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CONTABILIDADE-TRIBUTÁRIA-2

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1 
 
 
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA 
2 
 
 
Sumário 
CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS BÁSICAS ......................................... 4 
O Estado e o Poder de tributar ......................................................................... 4 
A Atividade Financeira do Estado ..................................................................... 4 
Legislação Tributária......................................................................................... 5 
Conceito de Legislação Tributária ............................................................................... 5 
Sistema Tributário Nacional .............................................................................. 6 
Conceito de Sistema Tributário Nacional .................................................................... 6 
Conceito de tributos .......................................................................................... 6 
A CONTABILIDADE E SEU OBJETIVO PRINCIPAL ............................................. 7 
CONTABILIDADE: QUANDO NASCEU, COMO SE DESENVOLVEU E TÉCNICAS PARA 
ENTENDÊ-LA DE FORMA SIMPLES ............................................................................. 7 
RESULTADO DENTRO DO BALANÇO PATRIMONIAL ......................................... 8 
CONTABILIDADE: COLETA, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO ...................................... 9 
ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE (E OS PRINCÍPIOS?) ................................. 9 
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO .................................................................... 12 
Impactos da Carga Tributária .................................................................................... 12 
Conceito de Planejamento Tributário ........................................................................ 13 
OS PRONUNCIAMENTOS DO CPC E OS IMPACTOS TRIBUTÁRIOS ......................... 16 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................... 16 
PRONUNCIAMENTOS REFERENTES AOS BENS DO ATIVO FIXO .............................. 17 
PROVISÃO PARA IMPAIRMENT ................................................................................. 17 
TESTE DE IMPAIRMENT: O EXEMPLO DA AVENIDA BRASIL...................................... 18 
OUTRO EXEMPLO NUMÉRICO .................................................................................. 19 
TRATAMENTO FISCAL DO IMPAIRMENT TEST .......................................................... 20 
REGISTRO DOS BENS DO IMOBILIZADO .................................................................. 21 
ATIVO INTANGÍVEL (CPC 02) E ATIVO DIFERIDO ....................................................... 26 
AJUSTE A VALOR PRESENTE ................................................................................... 28 
EFEITOS NAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E CONVERSÃO DE 
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: CPC 02 .................................................................... 29 
REFLEXOS FISCAIS DO CPC 02 ........................................................................ 31 
 
 
3 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, 
em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação 
no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. 
Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
CONCEITOS, PRINCÍPIOS E NORMAS BÁSICAS 
 
 O Estado e o Poder de tributar 
 
A Atividade Financeira do Estado 
 
No exercício de seu poder, o Estado necessita de meios materiais e pessoais 
para cumprir seus objetivos institucionais, garantindo a ordem jurídica, a segurança, 
a defesa, a saúde pública e o bem estar social de todos. 
Para cumprir essas tarefas, que têm valor econômico e social, o Estado, por 
sua atividade financeira, precisa obter, gerir e aplicar os recursos indispensáveis ao 
cumprimento de seus objetivos. 
A atividade financeira do Estado é, então, o conjunto de atos que o Estado 
pratica no processo de obtenção, gestão e aplicação dos recursos financeiros de que 
necessita para atingir seus fins. 
Tal atividade desenvolve-se em três fases distintas: 
 Receita (Arrecadação): a receita pública divide-se em duas espécies: 
 Originárias: são as receitas provenientes da exploração econômica do 
patrimônio do Estado. São, portanto, as receitas oriundas dos bens e empresas 
comerciais e industriais que pertencem ao Estado. Ex.: lucros provenientes de 
investimentos no Banco do Brasil, Banrisul, Correios, etc.; venda de bens 
(alienação de imóveis); prestação de serviços (tarifas públicas); 
 Derivadas: são as receitas decorrentes da exploração de fontes externas ao 
próprio Estado, sendo exigidas de maneira compulsória, exercendo seu poder 
de soberania. Correspondem aos tributos e às penalidades pecuniárias 
decorrentes de atos ilícitos. Ex.: taxas, impostos, contribuições de melhoria, 
etc. 
 Gestão (Orçamento): o Orçamento demonstra de que forma os recursos 
arrecadados em forma de receitas ordinárias e derivadas serão aplicados. 
 Despesas (Aplicação): diz respeito à aplicação dos recursos financeiros 
arrecadados. 
5 
 
 
 Ao Direito Tributário interessam as “receitas derivadas”, que correspondem ao 
conceito de tributo. 
 
 
Legislação Tributária 
 
CONCEITO DE LEGISLAÇÃO TRIBUTÁRIA 
“Legislação Tributária” pode ser entendida como o conjunto de normas que 
envolvem assuntos tributários. 
Segundo o art. 96 do CTN, “a expressão “Legislação Tributária” compreende 
as leis, os tratados e as convenções internacionais, os decretos e as normas 
complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e as relações 
jurídicas a eles pertinentes”. 
Vigência da Legislação Tributária: 
Os artigos 101 a 104 do CTN versam sobre a vigência da Legislação Tributária, 
definindo que: 
 A vigência da Legislação Tributária rege-se pelas disposições legais aplicáveis 
às normas jurídicas em geral. O que significa que, salvo disposição em 
contrário (expressão “esta lei entra em vigor...”), a lei deve entrar em vigor 45 
dias após ser publicada; 
 A legislação tributária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios vigora, 
no país, fora de seus respectivos territórios, nos limites em que lhe reconheçam 
extraterritoriedade ou convênios de que participem, ou de que disponham as 
leis expedidas pela União; 
 Salvo disposição em contrário, entram em vigor: 
 Atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas: na data de sua 
publicação; 
 Decisões de órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que 
a lei atribua eficácia normativa: 30 dias após a data de sua publicação; 
 Os convênios que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
celebram entre si: na data prevista no próprio convênio. 
6 
 
 
 Impostos sobre o patrimônio ou renda que criem ou majorem tais impostos, que 
definem novas hipóteses de incidência e que extingam ou reduzam isenções: 
no 1o dia do exercício subsequente àquele em que a lei foi publicada. 
 
 
Sistema Tributário NacionalCONCEITO DE SISTEMA TRIBUTÁRIO NACIONAL 
 
O Sistema Tributário é um conjunto de princípios constitucionais, que regula o 
poder de tributar, as limitações deste poder e a repartição de suas receitas 
 
O ideal é que o Sistema Tributário seja barato (o contribuinte deve suportar o 
pagamento, o que não significa necessariamente a menor alíquota); simples (deve ser 
entendido pelo contribuinte) e estável. 
Conceito de tributos 
 
De acordo com art. 3o do CTN, tributo é “toda prestação pecuniária 
compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua 
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa 
plenamente vinculada”. 
 
• Prestação pecuniária: são as prestações que asseguram ao Estado os meios 
financeiros de que necessita para a consecução de seus objetivos; 
• Compulsória: há a ausência do elemento “vontade”, ou seja, o dever de pagar 
o tributo nasce independentemente da vontade do contribuinte; 
• Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: não existe a figura do tributo 
in natura ou in labore, uma vez que a prestação é pecuniária. Ex.: a um exportador de 
trigo não é permitido pagar seus impostos com uma quantidade X de trigo. 
• Que não constitua sanção de ato ilícito: a incidência do tributo é um ato lícito 
(difere-se de “penalidade”). As penalidades pecuniárias ou multas não se incluem no 
7 
 
 
conceito de tributo; assim, o pagamento de tributo não decorre de infração de 
determinada norma ou descumprimento da lei; 
• Instituída por lei: só a lei pode instituir o tributo, o que significa que nenhum 
tributo será exigido sem que a lei o estabeleça, conforme assegura o art. 150, inciso 
I, da CF; 
• Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a cobrança 
é administrativa e privativa, não pode ser realizada por outra pessoa e deve ser 
vinculada (a administração pública deve agir conforme a lei e não segundo seus 
critérios de conveniência e oportunidade). 
 
