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ATUALIDADES – PROFESSORES: WALTER & ROGÉRIO SILVA A AMAZÔNIA: Fatos sociais, políticos e econômicos relevantes Com cerca de 4,8 milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia brasileira abrange mais da metade do território nacional. É definida, segundo alguns, pelo domínio da floresta Amazônica com o clima equatorial, e, segundo outros, pelo domínio da bacia amazônica, a mais densa bacia hidrográfica do globo. Trata-se de uma parte da Amazônia sul-americana definida como Pan-Amazônia, região que ocupa cerca de 6,5 milhões de quilômetros quadrados e abrange enormes áreas do Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela e Guianas. A natureza ainda domina nessa área, sendo responsável pelos traços mais marcantes da paisagem — a floresta e os rios, principalmente. Mas o processo de ocupação e povoamento tem sido intenso nas últimas décadas, com a conseqüente modificação dos aspectos naturais. Apesar da intensificação da ocupação humana nos últimos anos, a Amazônia brasileira ainda é uma região de baixas densidades demográficas, as menores do país. E a economia regional tem por base atividades primárias: a agropecuária, que constitui o setor econômico mais importante desde a década de 1970; o extrativismo vegetal, que foi a atividade básica dessa região até aquela década; e a mineração, atividade que se tornou mais importante nas últimas décadas do século XX, após a descoberta de grandes reservas minerais. Em resumo, a Amazônia brasileira é uma grande região e com baixo povoamento quando comparada as outra, mas em franco processo de ocupação. A ocupação mais intensiva iniciou- se com a construção de Brasília (1957-1960) e a conseqüente abertura de estradas, como a Belém—Brasília, que facilitaram o acesso à região. Nos anos 1970, essa ocupação se acelerou com a abertura de novas rodovias (Transamazônica, Perimetral Norte, BR-364, do Mato Grosso a Rondônia, e outras) e a concessão de incentivos fiscais a grandes empresas, mesmo estrangeiras, para lá adquirirem terras e investirem na agropecuária. O projeto Radam foi importante para mapear a região e aumentar os conhecimentos sobre seus recursos minerais. O governo brasileiro continua tentando atrair o capital estrangeiro para a Amazônia, oferecendo sociedade em empreendimentos industriais e de mineração, como a exploração da serra dos Carajás e a construção de ferrovias e portos a fim de escoar esses minérios para o mercado internacional. Além de construir várias hidrelétricas na Amazônia, como forma de garantir o suprimento de energia elétrica. Outra importante tentativa de promover o desenvolvimento econômico da região foi a criação da Zona Franca de Manaus, em 1967. Trata-se de uma área de livre comércio ao redor da capital do Amazonas, onde os produtos industrializados importados não pagam impostos alfandegários. Criada com a finalidade de industrializar essa cidade e áreas vizinhas, o resultado foi um relativo crescimento industrial que utiliza pouca mão-de-obra por empregar tecnologia moderna. Além disso, as fábricas aí instaladas são apenas linhas de montagem, empresas que somente montam produtos cujas peças já vêm prontas do exterior. Os principais bens aí produzidos — televisores, aparelhos de som e motos — empregam tecnologia estrangeira, além de encarecerem o produto para o consumidor (que em sua maioria está no Centro-Sul), por causa dos custos do transporte. Ademais, essa zona fez crescer as importações brasileiras e contribuiu para aumentar a dívida externa. O processo de ocupação recente da Amazônia brasileira, em síntese, é predatório: em busca de lucros fáceis, grandes projetos agropecuários, subsidiados pelo governo federal, depredam a floresta, exterminam nações indígenas, destroem a fauna, exploram intensamente a força de trabalho que utilizam e desencadeiam conflitos violentos com os pequenos proprietários de terra e posseiros. Essa é a Amazônia de hoje, bem diferente daquela imagem romântica da "floresta impenetrável", do ser humano convivendo harmoniosamente com o meio natural, da predominância da coleta extrativa. A INTERNACIONALIZAÇÃO DA AMAZÔNIA A Amazônia é de todos? A internacionalização da Amazônia, é um fato que vem sendo discutido a partir dos meados da década de 80, quando alguns políticos de países de primeiro mundo, discutindo sobre o pagamento da dívida externa do Brasil, pensaram no pagamento com reservas naturais, indústrias, etc. Foi mais fortemente discutida no final dos anos 90, inclusive pelo ex-presidente do EUA George W. Bush, que falou sobre a Internacionalização da Amazônia em alguns de seus discursos para presidência. Estamos passando por um caso que muitos acham incorreto, como brasileiros, mas outros têm uma opinião contrária, de que a Amazônia seja um patrimônio de todo mundo, que todos deveriam comandá-la. Na medida em que a Amazônia ia sendo revelada ao Brasil através dos inúmeros inventários e levantamentos de seus recursos naturais, minerais e energéticos, a década de 80 e 90 assistia à entrada em operação de inúmeros projetos de impacto, no setor de mineração e eletricidade. O projeto Trombetas, pela Companhia Vale do Rio Doce, para exploração da bauxita; da Grande Carajás, para exploração do minério de ferro; da Albrás-Alunorte, em Vila do Conde, para https://www.coladaweb.com/geografia/recursos-naturais produção de alumina e alumínio metálico; de Tucuruí, no rio Tocantins, para produção de cerca de 4 milhões de quilowatts; e o das hidrelétricas de Balbina, no rio Uatumã, e de Samuel, no rio Jamari. Esse panorama que contribuiu para a expansão demográfica e da fronteira agrícola, pecuária, mineral e industrial, deu origem, também, às tensões sociais, conflitos de terras, disputas de posse e invasões de áreas indígenas. A situação engendrou também, pelo atraso de uma política nacional de preservação, o quadro atual caracterizado pela atuação de madeireiras predatórias, poluição fluvial, garimpeiros clandestinos, falsos missionários, contrabando das riquezas da biodiversidade florestal e pelo narcotráfico, favorecido pelos 1600 km de fronteira de uma linha imaginária, com insignificante presença civil ou militar – a fronteira aberta à guerrilha, ao narcotráfico, ao contrabando de armas e à biopirataria. (...) ...esse fato de que a Amazônia é de todos têm muitas opiniões, não sabemos que seria correto distribuir um patrimônio florestal internacional situado no Brasil. Ao início, falam de um salvamento da Amazônia e da economia brasileira. À outro lado, o caso de a Amazônia ser internacionalizada poderá ocorrer uma imensa destruição ambiental, pois muitos desses países procuram apenas a exploração da Amazônia, como os Portugueses fizeram com a riqueza ambiental brasileira na época da colonização. Esse ainda é um fato a muito ser discutido, mas certamente, praticamente todos os brasileiros devem ter uma opinião negativa à esse caso. Texto completo em: https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/a-internacionalizacao-da-amazonia AMAZÔNIA NO CONTEXTO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL PÓS-50 O planejamento regional para integração da Amazônia foi deflagrado em 1953, com a criação da Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA). O órgão federal tinha o objetivo de coordenar os planos governamentais para a região. A lei que criou o SPVEA definiu a Amazônia Brasileira, que abrangia os estados do Pará e Amazonas, os então territórios do Acre, Amapá, Guaporé (atual Rondônia) e Rio Branco (atual Roraima), além de parte dos estados do Maranhão (a oeste do meridiano de 44° W), de Goiás (ao norte do paralelo de 13° S, área que corresponde ao atual Estado de Tocantins) e Mato Grosso (ao norte do paralelo de 16° S). , A região correspondia, grosso modo, à porção da Amazônia Internacional localizada em território brasileiro. Não era, contudo, uma região natural, masuma região de planejamento, pois a sua delimitação decorria de um ato de vontade política do Estado. As regiões naturais são limitadas por fronteiras zonais, ou seja, por faixas de transição entre ecossistemas contíguos. As regiões de planejamento, ao contrário, são delimitadas por fronteiras lineares, que definem rigorosamente a área de exercício das competências administrativas. O planejamento regional para a Amazônia ganhou novo impulso após a transferência da capital federal e a construção da rodovia Belém—Brasília. Em 1966, no quadro da política de integração nacional do regime militar, o SPVEA era extinto e, no seu lugar, criava-se a Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O novo órgão de planejamento ganhou um poderoso braço financeiro, com o estabelecimento do Banco da Amazônia (Basa), destinado a financiar empreendimentos privados dirigidos para o Grande Norte. A lei que criou a Sudam redefiniu a Amazônia Brasileira, que passava a se denominar Amazônia Legal. Em 1977, com o desmembramento do Mato Grosso do Sul, foram ampliados os limites da região de planejamento. A Amazônia Legal passou a abranger a totalidade do Estado do Mato Grosso, perfazendo superfície de 5,2 milhões de km2, cerca de 61% do território brasileiro. A OCUPAÇÃO PÓS 64 As políticas territoriais para a Amazônia, sob o regime militar, concebiam a região como espaço de fronteira, num triplo sentido. Na condição de fronteira política, o Grande Norte abrangia largas faixas pouco povoadas adjacentes aos limites do Brasil com sete países vizinhos. Essas faixas configuravam "fronteiras mortas", ou seja, áreas de soberania formal mas não efetiva do Estado brasileiro. O empreendimento da "conquista da Amazônia" tinha a finalidade de construir as bases para o exercício do poder nacional nas faixas de fronteiras. Na condição de fronteira demográfica, o Grande Norte deveria ser povoado por excedentes populacionais gerados no Nordeste e no Centro-Sul. As