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MANUAL DO PORTE VELADO Fundamentos, Técnicas e Equipamentos que incorporam o uso velado de arma de fogo. JEFFERSON PETERSEN GARCIA DE GODOY 2 MANUAL DO PORTE VELADO Fundamentos, Técnicas e Equipamentos que incorporam o uso velado de arma de fogo. 3 A ÓTICA SOBRE O PORTE VELADO DE ARMA DE FOGO Jefferson Petersen Garcia de Godoy 4 Dedico este trabalho à minha esposa Greicy, que me aturou por dias atrás de um computador escrevendo este material, além de por vezes tirar minhas fotos e me ajudar a editar, às minhas filhas Lívia e Isis e a toda a minha família. Ao meu serviço como agente de segurança pública, o qual me deu suporte para a realização deste trabalho. 5 Aos Colaboradores da Obra: O trabalho que será apresentado demandou tempo e a união de forças e conhecimentos, dentro deste compêndio são apresentadas técnicas que juntas proporcionam o apoio necessário para o operador que utiliza arma de fogo veladamente, desta maneira não seria possível sua realização sem o apoio de algumas pessoas, diante disso que faço os agradecimentos aos meus amigos e colaboradores desta obra: A José Aparecido Silva (SubTenente do 11º BPM), que com suas instruções e conhecimentos ajudaram a dar corpo a este material, com participação direta nas discussões para a inclusão das técnicas apresentadas; A Brunno Martinez Bozzi (Tenente da PM2), o qual deu o pontapé inicial com o interesse deste escritor no que se refere a material teórico sobre porte velado, além da participação nas escolhas em parte das modalidades de porte apresentadas; A Marlon Flávio de Lima (Soldado do 11º BPM), o qual teve participação na elaboração de alguns pontos apresentados no material, bem como a apresentação do tópico “Porte de Bolso”. A Luciane Biondaro Peters (Cabo do 11º BPM), que além de realizar Revisão Ortográfica e Gramatical do material teve grande participação no que tange aos aspectos da Modalidade de Porte no Seguimento Feminino. A Bruno Cesar Sales (Soldado do 5º BPM), o qual de maneira bastante profissional teve participação crucial na elaboração e complementação dos tópicos que tangem à Limpeza do Vestuário (Limpeza de Área), bem como aos que se referem à apresentação rápida do armamento diante de uma ameaça, em particular a “Speed Rock”. Autor da técnica apresentada por ele neste material como “Medley Drill”. A Rangel Barbosa da Cunha (Cabo do 5º BPM), profissional que dispensa apresentações, instrutor exímio de tiro, técnicas e táticas para confrontos armados. Neste compêndio teve participação direta nos tópicos que abrangem as áreas dos “não ortodoxos”, campo abrangente o qual é especialidade desse profissional. Responsável no Brasil pela disseminação de conhecimentos referentes à técnica “C.A.R. System”. Ao Revisor Técnico: Um grande agradecimento ao Revisor Técnico, que na época era chefe da PM3, o senhor Major Anderson Puglia, o qual de maneira bastante solícita contribuiu com uma revisão técnica deste material com apontamentos profissionais e pontuais. Foi um colaborador indispensável para que este conhecimento chegasse a todos os interessados pelo tema. A ele meu grande agradecimento. Ao Revisor Gramatical e Ortográfico: A Luciane Biondaro Peters (Cabo do 11º BPM), profissional na corporação e fora dela, formada em Letras pela Universidade Estadual do Paraná, a qual proporcionou a ela um excelente conhecimento sobre a área, culminando em uma revisão feita com maestria, meus agradecimentos. A G R A D E C IM E N T O S 6 Aos Colaboradores: Faço um agradecimento especial aos que na época eram Comandante e Subcomandante da Unidade em que sirvo, o Décimo Primeiro Batalhão de Polícia Militar do Estado do Paraná, respectivamente, Tenente-Coronel Júlio Cezar Vieira da Rosa e Tenente-Coronel Cleverson Vidal Veiga, excelentes comandantes, os quais gerem de maneira exemplar a referida unidade e me deram total apoio com minha ideia. E ao Tenente Lucas Cury Martins Marques, Comandante da P2 da Unidade, que sempre esteve pronto para atender as demandas auxiliando na área administrativa para a realização deste trabalho. Ao Fotógrafo: Walter Luiz Lucena Natalio, fotógrafo da Empresa Walter Natalio Fotografia, que engrandeceu este trabalho ao demonstrar com imagens as técnicas e expressões corporais, sendo grande parte das imagens realizadas num ambiente controlado criado em seu próprio escritório. E aos Figurantes: Faço um agradecimento aos meus colegas que participaram de forma voluntária na figuração sobre as técnicas que foram apresentadas em imagens no decorrer deste trabalho: A Luciane Biondaro Peters (Cabo do 11º BPM), a Raphael Rogenski de Melo (Cabo do 11º BPM) e a José Roberto Dias (Soldado do 11º BPM). Também na figuração, Bruno Martinez Bozzi (Tenente da PM2), Bruno Cesar Sales (Soldado do 5º BPM) e Victor Gonçalves Brum (Auxiliar de Instrução - Londrina PR). A G R A D E C IM E N T O S 7 SUMÁRIO PREFÁCIO ................................................................................................................................. 11 INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 12 CAPITULO I ............................................................................................................................... 13 DEFENDA-SE: PRINCÍPIOS NORTEADORES ...................................................................... 13 1.1 A VIOLÊNCIA ..................................................................................................................... 13 1.2 NÃO SEJA A VÍTIMA – REAJA .................................................................................. 14 1.3 POR QUE PORTAR UMA ARMA DE FOGO? .................................................................. 16 CAPITILO II: .............................................................................................................................. 18 FUNDAMENTO SOBRE O PORTE VELADO ........................................................................ 18 2.1 UTILIZE ROUPAS ADEQUADAS ............................................................................... 18 2.2 USE UM CINTO ............................................................................................................. 19 2.3 CALÇADOS COMPATÍVEIS COM A SEGURANÇA ................................................ 20 2.4 ARMA RESERVA .......................................................................................................... 21 2.5 COLDRES ....................................................................................................................... 22 2.5.1 COLDRES EM COURO ............................................................................................. 22 2.5.2 COLDRES EM NYLON ............................................................................................. 22 2.5.3 COLDRES EM NEOPRENE ...................................................................................... 23 2.5.4 COLDRES EM POLÍMERO ...................................................................................... 23 2.5.5 COLDRES EM KYDEX ............................................................................................. 23 2.5.6 COLDRES HÍBRIDOS ...............................................................................................24 2.6 TIPOS DE RETENÇÃO DOS COLDRES ..................................................................... 25 2.6.1 COLDRE/CORPO ...................................................................................................... 25 2.6.2 COLDRE /ARMA ....................................................................................................... 25 2.6.3 COLDRES COM RETENÇÃO DO TIPO PRESILHA .............................................. 26 2.7 O USO DE OUTROS COLDRES .................................................................................. 26 2.8 GO BAG – BOLSA DE PRONTO USO ........................................................................ 27 2.9 EXPOSIÇÃO DA ARMA ............................................................................................... 28 2.9.1 A POSIÇÃO FAVORÁVEL ....................................................................................... 28 2.9.2 OBSERVE A DISTÂNCIA ........................................................................................ 29 2.9.3 SINAIS DE ATAQUE ................................................................................................ 29 CAPITULO III: ........................................................................................................................... 31 TÉCNICAS DE PORTE VELADO DE ARMA DE FOGO ...................................................... 31 3.1 LIMPEZA DO VESTUÁRIO ............................................................................................... 31 3.1.1 TÉCNICAS COM APENAS UMA DAS MÃOS .............................................................. 33 8 A. PRIMEIRA TÉCNICA........................................................................................................... 33 B. SEGUNDA TÉCNICA ........................................................................................................... 34 3.1.2 TÉCNICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS DUAS MÃOS .............................................. 35 A. PRIMEIRA TÉCNICA........................................................................................................... 35 B. SEGUNDA TÉCNICA ........................................................................................................... 