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educaçao e transformaçao social (2)

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1
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Educação & transformação social: (re) unindo
práticas de ensino, pesquisa e extensão
Organizadoras:
Magalia Gloger dos Santos Almeida
Melissa Welter Vargas
1a. Edição
BAGÉ
EDITORA FAITH
2020
2
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
Título: Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pes-
quisa e extensão
Organizadoras: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Capa:
Editoração Final de Capa: Editora Faith
Diagramação: Editora Faith
Copyright: ©2020 todos os direitos reservados aos autores e organizadores,
sob encomenda à Editora Faith.
ISBN: 978-65-990264-7-8
Site da Editora Faith: www.editorafaith.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
3
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Direção Geral
Caroline Powarczuk Haubert
Revisão
Organizadores
Corpo Editorial
Prof. Dr. Alfredo Alejandro Gugliano - UFRGS
Prof. Dr. Cristóvão Domingos de Almeida - UFMT
Prof. Dr. Dejalma Cremonese - UFRGS
Profa. Dra. Elisângela Maia Pessôa - UNIPAMPA
Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo - UFPEL
Prof. Dr. Gabriel Sausen Feil - UNIPAMPA
Profa. Dra. Patrícia Krieger Grossi - PUC-RS
Prof. Dr. Ronaldo B. Colvero - UNIPAMPA
Profa. Dra. Simone Barros Oliveira - UNIPAMPA
Profa. Dra. Sheila Kocourek - UFSM
Prof. Dr. Edson Paniagua - UNIPAMPA
Profa. Dra. Maria de Fátima Bento Ribeiro – UFPEL
Profa. Dra. Danusa de Lara Bonoto – UFFS
Profa. Dra. Érica do Espírito Santo Hermel – UFFS
Prof. Dr. João Carlos Krause – URI – CAMPUS SANTO ÂNGELO.
Prof. Dr. Márcio Marques Martins -UNIPAMPA
Prof. Dr. Marcos Barros - UFPE
Profa. Dra. Paula Vanessa Bervian – UFFS
Profa. Dra. Sandra Nonenmacher – IFFAR
4
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
5
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Sumário
Prefácio.........................................................................................................7
Capítulo 1 - Seminário de Ações Extensionistas (2019): relato de experiência no
IFFAR – Campus Frederico Westphalen/RS (Marcos Jovino Asturian, Leocir
Bressan, Tatiane Carla Presotto Asturian) .......................................................... 9
Capítulo 2 - Análise das Expectativas de Discentes do Curso Técnico em Informática
Mediotec (EAD) do CR Candelária/IFFAR (Giancarlo Bazarele Machado Bruno,
Anderson Fetter, Eliani Teichmann, Margarete Slim de Almeida) .................... 21
Capítulo 3 - Autonomia, Disciplina e Independência no Curso de Multimeios Di-
dáticos-EAD/Centro de Referência Candelária (Giancarlo Bazarele Machado Bru-
no, Lídia Schwantes Hoss, Anderson Fetter) .................................................... 35
Capítulo 4 - A Influência da Herança Cultural Familiar na Educação (Maicon Rafael
Hammes, Marcela Hammes Teixeira, Denize Grzybovski) ................................ 47
Capítulo 5 - Uso de Smartphone como Complementação do Ensino em Química
(Flávia Michelon Dalla Nora, Morgana Doneda, Tássia da Silva
Seeger)...................................................................................................................57
Capítulo 6 - A Influência Fronteiriça na Construção da Identidade Cultural de São
Borja (RS) (Daniel Sarmento Pereira, Fernanda de Magalhães Trindade, Muriel
Pinto) ............................................................................................................ 73
Capítulo 7 - Ensino Remoto e a Matemática: ferramentas utilizadas no técnico em
estética integrado - PROEJA (Cristiane da Silva Stamberg) ............................ 93
Capítulo 8 - Jogo Computacional como uma Estratégia Pedagógica para o Ensino
da Matemática Associado à Discalculia (Edson Bruxel, Cristiane da Silva
Stamberg).. .................................................................................................. 109
Capítulo 9 - A Contribuição da Comunicação Não Violenta para uma Cultura de
Paz (Simone Barros de Oliveira, Monique Soares Vieira, Maísa Dorneles
Casagrande).... ............................................................................................. 127
Capítulo 10 - A Covid e as Demandas Estratégicas de Políticas Públicas Educacio-
nais de Zona Fronteiriça (Eva Ferreira Jornada) ........................................... 139
Capítulo 11 - A Educação Ambiental como Ferramenta na Prevenção a Enchentes
na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul (Daniele Bonapace dos Santos Lencina,
Jaqueline Carvalho Quadrado) ..................................................................... 165
6
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
Capítulo 12 - A Importância do Ensino dos Conceitos (Por Quês?) da Matemática
 (Felipe Klein Genz, Odair Menuzzi)............................................................175
Capítulo 13 - O Trabalho Extensionista como Forma de Conscientização quanto ao
Descarte de Medicamentos e a Automedicação (Ana Paula Augustin Padilha,
Fernanda Hart Garcia, Denis da Silva Garcia) ............................................. 187
Capítulo 14 - Proposta de Investigação sobre a Composição do Leite e Fraudes
como uma Abordagem para o Ensino Médio (Tássia da Silva Seeger, Morgana
Doneda, Flávia Michelon Dalla Nora) .......................................................... 199
Capítulo 15 - Sugestões e Estratégias para o Ensino de Química no Ensino Médio
Utilizando Ferramentas Alternativas (Tássia da Silva Seeger, Flávia Michelon Dalla
Nora, Morgana Doneda) .............................................................................. 215
Capítulo 16 - Leitura do Mundo: possibilidades e necessidades da contribuição da
geografia na formação de leitores (Luiz Carlos de Santis Alves, Cristóvão Domingos
de Almeida) ................................................................................................. 231
7
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Prefácio
A presente obra intitulada “Educação e transformação social: (re) unin-
do práticas de ensino, pesquisa e extensão” tem representada por meio de seu
título a reunião de um conjunto de produções desenvolvidas por estudantes
de diferentes níveis de ensino e por docentes que atuam em diferentes áreas do
conhecimento onde experiências relacionadas ao ensino, à pesquisa e à exten-
são são apresentadas numa perspectiva da educação como prática para a trans-
formação social da realidade vivenciada.
O ano de 2020 tem sido marcado pela desconstrução de certezas e pela
construção de novas experiências e vivências, frente ao contexto social que
vivemos: a pandemia ocasionada pela SARS COVID 19. Tivemos de
readaptarmo-nos às realidades, construirmos possibilidades, discutirmos a todo
instante as formas de enfrentamento ante o contexto social que a pandemia
nos proporcionou e, em certos casos, nos reinventarmos. As tecnologias nun-
ca estiveram tão em alta como neste momento. A ciência tem se mostrado
como a nossa maior esperança na busca pelo enfrentamento e pela cura desta
doença e, como consequência, os reflexos que ela tem ocasionado em nosso
cotidiano.
Estamos vivendo em constante transformação social e, frente a isso, cabe
mais do que nunca refletirmos sobre como o conhecimento produzido pela
ciência e que envolve tecnologia e inovação pode contribuir ou tem contribu-
ído para a transformação das realidades sociais, num momento em que urge
buscarmos formas de sobrevivência.
Neste sentido, qual é o papel da Educação Formal? Qual é o papel da
Escola e da Universidade diante de um contexto de incertezas e mudanças que
assolam nosso cotidiano e diante da urgência em que estamos vivendo? Qual
o papel do ensino, da pesquisa e da extensão nesse contexto de mudanças e
ressignificações?
Certamente há que se buscarem experiências que permitam a reflexão e a
apropriação do contexto social numa perspectiva ampla, com foco no traba-
lho interdisciplinare dialógico, que oportunizem também a transformação
por meio da educação.
Muito embora não tratem especificamente sobre questões relacionadas à
8
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
pandemia que assola o mundo neste momento, os relatos de experiências rela-
cionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão apresentados nesta obra, certa-
mente potencializam o refletir e o pensar, a partir de diferentes áreas do co-
nhecimento, num processo de adaptação às realidades vivenciais, indepen-
dente de quais sejam elas. Demonstram que produzir e divulgar ciência a par-
tir das necessidades específicas da população são possibilidades de vivermos
em uma sociedade melhor, de nos adaptarmos aos desafios impostos pela soci-
edade e pela cultura.
Esse é o papel da Universidade e da Escola: promover espaços de refle-
xão, questionar práticas, desenvolver projetos colaborativos que efetivem o
desenvolvimento do tripé ensino-pesquisa-extensão. Na sociedade atual, não
cabe mais à Universidade e à Escola somente a transmissão do conhecimento.
Estamos em frente de um novo paradigma que nos incita a produzir, adaptar,
questionar. Por esse motivo, temos de ser reflexivos, propormos estratégias
que, a curto, médio ou a longo prazos permitam a transformação do pensa-
mento das pessoas e a consequente transformação das realidades sociais.
