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AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS NO BRASIL

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AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS 
NO BRASIL

THE LEGAL CONSEQUENCES OF THE RETURN OF CHILDREN ADOPTED IN 
BRAZIL 
 
FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
RICARDO BERILO BEZERRA BORBA

RESUMO 
 
É do interesse público satisfazer os interesses das crianças e dos jovens, 
especialmente daqueles que não têm família e esperam ser colocados em famílias 
alternativas. A aprovação do “Direito Civil” e do “Estatuto da Criança e do Juventude” 
é um assunto de grande relevância jurídica e o tema central desta investigação, que 
visa resolver os problemas que envolvem o regresso de menores adotados. Para sua 
felicidade, o adotado tem a garantia de um bom relacionamento com a família adotiva. 
O objetivo é apontar as consequências desse comportamento. Este artigo é redigido 
com base no método dedutivo, enumera as regras de adoção do ordenamento jurídico 
nacional e, ao final, explica as consequências do retorno do adotado. A classificação 
como pesquisa bibliográfica é realizada segundo um método qualitativo e cita a 
doutrina, a legislação e a jurisprudência relacionadas ao tema selecionado. Os 
resultados obtidos indicam que o adotante é excluído do cadastro nacional e é 
possível que o abandono emocional causado pelo retorno da criança possa levar à 
condenação por dano mental. 
 
PALAVRAS-CHAVE: Adoção. Devolução. Consequências. Desistência. 
Responsabilidade. 
 
ABSTRACT 
 
It is in the public interest to satisfy the interests of children and young people, especially 
those who have no family and expect to be placed in alternative families. The approval 
of the “Civil Law” and the “Child and Youth Statute” is a subject of great legal relevance 
and the central theme of this investigation, which aims to solve the problems that 
involve the return of adopted minors. For your happiness, the adoptee is guaranteed a 
good relationship with the adoptive family. The objective is to point out the 
consequences of this behavior. This article is written based on the deductive method, 
 
 Trabalho elaborado para atender exigência curricular para conclusão do Curso de Bacharelado em 
Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP, sob a orientação da Profª Ms. Mª do 
Socorro da S. Menezes, na área de Direito de Família, semestre 2021.1 
 Aluno regularmente matriculada sob o nº 2019210064 no 10º período do Curso de Bacharelado em 
Direito da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba – FESP, semestre 2021.1. E-mail: 
fernandajj32@gmail.com 
 Possui graduação em Direito no UNIPÊ e Especialização em Direito Processual Civil no Unipê, é 
Doutorando em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidad del Museo Social Argentino em Buenos 
Aires - Argentina. Foi presidente da Comissão do Ensino Jurídico da OAB/PB, professor das disciplinas 
Prática Jurídica Cível, Prática Jurídica Trabalhista e Processo Civil do Instituto de Educação Superior 
da Paraíba - IESP e da Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - FESP. É advogado, sócio do 
Escritório Borba Advogados Associados, onde atua nas áreas Cível e Trabalhista. E-mail: 
berilo@terra.com.br. 
mailto:fernandajj32@gmail.com
mailto:berilo@terra.com.br
2 
 
lists the rules of adoption of the national legal system and, at the end, explains the 
consequences of the return of the adopted. The classification as bibliographic research 
is carried out according to a qualitative method and cites the doctrine, legislation and 
jurisprudence related to the selected theme. The results obtained indicate that the 
adopter is excluded from the national registry and it is possible that the emotional 
abandonment caused by the child's return may lead to sentencing for mental damage. 
 
KEYWORDS: Adoption. Devolution. Consequences. Withdrawal. Responsibility. 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O Esse estudo tomará como hipótese de pesquisa regramentos 
estabelecidos na lei nº 8.069/90, no seu artigo 5º e 39, §1º; na lei nº 12.010/2009 
que dispõe sobre a lei da adoção e altera artigos do Estatuto da Criança e do 
Adolescente; na lei nº 13.509/2017 que introduziu o §5º no artigo 197-E do Estatuto 
da Criança e do Adolescente. Visa discutir e analisar as consequências jurídicas da 
devolução das crianças adotadas, bem como os efeitos psicológicos causados nessas 
crianças com sua volta aos abrigos após serem introduzidas em lares. Ainda será 
apontado a importância da aplicação dos danos morais para os adultos que realizam 
a devolução das crianças, já que ajudam no tratamento psiquiátricos dessas, com as 
consequências do término do vínculo da filiação. 
Na hipótese apresentada, após o término do estágio de convivência que é 
previsto na legislação, os pais adotivos, renunciam ao poder familiar e devolvem a 
criança ao Estado, muitas vezes sob justificativa de melhor interesse do menor, ou até 
mesmo má adaptação, quando na verdade visam apenas seus próprios interesses. 
Com os numerosos casos de devolução de crianças adotadas no Brasil, 
surgiu a grande motivação de trabalhar o tema, visto que a gravidade da situação e a 
grande falha da lei na forma de punição são de extrema graves, bem como será 
demonstrado que o número de soluções é baixo para resolver o referido problema, 
haja vista que, mesmo com a reparação dos danos morais causados, há a 
incapacidade de supressão de recursos, onde o Estado deverá intervir. 
Desta forma, a pesquisa é estruturada no que tange a explicação do instituto 
da adoção, os requisitos, o sistema no brasil, a real vontade de adotar, que tratam da 
filiação no ordenamento jurídico, os efeitos jurídicos e psicológicos da devolução de 
crianças adotadas e, ainda, do papel do Estado e suas jurisprudências em relação à 
devolução das crianças. 
3 
 