35 3.2 AS ROUPAS MAIS ADEQUADAS .................................................................................... 36 3.2.1 ESCONDIDA POR CASACO OU JAQUETA: ................................................................ 36 3.2.2 CAMISA OU CAMISETA FROUXA: .............................................................................. 37 3.2.3 CAMISA OU CAMISETA JUSTA: .................................................................................. 37 3.3 MODALIDADES DE PORTE .............................................................................................. 37 3.3.1 PORTE VELADO .............................................................................................................. 38 3.3.1.1 PORTE DIRETO: ........................................................................................................... 38 1) PORTE DIRETO NA LINHA LATERAL: ............................................................................ 39 A. PORTE “03 HORAS” ............................................................................................................ 39 B. PORTE “04 HORAS” / ”5 HORAS” ..................................................................................... 39 2) PORTE DIRETO NA LINHA DAS COSTAS: ...................................................................... 40 3) PORTE DIRETO NA LINHA FRONTAL ............................................................................. 41 3.3.1.2 PORTE CRUZADO ........................................................................................................ 41 1) CRUZADO LATERAL .......................................................................................................... 42 2) CRUZADO FRONTAL .......................................................................................................... 42 3.3.1.3 PORTE AXILAR ............................................................................................................ 43 1) INTERNO COM COLDRE ELÁSTICO ................................................................................ 44 3.3.1.4 PORTE DE BOLSO ........................................................................................................ 44 3.3.1.5 PORTE VELADO NO SEGUIMENTO FEMININO ..................................................... 46 3.3.2 PORTE SECRETO ............................................................................................................ 49 3.4 TÉCNICAS DE TIRO AO PORTE VELADO ..................................................................... 49 3.4.1 TIRO APROXIMADO ...................................................................................................... 49 3.4.2 TIRO DE REAÇÃO ........................................................................................................... 50 A. TÉCNICAS DE TIRO DE REAÇÃO .................................................................................... 51 1) TÉCNICAS DE SYKES E FAYRBAIN ................................................................................ 51 2) TÉCNICA DO FBI ................................................................................................................. 52 3) TÉCNICA DE BILL JORDAN .............................................................................................. 52 4) TÉCNICA SPEED ROCK (PEDRA RÁPIDA) ..................................................................... 53 1. BREVE EXPLANAÇÃO ........................................................................................................ 53 5) TEMPO VS FOGO VISADO E AS NOVAS TÉCNICAS .................................................... 54 1. VARIAÇÕES DA TÉCNICA ................................................................................................ 56 9 2. TÉCNICA “MEDLEY DRILL” .............................................................................................. 57 B. DISPAROS EM POSIÇÃO DE RETENÇÃO ....................................................................... 58 C. OS CUIDADOS COM A MÃO FRACA ............................................................................... 58 1) PRIMEIRA LINHA DE RACIOCÍNIO ................................................................................. 59 2) SEGUNDA LINHA DE RACIOCÍNIO ................................................................................. 59 D. POSICIONANDO A ARMA ................................................................................................. 60 1) PRÓS E CONTRAS ............................................................................................................... 61 3.5 POSIÇÃO SUL ..................................................................................................................... 61 3.6 POSIÇÕES E EMPUNHADURAS NÃO ORTODOXAS ................................................... 62 1) PRIMEIRA POSIÇÃO: .......................................................................................................... 63 2) SEGUNDA POSIÇÃO: .......................................................................................................... 65 3) TERCEIRA POSIÇÃO: .......................................................................................................... 66 4) QUARTA POSIÇÃO: ............................................................................................................. 68 3.6.1 CONTROLE DE RECUPERAÇÃO: ................................................................................. 68 3.6.2 O USO DAS TÉCNICAS NÃO ORTODOXAS ............................................................... 69 3.7 LANTERNAS NO USO VELADO ......................................................................................71 3.8 PAUSA PARA TREINAR .................................................................................................... 73 4.1 CONSCIÊNCIA SITUACIONAL ........................................................................................ 76 4.2 MENTALIDADE DE COMBATE ....................................................................................... 77 4.3 DIRETRIZ DO HOMEM CINZA ........................................................................................ 78 4.4 PROTOCOLO PMI ............................................................................................................... 79 4.5 IDENTIFICANDO AS VARIÁVEIS ................................................................................... 80 4.6 SITUAÇÕES EXTREMAS – PORTE VELADO ................................................................ 80 4.6.1 LUTA CORPORAL ........................................................................................................... 81 4.6.2 TREINAMENTO DE RETENÇÃO .................................................................................. 83 4.6.3 DISTÂNCIA DE RISCO ................................................................................................... 84 4.7 REAÇÕES EM SITUAÇÕES DE RISCO ............................................................................ 88 4.8 EFEITOS PSICOLÓGICOS ................................................................................................. 89 A. ESTRESSE: ............................................................................................................................ 90 B. OS EFEITOS: ......................................................................................................................... 90 C. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS EFEITOS: .......................................................... 91 D. EFEITOS VERIFICADOS - PESSOAS NÃO TREINADAS: .............................................. 91 E. EFEITOS VERIFICADOS - PESSOAS TREINADAS: ........................................................ 91 4.9 COMBATE VEICULAR ...................................................................................................... 92 4.9.1 OS PROCEDIMENTOS: ................................................................................................... 92 PRIMEIRO .................................................................................................................................. 93 10 SEGUNDO .................................................................................................................................. 93 TERCEIRO: ................................................................................................................................ 93 QUARTO: ................................................................................................................................... 93 QUINTO: .................................................................................................................................... 93 SEXTO: ....................................................................................................................................... 94 CAPITULO V: ............................................................................................................................ 95 PRECEITOS DO PORTE VELADO .......................................................................................... 95 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 101 COLABORADORES ................................................................................................................ 104 ANEXO I ..................................................................................................................................... 