Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA FRANCISCO VARDER BRAGA JUNIOR ORGANIZADOR ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ©2018. Direitos Morais reservados a autores: Francisco Varder Braga Junior, Jéssika Maria Mendes de Oliveira Silva, Marcela Vieira Stilpen, Maria de Jesus Gonçalves, Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros, Michelle Sales Belchior, Sarah Teles dos Santos, Selma Andrade de Paula Bedaque, Ulisses de Melo Furtado. Direitos Patrimoniais cedidos à Editora da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (EdUFERSA). Não é permitida a reprodução desta obra podendo incorrer em crime contra a propriedade intelectual previsto no Art. 184 do Código Penal Brasileiro. Fica facultada a utilização da obra para fins educacionais, podendo a mesma ser lida, citada e referenciada. Editora signatária da Lei n. 10.994, de 14 de dezembro de 2004 que disciplina o Depósito Legal. Reitor José de Arimatea de Matos Vice-Reitor José Domingues Fontenele Neto Coordenador Editorial Pacelli Costa Conselho Editorial Pacelli Costa, Walter Martins Rodrigues, Francisco Franciné Maia Júnior, Rafael Castelo Guedes Martins, Keina Cristina S. Sousa, Antonio Ronaldo Gomes Garcia, Auristela Crisanto da Cunha, Janilson Pinheiro de Assis, Luís Cesar de Aquino Lemos Filho, Rodrigo Silva da Costa e Valquíria Melo Souza Correia. Equipe Técnica Francisca Nataligeuza Maia de Fontes (Secretária), José Arimateia da Silva (Designer Gráfico). Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP) Editora Universitária (EdUFERSA) A864 Atendimento educacional especializado para o estudante com transtorno do espectro autista / Organizador: Francisco Varder Braga Júnior — Mossoró: EdUFERSA, 2018. 196p.: il. ISBN: 978-85-5757-083-2. 1. Educação especial. 2. Transtorno do espectro autista. 3. Tecnologia assistiva - Acessibilidade. 4. Desenvolvimento da linguagem. I. Francisco Varder Braga Junior. II. Jéssika Maria Mendes de Oliveira Silva. III. Marcela Vieira Stilpen. IV. Maria de Jesus Gonçalves. V. Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros. VI. Michelle Sales Belchior. VII. Sarah Teles dos Santos. VIII. Selma Andrade de Paula Bedaque. IX. Ulisses de Melo Furtado. X. Título. EdUFERSA CDD – 371.9 Editora filiada: Av. Francisco Mota, 572 (Campus Leste, Centro de Convivência) Costa e Silva | Mossoró-RN | 59.625-900 | +55 (84) 3317-8267 | http://edufersa.ufersa.edu.br | edufersa@ufersa.edu.br Bibliotecário-Documentalista Pacelli Costa (CRB15-658) Organizador Francisco Varder Braga Junior ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA - 2018 - • EQUIPE TÉCNICA • Equipe multidisciplinar Antônio Charleskson Lopes Pinheiro – Gerente de Produção de Material Didático Ulisses de Melo Furtado – Gerente de Redes e Ambientes Virtuais Ângelo Gustavo Mendes Costa - Técnico em Assuntos Educacionais Jéssica de Oliveira Fernandes - Social Media Francisca Monteiro da Silva Perez - Gerente Acadêmico Ramon Ribeiro Vitorino Rodrigues - Gerente de Criação e Design José Antonio da Silva - Design de Artes Visuais Mikael Oliveira de Meneses – Design de Artes Visuais Edição EDUFERSA Equipe administrativa Rafaela Cristina Alves de Freitas – Assistente em Administração Iriane Teresa de Araújo – Gerente Financeiro Antonio Romário Bezerra Nogueira - Assistente Acadêmico Danielle França Ribeiro - Assistente Financeiro Equipe de apoio Nayra Maria da Costa Lima – Design Instrucional Franceliza Monteiro da Silva Dantas - Revisão Linguistica Jarleide Deyse de Souza - Estágiária Reginaldo Castro da Silva Júnior - Estagiário Manoel Alcino de Lima Neto - Estagiário Governo Federal Ministro de Educação José Mendonça Bezerra Filho Universidade Aberta do Brasil Responsável pela Diretoria da Educação a Distância Carlos Cezar Modernel Lenuzza Universidade Federal Rural do Semi-Árido Reitor José de Arimatea de Matos Pró-Reitor de Graduação Rodrigo Nogueira de Codes Núcleo de Educação a Distância Coordenadora UAB Valdenize Lopes do Nascimento núcleo de educação a distância U N I V E R S I D A D E F E D E R A L R U R A L D O S E M I - Á R I D O AUTORES Francisco Varder Braga Junior (UFERSA) Graduação em Fonoaudiologia pela Universidade de Fortaleza, especialista em Audiologia e em Fonoaudiologia Educacional pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, pós-graduação em Administração Hospitalar e Sistemas de Saúde pela Universidade Regional do Cariri e mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Atuação na Fonoaudiologia Clínica e educacional com as diversas deficiências, síndromes, distúrbios e dificuldades na comunicação humana (fala, voz, audição e linguagem oral e/ou escrita) e aprendizagem, fazendo promoção e prevenção da saúde, diagnóstico, habilitação, reabilitação e pesquisa. Desenvolvimento de projetos com gestantes, idosos, bebês, formação de professores, nas linhas de Saúde Vocal do Professor, Ensino e Aprendizagem. Trabalhos nas áreas de Saúde Mental e Ocupacional, na clínica e na pesquisa. Professor de disciplinas nos cursos de graduação em Enfermagem na URCA, Licenciatura em Ciências Biológicas e Licenciatura em Matemática presencial e a distância na UFERSA, bem como nas disciplinas de Deficiência Auditiva e AEE, Atendimento Educacional Especializado - AEE e Transtorno do Espectro Autista, nos cursos de aperfeiçoamento e de especialização em Atendimento Educacional Especializado, na mesma instituição, além de ministrar diversas palestras, oficinas e cursos voltados para área de comunicação, docência e Educação Especial. Foi coordenador adjunto no Núcleo de Educação a Distância UAB/UFERSA no período de 2012/2013, coordenador do curso de aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado (2015), coordenador do curso de especialização em AEE (2016/2017), coordenador do curso de aperfeiçoamento em AEE para estudantes com transtorno do Espectro Autista (2017/2018) e revisor de conteúdo de cadernos didáticos para Educação Especial. Publicou alguns livros e trabalhos científicos. Atualmente, é Técnico Administrativo de Nível Superior - Fonoaudiólogo da Universidade Federal Rural do Semi-Árido e tem como foco de estudo e trabalho a Fonoaudiologia Educacional, no que se refere aos temas: Educação Especial/Inclusão, Voz Profissional e Educação a Distância. Jéssika Maria Mendes de Oliveira Silva Graduação em Fonoaudiologia pela Universidade de fortaleza. Pós- graduação em musicoterapia pelo Instituto Graduale. Membro da Therapy Taping Association. Fonoaudióloga clínica. Marcela Vieira Stilpen (GAAPE) Graduação em Fonoaudiologia pela Universidade Católica de Petrópolis e mestrado em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. É Coordenadora do Setor de Fonoaudiologia do Grupo de Amigos do Autista de Petrópolis há 15 anos. Fonoaudióloga no Núcleo de Reforço Escolar Semeando Flores. Atua como docente no Centro de Especialização para Fonoaudiólogos. Foi professora da disciplina de Intervenções terapêuticas e educacionais para o Atendimento Educacional Especializado de estudantes com Transtorno do Espectro Autista no curso de aperfeiçoamento em Atendimento Educacional Especializado para estudantes com Transtorno do Espectro Autista na UFERSA. Maria de Jesus Gonçalves (UFRN) Graduada em Fonoaudiologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1984), mestrado em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas (1989) e doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de São Paulo (1999). Experiência docente, há 20 anos, em cursos de Fonoaudiologia na área de linguagem e coordenaçãode curso de graduação de 2001 a 2007. Docente do Programa de Mestrado em Bioética do Centro Universitário São Camilo até 2009. Desenvolveu Atividade Clínica como fonoaudióloga na área de Linguagem e Comunicação Alternativa e Suplementar, atuando principalmente nos quadros de alterações de fala e linguagem por lesão neurológica como nos acidentes vasculares encefálicos, traumatismos crânio encefálicos, esclerose lateral amiotrófica, paralisia cerebral entre outros por mais de 25 anos. Atualmente exerce docência na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Curso de Fonoaudiologia. Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros (UFERSA) Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (1989), Especialização em Supervisão Escolar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e Mestrado em Ambiente, Tecnologia e Sociedade pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido (2016). Atualmente é técnica em assuntos educacionais na UFERSA, atuando como pedagoga na Pró-Reitoria de Graduação - PROGRAD, professora do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Experiência na área de Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: formação continuada, inclusão, ensino, educação e cooperação. Michelle Sales Belchior (UNIFOR) Doutoranda em Ciências da Cultura, Mestra em Psicologia, Psicomotricista, Psicóloga e Fonoaudióloga. Atua na abordagem psicanalítica. Coordenadora dos Cursos de Pós-graduação em Psicomotricidade e em Psicologia Educacional e do desenvolvimento da Pós-UNIFOR. Membro da Comissão Científica da Associação Brasileira de Psicomotricidade (ABP-CE). Professora de cursos de Pós-graduação em: Psicomotricidade, Psicologia Escolar e do Desenvolvimento, Inclusão e Atendimento Educacional Especializado. Tem experiência educacional e clínica nas áreas de Fonoaudiologia, Psicologia e Psicomotricidade. Professora universitária e pesquisadora, atuando principalmente nos seguintes temas: Psicomotricidade, Psicologia, Fonoaudiologia, desenvolvimento humano, linguagem, inclusão e infância. Exerce cargos administrativos na UNIFOR. Sarah Teles dos Santos Graduação em Psicologia pela Universidade de Fortaleza. Especialização em Psicomotricidade pela Universidade