2 O INSTITUTO DA ADOÇÃO 
 
 
A instituição legal para adoção está atualmente sujeita à Lei nº 10.406/2002 
(Código Civil) e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990), com 
alterações advindas da nova Lei da Adoção 12.010/09, e escritores como Diniz (2018) 
conceitua a adoção como um ato jurídico solene, onde, observados os requisitos 
legais e independentemente de relação de parentesco consanguíneo ou afim, um 
indivíduo estabelece vinculo fictício de filiação com outra pessoa, trazendo-a para sua 
família na condição de filho. 
Para Gonçalves (2017, p. 382): 
 
 
Adoção é a ação jurídica que cria, entre duas pessoas, que resulta da 
paternidade e filiação legalizada, é um ato jurídico solene pelo qual alguém 
recebe em sua família, na qualidade de filho, pessoa a ela estranha, mas mais 
do que uma ação jurídica, é um ato de sentimento. Efetuada a adoção, o 
adotado passa a ser efetivamente filho dos adotantes, em caráter irretratável 
e de forma plena. A Constituição Federal de 1988, art. 227, §6º, iguala os 
filhos adotivos aos de sangue, havidos ou não da relação do casamento. 
 
A própria legislação, no art. 41 do Estatuto da Criança e do Adolescente, 
providência respeitar o instituto, alegando que a adoção foi atribuída ao adotante 
adquirindo o adotado as condições de filho, tendo os mesmos direitos e obrigações 
de filho, incluindo direitos de herança, separando-a assim da criança de qualquer 
contato com pais e parentes biológicos, exceto para barreiras matrimoniais. 
Porém, para Pereira (2018), a adoção acontece a uma pessoa, 
independentemente de haver ou não relacionamento, recebendo o outro como filho. 
Vale ressaltar que o parentesco pode ser auto gestado, ou seja, o parentesco que 
existe entre as pessoas para manter contato biológico entre cônjuges ou por afinidade 
companheiro. Em termos de adoção, existe outra forma de parentesco, que não 
decorre de consanguinidade nem de afinidade (TARTUCE, 2016). 
Miranda (2017, p. 217), conceitua que a “adoção é o ato solene pelo qual se 
cria entre o adotante e o adotado relação fictícia de paternidade e filiação". E finaliza- 
se a conceituação do instituto da adoção, que diz que, por maior que seja a variedade 
de conceitos, há concordânciano ponto de que quando finalizado o processo de 
adoção, com sentença judicial e registro de nascimento, o adotado passa a possuir 
todos os direitos de filho, e integra-se de forma plena, segundo entendimento do autor, 
há uma nova família (PENA JUNIOR, 2018). 
4 
 
2.1 PRINCÍPIOS NORTEADORES DA ADOÇÃO NO BRASIL 
 
As antigas funções da família, como política, economia, religião e funções 
procracional, desapareceram ou desempenharam apenas um papel secundário. Hoje 
em dia, a principal função da família é perceber a dignidade pessoal dos membros e 
perceber a dignidade e as emoções das pessoas em um ambiente de unidade e 
convivência (LOBO, 2011, apud, ZUCONELLI, 2017). 
Acerca dos princípios, importa trazer o ensinamento de Lôbo (2011, p. 17, 
apud, ZUCONELLI, 2017, online), de que “o princípio não é uma recomendação ética, 
mas diretriz determinante nas relações da criança e do adolescente com seus pais, 
com sua família, com a sociedade e com o Estado”. Os princípios que regem a adoção 
no Brasil são: Dignidade da pessoa humana, que é o princípio mais geral do direito e 
encontra referência expressa no art. 1º, inciso III, bem como no art. 226, § 7º, que trata 
do planejamento familiar, ambos da CF/88; Solidariedade, que se tornou jurídico após 
a promulgação da Constituição Federal de 1988, expresso no inciso I, do art. 3º, da 
CF/88, devendo ser a solidariedade exercida pelos cônjuges, bem como entre pais e 
filhos; (BRASIL, 1988). 
A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança inclui a solidariedade 
como um dos princípios a serem observados, o que é reproduzido pelo art. 4º do ECA, 
in verbis: 
 
Art.4º: É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder 
Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos 
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, 
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à 
convivência familiar e comunitária (BRASIL, 1990). 
 
Afetividade e Convivência familiar, esse princípio está implícito na 
Constituição Federal de 1988, mais de acordo com o principios da dignidade da 
pessoa humana (art. 1º, III, CF/88) e da solidariedade (art. 3º, I, CF/88), bem como 
com os outros principios; Melhor interesse da criança e do adolescente, que encontra 
previsão no art. 227 da CF/88, que estabelece ser dever da família, da sociedade e 
do Estado assegurar à criança e ao adolescente ‘com absoluta prioridade’ os direitos 
nele previstos; Planejamento familiar; Direito à filiação; e, Paternidade/maternidade 
responsável, que está previsto no art. 226, § 7º, CF/88, e implica dizer que deve haver 
responsabilidade individual e social do homem e da mulher que decidem procriar uma 
5 
 
nova vida humana, sendo dever dos mesmos priorizar o bem estar físico, psíquico e 
espiritual da criança que irá nascer (BRASIL, 1988) 
Nesse sentido, é de conhecimento geral que a Constituição da República 
Federativa do Brasil de 1988 pretende, com as disposições que nela consta, 
estabelecer meios de proteção à criança e adolescente e, ainda, tutelar, sob o crivo 
da lei constitucional, a autonomia e harmonia no seio familiar, cujo núcleo representa 
o mais importante grupo social do país. Ações constitucionais que regem todo 
ordenamento, inclusive baseando na criação de novos diplomas após sua 
promulgação, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. 
 
