Buscar

O ENSINO DE GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NO PERCURSO CASA-ESCOLA POR ALUNOS DO 6 ANO DA ESCOLA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 52 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI 
CAMPUS CLÓVISMOURA – CCM 
COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA 
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NO 
PERCURSO CASA-ESCOLA: POR ALUNOS DO 6° ANO DA ESCOLA 
MUNICIPAL DEP. HUMBERTO REIS DA SILVEIRA NO MUNICÍPIO 
DE TERESINA-PI 
 
 
 
 
 
 
 
 
Igor de Araújo Pinheiro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA-PI 
2010 
 
 
2 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ-UESPI 
CAMPUS CLÓVISMOURA – CCM 
COORDENAÇÃO DE GEOGRAFIA 
LICENCIATURA PLENA EM GEOGRAFIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NO 
PERCURSO CASA-ESCOLA: POR ALUNOS DO 6° ANO DA ESCOLA 
MUNICIPAL DEP. HUMBERTO REIS DA SILVEIRA NO MUNICÍPIO 
DE TERESINA-PI 
 
 
 
Monografia exigida como trabalho final de 
conclusão do Curso de Licenciatura Plena em 
Geografia da Universidade Estadual do Piauí, sob 
orientação da Profª. Esp. Jucélia Pereira Monteiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TERESINA-PI 
 2010 
 
3 
 
 
Igor de Araújo Pinheiro 
 
 
O ENSINO DE GEOGRAFIA E A PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NO 
PERCURSO CASA-ESCOLA: POR ALUNOS DO 6° ANO DA ESCOLA 
MUNICIPAL DEP. HUMBERTO REIS DA SILVEIRA NO MUNICÍPIO DE 
TERESINA-PI. 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em ___/___/___ 
 
 
 
 
 
 
 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
 
 
___________________________________ 
Professora Esp. Jucélia Pereira Monteiro 
Presidente 
 
 
___________________________________ 
Professor Msc. Francisco Gomes Ribeiro Filho 
Membro 
 
 
 
____________________________________ 
Professor Esp. René Pedro Aquino 
Membro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Paisagens são formas mais ou menos duráveis. O 
seu traço comum é ser a combinação de objetos 
naturais e de objetos fabricados, isto é, objetos 
sociais, e ser resultado da acumulação da atividade 
de muitas gerações.” 
 
Milton Santos, 1978 
 
 
5 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Agradeço pela conquista de conclusão do 3° grau primeiro a Deus, que na sua infinita 
bondade me concedeu ferramentas para alcançar tal graça em minha trajetória, bem como as 
experiências vividas no período acadêmico. 
 
À família, o reconhecimento por permanecer ao meu lado nas diferentes situações, 
sejam elas positivas ou negativas. 
 
Aos meus amigos, agradeço pelo apoio nos momentos de necessidade, em especial 
Filipe Fontineles, Raquel Almeida, Renata Mourão, Rusniel Carvalho e Tetuliano Brandão. 
 
Aos amigos da universidade, Jessica Mousinho, Valéria Sousa e Nayra Castro, presentes 
nos mais diversos momentos, mostrando o valor da verdadeira amizade. 
 
À professora Jucélia Monteiro, sou grato pela missão de orientar a presente obra. 
 
Aos professores da UESPI – CCM e aqueles que passaram pela instituição, agradeço 
pela troca de conhecimentos e experiências. Em especial, ao professor Francisco Gomes, que 
na sua figura de paciência encorajou-me no aprofundamento do meu tema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
6 
 
LISTA DE ABREVIATURAS OU SIGLAS 
 
EMDHRS - Escola Municipal Deputado Humberto Reis da Silveira 
 
SEMEC – Secretaria Municipal de Educação e Cultura 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho foi realizado com o objetivo de mostrar a importância da percepção de 
paisagem no percurso casa-escola feita por alunos do 6° ano do ensino fundamental da Escola 
Municipal Dep. Humberto Reis da Silveira, na zona sudeste de Teresina (PI), possuindo como 
principal aspecto a utilização da percepção em aulas de Geografia. A disciplina de Geografia é 
vista por uma porção de alunos como decorativa ou apenas descritivas, onde os fenômenos 
relacionados ao espaço em que vivem não estão ligados diretamente à cultura da sociedade. 
Cabe ao professor da área despertar nos alunos um olhar mais crítico, auxiliando-os na 
observação da paisagem ao redor fazendo uso da percepção na abordagem do tema de 
paisagem. O objetivo do estudo foi identificar as representações e as percepções dos alunos 
sobre o termo “paisagem”, em relação às paisagens observadas no bairro Frei Damião entre os 
trajetos casa e escola. O bairro Frei Damião, é dotado de carências estruturais das mais diversas 
ordens, é resultado de um processo de crescimento desordenado e sem participação dos órgãos 
públicos competentes. Para isso foi realizado estudo prévio sobre a área ao redor da escola, a 
fim de organizar a pesquisa no intuito de detectar sujeitos através da percepção dos alunos. A 
metodologia utilizada foi o levantamento bibliográfico e sistematização dos estudos; 
instrumental: roteiro de entrevista para professores, questionários para alunos e registro 
fotográfico do bairro; o levantamento percentual dos dados coletados substanciou e possibilitou 
a disposição das informações adquiridas em gráficos. As principais fontes utilizadas foram 
Milton Santos, Antônio Penna Gomes, Lana de Sousa Cavalcanti e Armand Frimont. O 
resultado da pesquisa nos induziu verificar a existência de problemas no conhecimento sobre o 
tema paisagem. Observamos que a maioria dos alunos associa o termo “paisagem” com a 
natureza. Observamos, ainda que, para grande parte dos alunos, a paisagem bonita está 
relacionada à natureza conservada, e a paisagem feia, à natureza degradada e aos elementos do 
ambiente construído. Falta clareza a respeito de paisagem, uma relação mais ativa entre 
conceito e vivência voltados à questão de paisagem, possibilitaria à criança a compreensão de 
paisagem natural e construída. Percebe-se que o papel do professor é importantíssimo na 
dicotomia das formas de paisagem. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Espaço. Paisagem. Representação. Observação e Percepção. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
ABSTRACT 
This work was carried out in order to show the importance of the perception of landscape on 
the way home-school students done by the 6th year of primary education at the Municipal 
School Rep. Humberto da Silveira Reis, in the southeast area of Teresina (PI) having as main 
feature the use of perception in geography lessons. The discipline of geography is seen by 
students as a portion of decorative or merely descriptive, where the phenomena related to space 
in which they live are not linked directly to the culture of society. The teacher has to wake up in 
the area a more critical students, helping them to observe the surrounding landscape by making 
use of perception to the theme of landscape. The objective was to identify the representations 
and perceptions of students about the term "landscape" in relation to the landscapes seen in the 
neighborhood Frei Damião between home and school trips. The district Frei Damião, is 
endowed with structural deficiencies of various orders, is the result of a process of growth and 
disorderly without the participation of competent public bodies. For this preliminary study was 
conducted on the area around the school in order to organize research in order to detect 
individuals through the perception of students. The methodology used was a literature review 
and systematization of the research; Instrumental interview guide for teachers, questionnaires 
for students and photographic record of the district, the percentage of survey data collected 
substantiated and made possible the provision of information acquired in graphics. The main 
sources used were Milton Santos, Antonio Gomes Penna, Lana de Souza Cavalcanti and 
Armand Frimont. The search result induced us to verify the existence of problems in 
knowledge about the issue landscape. We observed that most students associate the word 
"landscape"with nature. We also observed that, for most students, the beautiful landscape is 
related to the conservative nature, landscape and ugly, the degraded nature and the elements of 
the built environment. Lack of clarity about the landscape, a more active relationship between 
concept and experience focused on the question of landscape, allow the child an understanding 
of the natural landscape and built. It is perceived that the teacher's role is important in the 
dichotomy of the forms of landscape. 
 
KEYWORDS: Space. Landscape. Representation. Observation and Perception. 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 10 
1 A PERCEPÇÃO: CONTIBUINDO DO ESTUDO DE PAISAGEM ............................. 13 
1.1 A Construção do estudo espacial e de paisagem ............................................................ 14 
1.2 A utilização do conhecimento geográfico na identificação dos elementos de 
paisagem .................................................................................................................................. 16 
1.3 O ensino de geografia auxiliando na percepção de paisagem dos 
alunos ........................................................................................................................................ 18 
 1.3.1 A percepção como ferramental de aprendizagem................................................... 23 
 
2 A PRÁTICA DA PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NA APRENDIZAGEM DOS 
ALUNOS DO 6° ANO DA E. M. DEP. HUMBERTO DA SILVEIRA REIS ............... 27 
2.1 A visão dos professores acerca da percepção de paisagem ......................................... 28 
2.2 A percepção de paisagem dos alunos do 6° ano ........................................................... 32 
CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 43 
BIBLIOGRAFIAS ................................................................................................................ 46 
APÊNDICES ........................................................................................................................ 48 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
INTRODUÇÃO 
 
O interesse pelo estudo da paisagem é crescente. Nas últimas décadas do século 
passado, porém não só a geografia, mas por ciências como Arquitetura, Antropologia, Artes e 
outras. A Geografia protagoniza na escola o significado da paisagem. Através de polissentidos 
– sons, movimentos, formas, odores, sensações – há possibilidade de comunicação entre mundo 
e indivíduo. 
 
O ponto de partida para a leitura/compreensão da paisagem está nos estímulos 
conquistados pelo homem desde os primeiros dias de vida até o cotidiano das salas de aula. Por 
meio de estímulos sensoriais, trabalhados durante sua vida, o indivíduo decodifica os elementos 
contidos no espaço. A compreensão da paisagem faz-se então através da percepção sensorial do 
mundo de acordo com a sua experiência. 
 
