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ESTÁCIO Instituição: Universidade Estácio de Sá Curso: Pedagogia/Licenciatura Aluno (a): Caroline Rosa Louzada - Matrícula: 201909175251 Tutor (a): Marilia Cammarosano Disciplina: Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR Observação de criança(s), adolescente(s) e/ou jovens, para compreender características que ressaltam o desenvolvimento físico-motor, afetivo-emocional, intelectual ou social desses sujeitos. Rio de Janeiro 31/05/202 Objetivos Identificar as características do desenvolvimento, afetivo-emocional, intelectual, moral e social da criança observada. Compreender como essas características influenciam no desenvolvimento da aprendizagem da criança. Construir uma análise crítica das observações realizadas com base nas diferentes teorias do desenvolvimento da aprendizagem. Introdução Teórica: Para a realização deste trabalho foram tomados como base as teorias do desenvolvimento elaboradas por Jean Piaget, Henry Wallon e Lev S. Vygotsky. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE JEAN PIAGET Formado em Biologia, Piaget especializou-se nos estudos do conhecimento humano, concluindo que, assim como os organismos vivos podem adaptar-se geneticamente a um novo meio, existe também uma relação evolutiva entre o sujeito e o seu meio, ou seja, a criança reconstrói suas ações e ideias quando se relaciona com novas experiências ambientais. Para Piaget, o desenvolvimento mental dá-se espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua interação com o meio. O processo de desenvolvimento mental é lento, ocorrendo por meio de graduações sucessivas através de quatro estágios: Período Sensório-motor (0 a 2 anos): Durante este estágio, as crianças aprendem sobre o mundo por meio dos seus sentidos e da manipulação de objetos. Período pré-operatório (2 a 7 anos): Durante esse estágio, as crianças desenvolvem a imaginação e a memória. O pensamento nessa fase ainda é egocêntrico, desse modo, a criança tem dificuldade em ver o ponto de vista dos outros. Período das operações concretas (7 a 11 anos): Durante esse estágio, as crianças tornam- se menos egocêntricas, começando a entender que nem todos compartilham seus pensamentos, crenças ou sentimentos. Período das operações formais (12 anos em diante): Durante esse estágio, as crianças são capazes de usar a lógica para resolver problemas, planejar seu futuro e ver o mundo ao seu redor. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE HENRY WALLON Para Wallon, a criança é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência. De acordo com sua teoria, no início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. No estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico. Já no estágio personalístico (3 a 6 anos), aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as ideias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando a afetividade. TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE LEV S. VYGOTSKY Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações imediatas. Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito. A capacidade humana para a linguagem faz com que as crianças providenciem instrumentos que auxiliem na solução de tarefas difíceis, planejem uma solução para um problema e controlem seu comportamento. Signos e palavras são para as crianças um meio de contato social com outras pessoas. Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela linguagem. Segundo VYGOTSKY (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Procedimentos Metodológicos Para a elaboração do relatório foi feita a observação da rotina de Juliana Louzada de Lima, 11 anos, aluna do 6º ano do Ensino Fundamental. Este acompanhamento foi realizado em sua residência, no período de 18 a 22 de maio de 2020. A observação foi realizada durante o isolamento social devido a pandemia do COVID- 19, que alterou a rotina escolar. Neste período, as aulas presenciais foram adaptadas ao ambiente familiar por meio de aulas virtuais. Resultados e Conclusão Durante esta semana, Juliana assistiu as aulas por meio da plataforma de ensino online Plurall. Ela apresentou um bom desenvolvimento da aprendizagem, apesar de, em alguns momentos, ter ficado desmotivada, por sentir falta da interação presencial com os professores e com os colegas de turma. Algumas vezes, quando apresentou dúvidas quanto à realização das atividades propostas pelos professores, recorreu aos pais ou a sites de busca na internet. A escola também disponibilizou aulas para tirar dúvidas usando o aplicativo Google Meeting. Porém, Juliana apresentou certa resistência quanto à utilização deste canal, pois ainda não está totalmente adaptada a este tipo de ensino a distância e não se sente à vontade como se estivesse em sala de aula. Durante este período, também observei o interesse de Juliana por outra atividade, a música. Ela começou a tocar teclado por meio da observação de vídeos no YouTube. Esta nova atividade foi importante para a sua adaptação ao isolamento social de forma leve e menos estressante. Durante a observação realizada, foi possível perceber que, em consonância com a teoria de Piaget, Juliana reconstruiu ações e ideias para adaptar-se a uma nova realidade de ensino, tendo se desenvolvido espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua interação virtual, com o meio escolar, bem como no convívio familiar. Segundo Wallon e Vygotsky, a educação deve contemplar elementos tanto cognitivos, quanto afetivos, que trilham juntos no caminho para a construção de relações pedagógicas mais harmônicas e humanizadas. Neste contexto, percebi que, durante o ensino a distância, Juliana sentiu falta dos elementos afetivos e cognitivos presentes na sala de aula, o que impossibilitou o aprendizado em sua plenitude. Referências Bibliográficas COLL, C. As contribuições da Psicologia para a Educação: Teoria Genética e Aprendizagem Escolar. In LEITE, L.B. (Org) Piaget e a Escola de Genebra. São Paulo: Editora Cortez,1992. p. 164-197. FREITAS, M.T.A. de.Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e Educação: um intertexto. São Paulo: Editora Ática, 2000 GALVÃO, IZABEL.Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 7ª.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000. 134 p. LA TAILLE, YVES DE; OLIVEIRA, MARTA KOHL DE. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão.São Paulo: Summus.