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DESENVOLVIMENTO HUMANO PROFA. MA. CARMELA SLAVUTZKY Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Camila Adão barbosa Camila Cristiane Moreschi Fernando Sachetti Bomfim Patrícia Garcia Costa Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Cristiane Alves © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................5 1. RESUMO DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 7 1.1 TEORIAS PSICANALÍTICAS .....................................................................................................................................8 1.1.1 TEORIA DE FREUD .................................................................................................................................................8 1.1.2 TEORIA DE ERIKSON .......................................................................................................................................... 10 1.2 TEORIAS DA APRENDIZAGEM.............................................................................................................................. 11 1.2.1 BEHAVIORISMO ................................................................................................................................................... 11 1.2.2 TEORIA DA APRENDIZAGEM SOCIAL ............................................................................................................... 12 1.3 TEORIAS COGNITIVAS .......................................................................................................................................... 12 1.3.1 ESTÁGIOS COGNITIVOS DE JEAN PIAGET ........................................................................................................ 12 REVISANDO AS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO PROFA. CARMELA SLAVUTZKY ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO HUMANO 4WWW.UNINGA.BR 1.3.2 TEORIA SOCIOCULTURAL .................................................................................................................................. 13 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 14 5WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Desde o momento da concepção, tem início nos seres humanos um processo de transformação, que continuará até o final da vida e, desde os primórdios do estudo sobre o desenvolvimento humano, tem-se descrito que as transformações que as pessoas experimentam durante a vida apresentam certos padrões em comum. O campo do desenvolvimento humano concentra-se no estudo científico dos processos sistemáticos de mudança e estabilidade que ocorrem nas pessoas (PAPALIA; FELDMAN, 2013). À medida que o campo do desenvolvimento humano tornou-se uma disciplina científica, seus objetivos passaram a incluir descrição, explicação, previsão e intervenção. Por exemplo, para descrever quando a maioria das crianças começa a controlar a cabeça e o tronco, os cientistas do desenvolvimento observam grandes grupos de crianças e estabelecem normas ou médias, para o comportamento em várias idades. Com esse conhecimento, podem-se prever comportamentos futuros, tais como: a probabilidade de uma criança ter sérios atrasos no desenvolvimento neuropsicomotor e necessitar da intervenção de um profissional da terapia ocupacional (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Os cientistas do desenvolvimento estudam os três principais domínios, ou aspectos do eu: físico, cognitivo e psicossocial. O crescimento do corpo e do cérebro, as capacidades sensoriais, as habilidades motoras e a saúde fazem parte do desenvolvimento físico. Aprendizagem, atenção, memória, linguagem, pensamento, raciocínio e criatividade compõem o desenvolvimento cognitivo. Emoções, personalidade e relações sociais são aspectos do desenvolvimento psicossocial (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 6WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Embora existam diferenças individuais na maneira como as pessoas lidam com eventos e questões características de cada período, certas necessidades básicas precisam ser satisfeitas e certas tarefas precisam ser dominadas, para que ocorra um desenvolvimento normal. A exemplo, podemos citar as necessidades que os bebês têm de seus cuidadores, para que possam ser alimentados e vestidos, marcos motores importantes para o desenvolvimento de habilidades mais complexas, além de contato humano e afeição. Eles formam vínculos com os pais e cuidadores, que também se apegam a eles (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Por fim, para entender o desenvolvimento humano, precisamos considerar as características herdadas que dão a cada pessoa um ponto de partida especial na vida. Também precisamos levar em conta os muitos fatores ambientais ou experienciais que afetam o desenvolvimento, especialmente contextos importantes como família, vizinhança, nível socioeconômico, raça/etnia e cultura. A divisão do ciclo de vida em períodos é uma construção social, não havendo nenhum momento objetivamente definível em que uma criança se torna adulta ou um jovem torna-se velho. Isso irá depender da cultura e como consideram os marcos de transição entre os ciclos da vida. Dentro de um mesmo território, pode haver diferentes maneiras de definir os ciclos. Nas cidades urbanizadas, por exemplo, geralmente a menstruação marca o período de entrada na adolescência entre meninas, quando dizemos que esta “virou mocinha”. Mas e nas culturas indígenas? Será que a menstruação tem o mesmo significado? 7WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. RESUMO DAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO Teorias do desenvolvimento são conjuntos de afirmações que propõem princípios gerais de desenvolvimento (BEE; BOYD, 2011). Um conjunto de conceitos ou enunciados logicamente relacionados que procura descrever e explicar o desenvolvimento e prever os tipos de comportamento que poderiam ocorrer em certas condições (PAPALIA; FELDMAN, 2013). As teorias são importantes, porque nos ajudam a examinar os fatos de diferentes perspectivas. Nesta unidade, iremos introduzir diversasteorias importantes que nos ajudarão a entender o desenvolvimento humano de forma mais global. Perspectiva Teorias importantes Princípios básicos Psicanalítica Teoria psicossexual de Freud Teoria psicossocial de Erikson O comportamento é controlado por poderosos impulsos inconscientes. A personalidade é influenciada pela sociedade e se desenvolve por meio de uma série de crises. Aprendizagem Behaviorismo, ou teoria tradicional da aprendizagem (Pavlov, Skinner, Watson). Teoria da aprendizagem social (social cognitiva) (Bandura) As pessoas são reativas; o ambiente controla o comportamento. As crianças aprendem em um contexto social, por meio da observação e imitação de modelos. As crianças contribuem ativamente para a aprendizagem. Cognitiva Teoria dos estágios cognitivos de Piaget. Teoria sociocultural de Vygotsky. Mudanças qualitativas no pensamento ocorrem entre a primeira infância e a adolescência. As crianças desencadeiam ativamente o desenvolvimento. A interação social é central para o desenvolvimento cognitivo. Quadro 1 - Perspectivas sobre o desenvolvimento humano. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). 8WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 Teorias Psicanalíticas A suposição mais característica e central das teorias psicanalíticas é que o comportamento e o desenvolvimento são governados por processos inconscientes e conscientes. Os teóricos psicanalíticos também veem o desenvolvimento como fundamentalmente constituído de estágios, com cada estágio centrado em uma forma particular de tensão ou em uma determinada tarefa. A criança passa por esses estágios, resolvendo cada tarefa ou reduzindo cada tensão da melhor maneira possível (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). A ênfase no papel formativo da experiência inicial, particularmente, a primeira experiência familiar, é uma marca registrada das teorias psicanalíticas. Nesse ponto de vista, os primeiros 5 ou 6 anos de vida constituem um tipo de período sensível para a criação da personalidade do indivíduo (BEE; BOYD, 2011). Freud é creditado como o criador da teoria psicanalítica e sua terminologia e muitos de seus conceitos se tornaram parte de nossa cultura intelectual. Outro teórico nessa tradição, Erik Erikson (1902-1994), também teve um grande impacto sobre a forma como os psicólogos pensam sobre o desenvolvimento da personalidade, ampliando a teoria de Freud (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). 1.1.1 Teoria de Freud Na teoria freudiana, a motivação sexual foi utilizada para descrever diferentes experiências. Na experiência e na teoria psicanalítica, sexualidade não designa apenas as atividades e o prazer que decorrem do funcionamento do aparelho genital, mas toda uma série de excitações e de atividades presentes desde a infância, que proporcionam um prazer irredutível à satisfação de uma necessidade fisiológica fundamental (respiração, fome, função de excreção etc.) e que se encontram a título de componentes na chamada forma normal de amor sexual (GUSMÃO, 1994). Nesta teoria do desenvolvimento humano, Freud propôs a existência de uma pulsão sexual básica, inconsciente, instintiva, que chamou de libido. Ele acreditava que as pessoas nascem com impulsos biológicos que devem ser redirecionados para tornar possível a vida em sociedade e considerou o critério afetivo, que corresponderia ao comportamento do indivíduo frente aos seus objetos de prazer, afirmando que essa energia é a força motivadora atrás de, virtualmente, todo comportamento humano. Ele dividiu esse desenvolvimento em fases sucessivas, atribuindo a cada uma delas um nome ligado a uma parte do corpo que parecia dominar o hedonismo naquela ocasião (BEE; BOYD, 2011; GUSMÃO, 1994). Para ter acesso à teoria completa do desenvolvimento humano, sua interdisciplinaridade e perspectivas futuras, leia: DESSEN, M. A et al. A ciência do desenvolvimento humano. Porto Alegre: Artmed, 2005. 9WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Na teoria de Freud, essas três partes não estão todas presentes no nascimento. O bebê e a criança pequena são totalmente id–instinto e desejo, sem a influência repressora do ego ou do superego. O ego começa a se desenvolver nas idades de 2 a aproximadamente 4 ou 5 anos, quando a criança aprende a adaptar suas estratégias de gratificação instantânea. Finalmente, o superego começa a se desenvolver exatamente antes da idade escolar, quando a criança incorpora os valores e as tradições culturais dos pais (BEE; BOYD, 2011). Em cada um dos cinco estágios psicossexuais de Freud, a libido está centrada na parte do corpo que é mais sensível naquela idade. Em um recém-nascido, a boca é a parte mais sensível do corpo, portanto, a energia libidinal é focalizada lá. À medida que o desenvolvimento neurológico progride, os estágios de desenvolvimento avançam para as outras regiões de desejo e prazer (BEE; BOYD, 2011). Oral (nascimento aos 12-18 meses). A principal fonte de prazer do bebê envolve atividades ligadas à boca (sugar e alimentar-se). Anal (12-18 meses aos 3 anos). A criança obtém gratificação sexual retendo e expelindo as fezes. A zona de gratificação é a região anal, e o treinamento para o uso do toalete é importante. Fálica (3 a 6 anos). A criança se apega ao genitor do sexo oposto e, posteriormente, se identifica com o genitor do mesmo sexo. O superego se desenvolve. A zona de gratificação transfere-se para a região genital. Latência (6 anos à puberdade). Época de relativa calma entre fases mais turbulentas. Genital (puberdade à idade adulta). Ressurgimento dos impulsos sexuais da fase fálica, canalizados na sexualidade adulta madura. Quadro 2 - Estágios de desenvolvimento segundo Freud. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). Freud considerava as três primeiras fases – aquelas relativas aos primeiros cinco anos de vida – cruciais para o desenvolvimento da personalidade. Segundo ele, se as crianças receberem pouca ou muita gratificação em qualquer uma dessas fases correrão o risco de desenvolver fixação, uma interrupção no desenvolvimento que pode aparecer na personalidade adulta (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 10WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1.2 Teoria de Erikson Erikson modificou e ampliou a teoria freudiana, enfatizando a influência da sociedade no desenvolvimento da personalidade. Chamada de estágios psicossociais, os estágios que Erikson propõe são influenciados muito menos pelo amadurecimento e muito mais por demandas culturais comuns para crianças de uma determinada idade. Enquanto Freud sustentava que as primeiras experiências na infância moldam permanentemente a personalidade, Erikson afirma que o desenvolvimento do ego se estende por toda a vida (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). Exigências como a de que uma criança esteja treinada para usar a toalete por volta dos 2 anos e de que aprenda habilidades escolares nas idades de 6 ou 7 anos são exemplos de exigências culturais. Erikson foi também um pioneiro ao assumir a perspectiva do ciclo de vida (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). Nas teorias tanto de Freud como de Erikson, o ponto crítico é que o grau de sucesso que uma criança experimenta em satisfazer as demandas desses vários estágios dependerá muito fortemente das interações que ela tem com pessoas e objetos em seu mundo. Esse elemento interativo na teoria de Freud e em todas as teorias psicanalíticas subsequentes é absolutamente central (BEE; BOYD, 2011, p. 36). Confiança básica versus desconfiança (nascimento aos 12-18 meses). O bebê desenvolve o senso de perceber se o mundo é um lugar bom e seguro. Virtude: esperança. Autonomia versus vergonha e dúvida (12-18 meses aos 3 anos). A criança desenvolve um equilíbrio de independência e autossuficiência emrelação à vergonha e à dúvida. Virtude: vontade. Iniciativa versus culpa (3 aos 6 anos). A criança desenvolve a iniciativa quando experimenta novas atividades e não é dominada pela culpa. Virtude: propósito. Produtividade versus inferioridade (6 anos à puberdade). A criança deve aprender as habilidades da cultura ou enfrentar sentimentos de incompetência. Virtude: habilidade. Identidade versus confusão de identidade (puberdade ao adulto jovem). O adolescente deve determinar seu próprio senso de eu (“quem sou eu?”) ou experimentar uma confusão de papéis. Virtude: fidelidade. Intimidade versus isolamento (adulto jovem). A pessoa procura estabelecer compromissos com os outros; se não for bem-sucedida, poderá sofrer isolamento e autoabsorção. Virtude: amor. Generatividade versus estagnação (vida adulta intermediária). O adulto maduro preocupa-se em estabelecer e orientar a próxima geração, ou então sente um empobrecimento pessoal. Virtude: cuidado. Integridade versus desespero (vida adulta tardia). O idoso alcança a aceitação da própria vida, o que favorece a aceitação da morte, ou então se desespera com a incapacidade de reviver a vida. Virtude: sabedoria. Quadro 3 - Estágios psicossociais de desenvolvimento segundo Erickson. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). 11WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 Teorias da Aprendizagem As teorias da aprendizagem representam uma tradição teórica muito diferente daquela dos psicanalistas ou dos cognitivo-desenvolvimentistas, na qual a ênfase é muito mais na forma como o ambiente molda a criança do que em como a criança entende suas experiências. 1.2.1 Behaviorismo O behaviorismo é uma teoria mecanicista que descreve o comportamento observado como uma resposta previsível à experiência. Embora a biologia estabeleça limites para o que as pessoas podem fazer, os behavioristas consideram a influência do ambiente muito maior. Eles sustentam que os seres humanos, em todas as idades, aprendem sobre o mundo do mesmo modo que os outros organismos: reagindo a condições ou aspectos do ambiente que consideram agradáveis, dolorosos ou ameaçadores. Condicionamento clássico: experimentos de Ivan Pavlov (1849-1936) tornou-se famoso com a salivação de seu cão, que envolve a aquisição de novos sinais para respostas existentes. Se você tocar um bebê no queixo, ele se voltará na direção do toque e começará a sugar. Na terminologia técnica do condicionamento clássico, o toque no queixo é o estímulo não condicionado; a virada e a sucção são respostas não condicionadas. O bebê já está programado para fazer tudo aquilo; esses são reflexos automáticos. A aprendizagem ocorre quando algum estímulo novo é introduzido ao sistema (BEE; BOYD, 2011). O modelo geral é que outros estímulos que estão presentes antes ou, ao mesmo tempo, como estímulo não condicionado eventualmente ativarão as mesmas respostas. Na situação doméstica típica, por exemplo, inúmeros estímulos ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo do toque no queixo do bebê, antes da amamentação: o som dos passos da mãe se aproximando, os indícios sinestésicos de ser pego e os indícios táteis de ser segurado nos braços da mãe. Todos esses estímulos podem eventualmente se tornar estímulos condicionados e podem ativar a resposta do bebê de virada e sucção, mesmo sem qualquer toque no queixo (BEE; BOYD, 2011). Condicionamento operante: quando uma criança começa a balbuciar (“ma-ma-ma”), a mãe sorri e repete as sílabas. Esta criança aprende que seu comportamento (balbucio) pode produzir uma consequência desejável (a atenção carinhosa de um dos pais); e assim ele continua balbuciando para atrair a atenção da mãe. Um comportamento originalmente acidental (balbucio) tornou-se uma resposta condicionada (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Esse tipo de aprendizagem chama-se condicionamento operante porque o indivíduo aprende com as consequências de sua “operação” sobre o ambiente. Diferentemente do condicionamento clássico, o condicionamento operante envolve comportamento voluntário, e envolve as consequências e não os preditores do comportamento (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 12WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2.2 Teoria da aprendizagem social Albert Bandura afirma que a aprendizagem nem sempre requer reforço direto. A aprendizagem também pode ocorrer meramente como resultado de observar alguém realizando alguma ação. A aprendizagem desse tipo, denominada aprendizagem observacional ou modelação, está envolvida em uma ampla variedade de comportamentos. As crianças aprendem a bater assistindo as outras pessoas na vida real e na televisão. Elas aprendem a ser generosas observando os outros doarem dinheiro ou compartilharem bens. Bandura também chama a atenção para uma outra classe de reforço, denominada reforços intrínsecos. Estes são reforços internos, tais como: o orgulho que uma criança sente quando descobre como desenhar uma estrela (BEE; BOYD, 2011). 