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resenha do texto Ethnoecology in pluricultural contexts thoretical and methodological contributions

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
DISCIPLINA: ECOLOGIA HUMANA
RESENHA
HURREL. J. A. et all. Ethnoecology in pluricultural contexts: thoretical and methodological contributions. In: Albuquerque UP, Lucena RFP, Cunha LVFC, RRN Alves (Orgs.). Methods and techniques in ethnobiology and ethnoecology. Humana Press: New York. 2ª edição, 2019.
Aluna: Thainá Guedelha Nunes
O artigo proporciona contribuição apresentando elementos importantes acerca do arcabouço teórico-metodológico relacionado à Etnoecologia como os que se refere à Ecologia, Ecologia Cultural, o debate acerca do dualismo de natureza e cultura, Etnociência. Para além disso, apresenta de forma sucinta e objetiva alguns casos ilustrativos, metodologias e técnicas que melhor auxiliariam a prática nessa linha de pesquisa, importante principalmente para os iniciantes na mesma.
Logo de início os autores ressaltam que os pesquisadores devem expor seus pressupostos anteriores à pesquisa, como, por exemplo, as hipóteses e problemas de pesquisa que orientam a elaboração de uma pesquisa científica. Desta forma é possível acompanhar melhor o decorrer da pesquisa e seguir a análise realizada a partir dos resultados adquiridos. Em seguida abordam aspectos gerais sobre ecologia, que por eles é definido, em seu sentido mais amplo, como a ciência que estuda o conjunto complexo de relações entre organismos e seus ambientes, apontando também a definição reducionista de ecossistema, que alguns professores utilizam até hoje, que se apresenta na fórmula Ecossistema = comunidade biótica + ambiente físico.
Trazendo apontamentos de Edgar Morin e Tansley, é ressaltado que os sistemas vivos apresentam uma complexidade onde o organismo se organiza e, ao mesmo tempo, depende de seu próprio ambiente, não sendo possível separar o primeiro do segundo, sendo que o ambiente não deve ser reduzido ao ambiente físico. A afirmação de Gregory Bateson de que se o organismo destrói seu ambiente o mesmo acaba por destruir a si mesmo é de suma importância, pois, como mais a frente no artigo é apresentado, tal observação também é valido para os seres humanos. Assim, se o organismo estudado é o ser humano, se entra no domínio ecológico mais específico denominado de ecologia biocultural, ou seja, o estudo científico de relações complexas entre as pessoas e seu ambiente.
Dentro desse campo de estudo outras complexidades são agregadas no que concerne aos aspectos socioculturais próprios dos humanos. Nisto se inclui o pensamento dualista que separa a natureza da cultura que, como é apontado no artigo, na ciência com frequência caímos na “tentação” de analisar as variáveis naturais e culturais da pesquisa separadamente, mesmo que em teoria apresentamos discordância com tal pensamento.
Romper com tal forma de pensar não é simples e fácil pois esta foi construída e interiorizada ao longo de séculos, pelo menos nas sociedades “modernas” ocidentais. Como destacam os autores que, mesmo sendo afirmado pela ciência que somos “filhos” dos primatas dos quais descendemos, a evolução nos possibilitou afastamento por completo desta realidade, pois construímos um novo domínio independente que é o reino cultural.
Alfred Louis Kroeber teoriza sobre a questão discorrendo sobre o elemento orgânico versus o cultural, onde o ser humano seria um ser superorgânico por transcender o plano orgânico. Ou seja, não estaria preso a natureza, a se adaptar as condições naturais, e sim transformaria a natureza a sua volta de acordo com suas necessidades e vontades. Em outras palavras, é como se fizéssemos a natureza se adaptar a nós. Os autores do artigo aqui resenhado corroboram com a ideia de que esse pensamento simplificado, e problemático, acaba por nos separar da nossa própria biologia e do nosso ambiente. 
Num contexto biocultural essa separação não tem sentido, sendo então importante compreender que, como afirma Morin, o homem é um ser cultural por natureza, porque ele é um ser natural por cultura. ou seja, é um ser natural e cultural, ou como Aristóteles, Marx e outros cientistas sócias definiram, o homem é um animal social. E no que se refere a ecologia biolcultural, esta deve ser considerada como a ciência que estuda as relações entre as pessoas e seu ambiente da perspectiva do pesquisador que o faz a partir do seu conhecimento científico.
