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Relações Econômicas Internacionais e Livre Comércio

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LEGISLAÇÃO ADUANEIRA 
AULA 6 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. João Alfredo Lopes Nyegray 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Você já se perguntou de onde vem a riqueza das nações? Países 
prósperos, como os da América do Norte ou da Europa, ou, ainda, países que 
têm crescido fortemente como a China e a Índia. Qual será o motor de 
crescimento desses países todos? Obviamente, essa não é uma resposta fácil. 
Educação de qualidade, facilidade para empreender e fazer negócios, bem como 
perceber a capacidade das empresas em inovar e gerar novos produtos e 
oportunidades, sem dúvida pesam bastante na resposta a essa questão. 
No entanto, há outro ponto importante: o comércio. Não o comércio de rua 
ou o dos grandes shoppings, mas o comércio internacional, que é, sem dúvida, 
um dos grandes motores do desenvolvimento econômico de países como China 
e Índia. Nesses locais, são fabricados os mais diversos bens, alguns com 
matéria-prima importada, que, depois, são exportados para todo o mundo. 
 
Figura 1 – Nova Iorque, Cingapura e Londres: exemplos de desenvolvimento 
 
 
Ao analisar essa questão, percebe-se que a evolução do comércio 
internacional é um dos fortes motores do crescimento e do desenvolvimento das 
nações. No entanto, não são só mercadorias que podem ser comercializadas: 
existem também os serviços! Todas essas trocas são compreendidas pelas 
relações econômicas internacionais, as quais veremos adiante! 
CONTEXTUALIZANDO 
Se as relações econômicas internacionais são parte importante do 
desenvolvimento das nações, isso quer dizer também que as empresas e os 
governos – participantes que possibilitam o acontecimento dessas relações, seja 
por meio de operações de comércio, seja por meio de incentivo – têm papel 
fundamental nesse processo. Mas, afinal, por qual motivo as nações 
comercializam? Apenas para vender e lucrar? Veja o trecho abaixo: 
 
 
O comércio permite aos países usar seus recursos nacionais de modo 
mais eficiente por meio da especialização. O comércio permite a 
indústrias e operários serem mais produtivos. O comércio também 
permite às nações atingirem padrões de vida mais elevados e 
manterem baixo o custo de muitos produtos de uso cotidiano. Sem o 
comércio internacional, a maioria delas ficaria impossibilitada de 
alimentar, vestir e abrigar seus cidadãos nos níveis atuais. Até as 
economias ricas em recursos como os Estados Unidos sofreriam sem 
comércio. Alguns tipos de alimento ficariam indisponíveis ou só 
poderiam ser obtidos a preços exorbitantes. Café e açúcar passariam 
a ser artigos de luxo. As fontes de energia derivadas de petróleo 
escasseariam. Os veículos parariam de rodar, as cargas deixariam de 
ser entregues, e as pessoas não poderiam aquecer seus lares no 
inverno. Em suma, não se trata somente de nações, empresas e 
cidadãos beneficiarem-se do comércio internacional; a vida moderna é 
praticamente impossível sem ele. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 
2010) 
 E você, já havia pensado por essa perspectiva? Considere as imagens 
abaixo: 
 
Figura 2 – Shangai: 1990 e 2010 
 
Fonte: <https://goo.gl/ZnVQ7r>. 
Essas imagens mostram a cidade chinesa de Shangai em 1990 e em 
2010. Que mudança radical, não é mesmo? O que houve nesse curto espaço de 
tempo? Houve relação econômica: facilitação da vida do empreendedor e 
dedicação às relações econômicas internacionais, não só nas exportações de 
produtos ou serviços, mas nos serviços financeiros e na atração de 
investimentos e inovações. Espantoso, não é? 
 Como você avalia o desempenho do Brasil no comércio internacional? 
 O que nosso país poderia fazer para melhorar sua participação comercial 
no mundo? 
 
TEMA 1 – O LIVRE COMÉRCIO 
 
 
Anteriormente, nós vimos como a riqueza das nações está ligada, dentre 
vários fatores, à sua participação nas transações financeiras internacionais. 
Podemos dizer, então, que qualquer nação altamente exportadora terá boa 
qualidade de vida? Que qualquer nação exportadora trará oportunidades para 
os estudantes de comércio exterior? Infelizmente, não! Vamos utilizar um país 
do oriente médio qualquer: esse país, de pequena população, pode ter 
exportações altíssimas, importações comparativamente pequenas, e, ainda 
assim, baixa qualidade de vida. Isso é comum de acontecer, pois essa nação 
pode exportar muito muito petróleo e importar todo o resto numa quantidade 
razoavelmente pequena para atender sua pequena população. Nesse caso, 
apenas alguns poucos se beneficiam das exportações, e não a nação como um 
todo. 
É por isso que precisamos falar sobre livre comércio e competitividade! 
Competitividade liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais a 
capacidade de produzir e vender de forma melhor. Nesse sentido, “um país com 
maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, colocar os 
bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por isso as 
suas exportações” (Almeida, 2003). Essas exportações acabam retornando em 
benefícios para a população, como empregos, investimentos, crescimento 
econômico e desenvolvimento de forma geral. 
Anualmente, são divulgados diversos índices de competitividade mundial. 
Infelizmente, ano a ano, o Brasil vem perdendo posições, e atualmente está atrás 
até mesmo do Cazaquistão e do Peru. O mesmo vale para o ranking da 
Organização Mundial do Comércio dos maiores exportadores. Veja o quadro 
abaixo e compare os maiores exportadores com os países mais competitivos. 
Você consegue perceber como as coisas se relacionam? 
 
