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1 INTRODUÇÃO Uma vez compreendido os objetivos desta disciplina e sua importância, o próximo passo consiste em desenvolver a reflexão sobre sua presença no curso, para orientá-lo (a), com os conteúdos que serão desenvolvidos, em uma perspectiva de que, por meio do estudo e da leitura, você poderá desenvolver suas capacidades de pensamento, reflexão e atitudes. Para isso, faz-se necessário a compreensão de que Metodologia do Trabalho Científico é a disciplina que "estuda os caminhos do saber", uma vez que a palavra método significa “caminho”, logia o “estudo”, e ciência o “saber”. Nesse contexto, é importante compreender os caminhos do saber. Os métodos apresentados nesta disciplina, são procedimentos para o desenvolvimento de trabalhos científicos, com finalidade de organizar e sistematizar assuntos pesquisados. A metodologia é um conjunto de procedimentos sistemáticos no qual os questionamentos são organizados com critérios de caráter científico, para se obter fidedignidade dos dados, que envolve princípios e normas que possam nortear e propiciar condições ao pesquisador, na realização de seus trabalhos, para que o resultado seja confiável e tenha maior possibilidade de ser generalizado. A disciplina propiciará também o desenvolvimento da leitura, da interpretação de textos e investigação científica, em uma perspectiva de que o pós graduando não se torne um aluno reprodutor de informações em suas pesquisas, apenas repetindo o que outros autores disseram, desprovido da capacidade de reflexão e crítica, mas sim, um pesquisador que interprete, reflita e participe ativamente do seu processo de aprendizagem. No passado, as gerações, ao se sucederem, foram recebendo um conhecimento já pronto e desenvolvido, e aos poucos, isso foi mudando, onde a procura por respostas aos fenômenos da natureza através de mitos e magias, não foram suficientes. A humanidade evoluiu para a procura de respostas através de métodos que pudessem ser comprovados, nos quais seria possível a reflexão sobre as experiências, e em seguida sua transmissão a outras pessoas. A necessidade de se compreender a razão dos acontecimentos impulsionou evolução do ser humano e o surgimento da ciência. 2 O QUE É CIÊNCIA Para que se possa desenvolver a metodologia científica, faz-se necessário a compreensão do que é ciência e, em seguida, distingui-la do senso comum. Etimologicamente, ciência é conhecimento. Mas, nem todos os tipos de conhecimento são ciência, como o senso comum e outros De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 16) ciência é: A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico, envolvendo o conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento científico através do uso da consciência crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do superficial e o principal do secundário. A ciência é capaz de apresentar respostas confiáveis, sujeitas a verificação e críticas. Compreende-se como forma de entender as razões dos fenômenos que ocorrem, sendo constituída pela observação sistemática dos fatos, onde através experimentação e verificação, obtém-se resultados que podem a ser verificados universalmente. Quando faz referência à ciência, Oliveira (2002, p. 47) afirma que: Trata-se do estudo, com critérios metodológicos, das relações existentes entre causa e efeito de um fenômeno qualquer no qual o estudioso se propõe a demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas. É uma forma de conhecimento sistemático, dos fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis por meio da pesquisa e dos testes. Nessa perspectiva, observa-se importância da ciência como uma forma de conhecimento humano, que conta como características a objetividade, racionalidade, a sistematização e verificação. Uma vez compreendido o que é ciência, é necessário compreensão de que o trabalho científico implica a produção do conhecimento, sendo este classificado como comum e científico. No conhecimento científico, o pensamento deve ser sistemático, com a verificação da hipótese (ou conjunto de hipóteses), com rigor na utilização de métodos científicos. De acordo com Galliano (1986, p. 26), “ao analisar um fato, o conhecimento científico não apenas trata de explicá-lo, mas também busca descobrir suas relações com outros fatos e explicá-los.” 3 SENSO COMUM De acordo com Lakatos e Marconi (2003), Fachin (2003), o senso CE aquele decorrente da experiência do cotidiano, que se desenvolvem a partir do dia a dia ou da necessidade. O senso comum, resultante das experiências e observações, é uma forma de conhecimento