Outro conceito apresentado pelos autores é a de etnoecologia que deve ser considerada a etnociência que estuda os sistemas de conhecimento das pessoas locais sobre suas próprias relações com o meio ambiente, sendo este conhecimento estabelecido a partir de uma rede de relacionamentos situados no tempo e no espaço. Assim, a diferença entre Biologia Cultural e Etnoecologia pode ser apresentado da seguinte forma:
	Biologia Cultural
	Etnoecologia
	Objeto de estudo:
Relação entre o humano e seu ambiente natural-cultural
	Objeto de estudo:
Sistemas de conhecimentos locais que resulta da relação
Com relação à complexidade disciplinar, os autores diferenciam entre interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, o primeiro correspondendo a interação entre disciplinas e obtenção de benefícios mútuos, porém cada uma mantendo sua individualidade, e o segundo se apresenta como uma maior integração entre as diferentes disciplinas que se diluem em um contexto mais amplo.
Outro debate importante levantado é a interação entre observador e observado, ou seja, entre o pesquisador e os sujeitos da pesquisa, e a diferença na pesquisa entre o paradigma da simplicidade e o paradigma da complexidade. No primeiro, por exemplo, há ainda a crença no que nas Ciências Sociais também é chamado de mito da neutralidade científica, onde quando mais distante e ausente da pesquisa estiver o pesquisador, mais científica ela será, assim para aqueles, suas experiências, significados e interpretações não devem entrar na descrição de suas observações. No segundo caso há a discordância com tal argumento afirmando que se trata de uma ilusão, pois o pesquisador está presente em todos os momentos da sua pesquisa selecionando o sistema pessoa-ambiente, escolhendo os “informantes”, decidindo os métodos e técnicas apropriados e os ajustando no decorrer da pesquisa, e, no fim, se torna visível apresentando seus resultados. No primeiro os pesquisadores se portariam como uma “máquina trivial”, enquanto no segundo o pesquisador seria não-trivial.
Cabe aqui ressaltar que, principalmente na Antropologia, os debates mais atuais decidiram por superar a nomenclatura de informantes da pesquisa, pelo fato da mesma conotar que os sujeitos que participam mais diretamente na pesquisa, numa relação mais direta com o pesquisador, não são apenas uma fonte de dados a serem coletados. Assim, o termo mais usado tem sido interlocutores, pois assim, a partir da importante concepção de alteridade, faria mais jus a um sentido de troca de experiências e conhecimentos entre sujeitos iguais, porém com suas particularidades.
Outro ponto importante ao se estudar pessoas e culturas é perceber os conceitos e definições a partir do conhecimento local, ou seja, compreender as categorias locais, haja vista que muitas vezes categorias de pensamento podem ser diferentes entre entrevistados e entrevistadores, mesmo sendo da mesma cultura, sendo que pesquisadores triviais acabam impondo suas categorias de pensamentos aos sujeitos da sua pesquisa, o que prejudica o desenvolvimento da mesma. Diante disso os autores apontam que as entrevistas são as ferramentas principais para adquirir informações em estudo de populações, onde o pesquisador, como entrevistador, tem todo um arcabouço teórico-metodológico para analisar as informações coletadas, e assim estabelecer uma relação entre ciência e conhecimento local.
Posteriormente os autores apresentam a área de estudo que corresponde a região de Rio de la Plata onde são analisados, entre outras coisas, fluxos de imigração e pluriculturalidade, assim como mudanças ambientais. Sobre a pluriculturalidade, esta pode ser definida como a coexistência de diferentes culturas que estabelecem trocas diversas em um cenário geográfico.Já a multiculturalidade poderia ser considerada como uma etapa anterior onde diferentes culturas coexistem sem necessariamente estabelecerem trocas. Por fim viria a interculturalidade entendida como uma meta necessária com reconhecimento e entendimento da existência de outras culturas, bem como respeito, comunicação, intercâmbio e aprendizado mútuo.
Por fim, apresentam exemplos de estudos de casos com três tipos de atores locais e as mudanças em seus ambientes: 1) Quinteros que são os atores locais envolvidos na atividade de hortas, muitas vezes localmente chamadas quintas; 2) Leñateros que são os atores locais envolvidos na extração, consumo e venda de lenha; e 3) Os junqueros que são os atores locais envolvidos na extração e uso de “junco gigante” (junco). Ressaltam que durante esses estudos ficou evidente nas entrevistas que diferentes variáveis ambientais (naturais e culturais) foram interpretadas como situações de mudança pelos informantes com impacto em suas próprias atividades, muitas vezes não sendo estabelecida a diferença entre mudança natural e mudança cultural, alguns usando categorias semelhantes ao do pesquisador e outros diferentes.

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