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Técnica e Equipamento Fotográfico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Mário Gustavo Coelho Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Equipamentos Fotográfi cos e Suas Percepções Sobre Luz Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz • Explorar a estrutura física dos equipamentos fotográficos e como a câmera entende a luz; • Compreender a aferição da reflexão da luz pelo cinza médio como mecanismo para o funcio- namento do exposímetro da câmera. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Os Tipos de Equipamentos Fotográficos e suas Estruturas; • A Exposição da Luz; • Introdução ao Exposímetro da Câmera; • O Cinza Médio e o Volume de Luz; • Cenas Claras, Escuras e Meio Tom. UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Os Tipos de Equipamentos Fotográficos e suas Estruturas Existem muitos tipos de equipamentos fotográficos à disposição para os fotógrafos contemporâneos. O desenvolvimento das tecnologias amplia cada vez mais as possibilida- des e tipologias de equipamentos e, deste modo, é importante que seja de conhecimento do profissional esta vasta gama para a escolha correta de acordo com as suas funcio- nalidades e necessidades de atuação. Faremos uma abordagem tipo a tipo, apontando as vantagens e desvantagens de cada tecnologia, de modo que cabe a você analisar e entender qual o equipamento mais se adequará ao seu trabalho e dentro dos seus inves- timentos disponíveis. Câmeras Compactas e Compactas Zoom No início da fotografia digital, as câmeras compactas foram muito comercializadas devido ao ótimo custo/benefício. A linha da Sony Cyber Shot foi uma das câmeras mais comercializadas do início da fotografia digital para entusiastas. Figura 1 – Câmera compacta Cyber Shot Sony, de 1998 Fonte: Wikimedia Commons Muitas marcas produziram câmeras do gênero, mas a grande diferença existente en- tre as suas variações eram as normais e as zoom, isso porque, dotadas de uma objetiva fixa, não permitiam zoom ótico, que era realizado por meio de zoom digital, o que sig- nificava perda considerável de qualidade, pois a aproximação era feita por meio de um recorte da imagem original captada, representando perda de resolução. Já as compactas zooms apresentavam um sistema ótico relativamente eficiente. Com o surgimento e a constante evolução das câmeras existentes nos telefones ce- lulares, as versões compactas se tornaram obsoletas, não havendo mais interesse do mercado consumidor. 8 9 Dentre os modelos de câmera compacta, algumas ainda perduram no mercado foto- gráfico, pois mesmo sendo equipamentos compactos, possuem controle criativo manual, além de poderem entregar arquivos RAW, tipo tão desejado por fotógrafos profissionais que ficaram conhecidas como compactas de luxo. Mesmo com tais qualidades, as maiores fábricas de equipamentos, tais como Nikon, Canon e Sony, abandonaram ou reduziram consideravelmente a fabricação desses modelos devido ao surgimento das câmeras mirrorless, como veremos adiante. No site da Nikon USA, é possível ver modelos de câmeras compactas, compactas luxo e bridge, ainda fabricadas e comercializadas pela marca. Disponível em: https://bit.ly/3dUTLuK Câmeras Bridge As câmeras bridge também foram um sucesso de comercialização, pois alguns mode- los possuíam controles manuais de exposição e mesmo com uma objetiva fixa ao corpo da câmera, eram dotadas de um super zoom, capaz de aproximar até 125 vezes um assunto, o que era muito conveniente para fotógrafos amadores ou entusiastas em suas viagens. Outro fator é que em seu lançamento realizavam vídeo, função a qual as DSLR ainda não realizavam. Ainda existem modelos comercializados, porém, há pouca procura no mercado consumidor, que prefere as vantagens da câmera de um telefone celular avançado e sua multifuncionalidade. Suas principais desvantagens eram raramente oferecer arquivos RAW e mesmo pos- suindo muito zoom, não entregavam boa qualidade ótica nas imagens e um tinham um preço médio, não muito acessível. Ainda assim, é um dos poucos equipamentos comer- cializados que oferecem, por um custo admissível, um poder de zoom tão grande. Assista ao poder do zoom das câmeras bridge, ao aplicar 3.000 mm de zoom ótico (125x) e o zoom digital extra em uma Coolpix P100 Nikon ao filmar a Lua. Disponível em: https://youtu.be/5v6Od6M7o74 Câmeras SLR e DSLR Antes de tudo, é importante conceituar a sigla SLR, que deriva da abreviação Single Lens Reflex, ou seja, reflexo por uma única lente/objetiva. Significa que o fotógrafo en- xerga a imagem que a objetiva realmente está enquadrando, possibilitando que tenha a vi- são exata que será projetada no filme/sensor na captura por uma sequência de espelhos. Uma característica única deste tipo de equipamento é que, ao efetuar o disparo, o espelho principal se levanta, interrompendo a visualização pelo ocular da câmera, projetando-se a imagem sobre o sensor ou filme. 