105 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 106 11 PREFÁCIO Estimado leitor: Este material objetiva fornecer um aporte aos operadores que, legalmente, tem a possibilidade ou a necessidade de portar uma arma de fogo de forma que possam estar bem preparados para as adversidades de um confronto armado sob o aspecto do porte velado. A fim de que este se torne um instrumento eficaz, faz-se necessário que o leitor possua o entendimento mínimo sobre os conceitos básicos de armamento e tiro pela razão que grande parte do conteúdo explanado a seguir demanda conhecimentos prévios da ferramenta de defesa em questão. No Capítulo I é apresentada uma explanação sobre a situação de violência na atualidade e o crescimento abrupto dos seus índices. Mostra claramente que existe razão suficiente para que o operador de arma de fogo se mantenha preparado para as adversidades geradas pela violência. Exemplifica os motivos pelos quais torna-se necessária a utilização da arma de fogo como ferramenta de defesa, além de motivar o leitor a não ser apenas mais uma vítima. No Capítulo II disserta-se sobre os fundamentos que precedem a utilização da arma de fogo no quesito porte velado, como, por exemplo, as vestimentas ideais, os coldres mais adequados a cada biótipo, assim como a consciência do operador ao portar uma arma de fogo em um ambiente público. No Capítulo III são expostas técnicas necessárias para o Porte velado de arma de fogo como a desobstrução de vestimentas e técnicas de porte aliadas ao saque da arma. Encontram-se também métodos de apresentação da arma para o disparo diante de ações a curtas distâncias, que são as situações mais frequentes no histórico de envolvimento de operadores em confrontos sob o aspecto do porte velado. Além de técnicas de controle da arma, posições não ortodoxas e ações sob baixa luminosidade. No capítulo seguinte IV, são apontadas a consciência e a estratégia como ferramentas para um maior suporte em ações de combate. Trata-se um pouco sobre as ações extremas por vezes necessárias e seus efeitos psicológicos. O operador é informado de que conhecendo os efeitos, a consciência necessária e as estratégias, terá condições de manter o controle a fim de melhorar suas ações em combate. Por fim, no Capítulo V, serão repassados ao leitor alguns preceitos ou “mandamentos” referentes ao Porte Velado de arma de fogo, os quais, se forem seguidos adequadamente, poderão trazer ao operador uma maior segurança no seu dia a dia com a sua arma, bem como em ações de confronto. 12 INTRODUÇÃO O presente trabalho visa abordar um tema muito importante para a sobrevivência de operadores de armas de fogo, mas que notadamente é relegado a segundo plano, inclusive nas instituições policiais: O Porte Velado de Armas de Fogo. O objetivo foi reunir conhecimentos voltados ao porte em trajes civis com a arma oculta, o que gera muitos problemas para o saque, como a dificuldade de acesso à arma, vestimentas que atrapalham, dentre outros que serão comentados. Para um entendimento profundo a respeito do assunto foi necessário trazer interpretações das muitas variáveis envolvidas, como as modalidades de porte, as roupas que podem auxiliar na dissimulação da arma, posições mais favoráveis para cada biotipo e várias técnicas de saque e apresentação da arma diante de uma ameaça iminente. É essencial a somatória da técnica, da tática e do preparo psicológico quando o assunto é o uso velado da arma de fogo, pois, normalmente, se o cidadão comum ou o profissional de polícia precisar sacá-la nessa condição, será quando estiver sozinho reagindo a uma ameaça, sem o apoio de outros colegas, por isso precisa estar muito mais preparado para agir de forma consciente e efetiva, sem titubear, buscando a melhor estratégia para se manter vivo. Os confrontos armados não podem ser tratados como uma ciência exata, pois estão ligados diretamenteao comportamento humano, que é extremamente imprevisível, porém, demonstraremos que o treinamento continuado é um importante diferencial para essas situações extremas, pois não há tempo para raciocinar e a memória motora é imprescindível para gerar um movimento de qualidade e propiciar a autodefesa adequada. O homem é um ser violento por natureza, mas existem os cidadãos de bem que conseguem controlar esse ímpeto. Para aqueles que não conseguem e enveredam para o caminho do crime, atacando quem deseja viver em paz, existem os dispositivos legais que permitem a legítima defesa. Então, seja consciente dos perigos, se prepare, treine, e, diante das adversidades, reaja adequadamente e salve a sua vida e de seus entes queridos! 13 CAPITULO I DEFENDA-SE: PRINCÍPIOS NORTEADORES Para dar início a este trabalho, a busca por estar bem preparado, estar pronto para as adversidades, estar inexorável diante do mal, entenda as razões pelas quais o cidadão de bem deve se defender. As razões são intrínsecas ao meio em que se vive, se o meio é violento, defenda-se. É necessário a busca pela paz, mas também há de se estar preparado para lutar se for preciso. Seguem algumas razões fundamentadas em dados reais as quais buscam motivar o operador a estar preparado, no intuito de defender-se e defender sua família, para reagir de forma correta e não se tornar apenas mais uma vítima. 1.1 A VIOLÊNCIA • No ranking mundial de violência o Brasil apresenta taxas de homicídios superiores às registradas em zonas de guerra. R7 Internacional, 2018. Disponível em: <https://noticias.r7.com/internacional/em-ranking-mundial-de-homicidios- brasil-ocupa-13-lugar-20072018> Acesso em: 08 de mar. de 2020; • Onde 10% dos homicídios do mundo acontecem no Brasil. Congresso em Foco, 2017. Disponível em: https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/brasil-e- responsavel-por-10-dos-homicidios-do-mundo-sendo-que-jovens-e- negros-foram-maiores-vitimas/ Acesso em: 08 mar. 2020; • E ainda segundo a Organização Mundial da Saúde todos os dias 123 pessoas morrem vítimas por arma de fogo no Brasil. Toda Matéria, 2019. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/violencia-no- brasil/> Acesso em: 08 de mar. de 2020; • No mapa da violência de 2016, apontou que a quantidade de vítimas por arma de fogo cresceu 592,8% entre 1980 e 2014. Toda Matéria, 2019. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/violencia-no- brasil/> Acesso em: 08 de mar. de 2020; • A cada 09 minutos uma pessoa foi assassinada no Brasil em 2015. G1 São Paulo, 2016. Disponível em: <http://g1.globo.com/sao- paulo/noticia/2016/10/uma-pessoa-foi-assassinada-cada-9-minutos-no- brasil-em-2015-diz-estudo.html> Acesso em: 09 de mar. de 2020; • Em 2016 61.619 brasileiros foram vítimas de homicídios. UOL Internacional, 2017. Disponível em: < https://noticias.uol.com.br/ultimas- https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/brasil-e-responsavel-por-10-dos-homicidios-do-mundo-sendo-que-jovens-e-negros-foram-maiores-vitimas/ https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/brasil-e-responsavel-por-10-dos-homicidios-do-mundo-sendo-que-jovens-e-negros-foram-maiores-vitimas/ https://congressoemfoco.uol.com.br/especial/noticias/brasil-e-responsavel-por-10-dos-homicidios-do-mundo-sendo-que-jovens-e-negros-foram-maiores-vitimas/ 14 noticias/afp/2017/10/30/brasil-registra-61619-assassinatos-em- 2016.htm> Acesso em 09 de mar. de 2020; • No Ranking Mundial da Violência, em 2014 o Brasil se encontrava em 16º Lugar. Já em 2018 segundo a própria OMS o Brasil se encontrava em 9º Lugar como o país mais Violento do Mundo. R7 Internacional, 2018. Disponível em: < https://noticias.r7.com/cidades/brasil-e-o-9-pais- mais-violento-do-mundo-segundo-a-oms-17052018> Acesso em 09 de mar. de 2020; • Segundo pesquisas realizadas, o Brasil apresenta a terceira maior Taxa de Roubos na América Latina. Olhar Direto, 2013. Disponível em: <https://www.olhardireto.com.br/noticias/exibir.asp?id=347640¬icia=b rasil-tem-a-terceira-maior-taxa-de-roubos-da-america-latina-diz-pnud> Acesso em: 09 de mar. de 2020. Os dados acima servem para demonstrar de maneira bastante simplificada como o cidadão de bem é vulnerável diante das violências humanas. Serve para mostrar o quanto é necessária a prática da legítima defesa a fim de não perder sua própria vida ou a vida das pessoas próximas. Diante disso ter uma arma de fogo para exercer seu direito de defesa é fundamental. Mais do que ter uma arma para proteção é necessário saber utilizá-la, de forma técnica e tática, estar bem preparado faz toda a diferença, caso contrário a ferramenta cujo objetivo é a proteção poderá causar transtornos. Estudar sobre o comportamento humano, especificamente os indicadores comportamentais que precedem atos de violência, auxilia o operador na identificação e prevenção de ações violentas contra si mesmo e contra seus familiares. Saber quem são suas ameaças, como agem, quais comportamentos indicam possíveis atos de violência iminentes. Teorias sobre análise comportamental, como a de Cesare Lombroso, ainda que antigas, ajudam o operador a interpretar o meio de forma mais técnica e estratégica, fazendo com que se antecipe às ocorrências, prevaleça, supere e mantenha-se vivo diante das ameaças. Estes dados foram apresentados em inúmeros sites de estatísticas encontrados facilmente na internet (referenciados na bibliografia), os quais apresentam fundamentos em suas pesquisas e levantamentos. A realidade assusta até mesmo os mais bem preparados haja vista que o medo natural do ser humano e quase que universal é a violência cometida por parte de outro ser humano. 