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Negócio Jurídico

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Negócio Jurídico
Escada Ponteana
A doutrina trata do plano de existência, embora o CC não trate, falando apenas em
validade e eficácia.
Introdução
agente
vontade
objeto
forma
Plano de Existência
capacidade
liberdade de vontade
licitude, possibilidade e
determinabilidade do
objeto
adequação das formas
Plano de Validade
condição
termo
consequência do
inadimplemento negocial
outros elementos
Plano de Eficácia
Compreende a análise dos elementos mínimos do negócio jurídico (substantivos): 
a) agentes ou partes
b) objeto
c) forma 
d) vontade
Plano de Existência
Obs.: a teoria dos atos existentes e inexistentes foi criada na França em 1808 por
Zacarias para impedir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não havia a
proibição na lei e ele precisava de uma fundamentação. Hoje, no Brasil, existe, é válido
e eficaz. STF reconheceu a união estável. O STJ aplicou esse entendimento para o
casamento civil. O CNJ editou a resolução 175, que trata do casamento entre pessoas do
mesmo sexo. 
Obs.: qual a diferença entre negócio inexiste e nulo? Para aqueles que enxergam
diferença entre ato inexistente e nulo, o primeiro não depende de ação para ser
declarado como tal, por não ter ingressado na esfera jurídica. Na prática, é comum a
propositura da ação declaratória de inexistência em situações mais graves, não
existindo mais nenhuma diferença. Sílvio Rodrigues diz que essa teoria dos atos
inexistentes é inútil. 
Plano de Existência
Consiste em adjetivar os elementos do plano de existência. 
a) Partes plenamente capazes: Se forem incapazes, devem ser representadas
(absolutamente) ou assistidas (relativamente). 
Obs.: deve ser analisada a legitimidade? Legitimidade é uma capacidade
específica/especial exigida de certas pessoas para a prática de determinados
atos (ex. vênia conjugal – outorga uxória - na venda de bens imóveis para
pessoas casadas). 
Qual a diferença entre legitimidade positiva e negativa? Positiva é a exigência
de um ato para validade do negócio. Legitimidade negativa é a proibição da
prática de certos atos por determinadas pessoas. O juiz está proibido de
arrematar bens no processo em que atua. 
Plano de Validade
b) Objeto lícito, possível e determinado:
lícito (de acordo como ordenamento jurídico)
possível (possibilidade física – ponte entre Terra e Lua - e jurídica – bem de
família voluntário sendo violado. Essa última é inútil, pois já entra no conceito
de objeto ilícito. possibilidade objetivamente considerada. Analisada em
relação a qualquer pessoa)
determinado (individualizado) ou determinável (individualizado). 
Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se
for relativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver
subordinado. 
Ex. não tem dinheiro no momento da pactuação, vender o carro antes do
carro ser entregue. Essa impossibilidade inicial é relativa. 
Plano de Validade
c) Forma prescrita ou não defesa em lei: no Direito Civil, em regra, a forma é livre
(Art. 107. A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,
senão quando a lei expressamente a exigir). 
Qual a diferença entre formalidade e solenidade? Alguns autores falam em
espécie e gênero, uma de outra. Formalidade é a exigência de forma escrita. 
Ex. fiança, compromisso de compra e venda. Solenidade é a exigência de
instrumento público. 
Qual a diferença entre solenidade ad solemnitatem e ad probationem? A
solenidade ad solemnitatem é aquela exigida como requisito de validade do
negócio jurídico. 
Ex. venda de bem imóvel acima de 30 salários mínimos deve ser feita
mediante escritura pública – valor do bem determinado pelas partes e não
pela Administração para fins tributários. 
Plano de Validade
Art 108 Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência,
modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a
trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País. 
Art. 166. A solenidade ad probationem é aquela exigida para a prova do ato em
juízo. É um requisito processual e não material, que não atinge a validade do
negócio jurídico.
OBS: O art. 227 do CC (que só admitia prova exclusivamente testemunhal nos
negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o décuplo do maior salário
mínimo vigente) foi revogado pelo NCPC. 
d) Vontade Livre: isto é, manifestada sem vícios do negócio jurídico.
Plano de Validade
Pontes de Miranda dividiu o negócio jurídico em três planos: da existência (elementos
mínimos), da validade (elementos mínimos com qualificadores) e da eficácia
(consequências do negócio jurídico). 