A CONTABILIDADE E SEU OBJETIVO PRINCIPAL 
A contabilidade pode ser entendida como uma ciência que tem como 
objetivo principal fornecer informações de qualidade a seus usuários internos e 
externos. É para isso que a contabilidade existe: PARA INFORMAR. Todas as 
suas demais funções assumem caráter secundário diante do seu objetivo 
principal. 
 
CONTABILIDADE: QUANDO NASCEU, COMO SE DESENVOLVEU E 
TÉCNICAS PARA ENTENDÊ-LA DE FORMA SIMPLES 
A ciência contábil assusta muitas pessoas, que a acham complicada, cheia 
de regras e com utilidade limitada. Talvez a forma como ela seja apresentada 
justifique o motivo de tanta resistência. Mas, a contabilidade é algo simples, 
regido por partidas dobradas, ou seja, ela precisa sempre “FECHAR” débito com 
crédito, origens com aplicações, receitas com despesas, ativo com passivo e por 
aí vai. As mudanças profundas que vêm sendo implantadas pelos órgãos 
reguladores desde 2008 para integrar a contabilidade brasileira com as normas 
internacionais de contabilidade podem e devem ser entendidas como um 
refinamento, não sendo necessário abandonar os conceitos anteriormente 
absorvidos, principalmente a essência, a lógica contábil. 
A contabilidade pode ser comparada, guardadas as devidas proporções e sem 
8 
 
 
qualquer tentativa de misturar estudo e religião, à criação do mundo. Quando 
Deus criou o mundo, primeiro criou o homem, à sua imagem e semelhança, 
denominando-o ADÃO. Teoricamente, o raciocínio é que a contabilidade, quando 
foi criada, era retratada, sintetizada, na demonstração chamada BALANÇO 
PATRIMONIAL, na qual seriam apresentados itens que, ordenados de forma 
adequada, produziriam informação qualificada para os usuários da informação 
contábil. 
O BALANÇO, então, seria dividido em duas partes: uma parte POSITIVA 
(ativo) e outra NEGATIVA (passivo). Positivo para a empresa é o conjunto de 
BENS e DIREITOS. Negativo, o conjunto de OBRIGAÇÕES. 
 
RESULTADO DENTRO DO BALANÇO PATRIMONIAL 
Portanto, dentro do Patrimônio Líquido temos o RESULTADO da empresa, ou 
seja, a cada registro em receita ou despesa, há modificação no patrimônio líquido 
da entidade empresarial. Por exemplo, pagamento de salários no próprio mês de 
trabalho é um débito em despesas e crédito na conta caixa. Pois bem, no caso, 
diminui-se o ATIVO, pela redução no caixa, e diminui-se, simultaneamente, o PL 
da empresa. 
Mas, assim como o Criador verificou que ADÃO precisava de companhia, se 
não o mundo ficaria sem sentido, os estudiosos da contabilidade verificaram que 
o BALANÇO PATRIMONIAL, embora tivesse informações relevantes, não poderia 
ser apresentado isoladamente, como única fonte de informações. E mais, 
apresentar o resultado dentro do PL iria trazer um dado desprezível, que seria o 
resultado da empresa (positivo ou negativo) desde o início de suas atividades, 
sem saber se atualmente ela é lucrativa ou deficitária. 
 
 
 
 
 
9 
 
 
CONTABILIDADE: COLETA, TRATAMENTO E DISTRIBUIÇÃO 
A contabilidade também pode ser comparada com uma empresa que fornece 
água tratada para a população, tipo a CEDAE no Rio de Janeiro, a SABESP no 
estado de São Paulo, a COPASA em Minas Gerais, a EMBASA na Bahia e as 
demais companhias de abastecimento de água espalhadas pelo Brasil. 
A CEDAE tem três etapas em relação a seu principal produto, que é a água: 
1. COLETA 
2. TRATAMENTO 
3. DISTRIBUIÇÃO 
 
A CONTABILIDADE também segue as mesmas etapas que a CEDAE: 
 
1. COLETA informações, quando analisa fatos administrativos mensuráveis 
em R$, que é a moeda em vigor no Brasil. Somente fatos administrativos 
passíveis de avaliação em moeda são coletados pela contabilidade. 
2. TRATA, quando os transforma em fatos contábeis, debitando e creditando 
contas nas operações coletadas. Assim como a água recebe tratamento, 
fundamental para sua distribuição, os fatos administrativos são tratados em 
contas de ativo, passivo ou resultado. 
3. DISTRIBUI estas informações (contas ordenadas) em demonstrativos 
financeiros, principalmente balanço patrimonial e DRE, para apresentar aos 
seus usuários internos e externos. 
 
ESTRUTURA BÁSICA DA CONTABILIDADE (E OS PRINCÍPIOS?) 
A contabilidade brasileira durante muitos anos teve normativos interpretativos 
de órgãos diferentes como o Instituto Brasileiro dos Auditores Independentes 
(IBRACON) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) para os postulados, 
princípios e convenções que nortearam o registro contábil das nossas empresas. 
Com a adoção legal da convergência de normas internacionais de contabilidade 
por meio da publicação da Lei no 11.638/07, o Comitê de Pronunciamentos 
10 
 
 
Contábeis (CPC) emitiu seu PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL BÁSICO – 
ESTRUTURA CONCEITUAL PARA A ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DAS 
DEMONSTRAÇÕES contábeis, 
também conhecido como “CPC Zero”. Este passou a ser considerado o 
documento base da contabilidade brasileira. Ele não utiliza a antiga 
denominação de princípios fundamentais de contabilidade, mas trata das 
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL, com 
lógica similar a dos princípios. 
O CPC Zero define como características qualitativas fundamentais a 
RELEVÂNCIA e a REPRESENTAÇÃO FIDEDIGNA. E esta representação, para 
que possa ser considerada fidedigna, precisa ter três atributos: deve ser completa, 
neutra e livre de erro. Na prática, é a famosa lógica da ESSÊNCIA SOBRE A 
FORMA com outras palavras. O pronunciamento traz, ainda, o que chama de 
características qualitativas, citando quatro: comparabilidade, verificabilidade, 
tempestividade e compreensibilidade. Estes itens são características qualitativas 
que melhoram a utilidade da informação que é relevante e que é representada 
com fidedignidade. As características qualitativas de melhoria podem também 
auxiliar a determinar qual de duas alternativas que sejam consideradas 
equivalentes em termos de relevância e fidedignidade de representação deve serusada para retratar um fenômeno. Sinceramente, acho o texto confuso demais e 
pouco explicativo do ponto de vista prático. Preferia o texto anterior, antes da 
revisão. 
Os elementos das demonstrações contábeis são apresentados no 
pronunciamento, sempre com o pressuposto básico que a empresa seguirá em 
CONTINUIDADE por um longo tempo. Pela importância, reproduzimos a definição 
dada pelo CPC zero para os itens básicos do balanço patrimonial e da 
demonstração do resultado: 
 
