xam espaço para pequenas propriedades. Também os indígenas da região sofrem com a expansão agropastoril e mineradora. Embora o Brasil tenha terras indíge- nas delimitadas nas chamadas reservas, que são protegidas por lei, essas terras muitas vezes são invadidas. Como vimos, o Norte constitui a última fronteira de expan- são econômica do país, e por isso ainda verificam aí muitos con- flitos. Nos últimos anos porem tem-se ampliado na região os mecanismos de organização de diversas categorias sociais, como seringueiros, produtores rurais e indígenas. É preciso reconhe- cer que essas iniciativas tem sido respostas, a forte intervenção do estado que marcou e ainda marca a organização desse espaço regional. A agricultura Uma das mais tradicionais culturas da região é a da pimenta do reino introduzida pelos imigrantes japoneses. Eles se instala- ram na década de 1930 na região de Bragantina, entre Belém e Bragança (Pará). A produção é voltada para os mercados nacio- nal e internacional. Outra cultura introduzida pelos japoneses foi a juta, planta- da nas várzeas e que teve seu momento de auge assim como a borracha mais tarde. O Norte também produz malva, planta fornecedora de fibra para a indústria. Além desses cultivos destinados a industrias a região norte produz várias culturas alimentares, o arroz, o milho , o feijão, a soja e etc. Pecuária Até a década de 1970, a criação de gado bovino –leiteiro e de corte- para consumo regional desenvolveu-se em poucas áreas de pastagem naturais, formadas pelos cerrados e campos. Porem pouco tempo depois começaram a se instalar na região poderosas empresas agropecuárias, que substituíram grandes trechos de floresta por pastos cultivados. A pecuária dessas novas áreas é extensiva e destinada ao corte. O gado e criado solto nos pastos, a atividade apresentou grande crescimento, passando de pouco mais de 1,7 milhões de cabeças em 1970 para 24 milhões em 2000. Destaque para a criação de búfalos em Marajó 60% do total nacional. A extração mineral MINA DE CASSITERITA: Existente no mundo de presidente Figueiredo, tem sua exploração controlada hoje por um fundo de pensão de empresas estatais. É um minério cujo preço é de- finido pelas bolsas mundiais de mercadorias, e, ressalta-se, tem caído muito nos últimos anos, é usada para a fabricação de ligas metálicas. OURO: Disputado por garimpeiros e empresas, as ocorrên- cias desde minério no estado do amazonas são nos municípios do alto rio negro, Maués e residualmente em Humaitá. Em 1997, no rio Bóia, afluente do rio Jutaí, no alto Solimões, a política federal expulsou um grupo de 300 garimpeiros, do mesmo modo que esta atividade já foi reprimida em santa Isabel do rio negro. SAL-GAMA: há uma jazida de aproximadamente 560 milhões de toneladas de nova Olinda do norte usado para produção de fertilizantes. Porém a facilidade de exploração noutros lugares não estimula a exploração desta jazida. NIÓBIO: A maior jazida deste produto encontra-se no muni- cípio de são Gabriel da cachoeira, está estimulada em 28 milhões de toneladas Zona Franca de Manaus É uma área empresarial destinada à atração de investimen- tos e instalação de empresas, sobretudo aquelas pertencentes ao ramo industrial. Logomarca da Zona Franca de Manaus. Os bens produzidos em sua área possuem esse selo Seu objetivo principal é atrair empresas e promover uma maior ocupação e integração territorial com a região Norte do país. Atualmente, existem mais de 500 empresas instaladas em seus domínios. Oficialmente, no Decreto de Lei nº 288, de 28 de fevereiro de 1967, a Zona Franca de Manaus é: “uma área de livre comér- cio de importação e exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial, comercial e agropecuário dotado de con- dições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância, a que se encontram, os centros consumidores de seus produtos”. Portanto, apenas na definição oficial, já identificamos algu- mas características básicas da Zona Franca de Manaus, a saber: a) a existência de incentivos fiscais especiais, ou seja, a con- cessão de isenção de impostos e outros benefícios para as em- presas e indústrias que se instalarem nessa região; b) o objetivo de industrializar e desenvolver comercial e eco- nomicamente a região da Amazônia em seu interior, tendo em vista a dificuldade de obtenção de produtos de outras localida- des em face das grandes distâncias e