9 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Figura 2 – Corte de uma câmera DSLR Fonte: Adaptada de Wikimedia Commons A linha vermelha representa a luz entrando pela objetiva e sendo conduzida até o ocu- lar por meio dos reflexos do espelho principal e do penta prisma. O sistema criado pela Nikon em 1959 perdurou nos equipamentos digitais, sendo substituído o filme fotográfico pelo sensor digital e renomeando a sigla para DSLR (D = Digital). Note que na Figura 2 o espelho se encontra abaixado, logo, o fotógrafo consegue vi- sualizar diretamente o que a objetiva “enxerga”. Ao realizar o disparo, o espelho principal se levanta e a imagem é projetada após um outro mecanismo se abrir – o obturador –, expondo o sensor ou filme à imagem que era visualizada. As câmeras DSLR são, sem dúvidas, os equipamentos mais utilizados na fotografia digital contemporânea por profissionais e existem modelos de entrada, intermediários e avançados. Todos os equipamentos DSLR fornecem a produção de arquivos RAW. A grande diferença entre eles são que, para oferecer preços acessíveis, as câmeras de entrada normalmente não possuem dois discos de controles – velocidade e abertura, menor resolução, sensores/processadores menos eficientes à alta sensibilidade a luz (ISO) e modos automáticos. Além disso, as câmeras de entrada normalmente são oferecidas em um kit com uma objetiva; já as câmeras intermediárias e profissionais possuem todos os itens mencionados, além de processadores de imagens muito rápi- dos, o que possibilita um aumento significativo de fotos por segundo e comumente é vendido somente o corpo. Outra característica intrínseca às câmeras SLR/DSLR é terem objetivas intercam- biáveis, o que possibilita o fotógrafo possuir um acervo de acordo sua especialidade, motivo o qual faz com que as câmeras avançadas elas sejam vendidas somente o corpo, sem objetivas. Atualmente, as duas marcas mais consagradas com câmeras de tecnologia DSLR são Nikon e Canon – a Sony também oferece tais equipamentos, mas que fazem parte da tipologia – mirrorless – que veremos no próximo tópico. 10 11 Quadro 1 Modelos em 2020 de câmeras DSLR de entrada • Nikon: D5600 | D5300 | D3500 | D3400; • Canon: toda a linha EOS Rebel (SL3 | T100 | T7 | T7+ | T5i | T5...). Modelos em 2020 de câmeras DSLR intermediárias • Nikon: D700 | D7200 | D7500 | D500 | D610 | D750 e 780; • Canon: EOS 6D | EOS 7D Mark II | EOS 7D | EOS 80D | EOS 70D. Modelos em 2020 de câmeras DSLR avançadas • Nikon: D810 | D850 | Df | D5 | D6; • Canon: EOS 1D X Mark II e Mark III | EOS 5D Mark IV e III. Câmeras Mirrorless Surgiram no mercado para valer a partir de 2011 e competem com grande força com as câmeras DSLR, “caindo no gosto” de muitos profissionais, principalmente pe- las altas qualidades de fotografia e filmagem que foram adquirindo no decorrer de sua evolução tecnológica. Em seu surgimento não possuíam boa velocidade de foco, que foram aprimoradas em sua evolução e ganharam um enorme acervo de objetivas para mirrorless. Sua grandeforça reside nas qualidades de vídeo alcançadas, de modo que atualmente é comum que cinegrafistas utilizem equipamentos deste gênero para produções audiovisuais. Possuindo um sistema sem espelho, ocular, comumente utilizado pelos fotógrafos, apresenta um micromonitor que permite a visualização do que é captado pelo sensor. Sem o espelho, o equipamento apresenta um ruído quase nulo a cada disparo e uma alta velocidade de fotos por segundo, muito superior às DSLR. Além disso, são equipamen- tos mais compactos e, por consequência, mais leves que as DSLR e é possível adquirir anéis para adaptar objetivas projetadas para as DSLR. Figura 3 – Diferença estrutural entre DSLR e mirrorless Fonte: Reprodução 11 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Atualmente, todas as marcas de equipamentos fotográficos produzem câmeras mirroless, mas o mercado é bastante dominado pelas marcas Sony e Fuji. A grande desvantagem de tais equipamentos é o preço ainda bastante elevado, assim como as suas objetivas também têm qualidades óticas incríveis, mas por preços muitas vezes exorbitantes. Figura 4 – Sony Alpha 7R, um dos equipamentos mirroless de última geração (2019) Fonte: Divulgação Você Sabia? A maioria das câmeras mirrorless possui um sistema de acompanhamento de foco ao se marcar um assunto chamado follow focus. Para cinegrafistas este sistema é muito útil, pois permite o assunto/ator se mover dentro do enquadramento, de modo que a câmera mantém o foco no assunto desejado. Câmeras de Médio e Grande Formato As câmeras de médio e grande formato existem tanto na tecnologia analógica quanto na digital e uma importante diferença é a resolução das imagens criadas. Dotados de sensores maiores, seguem os formatos dos seus respectivos filmes analógicos, possuindo dimensões muito maiores que as câmeras tradicionais de 35mm. Essa dimensão do filme pode gerar ampliações muito maiores que as obtidas nas câmeras DSLR, compactas e telefones celulares, além de altíssima definição, uma vez que operam, em sua maioria, com objetivas fixas e de alta qualidade. Figura 5 – À esquerda câmera de médio formato e à direita câmera de grande formato Fonte: Adaptada de Getty Images 12 13 As câmeras de grande formato, como já indicam, possuem filmes ainda maiores que as de médio formato e as suas medidas são dadas em polegadas; mas a sua maior característica técnica é a capacidade de corrigir distorções de perspectiva, sendo ótimos equipamentos para a fotografia de paisagem e arquitetura. São dotadas com sistema de fole em suas extremidades nos planos da objetiva e do plano focal para correções – já que as suas objetivas são exclusivamente fixas e sem zoom. Existem objetivas para câ- meras de pequeno formato (tilt-shift) que geram esse tipo de correção, mas são muito limitadas em relação às de grande formato – observe a seguinte Tabela e as respectivas dimensões de filmes e média de resolução digital: Tabela 1 Câmeras Dimensão do fi lme Resolução média digital Pequeno formato ou SLR/DSLR 2,4 × 3,6 cm Aproximadamente 20 Mpx Médio formato 4,5 × 6 cm 6 × 6 cm Aproximadamente 60 Mpx Grande formato 4” × 5” polegadas ou 10,16 × 12,7 cm 5” × 7” polegadas ou 12,7 × 17,78 cm 8” × 10” polegadas ou 20,32 × 25,4 cm Podem chegar a 192 Mpx* * Câmeras de grande formato permitem sistemas de múltiplos disparos em uma única foto, somando-se a resolução de cada foto. A maior desvantagem, sem nenhuma dúvida, é o preço. Câmeras de médio e grande formato, tem preços altíssimos para o mercado brasileiro, principalmente quando utiliza- das com sensores e não filmes. Além disso, as câmeras de grande formato, necessitam tripés especiais, não sendo possível a portabilidade em mãos para fotografar e seu ma- nuseio é bastante complexo até a obtenção de um primeiro disparo. Veja os movimentos e resultados possíveis com uma objetiva para DSLR equivalentes aos efeitos tilt-shift de uma câmera de grande formato – é possível ativar as legendas e traduzir para português. Disponível em: https://youtu.be/gvV5sINKnT8 Câmeras de Telefone Celular Nos últimos 10 anos os telefones celulares ganharam muita força quando o assunto é câmera fotográfica. Apesar de ainda ser muito debatido sobre fotografar com o telefone celular de forma profissional, o fato é que um fotógrafo profissional sempre utiliza o tele- fone celular como uma segunda câmera, ou como se costuma dizer, a câmera midiática, isto porque fotografar ou filmar pelo telefone celular permite o instantâneo compartilha- mento nas mídias sociais, o que é uma necessidade no competitivo mercado da fotografia. Apesar de não ser um equipamento projetado unicamente para a fotografia, os tele- fones celulares cada vez mais possuem uma qualidade exorbitante em suas câmeras, de modo que para driblar o problema de não poder trocar as objetivas, são projetados com múltiplas câmeras a fim de se ter uma vasta opção de ângulos de visão. A cada lançamento de um novo smartphone, o que mais se diz é sobre a melhoria aplicada às câmeras, resolução e versatilidade de suas múltiplas objetivas. 