2.2 PROCEDIMENTOS PARA ADOÇÃO NO BRASIL 
 
A adoção é regulada basicamente pelo ECA, sendo que o Código Civil apenas 
prevê a adoção por maiores de 18 anos, enquanto o regulamento do ECA se aplica 
de forma subsidiária. Em seu artigo 51 o ECA, fornece disposições legais que tratam 
especificamente da adoção internacional de crianças e jovens, que estipula diferentes 
regras de coexistência e supervisão entre as autoridades públicas e judiciais, bem 
como suas concessões (BRASIL, 1990). 
O art. 39 do ECA dispõe sobre os procedimentos legais para a adoção de 
menores. O art. 39, § 1º, reconhece o seu caráter especial e irrevogável, pois seu 
efeito somente deve se dar em função dos interesses relativos do adotado ao 
adotante. Neste procedimento, a menos que a tutela do adotado tenha sido concedida 
ao adotante, o adotado deve ter pelo menos 18 anos de idade. Ainda deve haver uma 
diferença de idade de 16 anos entre o adotante e o adotado (BRASIL, 1990). 
A adoção só é efetuada através de processos judiciais e deve ser tratada em 
juizados especiais de crianças e jovens. O procedimento inicia-se com uma petição 
inicial fundamentada no adotante, e apenas quando esta se fundamentar em motivos 
legítimos e se revelar benéfica para o criança ou jovem, será aprovado (BRASIL, 
1990). 
Em qualquer caso, as pessoas que demonstrem de alguma forma que são 
incompatíveis com a natureza da medida ou não tenham proporcionado um ambiente 
familiar adequado não estão autorizadas a providenciar famílias alternativas (ECA, art. 
29) (BRASIL, 1990). “Sendo fundamental o trabalho da equipa de apoio entre as 
profissões da justiça infanto-juvenil” (MADALENO, 2018, p.850). 
6 
 
A conclusão do processo deve se dar no prazo máximo de 120 dias, e se o 
juiz o considerar razoável, o mesmo prazo pode ser prorrogado. Por meio de decisões 
judiciais, o vínculo de adoção é reconhecido e começa a surtir efeito à medida que o 
tribunal entrega a guarda definitiva da criança ao pai adotivo. A partir daí, a adoção 
será averbada no registro civil, sendo o sobrenome ou mesmo o nome alterado com 
o consentimento do adotado (BRASIL, 1990). 
A certidão de nascimento incluirá o adotante como pai e o ancestral como avô. 
A chamada lei de adoção deu nova redação a alguns artigos do ECA, reconhecendo 
que os adotados começam a investigar (ou mais precisamente alegam ter declarado) 
suas origens biológicas a partir dos 18 anos e obtêm a possibilidade ilimitada de 
obtenção. (ECA, art. 48) (BRASIL, 1990). “No entanto, isso não reflete a identidade 
ou o nome do adotado” (DIAS, 2016, p. 188). 
Para ser aprovada, deve ser cumprido outro requisito básico no processo de 
adoção, que é a concessão do prazo de convivência, que, de acordo com o artigo 46 
do ECA, deve ser de até 90 (noventa) dias. A adoção dos menores acima 
mencionados deve cumprir outra condição: a fase de convivência deve ser 
obrigatoriamente avançada, e o adotado só pode ser dispensado se já estiver sob a 
tutela ou guarda legal do adotante. A conveniência de avaliar a composição dos títulos 
(ECA, art. 36, §1º, com a redação dada pela Lei n. 12.010/2009) (GONÇALVES, 2017, 
p. 519). 
Conforme Explica Rodrigues (2007, P. 345, apud, GONÇALVES, 2017, p. 
520), o objetivo deste estágio é “comprovar a compatibilidade entre as partes e a 
possibilidade de adoção com sucesso”. Nesta fase, a ligação pode ser consolidada, 
ou pode ser o momento em que o potencial adotante desiste da adoção e devolve a 
criança ou adolescente. 
 
3 A INTENÇÃO DE ADOTAR: MAIOR DO QUE OS REQUISTOS, DEVE SER Á 
VONTADE 
 
Com a intenção de formar uma família, aquele que adota proporciona carinho, 
amor e segurança, pois ele assume propósitos de garantir ao adotado tudo o que ele 
necessita para viver uma vida feliz ao lado de quem o escolheu para cuidar e proteger. 
Com a Lei nº 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente, surgiram novas 
mudanças significativas, dando proteção total para a criança adotada. A Lei 12.010/09 
7 
 
teve muitas novidades, onde pessoas solteiras podem adotar, desde que seja 16 anos 
mais velha que o adotado. E a mais recente é a Lei 13.509/17 alterando muitas 
legislações no que se refere a adoção no Brasil, criando prazos, procedimentos e 
garantias para dar mais segurança e agilidade. 
O caminho percorrido por aqueles que desejam adotar, é trilhado por várias 
fases, é um caminho longo, até que, finalmente, chegue o momento do encontro. O 
primeiro passo é a lista de pretendentes, onde é feitona vara da Infância e juventude 
da cidade onde mora, lá, ele preenche seus dados e entrega sua documentação, faz 
o pedido de inscrição, uma petição, feita por um advogado ou defensoria pública, onde 
depois da aprovação o nome do possível adotante entrará no cadastro de 
pretendentes à adoção da localidade e estado onde mora. 
Os pretendentes precisam fazer um curso onde comprovarão sua capacitação 
psicossocial e jurídica, com a duração de 2 meses. O curso é obrigatório e somente 
após sua conclusão e aprovação é que o juiz emite um parecer com a sentença de 
liberação para que a pessoa possa ter seu nome no CNA (cadastro nacional de 
adoção) (ABRAMINJ, 2020). Com a permissão para entrar no cadastro de adoção 
nacional, o próximo passo é preencher o perfil da criança ou adolescente que deseja 
que se torne o novo membro da sua família. 
Após o preenchimento do perfil, o cadastro irá fazer a compatibilidade da 
criança com a ficha do pretendente, a preferência irá seguir a ordem de espera da fila, 
atendendo primeiro aos que estão na frente, que fizeram o cadastro a mais tempo, e 
assim seguirá até atender a todos os pretendentes cadastrados. 
Atualmente, existem cerca de 46 mil pretendentes aguardando na fila de 
adoção no Brasil, de acordo com as informações do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ), há em torno de 9 mil na lista de Cadastro Nacional de Adoção, deste total, 5 
mil estão prontos para serem adotados. O nome da criança só passa a ficar disponível 
no cadastro após se esgotarem todas as tentativas de regressa-la a família biológica 
e extensiva (RODRIGUES, 2020). 
A vara da Infância e Juventude, tenta, com a ajuda do serviço social, de todas 
as formas reestruturar a criança em seu convívio familiar de origem, para que não aja 
falha na hora de encaminhar a criança ou o adolescente para o abrigo. Pensando 
sempre no melhor caminho para aquele que precisa de um tutor que possa cuidar e 
protege-lo, pois, são vulneráveis e não podem ficar sem o auxílio e cuidados de um 
adulto que possa lhe proporcionar segurança. 
8 
 