Neste sentido que lhes convidamos a ler e a se apropriar desta obra. Ela
representa a possibilidade de pensar e refletir a partir da necessidade de
vivenciarmos novos paradigmas educacionais frente aos desafios impostos no
século 21.
Boa leitura a todos e a todas.
Taniamara Vizzotto Chaves
Licenciada em Física, Mestre e Doutora em Educação
Docente de EBPTT – Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Farroupilha
9
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Capítulo 1
Seminário de Ações Extensionistas (2019):
relato de experiência no IFFAR – Campus Frederico
Westphalen/RS
Marcos Jovino Asturian1
Leocir Bressan2
Tatiane Carla Presotto Asturian3
Introdução
A justificativa da escolha de abordagem da temática proposta para este
capítulo à luz de um enfoque no Seminário de Ações Extensionistas do Insti-
tuto Federal Farroupilha - Campus Frederico Westphalen, se confunde com o
próprio papel central conferido à extensão no âmbito dos Institutos Federais,
de um modo geral. Como veremos no decorrer do capítulo e que, de forma
bastante contundente, vem respaldado nos próprios documentos legais destas
instituições de ensino, a relevância da extensão nestes educandários se faz no-
tar pela própria natureza dos mesmos uma vez que estas instituições estão
ligadas de forma umbilical com a realidade social da qual elas fazem parte. E a
extensão, enquanto abertura para a comunidade, é a forma mais efetiva de dar
vida a este co-pertencimento instituição/comunidade.
Neste sentido, é relevante notar que o Campus Frederico Westphalen do
Instituto Federal Farroupilha possui uma característica bastante importante
de ter discentes egressos de diferentes municípios da região do Médio Alto
Uruguai. Neste contexto, tanto importa mostrar aos alunos recém chegados
1 Professor de História do Instituto Federal, Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus Frederico
Westphalen; Município: Frederico Westphalen/RS; Email: marcos.asturian@iffarroupilha.edu.br;
2 Professor de Filosofia do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus Frederico
Westphalen; Município: Frederico Westphalen/RS; E-mail: leocir.bressan@iffarroupilha.edu.br;
3 Técnica de Laboratório (Biologia) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Sul - Campus Vacaria; Município: Vacaria/RS. E-mail: tatiane.asturian@vacaria.ifrs.edu.br;
10
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
que a instituição está conectada com a vida destes municípios, assim como
esta percepção discente por meio da busca de conhecimento das ações
extensionistas desenvolvidas no campus se constitui numa forma dos educandos
conhecerem a própria natureza da instituição da qual passam a fazer parte.
A partir desta configuração, o capítulo parte de breves considerações re-
ferentes à proposta dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia
quanto às políticas de atendimento e atuação. Este caminho conduz às ponde-
rações acerca das Políticas de Extensão no Instituto Federal Farroupilha, pre-
sentes no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI - 2019 - 2026). Nes-
se sentido, essas considerações serão aqui pautadas, sobretudo, por meio da
interlocução com os as leis que regem estas instituições. Aqui se verá relativa
originalidade destas instituições mediante o fato de que elas se conectam for-
temente com a realidade sociogeográfica na qual estão inseridas. Estas caracte-
rísticas, como se verá, tornam premente a função desempenhada pela exten-
são de abrir-se à comunidade.
A proposta deste capítulo é, assim, inicialmente, discorrer brevemente
(inclusive através do diálogo com as leis que criam e regem estas instituições)
acerca do papel dos Institutos Federais para as comunidades que os abrigam,
bem como situar o lugar da extensão neste contexto para, num segundo mo-
mento, enfocar um exemplo de como é gestada a percepção da importância da
extensão neste cenário, mediante a realização de um Seminário de Ações
Extensionistas com alunos do 1º ano do Curso de Ensino Médio Integrado.
Palavras-Chave: Extensão, Curricularização, Ensino.
Metodologia
Em termos metodológicos, ocorreram aulas expositivas e dialogadas acerca
do conceito de extensão, conforme o PDI 2019/2026 do IFFar. Posterior-
mente, os discentes foram divididos em sete grupos de cinco integrantes. Cada
grupo entrevistou um proponente de uma ação extensionista desenvolvida
pelo campus Frederico Westphalen, realizada nos últimos três anos.
O respectivo questionário – elaborado pelos docentes – continha as se-
guintes perguntas: a) Qual o título e ano de execução da ação extensionista? b)
Nome e função do proponente da ação extensionista? c) A ação envolveu
11
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
quantos discentes? d) Quais os cursos dos respectivos discentes? e) Os discen-
tes tiveram fomento? f ) Qual o objetivo da ação extensionista? g) Qual era o
público-alvo (especificar o público externo)? h) Qual o papel da atividade
extensionista na formação técnica ou acadêmica do discente? i) A ação teve
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão? j) Ocorreu interação
dialógica entre a instituição e os setores sociais (ex: a ação foi demandada pela
comunidade local e regional? k)A ação teve instituições parceiras?)? l) Quais
foram os impactos da ação na comunidade local e regional? m) Qual a opinião
do proponente em relação à política de extensão do IFFar (formação
institucional, programas institucionais, disponibilidade de tempo para plane-
jamento e execução, disponibilidade de recursos, etc.)?
Após os dados coletados nas entrevistas – por meio de gravações e trans-
crições, assim como via e-mail – foi realizado o Seminário com as apresenta-
ções dos grupos e debates entre os participantantes, ou seja, discentes do pri-
meiro ano do Curso Técnico Integrado em Administração, servidores do
campus, o Coordenador do Curso Técnico em Administração, a Diretora de
Pesquisa, Extensão e Produção, assim como do Coordenador de Extensão.
Por fim, os grupos produziram os seus respectivos relatórios contendo as en-
trevistas, bem como as observações embasadas no estudo da política
extensionista do IFFar, conforme o seu PDI (2019/2026). O processo – par-
ticipação nas aulas, entrevistas, seminário e relatórios – foi avaliado no segun-
do semestre de 2019 nas disciplinas de filosofia e história (três pontos para
cada disciplina).
Resultados e Discussões
Ao se pretender buscar o lugar da extensão no contexto dos Institutos
Federais, é preciso remontar-se à sua gênese em termos de concepção. Dife-
rentementedas Universidades, de um modo geral, pode-se dizer que os Insti-
tutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia nascem de uma preocupa-
ção com o contexto geográfico e social no qual estes estão inseridos.
É nesse sentido que a criação das unidades é gestada através de um estu-
do estratégico que leva em consideração as potencialidades regionais. É tam-
bém com este viés que estas unidades são pensadas de modo a serem
estabelecidas em locais que ainda careçam de um maior desenvolvimento so-
cial, econômico e cultural. Dessa forma, a extensão, enquanto mecanismo de
12
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
dialogicidade com a sociedade, se constitui neste meio tanto de compreensão
e sensibilização para os problemas sociais e suas soluções quanto de
(re)significação em termos pedagógicos no sentido de estabelecer conexões
entre os conteúdos técnico-científicos e o mundo do trabalho.
É o que referenda Patrão (2009) quando sustenta que
os egressos das instituições de ensino se revelam como atores
potencializadores de articulação com a sociedade, como fontes de infor-
mações que possibilitam retratar a forma como a sociedade em geral per-
cebe e avalia essas instituições, tanto do ponto de vista do processo educa-
cional, como também do nível de interação que se concretiza.
Ora, entender os egressos como “atores potencializadores de articulação
com a sociedade” tem um significado duplo: por um lado, este processo revela
a importância da realidade concreta vivida por estes educandos. Ou seja, o
processo de aprendizagem que estes sujeitos estão construindo não é senão o
resultado das suas próprias vivências. Busca-se, assim, a solução de problemas
que fazem parte do dia-a-dia destes educandos. Porém, além da importância
pedagógica de significar a aprendizagem dos alunos extensionistas através de
sua participação em questões que lhes são muito habituais e familiares, este
processo carrega ainda a importância de dar visibilidade àquilo que é desen-
volvido na instituição. Sob esta ótica, o protagonismo dos egressos nas ações
extensionistas proporciona uma espécie de “prestação de contas” da institui-
ção para a sociedade que lhe deu razão de existir.
Se buscarmos respaldo para esta abertura à comunidade na qual estas
instituições estão inseridas, o podemos encontrar na própria legislação que as
criou. É assim que encontramos este canal de comunicação com este contexto
geográfico e social na lei de criação dos Institutos Federais, a chamada Lei
11.892, de 29 de dezembro de 2008. Quando trata das finalidades e caracte-
rísticas dos Institutos Federais, a referência de forma direta ou indireta ao
papel da extensão aparece em praticamente todas as alíneas deste artigo, como
se percebe na citação a seguir:
Das Finalidades e Características dos Institutos Federais
Art. 6o Os Institutos Federais têm por finalidades e características:
13
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e
modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação
profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvi-
mento socioeconômico local, regional e nacional; II - desenvolver a edu-
cação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo
de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas
sociais e peculiaridades regionais;
III - promover a integração e a verticalização da educação básica à
educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura
física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão; IV - orientar sua
oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos ar-
ranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no
mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e
cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; V - constituir-se em
centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciênci-
as aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito
crítico, voltado à investigação empírica; VI - qualificar-se como centro de
referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas
de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos
docentes das redes públicas de ensino; VII - desenvolver programas de
extensão e de divulgação científica e tecnológica; VIII - realizar e estimu-
lar a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o
cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; IX - pro-
mover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias
sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente (BRA-
SIL, 2008).