13 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz A Exposição da Luz Compreender o conceito de exposição da luz é fundamental para realizar uma boa fotografia. Entender e estabelecer a quantidade de luz para registrar uma foto é o conhe- cimento denominado exposição da luz ou fotometria. Para começar é necessário entender que a luz na fotografia é estabelecida por uma relação de volume (3 aspectos determinantes para tal medida) – e não de área (onde 2 aspectos são determinantes para tal mensuração), sendo eles: • A quantidade de luz que será admitida para a realização da fotografia. Este fator é controlado pelo diafragma que determina uma abertura maior ou menor de acordo com a necessidade, por onde a luz entrará no sistema ótico da câmera, sendo cole- tado pela objetiva. Este conceito se denomina diafragma e é comumente chamado de abertura pelos fotógrafos; • O tempo de exposição ao qual o volume de luz que entra pelo diafragma será admitido até o sensor/filme. Esse tempo de exposição é controlado pelo obturador e é determinado em segundo ou frações de segundo. Tal conceito se denomina obturador e é comumente chamado de velocidade pelos fotógrafos; • Sensibilidade à luz, ou seja, o quanto o material que registrará a imagem é sensível à luz. Na fotografia analógica, é a sensibilidade do material fotossensível do filme e na fotografia digital o quanto o sensor está estimulado aos impulsos eletromagnéti- cos provindos da luz. Este conceito se chama ISO ou ASA. Voltemos ao conceito de exposição da luz. Este fator é dado pela sigla EV (do inglês, Exposure Value, ou valor de exposição). Para exemplificar tal sistema consideremos duas analogias. Analogia 1 Veja o seguinte desenho, notando a caixa quadrada na Figura A. Podemos dizer que nela cabe um volume X dentro. Mesmo que as outras caixas sejam de formatos diferentes – Figuras B, C e D –, todas conseguem armazenar o mesmo volume que a da Figura A, pois embora tenham dimensões diferentes, resultam na mesma capacidade volumétrica. Figura A Figura B Figura C Figura D E.V. = X E.V. = X E.V . = X E.V . = X Figura 6 – Analogia da exposição da luz e volumes equivalentes nas caixas 14 15 Agora façamos uma modificação e analisemos as mesmas caixas com as informa- ções dos conceitos de controle da exposição da luz junto a elas. Percebemos, então, que podemos obter o mesmo valor de exposição com diferentes atribuições aos fatores que controlam a referida exposição. Figura A Velocidade Velocidade Velocidade Velocidade Ab ert ura Ab ert ura Ab ert ura Ab ert ura Figura B Figura C Figura D E.V. = X E.V. = X E.V . = X E.V . = X IS O IS O IS O IS O Figura 7 – Analogia das caixas demonstrando que diferentes valores de abertura, velocidade e ISO podem ser utilizados para se obter a mesma exposição da luz Analogia 2 Presente em quase todosos livros didáticos de fotografia, imagine uma torneira e um balde e considere que neste cabe um certo volume de água. Se a torneira for aberta somente um pouco, o balde se encherá, mas demorará muito tempo. Se a torneira for aberta completamente, o balde se encherá bem rápido. Em ambos os casos o volume final de água no balde será o mesmo. Figura 8 – Analogia do balde de água Fonte: Getty Images 15 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Nesta analogia debatemos dois conceitos da exposição da luz, sendo a abertura – o volume de água admitido com a abertura parcial ou total da torneira – e a velocidade – quanto tempo demorará para o balde se encher completamente. Em tais condições o ISO poderia ser dois fatores: • A pressão da água: onde uma pressão maior de água no sistema significaria um ISO elevado, correspondendo à alta sensibilidade à luz; ou seja, mesmo que aberta somente um pouco, a pressão seria alta e, portanto, mais água passaria que em uma pressão pequena que, por sua vez, significaria um ISO baixo (baixa sensibilidade à luz), ou seja, em relação à alta pressão, se aberto pouco, demorará mais para encher; • O tamanho do balde: em que um balde pequeno representaria um ISO elevado, ou seja, se enche rápido, representando uma alta sensibilidade à luz; e um balde grande representaria um ISO baixo, ou seja, demoraria mais para encher, indepen- dentemente de outros fatores, representando baixa sensibilidade à luz. Lembre-se destes conceitos da exposição