Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O Ciclo Celular e a Mitose Os diferentes tipos celulares e a divisão celular Há uma incompatibilidade entre o desempenho da função celular e a reprodução ou divisão celular. Quando a célula diferenciada está desempenhando a sua função de acordo com o tecido onde se encontra, ela não está ciclando, ou seja: está fora do ciclo celular, no intervalo de zero. Nesse estágio, a célula está em quiescência, ou seja: não está se proliferando, porém está metabolicamente ativa. Certos tipos celulares, como os neurônios e as células da musculatura esquelética, uma vez originados não se dividem mais, diferente de outros tipos celulares como as células hepáticas e as células da epiderme onde a quiescência é reversível e se dividem frequentemente. De�nição e Etapas do Ciclo Celular O ciclo celular é o processo de transformação que ocorre na célula eucariótica e que culmina na sua divisão ou reprodução. Duas principais etapas que compõem o ciclo celular: quando a célula sai da fase G0 ou do estado de quiescência e entra no ciclo celular, a primeira fase é a interfase. A intérfase é a etapa que precede o ciclo celular e pode ser subdividida em três fases: G1, S e G2. A intérfase é a fase mais longa do ciclo celular e a célula passa por intensas transformações (ocupa a maior parte do ciclo celular). Em seguida, ocorre a fase de divisão propriamente dita ou fase M, para mitose ou meiose. A mitose é a divisão das células somáticas que resulta em duas células-�lhas (2n) idênticas à célula mãe (2n). A meiose é a divisão das células germinativas que origina os gametas para reprodução sexuada dos indivíduos, onde a partir de uma célula diplóide (2n) são geradas quatro células haplóides (n). Ciclo Celular - Intérfase - Fase G1 O ciclo celular inicia pela fase G1 da interfase, que é caracterizada pelo crescimento celular. Todas as organelas e os constituintes celulares, exceto o DNA, começam a ser duplicados: RNA, proteínas, lipídios e carboidratos. Na interfase, o DNA nuclear está associado à proteínas sob a forma de cromatina interfásica alongada (difusa). A passagem de G1 para S é �rmemente controlada por um “checkpoint G1” ou ponto de checagem, onde qualquer dano ao DNA ou crescimento insu�ciente da célula podem impedir a progressão para a fase S. Caso as condições necessárias sejam restabelecidas, a célula pode prosseguir no ciclo celular, caso não elas são induzidas à apoptose ou morte celular programada. Ciclo Celular - Intérfase - Fase S Na fase S, há a replicação do DNA. Sendo um ácido nucleico de �ta dupla, cada uma das �tas dessa molécula é separada no processo denominado de desnaturação, e desse modo cada uma delas servirá de molde para a síntese de duas novas �tas. Nas células somáticas humanas, por exemplo, temos 46 moléculas de DNA com aproximadamente 3,2 milhões de pares de bases nitrogenadas, representando quase 2m de DNA por célula. Para que o processo de replicação seja rápido e e�ciente, várias origens de replicação podem ocorrer e a replicação pode ocorrer em ambas as direções, sendo possível também a fusão dos replicons. Ao �nal da fase S, cada cromossomo terá sido duplicado, e, embora não seja evidente, cada um contém duas cromátides, ou seja: há 46 cromossomos, cada um com duas cromátides. Após a replicação das novas �tas de DNA, as cromátides-irmãs e os centrômeros de cada cromossomo são mantidos juntos por um complexo de proteínas denominadas coesinas em um processo dependente de energia ou de ATP. Embora cromatina ainda esteja alongada e não seja possível visualizar as cromátides e o centrômero, esquematicamente eles podem ser visualizados desse modo: Nota: Complexo de proteínas coesinas (Smc1 e Smc3) que mantêm unidos os centrômeros na fase S da interfase. Nota: Complexo de proteínas coesinas (Scc1 e Scc3) que mantêm unidas as cromátides na fase S da interfase. Ciclo Celular - Intérfase - Fase G2 Concluída a replicação, a célula segue para fase G2 onde ao �nal terá todos os seus constituintes duplicados, porém antes das células seguir para mitose há o checkpoint G2. Neste momento, o DNA é monitorado: se a replicação não foi concluída ou houve dano ao DNA que não tenha sido reparado, o ciclo celular é detido até que as condições sejam corrigidas. Duração do Ciclo Celular “in vitro”: a maior parte dos tipos celulares concluem o ciclo celular em 16 horas. A fase G1 dura em média 5 horas: é a fase mais variável entre os diferentes tipos celulares. A fase S, ou fase de replicação, é a mais longa. Em média, a fase G2 dura 3 horas. E a mitose é a mais