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B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 417-421, maio/nov. 2007 | 417 Bacia de Jacuípe José Carlos Santos Vieira Graddi1, Oscar Pessoa de Andrade Campos Neto1, José Maurício Caixeta2 Palavras-chave: Bacia de Jacuípe l Estratigrafia l carta estratigráfica Keywords: Jacuípe Basin l Stratigraphy l stratigraphic chart 1 Unidade de Negócio de Exploração e Produção da Bahia/Exploração/Avaliação de Blocos e Interpretação Geológica e Geofísica e-mail: graddi@petrobras.com.br 2 E&P Exploração/Interpretação e Avaliação das Bacias da Costa Leste/Interpretação introdução A Bacia de Jacuípe está localizada na parte se- tentrional da costa da Bahia, indo aproximadamente de Salvador (latitude 13° S) até a divisa geográfica com o Estado de Sergipe (latitude 11,5° S). O limite nordes- te com a Bacia de Sergipe-Alagoas é apenas geográfi- co, ou seja, praticamente, não existe uma feição geo- lógica pronunciada que divida as duas bacias, enquan- to que o limite sudoeste com a Bacia de Camamu si- tua-se no sistema de falhas de Itapuã. Souza-Lima et al. (2002) e Campelo (2005) sugeriram que a Bacia de Jacuípe seria uma sub-bacia da Bacia de Sergipe- Alagoas, não havendo uma feição geológica expressi- va que justifique um limite entre essas duas bacias. 418 | Bacia de Jacuípe - Graddi et al. embasamento O embasamento na Bacia de Jacuípe é consti- tuído por rochas granulíticas proterozóicas pertencen- tes à Província do São Francisco (Almeida e Hasuy, 1984). Assim como nas bacias do Recôncavo, Tuca- no e Camamu, a Bacia de Jacuípe foi formada em terrenos que estiveram submetidos a múltiplos even- tos deformacionais e de metamorfismo desde o Arqueano até o Proterozóico, quando ocorreu a es- tabilização do Cráton do São Francisco. seqüências sedimentares O preenchimento sedimentar da Bacia de Jacuípe é constituído por sete seqüências deposicio- nais. Essas unidades são correlacionáveis aos está- gios rifte e de margem passiva (drifte) que ocorre- ram nas bacias da margem leste brasileira. Na Bacia de Jacuípe não foram constatadas rochas pertencen- tes ao estágio pré-rifte. Superseqüência Rifte Seqüências K30 e K40 O estágio de subsidência mecânica da bacia ocorreu a partir da idade Aratu até a idade Eoalagoas, quando foram depositadas, em ambientes alúvio- deltaico e lacustre, as rochas das seqüências K30 e K40. Essas seqüências compreendem conglomera- dos, arenitos e folhelhos que constituem a Formação Rio de Contas e a porção inferior da Formação Taipus- Mirim, definidas por Netto et al. (1994). Na borda da bacia predominam as fácies areno-conglomeráti- cas, enquanto que as fácies pelítico-lacustres, prova- velmente, prevalecem nas porções distais, ainda não amostradas por poços. Um importante evento trans- gressivo de idade Buracica é identificado na Bacia Sergipe-Alagoas, que denominou-se de Folhelho Buracica. Essa máxima inundação do lago que ocor- reu durante a deposição da Seqüência K30 também foi caracterizada na Bacia de Jacuípe. Entretanto, não é possível discriminar outros eventos dessa natu- reza nas seqüências sobrejacentes (K40 e K50) devi- do ao alto percentual da fração arenosa nas áreas onde essas seqüências foram amostradas. Nessa re- visão, considera-se que o final do estágio rifte ocor- reu no Eoalagoas e teria sido síncrono com as bacias de Sergipe-Alagoas e Recôncavo. Superseqüência Pós-Rifte A Superseqüência Pós-Rifte corresponde ao estágio de subsidência térmica da bacia, quando fo- ram depositadas, inicialmente, em condições conti- nentais e posteriormente em ambiente marinho, as rochas da seqüência K50. Seqüência K50 Representada pela Formação Taipus-Mirim, a Seqüência K50 é constituída por conglomerados, are- nitos, folhelhos e evaporitos depositados em ambi- ente marinho restrito, em uma bacia do tipo sag. Netto et al. (1994) atribuíram a essa unidade a ida- de Alagoas e apenas a reconheceram nas bacias de Camamu e Almada. Dias (2005) admitiu que a de- posição da Formação Taipus-Mirim ocorreu apenas na idade Neo-Alagoas, quando teve início o proces- so de subsidência térmica dessas bacias. Nessa revi- são admite-se, com base em datações de palino- morfos, que os arenitos e folhelhos da Formação Taipus-Mirim ocorrem na Bacia de Jacuípe e foram depositados através de leques alúvio-deltaicos, pro- vavelmente, em um ambiente continental. Superseqüência Drifte Seqüência K60-K80 A partir do Albiano, com o aumento da subsidência térmica, a porção proximal da bacia foi soerguida e nos blocos rebaixados foram deposita- dos, em ambiente marinho, os carbonatos e folhe- B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 417-421, maio/nov. 2007 | 419 lhos da Formação Algodões (seqüência K60-K80). No final do Coniaciano houve um rebaixamento do