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AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS NO BRASIL THE LEGAL CONSEQUENCES OF THE RETURN OF CHILDREN ADOPTED IN BRAZIL FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO RICARDO BERILO BEZERRA BORBA RESUMO É do interesse público satisfazer os interesses das crianças e dos jovens, especialmente daqueles que não têm família e esperam ser colocados em famílias alternativas. A aprovação do “Direito Civil” e do “Estatuto da Criança e do Juventude” é um assunto de grande relevância jurídica e o tema central desta investigação, que visa resolver os problemas que envolvem o regresso de menores adotados. Para sua felicidade, o adotado tem a garantia de um bom relacionamento com a família adotiva. O objetivo é apontar as consequências desse comportamento. Este artigo é redigido com base no método dedutivo, enumera as regras de adoção do ordenamento jurídico nacional e, ao final, explica as consequências do retorno do adotado. A classificação como pesquisa bibliográfica é realizada segundo um método qualitativo e cita a doutrina, a legislação e a jurisprudência relacionadas ao tema selecionado. Os resultados obtidos indicam que o adotante é excluído do cadastro nacional e é possível que o abandono emocional causado pelo retorno da criança possa levar à condenação por dano mental. PALAVRAS-CHAVE: Adoção. Devolução. Consequências. Desistência. Responsabilidade. ABSTRACT It is in the public interest to satisfy the interests of children and young people, especially those who have no family and expect to be placed in alternative families. The approval of the “Civil Law” and the “Child and Youth Statute” is a subject of great legal relevance and the central theme of this investigation, which aims to solve the problems that involve the return of adopted minors. For your happiness, the adoptee is guaranteed a good relationship with the adoptive family. The objective is to point out the consequences of this behavior. This article is written based on the deductive method, Trabalho elaborado para atender exigência curricular para conclusão do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, sob a orientação da Profª Ms. Mª do Socorro da S. Menezes, na área de Direito de Família, semestre 2021.1 Aluno regularmente matriculada sob o nº 2019210064 no 10º período do Curso de Bacharelado em Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, semestre 2021.1. E-mail: fernandajj32@gmail.com Possui graduação em Direito no UNIPÊ e Especialização em Direito Processual Civil no Unipê, é Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino em Buenos Aires - Argentina. Foi presidente da Comissão do Ensino Jurídico da OAB/PB, professor das disciplinas Prática Jurídica Cível, Prática Jurídica Trabalhista e Processo Civil do Instituto de Educação Superior da Paraíba - IESP e da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP. É advogado, sócio do Escritório Borba Advogados Associados, onde atua nas áreas Cível e Trabalhista. E-mail: berilo@terra.com.br. mailto:fernandajj32@gmail.com mailto:berilo@terra.com.br 2 lists the rules of adoption of the national legal system and, at the end, explains the consequences of the return of the adopted. The classification as bibliographic research is carried out according to a qualitative method and cites the doctrine, legislation and jurisprudence related to the selected theme. The results obtained indicate that the adopter is excluded from the national registry and it is possible that the emotional abandonment caused by the child's return may lead to sentencing for mental damage. KEYWORDS: Adoption. Devolution. Consequences. Withdrawal. Responsibility. 1 INTRODUÇÃO O Esse estudo tomará como hipótese de pesquisa regramentos estabelecidos na lei nº 8.069/90, no seu artigo 5º e 39, §1º; na lei nº 12.010/2009 que dispõe sobre a lei da adoção e altera artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente; na lei nº 13.509/2017 que introduziu o §5º no artigo 197-E do Estatuto da Criança e do Adolescente. Visa discutir e analisar as consequências jurídicas da devolução das crianças adotadas, bem como os efeitos psicológicos causados nessas crianças com sua volta aos abrigos após serem introduzidas em lares. Ainda será apontado a importância da aplicação dos danos morais para os adultos que realizam a devolução das crianças, já que ajudam no tratamento psiquiátricos dessas, com as consequências do término do vínculo da filiação. Na hipótese apresentada, após o término do estágio de convivência que é previsto na legislação, os pais adotivos, renunciam ao poder familiar e devolvem a criança ao Estado, muitas vezes sob justificativa de melhor interesse do menor, ou até mesmo má adaptação, quando na verdade visam apenas seus próprios interesses. Com os numerosos casos de devolução de crianças adotadas no Brasil, surgiu a grande motivação de trabalhar o tema, visto que a gravidade da situação e a grande falha da lei na forma de punição são de extrema graves, bem como será demonstrado que o número de soluções é baixo para resolver o referido problema, haja vista que, mesmo com a reparação dos danos morais causados, há a incapacidade de supressão de recursos, onde o Estado deverá intervir. Desta forma, a pesquisa é estruturada no que tange a explicação do instituto da adoção, os requisitos, o sistema no brasil, a real vontade de adotar, que tratam da filiação no ordenamento jurídico, os efeitos jurídicos e psicológicos da devolução de crianças adotadas e, ainda, do papel do Estado e suas jurisprudências em relação à devolução das crianças. 