Com base nisso, pode-se afirmar que aquilo para o que vieram estas ins-
tituições está conectado com as demandas locais de cada região. É neste senti-
do que a constituição de cada unidade deve ser gestada a partir destes anseios
da comunidade local. Isso conduz à pergunta pelos objetivos destas unidades.
E, novamente, para referendar este apelo ao contexto específico às condições
geográficas e sociais de cada região, agora pautado nos objetivos presentes na
lei de criação destas instituições, podemos pontuar três alíneas, as quais estão
em consonância com este cenário:
III - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de solu-
ções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade;
IV - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e
finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o
14
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção,
desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos;
V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de traba-
lho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvi-
mento socioeconômico local e regional (BRASIL, 2008).
Ora, ao tomar-se sob reflexão a lei de criação dos Institutos Federais,
percebe-se a grande importância conferida à extensão na concepção do pro-
cesso formativo. Pensar o processo educacional desta forma significa conside-
rar que a educação não se completa dentro de uma sala de aula por meio da
pesquisa, mas deve abrir-se à comunidade na qual está inserida.
No Brasil, o princípio da indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e
Extensão vem consagrado pelo famoso artigo 207 da Constituição Federal de
1988. Este artigo prevê que as universidades terão “a autonomia didático-
científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao
princípio de indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão”. Tal princí-
pio vem embasado na concepção de que o processo de ensino/aprendizagem
somente se completa tendo a presença do tripé Ensino/Pesquisa/Extensão.
Muito embora este artigo tratasse das Universidades, o parágrafo segundo
amplia sua aplicação à todas as instituições de pesquisa científica e tecnológica
sendo, portanto, estendida aos Institutos Federais, criados a partir de 2008.
Importante ressaltar que, ainda que por muitas vezes equiparados em
muitos sentidos, a extensão se constitui numa característica que diferencia os
Institutos Federais com relação às Universidades. De um modo geral, pode-se
dizer que, enquanto as universidades se ocupam, sobretudo, da pesquisa, -
embora, por vezes, desconectada da realidade geográfica e social na qual estão
inseridas - os Institutos Federais, por sua vez, têm sua razão de existir exata-
mente em função da comunidade que os acolhe. É neste sentido que importa
saber quais são as demandas encontradas dentro daquele contexto. Nesse sen-
tido, a extensão, enquanto abertura da instituição para a sociedade, deve, por
isso mesmo, estar vinculada às reais necessidades daquele local. De outra for-
ma, a pesquisa, característica fundante das universidades, está mais preocupa-
da com oconhecimento objetivo e universalizável, aplicável ou não no con-
texto em que elas estão inseridas.
A extensão no IFFar é compreendida como um processo educativo, cul-
tural, social, científico e tecnológico que promove a interação transformadora
15
Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
entre as instituições, os segmentos sociais e o mundo do trabalho local e regi-
onal, com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos
científicos e tecnológicos, visando ao desenvolvimento socioeconômico,
ambiental e cultural sustentável, em articulação permanente com o ensino e a
pesquisa (IFFAR – PDI 2019/2026, p. 62). Portanto, a atividade justifica-se
ao promover junto aos discentes o conhecimento quanto a relevância das po-
líticas extensionistas da instituição em relação a comunidade local e regional.
O Seminário de Ações Extensionistas foi desenvolvido nas disciplinas de
história e geografia como atividade adjacente ao projeto de curricularização da
pesquisa e da extensão no primeiro ano do curso técnico integrado em admi-
nistração, conforme Instrução Normativa nº. 001/2019 que normatiza a exe-
cução do projeto piloto de curricularização da extensão e da pesquisa no âm-
bito do IFFar.
O objetivo geral do trabalho foi compreender as políticas de extensão do
IFFar, conforme o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – 2019/
2026). Além disso, conhecer as ações extensionistas desenvolvidas no IFFar –
Campus Frederico Westphalen, assim como motivar os discentes para serem
extensionistas.
Apresentaram-se por meio das arguições no Seminário de Ações
Extensionistas, bem como dos relatórios produzidos pelos discentes aspectos
interessantes para a reflexão acerca da Extensão no IFFar – Campus Frederico
Westphalen. Registra-se que os propositores das ações extensionistas foram
majoritariamente docentes. Nesse sentido, destacou-se a necessidade de uma
maior divulgação dos editais institucionais, das ações desenvolvidas, assim como
de espaços de formação entre discentes e técnico-administrativos em educa-
ção (TAEs).
Abordou-se uma questão nevrálgica concernente a viabilização de ações
extensionistas envolvendo docentes, discentes e TAEs: o tempo reduzido, ou
seja, a prevalência de atividades ligadas ao ensino ou dos respectivos setores de
trabalho. Outro ponto fundamental que necessita maior aprofundamento re-
fere-se a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. A pesquisa – por
exemplo – foi parcialmente contemplada e, consequentemente, a produção
científica insuficiente.
De acordo com Eliezer Pacheco (2015, p. 33),
Para que os alunos se transformem em sujeitos da história, é necessário
16
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
que eles recebam uma educação integral, que os tornem capacitados a
produzirem conhecimentos [...] A pesquisa deve ser o princípio pedagó-
gico central de qualquer processo de aprendizagem. Isso é válido para
todos os níveis de ensino. No caso da educação profissional e tecnológica,
a pesquisa só tem sentido quando se transforma em extensão, pois ela,
necessariamente, tem de ser aplicada, útil a sociedade [...]
Revelou-se evidente a busca de estratégias para superar essa deficiência
em termos institucionais. Destarte, indica-se a curricularização da pesquisa e
da extensão como uma via para fins de superação tanto da questão do tempo
reduzido para o desenvolvimento das ações quanto para a produção na área da
pesquisa.
Sobre a curricularização,
No ano de 2014, com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE),
Lei Nº 13.005/2014, a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Exten-
são ganha mais força e passa a ser regulamentada por lei, mais especifica-
mente no que tange à inclusão das ações de Extensão de forma curricular.
A lei determina, na Meta 12, dentre outras estratégias, a integralização de,
no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigi-
dos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária,
orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência
social. Essa exigência desafia o IFFar a repensar suas práticas, o currículo
e a forma de trabalhar a Extensão e a Pesquisa, assumindo o compromisso
de ir além do previsto em lei, incluindo ações de Extensão não somente
no currículo da graduação, como também nos cursos técnicos, assim como
curricularizar a Pesquisa nos currículos dos cursos técnicos e de Gradua-
ção. Para tanto, os projetos pedagógicos dos cursos deverão passar por
revisão e prever progressivamente a curricularização da pesquisa e da ex-
tensão, integrando-as ao processo de ensino (IFFAR
– PDI, 2019/2026).
Pontua-se a relevância da prática extensionista concernente a formação
técnica e/ou acadêmica discente. Em outras palavras, a experiência dos dis-
centes desde o processo de planejamento das atividades até a execução das
ações, ou seja, o discente deixando de ser um expectador do conhecimento
trabalhado pelo docente tornando-se protagonista do processo. Também, ave-
riguou-se positivo o contato entre discentes e público externo para fins de
compreensão do perfil do egresso dos respectivos cursos: prática – interface
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
ensino/extensão – que aproxima do mundo do trabalho.
Convém analisar isso mais demoradamente. Qual é o sentido da expres-
são mundo do trabalho? O objetivo central dos Institutos Federais não é for-
mar um profissional para o mercado, mas sim um cidadão para o mundo do
trabalho, isto é, um cidadão que tanto poderia ser um técnico quanto um
escritor. Portanto, a Rede Federal deveria preocupar-se com o estudo das no-
vas formas de inserção no mundo do trabalho e novas formas de organização
produtiva.
Segundo Eliezer Pacheco (2015),
O que está em curso [...] reafirma a formação humana, cidadã, precede a
qualificação para a laboralidade e pauta-se no compromisso de assegurar
aos profissionais formados a capacidade de manterem-se em desenvolvi-
mento. Assim, a concepção de educação profissional e tecnológica que
deve orientar as ações de ensino, pesquisa extensão nos Institutos Federais
baseia-se na integração entre ciência, tecnologia e cultura como dimen-
sões indissociáveis da vida humana [...]
Em relação ao fomento das atividades aponta-se a necessidade de ampli-
ação do quantitativo de bolsas para discentes e o aumento de recursos para
financiar despesas de custeio. A insuficiência de recursos financeiros foi subli-
nhada como substancial na minimização dos impactos das ações extensionistas
na região que o campus está inserido. Em 2019, ocorreu o contingenciamento
orçamentário do governo federal, ou seja, a retenção de 30% do orçamento
para verbas de custeio e investimentos das instituições federais.