1.2 NÃO SEJA A VÍTIMA – REAJA A arma de fogo equipara pessoas fisicamente opostas, diminui grande parte das ameaças, ou uso de força do oponente, muitas vezes sem nem mesmo que o operador tenha que apertar o gatilho. Por isso da defesa no uso técnico desta ferramenta. Não seja mais uma vítima, reagir de forma técnica, tática e legal pode mantê-lo longe das estatísticas de morte. 15 Grandes pensadores do passado já deixaram claro em suas palavras a necessidade da autodefesa, do uso da força em busca da paz, da realização de ações que impeçam o mal de acontecer, pois quando o cidadão de bem se omite ou se acovarda diante de uma ameaça, os que vivem à margem da lei prevalece e a violência aumenta. “Onde não houver escolha entre a covardia ou a violência, aconselharei a violência” Mohandas Karanchand Gandhi (1869- 1948) (Mahatma Gandhi) Gandhi foi uma das pessoas que mais buscou a paz, e mesmo assim observou que por vezes a violência controlada faz-se necessário. “Meias medidas perdem todas as guerras” Napoleão Bonaparte (1769-1821) Um dos maiores estrategistas do mundo, percebeu que, em outras palavras, não ser extremo em suas ações pode fatalmente levar o operador a morte. “O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer.” Albert Einstein Um dos maiores pensadores de todos os tempos, o qual viveu em uma época difícil para toda a humanidade, durante suas reflexões pode perceber o prejuízo à sociedade quando os bons se calam diante dos maus, pois o fato de não reagirem só motivam ainda mais os atos violentos contra a nossa própria espécie. Tenha capacidade de se proteger, para que em momentos extremos possa proteger a si mesmo e proteger seus entes queridos. Partindo do pressuposto que você foi impedido de ter sua ferramenta de defesa por uma legislação que não pensa em você como um cidadão de bem, mas pensa apenas na própria máquina estatal, e, em alguma ocasião venha a sofrer um ato de violência, porém, atrás de você está um policial à paisana, engajado em fazer o bem e imbuído por força de lei a agir em momentos como esse, capacitado profissionalmenteem ações e reações com arma de fogo, o criminoso que está cometendo o ato de violência está acostumado a tirar as vidas de suas vítimas sem temer as consequências. O que você gostaria que o bom policial fizesse? Pense bem nisso, seja você o operador capacitado e imbuído em lutar contra o mal, não dependa da sorte de ter alguém para te proteger. Para que as reações surtam efeito diante de uma ameaça nada melhor que uma ferramenta como a arma de fogo para sua proteção e de sua família, pois como dito anteriormente, esta ferramenta deixa as pessoas em pé de igualdade. Nesta linha é que vem o próximo tópico. 16 1.3 POR QUE PORTAR UMA ARMA DE FOGO? Os marginais estão bem armados e colecionando vítimas, você quer ser a próxima? Pensando nisso, serão apresentadas algumas razões pelas quais escolher portar uma arma e saber utilizá-la se tornará um item inquestionável: É melhor ter uma arma de fogo do que precisar e não ter. Ao se deparar com uma ameaça motivada em tirar a sua vida, dificilmente você terá tempo para esperar que alguém o salve. É melhor ter um objeto de defesa na mão do que um policial ao telefone. Arma é objeto de defesa. A polícia não é onipresente, o tempo que leva, em média, para uma viatura policial chegar até a sua casa quando você estiver sofrendo uma violência é bem maior do que o tempo que o agressor leva para tirar a sua vida. Armas salvam vidas. Apesar de frequentemente associadas a homicídios e acidentes, é possível estimar que as armas de fogo salvem mais vidas como objetos de defesa do que de ataque. Para se ter uma arma é necessário saber utilizá-la. Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas. 17 Um povo armado dificilmente será subjugado por governos ditatoriais. Quando existem mais armas nas mãos de cidadãos de bem, políticos ditadores pensam duas vezes antes de impor suas ideologias, pois as pessoas conseguem se proteger contra o mal, nem que seja usando a força. Mulheres armadas e com capacidade de utilizá- la não são estupradas. Uma mulher armada e que sabe utilizar sua arma tem condições plenas de se defender de pessoas muito maiores que ela mesma, tendo em vista que a arma de fogo acaba anulando grande parte das ameaças. Fazendo uma analogia: Armas são como nossas blusas. Quando se usa uma blusa não se busca acabar com o frio, apenas se proteger dele. Quando se coloca uma arma na cintura não se busca acabar com a violência, mas se proteger dela. Tenha isso em mente, armas de fogo no contexto tratado neste material são objetos de defesa. 18 CAPITILO II: FUNDAMENTO SOBRE O PORTE VELADO 2.1 UTILIZE ROUPAS ADEQUADAS Não deixe que o seu último pensamento seja “Maldita Camiseta”. Instrutores de Tiro e TCA (táticas de confrontos armados) enfatizam o preparo mental quando treinam aspectos sob confrontos armados, e ao sair de casa com suas roupas civis não é diferente, neste momento a vestimenta que se está utilizando faz parte de seus equipamentos, sendo assim, faça algumas anotações mentais: Que tipo de roupa está vestindo? Está cobrindo adequadamente sua arma ou é curta e acaba deixando à mostra a coronha? É justa tornando evidente o volume de sua arma, sua silhueta? Inibe a tentativa do acesso da ameaça à arma? Dentre outras variáveis. Ao decidir portar uma arma deverá estar disposto a mudar seu guarda roupa, agora você tem uma ferramenta que, num ato mal pensado, poderá lhe custar a vida. Assim, para que possa ter um mínimo de segurança, o operador deverá entender que camisetas justas ou curtas demais já não lhe são mais úteis, que shorts moles ou que não possibilitem o uso de cintos não irão auxiliar, que se suas roupas não lhe trazem o suporte ou segurança necessários estão erradas. A escolha de portar uma arma muda o seu cotidiano, a qualquer momento poderá se deparar com situações extremas, com resultados fatais. Desta maneira deve-se estar sempre preparado, e o operador só estará pronto se suas roupas estiverem de acordo com as suas necessidades. Tenha e utilize calças ou shorts que fiquem bem presos ao corpo, que possam sustentar o peso da arma e que suportem uma cinta, ou que prendam o coldre à sua cintura. Camisetas ou camisas mais largas podem camuflar a utilização de uma arma, bem como facilitar a desobstrução e o acesso à mesma. Utilize cinta, calçado fechado e bem preso aos pés. Utilize um coldre que tenha retenção adequada e que se prenda bem à roupa. Se misture ao ambiente, não chame a atenção, chamar a atenção demasiadamente poderá direcionar ameaças contra você, pois existem bandidos que buscam 19 oportunidades de subtrair uma arma de um operador distraído e por consequência a sua vida. Seja um “homem cinza” no ambiente. Ao utilizar uma blusa ou casaco faça de maneira fechada. Quando aberto as pontas poderão enroscar-se na arma durante o saque, para evitar que isso ocorra, dentre as técnicas de desobstrução da vestimenta há uma que poderá auxiliar o operador, a qual será apresentada logo abaixo. Porém, enquanto fechado, possibilita que a técnica de desobstrução de vestimenta seja, por exemplo, uma das mesmas apresentadas nos tópicos a seguir, quando se usa uma camiseta, em que a mão fraca cruza o corpo, apanha a borda da vestimenta onde está posicionada a arma, puxa em direção à parte superior do peito, com a mão forte saca a arma e apresenta em direção à ameaça, quando em posição alta de apresentação da arma, fecha a empunhadura com as duas mãos. Agora se for utilizar a jaqueta aberta, existe mais uma ferramenta para a caixa do operador consciente, uma técnica que minimiza as chances de acidentes no momento do saque: Estando a jaqueta aberta, no caso de operador destro, deverá com a mão fraca apanhar a ponta da jaqueta que está à esquerda, puxar esta ponta na mesma direção, desta maneira, estará liberando o lado da arma, neste exemplo, o lado direito, retirando a obstrução da blusa; o segundo passo é acessar a arma que pode ou não estar obstruída por uma camiseta, e no movimento de apresentação da arma (posição 04) soltar a ponta da blusa que está na mão fraca e fechar a empunhadura com as duas mãos 2.2 USE UM CINTO Este tópico, tanto quanto os demais, faz-se necessário, pois o uso de um cinto em suas calças ou shorts proporcionará a segurança necessária para que sua arma fique bem presa ao corpo, para que quando estiver velada a arma não caia ao chão, tendo em mente que suas roupas por si só não detém a retenção necessária para segurar seu coldre ao corpo, o qual poderá vir a sair junto com a arma 20 quando precisar sacá-la, ou quando precisar correr com ela vir a derrubá-la ao chão. Esses são apenas alguns exemplos do que pode acontecer se não usar um cinto. E ainda um adendo, use um cinto de qualidade, ou este poderá rasgar- se ou quebrar a fivela durante o saque da arma, deixando-o em desvantagem em um confronto. Esteja preparado. Sem o cinto, as chances de o operador sacar a arma com o coldre são muito grandes, e se isso acontecer não conseguirá acessar o gatilho, por consequência, não conseguirá utilizá-la. 2.3 CALÇADOS COMPATÍVEIS COM A SEGURANÇA Seguindo o mesmo princípio de utilizar roupas adequadas vem a utilização de um calçado adequado. Ele deverá lhe trazer segurança. Use um sapato, um bom tênis, um coturno, mas não saia de chinelo. Este é para estar em casa, que é sua zona de conforto, um ambiente relativamente seguro. Das portas de sua casa para fora saia preparado. Cito um exemplo vivenciado por este escritor: Ao atender uma situação de homicídio, verifiquei ao chegar no local, um jovem já em óbito. Ele estava calçado com chinelos, com os pés feridos, principalmente o polegar, foi morto com disparos à queima-roupa, sendo um na palma na mão direita,como quem estaria defendendo o rosto. Testemunhas relataram que a ameaça apareceu de repente, que o jovem 21 tentou correr para se abrigar, e quando estava chegando a um local relativamente seguro, por estar de chinelo, tropeçou no asfalto, feriu seu dedo e caiu, assim a ameaça conseguiu alcançá-lo, e ele foi executado tentando se proteger. Isso retrata exatamente o que este tópico tenta repassar, use um calçado adequado, que lhe traga segurança, pois se o jovem da situação acima estivesse com um calçado compatível com a sua segurança, provavelmente teria conseguido fugir. 