A maneira como se dá a percepção é diferente de um indivíduo para outro. O contexto 
cultural, religioso, moral, influencia de modo inconsciente a compreensão aos estímulos 
lançados. A compreensão dá-se por mecanismos perceptivos que elaboram opiniões a partir de 
pequenas experiências, então um dos grandes desafios é perceber e interpretar os estímulos 
espaciais. 
 
A produção do conhecimento transgride a sala de aula no instante em que abarca outros 
modelos de aprendizagem. A análise espacial contribui para a informação emitida pela 
paisagem. Seus significados estão carregados de interesses, às vezes, não para a sociedade 
local, havendo controvérsias no volume de informações produzidas na paisagem. 
 
Estas informações podem aparecer como rudimentos capazes de agradar ou não, deste 
modo todo esforço de envolver o aluno a temas que por ventura reduzem o seu interesse, 
salutando o processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, a relação da paisagem com 
o aluno pode desenvolver um sentimento topofóbico, explicado por Amorim Filho (1996, 
p.142) como “os sentimentos negativos do homem em relação ao seu meio, isto é, ela conduz a 
noção de paisagem do medo”. 
 
Neste mesmo raciocínio, é vasta a discussão de temas relacionados à preservação 
ambiental, que é estudada transversalmente pela Geografia, trata dos valores e atitudes 
 
11 
 
concebidas pela sociedade para com as estruturas naturais. Portanto, a paisagem apreendida 
pode ou não manter um elo afetivo com o homem. 
 
Para responder à problemática levantada, foram determinados os seguintes objetivos 
geral: retratar o estudo de paisagem a partir da percepção dos alunos no ensino de Geografia da 
Escola Municipal Deputado Humberto Reis da Silveira (EMDHRS) e específicos: identificar se 
há a utilização da percepção dos alunos do 6° ano no estudo de paisagem; discutir as 
dificuldades encontradas por professores relacionadas à percepção dos alunos; discutir as 
metodologias implementadas no ensino de Geografia referentes ao estudo das paisagens. 
 
A EMDHRS constitui o universo deste estudo, que teve como amostra o 6° ano do 
ensino fundamental. As turmas de 6° ano constituem-se, enquanto objetos para a pesquisa, pelo 
fato de ser nessa série que o estudo de paisagem é iniciado, e por ser a série na qual de fato 
inicia-se o estudo da disciplina de Geografia. Essas características são pontuais, pois há todo 
um cuidado no manejo do ensino-aprendizado dos alunos, possibilitando um maior grau de 
conhecimento sobre o espaço geográfico. 
 
O trabalho de pesquisa foi dividido em dois instantes: o primeiro a pesquisa 
bibliográfica, que serviu de embasamento para a fundamentação, estruturada no 1° capítulo. No 
segundo instante, fez-se a pesquisa de campo, onde foi utilizado roteiro de entrevista e 
questionário para a coleta de dados. 
 
De acordo com a pesquisa, os alunos possuem um conhecimento utópico ou 
estereotipado sobre o que seja paisagem. As paisagens, para a maioria deles é sinônimo de 
beleza natural onde o homem não participa ativamente, reflexo do ensino que não procurou 
contextualizar a paisagem ao redor – como o encontrado de casa para a escola – com o estudo 
sobre as formas de paisagem. 
 
As técnicas utilizadas no transcorrer da pesquisa foram o levantamento bibliográfico, 
registro fotográfico e pesquisa de campo. Esta última possibilitou analisar o conhecimento dos 
alunos sobre o conceito de paisagem e a relação dos mesmos com a paisagem em volta deles. 
Através do roteiro de entrevista, aplicado junto aos professores da escola, foi possível apurar a 
metodologia empregada relativa à percepção de paisagem dos alunos, e, conseqüentemente, 
12 
 
também, na percepção dos professores. As principais fontes utilizadas foram Milton Santos, 
Antônio Penna Gomes, Lana de Sousa Cavalcanti e Armand Frimont. 
 
O trabalho dividiu-se em duas partes, no 1° capítulo A Percepção: contribuindo no 
estudo de paisagem e no 2° capítulo A prática da percepção de paisagem na aprendizagem dos 
alunos do 6° ano da EMDHRS. O levantamento percentual dos dados coletados possibilitou o 
arranjo das informações mostradas em gráficos. Para a ilustração das considerações dos 
professores sobre a paisagem, foi realizado um registro de depoimento. O registro fotográfico 
permite a visualização da paisagem observada no bairro Frei Damião. 
 
Em relação à pesquisa, ficou constatado como é complexa a aplicabilidade da percepção 
dos alunos no ensino de geografia. A aplicabilidade por vezes esbarra na negligência dos 
responsáveis pela educação, que nem sempre são a favor de práticas dinâmicas de ensino. 
Constatou-se uma observância compartilhada nas entrevistas, manifestadas pelo conhecimentodas paisagens próximas aos alunos. Todavia, também ficou constatada a má utilização da 
percepção como ferramenta no estudo de paisagem e de outros temas da ciência geográfica. 
 
Observou-se também a atuação dos professores de geografia no trato com as 
experiências vivenciadas pelas crianças. Portanto, o que é exposto torna-se de fato um pouco 
distante da realidade local da maioria dos alunos entrevistados. Os alunos não se sentem parte 
da paisagem à sua volta, e sem o conhecimento do seu “mundo” não reconhecerão o bairro 
onde residem como componente da paisagem. Diante do exposto, este estudo vem a contribuir 
para a discussão que é altivo, não se encerrando neste trabalho monográfico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
 1 A PERCEPÇÃO: CONTRIBUINDO NO ESTUDO DE PAISAGEM 
 
 
 
Professor e escola possibilitam um vínculo com o aprendizado das representações 
espaciais pelos alunos, permitindo explorar o estudo da paisagem geográfica a partir de 
métodos perceptivos. Ambos podem buscar alternativas didáticas práticas que interfiram na 
estrutura do aprendizado, exaltando o caráter pesquisador das crianças pelas paisagens 
encontradas no espaço fora da escola. 
 
As novas práticas didáticas tornam o contato direto da criança com a paisagem o grande 
diferencial do ensino contemporâneo. No estudo de paisagens os conteúdos são permanentes, 
não acompanham as mutações da paisagem real. Interagir o alunos com o mundo real e também 
a uma nova cultura e novos espaços, estabelece uma proximidade maior com pessoas e espaços, 
refletindo uma conexão afetiva em comparação a uma minguada relação já existente. 
 
Na educação, os novos desafios têm se aplicado aos profissionais diante das 
transformações sofridas pela sociedade. A descarga de informações sem uma triagem adequada 
ao aluno requer cuidado no que cerne seu objetivo geral, o aprendizado. O desafio está em 
captar o olhar do aluno para transformações locais, relacionando conteúdos pouco explorados, 
como o de paisagem, às questões sociais envolvidas no contexto deles. 
 
Múltiplos enfoques foram retomados pela Geografia, após um período de esquecimento, 
na noção de paisagem. A alusão às formas concretas e estáticas alterou-se a um relativo 
consenso de espaço dinamizado. Noção de paisagem se constitui atualmente concebida e 
compreendida na sua completude resultado dos inúmeros processos antropológicos no espaço, 
capaz de se moldar e ser moldado nos paradigmas de cada época, coloca Ab’Sáber (2003, p.9) 
“Todos os que se iniciam no conhecimento das ciências da natureza [...] atingem a ideia de que 
a paisagem é sempre uma herança”. 
 
Nesse contexto, o estudo da paisagem se dá analisando sua transição de modo 
inconsciente por meio de estímulos. O acompanhamento de perto pelo indivíduo aprimora o 
entendimento em termos geomorfológicos, econômicos e arranjos sociais. O observador busca 
correspondências entre o conteúdo “paisagem” e os fenômenos simbólicos tangentes da 
paisagem. 
 
14 
 
 1.1 A Construção do estudo espacial e de paisagem. 
 
 
 
Para apreender as formas espaciais estruturadas e para preparar o seu advento como 
também conhecer seu processo construtivo, a geografia se põe a explorar os resultados 
aparentes e ocultos do estudo espacial no que tange à construção de suas paisagens. Após a 
Segunda Guerra Mundial o mundo modificou-se e a Geografia procurou novos paradigmas. 
Andrade (1987, p.105) discorre sobre esse período como: 
 
O impacto do pós-guerra sobre a Geografia não se limitou a fazê-la sair das 
Universidades e tentar disputar espaço com outras disciplinas na área do 
planejamento e da crítica social. Ela provocou a reflexão dos geógrafos sobre a 
natureza da Geografia e os levou a atitudes de crítica, à reformulação dos seus 
princípios científicos e filosóficos, à negação do passado, [...], e à procura de 
novos caminhos. 
 
Antes preocupados em elaborar teorias distantes do seu objeto de estudo, os geógrafos 
se puseram a adotar uma conjuntura crítica a respeito dos mecanismos abordados na Geografia, 
a fim de sistematizar as ideias fixas destinadas ao estudo do espaço como um todo. Na 
Geografia, esta concepção tem sido retomada com múltiplos enfoques, após um período de 
esquecimento. 
 
 A necessidade de uma “ciência em formação” atravessou o século, cuja destinação, 
acreditava-se, não deveria ser a lixeira da história humana e sim material construtivo para o 
avanço social e espacial. Nessa perspectiva, ressalta-se também a evolução sobre o conceito de 
paisagem ao longo dos últimos anos, por vários autores, que relacionam a transformação do 
conceito de paisagem em conceito geográfico. 
 
A paisagem se encontra no mesmo patamar das ações espaciais, colocando de lado o 
caráter estético-descritivo, onde teve seu desenvolvimento inicial relacionado ao paisagismo e 
com arte dos jardins, para assumir um significado mais amplo e de integração entre todos os 
elementos que a compõem. Sobre o papel da paisagem, Lacoste (1985, p.62) lembra que “a 
paisagem na Geografia escolar deve ser lida, percebida e compreendida em sua completude e 
não só contemplada e admirada, desconectada do raciocínio estratégico”. 
 