1.3 Teorias Cognitivas A perspectiva cognitiva concentra-se nos processos de pensamento e no comportamento que reflete esses processos. Essa perspectiva abrange tanto teorias mecanicistas quanto teorias organicistas. 1.3.1 Estágios cognitivos de Jean Piaget Piaget propôs que o desenvolvimento cognitivo começa com uma capacidade inata de se adaptar ao ambiente. Ao procurar o seio da mãe, pegar uma pedra ou explorar as fronteiras de um quarto, a criança pequena desenvolve um quadro mais preciso de seus arredores e maior competência para lidar com eles. Esse crescimento cognitivo ocorre por meio de três processos inter-relacionados: assimilação, acomodação e equilibração (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Organização é a tendência a criar categorias, como pássaros observando as características de membros individuais de uma categoria, como pardais e cardeais têm em comum. Adaptação é o termo de Piaget para o modo como a criança lida com as novas informações à luz do que ela já sabe. A adaptação ocorre por intermédio de dois processos complementares: (1) assimilação, que é absorver informação nova e incorporá-la às estruturas cognitivas existentes, e (2) acomodação, que é ajustar as próprias estruturas cognitivas para encaixar a informação nova. A equilibração – um esforço constante para atingir um equilíbrio estável – estabelece a passagem da assimilação para a acomodação (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). Piaget descreveu o desenvolvimento cognitivo como ocorrendo em quatro estágios universais qualitativamente diferentes. Sensório-motor (nascimento aos 2 anos). Aos poucos o bebê torna-se capaz de organizar atividades em relação ao ambiente por meio das atividades sensorial e motora. Pré-operatório (2 a 7 anos). A criança desenvolve um sistema representacional e utiliza símbolos para representar pessoas, lugares e eventos. A linguagem e o jogo imaginativo são importantes manifestações desse estágio. O pensamento ainda não é lógico. Operatório-concreto (7 a 11 anos). A criança pode resolver problemas logicamente se estiverem focadas no aqui e agora, mas não consegue pensar abstratamente. Operatório-formal (11 anos até a idade adulta). A pessoa consegue pensar abstratamente, lidar com situações hipotéticas e pensar sobre possibilidades. Quadro 4 - Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). 13WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.2 Teoria sociocultural O psicólogo russo Lev Semenovich Vygotsky (1896-1934) concentrou-se nos processos sociais e culturais que orientam o desenvolvimento cognitivo da criança. A teoria sociocultural de Vygotsky (1978), assim como a teoria de Piaget, enfatiza o envolvimento ativo da criança com seu ambiente; mas enquanto Piaget descreve a mente, por si só, absorvendo e interpretando informações sobre o mundo, Vygotsky via o crescimento cognitivocomo um processo colaborativo. Vygotsky diferia de Piaget, contudo, em um aspecto fundamental: ele estava convencido de que formas complexas de pensamento têm suas origens em interações sociais (DUNCAN, 1995 apud BEE; BOYD, 2011). Para Vygotsky, a aprendizagem de novas habilidades cognitivas é conduzida por alguém mais hábil que a criança, que modela e estrutura a experiência de aprendizagem da criança, um processo que Jerome Bruner, posteriormente, chamou de andaimagem (scaffolding) (WOOD; BRUNER; ROSS, 1976 apud BEE; BOYD, 2011). Essa nova aprendizagem, Vygotsky sugeriu, é melhor alcançada no que ele chamou de zona de desenvolvimento proximal – aquela gama de tarefas que são muito difíceis para a criança fazer sozinha -, mas que ela pode conseguir com orientação. À medida que a criança se torna mais hábil, a zona de desenvolvimento proximal amplia-se constantemente, incluindo tarefas sempre mais difíceis. Depois desta leitura, você consegue identificar em você ou em alguma pessoa próxima, como filhos, irmão, sobrinho ou outra pessoa, algum estágio ou fase das teorias do desenvolvimento? É possível testar em uma criança, por exemplo, qual estágio do desenvolvimento cognitivo ela apresenta. Podemos encontrar na internet testes para fazer com as crianças que demonstram em que estágio a criança está dentre os listados por Piaget, por exemplo. Podemos refletir também sobre nós mesmos a partir dos estágios psicossociais de Erickson. Vamos tentar? 14WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Após estudar diversas teorias sobre o desenvolvimento, pode ser que você esteja se perguntando qual delas é a mais correta ou melhor para ser utilizada no campo de trabalho. Segundo Bee e Boyd (2011), os desenvolvimentistas não pensam em teorias em termos de certo ou errado, mas, antes, comparam-nas à base de suas suposições e avaliam o quanto elas são úteis para entender o desenvolvimento humano. As pesquisas são feitas de forma qualitativa ou quantitativa e demonstram experimentos feitos em determinados grupos por meio de diferentes óticas. É importante compreender que essas teorias fundamentam nossa visão quanto ao que esperar de determinados grupos e nos dão diferentes pontos de vista para conhecer o desenvolvimento e intervir quando atrasos são identificados. 1515WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 16 1. O CÓDIGO GENÉTICO .............................................................................................................................................. 17 1.1 GENÓTIPOS E FENÓTIPOS .................................................................................................................................... 18 1.2 A CONCEPÇÃO, ESTÁGIOS GERMINAL, EMBRIONÁRIO E FETAL .................................................................... 19 1.3 PROBLEMAS NO DESENVOLVIMENTO PRÉ-NATAL ..........................................................................................22 1.3.1 TRANSTORNOS GENÉTICOS ..............................................................................................................................23 1.3.2 TRANSTORNOS LIGADOS AO SEXO..................................................................................................................23 1.3.3 ERROS CROMOSSÔMICOS ...............................................................................................................................24 1.3.4 TRISSOMIAS .......................................................................................................................................................24 1.3.5 ANOMALIAS DO CROMOSSOMO SEXUAL .......................................................................................................25 1.3.6 INFLUÊNCIAS AMBIENTAIS E TERATÓGENOS ...............................................................................................27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................28 GENÉTICA E HEREDITARIEDADE PROFA. CARMELA SLAVUTZKY ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO HUMANO 16WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Na disciplina de bases biológicas integradas, estudamos a estrutura base do material genético (vide disciplina de bases biológicas integradas), em que aprendemos sobre o ciclo celular, núcleo celular, os cromossomos, o DNA e sua replicação. Portanto, se você não se lembra desses conceitos, recomenda-se que revise o conteúdo da disciplina de bases biológicas, pois agora será importante relembrá-los. Nesta unidade, iremos retomar e ampliar conceitos fundamentais quando se trata do desenvolvimento humano. Sabemos que temos um ponto de partida para a vida, pois muito do que somos herdamos de nossos progenitores. A genética é uma ciência que estuda os mecanismos da hereditariedade. Da hereditariedade originam-se características em comum de um determinado grupo de pessoas. Quando óvulo e espermatozoide se unem, eles dotam o futuro bebê de uma constituição genética que influencia um amplo espectro de características, desde a cor dos olhos e do cabelo, até a saúde, o intelecto e a personalidade. No entanto, também sabemos que uma combinação herdada de genes não determina por completo o resultado no desenvolvimento de um indivíduo. É importante entender que o genótipo consiste em um conjunto de informações específicas contidas nos genes de determinado indivíduo, e o fenótipo é considerado um produto de três fatores: genótipo, influências ambientais, desde a concepção e a interação do genótipo com o ambiente (BEE, 1996 apud HOLDERBAUM, 2012). 17WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. O CÓDIGO GENÉTICO A base da hereditariedade é uma substância química chamada ácido desoxirribonucleico (DNA). A estrutura em dupla hélice de uma molécula de DNA lembra uma escada longa e espiralada, cujos degraus são feitos de pares de unidades químicas chamadas bases. As bases – adenina (A), timina (T), citosina (C) e guanina (G) – são as “letras” do código genético, que é “lido” pela maquinaria celular (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Figura 1 - Ilustração do DNA. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). Os cromossomos são espirais de DNA que consistem em segmentos menores chamados de genes, as unidades funcionais da hereditariedade. Cada gene está localizado numa posição definida em seu cromossomo e contém milhares de bases. A sequência de bases no gene diz à célula como construir as proteínas que permitem que ela execute funções específicas. A sequência completa dos genes do corpo humano constitui o genoma humano (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Uma analogia útil é considerar o DNA de um indivíduo como uma série de livros de uma biblioteca. Até que os livros sejam “lidos” por uma enzima chamada RNA polimerase e transcritos numa cópia legível de RNA mensageiro (m-RNA), o conhecimento contido nos livros não é concretizado. Os livros que serão tirados da estante e lidos são, em parte, determinados por fatores ambientais que ativam e desativam genes em diferentes momentos do desenvolvimento (CHAMPAGNE; MASHOODH, 2009 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). 18WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Toda célula de um corpo humano normal, com exceção das células sexuais (espermatozoide e óvulo), possui 23 pares de cromossomos, 46 ao todo. Por meio de um tipo de divisão celular chamada meiose, que ocorre quando as células estão se desenvolvendo, cada célula sexual termina com apenas 23 cromossomos, um de cada par. Nós herdamos um cromossomode cada par (e os genes contidos em cada cromossomo) de nossa mãe e um do nosso pai. Os pares cromossômicos 1 a 22 são conhecidos como cromossomos autossômicos (não sexuais). Os cromossomos no par 23 são conhecidos como os cromossomos sexuais, porque uma das funções é determinar o sexo que teremos. Um ser humano que recebe um cromossomo X de cada um dos pais será do sexo feminino, e um ser humano que recebe um cromossomo Y do pai será do sexo masculino. Esta lógica se faz mediante o conhecimento de que a mãe envia sempre um cromossomo X (HOLDERBAUM, 2012). Assim, quando o espermatozoide e o óvulo se fundem na concepção, eles produzem um zigoto com 46 cromossomos, 23 do pai e 23 da mãe (PAPALIA; FELDMAN, 2013). (Para relembrar sobre o processo de divisão celular, revise a disciplina de bases biológicas integradas) Na concepção, portanto, o zigoto unicelular (célula resultante da união do gameta masculino ao feminino) possui toda a informação biológica necessária para guiar seu desenvolvimento até se tornar um indivíduo único. É por meio da mitose, um processo pelo qual as células não sexuais repetidamente se dividem pela metade, que o DNA se replica, de modo que cada célula recém-formada tem a mesma estrutura de DNA que todas as outras. Assim, cada divisão celular cria uma autêntica duplicata da célula original, com a mesma informação hereditária (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Quando o desenvolvimento é normal, cada célula (com exceção das células sexuais) continua a ter 46 cromossomos idênticos àqueles do zigoto original. À medida que as células se dividem, elas se diferenciam, especializando-se numa variedade de funções orgânicas complexas que permitem o crescimento e o desenvolvimento da criança (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Os genes entram em ação quando as condições pedem a informação que eles podem oferecer. A ação genética que dispara o crescimento do corpo e do cérebro, geralmente, é regulada por níveis hormonais – tanto na mãe quanto no bebê em desenvolvimento –, que são afetados por condições ambientais como nutrição e estresse. Assim, desde o início, a hereditariedade e o ambiente estão inter-relacionados (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 1.1 Genótipos e Fenótipos Conceitua-se o genótipo como o conjunto específico de “instruções” contidas nos genes de um determinado indivíduo. O fenótipo é o conjunto de características reais observáveis. O fenótipo é um produto de três coisas: o genótipo, as influências ambientais do momento da concepção em diante, e a interação entre os dois (BEE; BOYD, 2011). Uma criança poderia ter um genótipo associado a QI alto; contudo, se sua mãe beber muito álcool durante a gravidez, pode haver dano ao seu sistema nervoso, resultando em retardo leve. Uma outra criança poderia ter um genótipo incluindo a mistura de genes que contribui para um temperamento ‘difícil’, mas se seus pais forem particularmente sensíveis e carinhosos ela pode aprender outras formas de conduzir-se (BEE; BOYD, 2011). 19WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.2 A Concepção, Estágios Germinal, Embrionário e Fetal O primeiro passo no desenvolvimento de um ser humano é o momento da concepção, processo pelo qual o espermatozoide e o óvulo – os gametas masculino e feminino, ou células sexuais – combinam-se para criar uma única célula chamada zigoto. Esse evento coloca em movimento forças genéticas poderosas que influenciarão o indivíduo durante toda a vida (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). As características genéticas recebidas pela criança, naturalmente, são herdadas dos pais e definem a cor, os traços, a personalidade, entre outros fatores genéticos transmitidos dos pais para os filhos (HOLDERBAUM, 2012). No nascimento, acredita-se que uma menina tenha cerca de dois milhões de óvulos imaturos em seus ovários, cada óvulo alojado em sua própria cavidade ou folículo. Em mulheres sexualmente maduras, a ovulação – ruptura de um folículo maduro em um dos ovários e a expulsão de seu óvulo – ocorre aproximadamente uma vez a cada 28 dias, até a menopausa. Comumente, uma mulher produz um óvulo (ovo) por mês em um de seus dois ovários. O óvulo é liberado de um ovário, aproximadamente, entre dois períodos menstruais. Se não for fecundado, desloca-se do ovário para a tuba uterina em direção ao útero, onde gradualmente se desintegra e é expelido como parte do próximo fluxo menstrual (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). O estágio germinal começa na concepção e termina quando o zigoto é implantado na parede do útero. Figura 2 - Etapas da fecundação humana. Fonte: Toda Matéria (2021). 20WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Após a concepção, o zigoto passa aproximadamente uma semana flutuando da tuba uterina para o útero. A divisão celular começa cerca de 24 a 36 horas, após a concepção; dentro de dois a três dias, há várias dezenas de células e toda a massa tem aproximadamente o tamanho da cabeça de um alfinete (BEE; BOYD, 2011). Cerca de quatro dias após a concepção, a massa de células, agora denominada blastocisto, começa a se subdividir, formando uma esfera com duas camadas de células em torno de um centro oco. A camada mais externa formará as várias estruturas que suportarão o organismo em desenvolvimento, enquanto a camada interna formará o próprio embrião. A decomposição da parte externa do blastocisto que encosta na parede do útero caracteriza-se pela implantação (TANNER, 1990 apud BEE; BOYD, 2011). O estágio embrionário começa quando a implantação está completa (BEE; BOUD, 2011). Este, que é o segundo estágio, é caracterizado pelo rápido crescimento e diferenciação dos principais sistemas e órgãos do corpo e o desenvolvimento de várias estruturas que apoiam o desenvolvimento fetal (placenta). Este estágio se estende, aproximadamente, da segunda até a oitava ou décima segunda semana de gestação (HOLDERBAUM, 2012). A camada celular externa do blastocisto ocupa-se de duas membranas, cada uma delas forma estruturas vitais de apoio. A membrana interna se torna um saco ou uma bolsa chamada âmnion, cheia de líquido (líquido amniótico) no qual o embrião flutua. A membrana externa, denominada córion, desenvolve-se em dois órgãos, a placenta e o cordão umbilical. A placenta, que está totalmente desenvolvida em aproximadamente quatro semanas de gestação, é uma massa de células posicionada contra a parede do útero. Ela serve como fígado e rins para o embrião, até que seus próprios órgãos comecem a funcionar. Ela também fornece oxigênio e remove o dióxido de carbono do sangue (BEE; BOYD, 2011). No estágio fetal, uma vez completada a organogênese, é a fase final do desenvolvimento pré-natal (durando de aproximadamente oito semanas até o nascimento). De um peso de cerca de 600g e de um comprimento de 2,5cm, o feto se desenvolve em um bebê pesando de 3-4kg e com cerca de 50cm, pronto para nascer. Além disso, esse estágio envolve refinamentos dos sistemas orgânicos que são essenciais para a vida fora do útero (BEE; BOYD, 2011). Ao final da semana 23, um pequeno número de bebês alcança a viabilidade, ou seja, a capacidade de viver fora do útero (MOORE; PERSAUD, 1993). Entretanto, a maioria dos bebês nascidos tão cedo morre, e aqueles que sobrevivem lutam durante muitos meses. Permanecer no útero apenas 1 semana a mais, até o final da semana 24, aumenta enormemente as chances de sobrevivência de um bebê. A semana extra provavelmente permite que a função pulmonar se torne mais eficiente. Além disso, a maioria das estruturas cerebrais está completamente desenvolvida ao final da 24ª semana. Por essas razões, a maioria dos especialistas aceita 24 semanas como a idade média de viabilidade (BEE; BOYD, 2011). 21WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Período O que se desenvolve Semanas 9-12 Impressões digitais; reflexo de preensão; expressõesfaciais; deglutição e “respiração” rítmica de líquido amniótico; micção; genitália aparente; Períodos alternados de atividade física e repouso. Semanas 13-16 Folículos pilosos; respostas à voz da mãe e a ruídos altos; tamanho de 20 a 25cm; pesa 170g. Semanas 17-20 Movimentos fetais sentidos pela mãe; batimento cardíaco detectável com estetoscópio; lanugem (pelos) cobre o corpo; os olhos respondem à luz introduzida no útero; pálpebras; unhas; 30cm de comprimento. Semanas 21-24 Vérnix (substância oleosa) protege a pele; os pulmões produzem sur- factante (vital à função respiratória); a viabilidade torna-se possível, embora a maioria nascida neste período não sobreviva. Semanas 25-28 Reconhecimento da voz da mãe; períodos regulares de repouso e ati- vidade; 35 a 38cm de comprimento; pesa 900g; boa chance de sobrevi- vência. Semanas 29-32 Crescimento muito rápido; anticorpos adquiridos da mãe; gordura de- positada sob a pele; 40 a 43cm de comprimento; pesa 1,8kg; excelente chance de sobrevivência. Semanas 33-36 Movimento para posição de cabeça para baixo para o nascimento; os pulmões amadurecem; 45cm de comprimento; pesa 2,3-2,7kg; virtual- mente 100% de chance de sobrevivência. Semanas 37+ Condição a termo; 48 a 50cm de comprimento; pesa 2,7-4kg. Quadro 1 - Marcos do estágio fetal. Fonte: Adaptado de Bee e Boyd (2011). 22WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Ilustração das principais modificações durante todo desenvolvimento fetal. Fonte: Unassus2 (2021). 1.3 Problemas no Desenvolvimento Pré-Natal Segundo Bee e Boyd (2011), os principais problemas se enquadram em duas classes gerais: (a) problemas genéticos e cromossômicos que começam na concepção e (b) problemas causados por substâncias ou eventos prejudiciais denominados teratógenos. Nos últimos anos, novos exames genéticos detectam anomalias genéticas em bebês na gestação. Disponível em: https:// recordtv.r7.com/sp-no-ar/videos/saude-no-ar-exames- geneticos-detectam-anomalias-geneticas-em-bebes-na- gestacao-22102018. https://recordtv.r7.com/sp-no-ar/videos/saude-no-ar-exames-geneticos-detectam-anomalias-geneticas-em-bebes-na-gestacao-22102018 https://recordtv.r7.com/sp-no-ar/videos/saude-no-ar-exames-geneticos-detectam-anomalias-geneticas-em-bebes-na-gestacao-22102018 https://recordtv.r7.com/sp-no-ar/videos/saude-no-ar-exames-geneticos-detectam-anomalias-geneticas-em-bebes-na-gestacao-22102018 https://recordtv.r7.com/sp-no-ar/videos/saude-no-ar-exames-geneticos-detectam-anomalias-geneticas-em-bebes-na-gestacao-22102018 23WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.1 Transtornos genéticos Autossômico significa a presença do par de genes num par de cromossomos, que não aquele que determina o sexo, portanto, os indivíduos do sexo feminino ou do sexo masculino poderão ser afetados. Numa transmissão dominante, uma criança afetada normalmente tem um dos progenitores com o mesmo problema. Quando o progenitor é portador do gene da doença, existe um risco na ordem dos 50% de cada descendente herdar o gene e apresentar manifestações do problema, embora possa não ser evidente no momento do nascimento. Há uma igual probabilidade de a criança não receber o gene defeituoso e, nesse caso, essa criança e, mais tarde, os seus próprios descendentes estarão livres dessa herança genética. Existem cerca de 2.000 problemas genéticos autossômicos dominantes conhecidos (ALVES, 2020). A maioria dos transtornos autossômicos recessivos é diagnosticado na infância. Por exemplo, um gene recessivo pode causar problemas de digestão do aminoácido fenilalanina. Toxinas se desenvolvem no cérebro do bebê e causam retardo mental. Muitos transtornos recessivos estão relacionados à etnia. Bebês africanos ocidentais e afro-americanos têm mais probabilidade de sofrer de anemia falciforme, um transtorno recessivo que causa deformidades das hemácias (OVERBY, 2002 apud BEE; BOYD, 2011). Na anemia falciforme, o sangue não consegue carregar oxigênio suficiente para manter os tecidos corporais saudáveis. Pessoas com traço de célula falciforme são portadoras de um único gene recessivo para anemia falciforme, o que causa anormalidades em algumas outras hemácias. Os médicos podem identificar portadores do gene de célula falciforme testando seu sangue para traço de célula falciforme (BEE; BOYD, 2011). 1.3.2 Transtornos ligados ao sexo A maioria dos transtornos ligados ao sexo é causada por genes recessivos. Um transtorno recessivo ligado ao sexo mais sério é a hemofilia. O sangue de pessoas com hemofilia não possui componentes químicos responsáveis pela coagulação. Portanto, quando uma pessoa hemofílica sangra, o fluxo não para naturalmente. Aproximadamente, 1 em 5.000 bebês meninos nasce com esse transtorno, que é quase desconhecido em meninas (SCOTT, 1998 apud BEE; BOYD, 2011). Figura 4 - Exemplo de padrão de transmissão ligada ao sexo de uma doença recessiva (hemofilia). Fonte: Bee e Boyd (2011). 24WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.3 Erros cromossômicos Mais de 50 anomalias cromossômicas foram identificadas, e a maioria resulta em aborto. Quando os bebês sobrevivem, os efeitos dos erros cromossômicos tendem a ser severos. 1.3.4 Trissomias Uma trissomia é uma condição na qual um indivíduo tem três cópias de um determinado autossomo. A mais comum é a síndrome de Down (também chamada de trissomia 21), na qual a criança tem três cópias do cromossomo 21. Essas crianças têm aspectos faciais característicos, tamanho cerebral total diminuído e, frequentemente, outras anormalidades como defeitos cardíacos. Não raro, elas têm retardo mental. Figura 5 - Criança com características da síndrome de Down. Fonte: Movimentodown (2021). Para conhecer mais sobre a síndrome de Down, ter acesso a cartilhas, dicas e vários outros conteúdos sobre o tema, acesse o site do Movimento Down, disponível em: www.movimentodown.org.br. http://www.movimentodown.org.br 25WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O risco de gerar uma criança com trissomia 21 varia com a idade da mãe. Entre mulheres com mais de 35 anos, as chances de conceber um bebê com o transtorno são de 1 em 385 (CHEN, 2007 apud BEE; BOYD, 2011). Aos 40, o risco sobe para 1 em 106, e aos 45, as chances são de 1 em 30. A idade paterna também é um fator (FISCH et al., 2003 apud BEE; BOYD, 2011). Figura 6 - Cariótipo de uma pessoa com síndrome de Down. Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman (2013). 1.3.5 Anomalias do cromossomo sexual Uma segunda classe de anomalia está associada a uma divisão incompleta ou incorreta de qualquer um dos cromossomos sexuais. Alguns desses erros acontecem durante a meiose. Por exemplo, a síndrome de Klinefelter é causada por um cromossomo sexual feminino a mais (cujo padrão é XXY). A síndrome de Turner resulta de um cromossomo sexual a menos (XO) (BEE; BOYD, 2011; PAPALIA; FELDMAN, 2013). Os meninos afetados pela síndrome de Klinefelter, muito frequentemente, parecem normais, embora tenham braços e pernas caracteristicamente longos e testículos subdesenvolvidos. A maioria não tem retardo mental, mas apresenta incapacidade de linguagem e aprendizagem. Um pouco mais raro é um padrão XYY. Essas crianças se desenvolvem como meninos; em geral, são incomumente altas, com retardo mental (BEE; BOYD, 2011). O cariótipo é uma fotografia que mostra os cromossomos quando estão separados e alinhados para a divisão celular. Como mostrado na figura anterior, sabemos que a pessoa tem síndrome de Down, pois, nos cromossomos 21, vemos 3 ao invés de 2 cromossomos, caracterizando a trissomia 21. Como o par 23 consiste em dois cromossomos X, sabemos que se trata de um cariótipo de mulher. 26WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Um padrãode um único X (XO), denominado síndrome de Turner, e um padrão de triplo-X (XXX) também podem ocorrer, e em ambos os casos a criança desenvolve-se como menina e apresenta atraso de crescimento e são geralmente estéreis. Sem terapia hormonal, elas não menstruam nem desenvolvem as mamas na puberdade. Estudos de neuroimagem mostram que a síndrome de Turner está associada ao desenvolvimento anormal tanto do cerebelo como do cérebro (BEE; BOYD, 2011). Figura 7 - Síndrome de Klinefelter. Fonte: Adaptado de Thompson e Thompson (2008). Figura 8 - Síndrome de Turner. Fonte: Adaptado de Jung et al. (2009). 27WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3.6 Influências ambientais e teratógenos Durante a gestação, o indivíduo em desenvolvimento pode ser influenciado pelo seu ambiente pré-natal. Um desenvolvimento desviante também pode resultar de doenças maternas e a exposição a outros teratógenos, como um medicamento, por exemplo, que resultará em um defeito no embrião. Doenças como a Rubéola, HIV/AIDS, citomegalovírus e outras doenças sexualmente transmissíveis e doenças crônicas como a diabetes são situações de saúde que predispõem a defeitos no embrião ou feto. O consumo de bebida alcoólica, fumo, cocaína e heroína aparece atualmente em grande parte da literatura como substâncias que causam consequências negativas no período pré-natal, especialmente substâncias controladas, como cocaína e maconha. 28WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Conhecendo os fatores genéticos que influenciam características e o desenvolvimento humano, podemos prever alguns problemas e consequências e, assim, evitá-los. Para os estudantes de saúde, a compreensão dos processos causadores de transtornos, síndromes e atrasos do desenvolvimento é fundamental durante a sua profissionalização, pois frequentemente na vida profissional ocorrências como as citadas irão aparecer e o técnico formado deverá prestar serviço de assistência aos pais e familiares. 2929WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................30 1. O BEBÊ RECÉM-NASCIDO A TERMO ..................................................................................................................... 