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FUNÇÕES DA RESPIRAÇÃO: Trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue capilar Possibilitar a chegada do oxigênio nos tecidos e remover dióxido de carbono do organismo Contribuir para o equilíbrio ácido-base no organismo MECANISMOS DA RESPIRAÇÃO: Ventilação pulmonar (influxo e efluxo de ar entre a atmosfera e os alvéolos pulmonares) Hematose (difusão de O2 e CO2 entre os alvéolos e o sangue) Transporte de O2 e CO2 no sangue e nos líquidos corporais e suas trocas com as células de todos os tecidos do corpo (perfusão) Regulação da ventilação (sistema nervoso) COMPONENTES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO: Vias aéreas superiores: Nariz e fossas nasais Seios paranasais Boca Faringe (onde se situam as tonsilas) Loringe (contém as cordas vocais, indispensáveis para fala) Obs.: Algumas patologias importantes das vias aéreas superiores: Congestão comum Sinusite (inflamação dos seios paranasais) Amigdalite (infecção das tonsilas palatinas) Faringite (infecção da faringe) Laringite (infecção da laringe) Vias aéreas inferiores: Traqueia Obs.: A traqueia é composta por anéis cartilaginosos que conferem resistência e evitam o colapso ou fechamento da via aérea. Brônquios: Obs.: Os brônquios apresentam placas cartilaginosas espessas e progressivamente menos extensas, que são importantes para dar estabilidade e evitar o colabamento. Entretanto, essas cartilagens não estão presentes nos bronquíolos. Ao longo dessas estruturas há uma intensa cobertura formada de músculos lisos. Pulmões Obs! Além da divisão anatômica, os componentes do sistema respiratório também podem ser divididos em relação aos aspectos funcionais em: Porção condutora (fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos – até os terminais): Condução do ar Limpeza do ar inalado Presença de pelos nas narinas e do muco Cílios: sentido ascendente do movimento das secreções e impurezas Aquecimento e umidificação do ar Principalmente pelas narinas (fossas nasais): importante para preparar o ar que chegará aos pulmões Porção respiratória (bronquíolos terminais, ductos alveolares e alvéolos): Hematose: trocas gasosas entre o ar alveolar e o sangue capilar CONCEITOS IMPORTANTES: Ventilação: processo mecânico que produz o movimento dos gases respiratórios entre o ambiente e os pulmões Respiração: processo que ocorre a nível celular (mitocondrial), visando a produção de energia VENTILAÇÃO PULMONAR INSPIRAÇÃO: Entrada de ar nos pulmões Ar com alta concentração de O2 e baixa de CO2 A inspiração é sempre um processo ativo (necessita da ação muscular para ocorrer) EXPIRAÇÃO: Saída do ar dos pulmões Ar com alta concentração de CO2 e baixa de O2 A expiração, no repouso, é um processo passivo (não necessita de esforço muscular) – elasticidade do pulmão (tendência à retração) MECÂNICA DA VENTILAÇÃO PULMONAR: Pulmões podem ser expandidos e contraídos por dois mecanismos: Movimentos de subida ou decida do diafragma Elevação ou depressão das costelas Respiração normal – movimentos do diafragma (70%) Inspiração: diafragma contrai (desde) e puxa as superfícies inferiores dos pulmões para baixo (expansão dos pulmões) Expiração: diafragma relaxa (sobe) e a retração elástica dos pulmões, da parede torácica e das estruturas abdominais comprime os pulmões e expele o ar (retração dos pulmões) Respiração vigorosa – força extra da musculatura acessória (movimentos das costelas): Inspiração: elevação das costelas (aumento do diâmetro anteroposterior do tórax – expansão dos pulmões) Expiração: depressão das costelas (diminuição do diâmetro anteroposterior do tórax – retração dos pulmões) Obs.: Na posição de repouso natural, as costelas se inclinam para baixo. Músculos que elevam a caixa torácica (inspiração): Mm. intercostais externos (ao se contraírem, puxam as costelas superiores para frente com relação as inferiores, como uma alavanca – movimento de “alça de balde”) Mm. esternocleidomastoideos (elevam o