O novo direcionamento e interpretação dados ao conceito de espaço também está 
atrelada ao conceito de paisagem, onde ambas posicionam análise integrada do sistema natural 
15 
 
e a inter-relação entre os sistemas naturais, econômicos e sociais modificando o cunho 
descritivo para reflexões mais científicas. Embora seu conceito caminhe ao lado do conceito de 
espaço, a paisagem não pode ser considerada como a mesma, pois se não houver paisagem, 
ainda sim haverá espaço. Claval (2001, p. 160) define: 
 
Novas perspectivas aparecem no domínio dos estudos sobre a paisagem no final 
dos anos setenta. A paisagem cessou de ser concebida como um dado objeto. O 
enfoque foi, a partir de então, colocado na dialética entre a dimensão objetiva e 
a dimensão subjetiva do olhar e sobre a relação entre a paisagem como marca da 
cultura e a paisagem como matriz da cultura. 
 
 
O domínio da paisagem abrange assim, todos os elementos que são capazes de ser vistos 
e sentidos como cores, movimentos, sons, odores etc. Os elementos são percebidos de forma 
complexa e dinâmica integralmente no espaço, onde outros elementos naturais-culturais 
evoluem em conjunto. Guerra (2006, p.107) completa: 
 
 A paisagem corresponde a um organismo complexo, feito pela associação 
específica de formas e apreendido pela análise morfológica, ressaltando que se 
trata de uma interdependência entre esses diversos constituintes, e não de uma 
simples adição, e que se torna conveniente considerar o papel do tempo. 
 
Uma reflexão mais integradora entre as partes são incorporadas à paisagem como sua 
função na natureza de fisionomia e funcionalidade, destacando, ao mesmo tempo, sua dinâmica 
entre os componentes naturais. Tais abordagens revelam o papel exercido pelo conceito de 
paisagem em expressar as características do lugar ou do território. Dessa forma, acrescenta 
Tuan (1980, p.111) “o que importa para as crianças são as sensações físicas. Uma criança 
precisa sentir tatilmente o meio ambiente, ter contato físico com ele”. 
 
Esse novo olhar abre viés para ser trabalhado o conceito de paisagem a partir da 
abordagem sistêmica em diferentes estágios de transformações dos elementos naturais, 
artificiais e humanizados. Para isto, deve ser trabalhada respeitando suas etapas, de forma a 
serem perceptíveis as transformações ao longo do tempo, no intuito que se mantenha uma base 
conceitual e não somente lúdica. 
 
O método utilizado visa os resultados que a percepção sobre a paisagem propicia a 
quem a observa, aumentando o grau de entendimento entre os elementos que formam esse 
16 
 
sistema. Nora Keite (2010, p.54) reforça o pensamento quando fala que “a idéia é compreender 
e diferenciar o conjunto depaisagens naturais que existem em nosso planeta”. Como se pode 
observar, a paisagem acima de tudo deve ser compreendida a partir de um estudo prévio. 
 
Estudar a paisagem, bem como o espaço, sempre apresentou dificuldades internas – 
divergências entre grupos que a compõem – como a geografia da percepção e os estudos 
comportamentais realizados por Piaget e seus discípulos. Além disso, os problemas ecológicos 
agravados pelo desenvolvimento do capitalismo, provocando a degradação do meio ambiente, 
em escala que coloca em perigo a existência da humanidade, remetem à paisagem um estudo 
que tem um grande campo de ação. 
 
 
 
1.2 A utilização dos conhecimentos geográficos na identificação dos elementos de 
paisagem 
 
 
 
As diferentes linhas do pensamento geográfico decorrentes na geografia apresentam 
variadas categorias ou unidades de análise espacial como a de paisagem. Esta, no entanto, é 
percebida como um complexo sistema e fonte de percepções para quem a utiliza nas mais 
distintas funcionalidades. 
 
Tal pensamento requer, de quem faz uso, um planejamento adequado para cada 
categoria de análise, seja ela de pesquisa, estudo ou somente uma simples percepção. O 
conhecimento geográfico aplicado à paisagem, avalia aspectos de acordo com as dimensões 
ecológicas e sociais que vivemos, eliminando o caráter estritamente descritivo utilizado em 
épocas anteriores. 
 
A proposta desta análise é pela identificação dos elementos representados e como estão 
dispostos espacialmente nas suas variadas faces através do pensamento geográfico. A paisagem 
percebida no contexto espacial confere a quem a observa rastros das atividades humanas, pois 
retrata as relações sociais estabelecidas em um determinado local. Berque (1992, p.84) aponta 
esse relacionamento: 
 
17 
 
A paisagem é uma marca, pois expressa uma civilização, mas é também uma 
matriz por que participa dos esquemas de percepção, de concepção e de ação – 
ou seja, da cultura – que canaliza, em certo sentido, a relação de uma sociedade 
com o espaço e com a natureza e, portanto, a paisagem do seu ecúmeno. E 
assim, sucessivamente, por infinitos laços de co-determinação. 
 
 
Os elementos capturados na percepção são selecionados de forma diferentes, restando 
ao observador à capacidade de discernir os elementos espaciais. No entanto, a observação 
torna-se ainda mais difícil se o indivíduo não conhecer as formas de paisagem. Para Del Rio e 
Oliveira (1996, p.139), “a percepção enquanto um processo de interação do indivíduo com o 
meio ambiente, dá-se por mecanismos perceptivos propriamente ditos e principalmente 
cognitivos”. 
 
Os elementos presentes nas diversas paisagens propiciam ao observador, neste caso o 
aluno, o encontro das atividades humanas desenvolvidas ao longo do tempo em cada exemplar 
de paisagem, gerando escalas mais amplas como lugar, região ou território. Saber relacionar 
tais elementos aos fenômenos produzidos por eles atribui à ciência geografica papel de 
destaque na função da percepção. Rosendahl (2001, p.16) justifica: 
 
[...] a partir da década de 1950, a paisagem geográfica deixa de ser local, 
regional, e passa a conter uma série de signos que remetem a fluxos em conexão 
com o mundo. As inovações técnicas, a evolução dos transportes, a evolução da 
circulação dos homens, das informações e das mercadorias, alteraram o sistema 
de interpretação das paisagens. As regiões econômicas passaram a representar 
melhor o novo mundo da técnica, da informação, do capital e da densidade de 
bens e pessoas. 
 
A ciência geográfica adentra na percepção de paisagem no momento em que possibilita, 
através de métodos aquém de didáticos, ao observador, não somente sentir, bem como analisar 
e entender os elementos contidos na paisagem. O elemento capturado revela característica do 
recorte espacial, a paisagem assim torna-se reconhecível para quem a percebe. 
 
A paisagem, no instante em que é percebida, revela momentos da história humana, 
principalmente quando está culturalizada, um produto do trabalho de muitas gerações. A 
paisagem se sujeita ao processo de mudança da sociedade para se adaptar às novas realidades, 
não havendo dúvida, a mudança ocorrida será percebida logo então. 
Diferentes formas de visualizar, analisar e perceber a paisagem geográfica de cada 
região é fundamental para a compreensão dos alunos pelo meio em que vivem: por que minha 
18 
 
casa está no morro? Ou por que o rio passa pelo centro da cidade? São perguntas talvez não 
respondidas por eles nas séries seguintes. 
 
A interpretação da paisagem pode acontecer por meio de diversos modos, como 
observação de fotografias, filmes e até mesmo obras de arte, o fundamental também são os 
trabalhos de campo. O estímulo à percepção capacita o aluno a entender o relacionamento 
paisagem/meio tão importantes no âmbito geográfico contemporâneo. 
 
Vivendo num espaço mundializado, aonde o dinamismo da sociedade fomenta o 
conhecimento sobre os fenômenos gerados pela mesma, o aluno necessita de estímulos vindos 
dos professores, não somente de Geografia, mas de diversas outras disciplinas, visando ao 
acumulo do conhecimento criado a partir da observação da paisagem. Tuan (1980, p.4) explica: 
 
tanto a resposta dos sentidos aos estímulos externos, como a atividade 
proposital, na qual certos fenômenos são claramente registrados, enquanto 
outros retrocedem para a sombra ou são bloqueados. Muito do que percebemos 
tem valor para nós, para a sobrevivência biológica e para propiciar algumas 
satisfações que estão enraizadas na cultura. 
 
A dinâmica da paisagem dependerá da magnitude e freqüência dos fenômenos espaciais 
e temporais, ela está sujeita a distorções que serão ou poderão ser percebidas em seus variados 
moldes. A criança apresentará uma maior facilidade para perceber como estão dispostos os 
elementos em paisagens mais simples, a exemplo do seu bairro. 
 
Paisagens mais complexas como aquelas fora do seu contexto social, centro da cidade, 
outras cidades, dificilmente significará algo para o aluno. Os elementos reconhecidos na 
paisagem são aqueles presentes no contexto social de quem observa, o que caracteriza, a 
percepção como reconhecimento do que outrora foi visualizado, sentido. 
 
 
 
1.3 O ensino de geografia auxiliando na percepção de paisagem dos alunos 
 
 A Nova Geografia, engajada na construção das representações sociais sobre a 
cientificidade e objetividade, entre outras coisas, a crítica da Geografia Tradicional e a 
19 
 
formulação de novos métodos de análises, colocaram a utilização da paisagem como paradigma 
das relações socioespaciais. 
 
 A preocupação com a criança, e, conseqüentemente, com o futuro da humanidade, fez 
os geógrafos tradicionais repensarem a forma como a sociedade plasma e organiza os espaços. 
Daí o desenvolvimento da percepção e do comportamento junto às atividades de ensino, 
Castellar (2005, p.218) contribui na reflexão “o olhar geográfico da criança pode ser 
estimulado ao comparar diferentes espaços e escalas de análise, o que possibilita superar a falsa 
dicotomia existente entre o local e o global, [...]”. 
 
