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1 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Organizadoras: Magalia Gloger dos Santos Almeida Melissa Welter Vargas 1a. Edição BAGÉ EDITORA FAITH 2020 2 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Título: Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pes- quisa e extensão Organizadoras: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Capa: Editoração Final de Capa: Editora Faith Diagramação: Editora Faith Copyright: ©2020 todos os direitos reservados aos autores e organizadores, sob encomenda à Editora Faith. ISBN: 978-65-990264-7-8 Site da Editora Faith: www.editorafaith.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 3 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Direção Geral Caroline Powarczuk Haubert Revisão Organizadores Corpo Editorial Prof. Dr. Alfredo Alejandro Gugliano - UFRGS Prof. Dr. Cristóvão Domingos de Almeida - UFMT Prof. Dr. Dejalma Cremonese - UFRGS Profa. Dra. Elisângela Maia Pessôa - UNIPAMPA Prof. Dr. Fernando da Silva Camargo - UFPEL Prof. Dr. Gabriel Sausen Feil - UNIPAMPA Profa. Dra. Patrícia Krieger Grossi - PUC-RS Prof. Dr. Ronaldo B. Colvero - UNIPAMPA Profa. Dra. Simone Barros Oliveira - UNIPAMPA Profa. Dra. Sheila Kocourek - UFSM Prof. Dr. Edson Paniagua - UNIPAMPA Profa. Dra. Maria de Fátima Bento Ribeiro – UFPEL Profa. Dra. Danusa de Lara Bonoto – UFFS Profa. Dra. Érica do Espírito Santo Hermel – UFFS Prof. Dr. João Carlos Krause – URI – CAMPUS SANTO ÂNGELO. Prof. Dr. Márcio Marques Martins -UNIPAMPA Prof. Dr. Marcos Barros - UFPE Profa. Dra. Paula Vanessa Bervian – UFFS Profa. Dra. Sandra Nonenmacher – IFFAR 4 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão 5 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Sumário Prefácio.........................................................................................................7 Capítulo 1 - Seminário de Ações Extensionistas (2019): relato de experiência no IFFAR – Campus Frederico Westphalen/RS (Marcos Jovino Asturian, Leocir Bressan, Tatiane Carla Presotto Asturian) .......................................................... 9 Capítulo 2 - Análise das Expectativas de Discentes do Curso Técnico em Informática Mediotec (EAD) do CR Candelária/IFFAR (Giancarlo Bazarele Machado Bruno, Anderson Fetter, Eliani Teichmann, Margarete Slim de Almeida) .................... 21 Capítulo 3 - Autonomia, Disciplina e Independência no Curso de Multimeios Di- dáticos-EAD/Centro de Referência Candelária (Giancarlo Bazarele Machado Bru- no, Lídia Schwantes Hoss, Anderson Fetter) .................................................... 35 Capítulo 4 - A Influência da Herança Cultural Familiar na Educação (Maicon Rafael Hammes, Marcela Hammes Teixeira, Denize Grzybovski) ................................ 47 Capítulo 5 - Uso de Smartphone como Complementação do Ensino em Química (Flávia Michelon Dalla Nora, Morgana Doneda, Tássia da Silva Seeger)...................................................................................................................57 Capítulo 6 - A Influência Fronteiriça na Construção da Identidade Cultural de São Borja (RS) (Daniel Sarmento Pereira, Fernanda de Magalhães Trindade, Muriel Pinto) ............................................................................................................ 73 Capítulo 7 - Ensino Remoto e a Matemática: ferramentas utilizadas no técnico em estética integrado - PROEJA (Cristiane da Silva Stamberg) ............................ 93 Capítulo 8 - Jogo Computacional como uma Estratégia Pedagógica para o Ensino da Matemática Associado à Discalculia (Edson Bruxel, Cristiane da Silva Stamberg).. .................................................................................................. 109 Capítulo 9 - A Contribuição da Comunicação Não Violenta para uma Cultura de Paz (Simone Barros de Oliveira, Monique Soares Vieira, Maísa Dorneles Casagrande).... ............................................................................................. 127 Capítulo 10 - A Covid e as Demandas Estratégicas de Políticas Públicas Educacio- nais de Zona Fronteiriça (Eva Ferreira Jornada) ........................................... 139 Capítulo 11 - A Educação Ambiental como Ferramenta na Prevenção a Enchentes na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul (Daniele Bonapace dos Santos Lencina, Jaqueline Carvalho Quadrado) ..................................................................... 165 6 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Capítulo 12 - A Importância do Ensino dos Conceitos (Por Quês?) da Matemática (Felipe Klein Genz, Odair Menuzzi)............................................................175 Capítulo 13 - O Trabalho Extensionista como Forma de Conscientização quanto ao Descarte de Medicamentos e a Automedicação (Ana Paula Augustin Padilha, Fernanda Hart Garcia, Denis da Silva Garcia) ............................................. 187 Capítulo 14 - Proposta de Investigação sobre a Composição do Leite e Fraudes como uma Abordagem para o Ensino Médio (Tássia da Silva Seeger, Morgana Doneda, Flávia Michelon Dalla Nora) .......................................................... 199 Capítulo 15 - Sugestões e Estratégias para o Ensino de Química no Ensino Médio Utilizando Ferramentas Alternativas (Tássia da Silva Seeger, Flávia Michelon Dalla Nora, Morgana Doneda) .............................................................................. 215 Capítulo 16 - Leitura do Mundo: possibilidades e necessidades da contribuição da geografia na formação de leitores (Luiz Carlos de Santis Alves, Cristóvão Domingos de Almeida) ................................................................................................. 231 7 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Prefácio A presente obra intitulada “Educação e transformação social: (re) unin- do práticas de ensino, pesquisa e extensão” tem representada por meio de seu título a reunião de um conjunto de produções desenvolvidas por estudantes de diferentes níveis de ensino e por docentes que atuam em diferentes áreas do conhecimento onde experiências relacionadas ao ensino, à pesquisa e à exten- são são apresentadas numa perspectiva da educação como prática para a trans- formação social da realidade vivenciada. O ano de 2020 tem sido marcado pela desconstrução de certezas e pela construção de novas experiências e vivências, frente ao contexto social que vivemos: a pandemia ocasionada pela SARS COVID 19. Tivemos de readaptarmo-nos às realidades, construirmos possibilidades, discutirmos a todo instante as formas de enfrentamento ante o contexto social que a pandemia nos proporcionou e, em certos casos, nos reinventarmos. As tecnologias nun- ca estiveram tão em alta como neste momento. A ciência tem se mostrado como a nossa maior esperança na busca pelo enfrentamento e pela cura desta doença e, como consequência, os reflexos que ela tem ocasionado em nosso cotidiano. Estamos vivendo em constante transformação social e, frente a isso, cabe mais do que nunca refletirmos sobre como o conhecimento produzido pela ciência e que envolve tecnologia e inovação pode contribuir ou tem contribu- ído para a transformação das realidades sociais, num momento em que urge buscarmos formas de sobrevivência. Neste sentido, qual é o papel da Educação Formal? Qual é o papel da Escola e da Universidade diante de um contexto de incertezas e mudanças que assolam nosso cotidiano e diante da urgência em que estamos vivendo? Qual o papel do ensino, da pesquisa e da extensão nesse contexto de mudanças e ressignificações? Certamente há que se buscarem experiências que permitam a reflexão e a apropriação do contexto social numa perspectiva ampla, com foco no traba- lho interdisciplinare dialógico, que oportunizem também a transformação por meio da educação. Muito embora não tratem especificamente sobre questões relacionadas à 8 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão pandemia que assola o mundo neste momento, os relatos de experiências rela- cionadas ao ensino, à pesquisa e à extensão apresentados nesta obra, certa- mente potencializam o refletir e o pensar, a partir de diferentes áreas do co- nhecimento, num processo de adaptação às realidades vivenciais, indepen- dente de quais sejam elas. Demonstram que produzir e divulgar ciência a par- tir das necessidades específicas da população são possibilidades de vivermos em uma sociedade melhor, de nos adaptarmos aos desafios impostos pela soci- edade e pela cultura. Esse é o papel da Universidade e da Escola: promover espaços de refle- xão, questionar práticas, desenvolver projetos colaborativos que efetivem o desenvolvimento do tripé ensino-pesquisa-extensão. Na sociedade atual, não cabe mais à Universidade e à Escola somente a transmissão do conhecimento. Estamos em frente de um novo paradigma que nos incita a produzir, adaptar, questionar. Por esse motivo, temos de ser reflexivos, propormos estratégias que, a curto, médio ou a longo prazos permitam a transformação do pensa- mento das pessoas e a consequente transformação das realidades sociais. Neste sentido que lhes convidamos a ler e a se apropriar desta obra. Ela representa a possibilidade de pensar e refletir a partir da necessidade de vivenciarmos novos paradigmas educacionais frente aos desafios impostos no século 21. Boa leitura a todos e a todas. Taniamara Vizzotto Chaves Licenciada em Física, Mestre e Doutora em Educação Docente de EBPTT – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha 9 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Capítulo 1 Seminário de Ações