rodovias de integração — a Belém— Brasília, a Transamazônica, a Brasília—Acre e a Cuiabá— Santarém — destinavam-se a orientar os fluxos migratórios para a "terra sem homens". Na condição de fronteira do capital, o Grande Norte deveria atrair volumosos investimentos transnacionais e nacionais voltados para a agropecuária, a mineração e a indústria. Sob a coordenação da Sudam, a Amazônia Legal transformou-se em vasto cenário de investimentos incentivados por recursos públicos. Os projetos privados viabilizavam-se por meio de mecanismos de renúncia tributária e concessão de empréstimos subsidiados. Os projetos minerais e industriais concentraram-se em Belém e seus arredores e na Zona Franca de Manaus (ZFM). Os projetos florestais e agropecuários, mais numerosos, concentraram-se no Mato Grosso e sobre o eixo da Belém— AMAZONIA LEGAL https://www.coladaweb.com/drogas/narcotrafico https://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/biopirataria https://www.coladaweb.com/geografia-do-brasil/a-internacionalizacao-da-amazonia Brasília, abrangendo o atual Estado do Tocantins, o sul do Pará e o oeste do Maranhão. Os incentivos totalizavam, em geral, metade dos recursos necessários para os projetos agropecuários. O desmatamento e a formação de pastagens extensivas eram classificados como benfeitorias, assegurando o direito aos incentivos. Em meados da década de 1970, a Sudam passou a aprovar somente megaprojetos, em glebas gigantes de, no mínimo, 25 mil hectares. Sob a política de incentivos, multiplicaram-se os latifúndios com áreas superiores a 300 mil hectares. A propaganda oficial alardeava a iminente transformação da Amazônia em pólo exportador de produtos agroindustriais, com Belém assumindo a condição de maior porto exportador de carne do mundo. Até 1985, mais de 900 projetos foram aprovados pela Sudam. A legislação vigente nesse período determinava que a devolução dos recursos públicos recebidos por projetos cancelados não envolveria juros ou correção monetária. Desse modo, em ambiente econômico inflacionário, abandonar projetos incentivados tornou-se negócio altamente lucrativo. As políticas que orientaram a "conquista" geraram um conflito entre dois tipos de ocupação do espaço geográfico. O povoamento tradicional, gerado pelo extrativismo, consistia numa ocupação linear e ribeirinha, assentada na circulação fluvial e na rede natural de rios e igarapés. O novo povoamento consistia numa ocupação areolar, polarizada pelos núcleos urbanos em formação e pelos projetos florestais, agropecuários e minerais. Esse conflito expressou-se, de um lado, como tensão social envolvendo índios, posseiros e grileiros, Desde a década de 1970, as disputas pela terra configuraram um "arco de violência" nas franjas orientais e meridionais da Amazônia. De outro lado, o conflito expressou-se pela modificação antrópica das paisagens e pela degradação progressiva dos ecossistemas naturais. Um "arco da devastação", que apresenta notáveis sobreposições com o "arco de violência", assinala os vetores da ocupação recente do Grande Norte. Nos estados do Tocantins, Pará e Maranhão, a devastação antrópica atinge formações de cerrados, da Floresta Amazônica e da Mata dos Cocais. No Mato Grosso e em Rondônia, manifestase com intensidade nos cerrados, na Floresta Amazônica e nas largas faixas de transição entre esses domínios, onde se descortinam manchas de florestas com babaçu. USINA HIDROELÉTRICA DE TUCURUÍ A Usina de Tucuruí está localizada no Rio Tocantins, no município de Tucuruí, na mesorregião Sudeste do Pará, (a cerca de 300 km ao sul de Belém), com uma capacidade geradora instalada de 8.370 MW. Em potência instalada, Tucuruí é a segunda maior usina hidroelétrica 100% brasileira, ficando apenas atrás da usina de Belo Monte. Seu vertedouro, com capacidade para 110.000 m³/s, é o segundo maior do mundo. A construção foi iniciada em 24 de novembro de 1974. A primeira fase foi inaugurada nos anos 1980 e a segunda em meados de 2010 totalizando os 8.370 MW. A UHE Tucuruí é a principal usina integrante do Subsistema Norte do Sistema Interligado Nacional (SIN), sendo responsável pelo abastecimento de grande parte das redes: da CELPA (no Pará), da CEMAR (no Maranhão) e da CELTINS (no Tocantins). Em períodos de cheia no rio Tocantins, a Usina de Tucuruí também complementa a demanda do restante do país através do SIN. Um sistema de eclusas e um canal de 5,5 km possibilita a navegação fluvial entre a montante e jusante da usina. A barragem de Tucuruí, de terra, tem 11 km de comprimento e 78 m de altura. O desnível da água varia com a estação entre 58 e 72 m. O reservatório tem 200 km de comprimento e 2.850 km² de área quando cheio. Quando o nível é mínimo (62 m), a área alagada diminui em cerca de 560 km². A usina está ligada à rede nacional pela linha de transmissão entre Presidente Dutra (Maranhão) e a Usina Hidrelétrica de Sobradinho, via Boa Esperança (Piauí). O LAGO DE TUCURUI E A COMPENSAÇÃO FINANCEIRA AOS MUNICÍPIOS A Compensação Financeira pela Utilização de Recursos Hídricos (CFURH,) corresponde aos royalties hídricos pagos aos prefeitos que administram populações residentes em áreas de lagos de hidrelétricas. No Pará, oito prefeituras das cercanias da usina de Tucuruí recebem royalties proporcionados pelo caudaloso Rio Tocantins: Novo Repartimento, Goianésia do Pará, Jacundá, Nova Ipixuna, Breu Branco, Tucuruí, Itupiranga e Marabá. As cotas-partes são distintas porque variam conforme a extensão alagada. No caso da hidrelétrica de Tucuruí, diferentemente do que muitos pensam, quem recebe mais royalties da Eletronorte não é a Prefeitura de Tucuruí, mas, sim, a de Novo Repartimento. Embora a casa de máquinas esteja no município que dá nome à usina (e, por isso, Tucuruí beneficia-se de milhões em taxas e impostos), a maior área alagadado reservatório está em Repartimento são 1.441.30 km². Neste município estão 41% da extensão do lago. A Prefeitura de Tucuruí recebe 17,7% dos royalties porque é com esse percentual de suas terras que o município contribui para a formação do lago, 621,62 km². Marabá é o município que menos empresta terras, contribuindo apenas com 43,57 km². (Observe acima, o mapa do lago e o quadro abaixo, com a arrecadação dos oito municípios em 2018) ECLUSAS DE TUCURUÍ Para viabilizar a navegação na Hidrovia Araguaia- Tocantins é necessária a construção de sistema de transposição do desnível de 72 metros criado pela Hidrelétrica de Tucuruí, através da construção de duas eclusas e um canal intermediário. Obstáculo, até então, decisivo ao desenvolvimento econômico da região, as barreiras naturais que impediam a precária navegação pelo Rio Tocantins foram submersas pelo reservatório criado pelo barramento de Tucuruí. Foi dado o primeiro passo para a transformação do Araguaia-Tocantins em importante hidrovia, com futura capacidade de transporte prevista para 130 milhões de toneladas métricas por ano. As obras de infra-estrutura iniciais desse sistema de transposição foram executadas, juntamente com a construção da 1ª etapa da usina hidrelétrica. O arranjo de transposição contém duas eclusas de grande desnível, com 210m de comprimento e 33m de largura cada uma, tendo 36,50m de desnível máximo operacional de navegação na de montante e 35m na eclusa de jusante, situadas nas extremidades de um canal intermediário com 5,5km de extensão e largura mínima de 140m na base, e é essencialmente formado por um longo dique à direita no sentido de montante para jusante. Este canal permitirá manobras de comboio e tornará a operação de uma eclusa independente da outra. A eclusa de montante terá uma porta tipo mitra (um par de folhas) a montante e uma porta guilhotina, com contrapesos, a jusante, com 33m de vão livre e 23,5m de altura, ambas. A eclusa de jusante terá duas portas tipo mitra, com 33m de vão livre e altura de 7,50m e 42m, respectivamente a montante e jusante. ECLUSAS DE TUCURUÍ: caminho de saída Por Lucio Flavio Pinto* Brasil 25/4/2011 Quatro meses depois de inaugurado, o sistema de transposição da barragem da hidrelétrica de Tucuruí ainda é um mistério para os paraenses, que esperaram durante quase 30 anos pela conclusão da obra. Seu custo é impressionante: R$ 1,6 bilhão. Equivale à maior obra de engenharia hidráulica do mundo: as duas portas de aço que protegem das grandes cheias do Mar do Norte o porto de Rotterdam, na Holanda, o maior da Europa. Mas ainda está longe de permitir a navegabilidade da bacia do Araguaia-Tocantins, que drena 10% do território brasileiro, em seus 2,4 mil quilômetros de extensão. Pelo contrário: as duas eclusas vão tornar proibitiva a navegação nesse trecho para as pequenas embarcações, que fazem o transporte no baixo Tocantins. Para poder ter acesso aos elevadores hidráulicos e ao canal de concreto, com 5,5 quilômetros de extensão (percurso que será feito em uma hora), a embarcação precisará contar com defensas para se proteger das muralhas laterais das câmaras, que têm 140 metros de extensão. Terão que dispor ainda de cabos de amarração para ficarem engatadas aos cabeçotes flutuantes e rádio do tipo VHF, necessário para a comunicação com o operador da eclusa. Só farão a eclusagem as embarcações legalizadas junto à autoridade marítima e cujo condutor seja aquaviário, devidamente legalizado. A esmagadora maioria das embarcações em operação na região não atende a essas exigências e nem possui condições para preenchê-las, por seu custo, proibitivo para esse tipo de negócio. As providências são necessárias para proteger tanto as embarcações que atravessarem o sistema de transposição como as instalações das eclusas. O problema é que ninguém pensou na navegação local, nem no habitante nativo da área sob a influência da barragem, que é visto apenas como elemento decorativo da paisagem. O objetivo é atender grandes e poderosos clientes, como os mineradores e os produtores de grãos. Hidrelétrica