 O ensino de geografia contemporânea busca estimular a criança a compreender as 
relações existentes entre ela e o espaço, na tentativa de estudar as modificações na paisagem ao 
seu redor. A partir da compreensão da paisagem que estão inseridas as crianças estarão 
capacitadas para analisar outros tipos de paisagem, até mesmo traçando uma analogia entre as 
diversas paisagens. 
 
 Estas relações se modificam ao longo do tempo, bem como as transformações espaciais. 
A relação homem/espaço sofre alterações que acabam influenciando na paisagem. Ao perceber 
mudanças nesta paisagem, o aluno nota a ocorrência de novas relações sobre as existentes. 
Sobre a metamorfose sentida pela paisagem, Santos (2007, p.54) considera:A paisagem nada tem de fixo, de móvel. Cada vez que a sociedade passa por um 
processo de mudança, a economia, as relações sociais e políticas também 
mudam, em ritmos e intensidades variados. A mesma coisa acontece em relação 
ao espaço e à paisagem que se transformam para se adequar às novas 
necessidades da sociedade. 
 
 A paisagem reaparece como conceito importante para a geografia trabalhar em sala de 
aula a relação direta do aluno à organização espacial, edificando desde cedo à representação 
que o espaço possui em sua vivência, como parte integrante dele. Para tal compreensão sobre 
os espaços, vale ressaltar a relevância que a percepção possui no estudo das representações 
sociais. 
 
 Perceber o espaço nas suas diversas formas põe a paisagem em lugar de destaque dentre 
as representações socioespaciais. A percepção subjetiva da paisagem como elemento integrante 
20 
 
do meio se faz necessário no ensino da disciplina geográfica. Mendonza (1988, p.132) ressalta 
o caráter de objetividade, ora de subjetividade da Geografia da Percepção: 
 
Um Sistema real cujos elementos e interações são o que são com independência 
da percepção ou do significado que lhes dêem as pessoas carentes do 
distanciamento e dos instrumentos teóricos adequados para um conhecimento 
objetivo. 
 
 Tal definição remete à corrente da Geografia da Paisagem tornar-se o próprio objeto 
dessa ciência, possibilitando a observação dos aspectos visíveis e sensoriais dos fenômenos 
geográficos, relacionando homem e meio, caracterizados nas diferenças existentes entre as 
áreas. As paisagens estão na dimensão da percepção, sendo sempre um processo seletivo de 
apreensão e materialização de um determinado momento da sociedade. Como bem cita Gomes 
(1974, p.11): 
 
Perceber é conhecer, através dos sentidos, objetos e situações. O ato implica, 
como condição necessária, a proximidade do objeto no espaço e no tempo, bem 
como a possibilidade de se lhe ter acesso direto ou imediato. Objetos distantes 
no tempo não podem ser percebidos. Podem ser evocados ou imaginados. 
 
 A percepção, assim, vem a ser instrumento necessário para a conotação dos elementos de 
paisagem, através dos sentidos, a possibilidade de apreender a totalidade dos objetos espaciais. 
A percepção é, assim, forma restrita de captação de conhecimentos espaciais, dentre eles a 
paisagem, que se mantém portadora de significados, expressando crenças, mitos, valores, 
utopias tendo uma dimensão unicamente simbólica. Sobre isso Gomes (1974, p.12) coloca: 
 
A propósito da natureza dos objetos capazes de serem atingidos pelas atividades 
perceptivas, convêm esclarecimentos. Perceber não é perceber, apenas, objetos 
concretos, como são os vulgarmente designados por essa palavra. Percebem-se, 
além dos objetos concretos, objetos ideais. 
 
 
 Poderia a paisagem então ser classificada em certo momento, como possuindo uma 
qualificação orgânica, percebida como forma de um habitat. A paisagem finda por gerar 
relações genéricas com as outras paisagens. Sua estrutura e função são determinadas por formas 
integrantes e dependentes de outras paisagens, distinta de associações, ao mesmo tempo 
tornando-se composta por áreas físicas e culturais. Remetente às formas de paisagem, Corrêa 
(2004, p.24): 
 
Toda paisagem tem uma individualidade, bem como uma relação com outras 
paisagens e isso também é verdadeiro com relação às formas que compõem a 
21 
 
paisagem. Nenhum vale é exatamente igual a outro vale; nenhuma cidade é uma 
réplica exata de outra cidade. 
 
 
 As formas existentes na paisagem estão à mercê do julgamento de quem as observa, sob 
a sensibilidade subjetiva da percepção individual. Suas características genéricas são 
selecionadas de forma particular no espaço, considerando cada tipo de elemento existente, a 
fim de estruturar, sem dúvida conduzido com inteligência, um imaginário de paisagem. A 
posição de Corrêa (2004, p.24) a respeito dessa idéia nos remete ao seguinte: 
 
No sentido aqui empregado, a paisagem não é simplesmente uma cena real vista 
por um observador. A paisagem geográfica é uma generalização derivada da 
observação de cenas individuais. (...) mas ele tem sempre em mente o genérico 
e procede por comparação. 
 
 A percepção empregada no ensino de Geografia ao analisar as características que 
particulariza a paisagem, leva a questões no âmbito educacional a respeito do conceito de 
paisagem, principalmente quando este remete à espacialização. O espaço indiscutivelmente está 
carregado de signos codificados, símbolos espaciais contidos na paisagem aludindo à 
representação ao nível da conceituação. Sobre o significado que o espaço representado, Massey 
(2008, p.43): 
 
Existe uma idéia com a história tão longa e renomada, que chegou a adquirir o 
status de panaceia indiscutível para todos os males: a idéia de que há uma 
associação entre espaço e a fixação do significado. A representação certamente 
a conceituação – foi concebida como espacialização. 
 
 
 A paisagem quando percebida sob o olhar de uma criança não é sentida na sua 
totalidade, é recortada de tal forma, que apenas elementos visivelmente interessantes ao seu 
foco são observados e catalogados. O domínio do visível está na dimensão do que pode ser 
percebido, tornando-se um processo seletivo de apreensão, numa compreensão de seus 
determinantes mais objetivos. 
 
 Descrever elementos de paisagem realizados por algumas crianças durante o ensino de 
geografia é tão forte que se torna deturpada, a criança possui no seu imaginário a paisagem 
somente como as formas naturais do espaço e ditas belas, extraindo rudimentos isolados do 
espaço. A seletividade das crianças é abordada por Cavalcanti (1998, p.49): 
A ideia de paisagem que está sendo construída por essas crianças é 
estereotipada, é uma imagem, é um lugar idealizado, idílico. (...) É, além disso, 
22 
 
uma imagem estática, que não apresenta dinâmica, que não se transforma sem 
deixar de ser paisagem. Ou seja, a imagem de paisagem para a maioria desses 
alunos parece ser a de uma estampa de parede. 
 
 Fundamentalmente a apreensão dos objetos a serem manipulados pelas crianças será 
considerada, por se tratar da subjetividade envolvida no processo perceptivo, pois essa 
atividade de sentir através dos instrumentos sensoriais do corpo humano requer uma 
coordenação visando à maior eficiência perceptiva. Sobre a capacidade perceptiva humana vale 
destacar a premissa de Gomes (1974, p.146): 
 
Na realidade, apenas uma pequena margem do que ocorre é relevante para 
efeito de ajustamento e apenas em relação a essa pequena margem de 
acontecimentos nos manifestamos sensíveis. Biologicamente, pois, não estamos 
preparados senão para um limitado processo de captação de informações. 
 
 A criança como objeto perceptivo deste trabalho nem sempre compreende ou percebe os 
conceitos espaciais usados pelos adultos, como exemplo o de paisagem. Principalmente aqueles 
lançados no ensino de Geografia, e abordados de formas pré-percebidas, dificultando ainda 
mais o processo de perceptividade espacial. Tais dificuldades encontram-se na maneira como é 
trabalhada a questão Almeida (1989, p.10) observa: 
 
Primeiramente, não cremos que se possa, de fato, ensinar conceitos. Além disso, 
a “incompreensão” ilustrada nos exemplos acima decorre, de um lado, da 
dificuldade inerente ao nível de compreensão da realidade em que as crianças 
envolvidas se encontravam; e, de outro, da forma como, na escola, os conceitos 
relativos à noção de espaço são trabalhados. 
 
 
 O preparo para esse domínio perceptivo relativo ao que está presente na paisagem é 
desenvolvido em grande parte, pelo professor. Porém, essa observação da realidade espacial 
não é mera identificação de elementos, marca somenteo início de uma ampla análise dos 
conceitos, na estruturação de uma idéia mais ampla sobre o que seja paisagem. É preciso 
considerar o envolvimento do aluno com o seu meio, à cerca desta abordagem Cavalcanti 
(1998, p.172) explica: 
 
Contudo, sabe-se que o professor está com os alunos na sala de aula durante o 
ano inteiro, mas não sabe tirar proveito de possibilidades de aproximação física, 
afetiva e cognitiva com eles (...). Seja como for, o estudo confirmou a 
importância de uma aproximação com os alunos e com seu processo de 
pensamento. 
 
23 
 
 A prática da percepção necessita da dominação da atividade perceptiva, levando quem 
observa a prática da construção de conceitos através da percepção e do uso dos múltiplos 
sentidos. O ensino de Geografia é dotado de recursos a garantir o uso do sistema perceptivo da 
criança em suas mais diversas situações, cabe ao professor a difícil missão de guiar o aluno por 
esse mundo de sensações. 
 