Extensionistas (2019): relato de experiência no IFFAR – Campus Frederico Westphalen/RS Marcos Jovino Asturian1 Leocir Bressan2 Tatiane Carla Presotto Asturian3 Introdução A justificativa da escolha de abordagem da temática proposta para este capítulo à luz de um enfoque no Seminário de Ações Extensionistas do Insti- tuto Federal Farroupilha - Campus Frederico Westphalen, se confunde com o próprio papel central conferido à extensão no âmbito dos Institutos Federais, de um modo geral. Como veremos no decorrer do capítulo e que, de forma bastante contundente, vem respaldado nos próprios documentos legais destas instituições de ensino, a relevância da extensão nestes educandários se faz no- tar pela própria natureza dos mesmos uma vez que estas instituições estão ligadas de forma umbilical com a realidade social da qual elas fazem parte. E a extensão, enquanto abertura para a comunidade, é a forma mais efetiva de dar vida a este co-pertencimento instituição/comunidade. Neste sentido, é relevante notar que o Campus Frederico Westphalen do Instituto Federal Farroupilha possui uma característica bastante importante de ter discentes egressos de diferentes municípios da região do Médio Alto Uruguai. Neste contexto, tanto importa mostrar aos alunos recém chegados 1 Professor de História do Instituto Federal, Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus Frederico Westphalen; Município: Frederico Westphalen/RS; Email: marcos.asturian@iffarroupilha.edu.br; 2 Professor de Filosofia do Instituto Federal de Ciência e Tecnologia Farroupilha - Campus Frederico Westphalen; Município: Frederico Westphalen/RS; E-mail: leocir.bressan@iffarroupilha.edu.br; 3 Técnica de Laboratório (Biologia) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul - Campus Vacaria; Município: Vacaria/RS. E-mail: tatiane.asturian@vacaria.ifrs.edu.br; 10 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão que a instituição está conectada com a vida destes municípios, assim como esta percepção discente por meio da busca de conhecimento das ações extensionistas desenvolvidas no campus se constitui numa forma dos educandos conhecerem a própria natureza da instituição da qual passam a fazer parte. A partir desta configuração, o capítulo parte de breves considerações re- ferentes à proposta dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia quanto às políticas de atendimento e atuação. Este caminho conduz às ponde- rações acerca das Políticas de Extensão no Instituto Federal Farroupilha, pre- sentes no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI - 2019 - 2026). Nes- se sentido, essas considerações serão aqui pautadas, sobretudo, por meio da interlocução com os as leis que regem estas instituições. Aqui se verá relativa originalidade destas instituições mediante o fato de que elas se conectam for- temente com a realidade sociogeográfica na qual estão inseridas. Estas caracte- rísticas, como se verá, tornam premente a função desempenhada pela exten- são de abrir-se à comunidade. A proposta deste capítulo é, assim, inicialmente, discorrer brevemente (inclusive através do diálogo com as leis que criam e regem estas instituições) acerca do papel dos Institutos Federais para as comunidades que os abrigam, bem como situar o lugar da extensão neste contexto para, num segundo mo- mento, enfocar um exemplo de como é gestada a percepção da importância da extensão neste cenário, mediante a realização de um Seminário de Ações Extensionistas com alunos do 1º ano do Curso de Ensino Médio Integrado. Palavras-Chave: Extensão, Curricularização, Ensino. Metodologia Em termos metodológicos, ocorreram aulas expositivas e dialogadas acerca do conceito de extensão, conforme o PDI 2019/2026 do IFFar. Posterior- mente, os discentes foram divididos em sete grupos de cinco integrantes. Cada grupo entrevistou um proponente de uma ação extensionista desenvolvida pelo campus Frederico Westphalen, realizada nos últimos três anos. O respectivo questionário – elaborado pelos docentes – continha as se- guintes perguntas: a) Qual o título e ano de execução da ação extensionista? b) Nome e função do proponente da ação extensionista? c) A ação envolveu 11 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas quantos discentes? d) Quais os cursos dos respectivos discentes? e) Os discen- tes tiveram fomento? f ) Qual o objetivo da ação extensionista? g) Qual era o público-alvo (especificar o público externo)? h) Qual o papel da atividade extensionista na formação técnica ou acadêmica do discente? i) A ação teve indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão? j) Ocorreu interação dialógica entre a instituição e os setores sociais (ex: a ação foi demandada pela comunidade local e regional? k)A ação teve instituições parceiras?)? l) Quais foram os impactos da ação na comunidade local e regional? m) Qual a opinião do proponente em relação à política de extensão do IFFar (formação institucional, programas institucionais, disponibilidade de tempo para plane- jamento e execução, disponibilidade de recursos, etc.)? Após os dados coletados nas entrevistas – por meio de gravações e trans- crições, assim como via e-mail – foi realizado o Seminário com as apresenta- ções dos grupos e debates entre os participantantes, ou seja, discentes do pri- meiro ano do Curso Técnico Integrado em Administração, servidores do campus, o Coordenador do Curso Técnico em Administração, a Diretora de Pesquisa, Extensão e Produção, assim como do Coordenador de Extensão. Por fim, os grupos produziram os seus respectivos relatórios contendo as en- trevistas, bem como as observações embasadas no estudo da política extensionista do IFFar, conforme o seu PDI (2019/2026). O processo – par- ticipação nas aulas, entrevistas, seminário e relatórios – foi avaliado no segun- do semestre de 2019 nas disciplinas de filosofia e história (três pontos para cada disciplina). Resultados e Discussões Ao se pretender buscar o lugar da extensão no contexto dos Institutos Federais, é preciso remontar-se à sua gênese em termos de concepção. Dife- rentementedas Universidades, de um modo geral, pode-se dizer que os Insti- tutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia nascem de uma preocupa- ção com o contexto geográfico e social no qual estes estão inseridos. É nesse sentido que a criação das unidades é gestada através de um estu- do estratégico que leva em consideração as potencialidades regionais. É tam- bém com este viés que estas unidades são pensadas de modo a serem estabelecidas em locais que ainda careçam de um maior desenvolvimento so- cial, econômico e cultural. Dessa forma, a extensão, enquanto mecanismo de 12 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão dialogicidade com a sociedade, se constitui neste meio tanto de compreensão e sensibilização para os problemas sociais e suas soluções quanto de (re)significação em termos pedagógicos no sentido de estabelecer conexões entre os conteúdos técnico-científicos e o mundo do trabalho. É o que referenda Patrão (2009) quando sustenta que os egressos das instituições de ensino se revelam como atores potencializadores de articulação com a sociedade, como fontes de infor- mações que possibilitam retratar a forma como a sociedade em geral per- cebe e avalia essas instituições, tanto do ponto de vista do processo educa- cional, como também do nível de interação que se concretiza. Ora, entender os egressos como “atores potencializadores de articulação com a sociedade” tem um significado duplo: por um lado, este processo revela a importância da realidade concreta vivida por estes educandos. Ou seja, o processo de aprendizagem que estes sujeitos estão construindo não é senão o resultado das suas próprias vivências. Busca-se, assim, a solução de problemas que fazem parte do dia-a-dia destes educandos. Porém, além da importância pedagógica de significar a aprendizagem dos alunos extensionistas através de sua participação em questões que lhes são muito habituais e familiares, este processo carrega ainda a importância de dar visibilidade àquilo que é desen- volvido na instituição. Sob esta ótica, o protagonismo dos egressos nas ações extensionistas proporciona uma espécie de “prestação de contas” da institui- ção para a sociedade que lhe deu razão de existir. Se buscarmos respaldo para esta abertura à comunidade na qual estas instituições estão inseridas, o podemos encontrar na própria legislação que as criou. É assim que encontramos este canal de comunicação com este contexto geográfico e social na lei de criação dos Institutos Federais, a chamada Lei 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Quando trata das finalidades e caracte- rísticas dos Institutos Federais, a referência de forma direta ou indireta ao papel da extensão aparece em praticamente todas as alíneas deste artigo, como se percebe na citação a seguir: Das Finalidades e Características dos Institutos Federais Art. 6o Os Institutos Federais têm por finalidades e características: 13 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas I - ofertar educação profissional e tecnológica, em todos os seus níveis e modalidades, formando e qualificando cidadãos com vistas na atuação profissional nos diversos setores da economia, com ênfase no desenvolvi- mento socioeconômico local, regional e nacional; II - desenvolver a edu- cação profissional e tecnológica como processo educativo e investigativo de geração e adaptação de soluções técnicas e tecnológicas às demandas sociais e peculiaridades regionais; III - promover a integração e a verticalização da educação básica à educação profissional e educação superior, otimizando a infra-estrutura