curta de todas, durando em média uma hora. A primeira fase, a prófase, é a fase mais longa. Mitose A vida dos organismos multicelulares diplóides começa como zigoto e as subsequentes geração de células �lhas por mitose são a base do desenvolvimento e crescimento do organismo. A mitose também propicia a cicatrização das lesões e a substituição das células da epiderme da pele e do revestimento intestinal, que são continuamente descartados. Do mesmo modo, na medula óssea são produzidas as células imaturas que suprem de glóbulos vermelhos e brancos o tecido sanguíneo dos vertebrados. Fases da Mitose A mitose pode ser subdividida em prófase, metáfase, anáfase e telófase. ● Prófase da mitose: Ocorre o início da condensação da cromatina. A cromatina na prófase já difere da cromatina difusa da intérfase e nessa fase já é possível, por exemplo, visualizar alguns centrômeros, embora ainda não sejam muito evidentes. Os centríolos duplicados começam a migrar para os pólos opostos da célula e a partir deles inicia a formação dos microtúbulos. Além disso, a membrana nuclear começa a se desfazer, assim como os nucléolos. ● Metáfase da Mitose: Na metáfase da mitose, a membrana nuclear está ausente. A cromatina atinge o grau máximo de condensação e a morfologia dos cromossomos está mais de�nida. A outra extremidade dos microtúbulos que partem dos centríolos se liga ao cinetocoro, que é uma estrutura proteica associada a cada lado do centrômeros duplicados. O número de microtúbulos ligados ao cinetócoro é variável: em mamíferos há de 30 a 40. Os microtúbulos são estruturas dinâmicas que alongam e encurtam como resultado da adição ou perda de tubulinas. Neste momento em que estão alongados, eles participam da migração dos cromossomos para o plano equatorial da célula. Estando os cromossomos bem alinhados no plano equatorial da célula e ligados às �bras do fuso, a coesina que une as cromátides-irmãs (Scc1 e Scc3) é clivada pela enzima separase, exceto nas regiões centroméricas. Desse modo, as cromátides-irmãs são separadas, porém os centrômeros (Smc 1 e Smc 3) permanecem unidos. Ao �nal da metáfase todos os centrômeros de cada cromossomo estarão alinhados no plano equatorial da célula, também chamado de placa metafásica. ● Checkpoint da mitose: Após o término da metáfase, é veri�cada a formação adequada das �bras do fuso mitótico, a ligação destas aos cinetócoros associados aos centrômeros. Havendo algo inadequado, a mitose é interrompida nesse checkpoint. ● Anáfase da Mitose: Nesse momento, vai haver a separação dos centrômeros devido a clivagem do complexo de coesinas ao seu redor, que é feito pela enzima separase, o que permite a separação ou a disjunção das cromátides-irmãs para os pólos opostos. Cada centrômero tracionado pelos microtúbulos segue na frente em direção aos pólos opostos da célula e os braços dos cromossomos seguem atrás. Esse tracionamento das cromátides-irmãs para pólos opostos é possível devido à remoção das proteínas tubulinas da extremidade das �bras do fuso pelas proteínas motoras, encontradas em vários locais da célula em divisão. Os eventos da anáfase são críticos para que cada célula-�lha tenha um conjunto idêntico de cromossomos. A não disjunção das cromátides resulta em número anormal de cromossomos nas células-�lhas. ● Telófase da Mitose: Inicia com um conjunto completo de cromossomos em cada pólo da célula (com uma cromátide cada). Nas células humanas, 46 cromossomos estão presentes em cada polo. Ocorre a invaginaçãoda região mediana da célula que propicia a divisão do citoplasma em um processo denominado de citocinese. A membrana nuclear e o nucléolo se reorganizam. As �bras do fuso desaparecem. Os cromossomos se descondensam e a cromatina se torna difusa novamente. Formam-se duas células-�lhas diplóides (2n) ao �nal da mitose. ● Final do Ciclo Celular: Quando isso acontece, a célula pode se retirar do ciclo celular, se diferenciar e desempenhar sua função na fase conhecida como G0, quando ela entra em quiescência, ou ela pode novamente entrar no ciclo celular e se dividir novamente. Importância dos pontos de checagem do ciclo celular ou checkpoints Se houver qualquer dano ao DNA levando a uma ou mais mutações que impeçam o funcionamento do sistema de checagem, a célula com qualquer alteração decorrente de alguma etapa mal-sucedida nesse processo iria se dividir de modo descontrolado, o que é característico da célula cancerosa. Por outro lado, se os checkpoints funcionam a célula alterada pode ser removida da população de células em divisão, prevenindo uma potencial malignidade.
Compartilhar