de Fortaleza. Realizou o curso Modelo DIR - Floortime. Tem experiência na área de Psicologia clínica com atendimento ludoterápico individual para crianças e adolescentes e atendimento especializado com Trasntorno do Espectro do Autismo. Selma Andrade de Paula Bedaque (PMM) Graduação em Educação de deficientes da audiocomunicação pela Universidade de Taubaté (1985), graduação em Pedagogia pela Faculdade de Educação de Guaratinguetá (1989) e graduação em Educação de deficientes mentais pela Universidade de Taubaté (1987). Especialização em Educação de Deficientes auditivos pela Universidade de Campinas, especialização em LIBRAS - Docência, tradução / interpretação e proficiência (2012) e Mestrado em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2012). Atualmente é chefe do Setor de Educação Especial da Secretaria da Educação do Município de Mossoró/RN. Experiência na área de Educação, com ênfase em Educação Inclusiva, atuando principalmente nos seguintes temas: formação de professores, Educação Inclusiva, didática, práticas pedagógicas, LIBRAS e atendimento educacional especializado. Atuação como formadora de coordenadora pedagógica e assessora técnica do Projeto Paralapracá do Instituto C&A e AVANTE no município do Natal. Ulisses de Melo Furtado (NEaD/UFERSA) Graduação em Sistemas de Informação pela Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi (2011). Especialização em Mídias na 11 Educação pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2013) e Mestrado em Ciência da Computação pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido e Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (2014). Atualmente é Gerente de Redes e Ambientes Virtuais administrativos e de Aprendizagem no Núcleo de Educação a Distância da Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Experiências como Suporte de Rede, Professor Formador, Professor Conteudista, Tutor a Distância, Tecnologias da Informação e Comunicação, Desenvolvimento Web, Professor de Ensino Fundamental, Técnico e Superior. Atuação nas áreas: TICs, Educação a Distância, Gestão e Inclusão Digital de Professores e Administração Pública. 12 13 SUMÁRIO PREFÁCIO ......................................................................15 INTRODUÇÃO ...............................................................19 CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO CONTINUADA, ...................................................... 27 Francisco Varder Braga Junior Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros Ulisses de Melo Furtado CAPÍTULO 2 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA O ESTUDANTE COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: TRAJETÓRIA E ORIENTAÇÕES, ...................59 Francisco Varder Braga Junior Selma Andrade de Paula Bedaque CAPÍTULO 3 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM, ......................87 Francisco Varder Braga Junior Jéssika Maria Mendes de Oliveira Silva Michelle Sales Belchior Sarah Teles dos Santos CAPÍTULO 4 TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: DIAGNÓSTICO E LEGISLAÇÃO, ........................................................... 111 Francisco Varder Braga Junior Michelle Sales Belchior CAPÍTULO 5 TECNOLOGIA ASSISTIVA E ACESSIBILIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM, ............................. 139 Francisco Varder Braga Junior Maria de Jesus Gonçalves 14 CAPÍTULO 6 INTERVENÇÕES TERAPÊUTICAS E EDUCACIONAIS PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO DE ESTUDANTES COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA, .......................................... 167 Marcela Vieira Stilpen 15 PREFÁCIO Este livro intitulado “Atendimento Educacional Especializado para o Estudante com Transtorno do Espectro Autista – AEE/TEA”, é um produto de interesses e esforços da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão – SECADI, através da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores na Educação Básica – RENAFOR, que vem incentivando e fomentando a formação continuada de professores para atuar nas salas de recursos multifuncionais e em classes comuns do ensino regular, em parceria com Instituições Públicas de Educação Superior – IPES, com a oferta de cursos em níveis de aperfeiçoamento e especialização, na modalidade presencial, semipresencial e a distância, por meio da Universidade Aberta do Brasil – UAB. Nesse sentido, a Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA faz parte dessa política, articulando-se em rede, com o intuito de dar sua contribuição social, no que se refere à formação continuada de profissionais da rede pública de ensino, ofertando cursos de aperfeiçoamento e especialização, e produzindo materiais didáticos na área de Atendimento Educacional Especializado, tendo direcionado nesta última edição de 2017/2018 para o AEE de estudante com Transtorno do Espectro Autista. O livro AEE/TEA vem promover não só a formação continuada para profissionais do magistério da rede de Educação Básica de todo país em consonância à proposta da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, mas consolida o atendimento educacional especializado nas salas de recursos multifuncionais nas escolas de ensino regular comum, especificando seus atendimentos conforme as particularidades do público alvo da Educação Especial. Este livro, busca ainda refletir sobre as concepções dos Transtornos do Espectro Autista na perspectiva da Educação Inclusiva, a partir 16 do entendimento das políticas públicas para com o aluno com esse transtorno e suas abordagens educacionais por meio da produção e utilização de materiais acessíveis, pois sabemos que a discussão sobre a prática do professor do AEE para as necessidades educacionais e sociais destes estudantes na escola regular, é extremamente necessário para que se efetive uma Educação Inclusiva.Vale ressaltar, que a promoção de aprendizagens significativas, mediante o conhecimento do contexto educacional dos docentes, pode produzir discussões e condutas flexíveis para a reorganização de suas práticas que poderão gerar o desenvolvimento da aprendizagem, da comunicação e autonomia dos estudantes com TEA. Desta forma, a aprendizagem colaborativa e participativa faz-se presente para as transformações educacionais no currículo, nas práticas, nos espaços físicos e nas atitudes que envolvem toda a instituição escolar. Contudo, a partir de um trabalho coletivo entre os professores do curso de aperfeiçoamento desta última edição, foi que se produziu este livro composto de seis capítulos, os quais estão voltados para a formação dos professores da Educação Básica de todo país, especialmente para aqueles que atuam no Atendimento Educacional Especializado com estudantes com TEA. O primeiro capítulo, “Educação a Distância e Formação Continuada”, traz uma concepção histórica e conceitual, caracterizando a Educação a Distância no Brasil, na tentativa de enfatizar a importância desta modalidade de ensino como viável e passível de grande público, diante do processo de interiorização e democratização da educação em vários níveis e localidades do país. No tocante a Formação Continuada, abordamos alguns aspectos conceituais, modelos de formação e as condições ideais para a sua efetivação, discutindo as relações estabelecidas entre os atores que compõe o processo de formação e as práticas pedagógicas, bem como a avaliação enquanto elemento norteador de mudanças dentro de uma proposta de Educação Inclusiva. 17 O segundo capítulo “Atendimento Educacional Especializado para o Estudante com Transtorno do Espectro Autista: trajetória e orientações” tem como objetivo proporcionar aos leitores o conhecimento sobre o Atendimento Educacional Especializado e suas implicações no sistema educacional, provocando uma reflexão sobre as condições e contextos de aprendizagem dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista na escola regular comum, a partir das bases legais do AEE, das possibilidades de colaboração e parcerias, para criar e ampliar ações educacionais mais efetivas para a escolaridade desses estudantes mediante um atendimento específico. O terceiro capítulo discorre sobre o “Desenvolvimento da Linguagem”, abordando conteúdos do desenvolvimento da linguagem como conceitos de linguagem e comunicação, teorias de aquisição e desenvolvimento da linguagem, as relações entre o cérebro e a linguagem, teorias de aquisição e aprendizagem da leitura e escrita, bem como os transtornos de linguagem e suas possibilidades de estimulação. O capítulo seguinte diz respeito ao “Transtorno do Espectro Autista: diagnóstico e legislação” e fala sobre o Transtorno do Espectro Autista, especificamente para um maior entendimento e prática docente, pois tece a trajetória desse transtorno, trazendo conceitos, características, diagnósticos e legislação, servindo de suporte nas práticas pedagógicas para o desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes com TEA. O penúltimo capítulo “Tecnologia Assistiva e Acessibilidade no Processo de Aprendizagem” vem fomentar práticas e intervenções a partir do conhecimento das Tecnologias Assistiva para promover a acessibilidade, fazendo ainda uma relação entre o atendimento educacional especializado do estudante com TEA e a importância da comunicação alternativa. O último capítulo “Intervenções Terapêuticas e Educacionais para o Atendimento Educacional Especializado de Estudantes com Transtorno do Espectro do Autismo”, como o próprio nome revela, 18 traz conhecimentos necessários sobre alguns meios de intervenções direcionadas aos quadros de TEA, que podem servir de suporte à escola, ao professor e à família de crianças com TEA, pois desperta no leitor a percepção de possíveis aspectos comprometidos desses alunos que dificultam o processo de ensino