A política de austeridade econômica atinge diretamente as comunidades
vulneráveis que mais precisam da atuação destas instituições. Os Institutos
Federais - por exemplo - interagem diretamente com os arranjos produtivos
locais por meio da identificação dos problemas e criando soluções científico-
tecnológicas para o desenvolvimento sustentável com inclusão social.
Verificam-se ainda dois aspectos interessantes. Primeiro, a continuidade
das ações extensionistas – mais edições do mesmo projeto – e o processo de
consolidação institucional na região. Segundo, a interação dialógica entre a
instituição e a comunidade local, considerando as demandas da comunidade e
as parcerias com a sociedade civil organizada, órgãos públicos, cooperativas e
empresas privadas. Avaliou-se como positivo os impactos - dentro dos limites
do contingenciamento - das ações por meio do papel transformador do IFFar
18
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
no desenvolvimento local e regional.
A Extensão nos Institutos Federais,
[...] É entendida como a extensão que incorpora todos os níveis e moda-
lidades de ensino e pesquisa em que os Institutos Federais atuam ou pro-
duzem [...]consiste em uma das formas de interação da população com
essas instituições. Por isso, pressupõe uma relação dialética com as comu-
nidades, disponibilizando ao público “externo” às Instituições o conheci-
mento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos pelas Institui-
ções [...] propiciando a produção de novos conhecimentos culturais, ci-
entíficos e tecnológicos advindos dessa relação. A Extensão exige a parti-
cipação dos setores da Instituição junto às comunidades de seu entorno,
principalmente a extensão dos campi, na elaboração e implementação de
políticas públicas voltadas para a maioria da população, para a qualifica-
ção e educação permanente de gestores de sistemas sociais e para a
disponibilização de novos meios e processos de produção, inovação, trans-
ferência de tecnologia e troca de conhecimento, permitindo a ampliação
do acesso ao saber e o desenvolvimento tecnológico e social local e nacio-
nal (PACHECO In ANJOS; RÔÇAS, 2017).
Por fim, registram-se os resultados satisfatórios da instituição na comu-
nidade local e regional, assim como observou-se que as ações institucionais
estiveram voltadas para a inclusão social, para o desenvolvimento
socioeconômico local e regional e para a defesa do meio ambiente, assim como
as demais prerrogativas que permeiam os valores, os princípios e a missão do
IFFar.
Conclusões
Àguisa de conclusão, observa-se na legislação vigente que às finalidades e
características dos Institutos Federais devem estar em consonância com as
demandas locais e regionais. Ademais, torna-se elementar a busca pela cons-
trução da cidadania, ou seja, o desenvolvimento de ações extensionistas -
indissociáveis do ensino e da pesquisa - em prol de uma sociedade mais demo-
crática, inclusiva e equilibrada social e ambientalmente. Para tanto, é funda-
mental a relação dialógica dessas instituições com a realidade local e regional.
O Seminário de Ações Extensionistas possibilitou a compreensão das
políticas de extensão do IFFar - conforme o seu Plano de Desenvolvimento
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Institucional - e o conhecimento acerca das ações extensionistas desenvolvidas
pelo campus Frederico Westphalen. O respectivo Seminário objetivou motivar
os discentes para serem extensionistas. Evidentemente, não se trata de uma
análise da política de extensão realizada no campus, pois analisou-se apenas
um pequeno percentual de ações desenvolvidas nos últimos três anos. Toda-
via, é possível averiguar aspectos relevantes que poderão contribuir para fins
de reflexões concernentes aos avanços, limitações, desafios e possibilidades
sobre as práticas extensionistas.
Observou-se a necessidade de uma maior divulgação dos editais
institucionais, das ações desenvolvidas e de espaços de formação entre discen-
tes e técnico-administrativos em educação (TAEs). Além disso, destacou-se a
questão do tempo reduzido para a extensão, ou seja, dificultando a realização
de ações extensionistas, inclusive no tocante aos docentes em virtude da
prevalência de atividades ligadas ao ensino.
Entre outras limitações pode-se observar a indissociabilidade entre ensi-
no, pesquisa e extensão. A pesquisa – por exemplo – foi parcialmente contem-
plada e, consequentemente, a produção científica insuficiente. Nesse sentido,
a curricularização da pesquisa e da extensão foi indicada como uma forma de
superação tanto da questão do tempo reduzido para o desenvolvimento das
ações quanto para a produção na área da pesquisa.
Em relação aos avanços, pode-se destacar: o protagonismo discente na
execução das ações extensionistas e a importância delas na formação técnica e/
ou acadêmica; a continuidade de ações e, consequentemente, o processo de
consolidação institucional no município de Frederico Westphalen e na região
do médio Alto Uruguai; a interação dialógica entre o IFFar e a comunidade
local e regional;
No ano de 2019, o contingenciamento orçamentário do governo federal
atingiu os Institutos Federais com implicações negativas nas políticas
extensionistas. Assim, evidenciou-se dois desafios: O primeiro, a importância
acerca da captação de recursos financeiros externos para desenvolvimento de
projetos. O segundo, a necessidade de publicizar sistematicamente as ações
extensionistas, cuja finalidade é o apoio da comunidade, pois deve-se reafir-
mar que o IFFar representa uma inovação educacional importante para a re-
gião que está inserido e tem a missão de apoiar o desenvolvimento local por
meio de ações de ensino técnico e tecnológico, pesquisa aplicada (inovação) e
extensão.
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)] Constituição da República Federativa
do Brasil : texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com
as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1
a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto
Legislativo no 186/2008. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edi-
ções Técnicas, 2016.
BRASIL. Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede
Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institu-
tos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/
lei/l11892.htm. Acesso em: 11 agosto de 2020.
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA FARROUPILHA. Plano de Desenvolvimento Institucional
(2019-2026). Santa Maria, 2019.
INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 001/2019. Normatiza a execução
do projeto piloto de curricularização da extensão e da pesquisa no âmbito
do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha. Santa
Maria, 2019.
PACHECO, Eliezer. Fundamentos político-pedagógicos dos Institutos
Federais: diretrizes para uma educação profissional e tecnológica
transformadora. Natal: IFRN, 2015.
__________, Eliezer. Institutos Federais: uma revolução na
educação profissional e tecnológica. In: ANJOS, Maylta Brandão dos;
RÔÇAS, Giselle. As políticas públicas e o papel social dos Institutos Fede-
rais de Educação, Ciência e Tecnologia. Natal: IFRN, 2017.
PATRÃO, Carla. Pesquisa Nacional de Egressos dos Cursos Técnicos
da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica -2003-2007. 2009.
Disponível em www.redenet.edu.br. Acesso em: 15 de agosto de 2020.
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Capítulo 2
Análise das Expectativas de Discentes do Curso
Técnico em Informática Mediotec(EAD)
do CR Candelária/IFFAR
 Giancarlo Bazarele Machado Bruno1
Anderson Fetter2
Eliani Teichmann3
 Margarete Slim de Almeida4
 Introdução
A Educação a Distância - EaD - é uma modalidade de ensino cada vez
mais difundida no país. Para Passos (2018), a “educação a distância, atual-
mente, atinge todos os cantos da terra e sua oferta cresce a cada dia”. A EaD
vem suprindo e amenizando a situação da população que necessita de forma-
ção para ter acesso igualitário ou até mesmo inclusão social, traz possibilida-
des de desenvolvimento de competências, aprimoramento pessoal e profissio-
nal, transpõe barreiras, alcança lugares que no ensino presencial muitas vezes
não é possível. Nessa perspectiva, Cortelazzo (2010) se refere à modalidade
como uma abordagem eficaz para diminuir as grandes desigualdades sociais.
Na esteira da interiorização do acesso à educação, inúmeras instituições e
consórcios vem oportunizando gradativamente o aumento de matrículas na
1 Coordenador do Centro de Referência Candelária (out/2015-mar/2020), Docente de Educação Física
do Instituto Federal Farroupilha - Campus Frederico Westphalen, Doutorando em Saúde da Criança e
do Adolescente UFRGS, Mestre em Educação Física CDS-UFSC, gbasket@hotmail.com
2 Coordenador de Assistência Estudantil IFFar Campus Jaguari, Docente de Educação Física do Instituto
Federal Farroupilha - Campus Jaguari, Mestre em Educação e Formação de Adultos ESE/IPP - Porto-
Portugal, anderfetter@gmail.com
3 Tutorado Curso de Informática Mediotec (ago/2017-jun/2019), Licenciada em Ciências Biológicas,
eliani.teichmann@hotmail.com
4 Pedagoga do Curso de Informática Mediotec (ago/2017-jun/2019), Licenciada em Pedagogia,
Especialista em Neuropsicopedagogia Educação Especial e Inclusiva, margareteslimdealmeida@gmail.com
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
modalidade EaD, que conforme levantamento do Censo Digital EaD de 2018
da ABED, oportunizou o acréscimo de mais de 1,5 milhões de matrículas de
2017 para 2018, totalizando mais de 9,3 milhões em todo país. (ABED, 2018).