O perfil mais procurado pelos pretendentes são as crianças de pele clara, 
onde sua idade tem que estar abaixo dos 5 anos de idade, as preferências geralmente 
são pelos bebes, outro critério é o de não ter irmãos, pois não pretendem levar 
agregados, e a saúde, que é ainda o fator mais importante, pois crianças saudáveis é 
o que há de melhor na hora da procura (PEREZ, 2019). 
A grande dificuldade do caso da adoção, é que os futuros pais procuram a 
criança ‘perfeita’ onde todas as suas idealizações são projetadas sobre ela e assim 
partem a sua procura. Isso dificulta muito o processo, pois o que procuram geralmente 
não tem ali, e isso faz com que o tempo na espera demore ainda mais, deixando para 
trás a chance daqueles, que não estão dentro destas características, de ter uma 
família para formar e amar. 
Infelizmente, poucos aceitam crianças maiores, crianças com irmãs, crianças 
com algum tipo de doença congênita ou deficiência física. A chance dos que estão 
acima dos 12 anos é ainda bem menor, quase impossível, fazendo que completem os 
seus 18 anos lá dentro mesmo e sendo obrigados a deixar o abrigo para dar lugar a 
outro que estar para chegar. 
 
4 A DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS NO BRASIL 
 
As agências de adoção, que são as instituições resposáveis pela avaliação 
do processo de adoção, conhecidas popularmente como abrigos, fornecem uma base 
importante para a proteção de crianças e adolescentes, quando todas as outras 
possibilidades desaparecem e seus direitos são ameaçados ou suprimidos. 
A colocação da criança e do adolescente em família substituta é medida 
excepcional de proteção que busca o amparo para estes indivíduos (VENOSA, 2017). 
Existem vários motivos pelos quais uma pessoa procura adotar uma criança ou 
adolescente, como a infertilidade, o desejo de fazer caridade, o fato de sentirem 
tristeza pelos filhos falecidos, encontrar uma maneira de resolver os problemas 
conjugais, desejo de aumentar o número de filhos, etc (GRANATO, 2015). 
Não devem ser estes os motivos que levam alguém a buscar a adoção, mas 
sim a vontade de atender as reais necessidades da criança, para que esta possa se 
sentir amada, segura, protegida e acolhida (GRANATO, 2015). Dentre os motivos que 
levam os adotantes a devolver a criança ou o adolescente, Bordallo (2006, apud, 
9 
 
MACIEL; AMIN; et al, 2017) cita como principal a não adaptação entre os membros 
da família que estava se formando. 
Existem também casos onde o motivo foi a chegada posterior de filhos 
biológicos (AZEVEDO, 2016). A cor da pele da criança (PORTILHO; CAMARGOS, 
2015) ou a concretização da adoção de outra criança (BRAGON, 2016). Geralmente, 
os motivos de devolução, apesar de variados, tem como origem a falta de 
compreensão e de dedicação dos adotantes (MOTA, 2020). 
Alguns adotantes acusam a devolução da criança, alegando motivos 
impróprios, como querer brincar com os brinquedos da irmã ou ser negra e roncar, 
exatamente como aconteceu com uma criança que ficou cinco meses em casa, e 
posteriomente foi devolvida ao lar sob a justificativa da pela ter escurecido (MOTA, 
2020). 
Segundo Mota (2020), na maioria das vezes, a devolução acontece quando 
existe um filho biológico da família. A familia precisa esta prepararda para aceitar a 
criança ao realizar o processo de adoção. Todos os membros da família precisam 
estar envolvidos no processo de adoção para que se sintam preparados, incluindo o 
filho do adotante, então não haverá disputas entre eles e a criança adotada pelo amor 
e espaço dos pais. É uma questão psicológica que afeta diretamente a mentalidade 
das crianças, mas, além disso, dos próprios pais, que cometem, muitas vezes, erros 
cruciais no processo de criação e desenvolvimento humano dos filhos. 
No Brasil, não há estatísticas oficiais mostrando indices de crianças e jovens 
que voltam para abrigos, o que em muitos casos acaba atrapalhando a pesquisa e a 
análise da atual situação da nação, bem como o impacto da devolução de crianças 
adotadas no país (CNJ, 2015). Para cada dez casos de devolução, há apenas uma 
média aproximada de duas crianças que foram colocadas de volta nos abrigos, e que 
as informações estão novamente no registro de adoção, ou seja, voltaram tutela 
judicial. Segundo dados da Comissão Nacional de Justiça (CNJ), desde julho de 2008, 
foram registrados 130 casos em 2015 (CNJ, 2020). 
No entanto, embora não haja estatísticas nacionais oficiais, algumas 
estatísticas de pesquisas regionais revelaram o quão séria e recorrente é a realidade 
da devolução. Em 2010, 11% das trinta e cinco crianças disponíveis para adoção em 
uma associação na zona sul do Estado de São Paulo já haviam passado pela 
experiência da devolução, enquanto no Rio de Janeiro, apenas no primeiro semestre 
de 2011, oito crianças foram devolvidas em apenas uma das varas da infância e 
10 
 
