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Febre Conteúdo Programático: A- Fisiopatologia. Mecanismos envolvidos. B-Como o organismo produz e dissipa calor? Regulação da temperatura corporal. C-O que são pirógenos( ou pirogênios) endógenos e exógenos? D-O que tem a conversão do ácido aracdônico em prostaglandina a ver com febre/ E. Antitérmicos e inibição de prostaglandinas.Comente F-Quais os locais de verificação da temperatura? Valores normais. G- Diferença entre febre e hipertermia H- A síndrome febril.Sintomas frequentemente associados.Sinais. I-Características semiológicas que devem ser interrogadas na anamnese da febre J-Classificação da febre com base na curva térmica. K- Hipotermia L-Como iniciar a investigação diagnóstica de uma síndrome febril? Objetivos da Aprendizagem : 1- Discutir diferenciando temperatura corporal central e temperatura cutânea. 2-A temperatura corporal obedece um ritmo circadiano. Entender a afirmativa. 3. Conhecer as áreas do encéfalo relacionadas com o controle da temperatura ok 4. Entender o envolvimento do SNA no controle da temperatura ok 5. Discutir o mecanismos de ação dos antitérmicos ok 6. Dominar a técnica correta de medida da temperatura. ok 7. Identificar os tipos de termômetros atualmente disponíveis. Vantagens e desvantagens. ok 8. Identificar os grupos de causas de febre e o mecanismo fisiopatológico de cada um. ok 9. Caracterizar a síndrome febril. Sintomas frequentemente associados. Sinais. ok 10.Entender o significado da expressão: febre prolongada de origem indeterminada. 11. Discutir as vantagens e desvantagens da febre para o paciente? Complicações. ok 12. Dissociação pulso temperatura:.sinal clínico: Sinal de Faget Introdução · Um dos sinais mais frequentes da clínica médica · Temperatura do corpo: 35,50C – 370C. Independente do local que mora · A regulação da temperatura corporal é feita no hipotálamo anterior, que age como termostato marcando +/- 370C. Se a temperatura ambiente sobe, ocorre vasodilatação periférica, e perda de calor. Se a temperatura ambiente baixa, ocorre vasoconstrição periférica e produção de calor · Termostato: aparelho que controla as variações de temperatura de um sistema, mantendo-a constante · No animais homeotérmicos há conexão dos sensores da pele com os sensores da pele com sensores do hipotálamo · Vista sagital do cérebro mostrando as vias termoreceptoras da pele com o hipotálamo anterior, região pre-óptica (imagem) · Distribuição de 700 temperaturas orais de 148 jovens sadios durante dois dias seguido. A seta 370C indica o limite superior da temperatura normal Fisiologia da regulação térmica · Fonte de produção de calor corporal em repouso · Circulação e respiração 10% · Metabolismo do cérebro 20% · Metabolismo dos músculos 20% · Metabolismo das vísceras especialmente fígado 50% · O esforço muscular produz muito calor Mecanismos de perda de calor · Radiação ou condução: transferência de calor de objetos quente para frios por ondas eletromagnéticas. Assim perde-se 60% · Evaporação: perde-se pela sudorese e pela respiração. Assim, perde-se de 20 a 27% · Convecção: Perda de calor para o ar que circunda o corpo e penetra nas vias respiratórias. Perde de 12 a 15% · Em ambientes quentes esses mecanismos modificam. · Comparação da temperatura axilar, oral e timpânica · A temperatura medida de manhã é mais baixa que a temperatura medida a noite. · A temperatura axilar é sempre mais baixa que a oral e a timpânica Definição de febre · É a elevação da temperatura corporal interna acima de 37oC, como resposta do organismo a invasão de agente ou substâncias patogênicas ou estranhas ao hospedeiro · Febre X Hipertermia · Febre é o aumento da temperatura corporal sob controle hipotalâmico, até 410C. Já a Hipertermia é uma síndrome provocada pela exposição excessiva de calor que eleva a temperatura corporal acima de 410C, sem controle hipotalâmico, onde