Fundamentado pela Lei n.º 12.513, de 26 de outubro de 2011, que
institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego
(Pronatec) e a Portaria n.º 817, de 13 de agosto de 2015, que estabelece as
normas de execução da Bolsa Formação, o Mediotec é uma iniciativa do Mi-
nistério da Educação que busca estender a oferta de vagas em cursos técnicos
concomitantes de forma gratuita, a alunos regularmente matriculados no en-
sino médio das redes públicas de educação. A oferta do Curso Técnico em
Informática EaD concomitante ao Ensino Médio, proposto pelo Governo
Federal em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do
Sul (SEDUC), trouxe para o Centro de Referência Candelária, cinquenta va-
gas que foram distribuídas entre os alunos das escolas públicas estaduais e
bolsistas de uma escola particular. Estes estudantes vieram de diversas locali-
dades do município, tanto do interior como da cidade.
O curso foi desenvolvido através da plataforma MOODLE e sua estru-
tura organizacional composta de uma equipe multidisciplinar, sendo que o
atendimento presencial foi realizado por uma professora mediadora e uma
pedagoga.
Abordaremos alguns pontos relevantes, pois os assuntos são inesgotáveis,
através de um relato de nossa experiência como equipe, e posteriormente
faremos uma análise do questionário aplicado com os alunos, o qual busca
identificar alguns fatores como, as facilidades e dificuldades de acesso, à im-
portância dos momentos presenciais da equipe, processos de aprendizagem
bem como as conclusões dos alunos sobre este modelo de ensino.
Na análise dessas perspectivas, traçou-se um delineamento de fatores
considerados facilitadores, bem como os obstáculos, os prós e os contras de
uma experiência de educação profissional na modalidade a distância.
O objetivo deste trabalho é colaborar com a reflexão à respeito das expe-
riências vividas pela equipe e pelos alunos durante o curso. Por ser uma expe-
riência totalmente nova e diferente daquilo que os alunos estão acostumados
em suas rotinas diárias de aulas presenciais e necessitar de habilidades que
exigem uma certa maturidade e comprometimento, pode se dizer que foi um
processo de muitas angústias e incertezas, mas com resultado satisfatório.
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Palavras-chave: Alunos. Educação à Distância. Mediotec. Técnico em
Informática Ead.
O curso técnico em informática concomitante Mediotec do CR
Candelária - expectativas e as perspectivas de educadores e alunos
A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de ensino prevista no
Art. 80 da Lei 9.394 de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educa-
ção Brasileira. Regulamentada pelo Dec. 5.662, de 2005, a EaD caracteriza-se
por ser uma modalidade educacional cujo processo de mediação didático-
pedagógica ocorre por meio de tecnologias de informação e comunicação.
(Welter, Forigo e Mumbach, 2018).
O IFFar, buscando transpor barreiras geográficas no intuito da
interiorização da educação, comprometendo-se em disponibilizar ensino pú-
blico, gratuito e de qualidade, com a democratização do uso crítico das
tecnologias, em 2012 constitui a Diretoria de Educação a Distância (DEAD)
como instância administrativa das ações da modalidade, cujos passos iniciais
se dirigiram na constituição de ações que viessem a reconhecer e valorizar a
modalidade como meio de concertação social capaz de mitigar problemas de
formação educacional e profissional em demandas locais (Costa et al, 2018).
Inserido no Plano de Desenvolvimento Institucional de 2014, a Política
de EAD e as estratégias de expansão do ensino oportunizaram a criação de
Centros de Referência em cidades estratégicas que abarcam localidades cujas
instituições que oferecem educação profissional e tecnológica ainda não se
fazem presentes. (PDI IFFar, 2014)
O Centro de Referência Candelária surgiu de uma parceria do IFFar
com a Prefeitura Municipal de Candelária, este esteve situado junto ao Colé-
gio Nossa Senhora Medianeira até fevereiro de 2020, onde dispunha de uma
sala administrativa, dois laboratórios de informática (um próprio e outro fo-
mentado pela Prefeitura), contava com um coordenador, servidor do instituto
e um agente administrativo cedido pela prefeitura. Após uma remodelação na
estrutura do IFFar com a extinção de alguns Centros de Referência devido à
ausência de políticas de expansão da Rede Federal por parte do Governo Fede-
ral, houve a migração dos cursos e estruturas para um Polo de Educação à
distância em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB).
A equipe para atuar no programa Mediotec, foi selecionada por meio de
24
Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
edital com processo seletivo de títulos, onde estipulava a remuneração por
bolsa formação que contam com o suporte da equipe a distância. Nesta pers-
pectiva, o Centro de Referência Candelária do IFFar se inseriu, em outubro
de 2015, como espaço estratégico para acolher a demanda educacional e
formativa daquela cidade e imediações. Uma das estratégias utilizadas pela
coordenação foi implementar a proposta do Mediotec EaD, com o propósito
de ofertar educação profissional técnica de nível médio na modalidade de
EaD, articulado, de forma concomitante, para estudantes que estejam cursan-
do o Ensino Médio presencial regular na rede pública de ensino da cidade de
Candelária e localidades adjacentes.
O Curso Técnico em Informática Concomitante Mediotec Ead, ampa-
rado pelas Diretrizes Institucionais da organização administrativo-didático-
pedagógica para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio no
IFFarroupilha, pela Resolução CONSUP nº 102/2013, a partir da escolha do
seu eixo tecnológico, aponta como melhor opção de oferta justificado muito
em razão da constante evolução das tecnologias da informação e comunicação
que levou ao aumento da demanda de profissional na área de informática. O
referido curso observou intrinsecamente todas as disposições do Documento
de Referência do programa Mediotec Ead, tomando como base as legislações
vigentes para as instituições educacionais. Assim, embasado no Catálogo Na-
cional dos Cursos Técnicos do Ministério da Educação, surge o Curso de
Educação Profissional Técnico em Informática de Nível Médio Concomitante
a Distância, vindo ao encontro da realidade do mundo do trabalho demanda-
do pela comunidade de Candelária.
 Devido a contínua evolução da tecnologia houve um crescimento da
demanda por profissionais na área da informática, como forma de minimizar
este déficit no mercado de trabalho, o Ministério da Educação apresentou
uma nova ação do Programa Nacional do Ensino Técnico e Emprego
(PRONATEC), implementando o Mediotec EaD.
Conforme o Projeto Pedagógico do Curso (2017), esta ação tem entre
seus propósitos, formação técnica profissional como mais uma alternativa
para o jovem, que ao final da educação básica terá diploma de ensino médio e
um diploma de curso técnico, ampliando as chances de inserção profissional
quando da conclusão do ensino regular.
Certamente os adolescentes necessitam opções que incentivem a prepa-
ração para o mercado de trabalho, entretanto à educação a distância exige
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
muitas características que nesta fase do desenvolvimento humano como a au-
tonomia, e que muitas vezes não está totalmentepresente nos alunos. Além
disso, o sistema público de ensino ainda não está equipado com tecnologia
suficiente para que esses alunos tenham domínio da aprendizagem através
dela apesar dos esforços em fomentar laboratórios tecnológicos para tal obje-
tivo.
Embora esta modalidade esteja em expansão no Brasil e traga uma ideia
de flexibilidade na forma de estudar, até então era ofertada para adultos prin-
cipalmente aqueles com dificuldades de frequentar cursos presenciais e ou por
quem buscasse conhecimento ou qualificações para fins de promoções ou
melhorias de salários.
Esta experiência de oferta para adolescentes num modelo totalmente di-
ferente daquilo a que estão acostumados, onde o tempo todo o professor está
orientando, mediando, dando as coordenadas, para um modelo que o aluno
passa a ser o gestor da própria aprendizagem, é possível sim, mas o grau de
dificuldade é grande, pois o aluno precisa ser autônomo, proativo, e muito
responsável.
Uma das preocupações dessa modalidade é exatamente a falta de proxi-
midade entre professor e aluno, que exige atenção e constante inovação de
ferramentas para atingir sempre mais interação (Almeida, 2009).
A adolescência é marcada por profundas transformações físicas e psico-
lógicas, uma fase de amadurecimento em que adentram nos direitos e deveres
da vida adulta, iniciam suas escolhas, decisões, realizações pessoais, mas sem-
pre guiados e amparados pelos adultos. Como passar então, a ser esse sujeito
maduro que o modelo de ensino necessita? Para Prado (2017) na fase da ado-
lescência existe a tomada da consciência das inúmeras possibilidades que o
futuro lhe oferece, ao mesmo tempo,torna-se consciente das limitações pesso-
ais e externas impostas pelo meio em que vive, e isso pode ser repercutido no
ambiente EaD.
Na EaD ocorre a transposição de barreiras de espaços físicos e sociais,
democratizando o acesso ao conhecimento, prevê a construção da autonomia
do aluno no processo de ensino aprendizagem, exige habilidades muitas vezes
inexistentes na maioria dos educandos, mas que podem ser adquiridas com
empenho e compromisso. Nessa modalidade, o aluno constrói seus métodos
de aprendizagem e assume maior responsabilidade sobre a construção do co-
nhecimento que irá colaborar para seu desenvolvimento integral. Isso não
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
significa que ele se educa sozinho, mas que torna fato uma possibilidade.