Existência: partes, vontade, objeto e forma.
Validade: partes capazes, vontade livre, objeto possível, lícito e determinado
(determinável) e forma prescrita ou não defesa em lei. 
Eficácia (modificação e extinção de direitos): elementos acidentais para o negócio
jurídico produzir efeitos. 
 Condição: elemento acidental do negócio jurídico que relaciona a sua eficácia
a evento futuro e incerto (“se” e “enquanto”).
Plano de Eficácia
Pontes de Miranda dividiu o negócio jurídico em três planos: da existência (elementos
mínimos), da validade (elementos mínimos com qualificadores) e da eficácia
(consequências do negócio jurídico). 
Existência: partes, vontade, objeto e forma.
Validade: partes capazes, vontade livre, objeto possível, lícito e determinado
(determinável) e forma prescrita ou não defesa em lei. 
Eficácia (modificação e extinção de direitos): elementos acidentais para o negócio
jurídico produzir efeitos. 
Condição: elemento acidental do negócio jurídico que relaciona a sua eficácia a evento
futuro e incerto (“se” e “enquanto”).
Termo: relaciona a eficácia do negócio jurídico a evento futuro e certo. 
Encargo ou Modo: seria um fardo, um gravame ou um ônus introduzido em ato de
liberalidade.
Plano de Eficácia
Quanto à licitude: 
a) lícita: está de acordo com o ordenamento jurídico (art. 122, CC). 
Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem
pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que
privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de
uma das partes.
b) ilícita: contraria os parâmetros da lei, ordem pública e bons costumes. 
Obs.: condição, em regra, está no plano da eficácia. Porém, o art. 123, CC, prevê casos em
que a condição se desloca para o plano da validade. Trata-se de nulidade absoluta. 
Condição perplexa: priva de todo efeito o negócio jurídico.
Classificação da Condição
Quanto à possibilidade:
a) condição possível: pode ocorrer no plano fático e jurídico. 
b) condição impossível: não pode ocorrer no plano fático ou jurídico. 
Obs.: se a condição for suspensiva o negócio jurídico será inteiramente nulo (e não
somente a condição); se resolutiva será considerada não escrita e o negócio jurídico
continua. 
Classificação da Condição
Quanto à origem: 
a) Causal (casual): é a condição relacionada a um fenômeno da natureza (fato
jurídico em sentido estrito).
b) Condição potestativa: 
b.1) simplesmente (meramente potestativa): vontade de um + vontade de outro.
É lícita. 
b.2) puramente potestativa: vontade de apenas um. 
Ex.: dou-lhe um carro se eu quiser. É ilícita e gera nulidade do negócio
jurídico, pois sujeita o negócio ao puro arbítrio de uma das partes.
c) Mista: é aquela que tem vontade de um e de outro + fenômeno natural. 
Ex.: dou-lhe um carro se você cantar no show e estiver chovendo. 
Classificação da Condição
Quanto aos efeitos:
a) condição suspensiva: suspende a aquisição e o exercício do direito. Não há
direito adquirido. (art. 125 CC)
b) condição resolutiva: gera a extinção do negócio jurídico (é resolvido). Há direito
adquirido. Pode ser expressa (decorre da convenção das partes) ou tácita (decorre
da lei – ex. exceção de contrato não cumprido).
Obs.: venda a contento é exemplo de negócio jurídico com condição suspensiva e
resolutiva. (art. 127 e 128 CC)
Classificaçãoda Condição
Quanto à origem:
a) Legal: decorre da lei . 
Ex.: inventariante. 
b) Convencional: decorre do contrato. 
Ex.: termo inicial e final da locação. 
Quanto à certeza (ou determinação):
a) determinado: sabe-se que ocorrerá e quando ocorrerá 
b) indeterminado: saber-se que ocorrerá, mas não se sabe quando ocorrerá. 
Ex.: morte. 
Quanto ao tempo (aos efeitos):
a) termo inicial: quando começa o negócio jurídico (dies a quo).
b) termo final: quando termina o negócio jurídico (dies ad quem).