de Tucuruí recebe autorização para operar eclusas A Agência Nacional de Águas (ANA) concedeu nesta sexta-feira a outorga para direito de uso da água para a operação das eclusas da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins (PA), na divisa dos municípios de Tucuruí e Breu Branco. A autorização foi publicada no “Diário Oficial da União”. BRASÍLIA – A Agência Nacional de Águas (ANA) concedeu nesta sexta-feira a outorga para direito de uso da água para a operação das eclusas da usina hidrelétrica de Tucuruí, no Rio Tocantins (PA), na divisa dos municípios de Tucuruí e Breu Branco. A autorização foi publicada no “Diário Oficial da União”. As eclusas, inauguradas em novembro de 2010, foram construídas para permitir a navegabilidade pelo rio após a construção da barragem da hidrelétrica, que criou um desnível de 72 metros. As duas eclusas são interligadas por um canal intermediário com 5,5 quilômetros de extensão e 140 metros de largura. As estruturas são as primeiras da hidrovia Araguaia- Tocantins. A obra permite a navegação entre o Centro-Oeste e o Norte do país e deverá ser utilizada como rota de escoamento de grãos e minérios. De acordo com a ANA, as eclusas de Tucuruí são as maiores do país, com capacidade para 32 operações por dia. Valor Online — publicado 19/08/2011 última modificação 15/03/2019 OBRA DO DERROCADA DO PEDRAL DO LOURENÇO DEVE COMEÇAR EM 2020 A obra de derrocamento do Pedral do Lourenço, licitada em 2016 no valor de 520 milhões , e que permitirá a navegabilidade do Rio Tocantins, está prevista para iniciar no final de 2020. A informação foi dada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), durante 11º Seminário Internacional de Transporte e Desenvolvimento Hidroviário Interior, realizado nesta terça-feira (22), em Brasília. O valor do contrato para a realização da obra é de R$ 656 milhões, a ser executado pelo consórcio DTA O’ Martins. Atualmente o empreendimento está entrando na fase do projeto executivo de engenharia e da finalização dos estudos ambientais. A obtenção do licenciamento prévio concedido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) deve sair no primeiro semestre do próximo ano. Fonte 23/10/2019: https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e- marinha/derrocamento-do-pedral-de-lourenco-deve-comecar-em-2020-preve-dnit USINA HIDRELÉTRICA DE BELO MONTE A Usina de Belo Monte está localizada na famosa Volta Grande do Rio Xingu, no município de Altamira, na mesorregião sudoeste do estado Pará. Sua potência instalada é de 11233 MW mas, tem uma produção anual média de 4500 MW, o que representa aproximadamente 10,0% do consumo nacional. A usina de Belo Monte é a quarta maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas das chinesas Três Gargantas (20300MW) e Xiluodu (13800MW) e da brasileira/paraguaia Itaipu (14000 MW), sendo a maior usina hidrelétrica inteiramente brasileira. https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/derrocamento-do-pedral-de-lourenco-deve-comecar-em-2020-preve-dnit https://www.portosenavios.com.br/noticias/navegacao-e-marinha/derrocamento-do-pedral-de-lourenco-deve-comecar-em-2020-preve-dnit O reservatório da usina tem uma área de 478 km². Seu custo foi estimado pelo Consórcio Norte Energia em 26 bilhões de reais. O contrato de concessão foi assinado em agosto de 2010 e as obras iniciaram em fevereiro de 2011. O início de operação da primeira turbina ocorreu em abril de 2016 e somente em novembro de 2019, foi acionada a última turbina da usina, dando início à plena operação do empreendimento que pode atender até 60 milhões de consumidores de 17 estados, ao final das obras, Belo Montehavia exigido cerca de R$ 40 bilhões de reais em investimentos públicos e privados. Desde seu início, o projeto de Belo Monte encontrou forte oposição de ambientalistas brasileiros e internacionais, de algumas comunidades indígenas locais e de membros da Igreja Católica. Essa oposição levou a sucessivas reduções do escopo do projeto, que originalmente previa outras barragens rio acima e uma área alagada total muito maior. Em 2008, o CNPE decidiu que Belo Monte seria a única usina hidrelétrica do Rio Xingu. A FAMOSA VOLTA GRANDE DO RIO XINGU E AS TERRAS INDIGENAS Vantagens da Usina Hidrelétrica de Belo Monte A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai trazer as seguintes vantagens: • Produção de mais de 11.000 MW de Energia Elétrica é essencial do ponto de vista de Engenharia Elétrica para evitar futuros apagões e garantir o crescimento da Economia. • A energia gerada é suficiente para abastecer as casas de 26 milhões de pessoas, uma população equivalente a área Metropolitana de São Paulo. • A Energia Hidrelétrica é abundante, barata e limpa, uma excelente opção se comparada as Usinas Nucleares (que são caras e perigosas) ou então as Usinas a Carvão, Petróleo e Gás (que são poluentes). • Os índios da região vão ter uma fonte de energia mais barata e mais ecológica. • Novas Linhas de Transmissão vão tornar o Sistema Energético Brasileiro mais eficiente segundo profissionais de Engenharia Elétrica. • O lago da Hidrelétrica de Belo Monte pode servir para criação de Fazendas de Peixes. • A usina de Belo Monte vai gerar muitos empregos na região, entre eles Engenheiros Elétricos e Técnicos de todo tipo. • O impacto ambiental das árvores cortadas para o lago será compensado a longo prazo pela geração de energia mais limpa que emite menos carbono. • Haverá muita Compensação Ambiental no longo prazo. Desvantagens da Usina Hidrelétrica de Belo Monte A Usina Hidrelétrica de Belo Monte vai trazer as seguintes desvantagens: • A criação do enorme lago da usina de Belo Monte vai inundar várias cachoeiras e trechos onde os peixes se reproduzem, obrigando estes animais a procurar outros lugares afastados. • O lago também influenciará pássaros e animais tais como macacos que vivem nas árvores da região. • A diminuição da oferta de peixes e grandes animais terrestres vai reduzir a oferta de carne na dieta dos índios, como alternativa terão de ir caçar mais longe. • O lago poderá inundar algumas aldeias indígenas, algumas das quais existem a centenas de anos. • Patrimônios históricos tais como Pinturas Rupestres e ossos de dinossauros ficarão perdidos para sempre embaixo das águas. • Trechos onde antes os índios navegavam agora poderão ficar inacessíveis por causa das represas. • Centenas de Quilômetros da Floresta Amazônica vão ter que ser cortados para que o lago da Hidrelétrica de Belo Monte possa ser enchido. • Haverá muito Impacto Ambiental no curto prazo. IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS A construção de grandes hidrelétricas na Amazônia tem sido apresentada como indispensável para garantir o crescimento do país. No entanto, exemplos recentes de instalação dessas usinas na maior floresta tropical do mundo estão mostrando que, na realidade, elas não passam de uma falsa solução – e estão longe de ser limpas ou sustentáveis. Inundação de áreas imensas com sérios impactos ambientais, atropelamento de direitos humanos, impactos profundos na biodiversidade e nas comunidades tradicionais, migrações e crescimento urbano desordenado, denúncias de http://www.guiadacarreira.com.br/artigos/ciencia/usinas-nucleares/ superfaturamento, etc. São alguns exemplos que têm caracterizado a construção de hidrelétricas na região. Além de todos esses problemas, as usinas instaladas em áreas de floresta tropical emitem quantidades consideráveis de gases de efeito estufa – dióxido de carbono e metano – como resultado da degradação da vegetação alagada e do solo. Com todos esses impactos na balança, é impossível classificar as hidrelétricas como energia limpa, a geração é considerada limpa, mas a obra como um todo é geradora de impactos sociais e ambientais. Governo inaugura Belo Monte e dá a largada para a construção de novas hidrelétricas O governo federal pretende dar sinal verde para a construção de novas usinas hidrelétricas. A informação é do Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, ao discursar na solenidade de inauguração da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, ocorrida hoje, 27, em Vitória do Xingu/PA. O presidente Jair Bolsonaro esteve presente à inauguração, que foi marcada pelo acionamento da última unidade geradora, a 18ª Unidade Geradora da Casa de Força Principal da Usina, que assegura 11.233,1 megawatts (MW) de capacidade instalada, a maior hidrelétrica 100% brasileira. “Os investimentos realizados para a implantação de Belo Monte movimentaram a economia local e nacional. Continuaremos a trabalhar juntos com os demais ministérios, estados, municípios e órgãos envolvidos para construir novas usinas hidrelétricas, que, a exemplo desta, trazem segurança para o sistema elétrico, energia limpa, barata e de qualidade para garantir o desenvolvimento regional e nacional”, anunciou o Ministro. Bento Albuquerque, que considera a conclusão da hidrelétrica um marco histórico para o País, falou sobre os desafios e superações enfrentados ao longo da construção: “deste gigantesco empreendimento de engenharia, que possui 11.000 (onze mil) MW de geração de energia limpa e renovável, que se somam à nossa matriz de energia elétrica, considerada a mais limpa e diversificada”. Ele destacou que, para transmitir a energia de Belo Monte para os centros consumidores, foram construídas as maiores linhas de transmissão do País, em que uma delas é a segunda mais longa do mundo, conectando o Pará ao Rio de Janeiro e a Minas Gerais. Em sua fala, também salientou que a produção de energia de Belo Monte representa 7% da capacidade total da produção brasileira. “Com todas as unidades geradoras da usina funcionando simultaneamente, ela é capaz de suprir 10% da demanda do mercado nacional”, afirmou, entusiasmado, o Ministro. Benefícios sociais e redução de impactos ambientais Bento