e aprendizagem, dando alternativas de abordagens para a promoção das potencialidades e eliminação das dificuldades dentro da singularidade de cada caso. Portanto, desejamos que o conteúdo deste livro possa não apenas contribuir para o aprimoramento das práticas pedagógicas, mas que também possibilite a quebra de barreiras que interferem na inclusão escolar dos estudantes com Transtorno do Espectro Autista. E esperamos, ainda, com a publicação deste livro, que a consolidação dos conhecimentos e práticas construídas pelos professores tutores e alunos ao longo do curso de aperfeiçoamento em AEE/TEA, fortaleça os pressupostos da Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva na formação continuada do nosso país. Varder Braga 19 INTRODUÇÃO A Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem se consolidado cada vez mais no nosso país a partir das lutas de classes, validando seus direitos, e pelos pesquisadores e estudiosos que têm buscado fundamentar essa perspectiva à medida que o acesso as oportunidades são fornecidas com auxílios e adaptações adequadas às especificidades dos sujeitos. Desta forma, as mais diversas áreas têm contribuído com seus conhecimentos de maneira interdisciplinar, principalmente profissionais da educação, na tentativa de fornecer conhecimentos e recursos necessários para tamanha diversidade encontrada nas instituições de ensino. Diante desse cenário, o Governo Federal tem se sensibilizado e mobilizado, principalmente nos últimos anos, para executar uma política social e inclusiva, contribuindo com várias normativas e legislações em benefícios dos direitos das pessoas com deficiência. De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Especial, (BRASIL, 2001), coloca uma nova postura de escola regular a qual deve propor no Projeto Político Pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e nas estratégias de ensino, ações que favoreçam a inclusão social e práticas educativas diferenciadas que atendam a todos os alunos. Segundo o Censo Escolar (INEP, 2014), mais de 698 mil estudantes com algum tipo deficiência estavam matriculados em classes comuns, dos quais 93% eram em escolas públicas. Diante desta complexidade que envolve a educação das pessoas com deficiência, é que se pensou como uma das estratégias, desenvolver a formação continuada com o intuito de levar conhecimentos e práticas aos professores da Educação Básica para que estes possam atender de maneira isonômica, porém adaptada, a todos que necessitarem de apoio para desenvolvimento de suas aprendizagens. Assim, o Decreto nº 8.752/2016 que trata da Política 20 Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica, organiza ações que já vinham sendo realizadas e fornece sinalizadores, partindo de diagnósticos e identificações, definindo formações específicas para demandas e locais específicas. Segundo Montoan (1997, p. 94), A inclusão é igualmente um motivo que implica o aprimoramento da formação dos professores para realizar propostas de ensino inclusivo e também um pretexto para que a escola se modernize, atendendo as exigências de uma sociedade, que não admite preconceitos, discriminação, barreiras entre seres, povos, culturas. A Lei 13.146/2015 determina em seu art. 28, dentre outras obrigatoriedades, adoção de práticas pedagógicas inclusivas pelos programas de formação inicial e continuada de professores e oferta de formação continuada para o atendimento educacional especializado- AEE, formação e disponibilização de professores para o atendimento educacional especializado, de tradutores e intérpretes da LIBRAS, de guias intérpretes e de profissionais de apoio, além de inclusão em conteúdos curriculares, em cursos de nível superior e de educação profissional técnica e tecnológica, de temas relacionados à pessoa com deficiência nos respectivos campos de conhecimento.Contudo, o professor e demais profissionais da educação precisam entender todos os aspectos que abrangem a complexidade, a fim de atuarem adequadamente, visando colocar em prática um novo modelo de educação, pautado pela flexibilidade e contextualização dos problemas, a partir de várias ciências em colaboração coletiva, de forma que a disciplinaridade não se torne mais uma barreira. Segundo Braga Junior e Xavier (2013), para atuar na Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva, o professor deve ter, na sua formação, conhecimentos gerais para o exercício da docência e conhecimentos específicos da área a qual se propõe atender. Essa 21 formação possibilita a sua atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos núcleos de acessibilidade das instituições de Educação Superior, nas classes hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e recursos de Educação Especial. O Censo Escolar (INEP, 2016) dá conta de que apenas 4,9% dos professores da Educação Básica têm formação em Educação Especial e dos que atuam diretamente no AEE, apenas 42,1% têm formação específica. Esses dados tornam-se mais preocupantes quando sabemos que pouco mais de 30% dos alunos que compõem o público da Educação Especial recebem Atendimento Educacional Especializado. A Universidade Federal Rural do Semi-Árido-UFERSA sempre priorizou as ações afirmativas de diversidade e inclusão social, visando contribuir com a qualificação e democratização do ensino, oportunizando o acesso a todos perante a execução das Políticas de Educação numa perspectiva inclusiva. Dessa forma, faz parte da rede de universidades que colaboram com a Educação Especial no país, promovendo formações iniciais e continuadas por meio da Rede Nacional de Formação Continuada de Professores de Educação Básica- RENAFOR e da Universidade Aberta do Brasil-UAB. Um desafio que nos pesa é a redução da evasão dos cursos de formação financiados com recursos públicos e a distância. Na primeira edição do SisFor 2014/2015, tínhamos a meta de 300 vagas para aperfeiçoamento. A UFERSA matriculou 292 cursistas, deste total, obteve-se um quantitativo de 156 aprovados, ou seja, cerca de 46,6% dos recursos se perderam com a evasão e reprovação, mas principalmente a evasão. Em 2016, ofertamos 100 vagas para a especialização e obtivemos 91% de aprovação. Já em 2017/2018, apesar de ser um curso de aperfeiçoamento e específico para o atendimento educacional especializado para o estudante com transtorno do espectro autista, conseguimos superar nossa meta de 22 evasão que era de 30%, obtendo 92,7% de aprovação. Tudo isso, graças a metodologias interativas, dedicação, responsabilidade e flexibilidade de uma equipe comprometida e que acredita na potencialidade das pessoas com deficiência. Ao incentivar e fomentar a formação continuada de professores da rede pública de ensino para atuarem nas salas de recursos multifuncionais e em classes comuns de ensino regular em 2015, a UFERSA usou das mais variadas metodologias e acompanhamento dos alunos, porém observou-se um alto índice de evasão, mesmo considerando o padrão de evasão existente na Educação a Distância do nosso país, que na maioria das vezes relaciona-se pela falta de conhecimento desse ensino por parte do público que o procura. Outro fator importante que nos chamou atenção foi à falta de consciência dos professores/cursistas sobre a concepção da formação continuada, o que nos leva ratificar a importância da disseminação desta formação, pois ela parte de uma necessidade, não de concepção de título ou incrementos financeiros, isto seria uma consequência. Conforme coloca Alba (2006, p. 17), [...] a Educação Inclusiva, dentro do novo paradigma tecnológico, requer profissionais flexíveis, imbuídos de desejo de se manterem atualizados acerca dos mecanismos culturais e tecnológicos que se encontram em constante renovação. Desse modo, considerando as pretensões e dimensões da Política de Educação Especial, concluímos que nossos esforços devem caminhar no sentido de possibilitar condições de formação continuada para atender ao art. 12º da Resolução nº 04, CNE/SEB, de 2009 que estabelece: “Para atuação no AEE, o professor deve ter formação inicial que o habilite para o exercício da docência e formação específica para a Educação Especial”. Logo, no percurso desta caminhada de ofertas de cursos de formação 23 continuada por esta universidade, é que se viu a necessidade de focar em especificidades do Atendimento Educacional Especializado (AEE), o qual se justifica em razão dos dados sobre a Educação Especial em nosso país, podendo constar nos índices apresentados que a concepção de formação continuada por parte dos professores vem se aprimorando diante da necessidade e realidade das escolas do país. Portanto, ressalta-se que cursos à distância e publicações de práticas formativas podem contribuir para o atendimento da demanda de formação continuada de professores da rede pública de ensino do país, que necessitam se qualificarem para atuar na perspectiva da Educação Inclusiva, pois pode ser feita uma adequação do tempo dedicado à sua formação, com o tempo dedicado à sua vida profissional. Todavia, ao utilizarmos uma abordagem interdisciplinar e uma formação específica da equipe para o tema “atendimento educacional especializado para o estudante com transtorno do espectro autista”, tentamos fazer do cursista e do leitor, mediadores nas suas escolas, subsidiando intervenções e relações necessárias que aluno com TEA venham necessitar, seja com o professor de sala regular, a família, os demais setores da escola, outros profissionais e a comunidade, pois, dessa forma, acreditamos proporcionar o desenvolvimento pleno das habilidades e potencialidades destes alunos. O aprimoramento da prática pedagógica tem que se basear nas necessidades e peculiaridades de cada aluno na sua realidade, possibilitando especificamente, a quebra de barreiras que possa vir interferir no processo de aprendizagem, comunicação, autonomia, interação e socialização dos alunos com transtorno do espectro autista. Logo, podemos observar que só por meio do apoio do AEE com professores preparados e sensibilizados mediante a formação continuada específica é que podemos promover a inclusão estes alunos. Contudo, a Educação à Distância propicia aos docentes atuantes, oportunidade ímpar para tornar a formação continuada uma realidade. 