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686-Revista_Noticias_da_Construcao_SindusCon_junho_de_2012

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48 revista notícias da construção / junho 2012
desempenho acústico 
de vedações verticais
s o l u Ç Õ e s i n o v a d o r a s
Em todo o mundo é crescente a preocu-
pação em mitigar ruído para garantir conforto 
e inteligibilidade nos ambientes construídos e 
salubridade para seus ocupantes. Para tanto, um 
dos fatores principais a ser levado em conta é a 
isolação acústica e a adequação interna quanto 
à reverberação nos ambientes. 
Em sintonia com esta nova demanda, 
busca-se desenvolver novas técnicas e metodo-
logias de medição de isolação sonora e também 
métodos para avaliar quais são os pontos fracos 
da isolação acústica, para subsidiar o mercado 
com soluções para desenvolvimento de siste-
mas com alto desempenho acústico.
Para promover o desempenho e o confor-
to acústico, é importante otimizar a isolação 
acústica de seus componentes e garantir que 
as vedações e junções não constituam pontos 
fracos na isolação total do ambiente. Muitas 
delas podem ser pontes de ruído, sendo difícil 
sua identificação e quantificação.
Neste processo, fazem-se necessárias a 
quantificação da isolação acústica e a localiza-
ção exata dos pontos vulneráveis. Para tanto, 
requerem-se técnicas complexas e ambientes 
sofisticados como câmaras acústicas e elabo-
ração de corpos de prova em escala real, o que 
muitas vezes é impraticável em laboratórios. 
A capacitação laboratorial hoje para a medição 
da isolação sonora, embora de grande preci-
são metrológica, está limitada à utilização de 
câmaras acústicas onde devem ser instalados 
ou construídos corpos de prova de no mínimo 
10 m², medida que não garante a reprodução 
de fachadas ou paredes divisórias completas.
Com a norma NBR 15.575 (Edifícios 
habitacionais de até cinco pavimentos – De-
sempenho), incorporadoras, projetistas, cons-
trutoras, imobiliárias e clientes têm parâmetros 
mais objetivos para iniciar uma maior discus-
são sobre a qualidade das construções. Além 
disso, a Norma de Desempenho torna-se um 
ótimo instrumento para a diferenciação entre 
as empresas.
Para comprovar o desempenho de siste-
mas construtivos, duas alternativas de avaliação 
constam da norma: em campo, onde as me-
dições são feitas na própria edificação; e em 
laboratório, onde cada elemento da vedação 
é caracterizado acusticamente e, por meio dos 
resultados, são feitos cálculos ou simulações 
para avaliar o desempenho da edificação.
Cabe lembrar que desempenho pode ser 
definido como a resposta que um edifício ou 
suas partes dão às solicitações impostas pelo 
uso ou pelo meio no qual está inserido. Para o 
desenvolvimento de padrões de performance 
é necessário identificar critérios que caracteri-
zem o desempenho esperado e metodologias, 
para medir como estes produtos, processos e 
sistemas aderem aos critérios. É importante ter 
em mente que, uma vez atingido o desempe-
nho mínimo indicado pela NBR 15.575, não 
necessariamente serão atingidos os níveis de 
ruído de conforto adotados pela NBR 10.152.
Neste contexto, se faz necessária uma 
envie seus comentários, 
críticas, perguntas e 
sugestões de temas
para esta coluna:
cristinak@ipt.br
aquilino@ipt.br
CriStina YUkari 
kaWakita ikeDa é 
arquiteta e urbanista, 
doutoranda pela 
ePUSP, pesquisadora 
do iPt
MarCeLo De MeLLo 
aqUiLino é físico, 
mestre, pesquisador 
do iPt
Ensaio de campo para determinar o isolamento a ruído aéreo 
de um elemento de vedação vertical externa de um dormitório
Fo
to
 IP
T
avaliação global da edificação quanto ao seu 
desempenho acústico, tendo em mente também 
que muitas intervenções acústicas provocarão 
alterações no desempenho térmico e vice-
-versa. 
A capacitação laboratorial hoje permite 
executar ensaios em laboratório para deter-
minação da isolação sonora de componentes, 
determinando o índice de redução sonora 
ponderado, Rw e também para executar en-
saios em escala real, em campo, para as ava-
liações de desempenho acústico de sistemas de 
piso quanto ao ruído de impacto e à isolação 
ao ruído aéreo e quanto ao isolamento ao ruído 
aéreo de elementos de vedação vertical interno 
e externo de dormitório.
Com os ensaios de laboratório, onde são 
medidas as isolações sonoras dos elementos 
que comporão a edificação, o projetista terá 
resultados que poderão ser comparados com 
os critérios estabelecidos na NBR 15.575-4: 
2010. Desta forma será possível dar diretrizes 
para atingir o desempenho acústico adequado, 
seguindo as premissas de projeto que englo-
bam os seguintes tópicos citados nessa norma 
técnica:
• o nível de ruído externo à edificação e os 
valores-limites estabelecidos para uso interno 
dos ambientes;
• a redução de ruído entre o lado externo e o 
lado interno de ambientes de uso especifico, 
inclusive fachadas;
• as condições de geração, propagação e recep-
ção dos sons na edificação;
• os ruídos contínuos, variáveis e de impactos, e 
das vibrações de equipamentos, como motores- 
bomba, elevadores, válvulas de descarga, 
motores geradores de energia, tubulações de 
água e esgoto, ventilação e ar-condicionado.
Já os ensaios em campo serão executados 
num estágio adiantado de obra, onde interven-
ções no projeto, visando a mitigação do ruído, 
podem ser difíceis e onerosas. Nestes ensaios, 
para a determinação do isolamento ao ruído 
aéreo de paredes internas, o som é gerado em 
um recinto e as medições são feitas nele e no 
recinto adjacente. Os dados obtidos com as 
medições permitem determinar a Diferença 
Padronizada de Nível Ponderada, DnT,w , que 
representa o isolamento ao ruído aéreo entre 
dois recintos adjacentes. 
No ensaio para a determinação do iso-
lamento ao ruído aéreo de um elemento de 
vedação vertical externa de dormitório, o som é 
gerado do lado de fora e as medições são feitas 
dos lados interno e externo. Com estes dados, 
determina-se a Diferença Padronizada de 
Nível Ponderada a 2 metros, D2m,nT,w .
Os resultados obtidos nos ensaios de iso-
lação ao ruído aéreo de vedações verticais são 
comparados com os critérios estabelecidos na 
NBR 15575-4: 2010. Os níveis de desempenho 
são Mínimo, Intermediário e Superior.
Caso o desempenho acústico não seja 
atingido, ainda é possível utilizar as técnicas de 
medição de intensidade sonora e mapeamen-
to de ruído por holografia acústica, técnicas 
inovadoras no país na construção, para avaliar 
quais são os pontos onde existem falhas na iso-
lação sonora e propor soluções para o alcance 
dos níveis de desempenho da NBR 15.575.
Dentro destas possibilidades, a realização 
de ensaios acústicos em campo permite avaliar 
se o proposto em projeto foi atingido. A partir 
deste conhecimento, as empresas poderão 
investir na criação de soluções, técnicas e 
produtos inovadores. Isto refletirá em melhor 
qualidade das construções e na satisfação dos 
clientes.
Câmaras acústicas para 
ensaios de determinação 
do índice de redução 
sonora
Transmissão direta e 
indireta do som que 
incide nos elementos 
de vedação do recinto 
de emissão
Fo
to
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