31 1.1 ALGUNS REFLEXOS PRIMITIVOS .........................................................................................................................32 1.2 MARCOS MOTORES E COGNITIVOS DO PRIMEIRO ANO DE VIDA ..................................................................35 1.3 PRIMEIRA INFÂNCIA ...........................................................................................................................................40 1.4 SEGUNDA E TERCEIRA INFÂNCIAS ..................................................................................................................... 41 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................43 O DESENVOLVIMENTO MOTOR E COGNITIVO TÍPICO PROFA. CARMELA SLAVUTZKY ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO HUMANO 30WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos estudar o crescimento e desenvolvimento neuromotor e cognitivo típico da criança. Desenvolvimento típico significa entender o que se espera para cada período e faixa etária do desenvolvimento humano. Compreender o que é esperado nos ajuda a ter um parâmetro se há ou não algum atraso que precisa ser melhor observado. As idades aqui estabelecidas são estimativas, idades aproximadas em que uma grande maioria de crianças apresenta tal comportamento. Portanto, quando avaliamos uma criança, devemos considerar que algumas delas podem desenvolver certas habilidades um pouco antes ou um pouco depois da idade aqui demonstrada, sendo necessária que a compreensão e a observação crítica do terapeuta sejam habilidades de quem avalia. Precisamos, também, a princípio, entender a diferença entre crescimento e desenvolvimento: quando falamos em crescimento estamos nos referindo ao aumento da massa corporal da criança, o que pode ser aferido em quilograma ou em centímetros. Quando nos referimos a desenvolvimento, estaremos falando sobre a aquisição de capacidades. Estas capacidades podem ser medidas por meio de testes e provas funcionais, por exemplo, as capacidades motoras da criança. O desenvolvimento acontece de acordo com a mielinização do sistema nervoso, de forma craniocaudal. Outro indicador de desenvolvimento é a aparição e o desaparecimento dos reflexos primitivos nos períodos esperados. Nós iremos entender agora quais são os principais marcos do crescimento e desenvolvimento. 31WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. O BEBÊ RECÉM-NASCIDO A TERMO O bebê nascido a termo, cuja idade gestacional é de 37 a 42 semanas, apresenta algumas características comuns, como a flexão de membros superiores e inferiores, resultantes da hipertonia fisiológica ou “padrão flexor próprio do recém-nascido” A criança não consegue controlar o pescoço e a cabeça, que apresenta hipotonia cervical anterior. Quando colocada em prono, o peso do corpo se encontra na cabeça e tronco superior, em função da elevação da pelve decorrente da flexão de membros inferiores. A experiência em extensão nessa fase é desencadeada pelo reflexo de Moro e a reação positiva de suporte. Aos poucos, esse padrão flexor diminui e, a partir do primeiro mês de vida, por influência do RTCA, o bebê adquire um padrão mais assimétrico e os movimentos se tornam mais livres e voluntários (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Figura 1 - Postura do recém-nascido. Fonte: Google Imagens (2021). O desenvolvimento da criança do ponto de vista neuropsicossensorial e motor depende do processo de maturação do sistema nervoso central (SNC), principalmente no primeiro ano de vida. Os reflexos primitivos são respostas automáticas presentes no bebê recém-nascido frente a estímulos sensoriais, como o som, o toque e o movimento da cabeça. Lefèvre e Diament demonstraram que o processo de maturação está relacionado com o grau de mielinização, arborização e formação de sinapses das células nervosas no SNC (OLHWEILER et al., 2005). Desta forma, a observação das reações e reflexos primitivos nos bebês é de fundamental importância, uma vez que a persistência além da idade, a ausência deles ou ainda a intensidade de aparecimento desses reflexos pode levantar a suspeita de alguma disfunção neurológica (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 32WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Alguns reflexos estão presentes desde o nascimento, outros aparecem tardiamente. Figura 2 ─ Reflexos primitivos com a idade de início até a inibição. Fonte: Ministério da Saúde (2016). 1.1 Alguns Reflexos Primitivos • Reflexo dos olhos de boneca Ao girar a cabeça do bebê para um lado, os olhos se movimentam no sentido oposto. Os órgãos sensoriais são os canais semicirculares vestibula- res e também receptores da musculatura cervical. Aparece no recém-nascido e termina por volta dos 3 meses de vida. Figura 3 - Teste do reflexo dos olhos de bone- ca. Fonte: Bettiol (2021). 33WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Reflexo de busca Ao estímulo sensorial tátil na bochecha do bebe, este vira a boca em direção ao estímulo para se ali- mentar. Aparece no recém-nascido e termina por volta dos 4,5 meses de vida. Figura 4 - Reflexo de busca Fonte: Bettiol (2021). • Reflexo de Moro A criança abre bem os braços, estica as perninhas e estendeo pescoço, quando sente que está caindo ou insegura no ambiente. Reflexo de proteção para se segurar em algo. Aparece no recém-nascido e termina por volta dos 6 meses de vida. Figura 5 - Reflexo de Moro. Fonte: Bettiol (2021). • Reflexo tônico cervical assimétrico (RTCA) Ocorre em resposta a um movimento ativo ou pas- sivo de rotação lateral da cabeça, na qual a criança abduz o lado em que a cabeça se volta e aduz o lado contralateral. Aparece no recém-nascido e termina por volta do início do quarto mês de vida. Figura 6 - Reflexo tônico cervical assimétrico Fonte: Bettiol (2021). 34WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Reflexo de preensão palmar O bebê fecha as mãos quando é tocado na região da palmar. Ele responde flexionando fortemente os dedos e fechando as mãos. Aparece no recém-nascido e termina por volta dos 3 meses de vida. Figura 7 - Reflexo de preensão palmar. Fonte: Google imagens (2021). • Reflexo de Babinski Consiste no movimento do dedão do pé para cima, na direção do peito do pé, gerando uma reação dos outros dedos que se abre num leque quando a sola do pé do bebê é estimulada. Aparece no recém-nascido e termina por volta dos 12 meses de vida. Figura 8 - Teste do reflexo dos olhos de bone- ca. Fonte: Google imagens (2021). • Reflexo de fuga à asfixia Quando a criança é colocada com a face voltada para o colchão, consegue virar o rosto em alguns segun- dos para liberar o nariz e respirar. Aparece no recém-nascido e termina aos 12 meses. Figura 9 - reflexo de fuga à asfixia. Fonte: Google imagens (2021). 35WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA • Reação positiva de suporte Ao colocarmos a criança sustentada verticalmente com os pés apoiados sobre uma superfície ela res- ponderá com a contração dos músculos das pernas e extensão do tronco, ficando na posição de pé Figura 10 - Reação positiva de suporte Fonte: Bettiol (2021). 1.2 Marcos Motores e Cognitivos do Primeiro Ano de Vida As mudanças durante o primeiro ano de vida são as mais importantes modificações, nas quais se processam os maiores saltos evolutivos em curtos períodos de tempo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). O desenvolvimento motor da criança respeita uma sequência de eventos: a criança, passo a passo, eleva seu corpo contra a gravidade, por meio do controle corporal progressivo adquirido com a maturação cerebral e aprendizagem dos movimentos. As etapas do desenvolvimento motor evoluem de forma gradativa, organizada, sendo consequência da precedente e necessária para a aquisição da próxima (ARQUELES et al., 2001 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Uma revisão do Ministério da Saúde do Brasil (2016), em decorrência principalmente da Síndrome Congênita do Vírus Zika, vivida no país, elaborada para a criação de diretrizes de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento infantil e a estimulação precoce, elencou os indicadores de desenvolvimento típico da criança. Este material é de utilidade multiprofissional e norteia os terapeutas na observação dos marcos esperados para cada período. Bebês em foco: esta série documental investiga a ciência inovadora que revela como as crianças descobrem a vida durante seu primeiro ano. 36WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Idade Indicador de desenvolvimento 1º mês Quando em supino: membros flexionados (hipertonia fisiológica), cabeça oscilante, comumente mais lateralizada, mãos fechadas. Os membros inferiores mais livres, que alternam movimentos de flexo-extensão, porém com as pernas geralmente fletidas sobre o abdome. O tronco apresenta característica mais hipotônica, com ausência de equilíbrio cervical e de trono. Apresenta movimentos amplos, variados e estereotipados, com forte influência de reflexos primitivos. Abre e fecha os braços em resposta ao estímulo, movimento que pode estar influenciado pelo Reflexo de Moro. Quando em prono: o peso do corpo se encontra na cabeça e tronco superior, em função da elevação da pelve decorrente da flexão de membros inferiores. Isto dificulta a ampla mobilidade dos membros superiores. Pode levantar a cabeça momentaneamente, sempre lateralizada, sem alcance da linha média (ajeita a cabeça para poder respirar / primeiro passo no desenvolvimento da extensão antigravitacional). Cognição: Atenta-se à face humana; Comunica-se pelo choro; Reage a sons fortes com sustos e aquieta-se ao som da voz humana; Emite pequenos sons guturais. 