Obs.: prazo é o lapso temporal existente entre o termo inicial e final. (art. 135 CC). Assim, para o
termo inicial são aplicadas as disposições da condição suspensiva, enquanto para o termo final
aplicam-se as disposições da condição resolutiva.(art. 131)
Classificação do Termo
Há seis defeitos do negócio jurídico e que o torna anulável, a saber: o erro, dolo, coação, estado de
perigo, lesão e fraude contra credores.
É curial observar o prazo decadencial de 4 anos para se anular o negócio jurídico defeituoso
conforme expõe o art. 178 do CC.
Não se confunde vício de consentimento com vício social. A vontade viciada sempre acarreta o
negócio anulável. O vício de consentimento impede que a vontade seja livre, espontânea e de boa
fé, o que fatalmente prejudica a validade do negócio jurídico. Para a vontade ser jurígena (gerar
os efeitos jurídicos desejados) é imprescindível que seja livremente manifestada, de forma
espontânea e de boa fé.
Por outro lado, o vício social contém a vontade manifestada que não tem realidade, a intenção
pura e de boa fé que enuncia. De fato, para a sociedade, a vontade tem aparência enquanto que
para as partes, notadamente àquela que age com má fé, a mesma vontade ganha outro significado.
Entre os vícios sociais temos a simulação (que causa a nulidade do negócio jurídico) e a fraude
contra credores.
Defeitos do Negócio Jurídico
Embora a doutrina costume diferenciar abstratamente erro (falsa percepção da
realidade) de ignorância (ausência de conhecimento), o CC, a partir do artigo 138, não
cuida de estabelecer essa diferenciação, pois, em um caso ou outro teremos o mesmo
defeito invalidante do negócio jurídico. Essa diferença é meramente teórica. 
São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de
erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal - escusável
- , em face das circunstâncias do negócio.
O erro, causa de invalidade do negócio jurídico (anulabilidade), segundo a doutrina
clássica exigiria dois pressupostos: que o erro fosse essencial ou substancial e também
escusável ou perdoável, isto é, qualquer homem médio cometeria o mesmo erro. Os
autores mais modernos têm se insurgido contra esse último pressuposto, pois não seria
justo exigir da vítima a prova de que o erro era escusável, pois ela confiou na outra
parte.
Erro
Obs.: a despeito da importância do pensamento clássico e tradicional, ainda aplicável
(Resp 744311/MG), uma corrente mais moderna sustenta que, a luz do princípio da
confiança, é dispensável o requisito da escusabilidade do erro. Enunciado 12 da 1ª
jornada - Art. 138: na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro,
porque o dispositivo adota o princípio da confiança. 
Com base na doutrina de Roberto de Ruggiero tem-se, fundamentalmente, sob a perspectiva
fática, três tipos de erro: 
erro sobre objeto: aquele que incide nas qualidades do próprio objeto do negócio
jurídico. 
Ex: compra biju pensando ser ouro
erro sobre negócio: é aquele que incide na própria categoria jurídica do negócio que se
realiza, imagina-se estar celebrando um negócio por outro. 
Ex.: achou que era comodato (empréstimo gratuito de coisa infungível), mas era
aluguel
Erro
erro sobre pessoa: com especial aplicação no direito de família (art. 1556 e 1557), é aquele
que incide sobre a identificação da outra parte do negócio. 
Ex.: casamento, que para maioria da doutrina é negócio jurídico de natureza especial
O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso no contrato como razão
determinante para a sua celebração.
O CC inovou em seu artigo 139, III, ao admitir o erro de direito, ou seja, aquele que incide
sobre a própria ilicitude do ato. Clóvis Beviláqua não o admitia, razão pela qual o CC de 16
não o contemplou. Entretanto, ouvindo os reclamos de autores como Carvalho Santos,
Eduardo Spínola e Caio Mário, o atual CC admite o erro de direito, desde que não traduza
intencional recusa à aplicação da lei, incidindo, por consequência, no âmbito interpretativo
da própria norma. 
Erro
Causa de anulação do negócio jurídico é carregado de má-fé, é o artifício enganoso
utilizado por uma das partes ou terceiro para induzir a outra parte do negócio a
praticar um ato que lhe seja prejudicial. 
O dolo é um erro provocado de má-fé. 
Os clássicos (direito romano) chamavam de dolus malus, que é diferente do dolus
bonus (dolo socialmente aceito que não vicia o negócio). 