Albuquerque enalteceu os diversos benefícios advindos da construção de Belo Monte, como a geração de mais de 30 mil empregos diretos e da realização de mais de 5 mil ações socioambientais nos municípios da região, com aplicação de mais de R$ 6 bilhões. “Durante toda a obra e, de agora em diante, por toda a operação, os programas socioambientais continuarão sendo executados, fiscalizados e acompanhados pelos órgãos ambientais, sempre buscando reduzir impactos sobre o meio- ambiente e maximizar os resultados para a sociedade”, ressaltou. O Ministro concluiu sua fala externando sua alegria e satisfação com a inauguração de Belo Monte. “Vejo que somos testemunhas de mais um capítulo de prosperidade, que contou com a visão estratégica, a concepção de uma política energética de estado, criada há mais de 40 anos, com o uso da cultura da nossa academia, da nossa engenharia, da nossa indústria e da capacidade de empreendimentos nacionais”, declarou. “Destaco e enalteço – concluiu -, especialmente, os esforços, a competência e a bravura de todos que trabalharam direta e indiretamente para a realização dessa obra magnífica, por todo e qualquer aspecto que seja considerado”. Belo Monte – História (Fonte: Norte Energia) Instalada no rio Xingu, Belo Monte aumentou significativamente a eficiência, bem como conferiu maior proteção social e ambiental por meio de medidas como a redução da área alagada, passando de 1.225 para 478 km². Esta gigante do setor elétrico brasileiro é composta por duas Casas de Força, onde estão instaladas 24 Unidades Geradoras (UGs). Na Casa de Força Principal são 18 Unidades de 611,11 MW, sendo que cada uma delas é capaz de gerarenergia para alimentar uma cidade com 1,5 milhão de habitantes. Na Casa de Força Complementar estão outras seis Unidades menores, com 38,85 MW cada. Belo Monte é classificada como uma “usina a fio d’água”*, e conta com dois reservatórios interligados por um Canal de Derivação com 20 quilômetros de extensão. Este novo arranjo garantiu que nenhuma terra indígena fosse alagada pelo empreendimento. O Reservatório Principal possui 359 km2, sendo que 228 km2 já eram a própria calha do rio Xingu. Já o Reservatório Intermediário abrange 119 km². O complexo hidrelétrico conta com outras duas importantes estruturas no rio Xingu, ao lado da Casa de Força Complementar: o Sistema de Transposição de Peixes (STP) e o Sistema de Transposição de Embarcações (STE). Localizado na margem esquerda do rio Xingu, o STP possui 1,2 mil metros e permite a migração dos peixes através do barramento. Já o STE, na margem direita, está em uso desde 2013 e garante a navegabilidade entre a Volta Grande do Xingu e o trecho à montante da barragem. Com o intuito de reduzir o impacto ambiental, o reservatório Principal do empreendimento, formado na calha do rio Xingu, foi concebido à fio d’água, uma tecnologia moderna e preservacionista que atende aos mais rígidos princípios de sustentabilidade, respeitando o meio ambiente e as comunidades do entorno. Junto com o reservatório Intermediário, a área alagada do empreendimento totaliza 478 quilômetros quadrados – considerada pequena se comparada à área alagada por outros empreendimentos hidrelétricos e à capacidade instalada da usina. Ambos os reservatórios estão situados entre os municípios de Altamira, Brasil Novo e Vitória do Xingu. A área de abrangência da usina ainda contempla outros dois municípios: Anapu e Senador José Porfírio. Fonte: Ministerio das Minas e Energia em 27/11/2019 A NOVA FRONTEIRA AGRÍCOLA NA AMAZÔNIA A Fronteira agrícola amazônica é uma área de ocupação e extensão de atividades ligadas à agropecuária na Amazônia legal brasileira. A fronteira abrange áreas do norte, nordeste e centro-oeste brasileiro. No meio acadêmico pode ser conhecida como Arco do Desmatamento ou Desflorestamento, em função da intensa atividade predatória existente na fronteira. Embora sua característica fortemente econômica, a fronteira influenciou os mais diversos fatores sociais, demográficos, políticos e até mesmo culturais. A ocupação da fronteira agrícola amazônica começou historicamente com a abertura da rodovia Belém-Brasília. Esta foi a primeira via rodoviária de ocupação da região. Ao lado da rodovia pequenos agricultores foram paulatinamente se assentando e ocupando porções de terra. Aos poucos os primeiros núcleos urbanos foram surgindo, dando os contornos da atual ocupação. Os marcos históricos maiores da ocupação da fronteira agrícola amazônica se deram com a instalação das demais rodovias na década de 1970: a Transamazônica, Cuiabá-Santarém e Cuiabá-Porto Velho. Neste período iniciou-se um intenso processo de migração de sulistas e nordestinos para a região amazônica. Em pouco tempo as áreas adjacentes destas rodovias estavam densamente povoadas. A fronteira inicialmente centrava-se numa economia de pequena lavoura e de extração e venda de madeira não processada. A extração e venda da "madeira em tora" foi a principal atividade econômica da região por mais de duas décadas, até quase a exaustão dos recursos vegetais na região. Verdadeiras cadeias industriais e cidades surgiram da atividade madeireira. Atualmente toda a cadeia da madeira está estagnada, reservando-se a uns poucos locais de extração e beneficiamento. Na década de 1990 migra para a fronteira as atividades ligadas ao plantio em larga escala (agrobusiness) de soja e milho. A ocupação da fronteira pela soja e pelo milho deu novos contornos a região, que passou a receber grandes investimentos em logística e relativa oferta de capitais. Paralelamente a extração madeireira e ao plantio de soja e milho, a atividade pecuária cresce de forma vertiginosa na região Amazônica, acompanhando pari passu a expansão da fronteira agrícola. A região chega a ser conhecida por ter "mais cabeças de gado que pessoas". A fronteira agrícola amazônica influenciou não somente em fatores demográficos ou econômicos, mas também deixou uma forte e distintiva marca em questões culturais. O exemplo disto é a singular diferença que há entre os costumes de vestimenta, música, dialeto, culinária e visão de espaço e tempo entre as principais capitais da região, Manaus e Belém, e a região da fronteira agrícola amazônica. Em fatores musicais por exemplo, há uma clara preferência por ritmos como o forró e o sertanejo em detrimento do brega e do carimbó, ritmos tradicionais do vale amazônico. A diferença mais marcante em relação á cultura da fronteira diz respeito ao seu modo de falar (ou dialeto). Devido a intensa migração de goianos, mineiros, maranhenses, paulistas, paranaenses e gaúchos, o dialeto local tornou-se uma mescla dos dialetos falados por cada um destes imigrantes. No meio acadêmico é conhecido por dialeto da serra amazônica (em alusão à localização da fronteira agrícola, nas partes mais altas da Amazônia) ou do arco do desflorestamento. Este dialeto é muito próximo dos dialetos nordestino, caipira e sertanejo, e muito diferente daquele falado no restante da Amazônia. O AVANÇO DA SOJA A expansão do cultivo da soja no Brasil em direção à Amazônia tem gerado discussões e polêmicas quer entre os pesquisadores, quer entre os militantes de ONGs e quer entre os políticos. Muitas vezes este debate vem desprovido de uma compreensão profunda e consistente do significado da expansão da produção de soja no Brasil e no cone sul da América. O comportamento do mercado mundial é fundamental para que se compreenda, simultaneamente, o crescimento das demandas internas e externas desta commodity em um mercado mundializado. A sua análise demonstra que há um crescimento maior das exportações de soja do Brasil em relação ao crescimento do consumo no mercado interno. Este processo está relacionado à relativa estagnação da produção norte-americana e o crescimento do consumo pela China e pela União Européia. Outro ponto importante estudado é a construção de uma nova geografia da soja no território brasileiro. A expansão da soja em direção ao ecossistema do cerrado na região Centro Oeste e Nordeste do país, gerou uma nova logística de transportes e a implantação de unidades de empresas multinacionais de comercialização e industrialização de grãos, que alterou profundamente o desenho geográfico da agricultura brasileira. Novas rotas, novas estratégias de transportes compõe a infraestrutura que articula sistemas modais articulados de hidrovias, ferrovias, rodovias e portos. Aborda-se também, a relação entre a expansão da soja e sua presença no ecossistema da floresta equatorial na Amazônia Legal. O crescimento do desmatamento no estado de Mato Grosso nesta última década está direta ou indiretamente relacionado com esta expansão, embora, esteja relacionado principalmente, à expansão da pecuária e à grilagem das terras públicas na fronteira amazônica. https://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira_agr%C3%ADcola https://pt.wikipedia.org/wiki/Fronteira_agr%C3%ADcola https://pt.wikipedia.org/wiki/Agropecu%C3%A1ria https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia_legal https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia_legal https://pt.wikipedia.org/wiki/Norte_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Nordeste_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Centro-Oeste_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-010 https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-230 https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-163 https://pt.wikipedia.org/wiki/BR-364 https://pt.wikipedia.org/wiki/Ind%C3%BAstria_madeireira https://pt.wikipedia.org/wiki/Agrobusiness https://pt.wikipedia.org/wiki/Manaus https://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m_%28Par%C3%A1%29 https://pt.wikipedia.org/wiki/Forr%C3%B3https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsica_sertaneja https://pt.wikipedia.org/wiki/Brega