 »ATIVO é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos 
passados e do qual se espera que fluam futuros benefícios econômicos 
para a entidade. 
 »PASSIVO é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos 
passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da 
11 
 
 
entidade capazes de gerar benefícios econômicos. 
 »PATRIMÔNIO LÍQUIDO é o interesse residual nos ativos da entidade 
depois de deduzidos todos os seus passivos. 
 » RECEITAS são aumentos nos benefícios econômicos durante o período 
contábil, sob a forma da entrada de recursos ou do aumento de ativos ou 
diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, 
e que não estejam relacionados com a contribuição dos detentores dos 
instrumentos patrimoniais. 
 » DESPESAS são decréscimos nos benefícios econômicos durante o 
período contábil, sob a forma da saída de recursos ou da redução de ativos 
ou assunção de passivos, que resultam em decréscimo do patrimônio 
líquido, e que não estejam relacionados com distribuições aos detentores 
dos instrumentos patrimoniais. 
Ao estudante ou profissional interessado em proceder a um estudo mais 
detalhado sobre o pronunciamento básico denominado CPC Zero, a sugestão é a 
leitura do excelente livro Manual de contabilidade societária da Fipecafi, de autoria 
dos brilhantes professores Sérgio de Iudícibus, Eliseu Martins, Ariovaldo dos 
Santos e Ernesto Gelbcke. Outro livro sempre recomendado, quando se fala em 
contabilidade, é o Contabilidade geral, da família Szuster, liderada pelo nosso 
cientista contábil, Professor Dr. Natan Szuster, um dos mais brilhantes 
representantes da contabilidade brasileira. Os dois livros do GEN | Atlas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
IMPACTOS DA CARGA TRIBUTÁRIA 
A carga tributária no Brasil é extremamente elevada. O Instituto Brasileiro de 
Planejamento Tributário (IBPT) estima que a carga tributária em nosso país, 
representa, na média dos últimos cinco anos, mais de 32% do produto interno bruto 
(PIB). 
Além da elevada carga tributária, o Sistema Tributário brasileiro é um dos mais 
complexos do mundo. Estima-se a existência de aproximadamente 60 tributos 
vigentes, com diversas Leis, Regulamentos e Normas, constantemente alteradas. 
A carga tributária elevada e a complexidade do STN impactam nas 
organizações da seguinte forma: 
• Do ponto de vista financeiro, os tributos representam uma drenagem de caixa 
forçada que, ao incidirem: 
• Sobre as mercadorias, aumentam os custos; 
• Sobre as vendas, restringem as margens de rentabilidade dos produtos; e 
• Sobre os resultados, reduzem o retorno sobre o investimento dos 
acionistas/proprietários e não estimulam novos investimentos de expansão e geração 
de empregos; 
• Os gastos administrativos com o gerenciamento e controle das atividades 
tributárias são elevados, uma vez que são necessários funcionários administrativos, 
sistemas de informática, espaço físico, etc., para atender as obrigações acessórias 
impostas pelas diversas legislações tributárias. 
A problemática envolvida na questão tributária no Brasil vai além dos custos 
causados às empresas, pois a carga tributária também afeta a vida das pessoas 
físicas, que acabam por suportar toda a carga tributária, pelo pagamento de tributos 
direta ou indiretamente embutidos nas mercadorias e serviços adquiridos no processo 
final da cadeia de produção – para consumo final. 
Para eliminar ou minimizar os impactos da elevada carga tributária as empresas 
podem adotar dois caminhos distintos: 
13 
 
 
o Via legal – realização do planejamento tributário; 
o Via ilegal – sonegação fiscal (ex.: venda sem nota fiscal, utilização 
de “notas frias”, etc.), que envolve: 
o Possibilidade de denúncia; 
o Falhas no controle das atividades da empresa (“por dentro”, “por 
fora”); 
• Autuação fiscal, multas, juros. 
 
CONCEITO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO 
O Planejamento Tributário é a atividade empresarial que, desenvolvendo-se de 
forma estritamente preventiva, projeta os atos e fatos administrativos com o objetivo 
de informar quais são os ônus tributários em cada uma das opções legais disponíveis. 
A empresa escolhe, entre duas ou mais opções, de ação ou omissão lícita, 
aquela que impede ou retarda o fato gerador de forma não simulada, anterior à 
ocorrência fato gerador, que vise direta ou indiretamente a economia de tributos. 
Objetivo do Planejamento Tributário: 
O objetivo do Planejamento é, em última análise, a economia tributária. 
Comparando as ações legais à sua disposição, o gestor deve optar por aquela 
que seja menos onerosa do ponto de vista fiscal, obtendo ganho tributário ou ganho 
financeiro. 
Ganho Tributário: 
• Evita-se a incidência do tributo: adotam-se procedimentos com a finalidade de 
evitar a ocorrência do fato gerador; Ex.: a empresa, tendo a oportunidade de vender 
seus estoques de produtos industrializados no mercado interno e para o mercado 
externo, por preços aparentemente equivalentes, opta por exportar. Com isso, impede 
a ocorrência do fato gerador de IPI e ICMS, visto que estes impostos não incidem 
sobre produtos exportados, mas incidem sobre vendas para o mercado interno. 
• Reduz-se o montante do tributo devido: as medidas procuram reduzir a base 
de cálculo ou alíquota do tributo. 
14 
 
 
Ex.: o contribuinte tem a opção de apurar o Imposto de Renda (IRPJ) pelo Lucro 
Presumido, pelo Lucro Real ou enquadrar-se no SIMPLES, analisa detalhadamente a 
situação e depois decide pela sistemática que representa menor desembolso. Ganho 
Financeiro: 
• Retardar o pagamento do tributo: medidas que visam postergar (adiar) o 
pagamento do tributo, sem juros. Ex.: o fornecedor recebe um pedido no final do mês 
e ao invés de emitir a nota fiscal imediatamente deixa para emiti-la no mês seguinte, 
postergando o recolhimento dos impostos sobre vendas. 
Aspectos importantes do Planejamento Tributário 
Caráter preventivo: é preciso prever e agir no tempo correto. 
Como o Planejamento Tributário visa evitar ou retardar a ocorrência do fato 
gerador (depois deste, o imposto é devido e o não pagamento se caracteriza como 
sonegação), o contribuinte deve estar atento ao período anterior à ocorrência do fato 
gerador. 
Legalidade: é preciso utilizar os meios permitidos pela lei, pois a economia do 
imposto só é legítima se estiver enquadrada na legislação. 
O procedimento adotado pelo contribuinte, além de ser preventivo, deve ser 
lícito, pois, do contrário, mesmo agindo preventivamente, o contribuinte pode cometer 
(a) fraude (falsidade ideológica ou material); (b) ato simulado ou (c) abuso de forma 
jurídica (Ex.: nota fiscal subfaturada). 
Limites do Planejamento Tributário: 
Elisão Fiscal: ação preventiva tendendo a, por meios lícitos, eliminar, reduzir 
ou retardar a ocorrência do fato gerador. 
Evasão Fiscal: ação consciente, voluntária e intencional, tendendo a, por meios 
ilícitos, eliminar ou reduzir o pagamento dos impostos devidos, realizado após a 
ocorrência do fato gerador. 
Ex.: omissão de registros em livros fiscais próprios; utilização de documentos 
inidôneos na escrituração contábil, falta de recolhimento dos tributos apurados. 
Abrangência do Planejamento Tributário: 
15 
 