2.4 ARMA RESERVA O uso de armas reservas sempre foi difundido em organizações de segurança, deve-se sempre considerar que a arma principal pode falhar. No uso velado, tão importante quanto portar uma arma é considerar o uso de uma arma reserva, carregadores adicionais e uma faca junto ao operador, pois situações extremas podem acontecer e este deverá estar preparado para tudo. Existem situações em que o operador sob o efeito de ações psicológicas pode descarregar sua arma em questão de segundos. Assim, considere o uso de uma arma reserva ou pelo menos um carregador adicional. Cito mais um exemplo que aconteceu com um agente de segurança pública para ilustrar este tópico: Estava o agente em seu carro com a namorada quando foram surpreendidos por dois assaltantes e colocados no banco de trás do veículo, a arma do agente estava no porta luvas. Os assaltantes, ambos armados, começaram a folhear a carteira do agente, iriam perceber a sua função, iriam questionar sobre sua arma e possivelmente tirariam a vida do agente e de sua namorada. Porém o agente, que estava portando uma arma back-up no tornozelo, esperou uma janela de oportunidade, sacou sua arma reserva e, com segurança e destreza, conseguiu neutralizar as duas ameaças. O resultado poderia ser outro se o agente não estivesse com sua arma reserva. Situações extremas geram ações extremas, ao iniciar os disparos as munições podem acabar rapidamente, sendo assim, ao realizar disparos utilize como norma a recarga tática, retire o carregador utilizado e coloque um carregador pleno, para que, ao se iniciar um novo confronto, o operador esteja em condições totais de responder à ameaça. Seja estratégico, seja eficiente, esteja pronto. 22 2.5 COLDRES O operador de arma de fogo muitas vezes tem apenas uma preocupação ao utilizar uma arma, tê-la próxima ao seu corpo. Esquece que um operador técnico e experiente pensa também em que tipo de coldre irá utilizar para portar sua arma. Portar a arma sem um coldre decente poderá acarretar prejuízos ao operador, pela oxidação da arma, exposição do gatilho, mal posicionamento da arma, riscos de queda, variação de posição da arma, um disparo acidental no próprio corpo, dentre outros. Um bom coldre defensivo deverá cobrir o gatilho, a parte mais sensível da arma, uma vez que oferece certo risco ao operador. Além da comodidade, conforto e proteção que um bom coldre velado trás no porte de sua arma ele também protege contra os desgastes da oxidação que o suor e as intempéries podem causar ao armamento. 2.5.1 COLDRES EM COURO Os coldres mais tradicionais são confeccionados em couro: Prós: Proporcionam segurança e conforto se feitos com couro adequado, os confeccionados em couro de cavalo são os mais duradouros e resistentes. Podem ser forrados ou não. Contras: Coldres em couro de má qualidade podem deformar e acionar o gatilho, podendo fazer a arma disparar no próprio operador. Quando forrados podem acumular umidade, o que pode oxidar a arma mais rapidamente. 2.5.2 COLDRES EM NYLON Prós: Podem ser uma excelente opção no conforto além de serem relativamente mais baratos que os demais coldres. Contras: São mais volumosos e tendem a perder suas formas com o tempo. Quando não possuem retenção externa não deixam a arma firmemente presa. 23 2.5.3 COLDRES EM NEOPRENE Prós: Apresentam bastante conforto ao operador e são facilmente encontrados no mercado nacional. Contras: Se desgastam muito rapidamente para quem usa diariamente, deixando caro no custo benefício. 2.5.4 COLDRES EM POLÍMERO Prós: Geralmente feitos com materiais resistentes, deixam a arma bem posicionada no corpo e permitem o saque rápido e a possibilidade de recoldrear a arma, além de possuírem boas presilhas de fixação na cintura. Contras: Perde muito no conforto por ser mais rígido que os demais, além de ser fabricado para modelos específicos, o que deixa seu uso limitado apenas à arma que foi destinada a ele. 2.5.5 COLDRES EM KYDEX Prós: Mais confortável em relação ao polímero. Por ser um material termo moldável pode ser customizado, além de trazer o benefício de uma boa retenção no guarda mato. Grande parte dos modelos de coldres produzidos com este material utilizam-se de presilhas customizadas e modernas oferecendo boa retenção do coldre ao corpo. Atualmente é o coldre mais indicado para o uso velado, apresenta boa tecnologia em relação aos demais. São inúmeras variações de modelos, cores, medidas, etc. Contras: O que o operador deve ter em mente é que o coldre precisa ser funcional, não adianta algo bonito em cima do guarda-roupas. 24 Como a intenção desta obra é proporcionar mais segurança ao operador que estiver disposto a portar uma arma de fogo veladamente, buscamos dentre os fabricantes deste modelo de coldre um que atendesse a critérios objetivos, como: qualidade, boa tecnologia, praticidade, retenção, boa resposta em um combate. Desta maneira, para facilitar o acesso deste tipo de material por um maior número de policiais, há empresas dispostas a fomentar a utilização desta tecnologia, como a empresa que está referenciada no tópico “colaboradores” do livro. No referido tópico serão disponibilizados meios que facilitem o acesso. A Referida empresa desenvolveu coldres em Kydex com uma tecnologia diferente dos demais oferecidos no mercado, uma evolução que possibilitou ao operador realizar uma empunhadura mais firme e estável do momento em que ele coloca a mão na arma na linha da cintura até o momento de apresentá-la para a ameaça, essa inovação reduziu medidas, por consequência o peso, ganhando destaque na empunhadura da arma. Também modificou a estrutura de seus coldres a fim de deixar a arma mais velada sem ter que aumentar os adereços nos coldres como clips adicionais redutores de volume. Essas e outras evoluções fizeram com que os coldres desta empresa fossem apresentados nas fotos deste manual. 2.5.6 COLDRES HÍBRIDOS São coldres que misturam diferentes materiais, como couro e polímero, Kydex e polímeros variados. Prós: Mesclando materiais existe a possibilidade de aliar apenas as qualidades de ambos, oferecendo ao operador conforto e tecnologia. Contras: Se mal fabricados não servem para o uso operacional, ficando apenas para uso estético. 25 2.6 TIPOS DE RETENÇÃO DOS COLDRES 2.6.1 COLDRE/CORPO A retenção que segura o coldre ao corpo é de extrema importância, por um motivo bastante simples, se o coldre sair junto com a arma no momento da apresentação, irá impossibilitar o acesso ao gatilho da arma, como foi mencionado em tópico acima. Basicamente é o aparato fixado ao coldre em forma de presilha que momentaneamente fica fixado à cinta ou à vestimenta do operador. 2.6.2 COLDRE /ARMA O que você prefere, segurança ou rapidez? São muitos os agentes de segurança mortos com sua própria arma por que esta não estava bem presa no coldre, igualmente grande é o número de agentes mortos que não conseguiram sacar a arma do coldre por causa da retenção. É possível encontrar no mercado coldres com vários tipos com retenção: Temos do tipo com presilha, como nas fotos acima, por pressão, como nos casos dos coldres em Kydex, além de outrosmais variados, sendo que alguns oferecem mais firmeza e segurança que outros. Os sistemas por pressão são a melhor opção, pois proporcionam uma boa firmeza da arma no coldre e ainda assim, um saque rápido, pois, se iniciado corretamente, com uma pegada na arma de forma firme, compreendendo toda a coronha, irá introduzir força adequada para retirá-la e apresentar diante de situações extremas. O sistema de retenção do tipo presilha, diferente do sistema de pressão, dificulta o saque, pois a arma estará presa no coldre e só será liberada após o operador soltar a presilha. Se por um lado oferece maior segurança por permitir que a arma permaneça bem presa, por outro lado, diante da necessidade, pode demandar mais tempo e habilidade do operador para a realização de saque. É necessário pensar bem antes de realizar esta escolha 26 A retenção que prende a arma no coldre é escolha do operador, porém este deverá conhecê-la minimamente. No tópico abaixo será tratado mais especificamente este assunto. 2.6.3 COLDRES COM RETENÇÃO DO TIPO PRESILHA Um coldre velado com retenção forte, do tipo presilha, é uma excelente opção para manter o controle da arma com o operador, como já foi dito, mas não substitui a consciência. Como um colete balístico, o coldre com retenção lhe dará uma segunda chance em casos como tentativa de arrebatamento da arma na cintura, esta segunda chance pode ser o suficiente para o operador prevalecer. Agora, para portar a arma em um coldre com retenção do tipo presilha o operador precisa estar pronto para desabilitar esta retenção o mais natural e rapidamente possível, pois a inobservância desta retenção na hora do saque pode-lhe custar a vida, da mesma maneira como uma arma travada ou incidentada no momento do confronto. Ao utilizar um coldre com retenção o conheça bem, saiba desabilitar a retenção sem olhar para ela, seja rápido, eficiente e eficaz, treine o máximo possível, para que em um momento extremo não morra com a arma no coldre, tendo em mente que em momentos de extremo estresse sua coordenação motora fina já não funciona normalmente, e desabilitar uma presilha pode ser extremamente trabalhoso para o operador destreinado. 