nível do mar que propiciou a erosão de parte das seqüências subjacentes. Seqüência K90-K130 Posteriormente à sedimentação carbonática da seqüência K60-K80, mais precisamente, do Santoniano ao Maastrichtiano, um evento transgressivo proporcio- nou a deposição dos folhelhos da Formação Urucutu- ca, que representam a seqüência K90-K130. Arenitos turbidíticos associados a flutuações do nível do mar são comuns nas bacias circunvizinhas de Camamu, Jequitinhonha e Sergipe-Alagoas, e devem ser comuns também na Bacia de Jacuípe, que ainda não teve poços perfurados que amostrassem a seqüência do Cretáceo Superior. Outros argumentam, até mesmo, a hipótese de ali não existir o registro do Cretáceo Superior, que estaria ausente por erosão decorrente de um soerguimento regional. Seqüência E10-N50 Durante o Paleógeno (Seqüência E10-N50), as- sim como no restante das bacias da margem leste brasi- leira, persistiu o regime marinho transgressivo, com a sedimentação dos folhelhos batiais da Formação Urucu- tuca. Somente no Neo-Oligoceno e no decorrer de todo o Neógeno, desenvolveu-se uma plataforma estreita com arenitos da Formação Rio Doce e carbonatos da Forma- ção Caravelas indicativos da regressão marinha, tam- bém reconhecida ao longo de toda a costa brasileira. Vários eventos vulcânicos foram observados por diferentes pesquisadores, que puderam caracte- rizar sismicamente vários corpos magmáticos inter- postos às rochas sedimentares na Bacia de Jacuípe. Analisando os truncamentos e as deformações provocadas nos refletores sísmicos, atribui-se que esses eventos ocorreram ao final do Alagoas e início do Albiano, sendo reativados no Paleógeno. Seqüência N60 A Seqüência N60 diz respeito aos sedimentos de praias e aluviões (SPA) que englobam os sedimen- tos clásticos do Pleistoceno e do Holoceno e que com- põem a fisiografia atual da bacia. São arenitos e folhe- lhos da planície de inundação dos rios Joanes, Jacuípe e Itariri, entre outros, que se depositaram diretamente sobre o embasamento gnáissico. Completam esse qua- dro os depósitos estuarinos, além da sedimentação de argilas, ainda inconsolidadas, que forram toda a exten- são da porção submersa da bacia. referências bibliográficas ALMEIDA, F. F. M.; HASUY, Y. O pré-cambriano do Brasil. São Paulo: Blucher, 1984. 378 p. il. CAMPELO, R. C. Integração de métodos geofísicos na caracterização de um limite entre as Bacias de Sergipe- Alagoas e Jacuípe. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE GEOFÍSICA, 9., 2005, Salvador. Anais. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Geofísica, 2005. 1 CD-ROM. DIAS, J. L. Tectônica, estratigrafia e sedimentação no Andar Aptiano da margem leste brasileira. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 13, n. 1, p. 7-25, nov. 2004/maio 2005. NETTO, A. S. T.; WANDERLEY FILHO, J. R.; FEIJÓ, F. J. Bacias de Jacuípe, Camamu e Almada. Boletim de Geociências da Petrobras, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 173-175, 1994. SOUZA-LIMA, W.; ANDRADE, E. J.; BENGTSON, P.; GALM, P. C. A Bacia de Sergipe-Alagoas: evolu- ção geológica, estratigrafia e conteúdo fóssil. Aracajú: Fundação Paleontológica Phoenix, 2002. 34 p. Edi- ção especial n. 1. 420 | Bacia de Jacuípe - Graddi et al. 10 20 30 40 50 60 70 80 90100 110 120 130 140 150 542 0 A LÚ V IO / D E LT A IC O / LA C U S T R E C O N T IN E N TA L P LA TA F O R M A M A R IN H O R IO D O C E C A R A V E LA S 70 E S P ÍR IT O S A N T O 15 00 U R U C U T U C A K 9 0 - K 13 0 A LG O D Õ E S C A M A M U 30 0 K 60 - K 80 E 10 - N 50 400 K50 24 00 A LM A D A TAIPUS-MIRIM PRÉ-NEO-ALAGOAS SUB-FM.URUCUTUCA C R E T Á C E O ( G Á L I C O ) ( S E N O N I A N O ) P A L E Ó G E N O N E Ó G E N O E O C E N O APTIANO ALAGOAS C E N O M A N I A N O T U R O N I A N O C O N I A C I A N O S A N T O N I A N O C A M P A N I A N O Z A N C L E A N O PA LE O C EN O ( N E O C O M I A N O ) A L B I A N O BARRE- MIANO HAUTE- RIVIANO VALAN- GINIANO BERRIA- SIANO TITHO- NIANO J I Q U I Á BURACICA A R A T U R I O D A S E R R A D O M J O Ã O E M B A S A M E N T O TAIPUS-MIRIM 800 K40 K30 N60 PALEOCENO MESSINIANO TORTONIANO SERRAVALIANO LANGHIANO BURDIGALIANO AQUITANIANO CHATTIANO RUPELIANO PRIABONIANO BARTONIANO LUTETIANO YPRESIANO THANETIANO SELANDIANO DANIANO P LA TA F O R M A TA LU D E P R O F U N D O C O S T E IR O Ma ÉPOCA IDADE NA T U R E Z A D A S E D IM E N TA Ç Ã O DISCORDÂNCIASAMBIENTEDEPOSICIONAL GEOCRONOLOGIA FORMAÇÃO MEMBRO LITOESTRATIGRAFIA NEO EO NEO MESO EO MESO EO NEO EO NEO EO EO N EO BACIA DE JACUÍPE B. Geoci. Petrobras, Rio de Janeiro, v. 15, n. 2, p. 417-421, maio/nov. 2007 | 421 BGP v15 n2 grafica 243 BGP v15 n2 grafica 244 BGP v15 n2 grafica 245 BGP v15 n2 grafica 246 BGP v15 n2 grafica 247 BGP v15 n2 grafica 248
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