 
Empresa: a empresa pode tomar medidas gerenciais que possibilitem a não 
ocorrência do fato gerador do tributo, que diminuam o montante devido ouque adiem 
o seu vencimento. 
Por exemplo, para possibilitar o adiamento do tributo na prestação de serviços, 
o contrato deve estabelecer o momento da realização da receita. 
Administrativo: é o processo de implementação de alternativas lícitas (elisão 
fiscal) para a economia total ou parcial dos tributos, sem a adoção de processos 
judiciais prévios, ou seja, mediante consultas ao fisco, opções de classificação 
contábil e aproveitamento das vantagens e benefícios da própria legislação fiscal, nem 
sempre usufruídos pela empresa. 
Por exemplo, para possibilitar o enquadramento de um produto em uma 
alíquota de menor IPI, a empresa deve adequá-lo tecnicamente e requerer a nova 
classificação na Receita Fiscal. 
Judicial: é o processo de obtenção de economias tributárias por meio de 
processos judiciais, através de mandados de segurança, ações cautelares, ações 
declaratórias de inconstitucionalidade, ações anulatórias, etc. 
Por exemplo, o contribuinte pode procurar identificar as possíveis contradições 
entre as normas tributárias. 
Tipos de Planejamento Tributário: 
Do ponto de vista empresarial, ou seja, analisando seus efeitos na estrutura 
gerencial e contábil/financeira, o planejamento tributário pode ser: 
o Operacional: refere-se aos procedimentos formais prescritos pela 
norma ou pelo costume, ou seja, na forma específica de 
contabilizar 32 determinadas operações e transações, sem alterar 
suas características básicas; 
o Estratégico: implica mudanças em algumas características 
estratégicas da empresa, tais como: estrutura de capital, 
localização, tipos de empréstimos, contratação de mão-de-obra, 
etc. Na visão jurídica, em que se consideram apenas os efeitos 
fiscais no tempo, existem três tipos de planejamento tributário: 
16 
 
 
o Preventivo: desenvolve-se continuamente por intermédio de 
orientações, manuais de procedimentos e reuniões e abrange, 
sobretudo, as atividades de cumprimento da legislação tributária 
nas obrigações principais e acessórias; 
o Corretivo: detectada determinada anormalidade, procede-se ao 
estudo, e alternativas de correção da anomalia são indicadas; 
normalmente, não deve existir o tipo corretivo em uma empresa 
que adote o tipo preventivo; e 
o Especial: surge em função de determinado fato como, por 
exemplo, abertura de filiais, lançamento de novos produtos, 
aquisição ou alienação da empresa e processos societários de 
reestruturação. 
 
OS PRONUNCIAMENTOS DO CPC E OS IMPACTOS 
TRIBUTÁRIOS 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
A Contabilidade mudou. Disso ninguém duvida. Tudo o que aprendemos 
antes NÃO será perdido, principalmente para aquelas pessoas que estudaram a 
essência da ciência contábil, não se preocupando apenas com regras. Contudo, é 
inegável o tamanho do avanço normativo que tivemos de 2008 para cá. E isso torna 
nossa ciência contábil ainda mais interessante para se estudar. 
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis emitiu dezenas de normativos desde 
2008, com objetivo de disciplinar a aplicação das regras internacionais na 
contabilidade das empresas brasileiras. E vem revisando estes pronunciamentos 
nos últimos anos. 
Será apresentado um resumo de alguns pronunciamentos, integrando, quando 
possível, as determinações impostas pela legislação contábil com as regras 
vigentes na legislação fiscal. 
Importante lembrar, de imediato, que o cálculo de tributos federais (IR, CSLL, 
PIS e COFINS) foi realizado com base na legislação contábil vigente em DEZ/07, 
enquanto esteve em vigência o Regime Tributário de Transição (RTT), que foi 
17 
 
 
instituído na Lei no 11.941/09 e vigorou de 2008 até 2014, sendo que nos dois 
primeiros anos (2008 e 2009) foi opcional, assim como em 2014. 
Portanto, sempre que possível, iremos integrar o tratamento contábil com o 
RTT (que estava em vigor para muitas empresas em 2014) e com a Lei no 
12.973/14. 
 
PRONUNCIAMENTOS REFERENTES AOS BENS DO ATIVO FIXO 
Os bens do ativo fixo compreendem os itens adquiridos por uma entidade 
empresarial, mas não para industrialização ou comercialização, e sim com outros 
objetivos. São os chamados bens de investimentos ou de uso e que são 
apresentados no balanço patrimonial no Ativo Não Circulante, nos seguintes 
grupos: ativo realizável de longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. 
A seguir, um resumo das principais mudanças na contabilidade e a integração 
com os aspectos fiscais. 
 
PROVISÃO PARA IMPAIRMENT 
O Pronunciamento CPC no 01, que foi confirmado pela Deliberação CVM 
no 527/07, trata da necessidade de acompanhamento (no mínimo) anual dos 
ativos para verificar se eles estão apresentados na contabilidade por um valor 
acima da sua possibilidade de recuperação, seja pelo uso ou por uma eventual 
venda. Apesar de a referência ser para o conjunto de ativos, a preocupação 
principal repousa nos bens dos ativos fixos, sejam eles classificados no 
imobilizado, investimentos ou intangível. 
Esse pronunciamento diz, na sua essência, o seguinte: um bem possui três 
valores: 
1. Um contábil, representado pelo custo de aquisição, incrementos e reduções 
por depreciação, amortização ou exaustão. 
2. Outro pela sua perspectiva de uso, sintetizada pela projeção de entrada de 
caixa associada direta ou indiretamente ao bem. Essa entrada de caixa é 
futura, mas trazida a valor presente. 
3. Um terceiro pela possibilidade de sua liquidação, que pode trazer um 
montante em dinheiro para a empresa referente ao valor líquido de venda, 
já deduzidas as despesas necessárias para isso. 
18 
 
 
TESTE DE IMPAIRMENT: O EXEMPLO DA AVENIDA BRASIL 
Apresentamos a seguir um exemplo didático, lúdico, com objetivo de compreender 
a aplicação do teste de impairment. 
Em uma rodovia (Avenida Brasil, por exemplo), há quatro faixas de rolamento. 
O valor contábil de um ativo segue sempre pela pista da direita e o valor de 
mercado ou de uso, dos dois o maior, segue pela pista seletiva, a da esquerda. 
O veículo que segue pela pista da direita (valor contábil) tem que andar sempre 
ao lado ou atrás do veículo da pista seletiva (valor de mercado ou de uso). Isso, 
por característica natural das faixas de rolamento, é o que acontece. Mas, se por 
acaso em algum momento o veículo da direita ficar à frente do veículo da 
esquerda, será necessário um AJUSTE, levando o veículo da direita de volta ao 
mesmo local onde se encontra o veículo da esquerda. Em resumo: o valor 
contábil poderá ser menor que o valor de mercado ou de uso, poderá ser maior 
que um dos dois valores, mas jamais poderá ultrapassar os dois valores ao 
mesmo tempo. Veja a seguir quatro situações para análise da aplicação do teste 
de impairment. 
FAIXAS DE ROLAMENTO VALOR CONSEQUÊNCIAS 
FAIXA DA DIREITA VALOR CONTÁBIL 100 NÃO será feito ajuste, pois o valor contábil é inferior ao valor 
de uso. O carro da faixa da direita vê o carro de uma das faixas 
seletivas à sua frente. 
FAIXA SELETIVA no 1 VALOR JUSTO 90 
FAIXA SELETIVA no 2 VALOR DE USO 110 
 