2.7 O USO DE OUTROS COLDRES O uso de pochetes ou outros coldres que retirem sua arma de pronto uso, devem ser evitados. Porém, se este for o seu último ou único recurso, deve-se fazê-lo depois de muito treinamento de saque e apresentação da arma. Como citado acima, a arma nestes tipos de coldres não 27 estaria em pronto uso, isso significa um tempo maior de resposta. Ao utilizar um coldre apartado do seu corpo há de se utilizar as janelas de oportunidade, as quais nem sempre aparecem. Porém, ao se deparar com uma situação de vida ou a morte, buscar uma janela de oportunidade a todo custo não fica difícil, nem que a janela de oportunidade tenha que ser criada, para tanto é necessário interpretar, simular, mentir, lutar. 2.8 GO BAG – BOLSA DE PRONTO USO “Esteja preparado para qualquer eventualidade”, esta pequena frase torna- se repetitiva neste trabalho, mas não perde seu valor em nenhuma das vezes. A “Go Bag” seria uma bolsa tática, uma bolsa de pronto uso, onde o operador carrega materiais necessários em caso de uma situação extrema. A bolsa deve ser feita com material resistente, e deve ser carregada com equipamentos práticos, como materiais de primeiros socorros, torniquete, algema para efetuar a prisão de um suspeito, canivete ou faca tática, uma boa lanterna para eventuais ações sob baixa luminosidade, um carregador sobressalente para a arma de porte, uma quantia de retinida (corda prática e resistente), além de outros materiais que possam lhe oferecer suporte em situações difíceis. Não precisa ser grande, mas precisa ser prática. 28 2.9 EXPOSIÇÃO DA ARMA Ser morto com a própria arma nem de longe é a melhor maneira de morrer, infelizmente muitos agentes de segurança, já sofreram este tipo de morte, por inúmeros motivos. Expor a sua uma para terceiros é uma delas, diante disso seja consciente. A consciência, revestida de uma prevenção adequada, seja talvez o melhor método para se evitar morrer com a própria arma, ou até mesmo evitar de se colocar em perigo. O operador deve estar ciente de como sua arma está exposta ao inimigo e identificar sinais de ataque por parte de alguma ameaça. 2.9.1 A POSIÇÃO FAVORÁVEL O operador deverá ser cauteloso ao transportar sua arma de forma velada, mesmo que coberta por suas roupas, deixá-la em direção a um potencial assaltante é um convite a ser evitado. 29 Faça com que a sua arma sempre esteja em direção segura, saiba onde ela está posicionada em seu corpo e a oponha diante de qualquer um que levante suspeitas, deixe-a o mais longe possível das mãos de um possível agressor, afaste a arma do perigo. 2.9.2 OBSERVE A DISTÂNCIA A vantagem de uma arma de fogo é que ela funciona de longe, diferente de uma faca, por exemplo. Uma vez que o operador diminui a distância entre ele e uma ameaça os riscos aumentam e o resultado de um combate aproximado pode ser a vida do operador levada por sua própria arma. Desta maneira, mantenha uma distância razoável entre você e uma possível ameaça a todo custo, a menos que não seja possível, como por exemplo um policial que terá que se aproximar da ameaça para realizar sua prisão, porém só faça isso quando tiver apoio de outros policiais. Para complementar, conheça suas habilidades, saiba em qual distância você poderia realizar um disparo de maneira rápida e efetiva sem efeitos colaterais, conheça a Regra de Tueller, apresentado em uma das referências deste material, conteúdo enriquecedor, a qual além de outras informações primordiais, auxilia para que suas ações não ofereçam riscos a pessoas que não estejam envolvidas no confronto, bem como minimiza os riscos do operador, diante das variáveis de uma ameaça. 2.9.3 SINAIS DE ATAQUE Outro aspecto a ser considerado é ler as intenções de possíveis suspeitos. Muitas vezes um assaltante, antes de uma ação extrema, irá demonstrar suas intenções, pode ser de tentar te desarmar, atacar, assaltar, etc. Preste atenção, procure comportamentos indicadores dessas intenções, como: - Observação da sua arma de fogo repetidas vezes, ou procura visual pela arma no seu corpo. - Movimentos que buscam diminuir a distância entre você e o suspeito. - Movimentos que indiquem que o suspeito está indo em direção à sua arma. - Perguntas impróprias sobre sua arma. 30 - Outros sinais que sugerem luta ou fuga: pés arrastando, ombros inquietos, aperto dos punhos, etc. Se vir alguém exibindo esses sinais, trate-o como uma ameaça iminente. A forma como o operador reage ao identificar uma ameaça determina diretamente o resultado final de um impasse. Para uma melhor interpretação dos comportamentos não verbais fica a dica de uma boa leitura para melhorar o conhecimento do operador nesta questão: “O corpo Fala: A Linguagem Silenciosa da Comunicação Não Verbal” de Pierre Weil. Um conhecimento que permite a interpretação de ações antes mesmo que aconteçam. 31 CAPITULO III: TÉCNICAS DE PORTE VELADO DE ARMA DE FOGO Antes de iniciar nossa temática “Modalidades de Porte” tem-se que pontuar algumas peculiaridades de suma importância quando o assunto é porte velado, transportar uma arma escondida representa um comprometimento importante no que se refere a utilização de sua arma como objeto de legítima defesa. Ocultar a arma gera por si só uma medida natural de dificuldade quando for sacá- la, pois para acessar a sua arma em uma situação de ameaça primeiramente você terá que desobstruí-la para então apresentá-la frente à ameaça, isso demandará tempo e habilidade para que o ato flua de maneira rápida, precisa e eficaz. Esomente o treinamento constante fará com que os movimentos do operador fluam de maneira sistêmica. 3.1 LIMPEZA DO VESTUÁRIO Vamos entender, você está trajando roupas normais do dia a dia, não está com seu coldre ostensivo, a arma está no interior da cintura em um coldre velado, está encoberta. Uma situação que demandará tempo e habilidade do operador para sacá-la, o qual deverá treinar para diminuir as frações de segundo entre desobstruir a arma da vestimenta, sacar e apresentar a arma a fim de aumentar as chances de se manter vivo em um confronto. Pois bem, umas das principais fases do saque velado é a limpeza da área de trabalho, isso precisa ficar bastante claro para o operador, as execuções dos movimentos devem ser amplas e até “exageradas”, pois sob estresse nossa coordenação motora fina fica prejudicada, perdemos a capacidade de realizar movimentos precisos. Desta maneira, quando treinamos de forma “exagerada”, as variáveis envolvidas acabam sendo isoladas, aumentando consideravelmente as chances de realização dos movimentos, garantir a correta limpeza do vestuário para que então sejam feitos os movimentos de empunhadura e saque da arma torna o treinamento mais eficaz. Uma outra ferramenta que auxilia o operador a isolar as variáveis da limpeza de área é a técnica em garra, esta poderá compor tanto a Segunda Técnica com apenas Uma das Mãos, como também a Primeira e a Segunda Técnica com as Duas Mãos, onde maximiza-se o contato da mão responsável pela limpeza com o tecido a ser retirado, também auxiliando a limpeza em casos onde haja outras camadas de tecidos (camisas, blusas, jaquetas, etc.), pois, como a área de tecido agarrada é ampla, a técnica acaba atendendo a várias configurações de vestimenta que podem compor o cotidiano do operador de arma de fogo. 32 Pode-se observar nas imagens que a mão de suporte agarra o tecido próximo da arma, seja qual for a técnica escolhida, forçando os dedos contra o corpo e fechando a mão agarrando o pano com firmeza e um certo nível de violência, levanta até o limite de elasticidade da vestimenta que está utilizando, ou até o ombro oposto, liberando assim a área de saque da arma. Nota-se que a técnica apresentada pode ser utilizada com inúmeras camadas de vestimenta e com diferenças na elasticidade, e mesmo assim, apresentar resultados satisfatórios para a realização segura do saque. Esta ferramenta é mais uma para compor com as demais que o operador necessita para que tenha segurança em utilizar uma arma de fogo na linha da cintura de forma velada, tendo em vista que esta técnica atende a um número grande de variáveis com relação a limpeza da área ou a limpeza de vestimenta. 33 Entenda que é necessário praticar o saque velado, o que não significa exatamente que tenha que ser um treinamento constante de prática de tiro, haja vista o seu caráter oneroso. O treinamento em seco representa 80% de toda a capacitação com arma de fogo, ficando assim apenas 20% com disparos reais. Desta maneira, se o operador investir um pouco de seu tempo todos os dias para treinar seu saque e apresentação da arma, mesmo que isso signifique poucos minutos diários, ele estará sempre muito bem preparado. Lembre-se, os disparos em seco são essenciais para a manutenção do seu treinamento, porém certifique-se que sua arma estará em condições de uso após sair desse ambiente controlado. Como já citado, a base do saque velado é a desobstrução da vestimenta. Para tanto existem duas linhas de pensamento para limpar o vestuário e desobstruir a arma. Na Primeira – preconiza-se a utilização de apenas uma das mãos. Já na Segunda – pressupõe-se a utilização das duas mãos para realizar a tarefa. 