juventude. Ainda, três em cada dez crianças e adolescentes em abrigos em Santa 
Catarina já foram devolvidos (AZEVEDO, 2016). 
“A Coordenadoria de Defesa de Direitos da Criança e do Adolescente 
(Cededica) da Defensoria Pública no Rio de Janeiro fez um levantamento de catorze 
casos de devolução no Rio de Janeiro em apenas 12 meses, no ano de 2007” 
(BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017, p. 37). O orgão afirma que dentre as 14 
crianças 6 já apresentavam ações de respinsabiblidade civil contra os adotantes que 
desistiram. (BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017). A autora afirma que: 
 
Neste mesmo Estado, a equipe do juizado de uma das três Varas da Infância, 
Juventude e do Idoso na capital realizou um levantamento de onze 
devoluções de novembro de 2007 a julho de 2008. Ressalta que, em três 
destes onze casos, ainda em 2008, duas crianças já haviam sido 
encaminhadas a outra família, e uma já teve uma adoção concretizada 
(BERTA, 2010, apud, CARVALHO, 2017, p. 48). 
 
Ainda, “reportagem do Diáriode Pernambuco traz a informação de que em 
uma única Vara da Infância e da Juventude (2ª Vara), foram contabilizadas quatro 
devoluções de crianças adotadas durante o período de três anos (2009 a 2012)” 
(FERREIRA, 2012, apud, CARVALHO, 2017, p. 50). No Mato Grosso do Sul, 5% das 
crianças em idade considerada ‘adotável’ já foram vítimas de devolução (AZEVEDO, 
2016). 
Muitos desses pais alegam incompatibilidade com o adotado no decorrer do 
tempo, outros não querem mais cuidar quando a mesma adoece ou surge algum 
problema genético, agregando, em seu pensamento, mais um motivo para que esse 
distanciamento na relação seja efetivo. A falta de empatia para com aquele que veio 
de uma jornada tão difícil, carregando consigo tantos traumas e marcas de uma vida 
tão desprivilegiada, acaba por abrir um caminho que pode levar a um quadro 
irreversível ao seu psicológico. 
 
4 AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS 
ADOTADAS 
 
Embora se perceba que é irreversível, pode fazer com que o filho adotado 
volte para o abrigo, mas a partir dessa conduta, o adotante sofrerá consequências 
jurídicas, pois é inaceitável desistir apenas da adoção. Incorporar uma criança ou 
11 
 
adolescente a uma família substituta tem sérias consequências porque irá destruir a 
conexão com a família natural. 
Madaleno (2018, p. 881): “estabelece nova relação de parentesco entre o 
adotante e os descendentes do adotado, seus filhos e netos, que passam também a 
ser parentes do adotante”, por isso é de responsabilidade do adotante a decisão final 
do litígio e a devolução após concluída a adoção da criança e do adolescente. A Lei 
n. 13.509/2017, acrescentou o § 5° ao artigo 197-E do ECA, e impôs uma punição a 
tais práticas, ao dispor o seguinte: 
 
a desistência do pretendente em relação à guarda para fins de adoção ou a 
devolução da criança ou adolescente depois do trânsito em julgado da 
sentença de adoção importará na sua exclusão dos cadastros de adoção e 
na vedação de renovação da habilitação, salvo decisão judicial 
fundamentada, sem prejuízo das demais sanções previstas na legislação 
vigente (BRASIL, 1990). 
 
Antes que o registro seja excluído, uma vez que o formulário de declaração 
seja aceito, a consequência jurídica direta é a perda dos direitos familiares do 
adotante, e o adotante deixa de ter os direitos e obrigações para com o adotado, assim 
como o vínculo biológico, ao cumprir os suposições, isso é devido ao conflito no 
ambiente familiar. Este não é um fenômeno exclusivo em instalações de adoção e 
geralmente ocorre em parentes próximos. 
Mesmo assim, “os pais não podem abandonar sua relação problemática entre 
pais e filhos zelosos, levando ao abandono, excesso ou abuso de poder e até casos 
de agressão” (MADALENO, 2018, p. 885). Todos estes pode significar a abolição do 
poder familiar. Diante dessa irrevogabilidade, o abandono emocional ou 
comportamento agressivo do filho adotado pode resultar em responsabilidade civil em 
razão do descumprimento de seus deveres legais (MADALENO, 2018). A situação 
expõe uma realidade de falta de empatia. Quando um ser humano, já na sua fase 
adulta, tem uma frustração no cotidiano que enseje dano moral, logo requer ao 
Judiciário a indenização correspondente por quem o agrediu, a fim de restabelecer o 
seu direito, enquanto detentor deles, baseando-se na legislação e consciente da sua 
existência. 
Se esta realidade jurídica é possível, nada mais resta senão deduzir que um 
menor, cujas esperanças foram massacradas pela arbitrariedade alheia, também 
tenha esse direito, uma vez que seu processo de desenvolvimento cognitivo e social 
12 
 
depende, exclusivamente, da proteção alheia nos primeiros anos da sua vida. São 
fatos incontestáveis que, na prática, revelam as falhas presentes no processo de 
adoção no Brasil, bem como a impunidade possivelmente gerada a partir da 
inobservância dessa situação fática. 
 