FAIXAS DE ROLAMENTO VALOR CONSEQUÊNCIAS 
FAIXA DA DIREITA VALOR CONTÁBIL 100 NÃO será feito ajuste, pois o valor contábil é inferior ao valor 
justo. O carro da faixa da direita vê o carro de uma das faixas 
seletivas à sua frente. 
FAIXA SELETIVA no 1 VALOR JUSTO 110 
FAIXA SELETIVA no 2 VALOR DE USO 90 
 
FAIXAS DE ROLAMENTO VALOR CONSEQUÊNCIAS 
FAIXA DA DIREITA VALOR CONTÁBIL 100 NÃO será feito ajuste, pois o valor contábil é inferior aos dois 
valores: de uso e justo. O carro da faixa da direita vê o carro 
das duas faixas seletivas à sua frente. 
FAIXA SELETIVA no 1 VALOR JUSTO 110 
FAIXA SELETIVA no 2 VALOR DE USO 120 
19 
 
 
FAIXAS DE ROLAMENTO VALOR CONSEQUÊNCIAS 
FAIXA DA DIREITA VALOR CONTÁBIL 100 SERÁ CONSTITUÍDA UMA PROVISÃO PARA PERDAS POR 
IMPAIRMENT (R$ 10), pois o valor contábil é superior aos dois 
valores, de uso e o valor justo. O carro da faixa da direita NÃO 
vê o carro das duas faixas seletivas à sua frente ouao lado. 
FAIXA SELETIVA no 1 VALOR JUSTO 90 
FAIXA SELETIVA no 2 VALOR DE USO 80 
 
O Impairment dos bens do imobilizado só irá ocorrer, na maioria das vezes, 
quando a depreciação falhar. Por isso, na apresentação da DRE, a provisão para 
perdas por recuperabilidade de ativos será apresentada nos mesmos itens onde 
são apresentadas as despesas de depreciação. 
 
 
OUTRO EXEMPLO NUMÉRICO 
A Cia. Alfa é uma empresa do setor de transportes interestaduais e possui 
em DEZ/13 um bem (ônibus) registrado por R$ 80 mil na contabilidade, já com 
dois anos de uso. O veículo faz a linha Rio-Vitória, com duas viagens diárias, 
saindo regularmente do Rio de Janeiro às 7h e chegando a Vitória em torno de 
15h, retornando desta cidade às 17h e chegando à cidade maravilhosa por volta 
de 24h. 
Os laudos técnicos apontam para uma perspectiva de utilização do ônibus 
pelo período de seis anos, quando ele será doado. Portanto, há quatro anos para 
que o veículo contribua para a geração de receitas. 
Com base na média de passageiros/dia, nos custos de manutenção e nas 
demais despesas vinculadas, o valor recuperável do bem monta a R$ 75 mil. No 
caso, o valor de contribuição efetiva do bem para a geração de receitas será R$ 5 
mil a menor do que seu valor atual registrado no ativo. Tal fato isolado dos demais 
representaria a necessidade da baixa por impairment de R$ 5 mil no ativo, com a 
contrapartida em conta de despesa. 
Vamos admitir, contudo, que há um mercado livre, onde o ônibus tem um 
preço de mercado de R$ 100 mil em DEZ/13, com uma comissão de corretagem 
de 10%. 
Com isso, não haveria necessidade de baixa do bem, pois: 
» Valor Contábil R$ 80 mil 
» Valor Recuperável pelo Uso R$ 75 mil 
20 
 
 
» Valor Recuperável pela Venda R$ 90 mil 
 
O valor contábil é o segundo maior e, conforme explicado no início do tópico, 
só há necessidade de constituir a provisão para perdas por impairment se o valor 
contábil for o maior dos três. No caso, o bem é recuperável por venda, não 
existindo indício de perda provável. 
 
TRATAMENTO FISCAL DO IMPAIRMENT TEST 
A Lei no 12.973/14 regulamentou o tema no art. 32, que manteve a regra que 
era aplicada no Regime Tributário de Transição (RTT), ou seja, o valor será 
considerado dedutível nas bases de IR e CSLL somente por ocasião da 
alienação ou baixa do bem correspondente. 
Com isso, a provisão para perda por recuperabilidade de ativos deverá ser 
adicionada nas bases de IR e CSLL e controlada na parte B do LALUR, sendo 
excluída quando o bem for extraído do imobilizado por alienação ou baixa. 
Por exemplo, suponha um terreno adquirido por R$ 1.000 em JAN/16. 
Suponha que, em FEV/16, o maior valor recuperável montou a R$ 920, gerando 
uma provisão para impairment de R$ 80. Esta despesa será adicionada nas 
bases de IR e CSLL. Admita que, em ABR/16, o valor recuperável aumentou 
para R$ 950. Neste caso, seria feita uma reversão da provisão de R$ 30, sendo 
esta receita excluída da base e seu valor deduzido da adição anteriormente 
registrada na parte B do LALUR. Veja os registros contábeis: 
CRÉDITO: Caixa 1.000 
 
PROVISÃO FEITA EM FEV/16: 
 
DÉBITO: Despesa com Impairment 
CRÉDITO: Provisão para Perdas por Impairment 80 
 
REVERSÃO PARCIAL FEITA EM ABR/16: 
 
DÉBITO: Provisão para Perdas por Impairment 
CRÉDITO: Receita de Reversão de Provisão 30 
 
Considerando que o bem seja vendido em JUN/16 por R$ 940, o registro 
contábil seria o seguinte: 
 
DÉBITO: Caixa 940 
DÉBITO: Perda na Venda de Imobilizado 60 
21 
 
 
 
CRÉDITO: Terrenos 1.000 
 
DÉBITO: Provisão para Perdas por Impairment 
CRÉDITO: Receita de Reversão de Provisão 50 
 
Neste caso, em JUN/16, a receita de reversão deve ser excluída. Já a perda 
na venda de imobilizado é dedutível. Se você fizer dois registros separados, 
como sugerido, a exclusão fica mais fácil. Contudo, a empresa pode fazer um 
registro único, reconhecendo apenas o valor de R$ 10 como perda na venda de 
bens do imobilizado. Neste caso, a dedução fiscal de R$ 60 incluiria também a 
provisão líquida feita anteriormente, com exclusão de R$ 50 associada com a 
despesa de R$ 10. A recomendação seria fazer os registros detalhados, 
aplicando o critério da rastreabilidade, que será trabalhado mais adiante. 
 