que permanece no nível das crenças vividas, de acordo com a interpretação previamente consolidada pelo grupo social. Ao contrário do conhecimento científico, é assistemático, sensitivo e subjetivo, sem o rigor e a utilização da metodologia científica. Para exemplificar a diferença entre o senso comum e o conhecimento científico, observa-se os tratamentos médicos. Inicialmente, os remédios eram prescritos e utilizados pelos índios e curandeiros, uma vez que o conhecimento deles era advindo da experimentação, do senso comum, que também é compreendido como conhecimento vulgar. Contudo, é possível a transformação do senso comum para conhecimento científico. Por exemplo, os remédios produzidos pelos curandeiros, pode ser aplicado a um método científico, e comprovada a sua eficácia passam a ser considerados um conhecimento científico. Antes disso, não havia comprovação do senso comum, mesmo que já tivesse curado várias doenças, porque não havia passado pela metodologia científica. Isso pode ser comparado à vida acadêmica. Por vezes, na realização de um trabalho, durante investigação de um problema, será necessária a aplicação de métodos científicos para se chegar a um resultado comprovado. Não poderá “sair da mente”, ou se embasar que é válido apenas porque “sempre deu certo”. 4 TIPOS DE CONHECIMENTO São quatro os tipos de conhecimento fundamentais do ser humano: empírico (senso comum); científico, filosófico e religioso. É importante ressaltar que, na trajetória acadêmica, será utilizado apenas o conhecimento científico. Contudo, faz-se necessário a compreensão de todos. 4.1 CONHECIMENTO EMPÍIRICO Trata-se do conhecimento popular (vulgar), orientado pelas experiências adquiridas no dia a dia, valendo-se também da experiência do próximo, que por vezes ensina, às vezes aprende, num processo de interação e social. É assistemático, relacionado com valores e crenças, parte integrante de antigas tradições. Como exemplo de conhecimento empírico, pode ser observado o dito popular de que tomar água de berinjela emagrece. 4.1.2 Conhecimento Científico É o sistemático da realidade, próximo da exatidão, que visa o conhecimento da essência do fenômeno, seus mecanismos, causas e leis. Por meio da classificação, comparação, aplicação dos métodos, análise e síntese, o pesquisador obtém do ambiente de estudo, princípios e leis que formam um conhecimento válido e universal. Para tal, são feitos perguntas e procuradas respostas sobre os fenômenos, através de procedimentos que conduzem ao resultado com comprovação. Não é considerado definitivo, pronto e acabado, e sempre se encontra na busca constante e sistemática de explicações, avaliações e reavaliações de seus resultados, pois, de acordo com Cervo e Bervian (2002), a ciência é um processo em construção. 4.1.3 Conhecimento Filosófico Tem como objetivo a compreensão da realidade em seu contexto universal, sem respostas definitivas. Obtém-se independentemente de estudos, investigações ou aplicações de métodos e pesquisas.Controlado por registros e observações, para controle do observador e do observado. Nessa perspectiva, a filosofia centra-se na reflexão. O conhecimento filosófico busca a compreensão da realidade, não gerando soluções todas as questões, contudo propicia ao ser humano a utilizar suas faculdades para melhor compreensão do sentido da vida. 4.1.4 Conhecimento Religioso É o estudo de questões relacionadas ao conhecimento do divino, que foca atitude de fé diante de revelações de um mistério ou sobrenatural, compreendido como mensagem ou manifestação sagrada. Esse conhecimento está intimamente relacionado a uma divindade, um ser invisível, ou qualquer entidade entendida como ser absoluta, de acordo com a cultura de cada povo, com quem o ser humano se relaciona por meio da fé. Oliveira (2003) contribui, ainda, sobre o assunto, sintetizando os tipos de conhecimento, conforme Quadro 1: Comum Científico Filosófico Religioso Valorativo Real Valorativo Valorativo Reflexivo Contingente Racional Inspiracional Falível Falível Infalível Infalível Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático Verificável Verificável Não verificável Não verificável Inexato Exato Exato Exato Quadro 1: As várias formas de conhecimento 5 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA É necessário, durante a formação de um pesquisador, o desenvolvimento do hábito de leitura, pré requisito básico para a produção científica de qualidade. Para tal, é necessário que o pesquisador, ao encontrar o material que parece ser o que busca, faça uma leitura de reconhecimento, verificando informações sobre a obra, o