4.1 POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL PÁTRIO 
 
A devolução dos infantes adotados se dá na maioria das vezes sob o 
argumento de que o ato não representa o melhor interesse do menor. Para justificar a 
desistência da adoção, utiliza-se o disposto no artigo 43 do ECA, que diz: “Art. 43. A 
adoção será deferida quando apresentar reais vantagens para o adotando e fundar- 
se em motivos legítimos” (BRASIL, 1990). Com esse argumento o Tribunal da Bahia 
acatou por demonstrar que o adotante não tinha interesse em estabelecer uma nova 
relação familiar. 
 
ADOÇÃO. DESISTÊNCIA DA ADOTANTE. POSTURA ARREDIA DO 
ADOTANDO. ABANONO DO LAR PELO MENOR PARA VIVER COM 
FAMILIARES BIOLOGICOS. DESINTERESSE DO ADOTANDO DE SER 
ABSORVIDO NO NOVO SEIO FAMILIAR. ART. 43 DO ESTATUTO DA 
CRIANÇA E DO ADOLESCENTE (ECA). APELO PROVIDO. 
INDEFERIMENTO DA ADOÇÃO. APELO PROVIDO. INDEFERIMENTO DA 
ADOÇÃO (BAHIA, TJ-BA, 2018). 
 
No entanto, este fundamento acabou deixando um espaço em branco para os 
adotantes que usaram meios legais para renunciar ao poder familiar para devolver o 
adotado ao abrigo, mesmo que a sentença final adiasse a decisão de colocá-los em 
uma família substituta. O juiz não teve escolha a não ser aceitar a devolução da 
criança, mas, como punição, para evitar que o adotante reaparecesse para adotar, o 
ECA impôs restrições. São excluídos do cadastro de adoção, conforme aresto do 
Tribunal de Justiça de São Paulo: 
 
APELAÇÃO. Habilitação para adoção. Insurgência contra sentença que 
determinou a exclusão dos apelantes do Cadastro Nacional de Adoção. Pleito 
de reforma da decisão, para reinclusão do casal. Impossibilidade. Interrupção 
de um estágio de convivência, com a devolução dos menores. Suspensão do 
segundo estágio, pois estariam passando por problemas familiares. 
Imputação dos recorrentes, em ambos os casos, de responsabilidade dos 
adolescentes, ante a ausência de concordância dos mesmos para serem 
adotados. Descabimento. Estudo técnico que aponta fragilidades importantes 
no casal. Fantasias e expectativas que se distanciam da realidade. 
Inexistência de elementos capazes de colocar em xeque a acuidade e 
imparcialidade do psicólogo responsável pela avaliação dos apelamtes. 
13 
 
Colocação numa família substituta que deve apresentar reais vantagens ao 
adotando. Inteligência do art. 43, ECA. Adoção que não será deferida a 
pessoa que revele, por qualquer modo, incompatibilidade com a medida. 
Aplicação do art. 29, ECA. O Cadastro Nacional de Adoção tem por finalidade 
garantir que crianças e adolescentes, vítimas de abandono e negligência 
pelas respectivas famílias de origem e, também, pelo tempo de 
institucionalização, possam fruir de seu direito fundamental à convivência 
familiar num ambiente saudável, com pais que esteja, preparados para lhes 
fornecer os cuidados necessários e com eles criar vínculos afetivos. Casal 
que, atualmente, não se enquadra no perfil necessário ao mister. Sentença 
mantida. RECURSO NÃO PROVIDO (SÃO PAULO, TJ-SP, 2020). 
 
O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) aplica o disposto na 
legislação e deixa claro que não basta a mera exclusão, como também é devido não 
se admitir nova inclusão do casal que desiste do ato de adoção: 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL. 
DECISAO QUE DETERMINA A EXCLUSÃO DE CASAL DOS CADASTROS 
DE ADOÇÃO E VEDA FUTURA HABILITAÇÃO. ART. 197-E, §5º, DO ECA. 
1. Devendo-se priorizar os interesses de crianças e adolescentes, que 
buscam crescer numa família com alicerces sólidos e estáveis de afeto, deve 
ser mantida a exclusão do casal dos cadastros de adoção, porque as provas 
que embasaram a decisão (e que motivaram o novo acolhimento institucional 
da criança e o julgamento de improcedência da ação de adoção, em cognição 
exauriente e em observância ao devido processo legal) indicam 
suficientemente a inaptidão do casal para o exercício da função parental, haja 
vista os fortes indícios de maus tratos físicos e psicológicos praticados contra 
a criança (inclusive suspeita de abusosexual). 2. Não se olvida que o art. 
197-E, §5º, do ECA, com a entrada em vigor da Lei 13.509 de 2017, passou 
a prever expressamente a vedação de renovação da habilitação como 
medida sancionatória impositiva, somente afastada mediante decisão judicial 
fundamentada. Ainda assim, decisão nesse sentido deve observar as regras 
processuais que garantem o contraditório e a ampla defesa. No caso dos 
autos, verifica-se que houve cerceamento do direito de defesa dos 
agravantes, razão pela qual… merece reforma, no ponto, para fins de afastar 
a proibição de futuras habilitações, devendo a questão ser decidida 
observando-se o devido processo legal. DERAM PARCIAL PROVIMENTO. 
UNÂNIME (RIO GRANDE DO SUL, TJ-RS, 2018). 
 
O posicionamento do referido Tribunal de Justiça do RS é no sentido de que 
a não permanência no cadastro somente se justifica desde que tenha havido o transito 
em julgado. Todavia, se a desistência for anterior, poderá haver nova habilitação e 
permanência no cadastro. 
 