dificuldades no transporte; c) o desenvolvimento dos setores industrial, comercial e agropecuário, o que significa um maior incentivo ao processo de ocupação da Amazônia e interiorização do território; Os incentivos fiscais especiais acima citados tinham previsão de duração apenas até o ano de 1997. Porém, temendo a fuga de empresas da região, o governo brasileiro prorrogou por várias vezes o seu encerramento, primeiramente para o ano de 2013, depois para 2023 e, por último, para 2073. A construção da Zona Franca de Manaus ocorreu justamente no período de maior crescimento do processo de industrializa- ção do Brasil. Mesmo assim, esse fato é visto como uma espécie de “ponto fora da curva” da industrialização brasileira, haja vis- ta que a maior parte das empresas, investimentos e instalações concentrou-se na região Sudeste do país. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 18 Os principais produtos industriais fabricados na Zona Franca de Manaus são: TVs, celulares, veículos, aparelhos de som e de vídeo, aparelhos de ar-condicionado, bicicletas, microcomputa- dores e chips, aparelhos transmissores/receptores, entre outros. A existência da Zona Franca de Manaus e de outros polos industriais e empresariais pelo país está inserida no contexto dos Fatores Locacionais da Indústria, que incluem uma série de ele- mentos básicos para atrair empresas para uma região a fim de se gerar empregos e movimentar a economia. A questão indígena Dos cerca de 900 mil índios que habitam o território brasi- leiro, mais da metade vive na região Norte brasileira. As várias tribos e comunidades indígenas sofreram grande dizimação ao longo do processo de ocupação da região, fato que só foi reverti- do com a demarcação de terras e a criação de áreas de preserva- ção. Hoje as populações indígenas voltaram a crescer e aumen- tar numericamente. Na década de 70, a região amazônica passou a ser alvo das políticas de integração territorial do governo federal. As chama- das rodoviasde integração nacional, como a Transamazônica, a Perimetral Norte, a Cuiabá-Santarém e a Manaus-Boa Vista atra- vessariam a região em várias direções, cortando e facilitando o acesso às terras amazônicas, expondo muito as áreas das aldeias indígenas. Em razão de suas terras serem ocupadas por madeireiras, mineradoras, construção de hidrelétricas, garimpos, entre ou- tros, as comunidades nativas acabaram ficando sem condições de sobreviver, muitas desapareceram e outras foram totalmente incorporadas como mão de obra barata ou migraram para as ci- dades. A entrada de técnicas mais avançadas de exploração dos recursos naturais na Amazônia trouxe muitos prejuízos para a vida indígena que, em muitos casos, se vê envolvida neste pro- cesso. Portanto, a demarcação das terras indígenas é uma forma de preservar e garantir a sobrevivência dos índios e seus descen- dentes; mas muitos setores da sociedade interessados na explo- ração destas terras são contrários e frequentemente entram em conflito com os grupos nativos. Como o desmatamento contribui para as mudanças climá- ticas?2 Quando ocorrem mudanças no uso do solo, ou seja, uma flo- resta é derrubada e queimada, dando lugar ao estabelecimento de pastagem, agricultura ou outra forma de uso da terra, ocorre a liberação de uma grande quantidade de carbono na forma de CO2 para a atmosfera contribuindo, assim, para o aquecimento global. Estima-se que 1,6 bilhões de toneladas de carbono foram emitidas para a atmosfera por ano devido às mudanças no uso do solo durante a década de 1990. 2 Disponível em https://ipam.org.br/entenda/como-o-desmata- mento-contribui-para-as-mudancas-climaticas/ Acesso em 12.12.2021 Nos últimos 300 anos, cerca de 10 milhões de km2 de flores- tas deram lugar a outro tipo de uso da terra. Nas regiões tropi- cais, a retirada da cobertura florestal poderá causar alterações no balanço hídrico, tornando o clima mais seco e quente. A taxa de evapotranspiração da floresta é muito maior do que qualquer cultivo ou pastagem, e com a mudança no uso do solo, o fluxo de vapor de água para a atmosfera diminui sensivelmente, alte- rando o ciclo hidrológico. Na Amazônia, por exemplo, estudos preveem que a temperatura poderá subir de 5 a 8ºC até 2100 e a redução no volume de chuva pode chegar a 20%. O desmatamento, a exploração madeireira e os incêndios florestais associados aos eventos de El Niño cada vez mais