há grande produção de calor ou a incapacidade de perder calor · Termorregulação · Conceito de Set point (imagem): ponto de ajuste do termostato hipotalâmico · O hipotálamo regula o nível em que a temperatura deve ser mantida. Na febre, este ponto está elevado. A produção de calor não é inibida, mas a dissipação do calor está ampliada pelo fluxo sanguíneo aumentado através da pele e pela sudorese · Causas · São os pirogênios: exógenos (microorganismos e seus produtos) e endógenos (interleucinas, células neuoplásicas etc) · Exógenos: são seres vivos (bactérias, vírus, fungos, protozoários, toxinas), que causam inflamação, lesão tecidual e estimulam a produção de pirogênios endógenos (citocinas : IL-1, IL-2, IL-6, alfa interferon, TNF) · Mecanismo fisiopatológico · Ações dos antitérmicos · Inibem a ciclogenes (Cox-2), a formação do ácido araquidônico, a síntese das protaglandinas no hipotálamo, e baixam a temperatura · Acetominofen, aspirina, dipirona inibem a síntese dessas substâncias e diminuem a temperatura Causas · Causas gerais 1. Lesão tecidual: · Infecções, neoplasias malignas · Lesões mecânicas-esmagamentos · Doenças hemolinfopoéticas · Afecções vasculares - IAM, TEP · Doenças imunológicas-colagenoses · Doenças do sistema nervoso - AVC, lesão medular etc 2. Aumento da produção de calor: hipertiroidismo 3. Dificuldade para perder calor: ICC (insuficiência cardíaca congestiva), ausência congênita de glândulas sudoríparas, algumas doenças da pele (ictiose) · Causas da febre 1. Infecções: bacterianas, virais, fúngicas, parasitárias 2. Neoplasias malignas: pulmão, hipernefroma, linfomas, leucemias etc 3. Doenças do SNC: AVC, lesão da medula, meningite 4. Imunológicas: Anemias hemolíticas, púrpuras 5. Colagenoses: vasculite, LES (Lúpus eritematoso sistêmico) 6. Farmacológicas: antibióticos Efeitos agudos da síndrome febril 1. Aumento de neutrófilos imaturos (bastonetes) e da ferritina, depressão de zinco e ferro, anemia 2. Produção de proteínas de fase aguda: proteína C reativa, fibrinogênio, amiloide A, procalcitonina 3. Aumento do consumo de oxigênio, produção de oxigênio nascente que é tóxico 4. Catabolismo: diminuição da síntese de proteínas, perda de peso 5. Aumento de ACTH, cortisol e hormônio do crescimento Significado clínico da febre: · Vantagens · É mais um sinal de alerta do que um mecanismo de defesa · Indica a capacidade imunológica · Sinaliza resistência à infecção · Manter a febre pode ser vantajoso? Em alguns tratamentos de infecção é benéfico, como na neurosífilis. Na maioria das doenças infecciosas não há evidências de que a hiperpirexia acelere a fagocitose, a formação de anticorpos ou quaisquer outros mecanismos de defesa · Desvantagens · Perda de peso, desconforto, ansiedade · Aumento do consumo energético (cardíacos, idosos), aumento da FC, causa desidratação (sudorese) · Pode haver mal-estar consequente à cefaleia, fotofobia, indisposição geral ou uma desagradável sensação de calor. Os calafrios e os suores profusos das febres sépticas são particularmente penosos para o paciente O tratamento é benéfico em pacientes com AVC, recém-nascido, crianças, idosos e cardiopatas Sintomas/sinais da síndrome febril · Astenia, inapetência, cefaléia · Taquicardia, Taquipnéia · Dores no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, desidratação, oligúria · Delírio, confusão, convulsão etc (principalmente em recém-nascidos, crianças e idosos) · Taquisfigmia Febre com um único sinal clínico · O indivíduo só tem febre. Sem comprometimento geral, sem sinal de localização · Persiste por 2 ou 3 dias e resolve espontaneamente · Frequentemente em crianças, representa 25% das consultas em PS infantil Semiologia da febre · Início: súbito ou gradual · Súbito: acompanhada quase sempre dos sintomas febris, principalmente calafrios ou tremores (bater o queixo) e presente frequente nas pneumonias, na erisipela, na