e que o EV pode ser obtido da combinação de vários dos fatores de exposição, pois mais à frente será importante para realizar a inversão dos fatores de acordo com a necessidade estética da imagem. Baseado na luminância obtida dos diferentes volumes de luz, existe um regramento sobre os valores de exposição que podem ser obtidos, considerando um valor de sensi- bilidade constante de ISO 100. Tabela 2 Condições de iluminação EV a ISO 100 (valores aproximados) Luz do dia Areia ou neve sob luz solar forte ou levemente difusa (sombras nítidas) 16 Cena típica sob luz solar forte ou levemente difusa (sombras nítidas) 15 Cena típica sob luz solar levemente difusa (sombras suaves) 14 Cena típica, céu nublado (sem sombras) 13 Cena típica, céu encoberto 12 Áreas à sombra, luz clara 12 Externas, luz natural Logo antes do pôr-do-sol 12-14 Ao pôr-do-sol 12 Logo após o pôr-do-sol 9-11 Externas, luz artificial Néon e outros signos brilhantes 9-10 Esportes noturnos 9 Fogo e incêndios 9 Cenas em estradas iluminadas 8 Cenas noturnas em estradas e displays iluminados 7-8 Tráfego noturno de veículos 5 Praças e parques de diversões 7 Edifícios luminosos, monumentos e fontes 3-5 Vistas distantes e prédios iluminados 2 Internas, luz artificial Galerias 8-11 Eventos esportivos, shows em palcos e semelhantes 8-9 Circos, holofotes 8 Shows no gelo, holofotes 9 Escritórios e áreas de trabalho 7-8 Interiores de casas 5-7 Fonte: Adaptada de American national standard for photography expures guide 16 17 E o que de fato querem dizer esses números? A fotografia é medida numa relação de dobros e metades de volume de luz disponível. Com base nessa condição podemos afirmar que um a cada número crescente dá o dobro da luz do número anterior – por exemplo, EV 14 tem o dobro de luz que EV 13 –; cada número decrescente tem a metade da luz de seu superior como, por exemplo, EV 8 tem a metade da luz que EV 9. Por enquanto estas considerações podem parecer estranhas, mas conforme você for evoluindo nos conceitos técnicos da fotografia, isto ficará absolutamente claro em sua mente. A exposição da luz é um fator determinante para que o fotógrafo saiba a condição de luz disponível no ato fotográfico e que, combinado aos fatores que as controlam, serão fundamentais para determinações estéticas das imagens e como serão obtidas. Introdução ao Exposímetro da Câmera Toda câmera fotográfica possui um exposímetro. Estes são projetados para medir a reflectância da luz, ou seja, a luz que é refletida da cena que é enquadrada pelo fotógrafo. É com base nele que a câmera fotográfica entende a quantidade correta de luz de cada cena a ser fotografada e o fotógrafo define os três fatores da exposição – velocidade, abertura e ISO – para captar a imagem – normalmente são identificados conforme a imagem apresentada a seguir: Figura 9 – Detalhe do exposímetro de câmeras fotográfi cas. Algumas câmeras apresentam variações de 3 pontos a mais ou a menos e outras apenas 2 pontos Fonte: Adaptada de Getty Images Conforme visto no conteúdo da exposição da luz, os exposímetros indicam os EV de uma cena. Logo, quando posicionado no número 1 à esquerda do traço central, consi- derado como “zero”, significa que a imagem está com a metade da luz para a qual é con- siderada ideal para realizar a foto. Quando posicionado no número 1 à direita do traço central, a imagem tem o dobro da quantidade de luz ideal considerado pelo exposímetro, e assim consequentemente para os números 2 e 3, considerando-se que se estiver no 3 a foto terá o dobro, do dobro, do dobro (3 dobros, ou seja, um fator exponencial) da luz – e não 3 vezes mais luz. 17 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Importante! Veremos mais à frente que nem sempre a resposta do zero do exposímetro (traço ao cen- tro) será o valor de exposição correta de uma cena, mas é uma importante referência para entendermos se estamos próximos ou não do valor de exposição da cena enquadrada. Durante o ato fotográfico, é fundamental que o fotógrafo realize essa leitura e o de- vido ajuste, enquadrando a cena que deseja fotografar, pois o exposímetro lerá a luz da cena enquadrada. É um erro realizar esse ajuste apontando a câmera para baixo, pois ela lerá a luz do chão que dificilmente terá a mesma quantidade de luz da cena que se deseja registrar. Importante! Todas as informações