fre- quentes e intensos, poderão aumentar significantemente as emissões de carbono oriundas de mudanças no uso do solo. O ciclo vicioso de empobrecimento da paisagem amazônica à medida que a floresta vai se tornando cada vez mais inflamável. O ciclo se inicia com o desmatamento e/ou exploração madeireira que diminuem a quantidade de água que a vegetação libera para a atmosfera (evapotranspiração) e, consequentemente, reduz o volu- me das chuvas. Com menos chuvas, há maior possibilidade de ocor- rência de incêndios florestais que, por sua vez, provocam a mortali- dade de árvores. Além disso, a fumaça produzida pelas queimadas (em campos agrícolas e pastagens) e pelos incêndios florestais interfere nos mecanismos de formação das nuvens, dificultando a precipitação. Todos estes fatores podem ser ainda potencializados pelo aquecimento global que, por sua vez, pode tornar cada vez mais intensos e frequentes os fenômenos de El Niño, ameaçando ainda mais a valiosa biodiversidade da floresta amazônica. Todo ano tem fogo na Amazônia por causa da estação seca?3 Infelizmente sim, mas por um único motivo: alguém acende um fósforo. A floresta amazônica é um ambiente úmido, e o fogo natural acontece raríssimas vezes no bioma, a cada 500 anos ou mais. Mesmo na estação seca, quando há condições ambientais e material combustível mais favoráveis, a umidade presente na região não permitiria tantos focos de calor se não houvesse a ação humana como fonte de ignição constante. O fogo na Amazônia é resultado de três fatores, o que cha- mamos de “triângulo do fogo”: 1. Condições ambientais: no “verão amazônico”, entre maio e outubro, quando está mais seco; 2. Material combustível: vegetação seca em abundância, que podem ser folhas e galhos caídos da copa das árvores e até árvores derrubadas; 3. Ignição: a fonte do fogo. Existem três tipos de fogo na Amazônia: 1. Fogo de manejo agropecuário: empregado por produtores rurais grandes, médios e pequenos, inclusive por populações tradi- cionais, para limpar o terreno de pragas e renovar o solo. Acontece principalmente em áreas de pastagem e é sempre intencional; 2. Fogo de desmatamento recente: queimar a vegetação der- rubada é mais barato do que retirá-la com tratores; além disso, as cinzas ajudam a nutrir o solo amazônico para o plantio de pasto, por exemplo. É sempre intencional; 3. Incêndios florestais: é o fogo que pega a floresta viva, espalhando-se rapidamente pelas folhas secas depositadas no solo. Pode ser acidental, quando escapa de uma queimada pró- xima, ou intencional, quando colocado propositalmente com a intenção de degradar a floresta. QUESTÕES ATUAIS: A QUESTÃO INDÍGENA: INVASÃO, DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS. A QUESTÃO ECOLÓGICA: DESMATAMENTO, QUEIMADAS, POLUI- ÇÃO DAS VIAS HÍDRICAS, ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS GEOGRAFIA DO AMAZONAS 19 3 Disponível em https://ipam.org.br/cartilhas-ipam/tudo-o- -que-voce-queria-saber-sobre-fogo-na-amazonia-mas-nao-sabia-para- -quem-perguntar/ Acesso em 12.12.2021 GEOGRAFIA DO AMAZONAS 20 Poluição A poluição de rios de pequeno e médio porte passam a exi- bir trechos com alterações expressivas. A poluição nos rios desta bacia é uma realidade em muitos pontos. O carbono e outros nutrientes como, nitrogênio e fósforo, atingem os rios carreados pela água da chuva não absorvida pelo solo. Em altas concentra- ções estes compostos acabam poluindo os rios por longas dis- tâncias. A poluição dos rios da bacia do Ji-Paraná, localizada no estado de Rondônia são do mesmo escopo de poluição dos rios Atibaia, afluente do Piracicaba, no estado de São Paulo. Na Amazônia brasileira, a exploração de petróleo é relativa- mente recente, mas alguns derramamentos já aconteceram nos rios do entorno das áreas de exploração. Um poliduto de Urucú para Coari foi completado em 1998. Com isto, o petróleo, trazi- do de Coari para Manaus atravessa o rio de barcaça. Em 1999, um oleoduto quebrou entre o porto e a refinaria em Manaus, o que resultou em um derramamento de petróleo no igarapé de Cururú em 2001. Vazamentos de petróleo das barcaças entre Coarí e Manaus e dos transportes fluviais em geral, têm causado uma sucessão de pequenos eventos de poluição de óleo. A po- luição por óleo seria especialmente danosa se afetar as florestas de várzea, onde muitas espécies de peixe da região procriam. Os solos amazônicos contêm altas