física, os quadros de pessoal e os recursos de gestão; IV - orientar sua oferta formativa em benefício da consolidação e fortalecimento dos ar- ranjos produtivos, sociais e culturais locais, identificados com base no mapeamento das potencialidades de desenvolvimento socioeconômico e cultural no âmbito de atuação do Instituto Federal; V - constituir-se em centro de excelência na oferta do ensino de ciências, em geral, e de ciênci- as aplicadas, em particular, estimulando o desenvolvimento de espírito crítico, voltado à investigação empírica; VI - qualificar-se como centro de referência no apoio à oferta do ensino de ciências nas instituições públicas de ensino, oferecendo capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes das redes públicas de ensino; VII - desenvolver programas de extensão e de divulgação científica e tecnológica; VIII - realizar e estimu- lar a pesquisa aplicada, a produção cultural, o empreendedorismo, o cooperativismo e o desenvolvimento científico e tecnológico; IX - pro- mover a produção, o desenvolvimento e a transferência de tecnologias sociais, notadamente as voltadas à preservação do meio ambiente (BRA- SIL, 2008). Com base nisso, pode-se afirmar que aquilo para o que vieram estas ins- tituições está conectado com as demandas locais de cada região. É neste senti- do que a constituição de cada unidade deve ser gestada a partir destes anseios da comunidade local. Isso conduz à pergunta pelos objetivos destas unidades. E, novamente, para referendar este apelo ao contexto específico às condições geográficas e sociais de cada região, agora pautado nos objetivos presentes na lei de criação destas instituições, podemos pontuar três alíneas, as quais estão em consonância com este cenário: III - realizar pesquisas aplicadas, estimulando o desenvolvimento de solu- ções técnicas e tecnológicas, estendendo seus benefícios à comunidade; IV - desenvolver atividades de extensão de acordo com os princípios e finalidades da educação profissional e tecnológica, em articulação com o 14 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão mundo do trabalho e os segmentos sociais, e com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos; V - estimular e apoiar processos educativos que levem à geração de traba- lho e renda e à emancipação do cidadão na perspectiva do desenvolvi- mento socioeconômico local e regional (BRASIL, 2008). Ora, ao tomar-se sob reflexão a lei de criação dos Institutos Federais, percebe-se a grande importância conferida à extensão na concepção do pro- cesso formativo. Pensar o processo educacional desta forma significa conside- rar que a educação não se completa dentro de uma sala de aula por meio da pesquisa, mas deve abrir-se à comunidade na qual está inserida. No Brasil, o princípio da indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão vem consagrado pelo famoso artigo 207 da Constituição Federal de 1988. Este artigo prevê que as universidades terão “a autonomia didático- científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Extensão”. Tal princí- pio vem embasado na concepção de que o processo de ensino/aprendizagem somente se completa tendo a presença do tripé Ensino/Pesquisa/Extensão. Muito embora este artigo tratasse das Universidades, o parágrafo segundo amplia sua aplicação à todas as instituições de pesquisa científica e tecnológica sendo, portanto, estendida aos Institutos Federais, criados a partir de 2008. Importante ressaltar que, ainda que por muitas vezes equiparados em muitos sentidos, a extensão se constitui numa característica que diferencia os Institutos Federais com relação às Universidades. De um modo geral, pode-se dizer que, enquanto as universidades se ocupam, sobretudo, da pesquisa, - embora, por vezes, desconectada da realidade geográfica e social na qual estão inseridas - os Institutos Federais, por sua vez, têm sua razão de existir exata- mente em função da comunidade que os acolhe. É neste sentido que importa saber quais são as demandas encontradas dentro daquele contexto. Nesse sen- tido, a extensão, enquanto abertura da instituição para a sociedade, deve, por isso mesmo, estar vinculada às reais necessidades daquele local. De outra for- ma, a pesquisa, característica fundante das universidades, está mais preocupa- da com oconhecimento objetivo e universalizável, aplicável ou não no con- texto em que elas estão inseridas. A extensão no IFFar é compreendida como um processo educativo, cul- tural, social, científico e tecnológico que promove a interação transformadora 15 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas entre as instituições, os segmentos sociais e o mundo do trabalho local e regi- onal, com ênfase na produção, desenvolvimento e difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos, visando ao desenvolvimento socioeconômico, ambiental e cultural sustentável, em articulação permanente com o ensino e a pesquisa (IFFAR – PDI 2019/2026, p. 62). Portanto, a atividade justifica-se ao promover junto aos discentes o conhecimento quanto a relevância das po- líticas extensionistas da instituição em relação a comunidade local e regional. O Seminário de Ações Extensionistas foi desenvolvido nas disciplinas de história e geografia como atividade adjacente ao projeto de curricularização da pesquisa e da extensão no primeiro ano do curso técnico integrado em admi- nistração, conforme Instrução Normativa nº. 001/2019 que normatiza a exe- cução do projeto piloto de curricularização da extensão e da pesquisa no âm- bito do IFFar. O objetivo geral do trabalho foi compreender as políticas de extensão do IFFar, conforme o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI – 2019/ 2026). Além disso, conhecer as ações extensionistas desenvolvidas no IFFar – Campus Frederico Westphalen, assim como motivar os discentes para serem extensionistas. Apresentaram-se por meio das arguições no Seminário de Ações Extensionistas, bem como dos relatórios produzidos pelos discentes aspectos interessantes para a reflexão acerca da Extensão no IFFar – Campus Frederico Westphalen. Registra-se que os propositores das ações extensionistas foram majoritariamente docentes. Nesse sentido, destacou-se a necessidade de uma maior divulgação dos editais institucionais, das ações desenvolvidas, assim como de espaços de formação entre discentes e técnico-administrativos em educa- ção (TAEs). Abordou-se uma questão nevrálgica concernente a viabilização de ações extensionistas envolvendo docentes, discentes e TAEs: o tempo reduzido, ou seja, a prevalência de atividades ligadas ao ensino ou dos respectivos setores de trabalho. Outro ponto fundamental que necessita maior aprofundamento re- fere-se a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. A pesquisa – por exemplo – foi parcialmente contemplada e, consequentemente, a produção científica insuficiente. De acordo com Eliezer Pacheco (2015, p. 33), Para que os alunos se transformem em sujeitos da história, é necessário 16 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão que eles recebam uma educação integral, que os tornem capacitados a produzirem conhecimentos [...] A pesquisa deve ser o princípio pedagó- gico central de qualquer processo de aprendizagem. Isso é válido para todos os níveis de ensino. No caso da educação profissional e tecnológica, a pesquisa só tem sentido quando se transforma em extensão, pois ela, necessariamente, tem de ser aplicada, útil a sociedade [...] Revelou-se evidente a busca de estratégias para superar essa deficiência em termos institucionais. Destarte, indica-se a curricularização da pesquisa e da extensão como uma via para fins de superação tanto da questão do tempo reduzido para o desenvolvimento das ações quanto para a produção na área da pesquisa. Sobre a curricularização, No ano de 2014, com a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei Nº 13.005/2014, a indissociabilidade entre Ensino, Pesquisa e Exten- são ganha mais força e passa a ser regulamentada por lei, mais especifica- mente no que tange à inclusão das ações de Extensão de forma curricular. A lei determina, na Meta 12, dentre outras estratégias, a integralização de, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de créditos curriculares exigi- dos para a graduação em programas e projetos de extensão universitária, orientando sua ação, prioritariamente, para áreas de grande pertinência social. Essa exigência desafia o IFFar a repensar suas práticas, o currículo e a forma de trabalhar a Extensão e a Pesquisa, assumindo o compromisso de ir além do previsto em lei, incluindo ações de Extensão não somente no currículo da graduação, como também nos cursos técnicos, assim como curricularizar a Pesquisa nos currículos dos cursos técnicos e de Gradua- ção. Para tanto, os projetos pedagógicos dos cursos deverão passar por revisão e prever progressivamente a curricularização da pesquisa e da ex- tensão, integrando-as ao processo de ensino (IFFAR – PDI, 2019/2026). Pontua-se a relevância da prática extensionista concernente a formação técnica e/ou acadêmica discente. Em outras palavras, a experiência dos dis- centes desde o processo de planejamento das atividades até a execução das ações, ou seja, o discente deixando de ser um expectador do conhecimento trabalhado pelo docente tornando-se protagonista do processo. Também, ave- riguou-se positivo o contato entre discentes e público externo para fins de compreensão do perfil do egresso dos respectivos cursos: prática – interface 17 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas ensino/extensão – que aproxima do mundo do trabalho. Convém analisar isso mais demoradamente. Qual é o sentido da