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48 revista notícias da construção / junho 2012 desempenho acústico de vedações verticais s o l u Ç Õ e s i n o v a d o r a s Em todo o mundo é crescente a preocu- pação em mitigar ruído para garantir conforto e inteligibilidade nos ambientes construídos e salubridade para seus ocupantes. Para tanto, um dos fatores principais a ser levado em conta é a isolação acústica e a adequação interna quanto à reverberação nos ambientes. Em sintonia com esta nova demanda, busca-se desenvolver novas técnicas e metodo- logias de medição de isolação sonora e também métodos para avaliar quais são os pontos fracos da isolação acústica, para subsidiar o mercado com soluções para desenvolvimento de siste- mas com alto desempenho acústico. Para promover o desempenho e o confor- to acústico, é importante otimizar a isolação acústica de seus componentes e garantir que as vedações e junções não constituam pontos fracos na isolação total do ambiente. Muitas delas podem ser pontes de ruído, sendo difícil sua identificação e quantificação. Neste processo, fazem-se necessárias a quantificação da isolação acústica e a localiza- ção exata dos pontos vulneráveis. Para tanto, requerem-se técnicas complexas e ambientes sofisticados como câmaras acústicas e elabo- ração de corpos de prova em escala real, o que muitas vezes é impraticável em laboratórios. A capacitação laboratorial hoje para a medição da isolação sonora, embora de grande preci- são metrológica, está limitada à utilização de câmaras acústicas onde devem ser instalados ou construídos corpos de prova de no mínimo 10 m², medida que não garante a reprodução de fachadas ou paredes divisórias completas. Com a norma NBR 15.575 (Edifícios habitacionais de até cinco pavimentos – De- sempenho), incorporadoras, projetistas, cons- trutoras, imobiliárias e clientes têm parâmetros mais objetivos para iniciar uma maior discus- são sobre a qualidade das construções. Além disso, a Norma de Desempenho torna-se um ótimo instrumento para a diferenciação entre as empresas. Para comprovar o desempenho de siste- mas construtivos, duas alternativas de avaliação constam da norma: em campo, onde as me- dições são feitas na própria edificação; e em laboratório, onde cada elemento da vedação é caracterizado acusticamente e, por meio dos resultados, são feitos cálculos ou simulações para avaliar o desempenho da edificação. Cabe lembrar que desempenho pode ser definido como a resposta que um edifício ou suas partes dão às solicitações impostas pelo uso ou pelo meio no qual está inserido. Para o desenvolvimento de padrões de performance é necessário identificar critérios que caracteri- zem o desempenho esperado e metodologias, para medir como estes produtos, processos e sistemas aderem aos critérios. É importante ter em mente que, uma vez atingido o desempe- nho mínimo indicado pela NBR 15.575, não necessariamente serão atingidos os níveis de ruído de conforto adotados pela NBR 10.152. Neste contexto, se faz necessária uma envie seus comentários, críticas, perguntas e sugestões de temas para esta coluna: cristinak@ipt.br aquilino@ipt.br CriStina YUkari kaWakita ikeDa é arquiteta e urbanista, doutoranda pela ePUSP, pesquisadora do iPt MarCeLo De MeLLo aqUiLino é físico, mestre, pesquisador do iPt Ensaio de campo para determinar o isolamento a ruído aéreo de um elemento de vedação vertical externa de um dormitório Fo to IP T avaliação global da edificação quanto ao seu desempenho acústico, tendo em mente também que muitas intervenções acústicas provocarão alterações no desempenho térmico e vice- -versa. A capacitação laboratorial hoje permite executar ensaios em laboratório para deter- minação da isolação sonora de componentes, determinando o índice de redução sonora ponderado, Rw e também para executar en- saios em escala real, em campo, para as ava- liações de desempenho acústico de sistemas de piso quanto ao ruído de impacto e à isolação ao ruído aéreo e quanto ao isolamento ao ruído aéreo de elementos de vedação vertical interno e externo de dormitório. Com os ensaios de laboratório, onde são medidas as isolações sonoras dos elementos que comporão a edificação, o projetista terá resultados que poderão ser comparados com os critérios estabelecidos na NBR 15.575-4: 2010. Desta forma será possível dar diretrizes para atingir o desempenho acústico adequado, seguindo as premissas de projeto que englo- bam os seguintes tópicos citados nessa norma técnica: • o nível de ruído externo à edificação e os valores-limites estabelecidos para uso interno dos ambientes; • a redução de ruído entre o lado externo e o lado interno de ambientes de uso especifico, inclusive fachadas; • as condições de geração, propagação e recep- ção dos sons na edificação; • os ruídos contínuos, variáveis e de impactos, e das vibrações de equipamentos, como motores- bomba, elevadores, válvulas de descarga, motores geradores de energia, tubulações de água e esgoto, ventilação e ar-condicionado. Já os ensaios em campo serão executados num estágio adiantado de obra, onde interven- ções no projeto, visando a mitigação do ruído, podem ser difíceis e onerosas. Nestes ensaios, para a determinação do isolamento ao ruído aéreo de paredes internas, o som é gerado em um recinto e as medições são feitas nele e no recinto adjacente. Os dados obtidos com as medições permitem determinar a Diferença Padronizada de Nível Ponderada, DnT,w , que representa o isolamento ao ruído aéreo entre dois recintos adjacentes. No ensaio para a determinação do iso- lamento ao ruído aéreo de um elemento de vedação vertical externa de dormitório, o som é gerado do lado de fora e as medições são feitas dos lados interno e externo. Com estes dados, determina-se a Diferença Padronizada de Nível Ponderada a 2 metros, D2m,nT,w . Os resultados obtidos nos ensaios de iso- lação ao ruído aéreo de vedações verticais são comparados com os critérios estabelecidos na NBR 15575-4: 2010. Os níveis de desempenho são Mínimo, Intermediário e Superior. Caso o desempenho acústico não seja atingido, ainda é possível utilizar as técnicas de medição de intensidade sonora e mapeamen- to de ruído por holografia acústica, técnicas inovadoras no país na construção, para avaliar quais são os pontos onde existem falhas na iso- lação sonora e propor soluções para o alcance dos níveis de desempenho da NBR 15.575. Dentro destas possibilidades, a realização de ensaios acústicos em campo permite avaliar se o proposto em projeto foi atingido. A partir deste conhecimento, as empresas poderão investir na criação de soluções, técnicas e produtos inovadores. Isto refletirá em melhor qualidade das construções e na satisfação dos clientes. Câmaras acústicas para ensaios de determinação do índice de redução sonora Transmissão direta e indireta do som que incide nos elementos de vedação do recinto de emissão Fo to IP T
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