https://pt.wikipedia.org/wiki/Carimb%C3%B3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto_nordestino https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto_caipira https://pt.wikipedia.org/wiki/Dialeto_sertanejo A PECUÁRIA AMAZÔNICA E PARAENSE Até a década de 1970, a criação de gado bovino na Amazônia – leiteiro e de corte – para consumo regional desenvolveu-se em poucas áreas de pastagens naturais, formadas pelos cerrados e campos. Porém, a partir desse período, começaram a se instalar na região poderosas empresas agropecuárias, que substituíram grandes trechos de floresta por pastos cultivados. A pecuária dessas novas áreas é extensiva e destinada ao corte. O gado é criado solto nos pastos. A atividade apresentou grande crescimento, passando de pouco mais de 1,7 milhão de cabeças de gado em 1970 para aproximadamente 24 milhões em 2000. No rebanho da Região, destaca-se também a criação de búfalos. Introduzida nos campos inundados da ilha de Marajó no início do século, recentemente passou a ocupar outras áreas do estado do Pará. O rebanho de búfalos da Região Norte representa mais de 60% do total nacional. Os rebanhos suíno e eqüino são pequenos na Região. Nas últimas décadas a pecuária da Amazônia teve um grande incremento, atraídos principalmente pelo baixo custo da terra a região viu a produção pecuária explodir, atualmente o Estado do Pará, é possuidor do 5º maior rebanho bovino do País, com mais de 20 milhões de cabeças(2014) e em crescimento acelerado, o que representa aproximadamente 10 % do rebanho nacional, curiosamente São Felix do Xingu com mais de 2 milhões de cabeças abriga o maior rebanho municipal do Brasil, o que equivale a 1% do total nacional, a criação de gado na Amazônia apresenta uma pecuária de corte baseada em pastagens cultivadas e até considerada de boa produtividade, principalmente nas Regiões Sul e Sudeste do estado. Mantido o crescimento relativo atual, em alguns anos, o Pará deverá ser detentor do maior rebanho bovino do País. Um rebanho bovino de mais de 20 milhões de cabeças contrastando com uma população humana de 7 milhões de habitantes predestinam o Estado do Pará a ser o maior exportador de carne bovídea, do País. O estado do Pará se destaca com a exportação de gado vivo respondendo por 98% das vendas do país, esse dado, só reforça o baixo nível de verticalização da cadeia produtiva do nosso estado. EXPLORAÇÃO DAS RIQUEZAS MINERAIS A importância da mineração tende a crescer cada vez mais na Amazônia. Estudos recentes, com o levantamento dos recursos minerais da região, demonstraram haver abundância de ferro, ouro e manganês, além de boas possibilidades de se encontrar cobre, níquel, bauxita e até petróleo e gás natural. Nesse aspecto, destaca-se na região a serra dos Carajás, província mineral localizada ao sul de Belém que encerra grandes jazidas de vários tipos de minério, principalmente ferro. Ao sul de Carajás está Serra Pelada, onde se viveu a febre do ouro nos anos 1980, ainda existe ouro por lá. No Amapá, desenvolve-se uma atividade mineradora já tradicional na região: a extração do manganês da serra do Navio, exportado pelo porto de Santana, em Macapá. Praticamente todo o manganês, foi exportado para os Estados Unidos, e a empresa exploradora, a Icomi (Indústria e Comércio de Minérios S.A.), divide 49% de suas ações com a poderosa empresa norte- americana Bethlehem Steel. Em Rondônia explora-se a cassiterita (minério de estanho), extraída em áreas próximas à cidade de Porto Velho. No projeto Jari explora-se o Caulim. (Observe o mapa esquemático na página anterior) CONSIDERAÇÕES GERAIS PARA A CONSOLIDAÇÃO DA MINERAÇÃO NA AMAZÔNIA No contexto da década de 70/80, desencadeou-se um processo de transformações das bases produtivas do capitalismo industrial. Estas transformações estão relacionadas aos reflexos da crise do petróleo de 1973, pois ocasionaram a priorização de setores de alta tecnologia nos países desenvolvidos como, a robótica, a informática, a microeletrônica, a biotecnologia em detrimento de bases produtivas para os países periféricos. A transferência dessas bases produtivas para os países periféricos relaciona-se ao barateamento dos custos de mão-de-obra barata e incentivos fiscais como na Amazônia. O governo federal, sentindo os reflexos da crise do petróleo, assume um papel mais empresarial no que se refere á organização e à ocupação do espaço amazônico; implantando grandes projetos minero-metalúrgicos. Portanto, o Estado brasileiro passa a direcionar os investimentos na Amazônia associados ao capital estrangeiro, através da criação de áreas denominadas de enclaves tecnológicos, como o Projeto Grande Carajás. O PROGRAMA GRANDE CARAJÁS O PGC assinalou uma inflexão na economia e na organização do espaço geográfico no leste do Pará e no oeste do Maranhão (fig. 3). As grandes obras de infra-estrutura construídas em poucos anos — a E. F. Carajás (através de 890 quilômetros), o Porto de Itaqui (capaz de receber graneleiros de até 280 mil toneladas, em São Luís) e a hidrelétrica de Tucuruí (no Rio Tocantins) — atraíram significativos fluxos migratórios e geraram o surgimento de diversos núcleos urbanos. No coração do PGC estão as instalações de extração dos minérios, o terminal ferroviário de carga e os núcleos urbanos da Serra dos Carajás. A Vila de Carajás, no topo da serra, foi projetada para abrigar os funcionários da CVRD. Paraupebas, no sopé da serra, foi projetada para servir de residência à mão-de-obra temporária: os trabalhadores braçais que construíram os dois núcleos e as estradas de acesso. A estrutura urbana dupla tinha a função de isolar o topo da serra, retendo na parte de baixo os fluxos migratórios. Nesse quadro, a Vila de Carajás consolidou-se como verdadeira cidadela, guardada por um posto da Polícia Federal e uma portaria da CVRD. No sopé, ao lado do núcleo de Paraupebas, planejado para 5 mil habitantes, os fluxos migratórios impulsionaram o crescimento espontâneo do povoado de Rio Verde, que já abriga mais de 20 mil habitantes. O Projeto Ferro Carajás é a ponta de lança do PGC. Gerenciado pela CVRD, ele produz cerca de 35 milhões de toneladas anuais de minério, exportadas principalmente para o Japão. Ao longo da ferrovia, foram aprovados diversos projetos de instalação de indústrias siderúrgicas primárias, de ferro-gusa e ferro-ligas. Assim, embrionariamente, aparecem núcleos industriais nas áreas de Marabá (PA), nas proximidades das reservas de matérias-primas, e da Baixada Maranhense, nas proximidades do Porto de Itaqui. Esses projetos beneficiam-se dos vastos excedentes regionais de mão-de-obra, inicialmente atraídos pelas grandes obras de infra-estrutura e que hoje demandam empregos. Contudo, na falta de adequado planejamento dos impactos ambientais, tendem a gerar inúmeros focos de poluição doar e dos rios. Além disso, em virtude da opção pelo uso de carvão vegetal para queima nos fornos siderúrgicos, a implantação dos núcleos industriais previstos deve acarretar aceleração do desflorestamento. O Projeto dos Pólos de Alumínio é outra face do PGC. Os centros de transformação industrial da bauxita em alumina e alumínio localizam-se em Barcarena, nas proximidades de Belém, e em São Luís, na área do PGC . A usina de Tucuruí fornece as quantidades de energia elétrica necessárias para essa transformação. As fontes de abastecimento de bauxita, descobertas em 1966 pela transnacional canadense Alcan, localizam-se fora da área do PGC, na Serra de Oriximiná, no baixo vale do Rio Trombetas (reveja a figura 4). Em 1975 foi criada a Mineração Rio do Norte (MRN), um consórcio entre a CVRD, a Alcan, a anglo-holandesa Billiton-Shell Metais e a Companhia Brasileira de Alumínio, do grupo nacional Votorantim. A MRN produzcerca de 6 milhões de toneladas anuais do minério. Seu pólo de exploração abrange a jazida, um porto fluvial no Rio Trombetas e a usina de beneficiamento situada junto ao porto. Os minérios seguem, através do Rio Amazonas, para as usinas de Barcarena. Na área de extração e beneficiamento inicial do minério, a empresa previu a princípio construir uma bacia artificial para despejo dos rejeitos. Contudo, essa opção foi considerada custosa e abandonada. O lançamento dos rejeitos numa lagoa natural, o Lago da Batata, provocou assoreamento de mais de um quinto de sua extensão por material altamente poluente. O PROJETO JARI E MANGANÊS NA SERRA DO NAVIO O Projeto Jari, implantado pelo milionário norte- americano Daniel Ludwig em 1967, ocupa área de 1,6 milhão de hectares. O seu objetivo inicial consistia em integrar verticalmente atividades florestais, agrícolas, minerais e industriais. No início da década de 1980, em dificuldades financeiras, foi vendido para um consórcio de mais de duas dezenas de grupos empresariais nacionais. O enclave — com aeroporto, porto fluvial no Rio Jari, junto à boca norte do Rio Amazonas, e rede viária própria — estrutura-se em torno dos núcleos urbanos de Almeirim (PA) e Laranjal do Jari (AP). A Companhia Florestal Monte Santo desenvolveu atividades de silvicultura e produção industrial de celulose. A Caulim Amazônia extrai o caulim, utilizado para o branqueamento da celulose e exportado. A São Raimundo Agroindustrial cultiva arroz em terras de várzea e cria búfalos nos campos inundados. Os grandes projetos da Amazônia Oriental organizaram-se econômica e geograficamente como enclaves. Do ponto de vista econômico, são empreendimentos de extração de recursos naturais que servem como matérias- primas consumidas no exterior. Do ponto de vista geográfico, configuraram espaços isolados, servidos por redes viárias e núcleos urbanos especializados. A Serra do Navio localiza-se na área central do Amapá. As suas grandes jazidas de manganês foram descobertas na década de 1950, sob controle da Indústria e Comércio de Minérios S. A. (Icomi), um consórcio entre a transnacional norte- americana Bethlehem Steel e uma empresa nacional