 A paisagem pode e deve ser objeto de estudo não só do ensino de Geografia, mas de 
quem a faz dentro de sala de aula. É preciso definir os papéis que professores e alunos 
desempenham dentro do ensino. Na escola, como no ensino de Geografia, impera o formalismo 
da relação aluno e professor, trato que reflete nas atividades cotidianas mais básicas. Cavalcanti 
(1998, p.173) considera: 
 
Considero, a partir daí, bastante relevante refletir sobre as possibilidades 
“revolucionárias” do cotidiano escolar e o exercício de papéis de seus agentes 
sociais. (...) Para que as mudanças ocorram, é preciso que alunos e professores 
não os exerçam inconscientemente, porque na vida social é imprescindível 
exercê-lo em alguma medida, ainda que recusando suas formas cristalizadas e 
estereotipadas. 
 
 Tal entendimento leva a determinados caminhos no ensino de Geografia, na busca da 
formação/compreensão do conceito de paisagem no decurso da percepção contida em cada 
aluno. As representações presentes na imaginação de cada criança, só ressalta, tão importância 
é a percepção de paisagem na formação socioconstrutiva da criança. 
 
 
 
1.3.1 A percepção como ferramenta de aprendizagem 
 
 
 
 Dizer que paisagem é o que vemos é um equívoco, é diminuir nossas percepções a um 
único sentido, pois a paisagem existe em seus vários sentidos, entregue às várias representações 
nela contida. Os sentidos nos auxiliam em vários trabalhos desenvolvidos por nós, são 
responsáveis pela identificação das atividades desenvolvidas no espaço. 
 Observar as expressões do espaço no seu conjunto de significados faz da percepção uma 
ferramenta relevante nas novas metodologias empregadas por professores de Geografia. A 
24 
 
análise ambiental, urbana, ou mesmo do cotidiano tornam o sujeito conhecedor de si próprio, 
mas para isso é necessário o auxilio da percepção. Kozel (1996, p.73) afirma que “É a partir da 
observação do meio mais próximo do aluno, da sua localização geográfica, representação que 
permitirão à criança compreender sua realidade e transformá-la”. 
 
 A percepção pode ser o instrumento mais eficaz na condição da aprendizagem para o 
estudo dos conceitos espaciais como o de paisagem. Observar os acontecimentos recorrentes no 
dia a dia do aluno interfere positivamente no seu entendimento sobre a paisagem ao seu redor, 
podendo até mesmo gerar modificações que melhorem aquela paisagem. 
 
 Os profissionais da área esquecem que a capacidade de perceber as formas, sons e 
cheiros do mundo estão presentes desde muito cedo na vida dos alunos, antes mesmo deles 
ingressarem na vida escolar. Em relação a esta capacidade do aluno, Kozel (1996, p.75) lembra 
que “Não se pode esquecer que a capacidade de observação já existe na criança antes de sua 
vida escolar, e essa experiência é acumulada, ampliada ou reformulada em diferentes 
circunstâncias da prática pedagógica com crianças” 
 
 
 A percepção trazida pelo aluno do seu ambiente físico vem acumuladas de experiências 
pessoais, e pode ser utilizada no ensino para o seu aprendizado. A paisagem está carregada de 
significados, no momento em que os alunos já possuem um elo afetivo com o lugar fica mais 
fácil sua compreensão sobre os valores da paisagem. 
 
 Essa relação do homem com o espaço percebido revela o sentimento do espaço na vida 
da criança, pois sua ligação entre meio e ser humano é composta desde cedo. O aluno 
desenvolve-se dentro das condições que o espaço oferece. Frimont (1980, p.42) reforça que “O 
estudo da psicologia do espaço na criança e no adolescente mostra, na complexidade das 
representações, toda a espessura dos valores que ligam o homem jovem, e em seguida o adulto, 
ao meio em que vive”. 
 
 A paisagem situada no espaço de vivência do aluno, embora não seja para ele um lugar 
ideal, ou como a paisagem encontrada em livros, mantém relações boas que perpetuaram 
enquanto o convívio durar. Embora a criança conheça outras paisagens, experimente novas 
sensações, a paisagem apreendida pelo aluno através da percepção na busca do seu real 
conceito permanecerá para sempre em sua mente. 
25 
 
 
 Os novos espaços, as novas paisagens farão parte da existência individual do aluno, as 
relações são renovadas, ganhando moldes distintos. O conceito de paisagem pode ser estudado 
contextualizando os fenômenos locais dos alunos, no entanto devem assegurar sua 
peculiaridade genérica para o estudo de outras paisagens, diante dessa consideração Frimont 
(1980, p.31) coloca: 
 
As estruturas da percepção e da inteligência do espaço assentam todas as 
estruturas psicológicas da criança, em esquemas cada vez mais adaptados às 
novas situações, por assimilação e acomodação. O espaço vivido é uma 
experiência contínua. 
 
 
O aluno deve estar preparado não somente para compreender a paisagem encontrada no 
seu meio, mas todas as formas e estruturas de paisagem encontrada por ele. Nessa abordagem a 
percepção é passo inicial para um prolongado estudo das paisagens, Frimont (1980, p.35) 
lembra que “A descoberta do mundo não pode permanecer no estágio de uma simples 
percepção, mesmo prolongada por uma descrição”. O estudo das paisagens não para na escola, 
ele continua nas novas experiências do indivíduo. 
 
A metodologia empregada pelo professor no estudo da paisagem pode usufruir da 
percepção, no entanto, deve ater ao fato de que o aluno não aprenderá tudo sobre paisagem 
numa simples observação. A utilização da percepção no ensino dará caminho ao aluno ler a 
paisagem e a partir daí concluir suas próprias definições, o professor possibilitará a capacidade 
de interpretação da paisagem. Quanto ao significado da percepção Besse (2000, p.64) destaca: 
 
A paisagem é um signo, ou um conjunto de signos, que se trata então de 
aprender a decifrar, a decriptar, num esforço de interpretação que é um esforço 
de conhecimento, e que vai, portanto, além da fruição e da emoção. A ideia é 
que há de se ler a paisagem. 
 
 Aprender sobre a paisagem é bem mais que somente identificar fatos de modo isolado, é 
poder observar a paisagem na sua complexa estrutura fundamentada em eventos históricos que 
edificaram suas formas. A leitura da paisagem é uma leitura de sentidos, onde o autor 
relaciona-se direto com a obra, interagindo e atuando como receptor da sua linguagem 
codificada. A paisagem como texto não-verbal é composta por Ferrara (1991, p.16) como: 
 
26 
 
Desvencilhando-se da centralidade lógica e conseqüentes linearidade e 
contigüidade do sentido, o texto não-verbal tem outra lógica, onde o significado 
não se impõe, mas pode se distinguir sem hierarquia, numa simultaneidade; 
logo, não há sentido, mas sentidos que não se impõem mas que podem ser 
produzidos. 
 
 
 A aprendizagem sobre paisagem, considerando o princípio da percepção, desperta no 
aluno uma consciência crítica quanto à mesma, havendo uma otimização das experiências da 
sua leitura. Se háuma melhora no aprendizado em relação ao conceito de paisagem, o fato é 
que, a percepção ajuda na leitura simultaneamente no conhecimento do aluno. 
 
 O ensino pode e deve valorizar a aprendizagem dos alunos por meio de instrumentos 
dinâmicos como a percepção. A leitura das paisagens favorece no conhecimento e 
amadurecimento crítico do aluno, pois é a partir da sua “visão” que serão lançadas os 
verdadeiros conceitos sobre paisagem. A paisagem só vale ser estudada se tiver algum valor na 
vida de quem a percebe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
 2 A PRÁTICA DA PERCEPÇÃO DE PAISAGEM NA APRENDIZAGEM 
DOS ALUNOS DO 6° ANO DA E. M. DEP. HUMBERTO REIS DA 
SILVEIRA. 
 
 
 É evidente que o estudo da paisagem e a percepção adquirida pelos alunos são 
fundamentais para o desenvolvimento de outras habilidades dentro da disciplina de Geografia. 
As experiências dos alunos podem ser aproveitadas em outras atividades dentro e fora do 
ensino, criando um elo entre o indivíduo e o espaço. 
 
 A qualidade da aprendizagem sobre o estudo de paisagens termina prejudicada quando o 
foco do ensino não está voltado para as percepções sentidas pelos alunos. O problema cresce na 
medida em que a abordagem “paisagem” é imposta na forma descritiva, eliminando qualquer 
chance do aluno desenvolver um papel crítico relacionado à questão. 
 
 A prática da percepção de paisagem empregada em sala de aula, em sua maioria, não 
alcança a funcionalidade geográfica, que é a de aprender as formas do espaço partindo do 
princípio da percepção. Diante disto, nos deparamos com alunos do 7°, 8° e até 9° anos sem 
condição intelectual capaz de distinguir paisagem natural de paisagem cultural, 
desconfigurando todo um sistema planejado de ensino. 
 
 Os professores de Geografia têm apresentado dificuldades na aproximação dos 
conteúdos è realidade dos alunos, cabe ao profissional da área ultrapassar tais barreiras 
construídas há anos. O estímulo às sensações, um planejamento aprimorado sobre os temas, a 
utilização da vivência social do aluno nas aulas seriam capazes de modificar este panorama. 
 
 A estrutura escolar também coloca em risco o aprendizado, se tratando de que o estudo 
da percepção exige do professor mais que “aulas convencionais”, requer aulas passeio ou até 
mesmo observação a pontos específicos escolhidos para amostra de paisagem. As barreiras 
encontradas em escolas pelos professores e alunos para a prática da percepção de paisagem são 
numerosas e desafiadoras nas suas diversas modalidades. 
 
 A escola municipal, assim como tantas outras, permanece distante do convívio entre 
aluno e educação, já o ensino de Geografia se for trabalhado incorretamente pelo grupo escolar 
28 
 
será prejudicado. Na escola o relevante é aproximar ao máximo o conteúdo a prática que é ou 
será exercida pelo aluno em sociedade. 
 