expres- são mundo do trabalho? O objetivo central dos Institutos Federais não é for- mar um profissional para o mercado, mas sim um cidadão para o mundo do trabalho, isto é, um cidadão que tanto poderia ser um técnico quanto um escritor. Portanto, a Rede Federal deveria preocupar-se com o estudo das no- vas formas de inserção no mundo do trabalho e novas formas de organização produtiva. Segundo Eliezer Pacheco (2015), O que está em curso [...] reafirma a formação humana, cidadã, precede a qualificação para a laboralidade e pauta-se no compromisso de assegurar aos profissionais formados a capacidade de manterem-se em desenvolvi- mento. Assim, a concepção de educação profissional e tecnológica que deve orientar as ações de ensino, pesquisa extensão nos Institutos Federais baseia-se na integração entre ciência, tecnologia e cultura como dimen- sões indissociáveis da vida humana [...] Em relação ao fomento das atividades aponta-se a necessidade de ampli- ação do quantitativo de bolsas para discentes e o aumento de recursos para financiar despesas de custeio. A insuficiência de recursos financeiros foi subli- nhada como substancial na minimização dos impactos das ações extensionistas na região que o campus está inserido. Em 2019, ocorreu o contingenciamento orçamentário do governo federal, ou seja, a retenção de 30% do orçamento para verbas de custeio e investimentos das instituições federais. A política de austeridade econômica atinge diretamente as comunidades vulneráveis que mais precisam da atuação destas instituições. Os Institutos Federais - por exemplo - interagem diretamente com os arranjos produtivos locais por meio da identificação dos problemas e criando soluções científico- tecnológicas para o desenvolvimento sustentável com inclusão social. Verificam-se ainda dois aspectos interessantes. Primeiro, a continuidade das ações extensionistas – mais edições do mesmo projeto – e o processo de consolidação institucional na região. Segundo, a interação dialógica entre a instituição e a comunidade local, considerando as demandas da comunidade e as parcerias com a sociedade civil organizada, órgãos públicos, cooperativas e empresas privadas. Avaliou-se como positivo os impactos - dentro dos limites do contingenciamento - das ações por meio do papel transformador do IFFar 18 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão no desenvolvimento local e regional. A Extensão nos Institutos Federais, [...] É entendida como a extensão que incorpora todos os níveis e moda- lidades de ensino e pesquisa em que os Institutos Federais atuam ou pro- duzem [...]consiste em uma das formas de interação da população com essas instituições. Por isso, pressupõe uma relação dialética com as comu- nidades, disponibilizando ao público “externo” às Instituições o conheci- mento adquirido com o ensino e a pesquisa desenvolvidos pelas Institui- ções [...] propiciando a produção de novos conhecimentos culturais, ci- entíficos e tecnológicos advindos dessa relação. A Extensão exige a parti- cipação dos setores da Instituição junto às comunidades de seu entorno, principalmente a extensão dos campi, na elaboração e implementação de políticas públicas voltadas para a maioria da população, para a qualifica- ção e educação permanente de gestores de sistemas sociais e para a disponibilização de novos meios e processos de produção, inovação, trans- ferência de tecnologia e troca de conhecimento, permitindo a ampliação do acesso ao saber e o desenvolvimento tecnológico e social local e nacio- nal (PACHECO In ANJOS; RÔÇAS, 2017). Por fim, registram-se os resultados satisfatórios da instituição na comu- nidade local e regional, assim como observou-se que as ações institucionais estiveram voltadas para a inclusão social, para o desenvolvimento socioeconômico local e regional e para a defesa do meio ambiente, assim como as demais prerrogativas que permeiam os valores, os princípios e a missão do IFFar. Conclusões Àguisa de conclusão, observa-se na legislação vigente que às finalidades e características dos Institutos Federais devem estar em consonância com as demandas locais e regionais. Ademais, torna-se elementar a busca pela cons- trução da cidadania, ou seja, o desenvolvimento de ações extensionistas - indissociáveis do ensino e da pesquisa - em prol de uma sociedade mais demo- crática, inclusiva e equilibrada social e ambientalmente. Para tanto, é funda- mental a relação dialógica dessas instituições com a realidade local e regional. O Seminário de Ações Extensionistas possibilitou a compreensão das políticas de extensão do IFFar - conforme o seu Plano de Desenvolvimento 19 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Institucional - e o conhecimento acerca das ações extensionistas desenvolvidas pelo campus Frederico Westphalen. O respectivo Seminário objetivou motivar os discentes para serem extensionistas. Evidentemente, não se trata de uma análise da política de extensão realizada no campus, pois analisou-se apenas um pequeno percentual de ações desenvolvidas nos últimos três anos. Toda- via, é possível averiguar aspectos relevantes que poderão contribuir para fins de reflexões concernentes aos avanços, limitações, desafios e possibilidades sobre as práticas extensionistas. Observou-se a necessidade de uma maior divulgação dos editais institucionais, das ações desenvolvidas e de espaços de formação entre discen- tes e técnico-administrativos em educação (TAEs). Além disso, destacou-se a questão do tempo reduzido para a extensão, ou seja, dificultando a realização de ações extensionistas, inclusive no tocante aos docentes em virtude da prevalência de atividades ligadas ao ensino. Entre outras limitações pode-se observar a indissociabilidade entre ensi- no, pesquisa e extensão. A pesquisa – por exemplo – foi parcialmente contem- plada e, consequentemente, a produção científica insuficiente. Nesse sentido, a curricularização da pesquisa e da extensão foi indicada como uma forma de superação tanto da questão do tempo reduzido para o desenvolvimento das ações quanto para a produção na área da pesquisa. Em relação aos avanços, pode-se destacar: o protagonismo discente na execução das ações extensionistas e a importância delas na formação técnica e/ ou acadêmica; a continuidade de ações e, consequentemente, o processo de consolidação institucional no município de Frederico Westphalen e na região do médio Alto Uruguai; a interação dialógica entre o IFFar e a comunidade local e regional; No ano de 2019, o contingenciamento orçamentário do governo federal atingiu os Institutos Federais com implicações negativas nas políticas extensionistas. Assim, evidenciou-se dois desafios: O primeiro, a importância acerca da captação de recursos financeiros externos para desenvolvimento de projetos. O segundo, a necessidade de publicizar sistematicamente as ações extensionistas, cuja finalidade é o apoio da comunidade, pois deve-se reafir- mar que o IFFar representa uma inovação educacional importante para a re- gião que está inserido e tem a missão de apoiar o desenvolvimento local por meio de ações de ensino técnico e tecnológico, pesquisa aplicada (inovação) e extensão. 20 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Referências BRASIL. [Constituição (1988)] Constituição da República Federativa do Brasil : texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. – Brasília : Senado Federal, Coordenação de Edi- ções Técnicas, 2016. BRASIL. Lei Nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institu- tos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/ lei/l11892.htm. Acesso em: 11 agosto de 2020. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA FARROUPILHA. Plano de Desenvolvimento Institucional (2019-2026). Santa Maria, 2019. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº. 001/2019. Normatiza a execução do projeto piloto de curricularização da extensão e da pesquisa no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha. Santa Maria, 2019. PACHECO, Eliezer. Fundamentos político-pedagógicos dos Institutos Federais: diretrizes para uma educação profissional e tecnológica transformadora. Natal: IFRN, 2015. __________, Eliezer. Institutos Federais: uma revolução na educação profissional e tecnológica. In: ANJOS, Maylta Brandão dos; RÔÇAS, Giselle. As políticas públicas e o papel social dos Institutos Fede- rais de Educação, Ciência e Tecnologia. Natal: IFRN, 2017. PATRÃO, Carla. Pesquisa Nacional de Egressos dos Cursos Técnicos da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica -2003-2007. 2009. Disponível em www.redenet.edu.br. Acesso em: 15 de agosto de 2020. 