24 Mas antes de tudo, esta publicação colabora com pressupostos significativos ao contexto familiar, educacional e a saúde para o desenvolvimento do sujeito enquanto cidadão, dando ao leitor a oportunidade de obter uma visão inclusiva do processo e de conhecer as diferentes abordagens educacionais facilitadoras de ensino e aprendizagem, bem como se apropria de conhecimentos referentes e singulares das pessoas com TEA. Logo, a promoção da acessibilidade é o objetivo do AEE, para tanto, necessita-se qualificar os docentes para este atendimento. 25 REFERÊNCIAS ALBA, C. Uma educação sem barreiras tecnológicas: TIC e educação inclusiva. In: SANCHO, J. M.; HERNÁNDEZ, F. (Orgs.). Tecnologias para transformar a educação. São Paulo: Artmed, 2006. BRAGA JUNIOR, Francisco Varder; XAVIER, Márcia de Jesus. Prática de ensino VI: Educação Especial e Inclusão. Mossoró: EdUFERSA, 2013. ISBN: 978-85-63145-63-5. BRASIL. Decreto nº 8.752, de 9 de maio de 2016. Dispõe sobre a Política Nacional de Formação dos Profissionais da Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 mai. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20152018/2016/Decreto/ D8752.htm>. Acesso em: 05 mai. 2017. ______. Lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015.Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília,DF, 06 jul. 2015. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015- 2018/2015/lei/l13146.htm>. Acesso em: 05 mai. de 2017. ______. Ministério da Educação. Diretrizes nacionais para a Educação especial na Educação Básica/ Secretaria de Educação especial – MEC; SEEP, 2001. ______. Resolução nº 04, de 2 de outubro de 2009. Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 02 out. 2009. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf>. Acesso em: 05 mai. 2017. CENSO ESCOLAR 2014. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. 26 Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/educacao-basica>. Acesso em: 05 maio 2017. CENSO ESCOLAR 2016. INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Ministério da Educação. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/educacao-basica>. Acesso em: 05 mai. 2017. MANTOAN, M. T. E. Ser ou estar: eis a questão: explicando o déficit intelectual. Rio de Janeiro; WVA, 1997. 27 CAPÍTULO 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E FORMAÇÃO CONTINUADA Francisco Varder Braga Junior Maria de Lourdes Fernandes de Medeiros Ulisses de Melo Furtado Na última década, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) ampliaram de forma gradativa sua relevância na vida das pessoas, auxiliando em tarefas simples ou em ações profissionais das mais diversas áreas de conhecimentos. Esse crescimento, aliado às políticas públicas de fomento, ao aperfeiçoamento da legislação e as novas formas de atuação, ocasionaram o crescimento na oferta do número de vagas em cursos de graduação e/ou pós-graduação por meio da Educação a Distância (EaD) em todo o país, principalmente na rede privada de ensino, porém com uma significativa evolução no número de matrículas na rede pública. Diante desse cenário, a EaD passou a ser discutida por estudiosos e acadêmicos de várias áreas, sobre sua viabilidade e sustentabilidade para o desenvolvimento de cursos de qualidade em todas as regiões do país. Apesar de muito debate acerca do assunto, algumas pessoas ainda pensam que a EaD é algo recente, surgido a partir das TICs, ou mesmo, desconhecem suas formas de funcionamento, metodologias e qual o papel das TICs, dos professores, dos alunos e demais atores que fazem parte desta modalidade de ensino. A partir de agora, iremos discorrer sobre esta modalidade e o papel dos seus atores, visando quebrar possíveis preconceitos e fornecer a importância e a qualidade que o ensino a distância dispõe. 28 Ao trazer o conceito acerca da EaD, Pimentel (2006) descreve a abrangência desse e seus vários territórios, destacando suas particularidades, as conjunturas históricas, políticas e sociais com a própria modalidade de ensino. Essas situações fazem com que haja um desenvolvimento acelerado das TICs, mediadas com transmissões via satélite, internet e material multimídia. Estas variáveis colaboraram para diversificar também as definições sobre o que apreende por intermédio da EaD. Para Alves, Barros e Okada (2009) a EaD consegue auxiliar o desenvolvimento da educação, pois articula vários elementos educacionais, tais como: políticas educacionais, unidades de ensino, professores, alunos, conteúdos, metodologias, materiais didáticos, entre outros. Além de colaborar com a formação em grande escala, cooperando na construção de diretrizes de como elaborar, estratégias, métodos, técnicas que façam da metodologia de ensino algo individualizado amplo e que contemple a diversidade na forma de aprendizagem, tentando, assim, garantir que o aprendizado ocorra independente das variáveis que possam estar presentes em seu entorno. Nesse sentido, a formação continuada à distância visa contribuir com a pessoa do professor, com a escola enquanto organização e com a profissional docente. O professor tem a sua disposição uma variedade de situações formativas, portanto, a escolha que cada um faz tem a ver com o olhar que cada indivíduo possui, com sua história de vida profissional própria, com necessidades e interesses de formação diferenciados em relação aos seus pares e de acordo com suas expectativas. A formação continuada do professor na EaD surge como uma oportunidade, onde o mesmo pode buscar a sua própria formação de acordo com a sua concepção de ensino e aprendizagem, sem desconsiderar que as mudanças não ocorrem de forma rápida e imediata, porém, de maneira sucessiva e progressiva. Reconhecer que formação em EaD, assim como toda formação, não pode ser algo imposto, é 29 imprescindível para que ela ocorra de forma integrada aos novos acontecimentos da sociedade da informação, ou seja, uma formação que auxilie os professores a se (re)conhecerem, a redescobrir e buscar novas formas de aprendizagens e a Educação a Distância provoca esse sentido de pertença e autonomia no aprender. Ao pesquisarmos em artigos ou livros que tratam sobre EaD, é comum encontrarmos diversos autores apontando nomenclaturas, conceitos e características variadas, todas com suas diferenças e semelhanças. Como conceito oficial, vamos adotar o disposto do Decreto nº 9.057/2017, o qual regulamenta o art. 80 da Lei nº 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional e no seu art. 1º destaca: Considera-se educação a distância a modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorra com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com pessoal qualificado, com políticas de acesso, com acompanhamento e avaliação compatíveis, entre outros, e desenvolva atividades educativas por estudantes e profissionais da educação que estejam em lugares e tempos diversos (BRASIL, 2017, p. 01). Com base nesse conceito, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), percebemos uma dependência no uso das TICs para realização das ações de ensino e aprendizagem da EaD, permitindo que os estudante e professores não tenham que estar conectados ao mesmo tempo. Ainda é possível observar que o MEC já determina a necessidade de pessoal qualificado para atuação e prevê a existem de políticas públicas de acesso a esta modalidade educacional, além de uma avaliação compatível e viável aos seus cursos. Porto et al. (2013, p. 71) destaca que “a mediação é a principal especificidade desta modalidade, exigindo tecnologia para que haja, entre o professor e o aluno que não estão face a face num mesmo 30 espaço físico, uma interatividade e, consequentemente, ocorra a prática educativa”. Nesse sentido, podemos constatar a necessidade de utilizar recursos tecnológicos para viabilizar e maximizar as ações da EaD, pois por meio das TICs podemos reunir mídias diversas e necessárias no processo de ensino e aprendizagem. As TICs estão cada vez mais presentes em nosso cotidiano de maneira pessoal ou profissional, porém, muitos dos seus usuários, sequer sabem definir exatamente o que são elas. Ao falarmos nessa temática, lembram apenas do computador ou no máximo dos aparelhos celulares modernos de hoje em dia, contudo, estamos nos referindo há uma gama de recursos e ferramentas presentes não somente em nosso cotidiano, facilitando nossa vida, mas principalmente, nas atividades de negócio de qualquer organização do século XXI, inclusive na Administração Pública. De forma bem sucinta, podemos definir as TICs como a união dos recursos da Tecnologia da Informação com elementos de comunicação. Estes recursos ampliaram de forma gradativa seu leque de funcionalidades, a partir de conexão direta também com a internet. Rosseti e Morales (2007, p. 01) fortalecem essa perspectiva ao destacarem que as TICs: Tem sido, ao longo do tempo, cada vez mais intensamente empregada como instrumento para os mais diversos fins. É utilizada por indivíduos e organizações, para acompanhar a velocidade comque as transformações vêm ocorrendo no mundo; para aumentar a produção, melhorar a qualidade dos produtos; como suporte à análise de mercados; para tornar ágil e eficaz a interação com mercados, com clientes e até com competidores (ROSSETI E MORALES, 2007, p. 01). O nível de inserção destas ferramentas em todas as áreas de negócio e demais setores da sociedade, incluindo