esterno) Mm. serráteis anterior (elevam muitas costelas) Mm. escalenos (elevam as duas primeiras costelas) Músculos que deprimem a caixa torácica (expiração ativa): M. reto abdominal (puxa as costelas inferiores para baixo ao mesmo tempo que, em conjunto com outros músculos abdominais, também comprime o conteúdo abdominal para cima contra o diafragma) Mm. intercostais internos (tracionam as costelas para baixo, promovendo a alavanca contrária à do movimento de “alça de balde”) Pressões que causam o movimento do ar para dentro e para fora dos pulmões: Os pulmões são estruturas elásticas que tendem à retração, como um balão Pressão pleural: É a pressão de líquido no espaço entre as pleuras visceral e parietal Levemente negativa – drenagem contínua da linfa para capilares linfáticos (-5cmH20) A pressão negativa gera uma força contrária à retração elástica dos pulmões Durante a inspiração, quando o volume pulmonar aumenta, a pressão pleural diminui (-7,5cmH20) Durante a expiração, quando o volume pulmonar diminui, a pressão pleural aumenta (volta para - 5cmH20) Pressão alveolar: Pressão de ar no interior dos alvéolos No repouso (sem ventilação), é de 0cmH20 (igual à pressão atmosférica) Durante os movimentos respiratórios, varia entre -1 e +1 cmH20 Para que ocorra influxo de ar, é necessário que a pressão nos alvéolos diminua para um valor ligeiramente abaixo da pressão atmosférica: Inspiração: pressão alveolar diminui para que o ar entre (-1 cm H20) Expiração: pressão alveolar aumenta para que ar saia (+1 cm H2O) Pressão transpulmonar: Diferença de pressão entre os alvéolos e as superfícies externas dos pulmões – diferença entre as pressões alveolar e pleural É um indicativo das forças elásticas que fazem os pulmões tenderem a colapsarem a cada instante (pressão de retração) Complacência pulmonar: Grau de extensão dos pulmões por cada unidade de aumento da pressão transpulmonar – é a capacidade do pulmão de aumentar seu volume quando há uma variação da pressão exercida sobre ele No adulto normal: 200 mL de ar/cmH20 de pressão É resultado das forças elásticas dos pulmões, que podem ser divididas em: Forças elásticas do tecido pulmonar propriamente dito (1/3): presença de fibras elásticas no tecido pulmonar (elastina e colágeno) Forças elásticas causadas pela tensão superficial líquido-ar nas paredes dos alvéolos (2/3) Na inspiração a complacência é menor que na expiração: Obs.: Um pulmão muito complacente é aquele que, com uma variação pequena na pressão, varia muito o seu volume. Já o pulmão pouco complacente é aquele que necessita de grande variação de pressão para variar pouco em volume. Alterações na complacência: Redução da complacência: Fibrose pulmonar Edema alveolar Aumento da pressão venosa Ingurgitamento de sangue Atelectasia alveolar Aumento na complacência: Enfisema pulmonar Asma Envelhecimento natural Obs.: A complacência do sistema combinado tórax-pulmão, é quase metade da do pulmão isolado. Isso porque a caixa torácica também tem suas próprias características elásticas. Princípios da tensão superficial: Quando a água forma uma superfície de contato com ar, as moléculas de água na superfície têm atração superficialmente forte umas pelas outras – a superfície da água está sempre tentando se contrair No interior do alvéolo, a superfície da água também está tentando se contrair, o que induz ao colapso do alvéolo O efeito global é o de causar força contrátil elástica de todo o pulmão (força elástica da tensão superficial) Surfactante: Secretado por células epiteliais alveolares (pneumócitos) tipo II Mistura complexa de vários fosfolipídeos, proteínas e íons– os principais componentes são o dipalmitoilfosfatidilcolina, as apoproteínas surfactantes e os íons cálcio Redução da tensão superficial VOLUMES E CAPACIDADE PULMONARES Volumes: Volumes estáticos: nem todo ar que entra nas vias aéreas faz parte das trocas gasosas (150ml) Espaço morto anatômico: parte do ar inspirado que não alcança os locais de trocas gasosas, por