Hoje esse dolus bonus é muito utilizado em publicidade e propaganda, como no caso
de propagando de shampoo com cabelos maravilhosos que não são fruto apenas do uso
do produto. 
Obs.: o exagero publicitário (puffing) é uma técnica aceitável como dolus bonus, desde
que, não deturpe as características do produto anunciado, nem induza o consumidor
ao erro. 
Dolo
Obs.: Nesse contexto, merece referência também as mensagens subliminares, geralmente
estudadas no âmbito da prática comercial abusiva. Embora não tenhamos lei específica, as
normas e princípios do CDC combatem este tipo de prática, que pode levar o consumidor a
um comportamento prejudicial.
Para que o dolo invalide o negócio, ele deve ser principal (art. 145 CC) e não meramente
acidental (art. 146), na medida em que este último apenas resulta em perdas e danos. 
Se a parte soubesse daquele aspecto acidental, teria realizado o negócio de outra forma,
como por exemplo oferecido proposta em menor preço.
O denominado dolo bilateral é previsto no art. 150 e se caracteriza quando as partes tentam
reciprocamente enganar uma a outra.
O dolo negativo, a luz do princípio da boa fé objetiva, do dever de informação, e a teor do art.
147 do CC, consiste no silêncio intencional ou omissão dolosa que induza a parte ao erro. 
Dolo
Finalmente, vale lembrar que o negócio também é anulável por dolo de terceiro, se o
beneficiário DELE SABIA ou tinha como saber. 
Nesse caso há a anulação e a indenização em prejuízo do terceiro e do beneficiário.
Se o beneficiário não sabia nem poderia saber, o negócio não é anulável, respondendo
pelas perdas e danos apenas o terceiro. 
Ex. de irmão de dono de fazenda que faz a ligação da venda de cabeças de gado que
estão para morrer, enganando a parte compradora.
Dolo
Enquanto o dolo se manifesta pelo ardil, a coação traduz violência. 
Em doutrina há dois tipos de coação, física e moral, chamadas pelos romanos de vis
absoluta e vis compulsiva, respectivamente. 
A coação física absoluta resulta na inexistência do negócio, por ausência de vontade. 
Na coação moral a vontade é apenas viciada, adentrando ao campo da validade do
negócio jurídico. 
Conceito – a coação, causa de anulação do negócio jurídico, consiste na violência
psicológica que conduz a vítima a realizar negócio contra a sua própria vontade (art.
151). 
Pode atingir pessoa da família, aos bens ou pessoa próxima (ex. namorada). 
 A ameaça, diferentemente do erro, não leva em consideração o homem médio. 
O art. 152 deixa claro que não se pode fazer essa relação, analisando em concreto a
coação realizada. 
Coação
Obs.: nos termos do art. 153, não se considera coação a ameaça do exercício regular de
um direito (ex. ameaça colocar no Serasa, SPC, quando cobra um crédito), nem o
simples temor reverencial (respeito à autoridade militar, familiar, religiosa,
trabalhista. Ex. respeitar o sogro). 
Assim como no dolo, a coação proveniente de terceiro, poderá anular o negócio
jurídico, se o beneficiário dele soubesse ou tivesse como saber (art. 154 e 155). 
O art. 154 prevêsolidariedade entre o beneficiário e o terceiro coator no pagamento da
indenização, previsão esta que não há na norma específica do dolo e terceiro (art. 148). 
Essa coação de terceiros envolve negócios comuns. 
Os negócios especiais, em que a vontade deve ser plenamente livre, não se subordinam
à manutenção sem voluntariedade, como no casamento e testamento.
Coação
Trata-se de um defeito que não estava previsto no CC/16 e que veio a ser regulado pelo
artigo 156 do CC/2002. 
O estado de perigo, causa de anulação do negócio jurídico, configura-se quando o
agente, diante de uma situação de perigo de dano, conhecida pela outra parte, assume
uma obrigação excessivamente onerosa. 
De todos os defeitos, na perspectiva do princípio da função social, certamente é o mais
grave e emergencial diante do grave perigo de dano à vida, à integridade física ou a
outros direitos da personalidade. 
Salvaguarda não só o indivíduo, mas toda a sociedade. É como se fosse o estado de
necessidade no âmbito dos negócios jurídicos. 
Ex.: barco começa a naufragar e o barco que passa por ali cobra um milhão para
transportar sai família. 