21 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Capítulo 2 Análise das Expectativas de Discentes do Curso Técnico em Informática Mediotec(EAD) do CR Candelária/IFFAR Giancarlo Bazarele Machado Bruno1 Anderson Fetter2 Eliani Teichmann3 Margarete Slim de Almeida4 Introdução A Educação a Distância - EaD - é uma modalidade de ensino cada vez mais difundida no país. Para Passos (2018), a “educação a distância, atual- mente, atinge todos os cantos da terra e sua oferta cresce a cada dia”. A EaD vem suprindo e amenizando a situação da população que necessita de forma- ção para ter acesso igualitário ou até mesmo inclusão social, traz possibilida- des de desenvolvimento de competências, aprimoramento pessoal e profissio- nal, transpõe barreiras, alcança lugares que no ensino presencial muitas vezes não é possível. Nessa perspectiva, Cortelazzo (2010) se refere à modalidade como uma abordagem eficaz para diminuir as grandes desigualdades sociais. Na esteira da interiorização do acesso à educação, inúmeras instituições e consórcios vem oportunizando gradativamente o aumento de matrículas na 1 Coordenador do Centro de Referência Candelária (out/2015-mar/2020), Docente de Educação Física do Instituto Federal Farroupilha - Campus Frederico Westphalen, Doutorando em Saúde da Criança e do Adolescente UFRGS, Mestre em Educação Física CDS-UFSC, gbasket@hotmail.com 2 Coordenador de Assistência Estudantil IFFar Campus Jaguari, Docente de Educação Física do Instituto Federal Farroupilha - Campus Jaguari, Mestre em Educação e Formação de Adultos ESE/IPP - Porto- Portugal, anderfetter@gmail.com 3 Tutorado Curso de Informática Mediotec (ago/2017-jun/2019), Licenciada em Ciências Biológicas, eliani.teichmann@hotmail.com 4 Pedagoga do Curso de Informática Mediotec (ago/2017-jun/2019), Licenciada em Pedagogia, Especialista em Neuropsicopedagogia Educação Especial e Inclusiva, margareteslimdealmeida@gmail.com 22 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão modalidade EaD, que conforme levantamento do Censo Digital EaD de 2018 da ABED, oportunizou o acréscimo de mais de 1,5 milhões de matrículas de 2017 para 2018, totalizando mais de 9,3 milhões em todo país. (ABED, 2018). Fundamentado pela Lei n.º 12.513, de 26 de outubro de 2011, que institui o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) e a Portaria n.º 817, de 13 de agosto de 2015, que estabelece as normas de execução da Bolsa Formação, o Mediotec é uma iniciativa do Mi- nistério da Educação que busca estender a oferta de vagas em cursos técnicos concomitantes de forma gratuita, a alunos regularmente matriculados no en- sino médio das redes públicas de educação. A oferta do Curso Técnico em Informática EaD concomitante ao Ensino Médio, proposto pelo Governo Federal em parceria com a Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (SEDUC), trouxe para o Centro de Referência Candelária, cinquenta va- gas que foram distribuídas entre os alunos das escolas públicas estaduais e bolsistas de uma escola particular. Estes estudantes vieram de diversas locali- dades do município, tanto do interior como da cidade. O curso foi desenvolvido através da plataforma MOODLE e sua estru- tura organizacional composta de uma equipe multidisciplinar, sendo que o atendimento presencial foi realizado por uma professora mediadora e uma pedagoga. Abordaremos alguns pontos relevantes, pois os assuntos são inesgotáveis, através de um relato de nossa experiência como equipe, e posteriormente faremos uma análise do questionário aplicado com os alunos, o qual busca identificar alguns fatores como, as facilidades e dificuldades de acesso, à im- portância dos momentos presenciais da equipe, processos de aprendizagem bem como as conclusões dos alunos sobre este modelo de ensino. Na análise dessas perspectivas, traçou-se um delineamento de fatores considerados facilitadores, bem como os obstáculos, os prós e os contras de uma experiência de educação profissional na modalidade a distância. O objetivo deste trabalho é colaborar com a reflexão à respeito das expe- riências vividas pela equipe e pelos alunos durante o curso. Por ser uma expe- riência totalmente nova e diferente daquilo que os alunos estão acostumados em suas rotinas diárias de aulas presenciais e necessitar de habilidades que exigem uma certa maturidade e comprometimento, pode se dizer que foi um processo de muitas angústias e incertezas, mas com resultado satisfatório. 23 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Palavras-chave: Alunos. Educação à Distância. Mediotec. Técnico em Informática Ead. O curso técnico em informática concomitante Mediotec do CR Candelária - expectativas e as perspectivas de educadores e alunos A Educação a Distância (EaD) é uma modalidade de ensino prevista no Art. 80 da Lei 9.394 de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educa- ção Brasileira. Regulamentada pelo Dec. 5.662, de 2005, a EaD caracteriza-se por ser uma modalidade educacional cujo processo de mediação didático- pedagógica ocorre por meio de tecnologias de informação e comunicação. (Welter, Forigo e Mumbach, 2018). O IFFar, buscando transpor barreiras geográficas no intuito da interiorização da educação, comprometendo-se em disponibilizar ensino pú- blico, gratuito e de qualidade, com a democratização do uso crítico das tecnologias, em 2012 constitui a Diretoria de Educação a Distância (DEAD) como instância administrativa das ações da modalidade, cujos passos iniciais se dirigiram na constituição de ações que viessem a reconhecer e valorizar a modalidade como meio de concertação social capaz de mitigar problemas de formação educacional e profissional em demandas locais (Costa et al, 2018). Inserido no Plano de Desenvolvimento Institucional de 2014, a Política de EAD e as estratégias de expansão do ensino oportunizaram a criação de Centros de Referência em cidades estratégicas que abarcam localidades cujas instituições que oferecem educação profissional e tecnológica ainda não se fazem presentes. (PDI IFFar, 2014) O Centro de Referência Candelária surgiu de uma parceria do IFFar com a Prefeitura Municipal de Candelária, este esteve situado junto ao Colé- gio Nossa Senhora Medianeira até fevereiro de 2020, onde dispunha de uma sala administrativa, dois laboratórios de informática (um próprio e outro fo- mentado pela Prefeitura), contava com um coordenador, servidor do instituto e um agente administrativo cedido pela prefeitura. Após uma remodelação na estrutura do IFFar com a extinção de alguns Centros de Referência devido à ausência de políticas de expansão da Rede Federal por parte do Governo Fede- ral, houve a migração dos cursos e estruturas para um Polo de Educação à distância em parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB). A equipe para atuar no programa Mediotec, foi selecionada por meio de 24 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão edital com processo seletivo de títulos, onde estipulava a remuneração por bolsa formação que contam com o suporte da equipe a distância. Nesta pers- pectiva, o Centro de Referência Candelária do IFFar se inseriu, em outubro de 2015, como espaço estratégico para acolher a demanda educacional e formativa daquela cidade e imediações. Uma das estratégias utilizadas pela coordenação foi implementar a proposta do Mediotec EaD, com o propósito de ofertar educação profissional técnica de nível médio na modalidade de EaD, articulado, de forma concomitante, para estudantes que estejam cursan- do o Ensino Médio presencial regular na rede pública de ensino da cidade de Candelária e localidades adjacentes. O Curso Técnico em Informática Concomitante Mediotec Ead, ampa- rado pelas Diretrizes Institucionais da organização administrativo-didático- pedagógica para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio no IFFarroupilha, pela Resolução CONSUP nº 102/2013, a partir da escolha do seu eixo tecnológico, aponta como melhor opção de oferta justificado muito em razão da constante evolução das tecnologias da informação e comunicação que levou ao aumento da demanda de profissional na área de informática. O referido curso observou intrinsecamente todas as disposições do Documento de Referência do programa Mediotec Ead, tomando como base as legislações vigentes para as instituições educacionais. Assim, embasado no Catálogo Na- cional dos Cursos Técnicos do Ministério da Educação, surge o Curso de Educação Profissional Técnico em Informática de Nível Médio Concomitante a Distância, vindo ao encontro da realidade do mundo do trabalho demanda- do pela comunidade de Candelária. Devido a contínua evolução da tecnologia houve um crescimento da demanda por profissionais na área da informática, como forma de minimizar este déficit no mercado de trabalho, o Ministério da Educação apresentou uma nova ação do Programa Nacional do Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), implementando o Mediotec EaD. Conforme o Projeto Pedagógico do Curso (2017), esta ação tem entre seus propósitos, formação técnica profissional como mais uma alternativa para o jovem, que ao final da educação básica terá diploma de ensino médio e um diploma de curso técnico, ampliando as chances de inserção profissional quando da conclusão do ensino regular. Certamente os adolescentes necessitam opções que incentivem a prepa- ração para o mercado de trabalho, entretanto à educação a distância exige 25 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas muitas características que nesta fase do desenvolvimento humano como a au- tonomia, e que muitas vezes não está totalmentepresente nos alunos. Além disso, o sistema público de ensino ainda não está equipado com tecnologia suficiente para que esses alunos tenham domínio da aprendizagem através dela apesar dos esforços em fomentar laboratórios tecnológicos para tal obje- tivo. Embora esta modalidade esteja em expansão no Brasil e traga uma ideia de flexibilidade na forma de estudar, até então era ofertada para adultos prin- cipalmente aqueles com dificuldades de frequentar cursos presenciais e ou por quem buscasse conhecimento ou qualificações para fins de promoções ou melhorias de salários. Esta experiência de oferta para adolescentes num modelo totalmente di- ferente daquilo a que estão acostumados, onde o tempo todo o professor está orientando, mediando, dando as coordenadas, para um modelo que o aluno passa a ser o gestor da própria aprendizagem, é possível sim, mas o grau de dificuldade é grande, pois o aluno precisa ser autônomo, proativo, e muito responsável. Uma das preocupações dessa modalidade é exatamente a falta de proxi- midade entre professor e aluno, que exige atenção e constante inovação de ferramentas