3.1.1 TÉCNICAS COM APENAS UMA DAS MÃOS A. PRIMEIRA TÉCNICA Esta primeira técnica segue os seguintes passos: o operador leva a mão de saque com os quatro dedos apontados em direção à arma, com o polegar esticado passe pela arma até chegar à borda do vestuário, utilize o polegar para levantar o vestuário e assim desobstruir a arma, retorne com a mesma mão até a coronha para realizar a empunhadura adequada com firmeza, realize o saque e utilize os passos de apresentação da arma de acordo com a técnica de tiro instintivo que optar. O problema desta técnica é que, se não realizada corretamente, o vestuário poderá voltar a obstruir a arma. Está técnica é utilizada quando o operador não quer chamar muita atenção quanto aos seus movimentos de sacar a arma, tendo em vista que ele estará movimentando apenas uma das mãos, e a outra pode estar parada, sem movimentos bruscos. Também pode ser utilizada quando um agressor está muito próximo ao operador, onde talvez será necessária a utilização da mão fraca para a proteção inicial, evitando golpes ou protegendo o rosto. 34 B. SEGUNDA TÉCNICA Na segunda técnica o operador utilizando a mão de saque busca o local da empunhadura com os quatro dedos esticados, alcança a borda do vestuário, agarra com firmeza, num movimento enérgico puxa a veste até a altura da axila e num movimento rápido retorna a mão de saque até a arma executando a empunhadura, o saque e a apresentação da arma. Os movimentos nesta técnica devem ser rápidos e exigem do operador bastante destreza e treinamento, as possibilidades de a vestimenta obstruir novamente a arma num caso de técnica mal realizada são muito grandes. Esta técnica, diferente da anterior, chama mais a atenção, pois os movimentos são mais enérgicos, porém é eficiente quando for necessário utilizar a mão fraca para uma defesa inicial de uma ameaça. 35 3.1.2 TÉCNICAS PARA A UTILIZAÇÃO DAS DUAS MÃOS A. PRIMEIRA TÉCNICA Nesta primeira técnica, segue os seguintes passos: utilizando a mão fraca cruze o corpo buscando a borda da vestimenta onde está portando sua arma, agarre as vestes com firmeza, levante-a com destreza e velocidade até desobstruir totalmente a arma, com a mão forte busque a coronha da arma, realize a empunhadura com firmeza e agilidade para que possa realizar o saque com velocidade e precisão, em seguida posicione a arma para o disparo de acordo com a técnica de tiro instintivo que a situação exigir. Os movimentos do operador devem ser precisos, a velocidade virá com o treinamento. B. SEGUNDA TÉCNICA A segunda técnica segue os seguintes passos: com as duas mãos agarre a borda da vestimenta onde está posicionada sua arma levantando-a até desobstruir totalmente o coldre, neste momento continue segurando as vestes com a mão fraca, solte a mão forte e busque com ela a coronha da arma para realizar uma empunhadura adequada e, em seguida, o saque e a apresentação da arma. 36 3.2 AS ROUPAS MAIS ADEQUADAS 3.2.1 ESCONDIDA POR CASACO OU JAQUETA: Esta vestimenta é larga, deixa a arma dissimulada, quase imperceptível aos outros, possibilita um acesso rápido e fácil à arma, pois o operador poderá puxá-la e facilmente desobstruir a arma, que devido ao casaco poderá estar por fora da camiseta interna. Porém ela só funciona quando a temperatura é favorável para o seu uso. Agora os cuidados com essas vestimentas, como não possuem uma elasticidade adequada, como são os casos de jaquetas jeans ou de couro muito apertadas, mesmo que o operador exerça muita força não conseguirá desobstruir a arma, pois são roupas muito resistentes. 37 3.2.2 CAMISA OU CAMISETA FROUXA: Essa vestimenta oferece um conforto adequado ao operador, pode-se usar quando o clima não está frio, e, semelhante ao casaco com boa elasticidade, a arma facilmente poderá ser acessada, com ressalvas para a utilização da técnica correta. Porém, a arma começa a ficar mais visível no corpo do operador, e na utilização da técnica errada a camiseta poderá enroscar na arma impedindo asua utilização. 3.2.3 CAMISA OU CAMISETA JUSTA: É o tipo mais comum de vestuário. Aumenta o nível de dificuldade para o saque tornando-o mais lento e trabalhoso, a arma fica ainda mais evidente no corpo do operador, demonstrando a possíveis ameaças que ele está armado. Basicamente, quanto menos roupas e quanto mais se esconde a arma, mais difícil é acessá-la, assim espera-se compromisso por parte do operador ao portar a arma. Carregar um coldre com uma arma de fogo no interior do cinto em sua cintura é uma grande responsabilidade. Ser consciente ao portar uma arma veladamente evita que ameaças percebam que o operador está armado e, por consequência, previne as possibilidades de tentarem tomar a arma ou algo ainda pior. No momento da necessidade de ação e utilização da sua arma, esteja preparado, pronto para reagir. Uma reação aceitável é aquela em que você sai vitorioso e ileso física, mental e legalmente diante de uma ameaça. 3.3 MODALIDADES DE PORTE O porte de arma de fogo pode ser classificado em duas categorias conforme grande parte dos teóricos da área: Porte Ostensivo e Porte Encoberto. Porém a temática deste trabalho irá focar apenas no que tange ao porte encoberto, deixando o ostensivo para uma próxima oportunidade. 38 OSTENSIVO ENCOBERTO O porte encoberto se subdivide em duas outras modalidades: Porte Velado e Porte Secreto. O porte secreto demanda mais tempo e habilidade para saque que o porte velado, sendo abordado de maneira mais específica na sequência. 3.3.1 PORTE VELADO Dando início a esta etapa serão apresentadas cinco variações do transporte e saque velado de arma de fogo, cada uma delas com suas peculiaridades e variações: porte direto, porte cruzado, porte axilar, porte de bolso e porte no seguimento feminino. 3.3.1.1 PORTE DIRETO: Porte de cintura para saque direto é uma das técnicas mais utilizadas quando o assunto é porte velado. Proporciona um saque rápido, contato direto com a arma e um conforto adequado ao transportá-la, cada uma de suas variações detêm boas características, porém esteja pronto quando escolher usá-las. Estar pronto significa repetição em treinamentos específicos de saque e apresentação da arma. 39 1) PORTE DIRETO NA LINHA LATERAL: A. PORTE “03 HORAS” Saque na linha onde normalmente localiza-se o coldre ostensivo, bem na lateral do corpo, no seguimento da mão forte. Esse saque é rápido e preciso. Porém, expõe demasiadamente o armamento, pois forma de maneira evidente a silhueta da arma no operador, além de ser o local mais comumente revistado por assaltantes. B. PORTE “04 HORAS” / ”5 HORAS” A arma fica posicionada na lateral da mão forte, logo atrás da linha das costas, bastante comum e confortável, a silhueta da arma fica bem ocultada pelo corpo do usuário. O saque é um pouco mais demorado. Deve-se redobrar os cuidados com as costas e dependendo do tipo de movimento e do tipo de roupa que se está usando, a coronha da arma pode vir a aparecer. Por outro lado, permite que, em casos extremos, se o operador perder o movimento da mão forte, ele possa acessar a arma facilmente com a mão fraca num movimento bastante discreto. Em complementação, existe uma variação pequena quanto ao espaço que a arma vai ocupar na cintura, que pode ser tratado como a posição em “4 Horas”, sendo um intermediário entre “3 Horas” e “5 Horas”. O que não pode vir 40 a acontecer é a arma ser acondicionada no centro da coluna, o que já seria tratado como uma outra modalidade de porte. 2) PORTE DIRETO NA LINHA DAS COSTAS: Conhecido também como “Porte Mexicano”, a arma fica posicionada na linha da cintura, bem ao meio das costas com a coronha voltada na direção da mão forte. Esta posição deixa o porte bastante dissimulado, quase imperceptível. Exige bastante preparo do operador, pois o saque é prejudicado por questões de distância e barreiras físicas do corpo tendo em vista que a arma está no ponto mais longe e de difícil acesso na cintura do operador. Da mesma maneira do porte “05 horas” deve-se redobrar os cuidados com as costas. 41 3) PORTE DIRETO NA LINHA FRONTAL O saque frontal é bastante utilizado por esportistas de Tiro Prático, usado em competições onde a ocultação da arma é um dos quesitos exigidos. A arma fica posicionada na frente do corpo em uma inclinação de 30 graus com a coronha voltada para a mão forte. Esta posição permite um saque extremamente rápido, é ideal em grandes eventos onde o operador terá que ter controle total de sua arma podendo, no caso de uma luta corporal, facilmente proteger sua arma de fogo, além de que o saque nesta posição é bastante discreto. Porém no caso de um assalto em que o operador seja surpreendido é um dos locais mais revistados. É também o local menos confortável ao porte, sendo indicada a utilização de uma camiseta fina por baixo das roupas para aumentar o conforto. 3.3.1.2 PORTE CRUZADO O saque cruzado apresenta duas variações, a lateral e a frontal. Porém é necessário salientar que ele é contraindicado pelos motivos apresentados na sequência. 42 1) CRUZADO LATERAL A arma fica posicionada na linha da cintura seja nas posições 3, 4 ou 5 horas, com a base da coronha voltada para frente. Esta forma caiu em desuso por vários motivos, sendo alguns deles: em uma luta corporal a ameaça poderá acessar a arma mais facilmente do que quem a porta; ao agressor perceber que o operador irá sacar a arma, é muito mais fácil realizar uma chave de braço; no saque para uma reação extrema o cano da arma fica momentaneamente voltado para o operador, trazendo riscos desnecessários ao mesmo; dentre outros motivos negativos para essa modalidade. 