 
REGISTRO DOS BENS DO IMOBILIZADO 
O Ativo Imobilizado consiste em um dos componentes patrimoniais mais 
importantes das Entidades, especialmente aquelas do segmento industrial e de 
algumas atividades de prestação de serviços. Dessa forma, o tratamento contábil 
a ser dispensado a estes ativos se reveste de particular importância. No Brasil, 
existiam diferentes entendimentos e doutrinas acerca de temas ligados a estes 
ativos, tais como depreciação, vida útil, vida residual, entre tantos outros. O 
Pronunciamento no 27 emitido pelo CPC consolidou o entendimento conceitual 
em um único documento, além de atender ao objetivo maior do atual processo 
de atualização contábil de alinhar as práticas contábeis àquelas praticadas na 
Contabilidade Internacional. 
Existem outros pronunciamentos emitidos pelo CPC que tratam de registro 
dos bens no ativo imobilizado e também serão tratados aqui, em seus aspectos 
mais relevantes. São os pronunciamentos sobre arrendamento mercantil (no 6) 
e ativos biológicos (no 29). 
Diz o CPC no 27 que o imobilizado deve ser reconhecido pelo custo de todos 
os fatores necessários a colocá-lo em condições de utilização, mensurados sem 
22 
 
 
a inclusão dos encargos financeiros inerentes a transações financiadas, com 
exceção dos encargos financeiros durante a construção, que devem integrar o 
imobilizado, conforme determinado no CPC no 20. O ITBI, por exemplo, deve 
integrar o imóvel, preferencialmente separado em terrenos e edificações. No 
Brasil não é admitida hoje a reavaliação, mas podem ser mantidos os valores 
reavaliados se efetuados enquanto era permitida 
A Interpretação Técnica no 10 do CPC permitiu o Custo Atribuído ou a 
“ÚLTIMA REAVALIAÇÃO”, em 2010, para trazer os bens do ativo imobilizado a 
valor de mercado. A CVM confirmou o ICPC na Deliberação no 619/09, tornando 
o Custo Atribuído obrigatório para as companhias abertas a partir de 2010. A 
empresa aberta que não fizer a avaliação dos bens do imobilizado a valor de 
mercado em 2010 deverá justificar a razão da não adoção. A ideia é que 
COMEÇOU O NOVO JOGO CONTÁBIL E TODAS AS EMPRESAS DEVEM 
COMEÇAR NAS MESMAS CONDIÇÕES. Mais detalhes podem ser obtidos no 
capítulo de Reserva de Reavaliação, específico sobre esse relevante tema, na 
parte final do livro. 
O CPC explica que a depreciação é obrigatória quando todo ou parte do valor 
contábil de um ativo não for recuperável por venda após a utilização, e precisa 
ser calculada com base na vida útil estimada do bem para a entidade, 
considerando seu valor residual. Não é obrigatória a distribuição linear da 
depreciação, se outro critério reflete melhor o padrão de consumo dos benefícios 
do ativo. É obrigatória a revisão pelo menos anual dos parâmetros que levaram 
à definição do valor periódico da depreciação. 
Cada ativo com custo relevante precisa ser segregado para depreciação 
própria. Por exemplo, uma aeronave pode ser segregada entre o casco e o 
motor, e cada componente ser depreciado em conformidade com a vida útil para 
a entidade. Importante relembrar que, além da depreciação, é obrigatório 
considerar os indicadores de impairment pelo menos uma vez por ano, conforme 
o CPC no 01. 
Portanto, os bens do ativo imobilizado devem ser depreciados pelo prazo 
efetivo de vida útil, descontando-se o valor residual, que é o valor provável de 
venda quando o bem deixar de ser utilizado pela empresa. A depreciação 
contábil pode ser realizada pelo método linear ou outro método, como o das 
23 
 
 
unidades produzidas, se este refletir a vinculação do uso do bem com as receitas 
geradas pela atividade empresarial. O método da soma dos dígitostambém pode 
ser aplicado como depreciação. Tal método consiste em depreciar o bem de 
forma mais intensa no início, diminuindo a despesa de depreciação ao longo do 
prazo de vida útil. 
Por outro lado, a legislação fiscal vigente em DEZ/07 (art. 57 da Lei no 
4.506/64), e que valia para fins de RTT, determinava o registro da depreciação 
seguindo o método linear, aplicando as taxas descritas na IN SRF no 162/98, 
sendo as mais conhecidas: máquinas – 10% ao ano; veículos e computadores – 
20% ao ano; e edificações de imóveis – 4% ao ano. 
Essa diferença entre CONTABILIDADE e FISCO no trato da depreciação 
deverá ser tratada no Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). O que você, 
leitor, deve entender nesse momento é o seguinte: FISCO e CONTABILIDADE 
irão deduzir o MESMO VALOR de despesa para os bens adquiridos para uso em 
seu ativo imobilizado. A diferença será o MOMENTO do registro, que será 
diferente para o FISCO e a CONTABILIDADE. 
Por exemplo, suponha um veículo adquirido em JAN/15 por R$ 900, em três 
parcelas anuais de R$ 300, com valor presente de R$ 750, prazo de vida útil de 
sete anos e valor residual de R$ 50, referente à estimativa de venda que será 
feita em JAN/22. Veja no quadro a seguir o registro do resultado na 
CONTABILIDADE e pelo FISCO. 
AN
O 
CONTABILI
DADE 
FISCO LALUR 
2015 100 – Depreciação e 50 – Juros 180 – Depreciação Exclusão de 30 
2016 100 – Depreciação e 50 – Juros 180 – Depreciação Exclusão de 30 
2017 100 – Depreciação e 50 – Juros 180 – Depreciação Exclusão de 30 
2018 100 – Depreciação 180 – Depreciação Exclusão de 80 
2019 100 – Depreciação 180 – Depreciação Exclusão de 80 
2020 100 – Depreciação Nada Adição de 100 
2021 100 – Depreciação Nada Adição de 100 
2022 Nada R$ 50 ref. a ganho de capital Adição de 50 
TOTA
L 
700 ref. despesa de 
depreciação 150 ref. 
900 ref. despesa de 
depreciação 50 ref. receita 
Exclusões de 250 
 
Adições de 250 
24 
 
 
despesas financeiras 
TOTAL de R$ 850 de 
despesas 
(ganho de capital) 
TOTAL de R$ 850 de despesa, 
líquida da receita com ganho 
de capital. 
A venda de imobilizado usado, regra geral, não faz parte das receitas da 
entidade, sendo reconhecida no resultado diretamente como ganho ou a perda 
com essa alienação. Contudo, quando essas receitas são relevantes e 
integrarem o negócio (locadoras de veículos, por exemplo), devem ser 
apresentadas como receita de venda, com o valor contábil líquido baixado 
registrado no custo do item vendido. 
O art. 40 da Lei no 12.973/14 modificou levemente o art. 57 da Lei no 
4.506/64, permitindo a exclusão da diferença entre as taxas permitidas pelo 
Fisco e aquelas reconhecidas pela contabilidade. Em síntese: o artigo citado 
referendou o modelo adotado no RTT e explicado aqui. 
Existem outros detalhes específicos e relevantes no CPC 27 e que são 
apresentados a seguir. 
Há possibilidade de depreciação de ferramentas e bens com duração inferior 
a um ano, principalmente para Cia. Aberta, que divulga resultados trimestrais. 
Por exemplo, nas demonstrações da empresa Lojas Americanas publicadas na 
CVM, há a informação sobre a depreciação em nove meses dos DVDs que são 
utilizados para locação. Como a empresa divulga demonstrações a cada três 
meses, no balanço publicado em MAR/14, um título adquirido por R$ 90 em 
fevereiro do mesmo ano terá saldo de R$ 70, com depreciação de R$ 20 nos 
dois primeiros meses de uso (fevereiro e março). O Fisco não considera esse 
bem objeto de depreciação, pois tem prazo de vida útil inferior a um ano. Assim, 
na aquisição seria feita uma exclusão nas bases de IR e CSLL, enquanto as 
despesas de depreciação seriam adicionadas posteriormente. Já a dedução 
como crédito nas bases de PIS e COFINS seria feita pela depreciação. Haja 
controle! 
A classificação contábil deve ser dividida em dois grupos: imobilizado em 
operação e em andamento e os bens devem ser separados por área geográfica, 
segmento econômico ou função. 
25 
 