Estado de Perigo
Obs.: a despeito da crítica doutrinária (Gustavo Nicolau), o art. 156 exige que a outra
parte conheça a situação de perigo de dano (dolo de aproveitamento). Resp.
918392/RN. 
Obs.: Opera-se na exigência do cheque caução como condição prévia para atendimento
emergencial hospitalar. A exigência desse tipo de garantia e ato negocial correlato,
poderá estar eivado pelo vício do estado de perigo (combatido pela própria
jurisprudência – Ap 833355-7/TJ SP, Resp 918392/RN, Ap 70024412397). 
Finalmente, a exigência desse tipo de garantia foi criminalizada pela Lei 12.653/12, a
par de, no âmbito administrativo, a resolução normativa 44/2003 da ANS, observadas
as suas condições, proíbe também a exigência desse tipo de garantia, podendo resultar
inclusive em representação junto a MPF. Para Pablo era para ser causa de nulidade
absoluta.
Estado de Perigo
Estado perigo e lesão são as novidades do CC/2002. Está prevista no art. 157. É o vício
do negócio jurídico caracterizado pela onerosidade excessiva em sua formação, em
decorrência de uma situação de premente necessidade ou inexperiência. 
Natureza jurídica: a lesão é espécie de vício da vontade; vício do consentimento. 
Nos vícios da vontade/do consentimento o defeito está na formação da vontade, ou
seja, na vontade interna, diferentemente dos vícios sociais, em que o vício está na
manifestação da vontade (é consciente. Simulação e fraude contra credores). O
prejudicado é sempre um dos contratantes.
Requisito objetivo – prestação manifestamente desproporcional. 
Onerosidade excessiva: CC não estabelece um percentual para estabelecer a
onerosidade excessiva, cabendo ao magistrado determinar no caso concreto. 
Lesão
OBS: A onerosidade excessiva deve ser analisada no momento da formação do contrato
para que possa ser aplicado o art. 157 do CC. Não se pode anular o contrato por
onerosidade superveniente, a exemplo da desvalorização do bem no futuro. O que pode
ocorrer, nesse caso, é a revisão do contrato com base nos artigos 317 e 478, pois atinge o
plano de eficácia. O problema da revisão contratual no CC/02 é que o legislador
ressuscitou a antiga Teoria da Imprevisão do Direito Canônico: a revisão só é possível se
o fato que originou a onerosidade for extraordinário e imprevisível. 
Requisito subjetivo – é a razão que levou a pessoa a contratar com onerosidade excessiva:
premente necessidade ou inexperiência. Com base no enunciado 290/CJF (organiza as
jornadas de Direito Civil), estes requisitos não devem ser presumidos pelo juiz. A lesão
acarretara a anulação do negócio jurídico quando verificada, na formação deste, a
desproporção manifesta entre as prestações assumidas pelas partes, não se presumindo a
premente necessidade ou inexperiência do lesado. 
Lesão
premente necessidade – é a necessidade de contratar. Pode ser um problema financeiro,
ou qualquer outro que colocou a pessoa na condição de necessidade de contratar. Ex.:
uma pessoa celebra um contrato de locação não residencial com onerosidade excessiva
para não perder seu ponto comercial. 
 inexperiência – pode ser de qualquer espécie: técnica, negocial, jurídica, etc. Aqui
ocorre o mesmo que acontece com o conceito de hipossuficiência. 
Consequência: anulabilidade do negócio jurídico por meio da Ação Anulatória, no prazo
decadencial de 4 anos, a contar da celebração do negócio, mesmo que tenha conhecimento
depois (no CDC conta do conhecimento do fato, privilegiando a justiça e não a segurança,
como geralmente ocorre no direito civil).
Princípio da conservação dos contratos (decorre do princípio da função social): a anulação
pode ser evitada, se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar
com a redução do proveito. 
Lesão
Sempre que estiver num caso de revisão ou anulação/contrato, a primeira opção deve ser
sempre pela revisão, pois a pura e simples existência do contrato interessa à coletividade. 
De acordo com o Enunciado 149/CJF é dever do juiz provocar os contratantes a realizar a
revisão do contrato.
O enunciado 291/CJF diz que nas hipóteses de lesão pode o lesionado optar por não
pleitear a anulação, requerendo desde logo a revisão do contrato, por meio da redução do
proveito do lesionador ou do complemente do preço. Tem base no art. 157, §2º e na função
social do contrato e na conservação do contrato. 