permanecerem preenchendo a porção condutora do aparelho respiratório, como nariz, faringe, traqueia, etc. Espaço morto fisiológico Volumes dinâmicos: Volume corrente: volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal (500Ml) Volume de reserva inspiratório: volume extra de ar que pode ser inspirado, além do volume corrente, em uma respiração forçada (3.000Ml) Volume de reserva expiratório: máximo volume extra de ar que pode ser expirado na expiração forçada, após o final da expiração corrente normal (1.100mL) Volume residual: volume de ar que fica nos pulmões, após a respiração mais forçada (1.200Ml) Capacidades: soma dos volumes Capacidade inspiratória: quantidade de ar que a pessoa pode respirar, começando a partir do nível expiratório normal e distendendo o pulmão até seu máximo (3.500Ml) Capacidade inspiratória (CI) = volume corrente (VC) + volume de reserva inspiratório (VRI) Capacidade residual funcional: quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração normal (2.300ml) Capacidade residual funcional (VRF) = volume de reserva expiratório (VRE) + volume residual (VR) Capacidade vital: quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões após primeiro enchê-los à sua extensão máxima e, então, expirar, também à sua máxima extensão (4.600ml) Capacidade vital (CV) = volume corrente (VC) + volume de reserva inspiratório (VRI) + volume de reserva expiratório (VRE) Capacidade pulmonar total: volume máximo a que os pulmões conseguem ser expandidos com o maior esforço (5.800ml) Capacidade pulmonar total (CPT) = capacidade vital (CV) + volume residual (VR) Obs.: ESPIROMETRIA VENTILAÇÃO-MINUTO: Quantidade total de novo ar levado para o interior das vias aéreas a cada minuto É igual ao produto do volume corrente pela frequência respiratória por minuto A ventilação-minuto média é de 6L/min VENTILAÇÃO ALVEOLAR: Velocidade/intensidade com que o ar alcança as áreas de trocas gasosas dos pulmões (bronquíolos respiratórios, ductos alveolares, sacos alveolares e alvéolos) Obs.: Ventilação alveolar por minuto (VA) = FR x (VC – VM). O volume morto normal é aproximadamente 150 ml e a ventilação alveolar por minuto normal é em média 4.200ml. DIFUSÃO DOS GASES RESPIRATÓRIOS Depois que os alvéolos são ventilados com ar atmosférico, a próxima etapa da respiração é a difusão do oxigênio dos alvéolos para o sangue pulmonar e a difusão do dióxido de carbono na direção oposta, do sangue para o os alvéolos DIFUSÃO EFETIVA DE GÁS EM UM DIREÇÃ0 – EFEITO DO GRADIENTE DE CONCENTRAÇÃO: A difusão de um gás ocorre da área de alta concentração para a área de menor concentração PRESSÕES GASOSAS: A pressão é causada por múltiplos impactos de moléculas em movimento contra uma superfície Quanto maior a concentração de um gás, maior é a pressão Em uma mistura de gases, a intensidade de difusão de cada gás é diretamente proporcional à pressão causada por apenas aquele gás (pressão parcial) Lei de Dalton: a pressão total em uma mistura de gases corresponde à soma das pressões individuais de cada um dos gases que a compõem. Exemplo: Ar atmosférico: 79% N2 e 21% O2 Pressão do ar atmosférico: 760mmHg (1 atm) PO2 = 760 x 0,21 = 160mmHg PN2 = 760 X 0,79 = 600mmHg PRESSÃO DOS GASES DISSOLVIDOS NA ÁGUA E NOS TECIDOS: Os gases dissolvidos na água ou nos tecidos corporais também exercem pressão porque as moléculas do gás dissolvido se movem aleatoriamente e têm energia cinética Além da concentração, a pressão parcial do gás em solução é determinada também pelo coeficiente de solubilidade (constante) Quanto maior o coeficiente de solubilidade, muito mais moléculas podem ser dissolvidas sem gerar excesso de pressão na solução – menor é a pressão parcial. DIFUSÃO DE GASES ENTRE A FASE GASOSA NOS ALVÉOLOS E A FASE DISSOLVIDA NO SANGUE PULMONAR: A difusão efetiva do gás é determinada pela diferença entre as pressões parciais do gás nos alvéolos e no sangue pulmonar Se a pressão parcial do gás for maior na fase gasosa nos alvéolos → mais moléculas se