do Grupo Azevedo Antunes. Para viabilizar as exportações do minério, o consórcio construiu a E. F. Amapá e o Porto de Santana, nos arredores de Macapá (fig. 4). As suas atividades estruturaram-se em torno dos núcleos planejados de Serra do Navio, junto às jazidas, e de Vila Amazonas, junto ao porto. O enclave da Icomi tornou-se o núcleo dinâmico da economia do Amapá. Em quatro décadas, o consórcio extraiu e exportou a quase totalidade do minério de alto teor metálico que aflorava na superfície e mais da metade do total da reserva. Os altos custos de exploração do minério restante e a queda dos preços no mercado internacional levaram a transnacional a abandonar o consórcio. Atualmente, a Icomi direciona seus investimentos para a extração, beneficiamento e exportação do minério de cromo da Mina do Vila Nova, em Mazagão, nas proximidades do Porto de Santana. AS COMPANY TOWNS A singularidade dos grande projetos como enclaves manifesta-se, de modo agudo, no tipo particular de núcleos urbanos que geraram: as company towns. Esses núcleos planejados — Vila de Carajás e Paraupebas, Oriximiná, Laranjal do Jari, Serra do Navio e Vila Amazonas — contrastam com a urbanização regional, marcada pelo inchaço das periferias, a favelização e a precariedade dos serviços públicos e das infra- estruturas de saneamento básico. Mas os enclaves funcionam como imas, atraindo excedentes populacionais e, muitas vezes, gerando depósitos de mão-de-obra de reserva em povoados contíguos, que crescem desordenadamente no limiar das áreas protegidas. Assim surgiram Rio Verde, junto a Paraupebas, e o povoado miserável do Beiradão do Jari. CASSITERITA Também na década de 1950 teve início, em Rondônia, a exploração de cassiterita, da qual se extrai o estanho, utilizado principalmente na fabricação de latas de conserva. A princípio, esse minério era extraído por meio do garimpo, e só a partir dos anos 1970 a exploração passou a ser feita e modo industrial. Atualmente, a produção brasileira de cassiterita concentra-se nos estados de Rondônia, Amazonas e Pará. Fonte: Adaptado de IBGE, Atlas nacional do Brasil, 2010. A LEI KANDIR E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA PARAENSE A Lei Kandir, lei complementar brasileira nº 87 que entrou em vigor em 13 de setembro de 1996. Dispõe sobre o imposto dos estados e do Distrito Federal, nas operações relativas à circulação de mercadorias e serviços (ICMS). A lei Kandir isenta do tributo ICMS os produtos e serviços destinados à exportação. A lei pega emprestada o nome de seu autor, o ex- deputado federal Antônio Kandir. A Lei no artigo 3º diz: “O imposto não incide sobre: operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços. O texto original da CF-88 estabelecia imunidade do ICMS apenas nas exportações de produtos industrializados. Assim, a exportação de uma série de produtos semielaborados e de todos os produtos primários era tributada pelo ICMS, o que, segundo expressiva parcela dos estudiosos da questão fiscal, diminuiria a competitividade dos produtos nacionais. Essa visão ganhou maior dimensão com a implementação do Plano Real, uma vez que a balança comercial brasileira passou a ser deficitária. O superávit comercial de US$10,4 bilhões, em 1994, transformou-se em déficits de U$3,4 bilhões e US$5,6 bilhões em 1995 e 1996, respectivamente. Diante dessas circunstâncias, o Deputado Antonio Kandir apresentou o PLP nº 95/1996, que foi aprovado pelo Congresso Nacional, durante a sua gestão como Ministro do Planejamento do Governo Fernando Henrique Cardoso, e transformou-se desde então na chamada “Lei Kandir”, substituindo o Decreto-Lei nº 406, de 31 de dezembro de 1968, diploma legal que estabelecia, até então, as principais regras de cobrança do ICMS. Assim a lei Kandir gerou perdas importante causadas pela base de cálculo tributário para uma unidade federativa do Brasil do tamanho que é o Estado do Pará e que, é grande exportador de produtos primários. Os dados do IBGE nos mostram que o Pará é o segundo maior estado do país com uma extensão de 1.248.042,515 km², dividido em 144 municípios (com a criação de Mojuí dos Campos), está situado no centro da região norte e tem como limites o Suriname e o Amapá a norte, o oceano Atlântico a nordeste, o Maranhão a leste, Tocantins a sudeste, Mato Grosso a sul, o Amazonas a oeste e Roraima e a Guiana a noroeste. O Estado é o mais populoso da região norte, contando com uma população de 7.321.493 habitantes. Sua capital, Belém, reúne em sua região metropolitana cerca de 2,1 milhões habitantes, sendo a maior população metropolitana da região Norte. Segundo o IBGE, quase um quinto da população paraense é extremamente pobre. São exatos 1.432.188 habitantes no Estado, que residem em domicílios com rendimento menor ou igual a R$ 70,00 reais por mês. Desse total, cerca de 500 mil pessoas têm rendimento nominal mensal domiciliar igual à zero. A Lei Kandir causou perdas importantes na arrecadação de impostos estaduais, apesar de que o governo federal ficou comprometido em compensar tais perdas, as regras para esta compensação não ficaram tão claras e há um impasse entre o governo e os estados sobre este assunto. O que ocorre é que o governo apenas estabelece valores parciais para compensação e os lança no orçamento público da União. Os Estados são obrigados a indenizar as empresas do ICMS cobrado sobre insumos usados para as exportações. Parte destes recursos é repassada pela União, contudo, o repasse às empresas é lento, pois os créditos que elas possuem muitas vezes são referentes a um ICMS pago sobre um insumo comprado em outro Estado. Estudo do TCErevela que Pará já perdeu 21,5 bilhões. As autoridades paraenses resolveram se unir em torno daquele que é considerado o maior gargalo financeiro sofrido pelo Estado: as perdas causadas pela base de cálculo tributário da Lei Kandir e o seu respectivo impacto nas contas estaduais relativos aos repasses não recebidos daquele que é o quarto maior estado exportador de todo o país. A pesquisa considera os valores recebidos pelo Pará neste período, em forma de ressarcimento e auxílio financeiro do Governo Federal, para concluir que a Lei Kandir produziu um ônus de 21,5 bilhões de reais para o Estado em termos de arrecadação de ICMS sobre o setor exportador. “Esses recursos poderiam estar sendo utilizados, com certeza, em benefício do maior desenvolvimento do Pará, em segurança pública, saúde, educação, construções de moradias, e no bem estar da sua população” disse o presidente do TCE. Um dos objetivos principais na criação da Lei Kandir foi fomentar a economia do Brasil, deixando o valor do minério mais competitivo no mercado internacional. O governo exonerava o ICMS, mas compensava essa exoneração. Nos primeiros anos de Lei Kandir, e exoneração e a compensação formavam um casal perfeito, o estímulo na economia estava funcionando, mas, com o passar dos anos essa relação foi se desgastando. A compensação foi sendo atrasada e consequentemente e Lei Kandir deixou de ser cumprida. Pelo o que se percebe ex-deputado Antônio Kandir, autor da Lei, não levou em consideração a opinião dos Estados exportadores e maiores afetados com a Lei. O Pará exporta por ano 17,4 milhões de toneladas de bauxita sendo o terceiro maior produtor do mundo, e esse é apenas um dos minérios extraídos do Estado. O Estado do Pará é um dos maiores exportadores de minério do Brasil, e o ICMS é uma de suas maiores fontes de receita, o que afeta diretamente o desenvolvimento do Estado. Essa exoneração fiscal ao longo desses anos de existência da Lei Kandir além de afetar diretamente o Estado do Pará, afeta também o equilíbrio do Pacto Federativo, que tem como objetivo manter o equilíbrio socioeconômico e financeiro entre os estados da Federação, diminuindo assim as desigualdades entre eles. O não cumprimento da Lei Kandir, já causou ao Estado do Pará uma perda superior a 32 bilhões de reais, valor esse que poderia estar sendo investido em educação, saúde, e no implemento de políticas públicas para a aceleração do desenvolvimento do estado, dentre outros. QUESTÃO AGRARIA E MOVIMENTOS SOCIAIS NA AMAZÔNIA Compreender a formação social da Amazônia e em especial seus “movimentos” (movimentos sociais), é um exercício crítico de compreensão histórica da região. Para tal, é preciso ter clareza das diferentes intenções e dos diferentes atores que ocupam a região. Neste caso a questão da terra, seja posse ou propriedade é fundamental. Assim temos de um lado, principalmente os empresários, para quem a terra é fonte de lucro, de outro, principalmente as populações tradicionais, para quem a terra é fonte de vida, de sobrevivência. A partir desse entendimento vamos entender os diferentes conflitos que permeiam essa questão. Um embate entre aqueles que ávidos pelo lucro causam impactos ambientais e aqueles que além de lutar pela posse de suas terras, buscam também a proteção da Amazônia e de seus ecossistemas, assim a luta dos movimentos sociais são vinculados a realidade ambiental da região. Nesse caso devemos ter clareza que a formação econômica da Amazônia, passando pelo caráter colonial, explorador e predatório até mesmos da ocupação recente com Grande Projetos Agropecuários e Minerais, vai desencadear uma série de conflitos, envolvendo suas populações urbanas, rurais, tradicionais, indígenas, entre outros. Uma verdadeira trama envolvendo diversos atores sociais e, mais recentemente observamos, estratégias de organização utilizadas por esses movimentos visando o enfrentamento a grandes projetos econômicos e infraestruturais em curso na região. No que diz respeito a Questão Agrária, nas últimas décadas, o espaço amazônico, vem apresentando graves problemas decorrentes de vários fatores, tais como: ▪ O processo de integração da Amazônia frente ao Centro-Sul brasileiro, a partir da década de 60, originando uma série de problemas conflituosos