Ex. de comprador que tem a casa há algum tempo já. Quer ficar na casa. Se anular
terá que mudar de imóvel
Lesão
É a manifestação de vontade com desacordo proposital entre a vontade interna (intenção) e a
vontade externa (manifestação/declaração). A pessoa declara uma coisa, quando na verdade queria
outra, ou nada queria. 
Diversamente do que ocorre na reserva mental, na simulação os contratantes agem em conluio
para prejudicar terceiro. Na reserva mental o declarante não age em conluio com o declaratório,
pretendendo prejudicá-lo. A simulação invalida o negócio jurídico e a reserva mental não.
Entretanto, se a outra parte (declaratório) tinha conhecimento da reserva mental, o negócio
jurídico será nulo. 
Natureza jurídica: 
simulação ainda como espécie de vício social, em que pese o deslocamento da matéria no
CC/02 para o capítulo que trata das invalidades. Vício da vontade/do consentimento – o
defeito está na formação da vontade – MHD, Stolze, Tartuce.
simulação como simples causa de nulidade – Gonçalves e Francisco Amaral. 
Simulação
Consequências: nulidade do negócio jurídico. 
Ação declaratória de nulidade. 
Único que o legislador determina a nulidade. Imprescritível. 
Tanto a simulação absoluta como a relativa determinam a nulidade do negócio. 
Entretanto, a extensão da nulidade (parte do negócio ou o negócio por inteiro, se possível, pois
se o negócio dissimulado não preencher os requisitos legais também levará à nulidade) varia
de acordo com a espécie de simulação.
Simulação absoluta: é aquela que tem a aparência de um negócio, mas na essência as partes não
desejam realizar qualquer negócio. 
Há negócio simulado e não há negócio dissimulado. 
Ex: marido que simula negócio com um amigo para prejudicar a esposa na partilha dos bens.
Tudo é mentira, logo, tudo é nulo!
Simulação
Simulação relativa: é aquele que tem a aparência de um negócio, mas na essência as partes
desejam realizar negócio diverso. 
ATENÇÃO – o negócio dissimulado só será válido se preencher os demais requisitos
substanciais e formais exigidos em lei. 
Nem tudo é mentira, logo, nem tudo é nulo! Pode ser subjetiva – o elemento falso é subjetivo,
isto é, um dos contratantes (ex. se vale de interposta pessoa para fazer doação à amante. Usa a
mãe da amante. 
Art. 550 CC proíbe a doação à amante. Interposta pessoa = testa de ferro, laranja. 
Nesse caso o negócio será nulo por inteiro, pois o negócio dissimulado não preenche os
requisitos substanciais e formais); e objetiva – o elemento falso diz respeito ao próprio objeto,
sua natureza, data,condição, cláusula, etc. 
Ex. a escritura pública de imóvel com valor abaixo do real
Simulação
Trata-se de um vício social do negócio jurídico presente quando o devedor insolvente,
ou que beira a insolvência, realiza negócios gratuitos ou onerosos, com o intuito de
prejudicar credores.
Os negócios praticados em fraude contra credores são anuláveis (art. 171, CC) – prova
objetiva. 
A ação anulatória é chamada de pauliana (origem romana) ou ação revocatória. 
O art. 161 prevê contra quem é proposta a ação pauliana. Esta deverá ser proposta
contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou o negócio fraudulento e
terceiros adquirentes de má fé - litisconsórcio passivo necessário. 
Requisitos para caracterização de fraude contra credores:
 Quando há disposição onerosa (ex. compra e venda) a fraude contra credores tem
dois requisitos: colusão fraudulenta entre quem vendeu e comprou (consilium
fraudis – elemento subjetivo) e o prejuízo ao credor (eventus damni). 
Fraude contra credores
Obs.: presume-se o conluio fraudulento quando a insolvência do devedor for
notória ou existir motivos para ser conhecida pelo outro negociante (presunção
relativa) – art. 159, CC. Ex.: negócio celebrado entre irmãos. 
 Quando há disposição gratuita (ex. doação ou remissão da dívida) a fraude contra
credores tem apenas um requisito: basta o prejuízo ao credor (eventus damni).