3 2 O INSTITUTO DA ADOÇÃO A instituição legal para adoção está atualmente sujeita à Lei nº 10.406/2002 (Código Civil) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), com alterações advindas da nova Lei da Adoção 12.010/09, e escritores como Diniz (2018) conceitua a adoção como um ato jurídico solene, onde, observados os requisitos legais e independentemente de relação de parentesco consanguíneo ou afim, um indivíduo estabelece vinculo fictício de filiação com outra pessoa, trazendo-a para sua família na condição de filho. Para Gonçalves (2017, p. 382): Adoção é a ação jurídica que cria, entre duas pessoas, que resulta da paternidade e filiação legalizada, é um ato jurídico solene pelo qual alguém recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha, mas mais do que uma ação jurídica, é um ato de sentimento. Efetuada a adoção, o adotado passa a ser efetivamente filho dos adotantes, em caráter irretratável e de forma plena. A Constituição Federal de 1988, art. 227, §6º, iguala os filhos adotivos aos de sangue, havidos ou não da relação do casamento. A própria legislação, no art. 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente, providência respeitar o instituto, alegando que a adoção foi atribuída ao adotante adquirindo o adotado as condições de filho, tendo os mesmos direitos e obrigações de filho, incluindo direitos de herança, separando-a assim da criança de qualquer contato com pais e parentes biológicos, exceto para barreiras matrimoniais. Porém, para Pereira (2018), a adoção acontece a uma pessoa, independentemente de haver ou não relacionamento, recebendo o outro como filho. Vale ressaltar que o parentesco pode ser auto gestado, ou seja, o parentesco que existe entre as pessoas para manter contato biológico entre cônjuges ou por afinidade companheiro. Em termos de adoção, existe outra forma de parentesco, que não decorre de consanguinidade nem de afinidade (TARTUCE, 2016). Miranda (2017, p. 217), conceitua que a “adoção é o ato solene pelo qual se cria entre o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação". E finaliza- se a conceituação do instituto da adoção, que diz que, por maior que seja a variedade de conceitos, há concordânciano ponto de que quando finalizado o processo de adoção, com sentença judicial e registro de nascimento, o adotado passa a possuir todos os direitos de filho, e integra-se de forma plena, segundo entendimento do autor, há uma nova família (PENA JUNIOR, 2018). 4 2.1 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADOÇÃO NO BRASIL As antigas funções da família, como política, economia, religião e funções procracional, desapareceram ou desempenharam apenas um papel secundário. Hoje em dia, a principal função da família é perceber a dignidade pessoal dos membros e perceber a dignidade e as emoções das pessoas em um ambiente de unidade e convivência (LOBO, 2011, apud, ZUCONELLI, 2017). Acerca dos princípios, importa trazer o ensinamento de Lôbo (2011, p. 17, apud, ZUCONELLI, 2017, online), de que “o princípio não é uma recomendação ética, mas diretriz determinante nas relações da criança e do adolescente com seus pais, com sua família, com a sociedade e com o Estado”. Os princípios que regem a adoção no Brasil são: Dignidade da pessoa humana, que é o princípio mais geral do direito e encontra referência expressa no art. 1º, inciso III, bem como no art. 226, § 7º, que trata do planejamento familiar, ambos da CF/88; Solidariedade, que se tornou jurídico após a promulgação da Constituição Federal de 1988, expresso no inciso I, do art. 3º, da CF/88, devendo ser a solidariedade exercida pelos cônjuges, bem como entre pais e filhos; (BRASIL, 1988). A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança inclui a solidariedade como um dos princípios a serem observados, o que é reproduzido pelo art. 4º do ECA, in verbis: Art.4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990). Afetividade e Convivência familiar, esse princípio está implícito na Constituição Federal de 1988, mais de acordo com o principios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, CF/88) e da solidariedade (art. 3º, I, CF/88), bem como com os outros principios; Melhor interesse da criança e do adolescente, que encontra previsão no art. 227 da CF/88, que estabelece ser dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente ‘com absoluta prioridade’ os direitos nele previstos; Planejamento familiar; Direito à filiação; e, Paternidade/maternidade responsável, que está previsto no art. 226, § 7º, CF/88, e implica dizer que deve haver responsabilidade individual e social do homem e da mulher que decidem procriar uma 5 nova vida humana, sendo dever dos mesmos priorizar o bem estar físico, psíquico e espiritual da criança que irá nascer (BRASIL, 1988) Nesse sentido, é de conhecimento geral que a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 pretende, com as disposições que nela consta, estabelecer meios de proteção à criança e adolescente e, ainda, tutelar, sob o crivo da lei constitucional, a autonomia e harmonia no seio familiar, cujo núcleo representa o mais importante grupo social do país. Ações constitucionais que regem todo ordenamento, inclusive baseando na criação de novos diplomas após sua promulgação, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. 