 
Foi incluído o conceito de unidade de propriedade, o que traz a possibilidade 
de realizar a depreciação por partes. Por exemplo, um conjunto de veículos pode 
ser depreciado por peça, como chassi, pneu, bateria, dentre outros. 
Integram o custo do imobilizado: preço de aquisição mais os impostos não 
recuperáveis; custos para colocar o ativo no local e condição necessários para 
funcionar; e estimativa inicial dos custos de desmontagem e remoção do item e 
restauração do local no qual este está localizado. A Lei no 12.973/14 define em 
seu art. 45 que os gastos citados referentes a desmontagem, retirada do item ou 
restauração só serão dedutíveis quando efetivamente realizados. 
A aquisição deve ser registrada a valor presente, com os juros da operação 
sendo tratados como despesa financeira, durante o período do financiamento. 
Por exemplo, suponha aquisição de um terreno em JAN/17 por R$ 200 mil com 
pagamento em quatro parcelas semestrais de R$ 50 mil. Admitindo a utilização 
de uma taxa de juros semestrais de 6%, o bem seria registrado no imobilizado 
por R$ 173.255,28. O valor de R$ 26.744,72 seria registrado como despesa 
financeira entre a aquisição do imobilizado (JAN/17) e o pagamento da última 
das quatro parcelas (DEZ/18). Note que há uma significativa mudança de 
procedimento em relação ao que se adotava no Brasil até a edição das Leis no 
11.638/07 e no 11.941/09. As despesas oriundas de ajuste a valor presente não 
serão dedutíveis, sendo permitidas somente por ocasião da depreciação ou 
baixa dos bens citados. 
O CPC no 06 diz que a aquisição via arrendamento mercantil financeiro deve 
seguir os mesmos procedimentos da aquisição do terreno citada no parágrafo 
anterior, ou seja, a antiga despesa de arrendamento mercantil deixa de existir, 
sendo substituída pela despesa de depreciação (dos bens depreciáveis, o que 
não é o caso do terreno) e a despesa financeira. 
Os bens recebidos por doação devem ser registrados no imobilizado em 
contrapartida com receita ou passivo, caso existam obrigações para que a 
propriedade definitiva passe para a empresa donatária. 
Nos casos de obrigações por retirada de serviço de ativo de longo prazo, 
deve-se contabilizar no imobilizado o custo estimado para desativação, 
desmantelamento, demolição e todos demais gastos associados à retirada. O 
26 
 
 
caso é utilizado na exploração de recursos minerais, como jazidas de petróleo e 
gás, metais, carvão, etc. 
O CPC 27 determina que as empresas façam divulgações detalhadas em 
notas explicativas quanto à movimentação do imobilizado durante o período, 
critérios de contabilização e depreciação, garantias e ônus que pesem sobre ele, 
mudanças de expectativas quanto à vida útil ou ao valor residual. 
 
ATIVO INTANGÍVEL (CPC 02) E ATIVO DIFERIDO 
Conforme o item 21 do Pronunciamento CPC no 04 (Deliberação CVM no 
553/08), um ativo intangível é um ativo incorpóreo que deve ser reconhecido 
somente quando for provável que os benefícios econômicos futuros esperados 
atribuíveis ao ativo serão gerados em favor da entidade e o custo do ativo possa 
ser mensurado com segurança. Ativos intangíveis gerados internamente não são 
geralmente passíveis de reconhecimento, especialmente o ágio por expectativa 
de rentabilidade futura (goodwill), cujo reconhecimento, quando gerado 
internamente, é totalmente proibido. 
Os ativos intangíveis são inicialmente reconhecidos ao custo e podem ter vida 
útil definida ou indefinida. O item 111 do CPC 04 requer ainda que os conceitos 
do CPC 01 (impairment) sejam aplicados aos ativos intangíveis para se mensurar 
eventuais problemas de recuperação de seus valores, e há um procedimento 
todo especial para o goodwill. 
Gastos com pesquisas de produto, processo e mercado não podem ser 
ativados. Gastos com desenvolvimento são ativados em circunstâncias muito 
especiais. Despesas pré-operacionais não podem mais ser ativadas. Não mais 
existe Ativo Diferido (a nãoser nos casos de saldos remanescentes, conforme 
autorização legal). 
Contudo, o art. 11 da Lei no 12.973/14 diz que os gastos pré-operacionais ou 
pré-industriais não serão dedutíveis no período em que forem reconhecidos em 
despesa. Neste caso, a empresa deve fazer uma adição. Posteriormente, a 
exclusão poderá ser feita em cinco anos, a partir do início das operações ou da 
plena utilização das instalações no caso dos gastos pré-operacionais ou do início 
das atividades das novas instalações, no caso dos gastos pré-industriais. 
27 
 
 
Ativo intangível de vida útil indefinida não é mais amortizado (como no caso 
do goodwill), ficando somente sujeito ao teste de perda de recuperabilidade de 
valor (impairment). 
Suponha que a Cia. Taquara seja uma empresa industrial, que produz doces 
em lata: goiabada, pessegada e marmelada. A empresa tem terras no mesmo 
espaço onde está instalada a indústria, onde planta as frutas e as utiliza no 
processo industrial. A Cia. Taquara tinha um espaço ocioso, onde existia um 
campo de futebol, que era utilizado pelos empregados nos finais de semana e 
folgas. Supondo que a empresa resolva desativar o campo, passando a plantar 
bananas, que serão utilizadas para fabricar um quarto produto: a bananada em 
lata. Admitindo que dure um ano o período entre o cultivo e o produto ser posto 
no mercado consumidor, todos os gastos não específicos (ativo biológico e bens 
do imobilizado) relacionados à produção da bananada poderiam ser registrados 
como ativo intangível. Trata-se de um produto já conhecido, com mercado certo 
e que representa uma nova atividade produtiva, não fazendo sentido registrar os 
gastos em despesa enquanto o novo produto não chega ao mercado 
consumidor. 
A despesa de amortização de bens do ativo intangível será dedutível, 
conforme previsto no art. 41 da Lei no 12.973/14. 
A lei não cita um período específico, aceitando, a princípio, a amortização 
registrada na contabilidade. 
O art. 42 da mesma lei diz que poderão ser excluídos, nas bases de IR e 
CSLL, os gastos com desenvolvimento de inovação tecnológica referidos no 
inciso I do caput e no § 2o do art. 17 da Lei no 11.196/05, quando registrados no 
ativo não circulante intangível, no período de apuração em que forem incorridos. 
Fica claro, contudo, que o contribuinte que utilizar o benefício citado deverá 
adicionar ao lucro líquido, para fins de apuração de IR e CSLL, o valor da 
realização do ativo intangível, inclusive por amortização, alienação ou baixa. 
 