malária e nas infecções urinárias · Gradual: acompanhada por um ou outro sintoma, prevalecendo a cefaleia, a sudorese e a inapetência · Intensidade: · Leve ou febrícula: até 37oC · Moderada: 37,6 a 38,5oC · Alta: > 38,6oC · Duração: · Poucos dias (1 a 5 dias) · Prolongada: em geral utilizadaquando permanece por mais 1 semana (tuberculose, malária, septicemia, endocardite infecciosa, colagenoses, linfomas, pielonefrite, febre tifoide, brucelose e esquistossomose) · Término: · Em crise: desparece subitamente. Caracterizada por sudorese intensa · Lise: diminui lentamente · Locais de tomada da temperatura · Axila (evitar umidade), oral (região sublingual), fronte, reto e canal auditivo · Sinal de Lenander · Formas de medir a Temperatura corporal · Termômetro de Mercúrio · Termômetro Auricular: refere bem a temperatura central. Precisa um bom posicionamento, não deve ser usado quando otite · Termômetro Eletrônico: mostra diretamente a temperatura. Limites: 32 e 43oC · Termômetro Infravermelho: envia contato com a pele, previne infecções · Alteração da temperatura · “normal”: · Axilar: 35,5 a 37 oC · Oral: 36 a 37,4 oC · Retal: 36 a 37,8 oC, ou seja 0,5oC maior que a axilar · Elevada (axilar) · Febrícula até 37,5 – moderada até 38,5 – alta até 41 · Baixa (hipotermia) · 35,5 Curva térmica (análise da evolução da febre) · Curva de temperatura: tomar a temperatura de 4/4h · Variação circadiana (0,6oC) menor entre as 4 e 6h e a maior ao redor de 18h · Variação cíclica menstrual: menor temperatura nas 2 semanas antes da ovulação, e elevação de 0,6 oC relativa à ovulação · Variação relativa a idade: a febre é mais alta nas crianças e menor nos idosos · Febre contínua: permanece acima do normal, com variações de 1oC e sem oscilações · Febre irregular ou séptica: picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia. · Febre remitente: hipertermia diária, com variações de mais de 1°C e sem períodos de apirexia · Febre recorrente ou ondulante: período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada. · Febre intermitente: hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal Modo de evolução · Recorrente ou ondulante: alterna entre períodos febris e afebris. Ex: linfomas · Febre com dissociação pulso temp: sinal de Feget: braquicardia relativa: febre tifoide, febre amarela · Invertida: inversão do ritmo circadiano com febre pela manhã e apirexia a tarde Diagnóstico dos episódios febris · A maiorias dos episódios febris resolvem em 2 a 4 dias e ficam sem diagnóstico · Muitos ultrapassam 7 dias com febre e devem ser diagnosticados · Em poucos caos a febre persiste meses ou anos e o diagnostico é muito difícil Febre de origem indeterminada (FOI) · Febre maior de 38,3 oC, com duração mínima de 3 semanas e sem diagnóstico após realização de exames básicos. Representa 1 a 8% dos episódios febril · Causas: em adultos 40% infecção, 20% neoplasias, 15% doenças do colágeno, 20% causas variáveis, inclusive febre factícia · Febre de origem indeterminada-redefinição · Clássica: febre > que 3 semanas, investigada durante 3 dias internado. Causas: infecções, neoplasias, inflamação; · Hospitalar: paciente que apresenta febre 3 dias durante a internação. Causas: infecção hospitalar, febre medicamentosa; · Neuropenia febril: febre em paciente com menos de 500 neutrófilos, após 3 dias de investigação inclusive realização de culturas, infecções, doença de basa · Febre associada a HIV: paciente positivo HIV com febre há 4 semanas no ambulatório ou febre mais de 3 dias durante a internação Como investigar · História clínica: início, intensidade, horário, termino em crise ou lise, duração, períodos afebris, calafrios, sudorese, outros sintomas associados; · Exame físico: inclusive aferindo a temperatura; · Exames complementares: hemograma, raio x tórax, função hepática, EAS, culturas, imagens;
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