também a educação, tem 31 passado por um processo de incorporação cada vez maior em suas rotinas, apoiada por algumas iniciativas de incentivo. Albino e Souza (2016, p. 107) fortalecem este discussão ao destacarem que “[...] as TICs buscam potencializar novas possibilidades, novas estratégias de aprendizagem, para auxiliar o professor e os estudantes”. É sabido que as TICs aplicadas isoladamente não conseguem grandes resultados se não forem apoiadas a todo um planejamento pedagógico, buscando aproveitar suas ferramentas de forma adequada e útil ao processo de ensino e aprendizagem, apoiado ao Projeto Político Pedagógico da Escola e trabalhando de forma interdisciplinar e coletiva. “A inclusão de qualquer artefato tecnológico por si só não garante a melhoria da qualidade na educação”, é o que defendem Albino e Souza (2016, p. 107). Hoje, os estudantes não fazem mais leitura de um guia de instruções, mas aprendem jogando uns com os outros e ainda com suas inquietudes, com seus comentários, com o seu senso crítico, originando assim conteúdos através das interações, indagações, concordâncias e discordâncias, expondo suas opiniões (MATTAR, 2011). Existe ainda, a necessidade da criação de ferramentas para o desenvolvimento de soluções que se adaptem a qualquer tipo de plataforma de aprendizagem para melhorar o processo de ensino- aprendizagem, fortalecendo as relações entre todos os atores envolvidos e reduzir a distância pessoal e física devido à maior interação e participação (LUCENA, 2003). Uma destas ferramentas são os ambientes virtuais que estão presentes em diversas áreas de negócio: na indústria, no comércio, nos sistemas de governo, dentre outras; auxiliando na execução dos seus processos, no gerenciamento e manipulação das informações e na tomada de decisão. Essa ferramenta é bastante necessária na EaD, por reunir várias mídias disponibilizadas pelas TICs, daí passamos a chamá-las de Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) o qual se caracterizam como softwares 32 que funcionam na internet e reúnem diversas tecnologias úteis para o processo de ensino e aprendizagem à distância. Logo, a possibilidade da utilização do AVA como ferramenta de apoio para a formação continuada vem diminuir distâncias e eliminar barreiras como tempo e ônus na vida dos sujeitos, fazendo um diferencial no que se refere à qualidade do ensino. Uma das suas vantagens está no fato de não ser necessário realizar instalações para seu uso, funcionando em qualquer sistema operacional ou mesmo em dispositivos móveis, bastando apenas ter conexão com a internet. Na última década, inúmeros AVAs surgiram por todo o mundo, muitos ganhando repercussão a nível mundial como o “Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment” ou simplesmente “Moodle”, o qual, traduzindo para o português, significa: ambiente modular de aprendizagem dinâmica orientada a objetos. O Moodle teve seu conceito criado em meados de 1999, pelo educador e cientista computacional Martin Dougiamas, na Austrália, tendo as bases do projeto focadas no que o próprio autor chamou de pedagogia sócio-construtivista, buscando dispor de uma abordagem diferenciada das ferramentas existentes, como destaca Alves, Barros e Okada (2009, p. 41): Os ambientes de aprendizagem considerados construtivistas preconizam que o aluno participe ativamente na resolução de problemas, que utilize o pensamento crítico sobre as atividades de aprendizagem que mais significam para si e que construa o seu próprio conhecimento, cabendo ao professor o papel de “parteiro” no processo de nascimento da compreensão e de orientador, facilitador, conselheiro, tutor e aprendiz. Este AVA se configura como um ambiente virtual de aprendizagem que, além das características já mencionadas, é um software livre, o qual permite as instituições que o adota, modificá-lo, criar, melhorar ou 33 excluir seus recursos e funcionalidades, ou simplesmente customizar nos padrões e marcas da instituição. Com base nestes conceitos, observamos uma inclusão social advinda com a EaD, através da promoção de uma interiorização do ensino no país, além da descentralização do ensino dos grandes centros urbanos, o que faz com que as pessoas não abandonem seus lares, suas profissões ou tenham que se deslocar diariamente para as cidades maiores em busca da qualificação profissional ou até mesmo possam realizar o sonho de cursar uma faculdade. Pensando nisso, para buscar nortear as instituições que ofertam cursos na modalidade à distância e que utilizam esta plataforma ou outras, o MEC elaborou em 2017 o documento “Referenciais de Qualidade para Educação Superior à Distância”, o qual, mesmo já estando relativamente antigo, não dispõe de força de Lei. Esse documento apresenta uma série de características que, ao se fazerem presentes em um curso à distância, possibilitam padrões mínimos de qualidade, com destaque: concepção de educação e currículo no processo de ensino e aprendizagem, sistemas de comunicação, material didático, avaliação, equipe multidisciplinar, infraestrutura de apoio, gestão acadêmico- administrativa e sustentabilidade financeira. Ao construir uma proposta curricular para um curso a ser ofertado na modalidade à distância, é necessário um planejamento prévio o qual é analisado o perfil dos discentes, os conteúdos abordados, as formas de apresentação destes conteúdos, as mídias e recursos que serão disponibilizados, as formas de avaliação, a logística da equipe envolvida no processo, o fomento e futuras reofertas. A construção do material didático é um item que merece destaque especial, devendo ser concebido em uma linguagem clara e objetiva, a qual os aprendizes conversem com os textos, facilitando desta forma situações didática, as quais fortalecerá o processo de aprendizagem de uma forma dinâmica e efetiva. Logo, planejar um curso à distância não 34 é simplesmente aproveitar um curso do ensino presencial já existente e convertê-lo a esta modalidade, é todo um processo de estudo e planejamento realizado por uma equipe de profissionais qualificados para este propósito. Geralmente, quando nos referimos a EaD pensamos em tecnologias modernas e inovadoras. Muitas vezes pensamos que é uma modalidade educacional recente, fruto das novas TICs e uma das marcas da sociedade globalizada. Contudo, o que muita gente não sabe, é que a EaD está presente na sociedade desde os seus primórdios, fazendo uso das tecnologias e recursos presentes em cada época e contribuindo com a formação dos cidadãos ao longo da história. Diversos autores apontam as Epístolas de São Paulo enviadas aos Cristãos na Ásia Menor como um dos registros pioneiros da EaD, pois objetivava ensinar o cristianismo as pessoas naquela região. Porém, essa informação não é unânime, como destaca Bastos, Cardoso e Sabbatini, apud Hermida e Souza (2006, p. 171) relatam que a primeira experiência de EaD aconteceu com a invenção da imprensa, de Gutemberg, no século XV e explicam: o acesso ao livro, e portanto ao saber e ao conhecimento acumulado, passou a não mais pertencer ao professor, dono do raro manuscrito que era lido em voz alta para os alunos nas escolas. O livro possibilitou pela primeira vez o ensino de massa, ou seja, a formação de classes de muitos alunos”. Segundo estes autores, antes da invenção do livro as classes eram pequenas, e o ensino, artesanal. O aparecimento do livro impresso deu início à alfabetização de grandes camadas da população e alavancou na Europa os processos educacionais. Dessa forma, esse processo já caracterizava uma forma deeducação à distância, tornando-se possível para as pessoas em suas residências, estudar sem a presença física de um professor. 35 Barros (2003), por sua vez, cita que os primeiros indícios de utilização da Educação a Distância remontam ao século XVIII, quando um curso por correspondência foi oferecido por uma instituição de Boston (EUA). A partir de então, é possível estabelecer uma cronologia da evolução da EaD no mundo. Ao longo da história, a Educação a Distância fez uso das tecnologias e ferramentas presentes em cada época. Moore e Kearsley (2008) destaca as gerações e o foco de cada uma delas, iniciando através das correspondências, em seguida por transmissões por rádio e televisão, logo após foi a fase das chamadas universidades abertas, teleconferências e por fim, a fase atual com foco no uso das TICs. A primeira geração da EaD fez uso intensivo das correspondências para viabilizar o processo de ensino e aprendizagem. Nessa fase, destacamos um dos primeiros registros de EaD no Brasil por volta de 1904, quando o Jornal do Brasil lançou cursos na sua sessão de classificados. Além do Instituto Monitor e o famoso Instituto Universal Brasileiro, criado em 1941, os quais qualificaram milhares de pessoas em cursos de nível técnico das mais variadas áreas. Já a segunda geração, envolve as transmissões por rádio e televisão, sendo no Japão as primeiras transmissões por rádio em meados de 1935, se espalhando por todo mundo a partir de então. No Brasil, a Fundação Roquete Pinto é exemplo de iniciativa nessa área por volta de 1923. A terceira geração, marca o início dos cursos a distância voltados para o nível superior, pois, até então, as ofertas eram apenas de cursos de nível técnico e profissionalizante. Foi na África a criação da primeira universidade voltada para a oferta, disseminando vários cursos à distância, caracterizando-se como a pioneira em todo o mundo. A quarta e quinta geração estão bastante interligadas, podendo gerar dificuldades em defini-las, porém possuem suas distinções. A quarta, o foco é nas teleconferências, que segundo Moore e Kearsley (2008, p. 39): 36 Ao contrário das formas anteriores de educação a distância, que eram principalmente interações bidirecionadas entre um aluno e o professor