2.2 PROCEDIMENTOS PARA ADOÇÃO NO BRASIL A adoção é regulada basicamente pelo ECA, sendo que o Código Civil apenas prevê a adoção por maiores de 18 anos, enquanto o regulamento do ECA se aplica de forma subsidiária. Em seu artigo 51 o ECA, fornece disposições legais que tratam especificamente da adoção internacional de crianças e jovens, que estipula diferentes regras de coexistência e supervisão entre as autoridades públicas e judiciais, bem como suas concessões (BRASIL, 1990). O art. 39 do ECA dispõe sobre os procedimentos legais para a adoção de menores. O art. 39, § 1º, reconhece o seu caráter especial e irrevogável, pois seu efeito somente deve se dar em função dos interesses relativos do adotado ao adotante. Neste procedimento, a menos que a tutela do adotado tenha sido concedida ao adotante, o adotado deve ter pelo menos 18 anos de idade. Ainda deve haver uma diferença de idade de 16 anos entre o adotante e o adotado (BRASIL, 1990). A adoção só é efetuada através de processos judiciais e deve ser tratada em juizados especiais de crianças e jovens. O procedimento inicia-se com uma petição inicial fundamentada no adotante, e apenas quando esta se fundamentar em motivos legítimos e se revelar benéfica para o criança ou jovem, será aprovado (BRASIL, 1990). Em qualquer caso, as pessoas que demonstrem de alguma forma que são incompatíveis com a natureza da medida ou não tenham proporcionado um ambiente familiar adequado não estão autorizadas a providenciar famílias alternativas (ECA, art. 29) (BRASIL, 1990). “Sendo fundamental o trabalho da equipa de apoio entre as profissões da justiça infanto-juvenil” (MADALENO, 2018, p.850). 6 A conclusão do processo deve se dar no prazo máximo de 120 dias, e se o juiz o considerar razoável, o mesmo prazo pode ser prorrogado. Por meio de decisões judiciais, o vínculo de adoção é reconhecido e começa a surtir efeito à medida que o tribunal entrega a guarda definitiva da criança ao pai adotivo. A partir daí, a adoção será averbada no registro civil, sendo o sobrenome ou mesmo o nome alterado com o consentimento do adotado (BRASIL, 1990). A certidão de nascimento incluirá o adotante como pai e o ancestral como avô. A chamada lei de adoção deu nova redação a alguns artigos do ECA, reconhecendo que os adotados começam a investigar (ou mais precisamente alegam ter declarado) suas origens biológicas a partir dos 18 anos e obtêm a possibilidade ilimitada de obtenção. (ECA, art. 48) (BRASIL, 1990). “No entanto, isso não reflete a identidade ou o nome do adotado” (DIAS, 2016, p. 188). Para ser aprovada, deve ser cumprido outro requisito básico no processo de adoção, que é a concessão do prazo de convivência, que, de acordo com o artigo 46 do ECA, deve ser de até 90 (noventa) dias. A adoção dos menores acima mencionados deve cumprir outra condição: a fase de convivência deve ser obrigatoriamente avançada, e o adotado só pode ser dispensado se já estiver sob a tutela ou guarda legal do adotante. A conveniência de avaliar a composição dos títulos (ECA, art. 36, §1º, com a redação dada pela Lei n. 12.010/2009) (GONÇALVES, 2017, p. 519). Conforme Explica Rodrigues (2007, P. 345, apud, GONÇALVES, 2017, p. 520), o objetivo deste estágio é “comprovar a compatibilidade entre as partes e a possibilidade de adoção com sucesso”. Nesta fase, a ligação pode ser consolidada, ou pode ser o momento em que o potencial adotante desiste da adoção e devolve a criança ou adolescente. 3 A INTENÇÃO DE ADOTAR: MAIOR DO QUE OS REQUISTOS, DEVE SER Á VONTADE Com a intenção de formar uma família, aquele que adota proporciona carinho, amor e segurança, pois ele assume propósitos de garantir ao adotado tudo o que ele necessita para viver uma vida feliz ao lado de quem o escolheu para cuidar e proteger. Com a Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, surgiram novas mudanças significativas, dando proteção total para a criança adotada. A Lei 12.010/09 7 teve muitas novidades, onde pessoas solteiras podem adotar, desde que seja 16 anos mais velha que o adotado. E a mais recente é a Lei 13.509/17 alterando muitas legislações no que se refere a adoção no Brasil, criando prazos, procedimentos e garantias para dar mais segurança e agilidade. O caminho percorrido por aqueles que desejam adotar, é trilhado por várias fases, é um caminho longo, até que, finalmente, chegue o momento do encontro. O primeiro passo é a lista de pretendentes, onde é feitona vara da Infância e juventude da cidade onde mora, lá, ele preenche seus dados e entrega sua documentação, faz o pedido de inscrição, uma