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RESUMO TRATADO DE FISIOLOGIA: GUYTON Excitação Rítmica do Coração O nó sinoatrial (sinusal), que faz parte do sistema de condução cardíaca, é composto por fibras musculares especializadas que não apresentam estruturas contráteis, servindo, portanto, para a condução de sinais elétricos. Está situado na parede posterolateral superior do átrio direito, imediatamente abaixo e pouco lateral à abertura da veia cava superior. Suas fibras se conectam diretamente às fibras musculares atriais, de modo que qualquer potencial de ação que se inicie no nodo sinusal se difunde de imediato para a parede do músculo atrial. É considerado o marcapasso do coração normal, uma vez que é responsável pela ritmicidade dos batimentos cardíacos. O sistema excitatório e condutor especializado do coração O sistema de condução é iniciado no nó sinoatrial e existem feixes que direcionam esse sinal elétrico na região dos átrios. Depois, o sinal é convergido para o nó atrioventricular através dos feixes internodais e, a partir daí, vai para o feixe de His, que segue em direção ao septo interventricular e se bifurca nos ramos esquerdo e direito das fibras de Purkinje. Essas, por sua vez, vão para o ápice do coração, onde seus dois ramos se ramificam ainda mais e retornam pela parede ventricular. Portanto, é a partir do disparo do nó sinoatrial que o coração mantém sua ritmicidade de contração. O sinal é propagado de forma acelerada, estimulando a musculatura cardíaca adjacente. Mecanismos da Ritmicidade do Nodo Sinusal Para que haja a despolarização, um sistema de canais de membranas deve ser ativado. Diferentemente da fibra muscular ventricular, por exemplo, a dinâmica do funcionamento desses canais, assim como o potencial de repouso, é diferente no nó sinoatrial. Ele apresenta canais permeáveis ao sódio e ao cálcio, que se mantêm abertos continuamente. A maior permeabilidade a esses íons positivos neutraliza boa parte da negatividade intracelular, deixando o potencial de repouso por volta de -55 a -65mV. Entre os batimentos cardíacos, o influxo de sódio positivamente carregado provoca lento aumento do potencial de membrana de repouso. A troca iônica ocorre por difusão simples, de forma que a entrada de carga positiva eleva o potencial de repouso até o limiar de descarga, equivalente a -40mV. A partir daí, os canais lentos de sódio e cálcio se abrem e permitem grande influxo de sódio adicional, levando à despolarização do nó sinoatrial e, assim, disparo do sinal elétrico. A ausência de canais rápidos de sódio no nó sinoatrial faz com que o potencial de ação seja deflagrado pela abertura dos canais lentos de sódio e cálcio. Como resultado, o potencial de ação nodal atrial ocorre mais lentamente que o potencial de ação do músculo ventricular. Os canais lentos de cálcio e sódio se inativam em 100 a 150 milissegundos após sua abertura, e segundo nesse mesmo tempo, grande número de canais de potássio se abre. Assim, enquanto a entrada de íons positivos cessa, inicia-se o efluxo de grandes quantidades de íons positivos de potássio. Esses dois efeitos negativam o potencial de membrana. Na sequência, os canais de potássio permanecem abertos por mais alguns décimos de segundo, resultando em excesso de negatividade dentro da fibra – hiperpolarização. O potencial de membrana de repouso volta até cerca de −55 a −65 milivolts, quando termina o potencial de ação. Pelos próximos décimos de segundo, após o fim do potencial de ação, cada vez mais canais de potássio vão se fechando e, o vazamento das cargas de sódio e cálcio para o interior da célula mais uma vez eleva o potencial de repouso e reinicia o ciclo. A autoexcitabilidade está relacionada ao vazamento inerente das fibras do nodo sinusal, uma vez que a maior concentração de sódio (íons positivos) no interior da fibra, diminui a DDP em módulo e torna a célula mais vulnerável a despolarização. O nodo atrioventricular retarda a condução do impulso dos átrios para os ventrículos No sistema de condução cardíaca existem junções de alta permeabilidade entre as células, o que faz com que esse sinal seja propagado de forma muito intensa e rápida. Também há junções do tipo GAP nas fibras musculares cardíacas que permitem maior rapidez de propagação. É essa despolarização instantânea que caracteriza o tecido cardíaco como sincício – sincício atrial e sincício ventricular. Separando os átrios dos ventrículos existe uma região fibrosa que os isola eletricamente. Do nó atrioventricular, o sinal elétrico passa aos ventrículos a partir do feixe de His. Antes, todavia, ele é retardado no nó A-V, uma vez que nessa região existem poucas junções do tipo GAP entre as sucessivas células das vias de condução (grande resistência para a passagem de íons excitatórios de uma fibra condutora para a próxima). O sinal que demora cerca de 0,03 segundos para ir do nó sinoatrial até a entrada do nó atrioventricular, só sai do nó A-V com aproximadamente 0,12 segundos. Do feixe de His, o sinal segue para as fibras de Purkinje (ramo direito e esquerdo) – 0,16 segundos desde o nós S-A até aí. Do momento em que o impulso cardíaco atinge os ramos no septo ventricular, até alcançar as extremidades das fibras de Purkinje, o tempo total despendido é de apenas 0,03 segundo em média – permeabilidade muito alta das junções comunicantes nos discos intercalados. Uma vez tendo atingida a extremidade final das fibras de Purkinje, o impulso é transmitido para toda a massa muscular ventricular pelas próprias fibras musculares. Em seguida, o impulso se espalha com menor rapidez pelo músculo ventricular até as superfícies epicárdicas. Assim, o tempo total de transmissão do impulso cardíaco, desde o início dos ramos ventriculares até a última fibra miocárdica no coração normal é cerca de 0,06 segundo. Importância do retardo do sinal: toda região atrial já foi despolarizada e foi entrando concomitantemente em contração. Permite que os átrios se contraiam e esvaziem seu conteúdo nos ventrículos antes que comece a contração ventricular. Transmissão Unidirecional pelo Feixe A-V Uma característica especial do feixe A-V é a incapacidade, exceto em estados anormais, dos potenciais de ação de serem conduzidos retrogradamente para os átrios a partir dos ventrículos. Essa característica impede a reentrada de impulsos cardíacos por essa via, dos ventrículos para os átrios. O nodo sinusal atinge seu limiar antes que o nodo A-V ou as fibras de Purkinje atinjam seus próprios limiares de autoexcitação. Se o nó sinoatrial não conseguir manter sua frequência de 60 a 100 bpm – por insuficiência de suprimento vascular pela artéria do nó sinoatrial, por exemplo – pode ocorrer o infarto dessas células sem suprimento nutricional e o nó atrioventricular passa a determinar a frequência – 40 a 60 bpm. Se o nó atrioventricular também estiver prejudicado, as fibras de Purkinje podem manter uma frequência de 15 a 40bpm.
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