desta Unidade são consideradas utilizando o exposímetro no modo matricial, que avalia a média da luz de todo o quadro em composição. Em outra Unidade debateremos outros modos de operação possíveis no exposímetro. Com o avanço da tecnologia, as câmeras fotográficas, no intuito de obter um ajuste mais preciso, dividiram esses intervalos entre um EV em terços de exposição. Por este motivo os exposímetros apresentam 2 barras entre cada valor de exposição. –3 –2 –1 0 As setas nas extermidades indicam que a exposição está com mais ou menos que 3 EV’s em relação ao zero. metade da luz –1/3 +1/3 dobro da luz +1 +2 +3 Figura 10 – Detalhamento do exposímetro da câmera fotográfica e as variações de EV em pontos e terços Portanto: –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 –22/3 –21/3 –12/3 +12/3–11/3 +11/3 +12/3+11/3 +22/3+21/3–2/3 –1/3 Figura 11 – Detalhamento do exposímetro da câmera fotográfica e as variações de EV em pontos e terços Como a câmera decide a quantidade de luz correta para uma fotografia é o que ana- lisaremos no próximo tópico. 18 19 O Cinza Médio e o Volume de Luz Para padronizar o funcionamento dos exposímetros, mundialmente foi adotado um sistema de leitura de reflectância da luz. A câmera não sabe o que é gente, casa, pai- sagem, arquitetura etc., não sabe também entender as cores da cena, mas somente a quantidade de luz refletida da cena, ou seja, os tons da cena. De certa forma, é como se entendesse tudo em preto e branco e com base na reflexão da luz, decidisse a quanti- dade correta com base no cinza médio. Ilustremos esta ideia imaginando uma escala de cinzas de 0 a 100%, onde 0% seria preto e 100% seria branco: 0% 10% 20% 30% 40% 50% Cinza médio 60% 70% 80% 90% 100% Figura 12 – Escala de cinzas Importante! As câmeras possuem como referência o cinza médio, isto porque a superfície de material fosco de cinza médio reflete 18% da luz que sobre ele incide – padrão aplicado a todos os equipamentos fotográficos. Uma analogia interessante seria um diapasão, instrumento que mede a frequência de onda de som emitida pelas cordas de um violão.Por ele sabe-se que aquela corda se encontra com a afinação correta. Para a câmera, toda a cena que se é enquadrada é comparada com essa reflexão do cinza médio e, então, é decidido o EV da cena a se fotografar, ou seja, o volume de luz necessário para que o fotógrafo ajuste os três fatores – velocidade, abertura e ISO – para obter a quantidade de luz refletida. Cabe lembrar que o exposímetro realiza leitura pela luz refletida – e não pela luz que incide sobre o assunto. Isto nos leva a um raciocínio crítico, tais como nas imagens a seguir, que nem sempre as cenas refletem ou estão na mesma sintonia do cinza médio, fazendo com que o exposímetro ofereça, em algumas situações, um parâmetro equivo- cado ao ajustá-lo no zero. Figura 13 – À esquerda uma imagem muito mais clara que o cinza médio; à direita uma imagem muito mais escura que o cinza médio Fonte: Adaptada de Getty Imagens e Acervo do Contedista 19 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Outra diferenciação importante é entre o fotômetro e exposímetro da câmera. Como já visto, o exposímetro da câmera é projetado para medir a luz refletida de uma cena, enquanto o fotômetro de mão é projetado para medir a luz incidente, além de alguns modelos medirem também a luz de relâmpago, ou seja, flash. São conhecidos como flashmeter/fotômetros, pois podem medir tanto a luz contínua (artificial e natural) quanto o flash. Todos os equipamentos digitais do gênero, na atualidade, são capacitados para medir ambos os tipos de iluminação. Fonte de iluminação Fotômetros de mão leem a luz incidente Assunto Exposímetros em câmeras leem luz re�etida –3 –2 –1 0 +1 +2 +3 Figura 14 – Diferença de leitura da luz entre exposímetros de câmeras e fotômetros de mão Fonte: Adaptada de Getty Images Figura 15 – Fotômetro de mão Fonte: Getty Images Os fotômetros de mão não estão sujeitos aos erros de leitura que os exposímetros podem apresentar. Isto porque lendo a luz que incide sobre a cena ou o assunto a ser fo- tografado, não considera se o assunto é mais claro ou mais escuro que o cinza médio, tal como o exposímetro da câmera o faz. É um equipamento de extrema relevância dentro do acervo de investimentos do fotógrafo, pois permitirá maior autonomia e exatidão na leitura da exposição da luz e para aqueles que desejam trabalhar em estúdio, seja com luz de flash ou contínua. Além de mostrar o EV da cena, apresenta as diversas combi- nações possíveis para a velocidade, abertura e ISO para a cena desejada. 