por correspondência ou eram transmissões somente de recepção de lições veiculadas por rádio ou televisão, a audioconferência permitia ao aluno dar uma resposta, e aos instrutores, interagir com os alunos em tempo real e em locais diferentes. É importante observar que nesta geração as audioconferências, utilizando telefones comuns em geral, também fizeram parte desta fase, tendo sua continuidade pelas teleconferências, ampliando os recursos através da transmissão de imagens. Todas atenderam grandes públicos, mediante também o uso de videoaulas transmitidas em rede nacional. Um exemplo clássico dessa geração é o Telecurso 2000, conhecido por todos os brasileiros. A quinta geração, o computador passar a ser utilizado para fins educacionais e com a popularização da internet e dos recursos das TICs, ambientes virtuais e inúmeros outros recursos de som, vídeo, imagem, compartilhamento, etc., passaram, sistematicamente, a serem incorporados às ações de EaD. Atualmente, o conceito de Educação a Distância que adotamos já normatiza as TICs, fazendo parte de forma intrínseca das ações e logística da EaD adotada em qualquer instituição, logo tal uso possibilita o acesso a uma diversidade de ferramentas digitais de comunicação que viabilizam o processo necessário para oferta de qualquer curso. A legislação que rege a Educação a Distância no Brasil avançou significativamente nos últimos anos e algumas destas merecem destaque para formar a sua compreensão acerca da situação atual dessa modalidade de ensino em nosso país. Inicialmente, é importante destacar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9.394/96, a qual normatizou a oferta de cursos à distância em várias modalidades 37 de ensino, sendo regulamentada pelo Decreto nº 5.622/2005, o qual foi recentemente revogado pelo Decreto nº 9.057/2017. Além desses, a criação da Secretaria de Educação a Distância para centralizar e organizar as ações da EaD no Brasil, também foi um marco relevante. A criação do Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB) em 2006 pelo Decreto nº 5.800, fomentou a ampliação sistemática da oferta de cursos de graduação e pós-graduação à distância por Instituições de Ensino Superior (IES) públicas de todo o Brasil, em parceria com as prefeituras, sendo implantado polos de apoio presenciais em várias regiões do país. O Sistema UAB define-se por sistema integrado por universidades públicas que oferece cursos de nível superior para camadas da população que têm dificuldade de acesso à formação universitária, por meio do uso da metodologia da educação a distância. Prioritariamente, os professores que atuam na educação básica da rede pública são atendidos, seguidos dos dirigentes, gestores e trabalhadores em educação básica dos estados, municípios e do Distrito Federal (BRASIL, 2006). Gonçalves (2017, p. 70) demonstra a consolidação deste sistema quando apresenta os seguinte dados: A UAB oferece hoje cursos na modalidade a distância, por meio de 94 instituições públicas de educação superior, sendo 50 federais, 27 estaduais e 17 institutos federais. Conta com 782 polos de apoio presencial, estaduais e municipais. Oferta 705 cursos de graduação, sendo 311 licenciaturas, 297 especializações, 66 bacharelados, 04 de formação pedagógica, 11 de tecnologia, 06 de extensão (GONÇALVES, 2017, p. 70). A legislação da EaD no Brasil dispõe de muitos outros documentos relevantes para a sua consolidação como modalidade de ensino viável e passível de atendimento de grande público de forma eficiente e de qualidade. Contudo, vamos nos deter especialmente no Decreto nº 38 9.057/2017, regulamentado pela Portaria nº 11 de 20 de junho de 2017, o qual estabelece normas para o credenciamento de instituições e a oferta de cursos superiores à distância. Segundo essa Portaria, as IES passam a dispor de um processo de credenciamento facilitado, permitindo inclusive que ofereçam apenas cursos a distância. Além disso, a inserção de novos polos de apoio presenciais passa a ser realizado pela própria IES, pois o objetivo do MEC é cumprir as metas do Plano Nacional de Educação que prevê a ampliação da oferta de vagas na EaD. O Decreto amplia ainda as possibilidades de oferta de cursos de pós- graduação a partir do credenciamento que a instituição já dispõe, não sendo necessário credenciamento específico para este nível de ensino. Uma nova possibilidade que este documento traz é a oferta do Ensino Médio através da EaD o que até então, só era previsto para situações emergenciais. Essa nova legislação foi recebida de forma controversa por diversos especialistas e pesquisadores da área. Além disso, alguns pontos que geraram certa polêmica foram alterados pelo MEC, como o trecho que previa a possibilidade de concluir disciplinas à distância no Ensino Fundamental em caso de ausência de professores. Para tanto, um aluno ao ingressar pela primeira vez em um curso a distância, geralmente, passa por uma fase de adaptação por, na sua maioria, advirem de uma vida acadêmica presencial. Na EaD, o perfil do aluno é diferenciado, exigindo mais autonomia e proatividade, o que exige mais responsabilidade do aluno pelo seu processo de construção de conhecimentos, pois o aluno deve dispor de uma rotina de estudos, fazendo uso dos recursos que dispõe, cumprindo as tarefas solicitadas, acessando o ambiente e recorrer aos diversos atores existentes quando necessário. Logo, seguindo essas recomendações, o aluno tem um aproveitamento satisfatório, não necessitando ir para uma sala de aula presencial diariamente, tendo tanto êxito em sua trajetória quanto o aluno do ensino presencial. 39 Portanto, podemos observar e mencionar algumas característicasrelevantes do ensino a distância o que personaliza seu público como: a falta de tempo da vida moderna, pois essa modalidade possibilita uma certa flexibilidade devido o aluno programar seus estudos dentro das suas possibilidades e interesses; a distância é outra das motivações que nos impelem a utilização das metodologias de trabalho que se desvinculam das necessidades presenciais físicas, possibilitando uma formação educacional na própria região onde habita, evitando assim a necessidade de deslocamento provisório ou permanente; as finanças é outro fator bastante significativo devido o custo da educação a distância ser menor do que da educação presencial, chegando a entender o custo de um aluno a distância em aproximadamente um 1/3 do custo de um aluno presencial; a oportunidade de fazer cursos numa perspectiva de treinamento, formação, reciclagem ou capacitação de profissionais fica muito mais atraente e possível na medida em que o profissional tem a sua disposição uma gama de cursos no seu próprio domicílio; e por fim, a possibilidade de entrar em contato com outros estudantes de diferentes classes sociais, culturais, econômicas o que pode propiciar um acréscimo cultural além de uma perspectiva de troca que amplia os saberes formais. Nesse sentido, podemos inferir que a EaD pode aumentar a sucessão de conhecimentos através da troca colaborativa e cooperativa que por consequência os participantes ganham não só conhecimento, mas também novas habilidades sociais, incluindo a habilidade de comunicar e colaborar com colegas largamente dispersos, os quais eles podem nunca ter visto. Segundo Paulo Freire (1980) defende que na formação, não se separa a pessoa do ser profissional, pois no cotidiano da sala de aula, não basta que os professores conheçam novas teorias no campo das Ciências da Educação, é necessário que eles formulem perguntas sobre situações fundamentais em torno de si mesmo e das tarefas que cumprem. “A 40 conscientização é o olhar mais crítico possível da realidade, que a “desvela” para conhecê-la e para conhecer os mitos que enganam e que ajudam a manter a realidade da estrutura dominante” (FREIRE 1980, p. 37). Essa condição promove a criticidade do olhar, e as situações de sala de aula serão visíveis e palpáveis, e isto possibilita ao professor descobrir como se dar a sua prática. A formação continuada de professores tem como principal finalidade tratar de situações problemas a serem enfrentadas e buscar pontos de apoio na coletividade que são comuns no enfrentamento dos mesmos, já que para solucioná-los deve-se questionar o que se fez para respondê- los. Pode-se fazer diferente? Que elementos existem para enfrentá-los? A quem se pode recorrer para solucioná-los? Nesse processo de buscar soluções para os problemas do grupo, os professores se mobilizam para construir conhecimentos, pois para resolver as questões da prática precisam refletir sobre os elementos que dificultam e/ou impedem suas ações na sala, como também, buscar nos referencias teóricos elementos que possam auxiliar na resolução de seus problemas. A partir do referencial, o professor vai constituindo-se como sujeito de suas ações, autor de sua prática, sujeito ativo e reflexivo. Essa construção é fruto de sua reflexão sobre a sua atuação e condições de sala de aula, Tardif (2002, p. 127) traz algumas considerações: (...) os professores serão reconhecidos como sujeitos do conhecimento quando lhes concedermos, dentro do sistema escolar e dos estabelecimentos, o status de verdadeiros atores, e não o de simples técnico ou de executores das reformas da educação concebidas com base numa lógica burocrática top and down (TARDIF, 2002, p. 127). A conscientização da formação continuada passa pela reflexão dos elementos que contribuem para uma formação efetiva e mudanças na 41 prática pedagógica, tendo como ponto de partida a seguinte questão: em que esta formação e as estratégias de formação utilizadas, referenciais teóricos, metodologias reflexivas sobre prática e conscientização, conseguirão se articular para mobilizar e proporcionar mudanças na prática pedagógica dos professores? Discutir