Ainda estamos, é claro, em fase de aprendizagem, essa foi a primeira
oferta da instituição, mas o caminho para se chegar a bons índices de aprendi-
zagem e conclusão de cursos nesta modalidade parece não estar bem delinea-
do ainda, visto que não passa somente pelo fator motivacional, mas talvez pela
maturidade para escolha profissional que vem permeada de muitos outros
fatores. Essa falta de sucesso na modalidade não é restrito somente ao ensino
concomitante, como vemos a seguir:
A evasão, abandono ou desistência escolar são problemas rotineiros que se
apresentam nas mais diferentes instituições, sejam elas públicas ou priva-
das, em diferentes graus de escolarização, do ensino fundamental ao uni-
versitário e que de alguma forma desafiam a capacidade de educadores,
governantes e do sistema social em que vivemos. Sendo a instituição de
caráter público ou privado, os efeitos onerosos são sentidos, impactando
desperdício de dinheiro público ou déficit em arrecadação no setor priva-
do. (SILVA, 2018).
O discente se coloca em um divisor de águas em sua vida/carreira, onde
vive um momento de indecisões, de preparação para o ENEM, de necessidade
de entrar no mercado de trabalho para melhorar a renda familiar, e principal-
mente diante da falta de maturidade para gerenciar o tempo e ter autonomia
e autodisciplina, o que muitas vezes os adultos não conseguem, nos trás uma
dificuldade de lidar com esse público, de conseguir um bom índice de desem-
penho e de ajudá-los a chegar ao diploma final.
A Educação a Distância (EaD) é a modalidade de ensino que mais vem
crescendo no país. Segundo o artigo Sala de Aula Invertida em EaD: uma
proposta de Blended Learning (2013), Suhr e Ribeiro consideram a Educação
a Distância uma ferramenta maravilhosa em prol da democratização no Bra-
sil, mas para isso é necessário que se busque a constante melhoria de sua qua-
lidade.
No Centro de Referência Candelária os 50 alunos eram provenientes de
escolas públicas ou bolsistas da escola particular e foram divididos em 3 tur-
mas para atendimento no turno inverso ao ensino regular, onde uma das tur-
mas era no turno da manhã, outra no turno da tarde e a terceira turma no
sábado pela manhã atendendo não apenas o contraturno da escola como tam-
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
bém havia a opção de quem trabalhava e estudava de utilizar o sábado como
alternativa.
Para que alunos menores de idade pudessem participar da aula neste dia/
turno tornou-se necessário autorização de pais e responsáveis. Além de aten-
der esta peculiaridade, o sábado serviu como possibilidade de recuperação de
aula para quem perdeu a aula durante a semana e esta estratégia foi bastante
positiva no manejo da evasão.
O curso Técnico em Informática possui carga horária de 1200 horas,
sendo 80% a distância através do ambiente virtual de aprendizagem Moodle e
20% presencial que ocorrem no Centro de Referência nos turnos inversos ao
ensino regular, acompanhadas pela Professora Mediadora Presencial, o tem-
po de conclusão é 4 semestres, ou seja, 2 anos. Nos momentos presenciais são
desenvolvidas atividades como,
Práticas Profissionais Integradas (PPI), avaliação do estudante, atividades
destinadas a laboratório, aula de campo, vídeo aulas, atividades em grupo
de estudo, dentre outras previstas no planejamento do curso. (Projeto
Pedagógico de Curso, 2017).
O curso Técnico em Informática na modalidade EaD (Ensino à Dis-
tância) do Centro de Referência Candelária formou 29 alunos técnicos em
informática em uma turma que contou com 50 ingressantes.
A evasão propriamente dita foi menor ainda por quê alguns alunos
desistentes receberam a certificação intermediária após a conclusão de um
módulo completo, pois de acordo com o PPC, a conclusão do primeiro se-
mestre certificará o aluno à Montagem e Manutenção de Computadores, a
conclusão do segundo como Programador de Sistemas e a do terceiro semestre
como Programador de Sistemas Web, já o estudante que concluir com êxito as
quatro etapas previstas em seu itinerário formativo, ou seja, os quatro semes-
tres, receberá o certificado de Técnico em Informática, contribuindo com o
êxito do curso.
Outro ponto importante a ser destacado é a assistência estudantil, ou
seja, a bolsa formação que o estudante recebia, visando garantir o acesso, o
êxito, a permanência e a participação nos momentos presenciais.
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
 Metodologia
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo
exploratório, que conforme Gil (2002) busca conhecer de maneira flexível as
características de determinada população. Para tanto, foi realizado no 1º se-
mestre de 2019 com 29 alunos do curso Técnico em Informática EaD do
Instituto Federal Farroupilha/Centro de Referência Candelária a aplicação de
um questionário online, através da utilização da ferramenta Google Formulá-
rios, com 30 questões qualitativas para analisar a opinião dos alunos sobre o
curso, as vantagens e desvantagens, bem como, as facilidades e dificuldades
que encontram em relação a esta modalidade de ensino. Propõe-se também
relatar as experiências vividas tanto dos alunos, como da equipe em relação ao
curso Técnico em Informática EaD do Centro de Referência Candelária,
embasado no relato dos alunos e da equipe, e na análise e estudo de funda-
mentações teóricas.
Resultados e discussão
A partir das respostas dos estudantes às questões do formulário, pude-
mos identificar que, em sua maioria, os alunos do Curso Técnicoem
Informática do CR Candelária estavam finalizando o Ensino Médio (68%),
enquanto que os demais já haviam concluído a etapa formativa básica. A mai-
oria manifestou trabalhar (60%), enquanto os demais ainda não se encontra-
vam colocados no mundo do trabalho (40%). Os mesmos indicadores apare-
cem quando os estudantes são questionados sobre fazerem outro(s) curso(s)
concomitantes: enquanto 40% afirma fazer outro(s) curso(s), 60% manifes-
tou que não.
Os estudantes, em sua imensa maioria (84%), ainda residiam com seus
pais ou responsáveis, enquanto que poucos já possuíam residência própria.
Distribuídos de maneira equilibrada na zona rural (52%) e urbana (48%),
praticamente todos os estudantes (94%) possuíam acesso de internet em suas
residências, utilizando-a diariamente (88%), ou quase diariamente (12%).
Quanto ao período habitual de uso de internet pelos alunos variava em
torno de 2 a 4 horas diárias (44%), havendo grande número de pessoas que
usavam até mais de 4 horas diárias (40%), e poucos foram os casos dos que
utilizavam até duas horas diárias (16%).
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Atualmente a tecnologia evolui de forma constante fazendo parte do dia
a dia de todos e interferindo na maneira de trabalhar, de se relacionar, divertir
e de aprender. A procura por cursos na área de Tecnologia da Informação é
crescente ano a ano. De acordo com dados da pesquisa dos alunos que ingres-
saram e permaneceram no curso, 36,0% disseram terem se matriculado no
curso por interesse na área técnica, 32,0% pela oportunidade de fazer um
curso gratuito nesta área, 16,0% para adquirir experiência, 12,0% para me-
lhorar o currículo e 4,0% para entrar no mercado de trabalho.
Gráfico 1- Motivo de matrícula no curso
Apesar de poucos terem se matriculado pensando numa oportunidade
para mercado de trabalho, muitos de nossos alunos já conseguiram um bom
emprego pelo fato de estarem cursando o Técnico em Informática. Quando
questionados sobre se fazem outros cursos, além deste, 60,0% responderam
que não e 40,0% que sim. E em relação a trabalho, mais da metade trabalha,
60,0, apenas 40,0% não trabalha. Cabe salientar que não há relação direta
entre o fato de estudantes estarem trabalhando e estudando outro curso, pois
há casos de estudantes sem trabalho e apenas matriculado no Curso Técnico
em Informática, bem como há quem esteja no Mediotec, empregado e cur-
sando um outro curso.
Houve relato de promoção na empresa ou reposicionamento por estar
cursando informática, assim como alunos que quando ingressaram no Exérci-
to Brasileiro foram aproveitados em postos que tinham como utilizar os co-
nhecimentos do curso, valorizando a formação dos mesmos.
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
Gráfico 2 - Concomitância de Cursos
A partir desta análise foi observado que a maioria, além do curso técnico,
trabalhava, fazia outros cursos ou ainda estava cursando o ensino médio regu-
lar. Quando um aluno requisitava seu desligamento do curso, o que ocorria
após esgotar todas as formas de recuperação de conteúdos, era realizada a
entrevista de desligamento onde os motivos informados mais frequentes eram
a impossibilidade de conciliar atividades, refletindo na falta de tempo para se
dedicar às tarefas e compromissos do curso, sendo a principal causa de evasão.
Mesmo com a disponibilidade da internet para todos os estudantes, com
uma velocidade de banda expressiva (20 megabytes dedicada para download e
upload, e exclusiva do laboratório de informática), menos da metade dos alu-
nos acessava várias vezes por semana a plataforma Moodle (44%), com a mai-
oria manifestando raramente acessar a plataforma ou somente durante a aula
presencial no pólo (56%). Tais indicadores podem evidenciar a exposição an-
terior referente à falta de dedicação direta às tarefas e à compromissos do curso
em razão de não conseguir conciliar todas as atividades.