petição, feita por um advogado ou defensoria pública, onde depois da aprovação o nome do possível adotante entrará no cadastro de pretendentes à adoção da localidade e estado onde mora. Os pretendentes precisam fazer um curso onde comprovarão sua capacitação psicossocial e jurídica, com a duração de 2 meses. O curso é obrigatório e somente após sua conclusão e aprovação é que o juiz emite um parecer com a sentença de liberação para que a pessoa possa ter seu nome no CNA (cadastro nacional de adoção) (ABRAMINJ, 2020). Com a permissão para entrar no cadastro de adoção nacional, o próximo passo é preencher o perfil da criança ou adolescente que deseja que se torne o novo membro da sua família. Após o preenchimento do perfil, o cadastro irá fazer a compatibilidade da criança com a ficha do pretendente, a preferência irá seguir a ordem de espera da fila, atendendo primeiro aos que estão na frente, que fizeram o cadastro a mais tempo, e assim seguirá até atender a todos os pretendentes cadastrados. Atualmente, existem cerca de 46 mil pretendentes aguardando na fila de adoção no Brasil, de acordo com as informações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), há em torno de 9 mil na lista de Cadastro Nacional de Adoção, deste total, 5 mil estão prontos para serem adotados. O nome da criança só passa a ficar disponível no cadastro após se esgotarem todas as tentativas de regressa-la a família biológica e extensiva (RODRIGUES, 2020). A vara da Infância e Juventude, tenta, com a ajuda do serviço social, de todas as formas reestruturar a criança em seu convívio familiar de origem, para que não aja falha na hora de encaminhar a criança ou o adolescente para o abrigo. Pensando sempre no melhor caminho para aquele que precisa de um tutor que possa cuidar e protege-lo, pois, são vulneráveis e não podem ficar sem o auxílio e cuidados de um adulto que possa lhe proporcionar segurança. 8 O perfil mais procurado pelos pretendentes são as crianças de pele clara, onde sua idade tem que estar abaixo dos 5 anos de idade, as preferências geralmente são pelos bebes, outro critério é o de não ter irmãos, pois não pretendem levar agregados, e a saúde, que é ainda o fator mais importante, pois crianças saudáveis é o que há de melhor na hora da procura (PEREZ, 2019). A grande dificuldade do caso da adoção, é que os futuros pais procuram a criança ‘perfeita’ onde todas as suas idealizações são projetadas sobre ela e assim partem a sua procura. Isso dificulta muito o processo, pois o que procuram geralmente não tem ali, e isso faz com que o tempo na espera demore ainda mais, deixando para trás a chance daqueles, que não estão dentro destas características, de ter uma família para formar e amar. Infelizmente, poucos aceitam crianças maiores, crianças com irmãs, crianças com algum tipo de doença congênita ou deficiência física. A chance dos que estão acima dos 12 anos é ainda bem menor, quase impossível, fazendo que completem os seus 18 anos lá dentro mesmo e sendo obrigados a deixar o abrigo para dar lugar a outro que estar para chegar. 4 A DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS NO BRASIL As agências de adoção, que são as instituições resposáveis pela avaliação do processo de adoção, conhecidas popularmente como abrigos, fornecem uma base importante para a proteção de crianças e adolescentes, quando todas as outras possibilidades desaparecem e seus direitos são ameaçados ou suprimidos. A colocação da criança e do adolescente em família substituta é medida excepcional de proteção que busca o amparo para estes indivíduos (VENOSA, 2017). Existem vários motivos pelos quais uma pessoa procura adotar uma criança ou adolescente, como a infertilidade, o desejo de fazer caridade, o fato de sentirem tristeza pelos filhos falecidos, encontrar uma maneira de resolver os problemas conjugais, desejo de aumentar o número de filhos, etc (GRANATO, 2015). Não devem ser estes os motivos que levam alguém a buscar a adoção, mas sim a vontade de atender as reais necessidades da criança, para que esta possa se sentir amada, segura, protegida e acolhida (GRANATO, 2015). Dentre os motivos que levam os adotantes a devolver a criança ou o adolescente, Bordallo (2006, apud, 9 MACIEL; AMIN; et al, 2017) cita como principal a não adaptação entre os membros da família que estava se formando. Existem também casos onde o motivo foi a chegada posterior de filhos biológicos (AZEVEDO, 2016). A cor da pele da criança (PORTILHO; CAMARGOS, 2015) ou a concretização da adoção de outra criança (BRAGON, 2016). Geralmente, os motivos de devolução, apesar de variados, tem como origem a falta de compreensão e de dedicação dos adotantes (MOTA, 2020). Alguns adotantes acusam a devolução da criança, alegando motivos impróprios, como querer brincar com os brinquedos da irmã ou ser negra e roncar, exatamente como aconteceu com uma criança que ficou cinco meses em casa, e posteriomente foi devolvida ao lar sob a justificativa da pela ter escurecido (MOTA, 2020). Segundo Mota (2020), na maioria das vezes, a devolução acontece quando existe um filho biológico da família. A familia precisa esta prepararda para aceitar a criança ao realizar