na região; ▪ Os incentivos fiscais viabilizados pelo governo federal que permitiram a concentração de terras nas mãos de minorias privilegiadas (grandes empresas, fazendeiros, latifundiários, etc.), atraídos por incentivos e créditos; https://jus.com.br/tudo/orcamento ▪ A política oficial da Amazônia que criou, por meio de estímulos ao fluxo migratório de “sem terras” para a Amazônia já que, provocaram um processo de grilagem de terra de maneira a garantir sua exploração, em virtude da descoberta de grandes jazidas minerais; ▪ A intensificação da grilagem de terras e as grandes extensões de terras cobiçadas por pessoas que utilizam mecanismos fraudulentos, como a grilagem (falsificação de títulos de terras), para garantir a apropriação das mesmas; intensificando os conflitos em virtude da exploração e expropriação da população ali existente. ▪ Projetos incentivados pela Sudam, voltados para a exploração da madeira e agropecuária; ▪ Projeto Grande Carajás, destinado à extração e exportação de minérios; ▪ Usinas hidrelétricas que exploram o potencial hídrico dos rios. As políticas responsáveis por esse planejamento regional transformaram a Amazônia em um grande investimento de capital. ▪ Os grandes projetos e a construção de rodovias atraíram para a Amazônia grandes fluxos migratórios provenientes do Centro-Sul e do Nordeste. Essa “conquista” da Amazônia desencadeou uma série de conflitos sociais envolvendo posseiros, grileiros, empresários, jagunços, empreiteiros, peões e indígenas. O resultado foi um grande número de mortos. • Posseiros são agricultores que cultivam pequenos lotes, geralmente há muitos anos, mas não possuem o título de propriedade da terra. Eles têm a posse da terra, mas não os documentos legais registrados em cartórios, que garantem a sua propriedade. São vítimas de fazendeiros e empresas. • Grileiros são agentes de grandes proprietários de terras que se apropriam ilegalmente de extensas porções de terras, mediante a falsificação de títulos de propriedade. Com a ajuda de capangas e jagunços, expulsam posseiros e índios das terras. As terras “griladas” passam ao controle dos novos “proprietários”. • Empresários são pessoas ou empresas que adquirem enormes extensões de terra na Amazônia, algumas vezes com títulos de propriedade duvidosos. • Jagunços são homens armados, contratados por grileiros, empresários ou empreiteiros para patrulhar suas terras e expulsar posseiros ou indígenas. • Empreiteiros são pessoas que contratam os trabalhadores para as grandes fazendas. São também chamados de “gatos” ou intermediários. • Peões são trabalhadores rurais, recrutados pelos “gatos”. Ganham baixos salários e, muitas vezes, trabalham sem carteira assinada, não se beneficiando dos direitos trabalhistas. Eles se iludem com promessas de um enriquecimento que nunca acontece e ficam sempre devendo ao patrão, não podendo deixar o emprego. As estradas, como o eixo de Belém-Brasília e a Transamazônica, atraíram posseiros e grileiros para a Amazônia Oriental (“Bico de Papagaio”, o sudeste do Pará, o norte do Tocantins e oeste do Maranhão). Essas áreas se transformaram no principal foco de violência rural do Brasil, chamando a atenção de organizações de direitos humanos. Os municípios dessa região ficaram conhecidos como centros de grilagem de terras. As populações tradicionais constituem o setor mais frágil e mais prejudicado com essa ocupação da Amazônia. Os índios, por exemplo, são expulsos de suas terras pelos jagunços contratados por empresários, pelas hidrelétricas, pela derrubada da mata etc. A vida dos povos da florestaestá ligada à terra e, sem ela, os grupos se desorganizam. Com a introdução da economia moderna, o meio ambiente sofre terríveis consequências, como a devastação da floresta por empresas madeireiras, mineradoras, agrícolas e pecuaristas. Queimadas, desmatamentos, morte de índios, violência contra seringueiros e posseiros são fatos que passaram a ser discutidos em todas as partes do planeta. A destruição da Amazônia e os seus conflitos sociais passaram a ser condenados e o governo brasileiro passou a ter mais preocupação com a maior floresta equatorial do mundo. A AMAZÔNIA COMO MANANCIAL DE ÁGUA A bacia do rio Amazonas envolve todo o conjunto de recursos hídricos que convergem para o rio Amazonas. Essa bacia hidrográfica faz parte da região hidrográfica do Amazonas, uma das doze regiões hidrográficas do território brasileiro.[1] A bacia amazônica abrange uma área de 7 milhões de quilômetros quadrados, compreendendo terras de vários países da América do Sul (Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname, Bolívia e Brasil). É a maior bacia de regime misto (pluvial e nival) do mundo. Sendo regime pluvial, que deriva das águas das chuvas e nival que deriva do derretimento das geleiras dos Andes. O Rio Amazonas tem mais de 7 Mil afluentes, e possui 25 mil quilômetros de vias navegáveis. De sua área total, cerca de 3,89 milhões de km² encontram-se no Brasil,ou seja, 45% do país, abrangendo os estados do Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Pará e Amapá. http://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/queimadas http://www.coladaweb.com/biologia/ecologia/desmatamento https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Amazonas https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_hidrogr%C3%A1fica https://pt.wikipedia.org/wiki/Hidrografia https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_do_rio_Amazonas#cite_note-AMBRA-1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul https://pt.wikipedia.org/wiki/Peru https://pt.wikipedia.org/wiki/Col%C3%B4mbia https://pt.wikipedia.org/wiki/Equador https://pt.wikipedia.org/wiki/Venezuela https://pt.wikipedia.org/wiki/Guiana https://pt.wikipedia.org/wiki/Suriname https://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Amazonas https://pt.wikipedia.org/wiki/Estados_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Acre https://pt.wikipedia.org/wiki/Amazonas https://pt.wikipedia.org/wiki/Roraima https://pt.wikipedia.org/wiki/Rond%C3%B4nia https://pt.wikipedia.org/wiki/Mato_Grosso https://pt.wikipedia.org/wiki/Par%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Amap%C3%A1 A Bacia Amazônica representa 1/5 da água derramada no oceano por todos os rios do planeta. Formação Mapa mostrando o trajeto do rio Amazonas, seus principais afluentes e a área aproximada de sua bacia hidrográfica. A teoria mais aceita pelos geólogos é de que o rio Amazonas formou-se a partir de um grande golfo, que originalmente se abria ao Oceano Pacífico. Com a separação do super continente Pangeia há 130 Ma (particularmente, a quebra do Gondwana, o continente formado antes do Pangeia pela junção da África, América do Sul, Antártica, Arábia e Austrália) o deslocamento da placa americana para oeste gera a formação da cordilheira dos Andes há 65 Ma, esse golfo fechado a oeste, se abre para leste pela captura de drenagem vinda do Atlântico, tendo o grande rio assim se formado (ver teoria das placas tectônicas). Sua origem explica o fato de o rio Amazonas apresentar inclinação muito pequena. Em todo seu trajeto inclina-se menos de cem metros; num trecho de 3 mil quilômetros em território brasileiro, a inclinação é de apenas 15 metros. Durante muito tempo, considerou-se a desembocadura do Amazonas na região de Belém. Hoje, o rio que banha a capital paraense (rio Pará) não é considerado como foz do Amazonas, fazendo parte da Bacia Hidrográfica do Tocantins. A foz do Amazonas está no lado ocidental da ilha de Marajó. Isso faz com que a cidade de Macapá seja considerada a única capital banhada pelo rio. O volume d'água despejado pelo rio é tão descomunal que a água do mar é doce por vários quilômetros além da desembocadura. O rio Amazonas descarrega no Oceano Atlântico 20% de toda a água doce que chega nos oceanos. A bacia amazônica é formada pelo rio Amazonas e seus afluentes. Estes estão situados nos dois hemisférios (no hemisfério norte e no hemisfério sul) e, devido a esse fato, o rio Amazonas tem dois períodos de chuvas, pois a época das chuvas é diferente no hemisfério norte e no hemisfério sul. Rio Solimões O Rio Amazonas nasce na cordilheira dos Andes, no Peru. Possui 6.868 km, sendo que 3.165 km estão em território brasileiro. Sua vazão média é da ordem de 109.000 m³/s e 290.000 m³/s na estação de chuvas. É um rio típico de planície, ele e muitos de seus afluentes são navegáveis, o que é muito importante para a população da Amazônia, que se serve do rio como meio de locomoção. O rio é divido em três partes: • ainda nos países andinos, é chamado de rio Marañon • ao entrar no Brasil, é chamado de rio Solimões • ao receber as águas do rio Negro passa a ser chamado de rio Amazonas Seus divisores de águas são:[2] • Escudo das Guianas, ao norte. • Andes, a oeste. • Escudo Brasileiro, ao sul. A imagem de satélite mostra o complexo da Região Hidrográfica do Amazonas, a maior bacia hidrográfica do mundo. A largura média do rio Amazonas é de aproximadamente 5 quilômetros. Em alguns lugares, de uma margem é impossível ver a margem oposta, por causa da curvatura da superfície terrestre. No ponto onde o rio mais se contrai – o chamado "Estreito de Óbidos" – a largura diminui para 1,5 quilômetro e a profundidade chega a 100 metros. As terras amazônicas, como se disse, formam uma planície no sentido atual da palavra, ou seja, um território formado pela sedimentação. Ao norte e ao sul essa planície é limitada pelos escudos das Guianas e Brasileiro, respectivamente. Uma divisão elementar das terras da bacia amazônica permite classificá-las em: • igapó: terras muito próximas aos rios onde está sempre alagado apresentando árvores não muito altas e rica em espécies vegetais; • várzeas: terras próximas ao rio, que são inundadas pelas enchentes anuais, ou mesmo diariamente; • terras firmes: nunca são alagadas pelas