difundirão para o sangue do que na direção oposta – oxigênio Se a pressão parcial do gás for maior na fase dissolvida no sangue → mais moléculas se difundirão para os alvéolos do que na direção oposta – dióxido de carbono FATORES QUE AFETAM A DIFUSÃO GASOSA NOS LÍQUIDOS: Solubilidade do gás no líquido (S): quanto maior a solubilidade de um gás, maior o número de moléculas disponíveis para se difundir em determinada diferença de pressão parcial Diferença de pressão (delta P): constante Área de corte transversal do líquido (A): quanto maior a área de corte transversal da via de difusão, maior o número total de moléculas que se difundem Distância pela qual o gás precisa se difundir (d): quanto maior a distância necessária para as moléculas se difundirem, mais tempo levará para que elas se difundam por toda a distância Peso molecular (PM): quanto maior for o peso molecular – menor é a velocidade de movimento cinético –, menor é a difusão do gás. Temperatura do líquido* * No corpo, a temperatura permanece razoavelmente constante e, nas condições normais, não precisa ser considerada. COMPOSIÇÃO DOS ARES ALVEOLAR E ATMOSFÉRICO SÃO DIFERENTES: O ar alveolar não tem as mesmas concentrações dos gases no ar atmosférico. Existem várias razões para essas diferenças: 1. O ar alveolar é substituído apenas parcialmente pelo ar atmosférico a cada respiração 2. O O2 é constantemente absorvido pelo sangue pulmonar do ar alveolar 3. O CO2 se difunde constantemente do sangue pulmonar para os alvéolos 4. O ar atmosférico seco que entra nas vias respiratórias é umidificado antes mesmo de alcançar os alvéolos Umidificação do ar nas vias respiratórias: Assim que o ar atmosférico entra nas vias respiratórios, ele é exposto a líquidos que recobrem as superfícies respiratórias e, mesmo antes de entrar nos alvéolos, o ar fica totalmente umidificado A pressão parcial do vapor de água, na temperatura corporal normal de 37ºC, é de 47 mmHg – pressão parcial do vapor de água no ar alveolar O vapor de água dilui – diminui a concentração – todos os outros gases no ar inspirado O ar alveolar é renovado lentamente pelo ar atmosférico: O volume de ar alveolar substituído por ar atmosférico novo a cada respiração é de apenas 1/7 do total, de maneira que são necessárias múltiplas respirações para ocorrer a troca da maior parte do ar alveolar A lenta substituição do ar alveolar é importante para evitar mudanças repentinas nas concentrações de gases no sangue Ajuda a evitar aumentos e quedas excessivos da oxigenação, da concentração tecidual de CO2, e do pH tecidual, quando a respiração é interrompida temporariamente Concentração de oxigênio e pressão parcial nos alvéolos: A concentração de O2 nos alvéolos e, também, sua pressão parcial são controladas pela: Intensidade de absorção de O2 pelo sangue: quanto mais rápido o O2 for absorvido, menor a sua concentração nos alvéolos Intensidade de entrada de novo O2 nos pulmões pelo processo ventilatório: quanto mais rápido o O2 é respirado pelos alvéolos, vindo da atmosfera, maior fica sua concentração Concentração e pressão parcial de dióxido de carbono nos alvéolos: A concentração de CO2 nos alvéolos e, também, sua pressão parcial são controladas pela: Intensidade de excreção de CO2 do sangue:quanto mais rápido o CO2 for excretado do sangue, maior a sua concentração nos alvéolos Intensidade de entrada de novo CO2 nos pulmões pelo processo ventilatório: quanto mais rápido o CO2 é liberado para atmosfera pela ventilação, menor fica sua concentração A composição geral do ar expirado é determinada pela: Quantidade de ar expirado do espaço morto Quantidade de ar alveolar A primeira porção do ar expirado é ar do espaço morto (ar atmosférico umidificado) Então, progressivamente mais e mais ar alveolar se mistura com o ar do espaço morto, até que todo o ar do espaço morto tenha sido eliminado e nada além de ar alveolar seja expirado ao final da expiração DIFUSÃO DE GASES ATRAVÉS DA MEMBRANA RESPIRATÓRIA: Unidade respiratória: Também chamada de lóbulo respiratório Composição: Bronquíolos respiratórios Ductos alveolares Átrios Alvéolos As paredes alveolares são extremamente finas e, entre os alvéolos, existe uma malha de capilares interconectados A troca gasosa entre o ar alveolar e o sangue pulmonar se dá através das membranas de todas as porções terminais dos pulmões, e não apenas nos alvéolos – membrana respiratória Membrana respiratória: Camadas: Camada de líquido contendo surfactante que reveste o alvéolo e reduz a tensão superficial do líquido alveolar Epitélio alveolar – células epiteliais finas Membrana basal epitelial Espaço intersticial delgado entre o epitélio alveolar e a membrana capilar Membrana basal capilar que, em muitos locais, se funde com a membrana basal do epitélio alveolar Membrana endotelial capilar Fatores que afetam a intensidade da difusão gasosa através da membrana respiratória: Espessura da membrana (quanto maior a espessura da membrana, menor é a intensidade de difusão gasosa) Área superficial da membrana (quanto menor é a área de superfície da membrana respiratória, menor é a intensidade de difusão gasosa) Coeficiente de difusão do gás na substância da membrana (quanto maior a solubilidade – depende do peso molecular –, maior é a intensidade de difusão gasosa) Diferença de pressão parcial do gás entre os dois lados da membrana (quanto maior for a diferença de pressão parcial do gás, maior é a intensidade de difusão gasosa) Lei de Fick: a velocidade de transferência de um gás através de uma lâmina de tecido é proporcional à área do tecido e a diferença de pressão parcial entre as áreas e inversamente proporcional à espessura. Capacidade de difusão da membrana respiratória: o volume de gás que se difundirá da membrana a cada minuto, para a diferença de pressão parcial de 1mmHg Capacidade de difusão do oxigênio: Em repouso, a capacidade de difusão do oxigênio é 21 mL/min/mmHg. Multiplicando-se essa capacidade de difusão pela diferença de pressão média de O2 (11mmHg), temos que cerca de 230mL (11 x 21) de difusão de oxigênio por minuto na membrana respiratória. Essa é a intensidade de utilização do oxigênio do corpo em repouso. Durante exercício físico rigoroso ou qualquer outra condição que aumente muito o fluxo de sangue pulmonar e a ventilação alveolar, a capacidade de difusão de oxigênio aumenta até o máximo de 65mL/min/mmHg Esse aumento se deve a: Abertura de muitos capilares pulmonares, até então adormecidos, ou dilatação extra dos capilares já abertos, elevando, assim, a área da superfície do sangue para o qual o O2 pode se difundir Melhor equiparação entre a ventilação dos alvéolos e a perfusão dos capilares alveolares com sangue – proporção ventilação-perfusão Capacidade de difusão do dióxido de carbono: Nunca foi medida porque o CO2 se difunde muito rapidamente através da membrana respiratória Porém, sabe-se que a capacidade de difusão varia diretamente com o coeficiente de difusão de um determinado gás. Como o coeficiente de difusão do CO2 é cerca de 20 vezes a do O2: Capacidade de difusão do CO2 em repouso: entre 400 e 450mL/min/mmHg Capacidade de difusão do CO2 durante exercício: entre 1.200 e 1.300mL/min/mmHg PROPORÇÃO VENTILAÇÃO-PERFUSÃO: Mesmo nas condições normais, até certo ponto, e especialmente em doenças pulmonares, algumas áreas dos pulmões são mais ventiladas, mas pouco perfundidas e, outras são bem perfundidas, mas pouco ventiladas Em qualquer uma dessas condições, as trocas gasosas através da membrana respiratória ficam seriamente comprometidas Proporção ventilação-perfusão: expressa como Va/Q Va/Q = 0: não há ventilação pulmonar. Gases alveolares entram em equilíbrio com os gases no sangue venoso. Va/Q = infinito: não há perfusão. Ar alveolar fica quase igual ao ar inspirado umidificado. Va/Q = normal: existe tanto ventilação quanto perfusão. PCO2 e PO2 ficam entre os extremos das pressões parciais do ar atmosférico umidificado e do sangue venoso. Derivação fisiológica: Quantitativo