Tal evidência se concretiza com a manifestação da grande maioria dos
alunos (64%) que pontuou a falta de tempo como principal fator de dificul-
dade para se dedicar ao curso, mesmo havendo menções quanto à falta de
motivação (16%), dificuldade de aprendizagem no sistema (12%), dificulda-
de de acesso a plataforma e falta de disciplina (4% cada).
Mesmo diante desse cenário, a maioria entende que sua participação na
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Plataforma Moodle pode ser classificada como média, no sentido de haver
interação com professores e demais colegas, além de realizar as leituras e as
atividades propostas (52%). No entanto, há uma parcela considerável de estu-
dantes que reconhece a baixa participação na plataforma (entendido como
apenas ler os materiais e fazer as atividades, 36%) ou baixíssima, quando so-
mente faz as atividades (4%). Apenas 8% dos respondentes manifestaram uma
elevada participação no Moodle, considerando que além das atividades habi-
tuais, buscava informações complementares em outras fontes de consulta.
Segundo Fábio (2018), no âmbito das Instituições Federais também en-
contramos dificuldades relativas ao abandono, evasão e a desistência dos alu-
nos, o que não é diferente nos Polos e Centros de Referência que oferecem
cursos nas áreas técnicas presencial e EaD. Mesmo com o crescimento na
busca por cursos na modalidade a distância, as taxas de evasão têm sido altas.
Em média a evasão chega a 40%, mas podem ser encontrados cursos técnicos
a distância que apresentam índice maior que 75%.
Percebe-se também que o estilo de aprendizagem onde o estudante ne-
cessita da presença do professor, ainda é muito arraigada no que tange conce-
ber o ato educativo, pois os respondentes foram unânimes em afirmar a im-
portância do momento presencial no processo ensino-aprendizagem. Ainda
assim, a maioria (64%) manifestou que não conseguem sanar todas suas dúvi-
das, mesmo com o momento presencial. Consideram também a sua relação
com o Professor Mediador Presencial boa ou ótima (88%), como também
com a assessoria pedagógica (80%), o que facilita seu desenvolvimento no
curso.
 Conclusão
O Curso de Educação Profissional Técnico em Informática de Nível
Médio Concomitante a Distância, ofertado pelo IFFar CR Candelária
oportunizou um importante espaço de concertação social aos estudantes da-
quela cidade e imediações.
Com o presente ensaio, pode-se colaborar com a reflexão à respeito das
experiências vividas pelos alunos durante o curso, ficando claro nas respostas
dos discentes que em sua maioria expressou o interesse em adquirir os conhe-
cimentos da área técnica, bem como a oportunidade de fazer um curso gratui-
to nela.
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
As respostas revelaram as dificuldades dos estudantes com que foram: o
processo ensino-aprendizagem pela Plataforma Moodle; a falta de tempo para
conciliar as atividades do curso com as atividades laborais; atender a demanda
do término da educação básica (em sua maioria cursando o 3.º ano do Ensino
Médio); e ainda a concomitância com outros cursos que os estudantes esta-
vam realizando.
Em contraponto às dificuldades pôde-se observar que as relações com a
equipe (tutoria presencial, assessoria pedagógica e coordenação de centro) cri-
aram um clima que estimulou a permanência e êxito dos alunos, de acordo
com o relato dos mesmos nas questões abertas. Outro destaque relatado pela
equipe foi o aspecto colaborativo e coleguismo da turma, fundamentais para a
continuidade dos alunos no seu processo formativo, muito ligado à figura
presencial do professor.
 Referências
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Digital EAD.BR 2018 - relatório analítico da aprendizagem a distância no
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Informática Concomitante Mediotec - EaD. Disponível em: http://
www.iffarroupilha.edu.br/component/k2/ attachments/download/6798/
1a0b3982 f87b0b2f3eca4fa8ba9bcb4c Acesso em 28/09/2019.
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de Blended Learning. Revista Intersaberes, 2013; Vol. 8, n. 16. Disponível
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
Capítulo 3
Autonomia, Disciplina e Independência no Curso
de Multimeios Didáticos-EAD/Centro de
Referência Candelária
Giancarlo Bazarele Machado Bruno1
 Lídia Schwantes Hoss2
Anderson Fetter3
Introdução
A educação a distância, os avanços das Tecnologias de Comunicação e
Informação (TICs) e as oportunidades para o seu acesso têm proporcionado
que inúmeras pessoas possam estudar. As transformações rápidas do mundo
por meio da tecnologia estimulam os profissionais da educação a buscar novos
conhecimentos por meio do Curso Técnico em Multimeios Didáticos (MD).
Apresenta-se com os dados coletados as percepções dos alunos sobre o
seu desenvolvimento nos aspectos de autonomia, disciplina e independência
na realização das atividades propostas no MD, que está em andamento com
conclusão prevista para abril de 2019. Os estudantes também foram questio-
nados quanto aos principais aspectos positivos do curso e as principais dificul-
dades.
O presente ensaio apoia-se em autores como Levy (2000) e Moran (2003),
para refletir sobre o uso da tecnologia e a Educação a Distância (EaD). Inicia-
1 Doutorando em Medicina (Saúde da Criança e do Adolescente- FAMED/UFRGS), Mestre em Educação
Física (CDS/UFSC), Docente EBTT Educação Física IFFarroupilha, Campus Frederico Westphalen,
RS. gbasket@hotmail.com
2 Mestre em Desenvolvimento Regional e jornalista pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc),
Santa Cruz do Sul, RS. Consultora nas área de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. E-mail
lidiaschwanteshoss@gmail.com
3 Mestre em Educação (Educação e Formação de Adultos) ESE/IPP, Porto - Portugal. Docente EBTT
Educação Física IFFarrroupilha Campus Jaguari, RS. anderfetter@gmail.com
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
se alinhando os conceitos de autonomia, disciplina e independência. Em se-
guida, apresentam-se as estratégias metodológicas usadas e os resultados en-
contrados.
Palavras-Chave: educação a distância, autonomia, disciplina, indepen-
dência, multimeios didáticos
Autonomia, disciplina e independência do aluno na EAD
O sistema educacional do Brasil é complexo dentre várias razões como
dimensão geográfica, particularidades culturais de cada estado, além aspectos
de gestão e políticas públicas. No ensino a distância essa complexidade au-
menta ainda mais pois estão inseridos os aspectos tecnológicos que fazem a
mediação entre o conteúdo e o estudante.
Paralelo aos aspectos de complexidade apresentados, a difusão recente e
célere da modalidade de Ensino à Distância - EaD - dificulta a prospecção de
dados mais concisos do impacto da EaD no Brasil em termos gerais. Para
Passos (2018), a “educação a distância, atualmente, atinge todos os cantos da
terra e sua oferta cresce a cada dia”. A EaD vem suprindo e amenizando a
situação da população que necessita de formação para ter acesso igualitário ou
até mesmo inclusão social, traz possibilidades de desenvolvimento de compe-
tências, aprimoramento pessoal e profissional, transpõe barreiras, alcança lu-
gares que no ensino presencial muitas vezes não é possível. Segundo o censo
EAD.BR 2015, naquele ano o Brasil contabilizava 5.048.912 alunos entre
cursos a distância e semipresenciais. Na esteira da interiorização do acesso à
educação, inúmeras instituições e consórcios educacionais vem disponibilizando
gradativamente o aumento de matrículas na modalidade EaD, que conforme
levantamento do Censo Digital EaD de 2018 da ABED, oportunizou o acrés-
cimo de mais de 1,5 milhões de matrículas de 2017 para 2018, totalizando
mais de 9,3 milhões em todo país. (ABED, 2018, p. 60).
Dentre os programas disponibilizados na rede pública está o Rede e-Tec
Brasil que visa desenvolver, a educação profissional e tecnológica (EPT) na
modalidade de Educação a Distância, para ampliar e democratizar a oferta e o
acesso à educação profissional pública e gratuita no país. Neste processo, assu-
me também o fomento à oferta de cursos do Programa de Formação Profissi-
onal em Serviço dos Funcionários da Educação Básica (Profuncionário) onde
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
está inserido o curso de Multimeios Didáticos.
No Instituto Federal Farroupilha no ano de 2017 recebeu cinco (5) no-
vas turmas do Curso Técnico em Multimeios Didáticos, num total de, aproxi-
madamente duzentos e cinquenta (250) novos alunos acolhidos nos Centros
de Referência (CR) e Pólos de Ead vinculados à instituição (Santos e Costa,
2018).