o processo de adoção. Todos os membros da família precisam estar envolvidos no processo de adoção para que se sintam preparados, incluindo o filho do adotante, então não haverá disputas entre eles e a criança adotada pelo amor e espaço dos pais. É uma questão psicológica que afeta diretamente a mentalidade das crianças, mas, além disso, dos próprios pais, que cometem, muitas vezes, erros cruciais no processo de criação e desenvolvimento humano dos filhos. No Brasil, não há estatísticas oficiais mostrando indices de crianças e jovens que voltam para abrigos, o que em muitos casos acaba atrapalhando a pesquisa e a análise da atual situação da nação, bem como o impacto da devolução de crianças adotadas no país (CNJ, 2015). Para cada dez casos de devolução, há apenas uma média aproximada de duas crianças que foram colocadas de volta nos abrigos, e que as informações estão novamente no registro de adoção, ou seja, voltaram tutela judicial. Segundo dados da Comissão Nacional de Justiça (CNJ), desde julho de 2008, foram registrados 130 casos em 2015 (CNJ, 2020). No entanto, embora não haja estatísticas nacionais oficiais, algumas estatísticas de pesquisas regionais revelaram o quão séria e recorrente é a realidade da devolução. Em 2010, 11% das trinta e cinco crianças disponíveis para adoção em uma associação na zona sul do Estado de São Paulo já haviam passado pela experiência da devolução, enquanto no Rio de Janeiro, apenas no primeiro semestre de 2011, oito crianças foram devolvidas em apenas uma das varas da infância e 10 juventude. Ainda, três em cada dez crianças e adolescentes em abrigos em Santa Catarina já foram devolvidos (AZEVEDO, 2016). “A Coordenadoria de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente (Cededica) da Defensoria Pública no Rio de Janeiro fez um levantamento de catorze casos de devolução no Rio de Janeiro em apenas 12 meses, no ano de 2007” (BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017, p. 37). O orgão afirma que dentre as 14 crianças 6 já apresentavam ações de respinsabiblidade civil contra os adotantes que desistiram. (BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017). A autora afirma que: Neste mesmo Estado, a equipe do juizado de uma das três Varas da Infância, Juventude e do Idoso na capital realizou um levantamento de onze devoluções de novembro de 2007 a julho de 2008. Ressalta que, em três destes onze casos, ainda em 2008, duas crianças já haviam sido encaminhadas a outra família, e uma já teve uma adoção concretizada (BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017, p. 48). Ainda, “reportagem do Diáriode Pernambuco traz a informação de que em uma única Vara da Infância e da Juventude (2ª Vara), foram contabilizadas quatro devoluções de crianças adotadas durante o período de três anos (2009 a 2012)” (FERREIRA, 2012, apud, CARVALHO, 2017, p. 50). No Mato Grosso do Sul, 5% das crianças em idade considerada ‘adotável’ já foram vítimas de devolução (AZEVEDO, 2016). Muitos desses pais alegam incompatibilidade com o adotado no decorrer do tempo, outros não querem mais cuidar quando a mesma adoece ou surge algum problema genético, agregando, em seu pensamento, mais um motivo para que esse distanciamento na relação seja efetivo. A falta de empatia para com aquele que veio de uma jornada tão difícil, carregando consigo tantos traumas e marcas de uma vida tão desprivilegiada, acaba por abrir um caminho que pode levar a um quadro irreversível ao seu psicológico. 4 AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS Embora se perceba que é irreversível, pode fazer com que o filho adotado volte para o abrigo, mas a partir dessa conduta, o adotante sofrerá consequências jurídicas, pois é inaceitável desistir apenas da adoção. Incorporar uma criança ou 11 adolescente a uma família substituta tem sérias consequências porque irá destruir a conexão com a família natural. Madaleno (2018, p. 881): “estabelece nova relação de parentesco entre o adotante e os descendentes do adotado, seus filhos e netos, que passam também a ser parentes do adotante”, por isso é de responsabilidade do adotante a decisão final do litígio e a devolução após concluída a adoção da criança e do adolescente. A Lei n. 13.509/2017, acrescentou o § 5° ao artigo 197-E do ECA, e impôs uma punição a tais práticas, ao dispor o seguinte: a desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a devolução da criança ou adolescente depois do trânsito em julgado da sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e na vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na legislação vigente (BRASIL, 1990). Antes que o registro seja excluído, uma vez que o formulário de declaração seja aceito, a consequência jurídica direta é a perda dos direitos familiares do adotante, e o adotante deixa de ter os direitos e obrigações para com o adotado, assim como o vínculo biológico, ao cumprir os suposições, isso é devido ao conflito no ambiente familiar. Este não é um fenômeno exclusivo em instalações de adoção e geralmente ocorre em parentes próximos. Mesmo assim, “os pais não podem abandonar sua relação problemática entre pais e filhos zelosos, levando ao