total de sangue derivado (fração do sangue venoso que passa pelos capilares sanguíneos, mas não é oxigenada) por minuto. Quanto maior a derivação fisiológica, maior é a quantidade de sangue que não consegue ser oxigenada, enquanto passa pelos pulmões. Espaço morto fisiológico: Quando a ventilação de alguns alvéolos for grande, mas o fluxo de sangue alveolar for baixo, existe muito mais oxigênio disponível nos alvéolos do que pode ser transportado para fora dos alvéolos pelo sangue circulante A soma desse tipo de ventilação desperdiçada com o espaço morto anatômico é denominada espaço morto fisiológico Va/Q anormal nas partes superior e inferior do pulmão normal: Na pessoa normal, em posição ereta, a parte superior do pulmão tem pouquíssimo fluxo sanguíneo em comparação com a ventilação alveolar (Va/Q 2,5 vezes maior do que o valor ideal) – espaço morto fisiológico Já a parte inferior, a ventilação alveolar é reduzida em relação ao fluxo sanguíneo (Va/Q 0,6 vez menor do que o valor ideal) – derivação fisiológica TRANSPORTE DOS GASES RESPIRATÓRIOS NO SANGUE E NOS LÍQUIDOS TECIDUAIS TRANSPORTE DE OXIGÊNIO NO SANGUE: Difusão do oxigênio dos alvéolos para o sangue capilar pulmonar: PO2 alveolar = 104 mmHg PO2 sangue venoso = 40 mmHg A diferença de pressão inicial que faz com que o O2 se difunda para os capilares pulmonares é 104 – 40 = 64 mmHg A PO2 do sangue aumenta até o nível da PO2 do ar alveolar, quando o sangue já percorreu 1/3 do seu percurso pelos capilares, passando a ser quase 104 mmHg Transporte de oxigênio no sangue arterial: 98% do sangue que adentra no pulmão esquerdo: PO2 em torno de 104mmHg, acabou de ser oxigenado ao passar pelos capilares alveolares 2% do sangue que adentra no pulmão esquerdo: proveniente da aorta, pela circulação brônquica, que supre os tecidos profundos dos pulmões e não é exposto ao ar pulmonar – fluxo da derivação. PO2 em torno de 40mmHg Quando esses tipos se misturam nas veias pulmonares, essa combinação é chamada mistura venosa de sangue, e faz com que a PO2 do sangue que chega ao coração esquerdo e é bombardeado para a aorta diminui para cerca de 95mmHg Difusão de oxigênio dos capilares periféricos para o líquido tecidual: PO2 no terminal arterial do capilar = 95mmHg PO2 no líquido intersticial que banha as células teciduais = 40mmHg Existe enorme diferença da pressão inicial que faz com que o O2 se difunda, com rapidez, do sangue capilar para os tecidos O fluxo de O2 para os tecidos é tão rápido que a PO2 capilar diminui, quase se igualando à pressão de 40mmHg no interstício A PO2 tecidual é determinada pelo balanço entre: Intensidade do transporte de O2 para os tecidos (fluxo sanguíneo) Intensidade de utilização do O2 pelos tecidos (metabolismo tecidual) Difusão de oxigênio dos capilares periféricos para as células teciduais: PO2 intracelular varia de tão baixa quanto 5mmHg atão alta quanto 40mmHg, tendo, em média, 23 mmHg Apenas 1 a 3mmHg de pressão de O2 são necessários para o suporte total dos processos químicos que utilizam O2 na célula Todo o resto disponível atua como fator de segurança Papel da hemoglobina no transporte de O2: 97% do O2 transportado dos pulmões para os tecidos estão combinados com a hemoglobina nas hemácias 3% do O2 restantes são transportados em estado dissolvido na água do plasma e células sanguíneas Combinação do 02 com a hemoglobina: O O2 se combina frouxamente e de maneira reversível com a porção heme da hemoglobina: PO2 alta (capilares pulmonares): O2 se liga à hemoglobina PO2 baixa (capilares teciduais): O2 é liberado da hemoglobina Saturação da Hb no sangue arterial: 97% Saturação da HB no sangue venoso: 75% Quantidade máxima de O2 que pode se ligar à Hb: aproximadamente 20mL de O2 por 15g de Hb em 100mL de sangue – 20 volumes percentuais Quantidade média de O2 ligado à Hb (97% de saturação): 19,4mL de O2 por 15g de Hb em 100mL de sangue Quantidade de oxigênio liberada da Hb quando o sangue arterial sistêmico flui pelos tecidos: 5mL de 02 são transportados