2) CRUZADO FRONTAL Este porte permite que a arma fique posicionada frente ao corpo mais próximo à mão fraca, com a coronha voltada para a mão forte, também numa inclinação de 30 graus em relação à mão que efetua o saque. Este é um porte de saque bastante rápido, permite um bom controle da arma, bastante descrição, porém como o porte frontal convencional é bastante desconfortável. 43 3.3.1.3 PORTE AXILAR O saque axilar e suas variações podem ser utilizados apenas com coldres e vestimentas específicas. Bastante utilizado por seguranças de dignitário assim como para outros serviços que necessitam do porte velado. É uma espécie de porte que traz bastante discrição e agilidade na hora do saque além de segurança e controle da arma, a qual fica posicionada próximo da axila fixada pelo coldre e pelos tirantes que o compõe. 44 1) INTERNO COM COLDRE ELÁSTICO O porte interno com coldre elástico faz parte do porte velado e não do secreto (conceito que será tratado adiante), pois seu saque não demanda muito trabalho como o secreto. Traz bastante conforto e praticidade, recomendado quando o operador não está utilizando roupas que permitam o porte na linha da cintura. Bastante utilizado para a prática de esportes. O tirante elástico com o coldre fica posicionado próximo da linha da cintura com a vestimenta superior cobrindo a arma. Esta pode ser acondicionada de acordo com a escolha do operador nas posições mencionadas acimas. É também um tipo de porte que demanda treinamento e cuidado, pois a obstrução será um pouco maior do que o convencional. 3.3.1.4 PORTE DE BOLSO Não é raro o número de agentes que possuem como uma segunda arma (backup) um revólver ou pistola de tamanho reduzido, e que, em determinados momentos, opte por usar essa arma como principal devido ao maior conforto de porte. O porte de bolso é uma opção válida para as armas reduzidas, as subcompactas, porém existem algumas considerações. O ideal é que a armanão tenha mais do que três polegadas de cano e, em caso de pistolas, seja de carregador monofilar, como exemplo a PT Taurus 740. 45 O uso de coldres específicos para este tipo de porte também é importante pois mantém a arma na posição correta de saque além de proteger o gatilho de ser acionado acidentalmente. Há ainda a possibilidade de que o bolso da vestimenta não aguente o peso do armamento. O coldre utilizado deve ser específico para este porte, pois deve-se seguir as especificidades de um bolso de calça ou shorts. Há ainda de se considerar o uso de uma calça ou bermuda que tenha um bolso grande o suficiente para portar sua arma com o coldre, que não possibilite, porém, que a arma saia da posição. Nesse caso, não se deve colocar no bolso outros objetos além da arma com seu coldre. Neste tipo de porte deve-se buscar o equilíbrio entre arma, coldre e bolso. Como toda a técnica de porte velado, também demanda bastante treinamento para que o operador tenha total controle dos movimentos e confiança do que está fazendo. 46 3.3.1.5 PORTE VELADO NO SEGUIMENTO FEMININO No porte velado, em via de regra, a arma deve fica junto ao corpo, geralmente na linha da cintura e acondicionada em um coldre de qualidade. Essas regras exigem certos padrões de vestimentas e, por esse motivo, encontram certas dificuldades no seguimento feminino. O fato é que a arma colocada junto ao corpo altera de maneira significativa a silhueta da mulher. Se a arma não for compacta dificulta a sua dissimulação, pois é inegável que o formato do corpo feminino é diferente do masculino. A operadora, ao andar armada, poderá utilizar as mesmas técnicas de porte que os homens, porém, frente à necessidade de portar a arma de maneira diferente da convencional, pode-se utilizar técnicas para minimizar os impactos negativos destas variações, as quais permitem portar a arma de fogo veladamente sem prejuízo à feminilidade da operadora. O uso de bolsas para o porte, apesar de certos riscos, pode ser considerado uma alternativa, porém com algumas restrições (lembrando que deverá ser evitado). A bolsa deverá ter um compartimento específico de acesso rápido para a arma de fogo, onde não haverá mais nenhum objeto junto a ela. Se houver recurso para tal, um coldre poderá ser incorporado à bolsa para facilitar o saque. Importante ressaltar que, para o acesso à arma, a operadora deverá treinar exaustivamente, tendo em mente que, em um momento de estresse diante de uma ameaça, há de se valer de uma “janela de oportunidade” a fim de sacar a arma de forma rápida, segura e eficaz. 47 A bolsa deverá ser suficientemente resistente para aguentar o peso da arma, confeccionada com bons materiais, bem como ter uma alça forte para aguentar uma puxada de um possível furto ou roubo. A operadora deverá ter atenção redobrada e responsabilidade ao portar a sua arma de fogo na bolsa, deverá tê- la sempre bem próxima ao corpo, podendo ser do lado direito ou esquerdo ao corpo, acondicionado de forma que possa defenda-la a todo custo, pois ali está seu objeto de defesa ou de sua morte. Deve-se lembrar que este é um tipo de porte para casos excepcionais, mesmo por que em um assalto, o primeiro item a ser solicitado pelos criminosos é a bolsa, e se não houver ou não for encontrada uma janela de oportunidade para a ação, a operadora poderá perder a sua arma e/ou a sua vida. Salientando que portar a arma de maneira que não seja junto ao corpo na linha da cintura em um coldre adequado demandará um tempo maior de reação e a peça fundamental para sair em vantagem em um confronto é justamente o tempo. Assim, a operadora que optar portar a arma em uma bolsa terá que trabalhar muito mais na capitulação (encenação) como uma estratégia de ataque, em outras palavras, terá que simular, interpretar, encenar, mentir, chorar, tudo a fim de ganhar tempo e segurança para sacar sua arma e agir dentro de uma janela de oportunidade diante de uma ameaça. 48 Embora o porte no seguimento feminino seja um assunto relativamente novo no nosso país e ainda poucas são as soluções que permitem um porte mais confortável e seguro às operadoras de arma de fogo, ideias estão sendo desenvolvidas. Uma boa opção para o porte velado, que preserva a silhueta da mulher bem como sua feminilidade, são os coldres que vêm sendo desenvolvidos por empresas Norte-Americanas, os quais estão ganhando bastante destaque em âmbito mundial. Nas últimas décadas lançaram no mercado coldres que moldam a arma junto ao corpo e mesmo assim possibilitam um acesso rápido e fácil à arma, excelente para o uso velado. Permitem um porte semelhante ao interno com coldre elástico. A única barreira encontrada para este material são os preços de importação, como se trata de um material exclusivo, ele só é encontrado nos Estados Unidos, e para ser entregue no Brasil acaba sendo um investimento consideravelmente alto. Porém experiências vivenciadas, mesmo com armas mais robustas, como a pistola calibre .40 24/7 da Taurus, demonstram que esta seria uma opção estratégica para a mulher consciente. A aquisição de armas compactas ou subcompactas também entram como um investimento a ser considerado, haja vista se tratar de armas menores, e, consequentemente, mais compatíveis com o biótipo feminino. Outra opção a ser considerada no seguimento feminino são algumas variações do porte secreto que serão tratadas a seguir. Uma dica para mulheres que utilizam a arma na linha da cintura (a regra), para diminuir a silhueta, é utilizar roupas com variação de cores, com desenhos, flores ou outras semelhantes. A mistura de cores dissimula a silhueta, é uma técnica de desfiguração utilizada pelos militares em batalha e pode tornar a identificação da arma no corpo da mulher mais difícil e demorada, dando tempo à operadora para agir (janela de oportunidade) contra uma ameaça. 49 3.3.2 PORTE SECRETO Utilizado quando a necessidade é de que o armamento suma aos olhos dos outros, que não esteja em locais óbvios e comumente revistados, o armamento não pode ser visto por motivos táticos e de segurança. Esse sistema de condução sacrifica a velocidade de saque em favor de passar despercebido, mesmo por que a arma secreta pode ter a função de arma reserva. Para tanto existem os coldres de tornozelo, uma das formas de porte secreto mais utilizado, pois traz certo nível de velocidade de saque. Existe também o porte acima do tornozelo, para o uso de botas com cano alto, neste caso aumenta o nível de dificuldade para o saque. O porte interno para as coxas, bastante utilizado por mulheres que usam vestidos e saias, também é possível, assim como a região do genital, onde pode-se realizar o porte de forma secreta, dependendo bastante do tamanho da arma. Existem inúmeras outras opções que podem ser feitas com ataduras, bandagens, coldres específicos, dentre outros, porém, com a característica singular do difícil acesso ao saque. A utilização do porte secreto ganha no quesito descrição, contudo, tenha ciência de que a arma não está pronta para ser empregada rapidamente em uma situação de ameaça. 3.4 TÉCNICAS DE TIRO AO PORTE VELADO 3.4.1 TIRO APROXIMADO Nos últimos tempos agências federais dos Estados Unidos vêm reestruturando todo seu regime de treinamento de tiro e de protocolos de treinamento com armas de fogo, padronizados com base em estudos os quais demonstraram que grande parte dos confrontos realizados por seus agentes ocorriam em distâncias de 2,5 metros a 7 metros. Perceberam que 75% dos confrontos envolviam suspeitos a menos de três metros de distância. Partindo destas pesquisas, toda 50 sua linha de treinamento alterou-se para iniciar com os tiros aproximados, na distância em que realmente acontecem os confrontos. No uso velado de arma de fogo
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