abandono, excesso ou abuso de poder e até casos de agressão” (MADALENO, 2018, p. 885). Todos estes pode significar a abolição do poder familiar. Diante dessa irrevogabilidade, o abandono emocional ou comportamento agressivo do filho adotado pode resultar em responsabilidade civil em razão do descumprimento de seus deveres legais (MADALENO, 2018). A situação expõe uma realidade de falta de empatia. Quando um ser humano, já na sua fase adulta, tem uma frustração no cotidiano que enseje dano moral, logo requer ao Judiciário a indenização correspondente por quem o agrediu, a fim de restabelecer o seu direito, enquanto detentor deles, baseando-se na legislação e consciente da sua existência. Se esta realidade jurídica é possível, nada mais resta senão deduzir que um menor, cujas esperanças foram massacradas pela arbitrariedade alheia, também tenha esse direito, uma vez que seu processo de desenvolvimento cognitivo e social 12 depende, exclusivamente, da proteção alheia nos primeiros anos da sua vida. São fatos incontestáveis que, na prática, revelam as falhas presentes no processo de adoção no Brasil, bem como a impunidade possivelmente gerada a partir da inobservância dessa situação fática. 4.1 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL PÁTRIO A devolução dos infantes adotados se dá na maioria das vezes sob o argumento de que o ato não representa o melhor interesse do menor. Para justificar a desistência da adoção, utiliza-se o disposto no artigo 43 do ECA, que diz: “Art. 43. A adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar- se em motivos legítimos” (BRASIL, 1990). Com esse argumento o Tribunal da Bahia acatou por demonstrar que o adotante não tinha interesse em estabelecer uma nova relação familiar. ADOÇÃO. DESISTÊNCIA DA ADOTANTE. POSTURA ARREDIA DO ADOTANDO. ABANONO DO LAR PELO MENOR PARA VIVER COM FAMILIARES BIOLOGICOS. DESINTERESSE DO ADOTANDO DE SER ABSORVIDO NO NOVO SEIO FAMILIAR. ART. 43 DO ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA). APELO PROVIDO. INDEFERIMENTO DA ADOÇÃO. APELO PROVIDO. INDEFERIMENTO DA ADOÇÃO (BAHIA, TJ-BA, 2018). No entanto, este fundamento acabou deixando um espaço em branco para os adotantes que usaram meios legais para renunciar ao poder familiar para devolver o adotado ao abrigo, mesmo que a sentença final adiasse a decisão de colocá-los em uma família substituta. O juiz não teve escolha a não ser aceitar a devolução da criança, mas, como punição, para evitar que o adotante reaparecesse para adotar, o ECA impôs restrições. São excluídos do cadastro de adoção, conforme aresto do Tribunal de Justiça de São Paulo: APELAÇÃO. Habilitação para adoção. Insurgência contra sentença que determinou a exclusão dos apelantes do Cadastro Nacional de Adoção. Pleito de reforma da decisão, para reinclusão do casal. Impossibilidade. Interrupção de um estágio de convivência, com a devolução dos menores. Suspensão do segundo estágio, pois estariam passando por problemas familiares. Imputação dos recorrentes, em ambos os casos, de responsabilidade dos adolescentes, ante a ausência de concordância dos mesmos para serem adotados. Descabimento. Estudo técnico que aponta fragilidades importantes no casal. Fantasias e expectativas que se distanciam da realidade. Inexistência de elementos capazes de colocar em xeque a acuidade e imparcialidade do psicólogo responsável pela avaliação dos apelamtes. 13 Colocação numa família substituta que deve apresentar reais vantagens ao adotando. Inteligência do art. 43, ECA. Adoção que não será deferida a pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a medida. Aplicação do art. 29, ECA. O Cadastro Nacional de Adoção tem por finalidade garantir que crianças e adolescentes, vítimas de abandono e negligência pelas respectivas famílias de origem e, também, pelo tempo de institucionalização, possam fruir de seu direito fundamental à convivência familiar num ambiente saudável, com pais que esteja, preparados para lhes fornecer os cuidados necessários e com eles criar vínculos afetivos. Casal que, atualmente, não se enquadra no perfil necessário ao mister. Sentença mantida. RECURSO NÃO PROVIDO (SÃO PAULO, TJ-SP, 2020). O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) aplica o disposto na legislação e deixa claro que não basta a mera exclusão, como também é devido não se admitir nova inclusão do casal que desiste do ato de adoção: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. DECISAO QUE DETERMINA A EXCLUSÃO DE CASAL DOS CADASTROS DE ADOÇÃO E VEDA FUTURA HABILITAÇÃO. ART. 197-E, §5º, DO ECA. 1. Devendo-se priorizar os interesses de crianças e adolescentes, que buscam crescer numa família com alicerces sólidos e estáveis de afeto, deve ser mantida a exclusão do casal dos cadastros de adoção, porque as provas que embasaram a decisão (e que motivaram o novo acolhimento institucional da criança e o julgamento de improcedência da ação de adoção, em cognição exauriente e em observância ao devido processo legal) indicam suficientemente a inaptidão do casal para o exercício da função parental, haja vista os fortes indícios de maus tratos físicos e psicológicos praticados contra a criança (inclusive suspeita de abusosexual). 