HABILITAÇÃO PARA ADOÇÃO. SENTENÇA DESCONSTITUÍDA. 
REAVALIAÇÃO DOS CANDIDATOS. Fundamento da sentença inadequado, 
tendo em vista que o artigo 197-E, §5º do ECA, expressa que os habilitandos 
devem ser excluídos do cadastro nacional de adoção, bem como vedada 
nova inclusão, quando houver desistência dos adotantes ou devolução da 
criança/adolescente, depois do trânsito em julgado do processo de adoção, o 
que não ocorreu no caso concreto. Sentença desconstituída. Reavaliação. 
Apelação provida (RIO GRANDE DO SUL, TJ-RS, 2019). 
14 
 
 
 
Além disso, pode haver o reconhecimento judicial de danos morais causados 
ao adotando devolvido pelos adotantes. Atendidos os requisitos legais do Código Civil, 
haverá a condenação ao pagamento de indenização extrapatrimonial. 
 
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. ADOÇÃO DE DUAS IRMÃS. DE 03 
(TRÊS) E 06 (SEIS) ANOS DE IDADE. DESISTÊNCIA DA GUARDA 
PROVISÓRIA DE FORMA IMPRUDENTE PELOS PAIS ADOTIVOS. 
CONVIVÊNCIA DURANTE 03 (TRÊS) ANOS. CRIAÇÃO DE VINCULO 
AFETIVO. PREJUÍZO PSÍQUICO COMPROVADO POR LAUDO JUDICIAL 
EMITIDO POR PSICÓLOA DESTA CORTE. SENSAÇÃO DE ABANDONO, 
ANGÚSTIA, ANSIEDADE E TRISTEZA POR PARTE DAS INFANTES. 
ABALO MORAL CONFIGURADO. PRECEDENTES DO TRIBUNAL DE 
JUSTIÇA DE MINAS GERAIS. INTELIGÊNCIA DOS ARTS. 186 E 927 DA 
LEI SUBSTANTIVA CIVIL. QUANTUM INDENIZATÓRO. 100 (CEM) 
SALÁRIOS MÍNIMOS. FIXAÇÃO PELO MAGISTRADO EM VALOR 
RAZOÁVEL. OFENSORES QUE GOZAM DE EXCELENTE SITUAÇÃO 
FINANCEIRA. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. RECURSO APELATORIO 
DESPROVIDO. – A adoção tem de ser vista com mais seriedade pelas 
pessoas que se dispõem a tal ato, devendo estas ter consciência e atitude de 
verdadeiros “pais”, que pressupõe a vontade de enfrentar as dificuldades e 
condições adversas que aparecerem em prol da criança adotada, assumindo- 
a de forma incondicional como filho, a fim de que seja construído e fortalecido 
o vínculo filial – Inexiste vedação legal para que os futuros pais desistam de 
adoção quando estiverem com a guarda da criança. Contudo, cada caso 
deverá ser analisado com as suas particularidades, com vistas a não se 
promover a “coisificação” do processo de guarda (PARAIBA, TJPB, 2020). 
 
O entendimento transcrito do tribunal da Paraíba reflete a possibilidade de 
responsabilizar os adotantes que desistirem da filiação e devolvem os adotados, pois 
é claro que isso tem causado dano moral as crianças e jovens, que terão que retornar 
ao sistema de adoção e passar por novos procedimentos para encontrar uma família. 
Além disso, a injustiça praticada contra esses menores reflete, ainda, a ineficácia, 
muitas vezes presente na atuação jurisdicional, uma vez que produz efeitos maléficos 
na vida do menor, proporcionando a geração de expectativas e a torpeza constante 
na quebra delas. 
 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante do exposto, a adoção de crianças e adolescentes termina com seu 
retorno à comunidade infantil, estágio de coexistência e até abrigo pós-julgamento. 
Adoção tardia é um problema que pode ser encontrado no sistema jurídico Brasileiro. 
Embora o processo de adoção seja por meio do Estatuto da Criança e do Adolescente 
e da Nova Lei de Adoção, essas mesmas leis são omissas em caso de falha. 
15 
 
A Lei 8.069/90, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu 5º artigo, 
diz que nenhuma criança ou adolescente poderá ser tratada de forma que transgrida 
seus direitos fundamentais. No artigo 39, §1º, diz que a ação em adotar é excepcional 
e irrevogável, onde a medida para manter tutela da criança na família natural ou 
extensiva deve ser esgotada em todos os seus recursos. 
Apesar de ser um ato irrevogável, quando a criança é abandonada o juiz 
determina seu retorno ao abrigo de origem, levando à imputação jurídica dos 
responsáveis pela adoção. A Lei 13.509/2017, atribuiu o §5º ao art. 197-E do ECA, 
onde há sanção para aquele que comete este ato, exclui seus nomes do cadastro de 
adoções e os impedem de renovar a habilitação, com exceção dos casos em que há 
fundamentações jurídicas. 
A devolução do adotado durante o processo de adoção ou após sua entrada 
em vigor viola os princípios e regras que protegem os interesses pessoais de 
desenvolvimento e as diretrizes que devem ser seguidas a fim de alcançar uma 
proteção abrangente que garanta isso, esse pensamento de inviabilidade decorre da 
necessidade de assegurar à criança ou ao adolescente a garantia básica à segurança 
familiar, sem que isso implique na desistência a qualquer tempo do adotante, o que 
causaria uma problemática psicológica no adotado. 
Para analisar a viabilidade de adoção, o Estatuto da Criança e do Adolescente 
estipula o prazo de 90 dias, denominado fase de convivência. Durante o período de 
estágio, o adotante obterá a tutela temporária do adotado, caso a parte em questão 
não se adapte, ela pode desistir e devolver a criança ao sistema. É um prazo cedido 
pela legislação para possibilitar a adaptação da criança e a verificação do ambiente 
familiar, justificando a eficácia e benefícios que a adoção pode trazer. 
Porém, em alguns casos, após o término da fase de convivência, o 
procedimento de adoção foi decidido e as crianças e jovens são devolvidas. 
Normalmente, para justificar o retorno, o melhor interesse é usado como argumento, 
não havendo escolha senão o magistrado, a não ser acolher a criança que não é 
necessário para a família adotiva. 
No entanto, esse comportamento dos adotantes tem consequências jurídicas, 
incluindo a possibilidade de responsabilidade moral pelo abandono do bebê, uma vez 
que o cadastro nacional de adotantes foi excluído. O objetivo é evitar que crianças e 
jovens sejam mandados de volta com base apenas no chamado interesse dos pais. 
16 
 