 
 
2.1 A visão dos professores acerca da percepção de paisagem 
 
 
 
 
 Na EMDHRS o trabalho dos professores ocorre de forma integrada à coordenação, 
assim como se vivencia em outras escolas municipais, onde as práticas externas elaboradas 
pelos professores para com suas turmas são monitoradas através de um planejamento prévio. 
 
Nas aulas em que o professor da disciplina de geografia almeje trabalhar o conteúdo 
fora do espaço físico escolar, a prática carece da autorização por parte de quem faz a 
coordenação. As atividades desenvolvidas fora da escola são incomuns em aulas de geografia. 
Na EMDHRS, bem como em outras escolas administradas pela SEMEC há necessidade de um 
ofício para a solicitação de transporte para alunos, tornando ainda mais burocrática a prática de 
campo. 
 
 Embora estas atividades propiciem ao aluno interação com os diversos espaços e suas 
paisagens, a simples observação no percurso casa-escola contribui no aprendizado sobre as 
formas encontradas na paisagem. Percurso este, realizado em espaços curtos, não havendo na 
maioria dos casos a observação por meios de transporte terrestre. 
 
 O percurso feito de casa para escola pode revelar as peculiaridades situados entre esses 
espaços, servem como um recurso a mais para ser usufruído pelo professor para as aulas que 
abordem o tema paisagem. Fica destinado ao professor criar caminho rumo à percepção da 
paisagem local, vale estimular o sensorial na identificação dos elementos trabalhando o tema de 
paisagem paralelo à percepção. 
 
A EMDHRS serviu de universo para a pesquisa e foram delimitadas para amostra as 
turmas do 6° ano do ensino fundamental por estar no quadro de conteúdos o tema de paisagem. 
Para diagnosticar a problemática sobre as dificuldades encontradas pelos professores da área de 
Geografia, bem como da influência que esses profissionais exercem acerca da aprendizagem 
29 
 
adquirida através da percepção de paisagem dos alunos. O levantamento percentual dos dados 
coletados e respostas dos professores de Geografia possibilitaram a disposição das informações 
adquiridas. 
 
 Em relação à importância que a percepção de paisagem adquirida pelos professores 
influencia na aprendizagem, comprova-se pela resposta dos dois professores que a percepção 
deles contribui diretamente no ensino quando o assunto é paisagem, tais como: 
 
“A partir do momento que falamos da realidade, ou seja, quando fazemos relações do que está 
sendo estudado com o que vivemos” (professor A). 
“Partindo do princípio que eu tenho pelo menos uma teoria sobre esse assunto, influencia de 
alguma forma o aprendizado dos alunos” (professor B). 
 
 Isto reflete o papel dos educadores na percepção dos elementos contidos na paisagem 
por alunos do 6° ano, no instante em que o reconhece a importância da paisagem em torno de si 
e dos percebidos pelos alunos, ou mesmo elementos que são percebidos, mas não são 
reconhecidos como paisagem. 
 
 É sem dúvida pela influência do professor de geografia que se inicia o processo de 
identificação da paisagem pela criança. A percepção sensorial é intrínseca da natureza humana 
e o seu aprimoramento depende de como esta percepção é trabalhada nas crianças desde os 
primeiros estímulos maternos até na vida escolar da mesma. 
 
 Quando questionados sobre o que é paisagem para os professores, as informações 
obtidas foram as seguintes: 
 
“É tudo que a visão alcança e também o local onde vive a humanidade” (professor B). 
“Tudo o que vemos é paisagem, o belo, o feio, o natural, o artificial, tudo é paisagem” 
(professor A). 
 
 Pode-se comprovar que os professores reconhecem a paisagem como tudo aquilo que 
pode ser apreendido pela percepção (neste caso somente visual). O professor A acrescenta 
ainda que possa ser belo (natural) ou feio (artificial), dependendo da análise individual. 
Portanto, reconhece a percepção como uma das ferramentas a ser utilizada na abordagem do 
30 
 
estudo de paisagem, embora não reconheçam a importância de todos os sentidos na apreensão 
da paisagem. 
 
 Com base na pergunta de como os professores trabalham a percepção de paisagem 
adquirida pelos alunos, as respostas foram as seguintes: 
 
“Tentando compreendê-los, mas buscando melhorar essa percepção, já que sua visão sempre 
remete ao natural (plantas, mar, montanha).” (professor A). 
“Levando em consideração a sua realidade local e contextualizando com a sua vivência” 
(professor B). 
 
 A consideração dos professores converge para o mesmo ponto, no qual a compreensão 
do aluno ou o que ele considera como paisagem, é ponto de partida para a discussão mais 
aprofundada em relação ao tema. Os professores podem assim contextualizar o tema à realidade 
vivenciada e até mesmo desmistificar a ideia que se tem sobre paisagem (algo somente natural). 
 
 Indagados a respeito das possíveis mudanças sentidas dentro da sala de aula, após a 
observação da paisagem pelos alunos, os professores informaram que: 
 
“Não, porque não existindoaula de campo e só se tendo o livro didático a percepção de 
paisagem fica restrita” (professor B). 
“Em alguns alunos sim. Eles ficaram mais atentos e tentaram compreender mais os diversos 
espaços que os cercam” (professor A). 
 
 
 Identificaram-se no professor que a utilização da percepção somente poderá ocorrer 
quando uma aula passeio acontecer, não restando alternativa senão o material didático no 
estudo de paisagem. Já a professora revelou que houve mudança, mesmo que não em todos os 
alunos, na forma de estudar paisagem. 
 
 O professor de geografia tem por finalidade ensinar, avaliar e principalmente incentivar 
o aluno às práticas do conhecimento. O acesso do aluno no campo da percepção deverá ser 
influenciado pelo educador, que, nesta área de paisagem, não somente abordará o tema no 
31 
 
caráter descritivo, mas é de extrema importância uma abordagem através do olhar crítico da 
criança. 
 
Indagados de que maneira os professores avaliam os alunos pela percepção de paisagem 
feita por eles, relata-se o seguinte: 
 
“Imaturos. É como se não conseguissem ver à frente. Eles têm uma visão romântica e pouco 
crítica, e precisa melhorar” (professor A). 
“Avalio de forma qualitativa, incentivando o aluno a conhecer melhor o lugar onde vive” 
(professor B). 
 
 A professora ressalta a falta de experiência na percepção dos alunos, evidencia a 
imagem que eles possuem de paisagem ao se referir como uma “visão romântica”, sem seguir 
critérios de classificação. O professor avalia-os sem um critério de pontuação, apenas 
incentivando o aluno no conhecimento do seu espaço social, a fim de auxiliar no estudo da 
paisagem. 
 
 Fica confirmado a respeito dos professores pesquisados o não reconhecimento da 
atividade perceptiva como instrumento funcional no sistema de ensino-aprendizagem. A 
percepção serve apenas de coadjuvante quando se faz necessário para o trabalho da paisagem e 
de outros fenômenos espaciais, evidenciando a sub-utilização da compreensão de paisagem nas 
aulas de geografia. 
 
 Questionados se utilizam passeios como idas ao Shopping ou centro da cidade, nas aulas 
de Geografia, os professores concluíram: 
 
“Sim, e isso se fez necessário para a percepção de paisagem” (professor B). 
“Sim. Sempre que posso tento relacionar o que estudamos com o que vivemos, e busco a 
realidade mais próxima a eles” (professor A). 
 
 
 Nota-se do professor, a prática da percepção dos lugares por onde eles percorrem. A 
professora enfatiza a aproximação do estudo e da vivência na busca pelo conhecimento da 
paisagem, relacionando-a à realidade dos alunos. Isto só se faz possível devido à prévia análise 
32 
 
das paisagens antes de aplicarem o conceito em sala de aula, auxiliando no aprendizado dos 
alunos. 
 
 No que diz respeito sobre a influência da observação da paisagem na sua atividade 
enquanto professor, as colocações foram as seguintes: 
 
“Sim. Na compreensão do mundo de que nos cerca, na forma como podemos analisar essa 
paisagem” (professor A). 
“Sim. Porque desvendando a paisagem pode se oferecer um horizonte mais amplo aos alunos 
que só tem como ao livro didático” (professor B). 
 
 Analisando as respostas dos professores conclui-se que, o mesmo resultado em obtido 
pelos professores através da observação/percepção de paisagem, podem ser alcançados pelos 
alunos. Embora o adulto exerça uma função diferente ao da criança, o objetivo desejado será o 
mesmo para ambos, capturar a paisagem e utilizar a leitura nas suas respectivas funções de 
professor e aluno. 
 
 Ficou evidente o comportamento dos professores referentes à percepção de paisagem 
vista pelo ângulo deles, não muito diferente das outras pessoas, mas consistentes de uma 
mesma motivação, conhecer para ensinar aos seus alunos. O foco deve ser no objetivo da 
percepção, e não somente observar para identificar quais elementos estão contidos na paisagem. 
 
 A paisagem é para ser compreendida na sua complexa moldura, o que supõe a 
existência de motivos concretos para o seu estudo, conhecer a si no espaço vivido. O 
reconhecimento como parte integrante da paisagem é combustível para o aluno continuar sua 
análise do espaço geográfico, considerando-se resultado dos fenômenos existentes na paisagem. 
 
 
 
 
2.2 A percepção de paisagem dos alunos do 6° ano. 
 
 
 
 
 Ao responder as questões sobre paisagem verifica-se em alunos do 6° ano do ensino 
fundamental um paradoxo entre o conhecimento que eles possuem de paisagem e o que de fato 
33 
 
é paisagem. O modo como é exposto nas escolas o estudo de paisagem, bem específica na 
EMDHRS, reforça o questionamento sobre como trabalhar entre alunos temas complexos como 
o de paisagem. 
 