2. Não se olvida que o art. 197-E, §5º, do ECA, com a entrada em vigor da Lei 13.509 de 2017, passou a prever expressamente a vedação de renovação da habilitação como medida sancionatória impositiva, somente afastada mediante decisão judicial fundamentada. Ainda assim, decisão nesse sentido deve observar as regras processuais que garantem o contraditório e a ampla defesa. No caso dos autos, verifica-se que houve cerceamento do direito de defesa dos agravantes, razão pela qual… merece reforma, no ponto, para fins de afastar a proibição de futuras habilitações, devendo a questão ser decidida observando-se o devido processo legal. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. UNÂNIME (RIO GRANDE DO SUL, TJ-RS, 2018). O posicionamento do referido Tribunal de Justiça do RS é no sentido de que a não permanência no cadastro somente se justifica desde que tenha havido o transito em julgado. Todavia, se a desistência for anterior, poderá haver nova habilitação e permanência no cadastro. HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. REAVALIAÇÃO DOS CANDIDATOS. Fundamento da sentença inadequado, tendo em vista que o artigo 197-E, §5º do ECA, expressa que os habilitandos devem ser excluídos do cadastro nacional de adoção, bem como vedada nova inclusão, quando houver desistência dos adotantes ou devolução da criança/adolescente, depois do trânsito em julgado do processo de adoção, o que não ocorreu no caso concreto. Sentença desconstituída. Reavaliação. Apelação provida (RIO GRANDE DO SUL, TJ-RS, 2019). 14 Além disso, pode haver o reconhecimento judicial de danos morais causados ao adotando devolvido pelos adotantes. Atendidos os requisitos legais do Código Civil, haverá a condenação ao pagamento de indenização extrapatrimonial. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ADOÇÃO DE DUAS IRMÃS. DE 03 (TRÊS) E 06 (SEIS) ANOS DE IDADE. DESISTÊNCIA DA GUARDA PROVISÓRIA DE FORMA IMPRUDENTE PELOS PAIS ADOTIVOS. CONVIVÊNCIA DURANTE 03 (TRÊS) ANOS. CRIAÇÃO DE VINCULO AFETIVO. PREJUÍZO PSÍQUICO COMPROVADO POR LAUDO JUDICIAL EMITIDO POR PSICÓLOA DESTA CORTE. SENSAÇÃO DE ABANDONO, ANGÚSTIA, ANSIEDADE E TRISTEZA POR PARTE DAS INFANTES. ABALO MORAL CONFIGURADO. PRECEDENTES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 186 E 927 DA LEI SUBSTANTIVA CIVIL. QUANTUM INDENIZATÓRO. 100 (CEM) SALÁRIOS MÍNIMOS. FIXAÇÃO PELO MAGISTRADO EM VALOR RAZOÁVEL. OFENSORES QUE GOZAM DE EXCELENTE SITUAÇÃO FINANCEIRA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO APELATORIO DESPROVIDO. – A adoção tem de ser vista com mais seriedade pelas pessoas que se dispõem a tal ato, devendo estas ter consciência e atitude de verdadeiros “pais”, que pressupõe a vontade de enfrentar as dificuldades e condições adversas que aparecerem em prol da criança adotada, assumindo- a de forma incondicional como filho, a fim de que seja construído e fortalecido o vínculo filial – Inexiste vedação legal para que os futuros pais desistam de adoção quando estiverem com a guarda da criança. Contudo, cada caso deverá ser analisado com as suas particularidades, com vistas a não se promover a “coisificação” do processo de guarda (PARAIBA, TJPB, 2020). O entendimento transcrito do tribunal da Paraíba reflete a possibilidade de responsabilizar os adotantes que desistirem da filiação e devolvem os adotados, pois é claro que isso tem causado dano moral as crianças e jovens, que terão que retornar ao sistema de adoção e passar por novos procedimentos para encontrar uma família. Além disso, a injustiça praticada contra esses menores reflete, ainda, a ineficácia, muitas vezes presente na atuação jurisdicional, uma vez que produz efeitos maléficos na vida do menor, proporcionando a geração de expectativas e a torpeza constante na quebra delas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, a adoção de crianças e adolescentes termina com seu retorno à comunidade infantil, estágio de coexistência e até abrigo pós-julgamento. Adoção tardia é um problema que pode ser encontrado no sistema jurídico Brasileiro. Embora o processo de adoção seja por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Nova Lei de Adoção, essas mesmas leis são omissas em caso de falha. 15 A Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu 5º artigo, diz que nenhuma criança ou adolescente poderá ser tratada de forma que transgrida seus direitos fundamentais. No artigo 39, §1º, diz que a ação em adotar é excepcional e irrevogável, onde a medida para manter tutela da criança na família natural ou extensiva deve ser esgotada em todos os seus recursos. Apesar de ser um ato irrevogável, quando a criança é abandonada o juiz determina seu retorno ao abrigo de origem, levando à imputação jurídica dos responsáveis pela adoção. A Lei 13.509/2017, atribuiu o §5º ao art. 197-E do ECA, onde há sanção para aquele que comete este ato, exclui seus nomes do cadastro de adoções e os impedem de renovar a habilitação, com exceção dos casos em que há fundamentações jurídicas. A devolução do adotado durante o processo de adoção ou após sua entrada em vigor viola os princípios e regras que protegem os interesses pessoais de