para atingir sempre mais interação (Almeida, 2009). A adolescência é marcada por profundas transformações físicas e psico- lógicas, uma fase de amadurecimento em que adentram nos direitos e deveres da vida adulta, iniciam suas escolhas, decisões, realizações pessoais, mas sem- pre guiados e amparados pelos adultos. Como passar então, a ser esse sujeito maduro que o modelo de ensino necessita? Para Prado (2017) na fase da ado- lescência existe a tomada da consciência das inúmeras possibilidades que o futuro lhe oferece, ao mesmo tempo,torna-se consciente das limitações pesso- ais e externas impostas pelo meio em que vive, e isso pode ser repercutido no ambiente EaD. Na EaD ocorre a transposição de barreiras de espaços físicos e sociais, democratizando o acesso ao conhecimento, prevê a construção da autonomia do aluno no processo de ensino aprendizagem, exige habilidades muitas vezes inexistentes na maioria dos educandos, mas que podem ser adquiridas com empenho e compromisso. Nessa modalidade, o aluno constrói seus métodos de aprendizagem e assume maior responsabilidade sobre a construção do co- nhecimento que irá colaborar para seu desenvolvimento integral. Isso não 26 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão significa que ele se educa sozinho, mas que torna fato uma possibilidade. Ainda estamos, é claro, em fase de aprendizagem, essa foi a primeira oferta da instituição, mas o caminho para se chegar a bons índices de aprendi- zagem e conclusão de cursos nesta modalidade parece não estar bem delinea- do ainda, visto que não passa somente pelo fator motivacional, mas talvez pela maturidade para escolha profissional que vem permeada de muitos outros fatores. Essa falta de sucesso na modalidade não é restrito somente ao ensino concomitante, como vemos a seguir: A evasão, abandono ou desistência escolar são problemas rotineiros que se apresentam nas mais diferentes instituições, sejam elas públicas ou priva- das, em diferentes graus de escolarização, do ensino fundamental ao uni- versitário e que de alguma forma desafiam a capacidade de educadores, governantes e do sistema social em que vivemos. Sendo a instituição de caráter público ou privado, os efeitos onerosos são sentidos, impactando desperdício de dinheiro público ou déficit em arrecadação no setor priva- do. (SILVA, 2018). O discente se coloca em um divisor de águas em sua vida/carreira, onde vive um momento de indecisões, de preparação para o ENEM, de necessidade de entrar no mercado de trabalho para melhorar a renda familiar, e principal- mente diante da falta de maturidade para gerenciar o tempo e ter autonomia e autodisciplina, o que muitas vezes os adultos não conseguem, nos trás uma dificuldade de lidar com esse público, de conseguir um bom índice de desem- penho e de ajudá-los a chegar ao diploma final. A Educação a Distância (EaD) é a modalidade de ensino que mais vem crescendo no país. Segundo o artigo Sala de Aula Invertida em EaD: uma proposta de Blended Learning (2013), Suhr e Ribeiro consideram a Educação a Distância uma ferramenta maravilhosa em prol da democratização no Bra- sil, mas para isso é necessário que se busque a constante melhoria de sua qua- lidade. No Centro de Referência Candelária os 50 alunos eram provenientes de escolas públicas ou bolsistas da escola particular e foram divididos em 3 tur- mas para atendimento no turno inverso ao ensino regular, onde uma das tur- mas era no turno da manhã, outra no turno da tarde e a terceira turma no sábado pela manhã atendendo não apenas o contraturno da escola como tam- 27 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas bém havia a opção de quem trabalhava e estudava de utilizar o sábado como alternativa. Para que alunos menores de idade pudessem participar da aula neste dia/ turno tornou-se necessário autorização de pais e responsáveis. Além de aten- der esta peculiaridade, o sábado serviu como possibilidade de recuperação de aula para quem perdeu a aula durante a semana e esta estratégia foi bastante positiva no manejo da evasão. O curso Técnico em Informática possui carga horária de 1200 horas, sendo 80% a distância através do ambiente virtual de aprendizagem Moodle e 20% presencial que ocorrem no Centro de Referência nos turnos inversos ao ensino regular, acompanhadas pela Professora Mediadora Presencial, o tem- po de conclusão é 4 semestres, ou seja, 2 anos. Nos momentos presenciais são desenvolvidas atividades como, Práticas Profissionais Integradas (PPI), avaliação do estudante, atividades destinadas a laboratório, aula de campo, vídeo aulas, atividades em grupo de estudo, dentre outras previstas no planejamento do curso. (Projeto Pedagógico de Curso, 2017). O curso Técnico em Informática na modalidade EaD (Ensino à Dis- tância) do Centro de Referência Candelária formou 29 alunos técnicos em informática em uma turma que contou com 50 ingressantes. A evasão propriamente dita foi menor ainda por quê alguns alunos desistentes receberam a certificação intermediária após a conclusão de um módulo completo, pois de acordo com o PPC, a conclusão do primeiro se- mestre certificará o aluno à Montagem e Manutenção de Computadores, a conclusão do segundo como Programador de Sistemas e a do terceiro semestre como Programador de Sistemas Web, já o estudante que concluir com êxito as quatro etapas previstas em seu itinerário formativo, ou seja, os quatro semes- tres, receberá o certificado de Técnico em Informática, contribuindo com o êxito do curso. Outro ponto importante a ser destacado é a assistência estudantil, ou seja, a bolsa formação que o estudante recebia, visando garantir o acesso, o êxito, a permanência e a participação nos momentos presenciais. 28 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Metodologia O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo exploratório, que conforme Gil (2002) busca conhecer de maneira flexível as características de determinada população. Para tanto, foi realizado no 1º se- mestre de 2019 com 29 alunos do curso Técnico em Informática EaD do Instituto Federal Farroupilha/Centro de Referência Candelária a aplicação de um questionário online, através da utilização da ferramenta Google Formulá- rios, com 30 questões qualitativas para analisar a opinião dos alunos sobre o curso, as vantagens e desvantagens, bem como, as facilidades e dificuldades que encontram em relação a esta modalidade de ensino. Propõe-se também relatar as experiências vividas tanto dos alunos, como da equipe em relação ao curso Técnico em Informática EaD do Centro de Referência Candelária, embasado no relato dos alunos e da equipe, e na análise e estudo de funda- mentações teóricas. Resultados e discussão A partir das respostas dos estudantes às questões do formulário, pude- mos identificar que, em sua maioria, os alunos do Curso Técnicoem Informática do CR Candelária estavam finalizando o Ensino Médio (68%), enquanto que os demais já haviam concluído a etapa formativa básica. A mai- oria manifestou trabalhar (60%), enquanto os demais ainda não se encontra- vam colocados no mundo do trabalho (40%). Os mesmos indicadores apare- cem quando os estudantes são questionados sobre fazerem outro(s) curso(s) concomitantes: enquanto 40% afirma fazer outro(s) curso(s), 60% manifes- tou que não. Os estudantes, em sua imensa maioria (84%), ainda residiam com seus pais ou responsáveis, enquanto que poucos já possuíam residência própria. Distribuídos de maneira equilibrada na zona rural (52%) e urbana (48%), praticamente todos os estudantes (94%) possuíam acesso de internet em suas residências, utilizando-a diariamente (88%), ou quase diariamente (12%). Quanto ao período habitual de uso de internet pelos alunos variava em torno de 2 a 4 horas diárias (44%), havendo grande número de pessoas que usavam até mais de 4 horas diárias (40%), e poucos foram os casos dos que utilizavam até duas horas diárias (16%). 29 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Atualmente a tecnologia evolui de forma constante fazendo parte do dia a dia de todos e interferindo na maneira de trabalhar, de se relacionar, divertir e de aprender. A procura por cursos na área de Tecnologia da Informação é crescente ano a ano. De acordo com dados da pesquisa dos alunos que ingres- saram e permaneceram no curso, 36,0% disseram terem se matriculado no curso por interesse na área técnica, 32,0% pela oportunidade de fazer um curso gratuito nesta área, 16,0% para adquirir experiência, 12,0% para me- lhorar o currículo e 4,0% para entrar no mercado de trabalho. Gráfico 1- Motivo de matrícula no curso Apesar de poucos terem se matriculado pensando numa oportunidade para mercado de trabalho, muitos de nossos alunos já conseguiram um bom emprego pelo fato de estarem cursando o Técnico em Informática. Quando questionados sobre se fazem outros cursos, além deste, 60,0% responderam que não e 40,0% que sim. E em relação a trabalho, mais da metade trabalha, 60,0, apenas 40,0% não trabalha. Cabe salientar que não há relação direta entre o fato de estudantes estarem trabalhando e estudando outro curso, pois há casos de estudantes sem trabalho e apenas matriculado no Curso Técnico em Informática, bem como há quem esteja no Mediotec, empregado e cur- sando um outro curso. Houve relato de promoção na empresa ou reposicionamento por estar cursando informática, assim como alunos que quando ingressaram no Exérci- to Brasileiro foram aproveitados em postos que tinham como utilizar os co- nhecimentos do curso, valorizando a formação dos mesmos. 