a formação continuada dos professores da Educação Básica requer uma análise dos pressupostos, ou de alguns objetivos da formação dada atualmente, e do que vem sendo colocado, por vários segmentos da sociedade, os múltiplos olhares e discursos sobre a formação e as demandas da escola, já que as grandes dicotomias sociais são heterogêneas. Os cursos de formação podem acrescentar e são essenciais para que o professor tenha em mente que sua formação deve está ligada ao dia a dia, à realidade do sujeito e localidade, extrapolando os ensinamentos teóricos. O contexto educacional atual está em constante transformação, o que torna imprescindível a formação continuada de todos os profissionais, de modo a conhecer determinadas especificidades que vão além da sua área de atuação. A escola, por ser uma instituição social, também se transforma, exigindo dos profissionais uma constante formação, pois essa é condição necessária para aquisição de novas aprendizagens. É importante considerar que todos os profissionais que atuam nos espaços escolares são educadores, portanto devem estar envolvidos nos processos de formação, de maneira a melhorar a prática, nesse sentido, Orsolon, (2007, p. 21) contribui quando traz: “[...] a mudança na escola só se dará quando o trabalho for coletivo, articulado entre todos os atores da comunidade escolar”, isto implica em um exercício ao mesmo tempo que é individual é também coletivo ao provocar o compartilhamento de concepções, divergências e convergências e, mesmos diante de todos os confrontos e desafios, o trabalho é construindo. A formação continuada se fortalece ao contribuir de forma significativa para novas tomadas de decisões, posturas, quebra de 42 paradigmas, de reformulação de conceitos, e de ressignificação da prática, como um processo ativo, reflexivo, crítico e criativo. E assim, concebida como uma proposta de mudança, que além de qualificar o professor e os demais profissionais da escola, contribui de forma efetiva com a aprendizagem de todos os alunos. Para Christov (2010, p. 09): a formação continuada se faz necessária pela própria natureza do saber e do fazer humano, como práticas que se transformam constantemente. A realidade muda e o saber que construímos sobre ela, precisa ser revisto e ampliado sempre. Neste sentido, a formação continuada exerce um papel fundamental na vida do professor, já que o trabalho desenvolvido por ele deve centrar-se nas ações de reflexão, orientação, intervenção e mediação do processo de ensino, bem como, a articulação dos conhecimentos teóricos e práticos, com vistas a contribuir com a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. Cabe aqui trazer algumas considerações sobre o conceito de formação continuada, que surgiu com a implementação da Lei de Diretrizes e Bases Nacional – LDBEN, Lei nº 9.394/96. Nessa Lei, a formação continuada é considerada um direito para os profissionais que lecionam em qualquer estabelecimento de ensino, de maneira que é extremamente importante tanto para o professor, quanto para o aluno, já que para o texto da lei o repertório teórico do profissional está relacionado à sua atuação, e o mesmo precisa integrar a prática aos fundamentos teóricos. Nesse sentido, a formação dos professores deve ser compreendida como a prática do professor, que predomina de uma reflexão na ação, para depois refletir sobre essa reflexão executada por meio da ação. Desse modo, valoriza-se o “conhecimento prático do professor, colocando-o 43 na condição de investigador da sua própria prática e a formação como sendo esse processo de investigação” (PRADA; VIEIRA; LONGAREZI, 2009, p. 4). Para García a formação continuada se dá: [...] [deve ser] entendido como um processo de aprendizagem mediante o qual alguém (professores, diretores)deve aprender algo (conhecimentos, competências, disposições atitudes), num contexto concreto (escola, universidade, centro de formação) implica um projeto, desenvolvimento e avaliação curricular. O currículo, neste caso, refere-se à planificação, execução e avaliação de processos formativos, tendentes a melhorar a competência profissional dos professores (GARCÍA, 1999, p. 193). De acordo com o já citado autor a formação continuada de professores constitui-se de ações deliberadas na busca pelo aperfeiçoamento do exercício da profissão. Exemplifica como tais os cursos de aperfeiçoamento, extensão e pós-graduação em todos os níveis. Portanto, a formação continuada em seu entendimento clássico é a que ocorre de modo formal. E no entendimento formal é um processo de ensino intencional inserido em um curso, que visa à melhoria da prática do professor em sala de aula. Seguindo o mesmo raciocínio, Garcia (1999) defende que a formação continuada precisa ser planejada e avaliada, e deve evitar a improvisação. No entanto, pensar na aprendizagem permanente, é sempre rever conceitos e aprender algo novo, repensando conhecimentos, confrontando com o fazer na sala de aula, pois dessa forma, esse processo se caracteriza como efetivo e de mão dupla, onde de um lado se aprende pelas próprias experiências de vida, e esse aprendizado se reflete na ação do professor; por outro lado, o aprendizado formal do professor, repercute no modo de fazer do indivíduo. 44 Assim, a formação continuada tem sido caracterizada como um tipo de formação relacionada ao processo de profissionalização e desenvolvimento das ações do professor mediante a construção de conhecimentos e desenvolvimento de competências que contribuem para a eficácia do ensino e, por tabela, do processo educativo. Diferentes autores pesquisam e estudam a formação continuada e por isso a discutem sobre diferentes olhares e concepções, sendo citados neste texto: Luz e Santos (2004, p. 67) que conceitua a formação continuada como um “processo permanente ao longo da vida, acontecendo de forma sistematizada e contextualizada, levando sempre em consideração a história de vida e a trajetória profissional dos docentes”. Garcia (2002) que defende a formação dos professores como um processo contínuo e, embora constituído de fases curriculares distintas, deve possuir o mesmo princípio, seja esta inicial ou continuada, deve ter como principal objetivo o desenvolvimento profissional. A formação continuada propicia ao professor o entendimento da complexidade que permeia no processo de formação, cuja principal finalidade seria: “colocar em prática um novo modelo de educação, pautado pela flexibilidade e contextualização dos problemas a partir de várias ciências em colaboração coletiva, de forma que a disciplinaridade não se torne mais uma barreira” (BRAGA JUNIOR, 2016, p. 645). Ainda autores como Nóvoa (1992), Costa (2004) e Oliveira e Ramos (2008), destacam a importância de se pensar a formação continuada como um processo de constante reflexão sobre a própria prática, ou seja, de uma formação reflexiva e emancipadora, realizada de maneira crítica e autônoma, que valorize não só a formação em si, mas o pensamento e a experiência do professor como elementos essenciais na construção de novos saberes e competências profissionais. Neste contexto, surgem diferentes modelos de formação continuada. Modelos estes, que funcionam como referenciais teóricos, sem 45 justaposição, já que um modelo pode servir perfeitamente para um grupo e, no entanto, não se aplica a outro, pois o sucesso do grupo depende das motivações e condições de cada participante. Demailly (1992) defende que para refletir sobre a formação continuada dos professores, e preciso entender as diferentes concepções existentes neste campo e todo o contexto que envolve sua prática. Neste mesmo sentido García (2002) descreve que as teorias existentes em relação à formação continuada acabam por delinear diferentes modelos. Modelos estes que surgem mediante intenções e finalidades relacionadas à formação e se concretizam em correntes paradigmáticas de suporte teórico para os projetos de formação. Desse modo, Pacheco e Flores (1999) descrevem quatro paradigmas que permeiam a formação continuada e três modelos de formação. Os modelos de paradigmas que influenciam a formação continuada de professores são: da deficiência, do crescimento, da mudança e da solução de problemas. Já os modelos de formação diferem-se pelo processo de desenvolvimento das formações e pelo processo de socialização entre os sujeitos envolvidos no processo desta formação centrado: nas aquisições, no processo e na situação. Pacheco e Flores (1999), ainda defendem que existem três tipos de necessidades que a formação continuada deve atender, são elas: as pessoais, as profissionais e as organizacionais. A primeira necessidade pessoal de desenvolvimento profissional e da aquisição de novos conhecimentos que visa aumentar o grau de competência e de sabedoria. A segunda busca atender as demandas profissionais, individuais ou de grupos, e a terceira se orienta para as demandas institucionais e para além do contexto escolar, focando nas demandas da sociedade em geral, bem como em atualizar conhecimentos não desenvolvidos na formação inicial. O destaque que é dado à determinada necessidade acaba por influenciar na formação contínua e em seus diferentes modelos. Por 46 isso, Pacheco e Flores (1999) descrevem três modelos de formação de acordo com as necessidades dos professores. O primeiro seria o modelo administrativo, cujo foco está na importância das necessidades organizacionais, desenvolvido por instâncias superiores (redes/sistemas/ instituições) que utilizam como estratégias, cursos de curta duração para atingir seus objetivos. Preocupa-se com o desenvolvimento do sistema educativo e acaba por se afastar das necessidades dos professores e da escola. O segundo modelo individual trata o professor como o elemento central de sua formação, sendo esta individual (autoformação), em que ele mesmo procura conhecimentos; ou grupal (heteroformação), estabelecida por um grupo de professores, tendo um professor/formador como dinamizador do processo de formação. O terceiro, modelo de colaboração social é resultante dos modelos administrativo e individual. Nesse, a formação é orientada para a articulação entre o saber teórico e o saber adquirido da prática. Os professores são colocados como atores principais e responsáveis por seu processo formativo. É característica deste modelo à colaboração das instituições superiores na organização e na escolha metodológica de formação na escola, principal lócus de formação. No Brasil, as orientações para a formação de professores advindas do Ministério da Educação (BRASIL, 2005) partem do princípio de que a formação continuada deve atender tanto às necessidades do sistema de ensino quanto às demandas dos professores em exercício. Pacheco e Flores (1999) descrevem que os projetos desta natureza ainda são raros, pois a individualidade ainda impera na prática do professor, e isto dificulta qualquer ação de foco colaborativo. Contudo, Demailly (1992) apresenta quatro modelos existentes na prática de ensino e formação. Estes modelos são estruturados sobre diferentes aspectos conceituais e relacionais entre a instituição responsável, os agentes formadores e aqueles que receberão a formação. 