O adquirente pode pagar em juízo em sede de ação pauliana afastando a fraude, pois
não paga em favor do insolvente. Consagra o princípio da conservação do negócio
jurídico. 
 Existe uma relação umbilical entre conservação do negócio jurídico e função social do
contrato. 
Enunciado 22 – I Jornada do STJ: “a função social do contrato prevista no art. 421,
CC, constitui clausula geral que reforça o principio da consagração de conservação
do contrato, assegurando trocas úteis e justas”. 
Fraude contra credores
A boa fé objetiva nesse caso está relacionada a dois conceitos: função social da empresa
(quando a lei menciona negócios ordinários indispensáveis à manutenção de
estabelecimento) e da valorização da ideia de patrimônio mínimo (quando a lei fala em
subsistência do devedor e de sua família). 
O prazo decadencial é de 4 anos.
Fraude contra credores
Instituto de direito civil
O devedor tem obrigações assumidas e aliena o
patrimônio. 
Fraude à parte, ou seja, envolve ordem privada.
Há necessidade para o seu reconhecimento de
uma ação específica (pauliana). 
Os atos praticados são inválidos (sentença
constitutiva negativa) – plano da validade. 
Fraude contra credores
 Instituto de direito processual civil
O devedor tem ações executivas ou condenatórias
propostas contra si e aliena o patrimônio. 
Fraude ao processo, ou seja, envolve ordem
pública. 
Não há necessidade para o seu reconhecimento de
uma ação específica. 
Os atos praticados são ineficazes (decisão
declaratória) – plano de eficácia. 
Fraude à execução
Nulidade
Negócio é nulo. No CC/16 se falava em nulidade absoluta. No CC/02 nulidade é sempre
absoluta 
Ação declaratória de nulidade – (1) majoritária - imprescritível, com base no art. 169 do CC,
jurisprudência e doutrina. (2) prescreve em 10 anos, que é prazo geral de prescrição no art.
205 CC. Caio Mário. (3) declaração de nulidade é imprescritível, mas para desafazer os
efeitos patrimoniais, teria um prazo de 10 anos. – Stolze e enunciado 536/CJF. Ex tunc
Hipóteses: (1) art. 166 + 167 (2) casos expressos espalhados pelo CC-nulidades expressas (3)
quando a lei proíbe a prática de um ato e não sem estabelecer sanção – nulidade virtual.
Art. 166, VII.
Interesse público (norma de ordem pública). Coisa julgada erga omnes
Juiz deve declarar de ofício
Não pode ser sanado/suprido/convalidado, mas pode ser objeto de conversão.
Invalidade do Negócio Jurídico
Anulabilidade
Negócio é anulável. No CC/16 se falava em nulidade relativa. No CC/02 anulabilidade
é sempre relativa
Ação anulatória – prazo especial. Estão espalhados no Código Civil. Há um prazo
geral, quando não houver prazo específico – art. 179, CC- 2 anos. Ex. a anulação da
venda de ascendente para descente. Art. 496. Súmula 494, STF, está superada. Ex
nunc
Hipóteses: art. 171 (1) incapacidade do agente (2) vícios do CC (3) casos expressos.
Interesse particular (norma de ordem privada)
Coisa julgada inter partes
Juiz não pode declarar de ofício
Pode ser suprido/sanado – confirmação ou assentimento/convalidado (gênero). Ex.
simples decurso do tempo.
Invalidade do Negócio Jurídico
Convalidação
Consiste em ratificar um negócio jurídico realizado de maneira ilegal ou contrariando as
formalidades exigidas.
O ato ou negócio não será refeito, mas apenas confirmado.
Os efeitos da convalidação são retroativos (eficácia ex tunc).
Não é possível a convalidação de negócio jurídico nulo.
Renovação
Consiste em fazer o ato ou negócio de novo sem os vícios que o macularam anteriormente.
O ato ou negócio será feito novamente, agora de maneira correta.
Os efeitos da renovação não são retroativos (eficácia ex nunc). Trata-se de um novo negócio,
completamente autônomo em relação ao primeiro (nulo), tendo validade, portanto, a partir
da data em que for celebrado, desprezando-se completamente o tempo transcorrido entre o
negócio jurídico nulo e o novo negócio realizado.
É possível a renovação de negócio jurídico nulo.
Invalidade do Negócio Jurídico

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