20 21 Para o preciso ajuste da exposição pelo exposímetro da câmera existe uma ferramenta de aferição chamada de cartão cinza, o qual oferece a perfeita reflexão de 18% da luz sobre ele incidida e que a câmera entende como correta. Figura 16 – Exemplo de cartão cinza Fonte: Wikimedia Commons Desta forma, basta que o fotógrafo enquadre o cartão para realizar a leitura da expo- sição, ajustando os fatores de velocidade, abertura e ISO para obter o zero no exposíme- tro. Cabe lembrar que o cartão deve ser posicionado para a mesma incidência de luz do assunto a fim de garantir a aferição. Uma vez realizada a medição, bastará o fotógrafo enquadrar o seu assunto e realizar a foto, mesmo que o exposímetro apresente resposta diferente de zero – no próximo tópico analisaremos melhor esta diferença entre cenas claras, escuras e de meio tom. Cenas Claras, Escuras e Meio Tom Como vimos, o exposímetro da câmera pode se equivocar na leitura de cenas que não dialogam com a reflectância de 18% de luz exigidos pelo cinza médio. Portanto, é importante que o fotógrafo desenvolva o olhar a fim de realizar a compensação neces- sária para o tipo de luminância na cena. Toda esta teoria se embasa em uma quantidade de luz equivalente à que enxergamos de uma cena. Não significa, em termos artísticos, que é a correta. De um modo geral, a expo- sição correta é a mais próxima daquilo que enxergamos. Principalmente para aqueles que estudam a fotografia pela primeira vez, buscar essa exposição dada como “correta” é um passo importante para obter o domínio técnico do equipamento e da aferição da exposição. A partir daí, obter a estética desejada, seja de subexposição ou superexposição da cena ficará mais simples (menos luz e mais luz que a exposição tecnicamente correta, respectivamente). 21 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Podemos definir 3 tipos de cena que o fotógrafo pode se deparar: • Meio tom: onde não há necessidade de realizar nenhuma correção de exposição e o exposímetro estará no zero; • Clara: onde há necessidade de realizar correção, ou seja, o marcador do exposíme- tro tenderá ao lado positivo da régua; • Escura: onde há necessidade de realizar correção, ou seja, o marcador do exposí- metro tenderá ao lado negativo da régua. Pode parecer um pouco estranho sugerir uma exposição com mais luz em uma cena muito clara, como também sugerir uma exposição com menos luz em uma cena escura, mas analisaremos isto tecnicamente: observe a Figura 17A e lembre-se que o exposí- metro não enxerga cores, mas somente os tons da imagem, portanto, seria como se a câmera enxergasse apenas em preto e branco (Figura 17B). Figura 17 Fonte: Acervo do Conteudista O exposímetro lerá a média de todos os tons que existem na imagem. Se pudésse- mos misturar todos os tons da cena até deixá-la uniforme, obteríamos um tom de cinza tal como se vê na Figura 18: 0% 10% 20% 30% 40% 50% Cinza médio 60% 70% 80% 90% 100% Figura 18 Perceba que a média dos tons da cena equivale ao cinza médio. Assim, ela é uma cena meio tom, ou seja, ela não precisa de correção de exposição, bastando ajustar os fatores da exposição para atingir o zero na régua. Durante o dia é muito comum nos depararmos com cenas meio tom, o que leva pes- soas que compram uma câmera a obterem fotos bem expostas, pois a câmera no modo automático ajustará os fatores para se obter o zero no exposímetro, que é sua fonte de referência como certo. 22 23 Já na próxima figura realizaremos a mesma análise: temos a foto de uma caneca branca em um fundo também branco (Figura 19A). Transformando a imagem em preto e branco (Figura 19B) e realizando a mescla da média dos tons obteremos a Figura 20: Figura 19 Fonte: Acervo do Conteudista 0% 10% 20% 30% 40% 50% Cinza médio 60% 70% 80% 90% 100% Figura 20 Perceba que a média dos tons da imagem é mais claro que o cinza médio (cerca de 70 a 80%). É uma situação de cena clara. Necessita de correção de exposição; entenda também que é necessário sugerir uma resposta para o lado positivo do exposímetro, ou seja, mais luz que 0. Se seguisse a sugestão do exposímetro no zero, teríamos uma foto subexposta (Figura 21A), pois ele tenderá a trazer os tons para algo próximo ao cinza médio que é a sua referência de correto, tornando necessária a compensação da exposição com mais luz. Figura 21 Fonte: Acervo do Conteudista Foto realizada de uma cena clara com o exposímetro no zero, provocando a subexpo- sição da cena. Foi realizada a correção de 1 ponto e dois terços a mais do que zero para obter uma exposição mais correta. 