No Centro de Referência Candelária, o MD foi ofertado para a primeira
turma desde 2017 e foi concluído em 2019 onde se fez uso da plataforma
Moodle institucional, tendo como estrutura de funcionamento um Coorde-
nador de CR (Servidor efetivo do IFFarroupilha), uma secretária de CR (cedi-
da pela Prefeitura Municipal de Candelária como contrapartida). Já a estrutu-
ra custeada pelo Programa contou com um Mediador presencial, 3 tutores e
10 professores (Falcade, Cocco e Pippi, 2018)
Ainda segundo Falcade, Cocco e Pippi (2018) destacam que o objetivo
Projeto Político Pedagógico dos cursos do Profuncionário é “construir e re-
construir a identidade profissional de funcionários da educação” e o curso de
MD visa “formar trabalhadores para exercer a funções como educador e gestor
dos espaços e ambiente de comunicação e tecnologia nas instituições de ensi-
no da rede pública e particular”.
Tendo como entendimento às dificuldades impostas pelo modelo EAD
aos cursistas que tem no MD seu primeiro grande contato com a tecnologia e
os meios digitais, o esforço para evitar a evasão é exercício de todos os dias,
utilizando diversas ferramentas e mecanismos para que se tenha o chamado
êxito do aluno. De acordo com Rapetti da Silva e Mazzuco (2018) na EAD
também representa uma grave problemática, pois muitos são os casos em que
há um grande número de evadidos, que já nas primeiras aulas desistem do
curso por inúmeras questões, desde pessoais, falta de perfil do curso escolhi-
do, problemas profissionais, por não conseguirem acompanhá-lo, por não aten-
der às expectativas, dentre outros aspectos que serão discutidos neste texto.
Entre alguns aspectos importantes para que os estudantes persistam nos
cursos EAD e tenham êxito estão a autonomia, a disciplina e a independência.
Essas características precisam ser reforçadas ou desenvolvidas pois muitos es-
tudantes ingressam na Educação a Distância depois de teremvivenciados a
educação tradicional de forma presencial.
Preti (2005) descreve que cabe ao aluno, neste novo cenário, assumir
para si a responsabilidade da sua própria formação, sendo autonomia e disci-
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
plina para o estudo compromissos de todo o processo educativo. Ou seja, um
indivíduo é considerado autônomo quando tem capacidade de administrar e
gerenciar seus compromissos e atividades. Gottardi (2015), inclui que a auto-
nomia está estabelecida quando alunos interagem com materiais didáticos e
metodologias de ensino, estimulados por ações pedagógicas de professores-
tutores que atuam como instigadores cognitivos oportunizando aprendiza-
gem colaborativa.
Sabemos que não há ferramentas concretas para se verificar indicadores
de motivação em estudantes, mas é fundamental que os profissionais envolvi-
dos percebam se o estudante, apropriado de sua intenção de realização pesso-
al, motivo de crescimento profissional, entre outros aspectos, denotam sua
autonomia, fator imprescindível no processo ensino-aprendizagem tão im-
portante na EaD. No entanto, é fundamental que os mesmos professores-
tutores avaliem se suas instigações oportunizam o fator importante do desen-
volvimento da autonomia do estudante: a motivação. A motivação neste pon-
to será apresentada pela perspectiva designada de Maslow, que credita a “fato-
res internos do sujeito que, juntamente com os estímulos do meio ambiente,
determinam a direção e a intensidade do comportamento.” (Barros de Olivei-
ra, 2010, p.121).
Preti (2005), aponta para as diferentes dimensões da autonomia na EaD,
refletindo o papel do aluno, dos educadores e da instituição educacional. Já
Almeida apud Rodrigues (2011) aprofunda as reflexões sobre a natureza da
autonomia afirmando que:
A autonomia da vontade se dá quando o sujeito é capaz de, diferentemen-
te do que ocorre com a criança, disciplinar a vontade e articular paixões,
necessidades e racionalidades. A autonomia física é adquirida quando o
sujeito é capaz de operar escolhas em relação ao seu próprio corpo e com
o mundo natural. A autonomia intelectual, considerada a mais funda-
mental e complexa, é ponto de partida e de retorno dos outros níveis de
autonomia aqui citados. (Almeida, 2009).
No mesmo sentido da autonomia vem a disciplina à qual buscamos com-
preender pela perspectiva do processo formativo da ação educacional, que
para Rodrigues (2001), remete à disciplinação da vontade e à aquisição de
conhecimentos e habilidades de que cada um irá se servir para atuar na repro-
dução das condições próprias de existência e de participação enquanto mem-
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
bro da sociedade. Até porque o próprio autor salienta que “como esse ser é
dotado de vontade infinita, mas de possibilidade finita, há de disciplinar essa
vontade para que ela possa ser ajustada à realidade em que se está colocado”
(Rodrigues, 2001, p. 248).
Característica própria do EaD, enumerada por Diniz (2007) assim como
a separação física do professor-aluno, a organização de apoio-tutoria, o uso de
meios técnicos de comunicação, a comunicação bidirecional e massiva, a in-
dependência, que na educação a distância é fundamental para que o aluno
consiga desenvolver as atividades propostas sem a presença da figura do pro-
fessor e também consiga fazer uma boa gestão do seu tempo. Apropriada da
flexibilidade, a forma de estudar independente, alavancada pelo elemento
motivação é crucial para que o estudante desenvolva estratégias de pesquisa e
organização autônoma, potencializadoras da viabilização de comunicação en-
tre colegas e professores via ambientes virtuais. (Diniz, 2007, p. 30).
Para Belloni (1999), aprendizagem em EaD define-se pela flexibilidade,
abertura dos sistemas e maior autonomia do aluno, sendo mais coerente com
transformações sociais e econômicas contemporâneas, pois esse modelo foca o
processo de aprendizagem no educando e não no ensino ou nas tecnologias
utilizadas. Cabe ressaltar que a aprendizagem, como processo educacional,
apresenta uma diversidade de estilos que refletem no porquê de diferentes
níveis de aprendizagem de estudantes, mesmo estando os discentes dispostos
nas mesmas condições de ambiente e mesmos níveis intelectuais.
Diniz (2007) alerta que entender os diferentes estilos de aprendizagem é
um passo importante para favorecer a individualidade, tirar proveito das habi-
lidades e também identificar os modos menos preferidos de aprender. A auto-
ra ressalta ainda que o autoconhecimento dos estudantes sobre seus estilos de
aprendizagem é fundamental ao tratarmos de EaD, pois requer que os própri-
os discentes se organizem e otimizem seu próprio aprendizado.
O objetivo geral deste trabalho foi conhecer de que forma os alunos do
MD do CR de Candelária se auto avaliam em relação a sua autonomia, disci-
plina e independência. E como objetivos específicos identificar os aspectos
positivos do curso e apontar as principais dificuldades.
Metodologia
O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo
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Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão
exploratório, que conforme Gil (2002) busca conhecer de maneira flexível as
características de determinada população. Um questionário foi disponibilizado
para os estudantes do curso de Multimeios Didáticos do Centro de Referência
Candelária de forma online para a coleta de informações. Dos 15 alunos
concluintes do curso, 10 responderam o questionário de forma voluntária e
anônima.
O questionário autoaplicado apresentou as opções de muito bom, bom,
regular e ruim, além de duas questões abertas. Para Gil (2009), o questionário
é uma técnica de investigação que tem entre seus principais aspectos positivos
o baixo custo, anonimato dos respondentes e não expor o entrevistado à influ-
ência do entrevistador.
O questionário centrou as questões em três aspectos: autonomia, disci-
plina e independência. Também foram questionados sobre quais as maiores
dificuldades para a realização do curso e os aspectos que consideram mais
positivos. Os resultados alcançados e sua análise são apresentados a seguir.
Resultados e discussão
Diversos contextos educacionais, espaços físicos e virtuais, diferentes re-
cursos didáticos e abordagens pedagógicas são importantes pontos que dife-
renciam e caracterizam as milhares de instituições de ensino no Brasil. Levy
(2000), observa que vive-se ainda uma fase de transição para o uso pleno da
tecnologia. A facilidade do acesso à informação traz importantes benefícios
para a sociedade no âmbito da educação e cultura com a facilidade de obten-
ção e compartilhamento de conhecimento. Embora o contato com a tecnologia
e o seu uso diário estejam acontecendo com diferente intensidade e
aprofundamento, a educação tem sido beneficiada com esse uso, com os cur-
sos a distância, por exemplo. Os estudantes do curso de MD estão, em grande
parte, aclimatados com as novas formas de estudo proporcionadas pela
tecnologia como mostram os resultados da pesquisa. No entanto o acesso à
internet ainda é um entrave em alguns casos.
Dos estudantes que participaram do estudo, 70% se autoavaliaram com
conceito bom quando questionados sobre a sua disciplina no curso MD. As
opções muito bom, regular e ruim obtiveram 10% cada. Tais indicadores de-
notam aspectos fundamentais do grupo de respondentes no que se refere à
vontade da maioria dos estudantes de adquirir conhecimentos e habilidades
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Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas
capazes de transformar suas realidades sociais, priorizando seus espaços e mo-
mentos formativos.
Quando questionados sobre a sua autonomia, 70% marcaram como bom
e outros 30% como muito bom. Dessa forma, 100% dos estudantes que res-
ponderam à pesquisa estão demonstrando estarem confortáveis nesse aspecto
do estudo a distância. Assim sendo, conforme Gottardi (2015), a EaD, que
contribui para a educação,

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