30 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão Gráfico 2 - Concomitância de Cursos A partir desta análise foi observado que a maioria, além do curso técnico, trabalhava, fazia outros cursos ou ainda estava cursando o ensino médio regu- lar. Quando um aluno requisitava seu desligamento do curso, o que ocorria após esgotar todas as formas de recuperação de conteúdos, era realizada a entrevista de desligamento onde os motivos informados mais frequentes eram a impossibilidade de conciliar atividades, refletindo na falta de tempo para se dedicar às tarefas e compromissos do curso, sendo a principal causa de evasão. Mesmo com a disponibilidade da internet para todos os estudantes, com uma velocidade de banda expressiva (20 megabytes dedicada para download e upload, e exclusiva do laboratório de informática), menos da metade dos alu- nos acessava várias vezes por semana a plataforma Moodle (44%), com a mai- oria manifestando raramente acessar a plataforma ou somente durante a aula presencial no pólo (56%). Tais indicadores podem evidenciar a exposição an- terior referente à falta de dedicação direta às tarefas e à compromissos do curso em razão de não conseguir conciliar todas as atividades. Tal evidência se concretiza com a manifestação da grande maioria dos alunos (64%) que pontuou a falta de tempo como principal fator de dificul- dade para se dedicar ao curso, mesmo havendo menções quanto à falta de motivação (16%), dificuldade de aprendizagem no sistema (12%), dificulda- de de acesso a plataforma e falta de disciplina (4% cada). Mesmo diante desse cenário, a maioria entende que sua participação na 31 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas Plataforma Moodle pode ser classificada como média, no sentido de haver interação com professores e demais colegas, além de realizar as leituras e as atividades propostas (52%). No entanto, há uma parcela considerável de estu- dantes que reconhece a baixa participação na plataforma (entendido como apenas ler os materiais e fazer as atividades, 36%) ou baixíssima, quando so- mente faz as atividades (4%). Apenas 8% dos respondentes manifestaram uma elevada participação no Moodle, considerando que além das atividades habi- tuais, buscava informações complementares em outras fontes de consulta. Segundo Fábio (2018), no âmbito das Instituições Federais também en- contramos dificuldades relativas ao abandono, evasão e a desistência dos alu- nos, o que não é diferente nos Polos e Centros de Referência que oferecem cursos nas áreas técnicas presencial e EaD. Mesmo com o crescimento na busca por cursos na modalidade a distância, as taxas de evasão têm sido altas. Em média a evasão chega a 40%, mas podem ser encontrados cursos técnicos a distância que apresentam índice maior que 75%. Percebe-se também que o estilo de aprendizagem onde o estudante ne- cessita da presença do professor, ainda é muito arraigada no que tange conce- ber o ato educativo, pois os respondentes foram unânimes em afirmar a im- portância do momento presencial no processo ensino-aprendizagem. Ainda assim, a maioria (64%) manifestou que não conseguem sanar todas suas dúvi- das, mesmo com o momento presencial. Consideram também a sua relação com o Professor Mediador Presencial boa ou ótima (88%), como também com a assessoria pedagógica (80%), o que facilita seu desenvolvimento no curso. Conclusão O Curso de Educação Profissional Técnico em Informática de Nível Médio Concomitante a Distância, ofertado pelo IFFar CR Candelária oportunizou um importante espaço de concertação social aos estudantes da- quela cidade e imediações. Com o presente ensaio, pode-se colaborar com a reflexão à respeito das experiências vividas pelos alunos durante o curso, ficando claro nas respostas dos discentes que em sua maioria expressou o interesse em adquirir os conhe- cimentos da área técnica, bem como a oportunidade de fazer um curso gratui- to nela. 32 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão As respostas revelaram as dificuldades dos estudantes com que foram: o processo ensino-aprendizagem pela Plataforma Moodle; a falta de tempo para conciliar as atividades do curso com as atividades laborais; atender a demanda do término da educação básica (em sua maioria cursando o 3.º ano do Ensino Médio); e ainda a concomitância com outros cursos que os estudantes esta- vam realizando. Em contraponto às dificuldades pôde-se observar que as relações com a equipe (tutoria presencial, assessoria pedagógica e coordenação de centro) cri- aram um clima que estimulou a permanência e êxito dos alunos, de acordo com o relato dos mesmos nas questões abertas. Outro destaque relatado pela equipe foi o aspecto colaborativo e coleguismo da turma, fundamentais para a continuidade dos alunos no seu processo formativo, muito ligado à figura presencial do professor. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO A DISTÂNCIA. Censo Digital EAD.BR 2018 - relatório analítico da aprendizagem a distância no Brasil. disponível em: http://abed.org.br/arquivos/C E N S O _ D I G I T A L_EAD_2018_ PORTUGUES .pdf Acesso em 1.º/09/2020. ALMEIDA, M. das G.M.de Educação a Distância e formação huma- na: um encontro possível e desejável. Revista Debates emeducação, Maceió, v.1, n.1, junho 2009. Disponível em: http://www.seer.ufal.br/index.php/article/ view/29/22. Acesso em 29 de out. de 2019. 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As transformações rápidas do mundo por meio da tecnologia estimulam os profissionais da educação a buscar novos conhecimentos por meio do Curso Técnico em Multimeios Didáticos (MD). Apresenta-se com os dados coletados as percepções dos alunos sobre o seu desenvolvimento nos aspectos de autonomia, disciplina e independência na realização das atividades propostas no MD, que está em andamento com conclusão prevista para abril de 2019. Os estudantes também foram questio- nados quanto aos principais aspectos positivos do curso e as principais dificul- dades. O presente ensaio apoia-se em autores como Levy (2000) e Moran (2003), para refletir sobre o uso da tecnologia e a Educação a Distância (EaD). Inicia- 1 Doutorando em Medicina (Saúde da Criança e do Adolescente- FAMED/UFRGS), Mestre em Educação Física (CDS/UFSC), Docente EBTT Educação Física IFFarroupilha, Campus Frederico Westphalen, RS. gbasket@hotmail.com 2 Mestre em Desenvolvimento Regional e jornalista pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Santa Cruz do Sul, RS. Consultora nas área de Responsabilidade Social e Sustentabilidade. E-mail lidiaschwanteshoss@gmail.com 3 Mestre em Educação (Educação e Formação de Adultos) ESE/IPP, Porto - Portugal. Docente EBTT Educação Física IFFarrroupilha Campus Jaguari, RS. anderfetter@gmail.com 36 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão se alinhando os conceitos de autonomia, disciplina e independência. Em se- guida, apresentam-se as estratégias metodológicas usadas e os resultados en- contrados. Palavras-Chave: educação a distância, autonomia, disciplina, indepen- dência, multimeios didáticos Autonomia, disciplina e independência do aluno na EAD O sistema educacional do Brasil é complexo dentre várias razões como dimensão geográfica, particularidades culturais de cada estado, além aspectos de gestão e políticas públicas. No ensino a distância essa complexidade au- menta ainda mais pois estão inseridos os aspectos tecnológicos que fazem a mediação entre o conteúdo e o estudante. Paralelo aos aspectos de complexidade apresentados, a difusão recente e célere da modalidade de Ensino à Distância - EaD - dificulta a prospecção de dados mais concisos do impacto da EaD no Brasil em termos gerais. Para Passos (2018), a “educação a distância, atualmente, atinge todos os cantos da terra e sua oferta cresce a cada dia”. A EaD vem suprindo e amenizando a situação da população que necessita de formação para ter acesso igualitário ou até mesmo inclusão social, traz possibilidades de desenvolvimento de compe- tências, aprimoramento pessoal e profissional, transpõe barreiras, alcança lu- gares que no ensino presencial muitas vezes não é possível. Segundo o censo EAD.BR 2015, naquele ano o Brasil contabilizava 5.048.912 alunos entre cursos a distância e semipresenciais. Na esteira da interiorização do acesso à educação, inúmeras instituições e consórcios educacionais vem disponibilizando gradativamente o aumento de matrículas na modalidade EaD, que conforme levantamento do Censo Digital EaD de 2018 da ABED, oportunizou o acrés- cimo de mais de 1,5 milhões de matrículas de 2017 para 2018, totalizando mais de 9,3 milhões em todo país. (ABED, 2018, p. 60). Dentre os programas disponibilizados na rede pública está o Rede e-Tec Brasil que visa desenvolver, a educação profissional e tecnológica (EPT) na modalidade de Educação a Distância, para ampliar e democratizar a oferta e o acesso à educação profissional pública e gratuita no país. Neste processo, assu- me também o fomento à oferta de cursos do Programa de Formação Profissi- onal em Serviço dos Funcionários da Educação Básica (Profuncionário) onde 37 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas está inserido o curso de Multimeios Didáticos. No Instituto Federal Farroupilha no ano de 2017 recebeu cinco (5) no- vas turmas do Curso Técnico em Multimeios Didáticos, num total de, aproxi- madamente duzentos e cinquenta (250) novos alunos acolhidos nos Centros de Referência (CR) e Pólos de Ead vinculados à instituição (Santos e Costa, 2018). No Centro de Referência Candelária, o MD foi ofertado para a primeira turma desde 2017 e foi concluído em 2019 onde se fez uso da plataforma Moodle institucional, tendo como estrutura de funcionamento um Coorde- nador de CR (Servidor efetivo do IFFarroupilha), uma secretária de CR (cedi- da