concentrações de mercú- rio oriundo de fontes naturais. Os solos da Amazônia são antigos, tem milhões de anos de idade e têm acumulado mercúrio de for- ma gradual por meio de deposição da chuva de poeira oriunda de erupções vulcânicas e de outras fontes ao redor do mundo. Desmatamento O desmatamento da Amazônia não é uma prática atual. O bioma, que ocupa cerca de 49,29% (4.196.943 milhões de km2) do território brasileiro nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão e Tocantins, mantinha- se preservado até a década de 1970, mas passou a so- frer com a retirada da cobertura vegetal a partir desse período. Um dos contribuintes foi a construção da Rodovia Transa- mazônica (BR-230) entre 1969 e 1974. Ao longo dos anos, essa prática apresentou períodos de declínio e de aumento, o que tem gerado inúmeros debates entre o governo federal, diversas instituições e ambientalistas. Sabemos que o bioma Amazônia exerce influência no equilíbrio ambiental do mundo todo e suapreservação é indiscutivelmente essencial para que esse equilí- brio seja mantido. Desmatamento nos últimos 30 anos A construção da Rodovia Transamazônica, que corta o Brasil na direção Leste-Oeste com o objetivo de ligar a Região Norte do Brasil às demais regiões, deu início ao desmatamento na Ama- zônia. Essa construção de grandes proporções atraiu um grande contingente populacional para a área (que antes estava limitada às regiões litorâneas e ribeirinhas) e foi então que o desmata- mento passou a desenvolver-se, especialmente às margens da rodovia, cujas áreas foram desapropriadas para atender às prá- ticas agrícolas, bem como aos projetos de colonização da região. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), criado na década de 1970 a fim de fazer levantamentos quan- to ao desmatamento da Amazônia, o governo federal passou a subsidiar a ocupação de terras na Amazônia a partir desse pe- ríodo, explorando economicamente algumas áreas. Antes desse momento, especificamente em 1953, o governo preocupou- se em criar meios para desenvolver a Região Norte econômica e so- cialmente, como o conceito de Amazônia Legal, que compreende GEOGRAFIA DO AMAZONAS 21 a área dos estados que abrangem todo a Amazônia, e a Superin- tendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), que, por meio de incentivos à expansão agrícola, favoreceu o aumento do desmatamento. Dados apresentados pelo Inpe e pelo Instituto Brasileiro para o Desenvolvimento Florestal (IBDF) mostram que foram desmatados cerca de 152.200 km2 no ano de 1978, sendo boa parte desse desmatamento realizada às margens das rodovias. Durante a década de 1980, o desmatamento aumentou para 377.600km2, o que passou a chamar a atenção do governo, bem como de ambientalistas preocupados com a preservação do bio- ma, dada a sua importância mundial. Devido a esse aumento, o governo federal solicitou ao Inpe, em 1988, o desenvolvimento de um sistema que pudesse monitorar o desmatamento do bio- ma. Criou-se então o Projeto de Monitoramento do Desmata- mento da Amazônia Legal por Satélite (Prodes). É importante dizer que há uma linha tênue entre a dinâmica econômica e as taxas de desmatamento, visto que, quando a economia vai bem, aumenta-se a procura por terras para desenvolvimento de atividades econômicas. Posto isso, de acordo com pesquisadores do Inpe, em 1988 e 1991, as taxas de desmatamento apresentaram uma queda, caindo para 13.730 km2. Esses pesquisadores acreditam que essa queda está relacionada com o período de recessão econômica vivenciado no país durante esses anos. Assim que a economia se recuperou, por meio do Plano Real, em 1995, as taxas de desmatamento apresentaram um au- mento significativo, subindo para cerca de 29.059 km2 de área devastada. Entre 1996 e 2000, as taxas de desmatamento apre- sentaram oscilações, com períodos de diminuição mediante a queda na inflação. Essas taxas mantinham-se entre 17.000 km2 e 18.000 km2. No ano de 2004, o governo federal criou o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), visando reduzir o desmatamento na Amazônia e bus- car uma maneira de desenvolver a região de forma sustentável. Nesse período, criou-se também o DETER, um sistema de alerta e controle do desmatamento, feito pelo Inpe. A partir de então houve uma significativa redução das taxas de desmatamento, passando para aproximadamente 7.989 km2, segundo o Minis- tério do Meio