enchentes. AMAZÔNIA ABRIGA O MAIOR AQUIFERO DO MUNDO Imagine uma quantidade de água subterrânea capaz de abastecer todo o planeta por 250 anos. Essa reserva existe, está localizada na parte brasileira da Amazônia e é praticamente subutilizada. Até dois anos atrás, o aquífero era conhecido como Alter do Chão. Em 2013, novos estudos feitos por pesquisadores da UFPA (Universidade Federal do Pará) apontaram para uma área maior e deram uma nova definição. "A gente avançou bastante e passamos a chamar de SAGA, o Sistema Aquífero Grande Amazônia. Fizemos um estudo e vimos que aquilo que era o Alter do Chão é muito maior do que sempre se considerou, e criamos um novo nome para que não ficasse essa confusão", explicou o professor do Instituto de Geociência da UFPA Francisco Matos. Segundo a pesquisa, o aquífero possui reservas hídricas estimadas preliminarmente em 162.520 km³ --sendo a maior que se tem conhecimento no planeta. "Isso considerando a reserva até uma profundidade de 500 metros. O aquífero Guarani, que era o maior, tem 39 mil km³ e já era considerado o maior do mundo", explicou Matos. https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_Amaz%C3%B4nica https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano https://pt.wikipedia.org/wiki/Rios https://pt.wikipedia.org/wiki/Golfo https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Pac%C3%ADfico https://pt.wikipedia.org/wiki/Pangeia https://pt.wikipedia.org/wiki/Gondwana https://pt.wikipedia.org/wiki/Africa https://pt.wikipedia.org/wiki/Am%C3%A9rica_do_Sul https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%A1rtica https://pt.wikipedia.org/wiki/Ar%C3%A1bia https://pt.wikipedia.org/wiki/Austr%C3%A1lia https://pt.wikipedia.org/wiki/Cordilheira_dos_Andeshttps://pt.wikipedia.org/wiki/Placas_tect%C3%B4nicas https://pt.wikipedia.org/wiki/Placas_tect%C3%B4nicas https://pt.wikipedia.org/wiki/Bel%C3%A9m https://pt.wikipedia.org/wiki/Ilha_de_Maraj%C3%B3 https://pt.wikipedia.org/wiki/Macap%C3%A1 https://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81gua_do_mar https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Atl%C3%A2ntico https://pt.wikipedia.org/wiki/Oceano_Atl%C3%A2ntico https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Solim%C3%B5es https://pt.wikipedia.org/wiki/Rio_Amazonas https://pt.wikipedia.org/wiki/Peru https://pt.wikipedia.org/wiki/Plan%C3%ADcie https://pt.wikipedia.org/wiki/Amaz%C3%B4nia https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_do_rio_Amazonas#cite_note-2 https://pt.wikipedia.org/wiki/Bacia_hidrogr%C3%A1fica https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Estreito_de_%C3%93bidos&action=edit&redlink=1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Plan%C3%ADcie https://pt.wikipedia.org/wiki/Sedimenta%C3%A7%C3%A3o https://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_das_Guianas https://pt.wikipedia.org/wiki/Planalto_Brasileiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Mata_de_igap%C3%B3 https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A1rzea https://pt.wikipedia.org/wiki/Terra_firme http://noticias.uol.com.br/para O aquífero está posicionado nas bacias do Marajó (PA), Amazonas, Solimões (AM) e Acre --todas na região amazônica--, chegando até a bacias subandinas. Para se ter ideia, a reserva de água equivale a mais de 150 quatrilhões de litros. "Daria para abastecer o planeta por pelo menos 250 anos", estimou Matos. O aquífero exemplifica a má distribuição do volume hídrico nacional com relação à concentração populacional. Na Amazônia, vive apenas 5% da população do país, mas é a região que concentra mais da metade de toda água doce existente no Brasil. Por conta disso, a água é subutilizada. Hoje, o aquífero serve apenas para fornecer água para cidades do vale amazônico, com cidades como Manaus e Santarém. "O que poderíamos fazer era aproveitar para termos outro ciclo, além do natural, para produção de alimentos, que ocorreria por meio da irrigação. Isso poderia ampliar a produção de vários tipos de cultivo na Amazônia", afirmou Matos. Para o professor, o uso da água do aquífero deve adotar critérios específicos para evitar problemas ambientais. "Esse patrimônio tem de ser visto no ciclo hidrológico completo. As águas do sistema subterrâneo são as que alimentam o rio, que são abastecidos pelas chuvas. Está tudo interligado. É preciso planejamento para poder entender esse esquema para que o uso seja feito de forma equilibrada. Se fizer errado, pode causar um desequilíbrio", disse. Mesmo com a água em abundância, Matos tem pouca esperança de ver essa água abastecendo regiões secas, como o semiárido brasileiro. "O problema todo é que essa água não tem como ser transportada para Nordeste ou São Paulo. Para isso seriam necessárias obras faraônicas. Não dá para pensar hoje em transportar isso em distâncias tão grandes", afirmou. ECOLOGIA: IMPACTOS AMBIENTAIS, RESERVAS E PARQUES ECOLÓGICOS As políticas territoriais amazônicas implementadas depois da criação da Sudam nortearam-se pela meta geopolítica de "conquista" do Grande Norte. O planejamento regional elaborado nesse contexto fundamentou-se num conceito distorcido de desenvolvimento, que estimula a acumulação de capital por grandes empresas e o uso predatório dos recursos naturais. Os largos e extensos corredores de devastação ambiental e as vastas manchas de desflorestamento, assim como a poluição de rios e igarapés pelos subprodutos do garimpo, são resultados das opções de planejamento adotadas nesse período. As políticas amazônicas dissociaram a noção de desenvolvimento de seu conteúdo social. A abertura de rodovias de integração e a implantação de grandes projetos geraram intensos fluxos migratórios para a Amazônia, além de êxodo rural, esvaziamento demográfico de várzeas e igarapés e urbanização desordenada. A exclusão social materializa-se no inchaço das periferias urbanas, nos povoados miseráveis nascidos junto a empreendimentos minerais e florestais e no surgimento de populações itinerantes, que funcionam como reservas de mão-de-obra. O novo ciclo de obras viárias na Amazônia, projetadas para reforçar o vetor que conecta Belém e São Luís ao Brasil central e estabelecer a ligação entre Manaus e Porto Velho, ameaça reproduzir, em escala ampliada, os desastres sociais e ambientais do ciclo anterior. A alternativa consiste em redefinir o sentido do planejamento regional, priorizando o desenvolvimento social e a valorização dos ecossistemas naturais. A geração de empregos e a exploração sustentável dos recursos naturais são as metas a serem perseguidas por um planejamento regional renovado. Um zoneamento Econômico e Ecológico O planejamento regional da Sudam, subordinado à sua finalidade geopolítica, baseou-se em estudos de pequena escala, inadequados para a definição das realidades sociais e vocações ecológicas de áreas de médias e pequenas dimensões. Mas um planejamento regional voltado para o desenvolvimento sustentável não pode abrir mão do reconhecimento dessas áreas e suas peculiaridades. Atualmente, as imagens de satélite e as técnicas de cartografia computadorizada fornecem os meios para a elaboração de estudos em média e grande escala, de modo a produzir um zoneamento econômico e ecológico do imenso espaço amazônico. Ao mesmo tempo, a transformação da Sudam em Agência de Desenvolvimento da Amazônia, decidida em 2001, reduz o poder dos governadores sobre as verbas federais e abre um novo quadro institucional para o planejamento regional. A "conquista" da Amazônia deixou como herança um mosaico complexo no qual vastas áreas de paisagens naturais quase intactas intercalam-se com zonas de garimpo com enclaves onde se situam os grandes projetos e com corredores de devastação. Um zoneamento econômico e ecológico destina- se a elucidar a organização desse mosaico, criando bases para a seleção de políticas específicas para cada área. Um passo inicial consistiria em distinguir e cartografar, nas escalas adequadas, os espaços de preservação (reservas indígenas e unidades de proteção ambiental) e os espaços disponíveis para a valorização econômica. Um segundo passo consistiria no planejamento das modalidades de uso do solo, das instalações de infra-estrutura viária e energética e do desenvolvimento urbano dos espaços disponíveis. Esse estudo revelaria com nitidez um vasto conjunto de áreas críticas produzidas pelas políticas territoriais aplicadas nas últimas décadas. Em alguns casos — como nos largos corredores http://noticias.uol.com.br/amazonas http://noticias.uol.com.br/acre http://noticias.uol.com.br/sao-paulo de ocupação de Rondônia, na Amazônia Ocidental, da Belém— Brasília e E. F. Carajás, na Amazônia Oriental —, a justaposição de áreas críticas revela a necessidade de políticas corretivas ousadas, tanto no plano social quanto no ambiental. Produzindo na floresta Os projetos agropecuários e florestais incentivados pela Sudam priorizaram atividades predatórias, do ponto de vista ambiental, e pouco eficientes, do ponto de vista econômico. Essas atividades — a pecuária extensiva e a extração madeireira — funcionaram como alavancas de um violento processo de concentração fundiária, que constitui a principal raiz da pobreza regional. As prioridades de um planejamento voltado para o desenvolvimento sustentável são muito diferentes. A coleta florestal, ao lado da pesca, é a mais antiga base da economia regional, fornecendo trabalho e renda para a população. Na Amazônia Ocidental, nos estados do Amazonas, do Acre e de Rondônia, a extração da borracha nativa continuou a ser um dos fundamentos da subsistência das populações ribeirinhas. Outros produtos da floresta, coletados tradicionalmente, são a castanha-do-pará, a malva, o urucu, o guaraná, o cacau e várias frutas silvestres como o açaí, o cupuaçu, a pupunha e o bacuri. A economia
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