 Os temas espaciais: lugar, território, paisagem rotineiramente nas escolas são realizados 
de maneira superficial, apenas abordando o conceito sem um aprofundamento pelo professor a 
fim de lançar o aluno na pesquisa. Pesquisa esta, não contemplada no molde de um trabalho de 
classe ou avaliação, pesquisa que instiga o aluno ao reconhecimento do conteúdo espacial. 
 
 As crianças, por natureza, são curiosas para saber como alguns fenômenos ocorrem no 
espaço, está preparada (ou quase) a aprender conteúdos sem que estes já estejam consolidados. 
O fato se dá na maneira como o conteúdo é colocado para o aluno, tornando-se decisivo no seu 
aprendizado, podendo gerar mais conflitos ou mesmo resolver questões. 
 
 Neste caso, o conhecimento pode acontecer seguindo duas lógicas: o professor explica 
ao aluno o que é paisagem, ou o professor coloca uma situação que o permita ao aluno 
reconhecer a paisagem. Quando o professor explica ao aluno o que é paisagem, sua capacidade 
de raciocínio é minimizada, no entanto, a incorporação do estudo de paisagens à situação como 
observação/percepção aguça o entendimento do aluno pelo conteúdo, pois o mesmo participa 
da ação construtiva do conhecimento. 
 
 A análise que se segue decorreu da aplicação de questionário e registro fotográfico da 
paisagem ao redor da escola, tendo por finalidade diagnosticar o resultado obtido sobre o 
estudo de paisagem presente nas aulas de Geografia da EMDHRS. 
 
 A investigação desses alunos procedeu através da coleta de dados e questionários 
destinados aos alunos dos turnos Manhã e Tarde do 6° ano do ensino fundamental, totalizando 
126 entrevistas que substanciaram a coleta de informações. A escola foi delimitada nas turmas 
de 6° ano, na qual é iniciado o estudo de paisagem. O levantamento percentual dos dados, 
acompanhados das imagens do bairro e desenhos de alguns alunos possibilitou diagnosticar a 
problemática acerca da percepção de paisagem dos alunos. 
 
34 
 
 Conforme as informações alcançadas sobre o que o aluno entende por paisagem, 3% dos 
alunos pesquisados consideram aquilo visível, 1% aparência, 1% construções, 45% um lugar 
bonito e 50% uma vista bonita, como se observa no gráfico a seguir: 
 
 
GRÁFICO 1 – O que você entende por paisagem. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
Pode-se comprovar que a metade (ver no gráfico 1) dos entrevistados considera a 
paisagem como sendo uma vista bonita e para a maioria (95%) a paisagem é um lugar ou vista 
que é bonito. Logo, o conhecimento do que seja paisagem, está relacionado à beleza do espaço, 
ou seja, os alunos não reconhecem a paisagem ao redor se não houver beleza (plantas, rios, 
montanhas). 
 
A relação feita pelos alunos sobre o conceito de paisagem como oriundo do espaço 
bonito, bem organizado e repleto de elementos naturais, esclarece os resultados obtidos aqui. 
Quando solicitado que desenhassem ou escrevessem a paisagem observada no percurso casa-
escola, os alunos ilustraram em sua maioria, paisagens exclusivamente naturais, onde o Homem 
não é visto homem como parte integrante desta paisagem. 
 
O desenho abaixo reflete muito bem a concepção de paisagem que grande parte dos 
alunos possui, na qual,paisagem está caracterizada como o natural e belo, onde as formas 
construídas e o próprio Homem não fazem parte dela. 
 
1% 1% 
45% 
50% 
3% 
APARÊNCIA 
CONSTRUÇÕES 
UM LUGAR BONITO 
UMA VISTA BONITA 
AQUILO VISÍVEL 
35 
 
 
Desenho 1: paisagem feita por aluno 
Fonte: Pesquisa direta jun/2010. 
 
 
Foi questionado se casas, prédios, ruas e outras construções são considerados paisagens, 
ficou constatado que: 55% informaram que não consideram; 45% consideram sim construções 
como forma de paisagem, como pode se observar no gráfico a seguir: 
 
 
GRÁFICO 2 – Casas, prédios, ruas etc. são considerados paisagem. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 No imaginário do aluno a paisagem é em sua maioria a soma de elementos naturais, 
capazes de despertar no observador o encanto pelo natural. Na outra face, os elementos 
culturais, planejados ou não pelo homem, dificilmente despertam o mesmo fascínio no instante 
da percepção. Conforme Cavalcanti (1998, p. 49) “a ideia de paisagem que está sendo 
construída por essas crianças é estereotipada, [...]. Não parece ser um lugar real, onde vivem 
pessoas comuns, onde trabalham pessoas comuns”. 
 
 Indagados se observam a paisagem no caminho entre casa e escola os alunos 
responderam o seguinte: 78% afirmaram que sim e 22% que não, como constata no gráfico a 
seguir: 
45% 
55% 
SIM 
NÃO 
36 
 
 
GRÁFICO 3 – Observa a paisagem existente entre casa e escola. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 É notória uma desarmonia, pois grande parte dos alunos (ver gráfico 3) observa a 
paisagem no percurso casa-escola (vice-versa), mesmo assim a representação de paisagem não 
é destacada com um trabalho cooperativo para desenvolver o conhecimento através da 
percepção. 
 
 Diante do questionamento sobre a utilização da observação feita entre casa e escola nas 
aulas de Geografia, as informações coletadas foram: 34% responderam sim; 12% não e 53% 
somente quando o professor questiona. Como se comprova no gráfico abaixo: 
 
 
 
GRÁFICO 4 – A utilização da observação da paisagem nas aulas de Geografia. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 Pelo observado acima (gráfico 4), a paisagem capturada no trajeto casa- escola é 
utilizada em aulas de Geografia que abordem o tema paisagem em mais da metade dos 
entrevistados somente quando o professor pergunta, significa subutilizar a relação existente 
entre paisagem e percepção. 
78% 
22% 
SIM 
NÃO 
34% 
12% 
53% SIM 
NÃO 
37 
 
 Questionados se conseguem descrever com exatidão a paisagem encontrada no caminho 
de casa para a escola, as respostas contidas constataram que: 61% informaram sim; 12% não e 
12% responderam sim, mas com dificuldade, como mostra o gráfico abaixo: 
 
 
 
GRÁFICO 5 – Descreve com exatidão a paisagem no caminho casa-escola. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 Com base nos dados, observa-se a facilidade que a criança possui de descrever com 
exatidão a paisagem defronte a ela, embora em alguns momentos encontre dificuldade, o aluno 
verifica a paisagem no percurso diário de casa para escola. 
 
 Essa facilidade em descrever através de desenhos, mapas, imagens e registros escritos é 
característica da idade dos alunos pesquisados. O desenho a seguir mostra algumas das 
representações percebidas nesta paisagem, nem todos os alunos apreendem corretamente os 
elementos talvez por deficiência de habilidades artísticas, embora alguns conseguiram 
descrever um variado conjunto de elementos presentes no espaço do seu bairro. 
 
 
Desenho 2: desenho da paisagem feita por aluno. 
Fonte: Pesquisa direta jun/2010. 
61% 27% 
12% 
SIM 
NÃO 
SIM, MAS COM 
DIFICULDADE 
38 
 
Foi questionado se existem diferenças entre as paisagens do seu bairro e as paisagens 
encontradas nos livros, constata-se que: 83% responderam sim e 17% não, como podem ser 
identificados no gráfico: 
 
 
GRÁFICO 6 – Diferenças na paisagem do bairro para a encontrada no livro. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 De acordo com o gráfico 6, nota-se a discrepância entre as ilustrações presentes em 
livros didáticos e a realidade dos alunos, a paisagem contida no livro levará o aluno a 
reconhecer a paisagem como surreal, distinto do que de fato exista, como a falta de 
planejamento adequado do espaço urbano. 
 
 As distorções são notórias entre as imagens encontradas no livro didático do 6° ano para 
a localidade do Residencial Frei Damião (bairro onde está situada a escola pesquisada). O 
processo de ocupação irregular negligenciou um fator importantíssimo, a falta de espaços 
públicos para a construção de áreas de lazer e a ação antrópica é um agravante para o a infra-
estrutura do bairro. 
 
 
Foto 1 – Falta de esgotamento sanitário. Foto 2 – Lixo nas ruas. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
83% 
17% 
SIM 
NÃO 
39 
 
 Interrogados quais seriam as maiores diferenças encontradas, os alunos responderam o 
seguinte: 47% responderam as árvores; 46% as casas; 36% os prédios; 29% as pessoas e 36% 
tudo, conforme demonstra o gráfico seguinte: 
 
 
GRÁFICO 7 - Diferenças encontradas nas paisagens.¹ 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 Neste caso, os dados obtidos (gráfico 7) refletem os diferentes elementos de paisagem 
encontrados pelos alunos no livro e no bairro, os elementos classificados comprovam a 
desigualdade na paisagem encontrada no bairro em que residem e no livro de Geografia. 
Portanto, os elementos comuns na realidade dos alunos, como casas, prédios e outras 
construções se não contidos nos matérias de ensino, dificultam o entendimento dos alunos a 
respeito de paisagem. 
 
A paisagem encontrada nas proximidades da escola indica quais são as diferenças 
encontradas, principalmente no caso das moradias. As sub-moradias em torno da escola 
associada à falta de planejamento urbano do local é a maior disparidade indicada por eles, as 
árvores também estão entre os mais citados, pois tratam-se de árvores locais. 
 