Ambiente, uma redução de 10% em 10 anos. Essa redução perdurou entre os anos de 2008 a 2015, fican- do entre 7.989km2 e 6.207km2. Inclusive, 2012 foi o ano que registrou o menor índice de desmatamento desde 1988. Foram desmatados cerca de 4.571 km2, de acordo com o Prodes. Nesse período também foram criadas diversas unidades de conserva- ção. O PPCDAm apresentou uma meta de redução do desmata- mento de 80% até 2020. Contudo, essa meta deixou de ser pos- sível a partir de 2016, quando as taxas tornaram a aumentar. Nesse ano foram desmatados cerca de 6.947km2, aumentando para 7.900km2 entre os anos de 2017 e 2018, um aumento de 13,7% de áreas devastadas. Os estados com os maiores índices de desmatamento são Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas. Segundo pesquisas realizadas na Universidade de Oklahoma pela revista científica Nature Sustainability, a Amazônia, no Bra- sil, já perdeu cerca de 400 mil km2 de floresta entre 2000 e 2017, o que não cessou em 2019, visto que o desmatamento atingiu níveis alarmantes. O Inpe divulgou dados que indicam aumento de 278% com relação ao período entre 2017 e 2018. Apenas no mês de julho de 2019 foram devastados cerca de 2.254,9 km2. Nesse mesmo mês, em 2018, foram devastados 596,6 km2. GEOGRAFIA DO AMAZONAS 22 Além disso, em 2019, foi constatado também na Amazô- nia um aumento expressivo do número de queimadas, número esse que havia caído na última década, chamando a atenção do mundo todo para o Brasil. Até agosto de 2019, foram registrados mais de 72 mil focos de incêndio, 83% de aumento com base nos incêndios registrados em 2018. Segundo Douglas Morton, chefe do Laboratório de Ciências Biosféricas da Nasa, a situação é preocupante, visto que as quei- madas geraram uma coluna de fumaça que se deslocou pelos estados do Brasil e também por alguns países da América do Sul. Morton associa as queimadas à prática do desmatamento, visto que a derrubada de árvores desenvolve um ambiente propício para o fogo devido à presença de madeira seca. Muitos ambientalistas e até mesmo os órgãos responsáveis pelo monitoramento do desmatamento na Amazônia têm ques- tionado algumas decisões do governo com relação à contenção da devastação do bioma, bem como à fiscalização de queimadas. Algumas medidas tomadas pelo governo federal diminuíram o poder de órgãos, como o Ibama, no que tange às políticas de controle ambiental, o que pode ter contribuído para o aumento do desmatamento e também das queimadas. Segundo a Nasa, incêndios são raros na maior parte do ano na região da Amazônia, visto que as características climáticas, como a grande umidade, impedem que o fogo se inicie ou se espalhe. Portanto, as queimadas estão associadas não só às questões naturais, mas também às atividades humanas, como a manutenção das terras cultiváveis ou expansão das pastagens. De acordo com o Ibama, em 2019 foram aplicadas menos multas a infratores ambientais do que em 2018. A redução da fiscalização foi acompanhada pelo aumento do desmatamento e dos incêndios. Essa decisão do governo de neutralizar o papel do Ibama mediante o Decreto 9.760, que instituiu o chamado Núcleo de Conciliação Ambiental — cujo papel será de analisar, mudar o valor ou anular a multa aplicada pelo órgão —, vem associada ao discurso de que as fiscalizações provocam impacto negativo nas atividades do campo. Todo esse cenário tem pro- vocado um imenso desconforto, inclusive na comunidade inter- nacional, que clama por uma nova postura quanto à devastação da Amazônia. Causas No início do desmatamento da Amazônia, na década de 1970 até o final da década de 1990, as causas estavam associadas aos projetos de infraestrutura implantados na região, como a cons- trução de rodovias, projetos de colonização de algumas áreas, construção de hidrelétricas e também a expansão da mineração. Como já dito, o desmatamento nesse período concentrava-se principalmente nas áreas próximas às estradas e rodovias, que ficaram conhecidas como “arco do desmatamento”, segundo o Inpe. Portanto, o desmatamento estava limitado. A partir dos anos 2000, mediante uma nova realidade eco- nômica, cujas atividades preconizavam o aumento das áreas que as viabilizassem, o desmatamento passou a ter como principais responsáveis a expansão do agronegócio e o extrativismo vege- tal e mineral, muitas vezes praticados de forma
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