pela Prefeitura Municipal de Candelária como contrapartida). Já a estrutu- ra custeada pelo Programa contou com um Mediador presencial, 3 tutores e 10 professores (Falcade, Cocco e Pippi, 2018) Ainda segundo Falcade, Cocco e Pippi (2018) destacam que o objetivo Projeto Político Pedagógico dos cursos do Profuncionário é “construir e re- construir a identidade profissional de funcionários da educação” e o curso de MD visa “formar trabalhadores para exercer a funções como educador e gestor dos espaços e ambiente de comunicação e tecnologia nas instituições de ensi- no da rede pública e particular”. Tendo como entendimento às dificuldades impostas pelo modelo EAD aos cursistas que tem no MD seu primeiro grande contato com a tecnologia e os meios digitais, o esforço para evitar a evasão é exercício de todos os dias, utilizando diversas ferramentas e mecanismos para que se tenha o chamado êxito do aluno. De acordo com Rapetti da Silva e Mazzuco (2018) na EAD também representa uma grave problemática, pois muitos são os casos em que há um grande número de evadidos, que já nas primeiras aulas desistem do curso por inúmeras questões, desde pessoais, falta de perfil do curso escolhi- do, problemas profissionais, por não conseguirem acompanhá-lo, por não aten- der às expectativas, dentre outros aspectos que serão discutidos neste texto. Entre alguns aspectos importantes para que os estudantes persistam nos cursos EAD e tenham êxito estão a autonomia, a disciplina e a independência. Essas características precisam ser reforçadas ou desenvolvidas pois muitos es- tudantes ingressam na Educação a Distância depois de teremvivenciados a educação tradicional de forma presencial. Preti (2005) descreve que cabe ao aluno, neste novo cenário, assumir para si a responsabilidade da sua própria formação, sendo autonomia e disci- 38 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão plina para o estudo compromissos de todo o processo educativo. Ou seja, um indivíduo é considerado autônomo quando tem capacidade de administrar e gerenciar seus compromissos e atividades. Gottardi (2015), inclui que a auto- nomia está estabelecida quando alunos interagem com materiais didáticos e metodologias de ensino, estimulados por ações pedagógicas de professores- tutores que atuam como instigadores cognitivos oportunizando aprendiza- gem colaborativa. Sabemos que não há ferramentas concretas para se verificar indicadores de motivação em estudantes, mas é fundamental que os profissionais envolvi- dos percebam se o estudante, apropriado de sua intenção de realização pesso- al, motivo de crescimento profissional, entre outros aspectos, denotam sua autonomia, fator imprescindível no processo ensino-aprendizagem tão im- portante na EaD. No entanto, é fundamental que os mesmos professores- tutores avaliem se suas instigações oportunizam o fator importante do desen- volvimento da autonomia do estudante: a motivação. A motivação neste pon- to será apresentada pela perspectiva designada de Maslow, que credita a “fato- res internos do sujeito que, juntamente com os estímulos do meio ambiente, determinam a direção e a intensidade do comportamento.” (Barros de Olivei- ra, 2010, p.121). Preti (2005), aponta para as diferentes dimensões da autonomia na EaD, refletindo o papel do aluno, dos educadores e da instituição educacional. Já Almeida apud Rodrigues (2011) aprofunda as reflexões sobre a natureza da autonomia afirmando que: A autonomia da vontade se dá quando o sujeito é capaz de, diferentemen- te do que ocorre com a criança, disciplinar a vontade e articular paixões, necessidades e racionalidades. A autonomia física é adquirida quando o sujeito é capaz de operar escolhas em relação ao seu próprio corpo e com o mundo natural. A autonomia intelectual, considerada a mais funda- mental e complexa, é ponto de partida e de retorno dos outros níveis de autonomia aqui citados. (Almeida, 2009). No mesmo sentido da autonomia vem a disciplina à qual buscamos com- preender pela perspectiva do processo formativo da ação educacional, que para Rodrigues (2001), remete à disciplinação da vontade e à aquisição de conhecimentos e habilidades de que cada um irá se servir para atuar na repro- dução das condições próprias de existência e de participação enquanto mem- 39 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas bro da sociedade. Até porque o próprio autor salienta que “como esse ser é dotado de vontade infinita, mas de possibilidade finita, há de disciplinar essa vontade para que ela possa ser ajustada à realidade em que se está colocado” (Rodrigues, 2001, p. 248). Característica própria do EaD, enumerada por Diniz (2007) assim como a separação física do professor-aluno, a organização de apoio-tutoria, o uso de meios técnicos de comunicação, a comunicação bidirecional e massiva, a in- dependência, que na educação a distância é fundamental para que o aluno consiga desenvolver as atividades propostas sem a presença da figura do pro- fessor e também consiga fazer uma boa gestão do seu tempo. Apropriada da flexibilidade, a forma de estudar independente, alavancada pelo elemento motivação é crucial para que o estudante desenvolva estratégias de pesquisa e organização autônoma, potencializadoras da viabilização de comunicação en- tre colegas e professores via ambientes virtuais. (Diniz, 2007, p. 30). Para Belloni (1999), aprendizagem em EaD define-se pela flexibilidade, abertura dos sistemas e maior autonomia do aluno, sendo mais coerente com transformações sociais e econômicas contemporâneas, pois esse modelo foca o processo de aprendizagem no educando e não no ensino ou nas tecnologias utilizadas. Cabe ressaltar que a aprendizagem, como processo educacional, apresenta uma diversidade de estilos que refletem no porquê de diferentes níveis de aprendizagem de estudantes, mesmo estando os discentes dispostos nas mesmas condições de ambiente e mesmos níveis intelectuais. Diniz (2007) alerta que entender os diferentes estilos de aprendizagem é um passo importante para favorecer a individualidade, tirar proveito das habi- lidades e também identificar os modos menos preferidos de aprender. A auto- ra ressalta ainda que o autoconhecimento dos estudantes sobre seus estilos de aprendizagem é fundamental ao tratarmos de EaD, pois requer que os própri- os discentes se organizem e otimizem seu próprio aprendizado. O objetivo geral deste trabalho foi conhecer de que forma os alunos do MD do CR de Candelária se auto avaliam em relação a sua autonomia, disci- plina e independência. E como objetivos específicos identificar os aspectos positivos do curso e apontar as principais dificuldades. Metodologia O presente trabalho caracteriza-se como um estudo descritivo 40 Educação & transformação social: (re) unindo práticas de ensino, pesquisa e extensão exploratório, que conforme Gil (2002) busca conhecer de maneira flexível as características de determinada população. Um questionário foi disponibilizado para os estudantes do curso de Multimeios Didáticos do Centro de Referência Candelária de forma online para a coleta de informações. Dos 15 alunos concluintes do curso, 10 responderam o questionário de forma voluntária e anônima. O questionário autoaplicado apresentou as opções de muito bom, bom, regular e ruim, além de duas questões abertas. Para Gil (2009), o questionário é uma técnica de investigação que tem entre seus principais aspectos positivos o baixo custo, anonimato dos respondentes e não expor o entrevistado à influ- ência do entrevistador. O questionário centrou as questões em três aspectos: autonomia, disci- plina e independência. Também foram questionados sobre quais as maiores dificuldades para a realização do curso e os aspectos que consideram mais positivos. Os resultados alcançados e sua análise são apresentados a seguir. Resultados e discussão Diversos contextos educacionais, espaços físicos e virtuais, diferentes re- cursos didáticos e abordagens pedagógicas são importantes pontos que dife- renciam e caracterizam as milhares de instituições de ensino no Brasil. Levy (2000), observa que vive-se ainda uma fase de transição para o uso pleno da tecnologia. A facilidade do acesso à informação traz importantes benefícios para a sociedade no âmbito da educação e cultura com a facilidade de obten- ção e compartilhamento de conhecimento. Embora o contato com a tecnologia e o seu uso diário estejam acontecendo com diferente intensidade e aprofundamento, a educação tem sido beneficiada com esse uso, com os cur- sos a distância, por exemplo. Os estudantes do curso de MD estão, em grande parte, aclimatados com as novas formas de estudo proporcionadas pela tecnologia como mostram os resultados da pesquisa. No entanto o acesso à internet ainda é um entrave em alguns casos. Dos estudantes que participaram do estudo, 70% se autoavaliaram com conceito bom quando questionados sobre a sua disciplina no curso MD. As opções muito bom, regular e ruim obtiveram 10% cada. Tais indicadores de- notam aspectos fundamentais do grupo de respondentes no que se refere à vontade da maioria dos estudantes de adquirir conhecimentos e habilidades 41 Orgs: Magalia Gloger dos Santos Almeida e Melissa Welter Vargas capazes de transformar suas realidades sociais, priorizando seus espaços e mo- mentos formativos. Quando questionados sobre a sua autonomia, 70% marcaram como bom e outros 30% como muito bom. Dessa forma, 100% dos estudantes que res- ponderam à pesquisa estão demonstrando estarem confortáveis nesse aspecto do estudo a distância. Assim sendo, conforme Gottardi (2015), a EaD, que contribui para a educação,
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