 A foto abaixo revela a condição espacial e de paisagem encontradas próximo à escola, 
revelando uma possível dissonância entre a paisagem encontrada nos livros de Geografia e a 
paisagem observada no percurso casa-escola por alunos do 6° ano. Se as imagens contidas no 
livro não forem semelhantes a estas, dificilmente o aluno reconhecerá o seu bairro como uma 
paisagem. 
_____________ 
¹Os alunos podem marcar mais de uma caixa de seleção, então a soma das percentagens pode 
ultrapassar 100%. 
46% 
46% 36% 
29% 
36% 
AS ÁRVORES 
AS CASAS 
OS PRÉDIOS 
AS PESSOAS 
TUDO 
40 
 
 
Foto 3 – Moradia diferente da encontrada no livro didático. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
Em relação ao estímulo vindo do professor para a percepção da paisagem ao seu redor, 
constatou-se: 42% responderam sim; 20% responderam não e 38% um pouco, segundo o 
gráfico a seguir: 
 
 
GRÁFICO 8 – Estímulo oriundo do professor. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 Isto revela o pouco interesse dos professores em relação às influências que a percepção 
causam na aprendizagem dos alunos do 6° ano. Verificou-se estarem alheio ao fato de terem 
um fator de conhecimento importantíssimo. Os alunos não se sentem estimulados pelos 
professores a observar melhor a paisagem/espaço em que vivem, revelando neste caso, um 
descuido nos métodos de aprendizagem que não levam em consideração as experiências dos 
alunos. 
 
42% 
20% 
38% 
SIM 
NÃO 
UM POUCO 
41 
 
 Questionados onde mais além da sala de aula com o professor é possível aprender 
Geografia, as respostas foram: 59% em casa; 9% na rua; 3% no ônibus; 7% na praça e 22% 
outros lugares, como se observa no gráfico abaixo: 
 
 
 
GRÁFICO 9 – Onde além da sala de aula é possível aprender geografia. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 
 Isso justifica o fato da maior parte dos alunos relacionaremas relações espaciais com os 
estudos de rotina, no qual o estudo das disciplinas fora do ambiente escolar necessariamente 
tem de ser feito em casa, com o auxilio de tarefas ou leitura. Neste caso, a percepção torna-se 
mera coadjuvante nas estratégias de ensino-aprendizagem sobre os principais conceitos do 
mundo vivido. 
 
 Foi solicitada aos alunos, diante das limitações, a descrição do que foi observado no 
percurso de casa para a escola. Os elementos identificados foram catalogados em categorias de 
paisagens para a introdução dos resultados quantitativos em gráfico, constatando que: 25% das 
paisagens são naturais; 16% são construídas; 40% natural e construída; 11% paisagem 
degradada e 8% não descreveram nenhuma paisagem, de acordo com o gráfico abaixo: 
 
 
59% 
9% 
7% 3% 
22% EM CASA 
NA RUA 
NO ÔNIBUS 
NA PRAÇA 
OUTROS LUGARES 
42 
 
 
GRÁFICO 10 – Descrição da paisagem observada. 
Fonte: pesquisa direta jun/2010. 
 
 
 Nota-se acima (gráfico 10) a habilidade de representar a paisagem observada no 
percurso casa – escola pela maioria dos alunos (92% do total), identificadas pelos mais diversos 
sentidos; visão, odores e barulhos. A percepção de paisagem representada algumas vezes em 
imagens traduz de maneira abstrata a compreensão de cada aluno, e, conseqüentemente, a 
forma que cada um percebe o mundo. 
 
 Neste trabalho a estratégia de compreender a paisagem está na percepção e na 
capacidade de abstrair da rotina no percurso casa – escola a sensibilidade do observador, 
mesmo que este não o tenha. O emprego deste procedimento metodológico torna-se bastante 
apropriado na leitura sensorial da paisagem. Logo justifica o fato de os alunos moradores do 
entorno da escola não observarem melhor a paisagem estática do bairro, pois não é trabalhada a 
paisagem vivenciada no seu dia a dia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25% 
16% 
40% 
11% 
8% 
PAISAGEM NATURAL 
PAISAGEM 
CONSTRUÍDA 
NATURAL E 
CONSTRUÍDA 
PAISAGEM 
DEGRADADA 
NENHUMA PAISAGEM 
43 
 
CONCLUSÃO 
 
Os meios perceptivos ganham maior valor no campo do aprendizado se introduzidos de 
maneira educativa, a começar pela sua introdução em aulas de geografia, o resultado final 
tornará o estudo de paisagens estimulante para os alunos. O estímulo gerado através da 
percepção está atribuído ao caráter inovador realizado pelo professor. O aluno, em decorrência, 
se reconhece como conteúdo da própria paisagem a ser percebida. 
 
Os professores de geografia eventualmente empregam o hábito da percepção em aulas 
de geografia, a simples percepção do aluno no percurso casa - escola ajudaria na aproximação à 
temática da paisagem. Os métodos de observação são simples e estão ao alcance do aluno, pois 
ele não precisará de meios sofisticados para a percepção, além daqueles que normalmente são 
utilizados no dia-dia. 
 
A leitura da paisagem pode ocorrer em qualquer lugar, no passeio à casa de parentes; 
compras no centro da cidade; ou mesmo em percurso pelo bairro. A proposta aqui lançada não 
é abreviar a metodologia aplicada por professores em conteúdos da área física, muito pelo 
contrário mas salientar as experiências cotidianas dos alunos na construção de conceitos 
complexos e dinâmicos como o de paisagem. 
 
Alguns fatos chamaram a atenção, como as formas dos alunos perceberem a paisagem 
do seu bairro, muitas vezes associando-a com a natureza conservada. Entretanto, a natureza 
degradada, também é percebida na paisagem como uma dicotomia espacial, beleza e 
indecoroso lado a lado no mesmo espaço. Já o ser humano é pouco evidenciado na descrição e 
respostas dos alunos pesquisados, resultado da concepção de paisagem ser algo natural. 
 
Como nem todos os alunos conseguiram perceber as multirrelações que a paisagem 
possui na sociedade contemporânea, levamos a crer que o professor deve aumentar sua atenção 
na execução dos métodos de ensino, traçando estratégias adequadas ao uso da percepção dos 
alunos na elaboração dos conteúdos referentes à paisagem geográfica. Portanto, como reflexo 
desta demanda, cada professor explorará os conteúdos inserindo o contexto social do aluno. 
 
A escola quando se refere à prática da percepção sensorial é citada em poucos 
momentos, embora seu dever de orientar o corpo docente no cumprimento metodológico seja 
44 
 
grande, maior até que dos professores. Há uma extrema necessidade de estímulos oriundos de 
todas as partes na educação, da escola para o professor, do professor para os alunos, dos alunos 
para a escola e professores, que inicia uma cadeia de interesses disposta a melhorar o ensino 
como um todo. 
 
O estímulo que aqui foi tão enfatizado é colocado como peça chave para os problemas 
subsistentes na aprendizagem de paisagem, especialmente por que é a partir do estímulo que as 
partes iniciam o processo de inovação. A percepção chega como essa inovação no gênero de 
aprendizado informal, aquele que não aprendemos somente no espaço escolar, mas o que 
carregamos conosco, como reflexos da nossa experiência diária. 
 
Os alunos percebem o espaço ao seu redor, porém não são orientados corretamente 
sobre os fatos que ocorrem no meio em que vivem. Perceber o espaço ao redor é mais que 
somente identificar elementos ou classificá-los em categorias, perceber é conhecer o 
funcionamento das estruturas na qual é parte, compreendendo causas e efeitos sobre ela. A 
própria ciência geográfica reconhece e explica o fenômeno como princípio da causalidade. O 
fato é que não podemos ensinar o conteúdo de paisagem sem antes introduzirmos nossa 
percepção na paisagem que vivemos. 
 
A busca da percepção como discurso, onde a imagem se comunica com o 
conhecimento, pode contribuir no ensino-aprendizagem do ensino fundamental. A percepção, 
por suas características próprias, promove um instante de análise sigmática, ressaltando formas 
cores, odores, contrastes prolongados. Este exercício de análise sigmática, demorado, pode 
oferecer um aprendizado e um reconhecimento sobre a paisagem. Nas leituras de paisagem, as 
qualidades estáticas quase sempre são exaltadas, em detrimento da verdadeira propriedade do 
signo. 
 
De certo modo, as representações não exigem um aprofundamento do intérprete durante 
a análise dos símbolos presentes, o observador precisa somente de uma vivência cultural 
ampliada em relação à paisagem, que neste caso, é fácil, pois o aluno é um constante 
observador dessa paisagem. A real tradução do percebido facilita a proposição da paisagem aos 
alunos do ensino fundamental, que quase sempre conseguem se deixar levar pela apreciação da 
paisagem. 
 
45 
 
Percebemos que é notória a motivação para a interpretação da paisagem. Faz-se 
necessário uma maior conscientização, uma mudança de valores e comportamentos não só dos 
professores, mas também da escola, para que todos percebam a importância da percepção dos 
alunos no seu desenvolvimento intelectual. Cabe aos que fazem educação, representados pelos 
professores, coordenadores e diretores, não negligenciarem, ou seja, deixarem os interesses 
particulares suprirem os interesses coletivos. 
 
Enfim, tudo isso nos leva a concluir que a existência de uma prática de ensino que 
valorize as experiências dos alunos, sem que haja dissociação ao tema proposto, contribua na 
sua formação intelectual, fazendo-o refletir sobre o mundo em que estão inseridos e sejam 
passivas de mudanças que sem dúvida afetam de algum modo suas relações. O conceito de 
“paisagem” é ponto de partida para a inclusão das propostas de estudos de percepção espacial 
no ensino de geografia, uma vez que os alunos devem compreender as analogias existentes no 
meio em que vivem. 
 
Em tempos de aprimoramento do ensino público, que visa uma aproximação ao ensino 
de países desenvolvidos, essa concepção de condicionar as aulas, sejam de quais disciplinas 
forem, à realidade do aluno, é cada vez mais necessária no exercício da educação. Pois

Mais conteúdos dessa disciplina