do sangue para os tecidos Obs.: Durante exercícios extenuantes, a quantidade de O2 liberada para os tecidos pode aumentar para 15mL de O2 por 15g de Hb em 100mL de sangue (3x o normal) Quantidade de O2 na extremidade venosa dos capilares: 14,4mL de O2 por 15g de Hb em 100mL de sangue A hemoglobina “tampona” a PO2 tecidual: Além do transporte, a hemoglobina no sangue é responsável por estabilizar a PO2 nos tecidos. Fatores que desviam a curva de O2-hemoglobina: Diminuição do pH – efeito Bohr: força a liberação de O2 pela Hb Aumento da concentração de CO2 – efeito Haldane: força a liberação de O2 pela Hb Aumento da temperatura corporal Aumento do 2,3-bifosfoglicerato: substância com alta afinidade pela hemoglobina, que ao se ligar a ela, estimula a liberação das moléculas de O2 Utilização metabólica do oxigênio pelas células: Quando a PO2 é maior que 1mmHg, a utilização de O2 depende da intensidade com que o ADP é formado a partir de ATP Fatores, além da quantidade de ATP, que podem limitar a utilização de O2: Distância de difusão entre o capilar e a célula Fluxo sanguíneo Combinação da hemoglobina com CO: O CO se liga com a Hb no mesmo ponto em que a Hb se liga ao O2 A afinidade do CO pela Hb é 250 vezes maior que a do O2, o que faz com que o CO desloque o O2 da Hb Tudo isso resulta na diminuição da capacidade de transporte de O2 do sangue Paciente gravemente intoxicado com monóxido de carbono pode ser tratado com administração de O2 puro, pois o O2 em alta pressão alveolar pode deslocar rapidamente o CO da sua combinação com a Hb TRANSPORTE DE DIÓXIDO DE CARBONO NO SANGUE: Difusão do dióxido de carbono das células teciduais periféricas para os capilares e dos capilares pulmonares para os alvéolos: Quando o O2 é usado pelas células, todo ele se torna CO2, o que aumenta a PCO2 intracelular Essa PCO2 intracelular elevada faz com que o CO2 se difunda das células para os capilares e, é então, transportado pelo sangue para os pulmões O C02 consegue se difundir cerca de 20 vezes mais rápido que o O2 PCO2 intracelular = 46mmHg PCO2 intersticial = 45mmHg PCO2 do terminal arterial do capilar = 40mmHg PCO2 do terminal venoso do capilar = 45mmHg PCO2 alveolar = 40mmHg A diferença de pressão de apenas 5mmHg faz com que todo o CO2 necessário se difunda para fora dos capilares pulmonares, para os alvéolos A PCO2 tecidual é determinada pelo balanço entre: Fluxo sanguíneo: diminui a PCO2 Metabolismo tecidual: aumenta a PCO2 Formas químicas nas quais o CO2 é transportado: Transporte de CO2 no estado dissolvido: 7% de todo o CO2 transportado está no estado dissolvido – cerca de 0,3mL de C02 por 100mL de sangue Transporte de CO2 na forma de íon bicarbonato: O CO2 dissolvido no sangue reage com a água formando H2CO3 pela ação da anidrase carbônica (hemácias) O H2CO3 se dissocia em íons hidrogênio e íons bicarbonato (H+ e HCO3-) Grande parte dos H+ se combina com a Hb nas hemácias, enquanto a maior parte do HCO3- se difunde das hemácias para o plasma (proteína carreadora de bicarbonato-cloreto – desvio de cloreto) Responsável pelo transporte de 70% do CO2 dos tecidos para os pulmões Transporte de CO2 em combinação com a Hb e proteínas plasmáticas: O CO2 pode também reagir com os radicais amina da Hb – carbaminoemoglobina (CO2Hgb): reação reversível com elo fraco Pequena quantidade de CO2 também reage da mesma maneira, com as proteínas plasmáticas, nos capilares teciduais Este tipo de reação é bem mais lenta do que a do CO2 com a água no interior das hemácias Representa cerca de 30% do transporte de CO2 Efeito Haldane: A ligação do O2 à hemoglobina tende a deslocar CO2 do sangue – Hb ligada ao O2 fica mais ácida: Quanto mais ácida a hemoglobina, menos ela tende a se combinar com o CO2, resultando na liberação do CO2 que estava na forma de carbaminoemoglobina A maior acidez também faz com que a Hb libere íons H+, que se ligam com o HCO3-, formando H2CO3 e, consequentemente, CO2 e H20
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