2º mês Quando em supino: pode apresentar uma postura mais assimétrica, influenciada pela resposta ao Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (extensão dos membros superior e inferior do lado para o qual a face está voltada, e flexão dos membros contralaterais). Acompanha visualmente os objetos ou a face humana, com movimentos de cabeça geralmente até a linha média. Quando em prono: eleva mais a cabeça, aproximadamente 45°, mas não a mantém erguida. Os membros inferiores estarão um pouco mais estendidos, porém ainda em flexão. Colocado na posição sentada, mantém a cabeça elevada intermitentemente. Cognição: Fixa o olhar na face humana; Mantém a atenção ao ouvir a voz humana; Segue uma pessoa ou objeto com os olhos na linha média; Explora o mundo externo, com grande interesse por sons, contrastes visuais e luz; Apresenta sorriso social. Diretrizes do Ministério da Saúde de estimulação precoce dos 0 aos 3 anos de idade. Disponível em: http://portalarquivos.saude. gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacao- precoce.pdf. http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacao-precoce.pdf http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacao-precoce.pdf http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/26/Diretrizes-de-estimulacao-precoce.pdf 37WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 3º mês No final do 3° mês, espera-se aquisição do equilíbrio cervical. Quando em supino: melhor controle cervical, consegue manter a cabeça na linha média. Acompanha objetos visualmente com movimentos de rotação da cabeça para ambos os lados, a mais de 180º. Os movimentos dos olhos e cabeça já são, muitas vezes, simultâneos e coordenados. Quando em prono: é capaz de fazer a descarga de peso em antebraços, com melhora da estabilidade escapular, elevando a parte superior do tronco e a cabeça (em 90°), na linha média. Puxado para sentar: leve atraso de cabeça. Colocado na posição sentada: mantém a cabeça erguida, podendo ainda ocorrer oscilações. Cognição: Reconhece o principal cuidador, inclusive a fala. 4º mês Alterna facilmente os movimentos dos membros entre a extensão e a flexão. Postura mais simétrica; une as mãos na linha média, mantendo também a cabeça mais centralizada. Os olhos são mais ativos e a atenção visual contribui para o aumento da estabilidade da cabeça e garante a sua correta orientação no espaço. Quando em supino: consegue alcançar os joelhos e rolar para decúbito lateral, com maior percepção corporal. Ouvindo ruídos, o bebê para de mover-se e vira para a fonte sonora. Quando em prono: é capaz de manter o apoio das mãos com o cotovelo estendido, e de se estender contra a gravidade deixando apenas o abdome no apoio. Tendência a cair para os lados, rolando acidentalmente para supino. Inicia reação de Landau. Gosta de ser colocado na posição sentada, mantendo a cabeça ereta, mas instável quando o tronco oscila; tronco permanece menos tempo fletido. Cognição: Reage quando é chamado pelo nome; Explora os brinquedos, ocasionalmente levando-os à boca. 5º mês Quando em supino: é capaz de levar os pés à boca, eleva o quadril e pode arrastar em supino empurrando o corpo para trás (interesse no alcance do objeto), inicia o rolar para prono ainda sem muita rotação do tronco. Quando em prono: desloca lateralmente opeso sobre antebraços para o alcance dos brinquedos, rola para supino, tenta “nadar” no chão, é capaz de pivotear (giro sob o próprio eixo) e de manter membros superiores estendidos. Puxado para sentar: eleva a cabeça do apoio. Colocado na posição sentada: a cabeça não oscila; começa a sentar com apoio, mantendo o tronco ereto. Cognição: Usa movimentos do corpo e sons para chamar a atenção do outro; passa mais tempo em uma mesma atividade. 38WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6º mês Ao final do 6° mês, a criança já tem domínio sobre os movimentos rotacionais, denotando controle sobre as transferências de decúbito como o rolar. Quando em supino: rola para prono, levanta a cabeça espontaneamente. Quando em prono: suporta peso nas mãos, liberando o apoio de uma delas para o alcance de objetos; apresenta reação de equilíbrio nesta posição, começando em supino; inicia o arrastar. Puxado para sentar: auxilia no movimento, elevando a cabeça do apoio e tracionando membros superiores. Colocado na posição sentada: é capaz de manter-se nessa postura com apoio, por longo tempo, ainda com cifose lombar. Apoia as mãos à frente do corpo pela reação de proteção para frente. Como ainda não tem total controle do seu deslocamento de peso nesta postura e não apresenta ainda as reações laterais e posteriores de apoio, pode cair para os lados e para trás. Cognição (de 6 a 9 meses): Explora os objetos de modo variado (bate, aperta, balança...); Balbucio, principalmente na presença do cuidador. 7º mês Nesse período, o desenvolvimento adequado da musculatura de tronco e da pelve permite uma ótima estabilidade na postura sentada e, com isso, a retificação do tronco fica mais evidente. Quando em supino: reações de equilíbrio presentes (iniciando na posição sentada); eleva a cabeça como se fosse sentar. Quando em prono: mantém a cabeça elevada, com apoio no abdômen e nas mãos, pode girar ou arrastar-se. Brinca em decúbito lateral. Aquisição do equilíbrio de tronco / senta sem apoio. 8º mês Com o domínio das rotações, o bebê experimenta várias posturas diferentes como o sentar em anel, o sentar de lado (sidesitting), o sentar com as pernas estendidas (longsitting), sentar entre os calcanhares (sentar em “w”), e todas essas possibilidades permitem a transferência para a postura de gatas e ajoelhado e vice-versa. Quando em supino: geralmente rola ou puxa-se para sentar. Quando em prono: assume a posição quadrúpede (ou de gatas), transfere de prono para sentado e vice-versa. Sentado: bom equilíbrio de tronco, inclina-se para frente, apresenta reação protetora para os lados. 9º mês Uma vez na postura de gatas, a criança experimenta as transferências de peso, balançando para frente, para trás e para os lados; com isso, vai desenvolvendo o equilíbrio e a força muscular para iniciar o engatinhar. Inicialmente desenvolve o engatinhar com o tronco em bloco e depois de maneira dissociada, ou seja, com movimentos laterais do tronco. Apresenta reação de equilíbrio na posição sentada (inicia quadrúpede), com melhor controle de tronco (realiza movimentos de rotação). Engatinha e realiza transferências de sentado para a posição de gatas e vice-versa. Começa a assumir a posição de joelhos e fica de pé com apoio. 39WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 10º mês Ao final do 10° mês, a criança consegue se transferir de sentado para gatas, para joelhos, semiajoelhado e tracionar-se para de pé. Engatinha ou desloca-se através da posição “tipo urso”, com apoio nas mãos e pés, mantendo joelhos estendidos. Sentado, apresenta extensão protetora para trás, roda em círculos. Inicia marcha lateral com apoio nos móveis e é capaz de caminhar quando segurado pelas mãos. Cognição: Quando vê um objeto desaparecer, procura-o mesmo escondido (noção de permanência do objeto); Produz sons consonantais (“dadada”); Executa gestos a partir de modelos (dar tchau, bater palmas); Entende solicitações simples associadas a gestos (me dá, pega, cadê a mamãe...); Responde ao próprio nome. 11º mês Essa fase é marcada pelo desenvolvimento da postura ortostática; a criança realiza marcha lateral e já é capaz de liberar o apoio de uma das mãos. Posteriormente, realiza marcha para frente, empurrando um apoio móvel (como cadeira ou banquinho). O caminhar para frente, ao redor dos móveis, enquanto se apoia com uma mão, é um precursor natural da marcha para frente com auxílio da mão de um adulto. 12º mês Capaz de elevar-se estendendo ativamente membros inferiores; transfere da posição ortostática para sentado dissociando movimentos de membros inferiores; inicia ficar de pé sem apoio; primeiros passos independentes. Na fase inicial da marcha independente, a criança assume uma base alargada de apoio nos pés, abdução dos braços e fixação do tronco superior. Apresenta passos curtos e acelerados, com cadência aumentada em função do déficit de equilíbrio. A literatura aponta que a ocorrência de marcha sem apoio antes dos 12 meses ou até os 18 meses pode ser considerada dentro da faixa de normalidade, no caso de uma criança nascida a termo e sem sinais de comprometimento neurológico. 40WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.3 Primeira Infância 12 a 18 meses Ganho gradativo de equilíbrio, reduz base de suporte durante a marcha. Após o 15º mês, a criança mantém o ritmo de aquisições motoras, porém com foco no refino das habilidades motoras grossas e habilidades manipulativas. Sobe e desce escadas engatinhando ou apoiada pelas mãos. Ajoelha-se só. Cognição: Executa gestos a pedido sem modelo (mandar beijo, balançar a cabeça); Surgem as primeiras palavras de duas sílabas; Entende o “não”; Repete gestos ou atitudes que provocaram risadas. 