Assim sendo, a adoção enquanto um importante mecanismo de inclusão 
social deve observar a oportunidade-conveniência da família que recepciona uma 
criança e, não somente, analisar as circunstâncias da inclusão no prazo subsequente 
para assegurar a adaptação inequívoca e irreversível do adotando, possibilitando a 
ele a fundamental segurança familiar, objetivo principal deste importante instituto 
jurídico. 
 
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rs.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/618622659/agravo-de-instrumento-ai- 
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SÃO PAULO, Tribunal de Justiça de São Paulo - TJ-SP. AC:00119661720158260007 
SP 0011966-17.2015.8.26.0007, Relator: Sulaiman Miguel, Data de Julgamento: 
03/07/2013, Câmara Especial, Data de Publicação: 27/03/2020. Disponível em: 
https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/825888186/apelacao-civel-ac- 
119661720158260007-sp-0011966-1720158260007/inteiro-teor-825888205. Acesso 
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http://g1.globo.com/minasgerais/triangulo-
19 
 
TERMO DE RESPONSABILIDADE/DIREITOS AUTORAIS 
 
 
Eu, FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO, Acadêmico (a) do 
Curso de Bacharelado em Direito, autor do Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, 
intitulado DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS, orientado pelo professor 
RICARDO BERILO BEZERRA BORBA declaro para os devidos fins que o TCC que 
apresento atende as normas técnicas e científicas exigidas na elaboração de textos, 
indicadas no Manual de Orientação para Elaboração de Trabalho de Conclusão 
de Curso da Fesp Faculdades. As citações e paráfrases dos autores estão 
indicadas e apresentam a origem da ideia do autor com as respectivas obras e anos 
de publicação. Caso não apresente estas indicações, ou seja, caso caracterize 
crime de plágio, estou ciente das implicações legais decorrentes deste 
procedimento. 
 
Declaro, ainda, minha inteira responsabilidade sobre o texto apresentado no TCC, 
isentando o professor orientador, a Banca Examinadora e a instituição de 
qualquer ocorrência referente à situação de ofensa aos direitos autorais. 
 
Cabedelo, PB, 26 de abril de 2021. 
 
 
 
FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
 
20 
 
R484c Ribeiro, Fernanda Gonçalves dos Santos 
 
As Consequências Jurídicas da Devolução de Crianças 
Adotadas no Brasil / Fernanda Gonçalves dos Santos 
Ribeiro – Cabedelo, 2021. 
 
22f. 
 
Orientador: Prof. Me. Ricardo Berilo Bezerra Borba 
 
Artigo Científico (Graduação em Direito) Faculdade de Ensino 
Superior da Paraiba. 
 
1. Adoção. 2. Devolução. 3. Consequências. 4. Desistência. 
5. Responsabilidade. I. Título. 
BC/FESP CDU: 347 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A reprodução total ou parcial deste documento só será permitida exclusivamente para fins 
acadêmicos e científicos desde que seja referenciado, autor, título instituição, e ano de sua 
publicação. 
21 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço, primeiramente, á Deus, que me deu o dom da vida,sáude e 
sabedoria para que eu pudesse chegar a etapa final desse Curso. 
A minha família, o meu alicerce, onde pude sempre encontrar motivos para 
continuar. 
Ao meu marido, aquele que foi o meu incentivador, me apoiando e em todos 
os momentos e decisões difíceis. 
Ao meu orientador, professor Ricardo Berilo Bezerra Borba, pelo apoio a este 
trabalho de pesquisa, me auxiliando nas correções e indicações de natureza teórico- 
metodológicas deixando-o ainda mais rico em informações. 
A todos que fazem parte da Banca Examinadora e demais professores da 
Fesp Faculdades pessoas que tenho muito carinho e apreço, pois, são profissionais 
capacitados, que nos trasmitem muito mais do que conhecimento, nos dando apoio 
para que possamos peserverá até a conquista de nossos objetivos. 
A Naíma Gomes Vilôr, bibliotecária da Fesp por ser uma pessoa simpática, 
prestativa, atenciosa e muito sorridente. 
A todos aqueles que contribuiram de alguma forma para a conclusão deste 
trabalho. 
22 
 
FERNANDA GONÇALVES DOS SANTOS RIBEIRO 
 
 
 
AS CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS DA DEVOLUÇÃO DE CRIANÇAS ADOTADAS 
NO BRASIL 
 
 
 
Artigo Científico apresentado à Banca 
Examinadora de Artigos Científicos da 
Faculdade de Ensino Superior da Paraíba - 
FESP, como exigência para a obtenção do 
grau de Bacharel em Direito. 
 
 
 
 
APROVADO EM: / /2021 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
 
 
 
Prof. Me. RICARDO BERILO BEZERRA BORBA 
ORIENTADOR-FESP 
 
 
 
 
 
Prof. Dr. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
MEMBRO-FESP 
 
 
 
 
 
Prof. Me. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx 
MEMBRO- FESP

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