23 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Na próxima análise teremos uma questão parecida, porém invertida, já que ela é uma cena escura: como podemos ver na Figura 22A, temos uma câmera fotografada com a per- feita exposição, em um cenário também escuro. Transformando-a em preto e branco (Figura 22B) e analisando a média dos tons, obtemos a Figura 23. Perceba que o tom médio da ima- gem é muito mais escuro que o cinza médio, indicando que ela necessita de correção; logo, em uma cena escura devemos optar pela subexposição da cena, ou seja, menos luz que 0. Figura 22 Fonte: Acervo do Conteudista 0% 10% 20% 30% 40% 50% Cinza médio 60% 70% 80% 90% 100% Figura 23 Ao seguir a sugestão de 0 no exposímetro teríamos uma cena superexposta (Figura 24A) em relação ao “correto técnico”. Novamente, a câmera tentará expor a cena de acordocom a sua referência de cinza médio, clareando a cena escura. Figura 24 Fonte: Acervo do Conteudista À esquerda, foto realizada de uma cena escura com o exposímetro no zero, provocando a superexposição da cena; ademais, foi realizada a correção de 2 pontos a menos do que zero na imagem à direita. 24 25 Na literatura é comum encontrarmos termos como stop ou step para se referir a pon- tos de exposição. Saber a quantidade de compensação de exposição das cenas claras e escuras, assim como saber se é uma cena meio tom dependerá única e exclusivamente da sua prática. Cada cena terá uma correção de exposição diferente, pois é impossível determinar todas as possibilidades de reflexões da luz do que você comporá em sua vida como fotógrafo(a). O mais importante é entender e praticar sempre, lembrando que todo equipamento fotográfico, ainda que opere somente no modo automático, possui alguma função para realizar a compensação da exposição. Tente identificar cenas de diferentes tons e faça testes, expondo-as no zero e realizando pe- quenas alterações a mais e a menos e registrando todas com as devidas anotações à parte. Compare com a cena real e verifique qual foto mais se aproxima ao “certo técnico”. Pronto! Você já começará a entender se é uma cena clara, escura ou de meio tom. Quanto maior for a sua prática, maior será a sua capacidade de identificá-las durante o ato fotográfico. Importante! Muitos fotógrafos da Era Digital optam por operar a câmera em modos automáticos e re- alizar a correção da edição na pós-produção ou no tratamento de imagens. Isso pode até funcionar, mas é importante lembrar que uma correção exagerada de exposição acaba afetando fatores como o contraste da imagem e a saturação das cores, que podem não ter a sua correção tão bem-sucedida devido à alteração da exposição. Todo fotógrafo deve sempre buscar a exposição mais correta possível dentro de suas especificidades estéticas e visuais, deixando o mínimo para a correção na edição. Portanto, quanto mais correta a exposição de uma cena na captura, menos trabalho de edição haverá. Na vida profissional de qualquer área, tempo é dinheiro. 25 UNIDADE Equipamentos Fotográficos e Suas Percepções Sobre Luz Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Como utilizar o cartão cinza https://youtu.be/i7my8-ilUOg Leitura Escolhendo entre DSLR ou mirrorless https://bit.ly/3tPiC8C Princípios básicos da exposição https://bit.ly/3sVfGpL Cartão cinza – um brinquedo quase esquecido https://bit.ly/3nnV1JF 26 27 Referências HEDGECOE, J. O novo manual de fotografia. 4. ed. São Paulo: Senac, 2005. KELBY, S. Fotografia digital na prática. v. 1. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013. LANGFORD, M. Fotografia avançada de Langford – guia completo para fotógrafos. 8. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2013. PALACIN, V. Fotografia: teoria e prática São Paulo: Saraiva, 2012. PRAKELL, P. Iluminação. 2. ed. Porto Alegre, RS: Bookman, 2011. 27
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