18 a 24 meses Melhora do equilíbrio e desempenho de marcha: realiza choque de calcanhar no início do apoio, diminui cadência e aumenta a velocidade. Fica sentada sozinho numa cadeira. Sobe e desce escadas segurando-se no corrimão. Começa a saltar sobre os dois pés. Cognição: Começa a combinar duas palavras (“mamãe água”); Nomeia as partes do corpo e objetos; Realiza brincadeira simbólica simples (exemplo: dar comida para a boneca); Faz encaixes por tentativa erro. 24 a 30 meses Corre e bate numa bola sem perder o equilíbrio; tenta se equilibrar num só pé. Cognição: Produz frases simples (“mamãe quer água”); Conhece conceitos básicos (igualdade, em cima/embaixo, dentro/ fora, grande/pequeno); Segue instruções envolvendo dois conceitos (“Coloque o copo na caixa”); Aponta figuras familiares em um livro; Brinca com outras crianças. 30 a 36 meses Sobe escadas alternando movimento de membros inferiores (coloca um pé de cada vez no degrau, apenas para subir). Consegue se manter em pé sobre uma única perna. Salta no mesmo local com ambos os pés. Anda de triciclo. Cognitivo: Reconhece diversas cores; Usa pronomes e frases de múltiplas palavras; Entende instruções com até 3 conceitos (“Coloque a boneca grande na cama”); Conta histórias e relata eventos ocorridos; Produz frases respeitando tempo verbal (passado, presente, futuro), gênero (masculino/feminino) e número (singular e plural) Quadro 1 - Primeira Infância. Fonte: Ministério da Saúde (2016). 41WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.4 Segunda e Terceira Infâncias A infância compreende o período entre os 3 aos 11 anos de vida. Nesse período, as crianças emagrecem e crescem rapidamente. Melhoram a capacidade para correr, saltitar, pular e jogar bola. Tornam-se também melhores para dar laços em calçados, desenhar com lápis de cor e despejar caixas de cereais em flocos; e começam a demonstrar uma preferência por usar a mão direita ou esquerda. A densidade das sinapses no córtex pré-frontal atinge um pico aos 4 anos de idade (LENROOT; GIEDD, 2006 apud PAPALIA; FELDMAN,2013). A mielinização dos caminhos para a audição também está completa em torno desta idade (BENES et al., 1994). Aos 6 anos de idade, o cérebro alcançou aproximadamente 95% de seu volume máximo. Entretanto, existem amplas diferenças individuais. Duas crianças saudáveis da mesma idade, em condições normais, poderiam ter até 50% de diferença no volume cerebral (LENROOT; GIEDD, 2006 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). Uma mudança gradual ocorre no corpo caloso, que liga os hemisférios esquerdo e direito. A mielinação progressiva das fibras no corpo caloso permite a transmissão de informação mais rápida e uma melhor integração entre elas (TOGA et al., 2006). Este desenvolvimento, que continua até os 15 anos de idade, melhora funções como coordenação dos sentidos, processos de memória, atenção, concentração, fala e audição (LENROOT; GIEDD, 2006 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). Dos 3 aos 6 anos de idade, o crescimento mais rápido ocorre nas áreas frontais que regulam o planejamento e a organização de ações. Dos 6 aos 11 anos, o crescimento mais rápido é em uma área que primariamente apoia o pensamento associativo, a linguagem e as relações espaciais (THOMPSON et al., 2000 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). O desenvolvimento cerebral afeta também outros aspectos do desenvolvimento. Um deles é o desenvolvimento das habilidades motoras. O crescimento muscular e esquelético avança, tornando a criança mais forte. Cartilagens transformam-se em ossos a uma taxa mais rápida do que antes e os ossos se tornam mais rígidos, dando à criança uma forma mais firme, garantindo a proteção dos órgãos internos. Essas mudanças, coordenadas pelo cérebro ainda em amadurecimento e pelo sistema nervoso, promovem o desenvolvimento de uma ampla variedade de habilidades motoras. O desenvolvimento das áreas sensoriais e motoras do córtex cerebral permite uma melhor coordenação entre o que as crianças querem fazer e o que elas podem fazer. Crianças em idade escolar fazem grandes avanços nas habilidades motoras grossas e o desenvolvimento físico floresce melhor em brincadeiras livres, ativas e não estruturadas (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Por que bebês devem ser estimulados por terapeutas ocupacionais? Quando analisamos um bebê que tem atraso no desenvolvimento, devemos pensar para além dos marcos motores e reflexos primitivos. O terapeuta deve considerar que as ocupações são dependentes de um bom desenvolvimento. Deve pensar que a aquisição do sentar irá propiciar futuramente a capacidade de se alimentar sozinho e irá liberar as mãos para o brincar, por exemplo. Quais outras ocupações podem ser desenvolvidas, a partir deste marco do desenvolvimento? 42WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As habilidades motoras finas, como abotoar a camisa e desenhar imagens, envolvem a coordenação olhos-mãos e dos pequenos músculos. A aquisição dessas habilidades permite às crianças pequenas assumirem mais responsabilidades por seus cuidados pessoais (PAPALIA; FELDMAN, 2013). A lateralidade manual, a preferência por usar uma das mãos em vez da outra, é geralmente evidente por volta dos 3 anos de idade. Uma vez que o hemisfério esquerdo do cérebro, o qual controla o lado direito do corpo, geralmente é dominante, a maioria das pessoas prefere seu lado direito (PAPALIA; FELDMAN, 2013). Idade Habilidades motoras grossas Habilidades motoras finas 2-4 anos Corre facilmente; sobe escadas usando um pé por degrau; salta com os dois pés; pedala e dirige um triciclo. Pega objetos pequenos (por exemplo, sucrilhos); segura o lápis com os dedos (2-3 anos), e então entre o polegar e os dois primeiros dedos (3-4 anos); corta papel com tesoura. 4-6 anos Sobe e desce escadas usando um pé por degrau; caminha na ponta dos pés; caminha sobre uma linha fina; salta, atira e pega razoavelmente bem. Enfia linha em botões, mas não em agulhas (4-5 anos); enfia linha na agulha (5-6 anos); segura o lápis naturalmente, mas escreve ou desenha com rigidez e concentração. 6-9 anos Chuta e bate em objetos parados (por exemplo, bola) com força; intercepta objetos em movimento correndo, mas precisa parar para bater, chutar ou pegar; velocidade de corrida de 3 a 4m por segundo. Usa preensão madura ao escrever ou desenhar; usa movimento descendente para bater em objetos com instrumento (por exemplo, martelo); rebate objeto com uma mão com controle limitado. 9-12 anos Chuta, bate e pega objetos em movimento correndo; aumento significativo no pulo vertical; velocidade de corrida de 4 a 5m por segundo. Usa movimento descendente ou horizontal para bater em objetos com instrumento quando apropriado (por exemplo, martelo versus bastão de beisebol); rebate objeto com uma mão com bom controle. Quadro 2 - Habilidades motoras finas e grossas. Fonte: Adaptado de Bee e Boyd (2011). 43WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Acompanhar os marcos do desenvolvimento infantil proporciona um crescimento mais saudável e típico, ajudando-o a desenvolver suas habilidades, além de ser base para a evolução de futuras ocupações. O terapeuta ocupacional que estimula o desenvolvimento proporciona à criança e à família uma assistência fundamental para a independência futura da criança e sua aquisição de habilidades. Aprender a observar e compreender a importância de cada etapa do desenvolvimento infantil promove, ao profissional, uma visão mais ampla sobre o que ele deve fazer, e isto inclui indicar a família a procurar outros profissionais quando necessário, como fonoaudiólogos, pediatras e fisioterapeutas. 4444WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 04 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................................................45 1. ADOLESCÊNCIA .......................................................................................................................................................46 1.1 INÍCIO DA VIDA ADULTA ........................................................................................................................................47 1.2 VIDA ADULTA INTERMEDIÁRIA ............................................................................................................................48 1.3 VIDA ADULTA TARDIA ............................................................................................................................................ 51 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................54 ADOLESCÊNCIA, VIDA ADULTA E VELHICE PROFA. CARMELA SLAVUTZKY ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: DESENVOLVIMENTO HUMANO 45WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nesta unidade, iremos iniciar o estudo do período de transformações hormonais e sexuais mais expressivas do desenvolvimento. A adolescência apresenta um importante marco na vida de muitas pessoas em diversas culturas e sociedades. A vida adulta e a velhice são também fases do desenvolvimento, e há alguns anos passou a ser estudada de forma mais intensa, à medida que a expectativa de vida da população aumenta e necessita de mais recursos para apoio nesta fase da vida. 46WWW.UNINGA.BR DE SE NV OL VI M EN TO H UM AN O | U NI DA DE 4 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ADOLESCÊNCIA A adolescência corresponde ao período de 11 a 20 anos de vida. Esse período oferece oportunidades para o crescimento, não só em termos de dimensões físicas, mas também em competência cognitiva e social, autonomia, autoestima e intimidade. Os jovens, que têm relações de apoio com os pais, a escola e a comunidade, tendem a se desenvolver de forma positiva e saudável (YOUNGBLADE et al., 2007 apud PAPALIA; FELDMAN, 2013). Há um progresso
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