 
 
28 
 
 
AJUSTE A VALOR PRESENTE 
Este Pronunciamento trata da exigência legal de registrar a valor presente os 
ativos e passivos de longo prazo e, quando relevante, de curto prazo. O 
pronunciamento fala, ainda, dos cuidados com a escolha da taxa de desconto e 
do registro das contrapartidas dos ajustes. 
Os ajustes a valor presente provocam o aparecimento de receitas e despesas 
financeiras no decorrer do tempo, até a realização final do recebível ou 
liquidação do exigível. 
Impostos diferidos ativos e passivos não podem ser ajustados a valor 
presente. 
Como regra geral, o ajuste deve ser realizado apenas nas contabilizações 
iniciais de ativos e passivos, com uso de contas retificadoras apenas nos 
registros patrimoniais e não de resultado. Registros posteriores a aplicação 
inicial do conceito se constituem em exceções. Geralmente, o valor presente e o 
justo somente são iguais no registro inicial. Veja outros detalhes interessantes 
do ajuste a valor presente: 
- Como diretriz geral, deve-se fazer ajuste a valor presente quando existem 
transações a prazo a serem liquidadas em dinheiro, que possuem descontos 
financeiros embutidos ou fluxo de caixa associado a um ativo ou passivo – 
compra a prazo de um imobilizado. 
- Adiantamentos de clientes e fornecedores não devem ter ajustes a valor 
presente. 
- IR diferido também não deve ser ajustado a valor presente. 
- Operações com financiamentos obtidos no BNDES, de longo prazo, não 
devem ser ajustados a valor presente. 
 
 
 
29 
 
 
EFEITOS NAS MUDANÇAS NAS TAXAS DE CÂMBIO E 
CONVERSÃO DE DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: CPC 02 
As participações em empresas controladas e coligadas no Brasil são 
registradas no ativo não circulante, no subgrupo Investimentos, com avaliação 
pelo método de equivalência patrimonial. Tal método pressupõe o seguinte: o 
investimento deve ser reconhecido na empresa controladora simultaneamente 
aos movimentos realizados no patrimônio líquido da empresa controlada. 
Por exemplo, admita que a Cia. A adquira, em JAN/16, 90% das ações da 
Cia. B, cujo PL monta R$ 1.000. Os outros 10% são adquiridos pela Cia. C. No 
ano de 2016, a Cia. B aufere um lucro de R$ 200 e propõe a distribuição de 
dividendos no valor de R$ 60, que será pago em 2017. Vamos aos registros das 
Cias. A e C: 
REGISTRO CONTÁBIL NA CIA. A (MÉTODO DE EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL) 
 
 
REGISTRO CONTÁBIL NA CIA. C (MÉTODO DO CUSTO DE AQUISIÇÃO) 
 
MÊS/ANO 
PL da Cia. B INVESTIMENTO DA Cia. C na Cia. B 
MOVIMENTO SALDO REGISTRO CONTÁBIL na Cia. C SALDO 
JAN/2016 Saldo de R$ 1.000 
Aquisição de 10% pela Cia. C 
1.000 DÉB: Participação na Cia. B 100 
CRÉD: CAIXA 
100 
DEZ/2016 Lucro Apurado no ano de R$ 200 1.200 NÃO HÁ REGISTRO 
DEZ/2016 Dividendos Propostos de R$ 60 1.140 DÉB: Dividendos a Receber 6 100 
 
 
MÊS/ANO 
PL da Cia. B INVESTIMENTO DA Cia. A na Cia. B 
MOVIMENTO SALDO REGISTRO CONTÁBIL na Cia. A SALDO 
JAN/2016 Saldo de R$ 1.000 
Aquisição de 90% pela Cia. A 
1.000 DÉB: Participação na Cia. B 900 
CRÉD: CAIXA 
900 
DEZ/2016 Lucro Apurado no ano de R$ 200 1.200 DÉB: Participação na Cia. B 180 
CRÉD: Resultado Positivo de MEP 
1.080 
DEZ/2016 Dividendos Propostos de R$ 60 1.140 DÉB: Dividendos a Receber 54 
CRÉD: Participação na Cia. B 
1.026 
30 
 
 
Caso a Cia. B fosse domiciliada no exterior, a análise levaria em 
consideração, também, a variação cambial. Contudo, entraria em ação um 
importante detalhe: a moeda funcional, fundamental na decisão de como 
registrar a contrapartida da variação cambial. 
Moeda funcional é a moeda do ambiente econômico principal no qual a 
entidade opera. Essa moeda pode, em determinadas circunstâncias (previstas 
no Pronunciamento), ser diferente da moeda do país onde está sediada a 
controladora ou qualquer controlada. Por exemplo, uma empresa de manufatura 
brasileira concluiu que sua moeda funcional é o dólar. Assim, suas 
demonstrações contábeis são preparadas como se os registros contábeis 
fossem feitos em dólar e depois as demonstrações serão convertidas para o real, 
para fins de divulgação no Brasil. Com isso, os balanços, os resultados e os 
fluxos de caixa podem ser muito diferentes, em cada exercício, do que seriam 
se a moeda funcional fosse o real. 
A conversão de demonstrações feitas numa moeda funcional para outra 
moeda de reporte (como na conversão de uma controlada no exterior em euro 
para real) é feita, a não ser no caso de inflação alta, com os ativos e passivos 
convertidos à taxa de câmbio da data do balanço, e as receitas, despesas, 
ingressos e aplicações de caixa convertidos quando de sua incorrência. As 
diferenças cambiais sobre os patrimônios líquidos e os resultados líquidos são 
reconhecidas em “outros resultados abrangentes” no patrimônio líquido para 
transferência ao resultado apenas quando da baixa do investimento. 
Portanto, quando a moeda funcional da filial for a mesma da matriz, a variação 
cambial do investimento líquido em controladas dependentes no exterior deverá 
ser registrada como receita ou despesa financeira do período, ou seja, como 
resultados integrados à contabilidade da matriz no Brasil como qualquer outra 
filial, agência, sucursal ou dependência mantida no próprio país, por força da 
norma internacional. 
Um grande impacto do CPC 02 é quanto à forma de registro das variações 
cambiais de investimento líquido em controlada independente no exterior,cuja 
moeda funcional é diferente da matriz, que deve ser em conta específica do 
patrimônio líquido na investidora e no balanço consolidado, para serem 
reconhecidas, como receita ou despesa, apenas quando da venda ou baixa do 
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investimento líquido. Instrumentos de hedge desse investimento têm igual 
contabilização. 
 
REFLEXOS FISCAIS DO CPC 02 
Existe impacto fiscal em toda e qualquer movimentação no PL, por ocasião do 
registro da variação cambial de investimentos no exterior. 
Se a moeda funcional é igual, as receitas e despesas financeiras compõem 
as bases de IR e CSLL. Em relação à tributação das contribuições para o 
PIS/PASEP e a COFINS, não há tributação de receitas financeiras de passivos 
oriundos de moeda estrangeira por uma exclusão permitida pela legislação 
brasileira (Decreto no 8.451/15). 
Já se a moeda for diferente e o registro da variação cambial se der na conta 
ajuste de avaliação patrimonial, este deverá ser feito pelo líquido, com a parcela 
relativa aos tributos sobre o lucro, normalmente 34%, sendo destacada como 
ativo ou passivo fiscal diferido. Ou seja, se uma participação no exterior em 
moeda funcional diferente da moeda da matriz tem uma variação cambial 
positiva (ativa) de R$ 100, o registro seria o seguinte: 
 DÉB: Investimentos – Participações em Controladas no Exterior 100 
 CRED: PL – Ajuste de Avaliação Patrimonial 66 
 
 CRED: Passivo Não Circulante – Imposto de Renda Diferido 
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