desenvolvimento e as diretrizes que devem ser seguidas a fim de alcançar uma proteção abrangente que garanta isso, esse pensamento de inviabilidade decorre da necessidade de assegurar à criança ou ao adolescente a garantia básica à segurança familiar, sem que isso implique na desistência a qualquer tempo do adotante, o que causaria uma problemática psicológica no adotado. Para analisar a viabilidade de adoção, o Estatuto da Criança e do Adolescente estipula o prazo de 90 dias, denominado fase de convivência. Durante o período de estágio, o adotante obterá a tutela temporária do adotado, caso a parte em questão não se adapte, ela pode desistir e devolver a criança ao sistema. É um prazo cedido pela legislação para possibilitar a adaptação da criança e a verificação do ambiente familiar, justificando a eficácia e benefícios que a adoção pode trazer. Porém, em alguns casos, após o término da fase de convivência, o procedimento de adoção foi decidido e as crianças e jovens são devolvidas. Normalmente, para justificar o retorno, o melhor interesse é usado como argumento, não havendo escolha senão o magistrado, a não ser acolher a criança que não é necessário para a família adotiva. No entanto, esse comportamento dos adotantes tem consequências jurídicas, incluindo a possibilidade de responsabilidade moral pelo abandono do bebê, uma vez que o cadastro nacional de adotantes foi excluído. O objetivo é evitar que crianças e jovens sejam mandados de volta com base apenas no chamado interesse dos pais. 16 Assim sendo, a adoção enquanto um importante mecanismo de inclusão social deve observar a oportunidade-conveniência da família que recepciona uma criança e, não somente, analisar as circunstâncias da inclusão no prazo subsequente para assegurar a adaptação inequívoca e irreversível do adotando, possibilitando a ele a fundamental segurança familiar, objetivo principal deste importante instituto jurídico. REFERÊNCIAS ABRAMINJ. Curso de adoção On-line. Brasília, DF: Associação Brasileira dos Magistrados da Infância e da Juventude, 2020. Disponível em: https://abraminj.org.br/on-line-curso- para-pretendentes-a-adocao-nas-comarcas-da-1a-circunscricao-comeca-dia-17/. Acesso em: 09 mar. 2021. AZEVEDO, Solange. O segundo abandono. In: Revista Isto é, 2016. Disponível em: http://www.istoe.com.br/reportagens/168178_O+SEGUNDO+ABANDONO. Acesso em 12 abr. 2021. 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As citações e paráfrases dos autores estão indicadas e apresentam a origem da ideia do autor com as respectivas obras e anos de publicação. Caso não apresente estas indicações, ou seja, caso caracterize crime de plágio, estou ciente das implicações legais decorrentes deste procedimento. Declaro, ainda, minha inteira responsabilidade sobre o texto apresentado no TCC, isentando o professor orientador, a Banca Examinadora e a instituição de qualquer ocorrência referente à situação de ofensa aos direitos autorais. Cabedelo, PB, 26 de abril de 2021. FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 20 R484c Ribeiro, Fernanda Gonçalves dos Santos As Consequências Jurídicas da Devolução de Crianças Adotadas no Brasil / Fernanda Gonçalves dos Santos Ribeiro – Cabedelo, 2021. 22f. Orientador: Prof. Me. Ricardo Berilo Bezerra Borba Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino Superior da Paraiba. 1. Adoção. 2. Devolução. 3. Consequências. 4. Desistência. 5. Responsabilidade. I. Título. BC/FESP CDU: 347 A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, título instituição, e ano de sua publicação. 21 AGRADECIMENTOS Agradeço, primeiramente, á Deus, que me deu o dom da vida,sáude e sabedoria para que eu pudesse chegar a etapa final desse Curso. A minha família, o meu alicerce, onde pude sempre encontrar motivos para continuar. Ao meu marido, aquele que foi o meu incentivador, me apoiando e em todos os momentos e decisões difíceis. Ao meu orientador, professor Ricardo Berilo Bezerra Borba, pelo apoio a este trabalho de pesquisa, me auxiliando nas correções e indicações de natureza teórico- metodológicas deixando-o ainda mais rico em informações. A todos que fazem parte da Banca Examinadora e demais professores da Fesp Faculdades pessoas que tenho muito carinho e apreço, pois, são profissionais capacitados, que nos trasmitem muito mais do que conhecimento, nos dando apoio para que possamos peserverá até a conquista de nossos objetivos. A Naíma Gomes Vilôr, bibliotecária da Fesp por ser uma pessoa simpática, prestativa, atenciosa e muito sorridente. A todos aqueles que contribuiram de alguma forma para a conclusão deste trabalho. 22 FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS NO BRASIL Artigo Científico apresentado à Banca Examinadora de Artigos Científicos da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, como exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Direito. APROVADO EM: / /2021 BANCA EXAMINADORA Prof. Me. RICARDO BERILO BEZERRA BORBA ORIENTADOR-FESP Prof. Dr. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx MEMBRO-FESP Prof. Me. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx MEMBRO- FESP
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