autor, a fonte utilizada, as informações contidas no resumo, referências indicadas pelo autor (para ter uma visão minuciosa sobre as fontes em que o autor se apoiou), e a data de publicação da obra, para depois ler. Os objetivos da leitura devem ser: memorizar, apreender e assimilar o conteúdo, para se formar um senso crítico sobre o assunto (Bastos; Keller 2002; Galliano, 1986). É necessário, antes de se realizar qualquer fundamentação, considerar três regras básicas para favorecer a aprendizagem: atenção, memória e associação de ideias. A atenção não se mantêm fixa por períodos prolongados, sem redução de sua eficácia, e por isso um período de atenção necessita de um intervalo de descanso. Para fixar a atenção, é fundamental ter o máximo de interesse pelo assunto pesquisado. Memorizar é assimilar ou compreender o que é mais importante de um conhecimento, diferente de decorar, que só permite repetição. A memorização é favorecida a partir da observação dos seguintes aspectos: foco, repetição, emoção, afinidade com o tema e relacionamento dos fatos com outros conhecimentos, já armazenados na memória. A associação de ideias, é uma habilidade que propicia ao indivíduo relacionar e evocar informações. Isso é observável quando determinados assuntos vêm à tona, por fatos e ideias relacionadas com experiências anteriores dos interlocutores, durante troca de palavras em um diálogo. Para melhor aprendizagem, podemos usar dessa técnica, para associar o conteúdo. Por exemplo: décadas atrás, professores de Biologia utilizavam a palavra “REFICOFAGE”, para facilitar a lembrança dos alunos quanto as informações dos seres vivos; RE = Reino; FI = Filo; CO = Classe-Ordem; FA = Família; GE = Gênero. 6 APROVEITAMENTO DA LEITURA Apesar do avanço das tecnologias, a leitura é a forma mais adequada para a aquisição do conhecimento. Através da leitura, pode-se desenvolver e ampliar conhecimento sobre assunto, melhorar o vocabulário pessoal e, por consequência, comunicar as ideias, de forma mais eficaz. Algumas etapas devem ser seguidas, para realizar leitura; de acordo com o que apresenta Cervo e Bervian (2002, p. 96-99): pré leitura; leitura seletiva; leitura crítica e leitura interpretativa. A pré leitura, é a leitura de reconhecimento, que examina a folha de rosto, os índices, as referências, as citações, o prefácio, a introdução e a conclusão. Quando se tratar de artigo de revista ou jornal, geralmente, a ideia está contida no resumo, no título do artigo e subtítulos, que se apresentarem. A leitura seletiva, elimina o que é dispensável para que se fixe a atenção naquilo que realmente é relevante. Para tanto, é necessário definir critérios e objetivos, de forma que apenas os dados que forneçam algum conteúdo sobre o problema da pesquisa devem ser selecionados. A leitura crítica, é a capacidade de selecionar as ideias principais e diferenciá-las das secundárias. Dessa forma, diante de um problema de pesquisa, o estudante precisa deve refletir, por meio da análise, comparação, diferenciação, síntese e do julgamento, levantando similaridades ou não, para formar sua ideia sobre o assunto. Nessa fase, também, deve-se ter visão global do assunto, passando pela a análise das partes, chegando a síntese. Na leitura interpretativa, o pesquisador procura compreender o que realmente o autor defende e que informações transmite para a solução dos problemas formulados na pesquisa. Nessa etapa, é o momento de se proceder à integração dos dados descobertos durante a leitura confecção do trabalho científico. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente estudo apresenta as diversas formas do conhecimento, em uma perspectiva de elucidar a importância do conhecimento científico, e a necessidade da realização de uma leitura crítica para que se possa construir um alicerce sólido para a construção do trabalho científico. Por isso, sugere-se que esse processo tenha início logo no início da formação do pesquisador, para que esse exercício possa se tornar um hábito, e dessa forma, propiciar ao mesmo um conhecimento amplo, bem como a identificação de sua área de afinidade, que o acompanhará durante toda a sua trajetória acadêmica. REFERÊNCIAS CERVO, A.L; BERVIAN, P.A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. 242 p. DE OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002. 320 p. FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. 195 p. GALLIANO, A.G. O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. 200 p. LAKATOS, E.M; MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003. 311 p.
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