47 (DEMAILLY, apud NÓVOA, 1992). De acordo com Duarte (2003), o termo modelo remete a uma representação abstrata de um fenômeno, cujas características e evolução se desejam descrever, prever ou explicar. Partindo desse pressuposto, um modelo de formação reúne um conjunto de ações mediadas por relações de poder, culturas, crenças e valores estabelecidos entre as instituições/ redes/sistemas de ensino e os sujeitos envolvidos no processo formativo apresentam características implícitas, objetivos particulares e maneiraspeculiares de condução das práticas formativas. Aos profissionais de educação hoje é lançado um desafio: acompanhar, aprender e realizar as mudanças na escola. Tais ações solicitam um Modelo Principais características Olhar para o formador Universitário Relação recíproca entre formador e formando, em que as competências pessoais e profissionais do formador são consideradas importantes para o formando. É visto como um mestre, tendo como responsabilidade a transmissão de seus conhecimentos teóricos e de seu saber já constituído. Escolar São organizadas e estruturadas por instâncias de poder exteriores aos docentes e a própria escola. O formador apenas propaga conhecimentos que se constituem a partir de conteúdos determinados a priori pela instituição responsável pelo programa de formação. Contratual Relação estabelecida entre formador e formando mediante contrato entre ambos ou mediado por outras parcerias. A formação acontece por meio de contratos estabelecidos entre diferentes parcerias, concretizando-se em diversas modalidades que são fornecidas conforme negociação realizada entre os parceiros. Interativo-reflexivo A formação que acontece entre os pares e por aprendizagem mútua entre os formandos. O formador funciona como um mediador no processo de reflexão e resolução dos problemas. 48 trabalho pedagógico consciente, que possa demonstrar cada vez mais a importância do papel do professor e da formação continuada na sociedade. Dessa forma, a escola poderá ter um sujeito competente que dará conta das diversas situações do cotidiano. Segundo Sacristán (1991, p. 74): A competência docente não é tanto uma técnica composta por uma série de destrezas baseadas em conhecimentos concretos ou na experiência, nem uma simples descoberta pessoal. O professor não é um técnico nem um improvisador, mas sim um profissional que pode utilizar o seu conhecimento e a sua experiência para se desenvolver em contextos pedagógicos práticos preexistentes. O principal desafio que se coloca ao professor não é uma tarefa fácil de realizar, pois desenvolver, construir e reconstruir seu saber, buscando uma integração dos saberes teóricos e práticos, além de está consciente do mundo social em que está inserido e que este influencia de forma significativa, acaba se tornando uma atividade complexa. São várias complexidades implicadas na ação do profissional da educação, pois o mesmo necessita ter compreensão do conhecimento em suas múltiplas dimensões, sendo capaz de construir seu pensamento e seu fazer voltados às necessidades de seu cotidiano, rompendo com o muro da escola. Ainda, o professor tem como função primordial incentivar a atividade intelectual do aluno, proporcionar condições para que ele aprenda e solucione autonomamente seus problemas, portanto o processo formativo e a produção do conhecimento advêm do ato refletido favorecendo a relação teoria prática desejada. Pensando nisso, o trabalho coletivo é condição fundamental para a formação continuada dos professores. Em função disso, ao trabalhar com o objetivo de instalar a cultura do coletivo no espaço escolar, o formador deve centrar sua atenção na necessidade de garantir a participação de todos os professores em ações definidas. 49 É fundamental que os resultados dessa participação coletiva sejam registrados e retomados, sempre que necessário, visando apontar para o grupo os avanços que ele vai construindo em seu processo formativo, bem como as dificuldades que ainda precisam ser superadas coletivamente. Esse registro é importante, porque frequentemente os grupos, dentro da escola, desenvolvem muitas ações de formação continuada, mas não as registram. Com a intenção de combater esse problema, o formador deve planejar, acompanhar e registrar os momentos de estudo dos professores, cuidando para que eles sejam, de fato, proveitosos e constantemente avaliados por todos os indivíduos. Quando a cultura do coletivo se instala na escola, é possível desenvolver várias formas de trabalho, integrando os professores, coordenador pedagógico, direção, alunos e no caso específico dessa formação o professor que atende na sala de Atendimento Educacional Especializado – AEE, o que favorece o permanente diálogo entre todos. Em relação aos alunos, é importante lembrar da sua participação nos conselhos de classe, conselho escolar e outras reuniões realizadas para discutir sua aprendizagem. Outro aspecto importante, decorrente da cultura do coletivo e que representa ganho para a formação continuada, é a interdisciplinaridade. As práticas interdisciplinares são o primeiro passo para o desenvolvimento do trabalho coletivo, à medida que possibilitam unir um maior número de professores em torno delas. Práticas comuns entre os professores ajudam a conferir maior coerência ao trabalho e favorecem a compreensão de que se deve buscar todos os meios para elevar o nível de aprendizagem dos alunos. Ao coordenar o processo de formação continuada dos professores, o formador vivencia diversas situações decorrentes da conduta dos grupos. Estas situações precisam ser contornadas com habilidade, a fim de que o trabalho não seja comprometido, já que há grupos mais receptivos e outros mais resistentes as ações propostas. 50 Assim, é importante que algumas habilidades sejam desenvolvidas pelo formador ao realizar seu trabalho, tais como: estabelecer um vínculo real com as necessidades de formação continuada dos professores. Isto deve levantar as necessidades concretas dos professores e orientar seu trabalho para elas. Outra habilidade é considerar e valorizar o conhecimento prévio do grupo, procurando perceber o que os professores já sabem sobre determinadas temáticas importantes em seu processo de formação continuada. No contexto dessas novas ideias, surge como necessário e imprescindível, a mudança e a inovação das práticas escolares, não mais como no princípio da racionalidade técnica, que estabelece como alguns princípios, via de regra, a tarefa a alguns que pensam e outros que executam a prática docente. A prática do professor deve levar em conta o estudo da sua própria prática, como um dos meios constitutivos da construção de novos saberes profissionais. Sob esse prisma, evidencia a superação da dicotomia entre teoria e prática, entre escola e universidade, as políticas públicas descontextualizadas das necessidades inerentes ao ensino e da escola. Também é relevante que o formador procure trabalhar as necessidades dos professores, para não desestabilizar o grupo, pois muitas vezes, parte do grupo se sente desmotivado e inseguro em relação às práticas que realizam. Para tanto, é necessário estimular a superar suas dificuldades, mostrando-se parceiro nesta tarefa. Outra habilidade a ser desenvolvida pelo formador para conciliar este pensamento, refere-se à necessidade de dar retorno ao grupo. Esta habilidade exige que ele incentive os professores a continuarem desenvolvendo aquelas práticas que contribuem, de fato, para a melhoria da aprendizagem dos alunos e aponte as necessidades de avanço em outras práticas que ainda não estão nessa mesma direção. Ao fazermos um paralelo da formação continuada com a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva para o Atendimento Educacional Especializado podemos observar que tais modelos de 51 formação já discutidos, fazem-se essenciais para o desenvolvimento e consolidação da política de formação continuada para a Educação Especial, pois objetiva alcançar novos desafios para a formação docente, sobretudo, quando o foco de análise recai sobre o professor que a legislação define como “especialista”, neste caso o professor da Sala de Atendimento Educacional Especializado – AEE. Nesse contexto, a formação de professores, enquanto campo de produção de conhecimento tem seguido novos caminhos no atual momento histórico. Ao trazer para o foco da discussão a complexidade desse processo, que se expressa, na
Compartilhar