 
 
Quadro 1 – Maiores exportadores x países mais competitivos 
Maiores Exportadores Mais Competitivos 
China Suíça 
Estados Unidos Estados Unidos 
Alemanha Cingapura 
Japão Alemanha 
Holanda Holanda 
França Japão 
Coréia do Sul Hong Kong 
Reino Unido Finlândia 
Hong Kong Suécia 
Itália Reino Unido 
Fonte: Elaboração com base em dados da OMC e Fórum Econômico Mundial. 
 Quanto mais livre é o ambiente de um país, quanto mais suas empresas 
importam, mais opções de escolha têm seus consumidores. Como 
consequência, suas empresas nacionais buscam criar produtos melhores, mais 
inovadores e de maior tecnologia para permanecerem no mercado. Aquelas que 
não o fizerem estarão fadadas ao fechamento ou à falência. Por outro lado, 
quando o governo trava as importações, por meio de leis e procedimentos 
burocráticos, e sem sincronia, com muitos órgãos intervenientes, cria empecilhos 
ao comércio exterior, menos às empresas que se engajam em atividades 
internacionais. Consequentemente, o país perde oportunidades de crescimento, 
desenvolvimento e exportação. 
 Há quem considere as importações maléficas a uma determinada nação, 
uma vez que entram produtos ou serviços e sai dinheiro. No entanto, as 
importações podem beneficiar produtores, ou, ainda, aqueles que importam um 
insumo, fabricam algo, e depois exportam o produto final. Por fim, as exportações 
beneficiam os consumidores, que acabam por ter acesso a uma série de 
produtos por um preço atrativo. Com muitas importações, caso a indústria 
nacional de dado segmento queira sobreviver, precisará inovar, agregar 
qualidade e, de alguma forma, oferecer tudo isso a um preço menor. Ou seja: 
ser competitiva! 
 Um exemplo de país que evoluiu e cresceu graças à sua dedicação às 
relações econômicas internacionais foi Cingapura. Esse país asiático, na década 
de 1960, era pobre, sem recursos naturais ou terras férteis. Por meio de 
incentivos governamentais, solidificação da moeda, respeito à propriedade 
privada e incentivos ao empreendedorismo e ao setor industrial, Cingapura, hoje, 
 
 
temuma renda per capita maior do que a dos Estados Unidos e da União 
Europeia. Esse país conta com poucas regulamentações que travam a 
internacionalização de suas empresas, além de apresentar impostos baixos e 
zero tributos sobre as operações de importação ou exportação. 
 Como consequência, suas empresas competem não pensando no 
governo, ou em perder dezenas de centenas de horas para cumprir com suas 
obrigações tributárias, como acontece no Brasil. A competição se dá por base 
em qualidade, melhores produtos ou serviços. De forma geral, pode-se afirmar 
que: 
a ausência de restrições ao fluxo de bens e serviços entre as nações é 
preferível porque: os consumidores e as empresas podem facilmente 
adquirir os produtos que desejam; [...] as importações podem ajudar a 
reduzir os custos das empresas, elevando dessa forma seus lucros 
(que podem ser repassados aos trabalhadores sobre a forma de 
aumento de salário); as importações podem ajudar a reduzir os gastos 
dos consumidores, aumentando dessa forma seus padrões de vida; de 
modo geral, o comércio internacional sem restrições aumenta a 
prosperidade dos países mais pobres. (Cavusgil; Knight; Riesenberger, 
2010). 
 Isso significa dizer que o livre mercado e a liberdade econômica permitem 
que os empresários busquem, sem o atrapalho do governo, melhores condições 
de comércio. O livre mercado, então, estimula “empresários a buscar sempre 
novas formas de exportar ou de competir com os importados, gerando mais 
incentivo ao aprendizado e à inovação do que em um sistema de comércio 
‘administrado’” (Magnoli; Serapião Jr., 2012). 
 Isso funciona? Bem, não existe, na verdade, um mercado que seja 
totalmente livre, sem qualquer restrição do governo. No entanto, existem aqueles 
países economicamente mais livres, cujos índices de liberdade econômica são 
os mais elevados. Estão, entre eles, a Suécia, a Suíça, o Canadá, a Dinamarca, 
a Austrália e a Nova Zelândia. Ou seja: as nações economicamente mais livres 
são, sem exceção, as nações mais ricas e prósperas do planeta. Por outro lado, 
existem também aqueles locais mais economicamente repressores, como Cuba, 
Venezuela ou Coréia do Norte. Nesses países, o estado tem um papel 
preponderante e os indivíduos, pouquíssima liberdade. As nações 
economicamente repressoras são, sem exceção, nações menos desenvolvidas. 
 
Texto de leitura obrigatória 
Leia o capítulo 11 do seguinte livro: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
internacionais. Curitiba: Intersaberes, 2016. Disponível em: 
 
 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 25 jul. 2017. 
 
Saiba mais 
Leia o artigo "Lee Kuan Yew, o homem responsável pelo que Cingapura tem de 
melhor e de pior". Disponível em: 
<http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=2059>. 
TEMA 2 – POLÍTICAS COMERCIAIS E PROTECIONISMO 
Esquecendo, por um momento, a questão da riqueza das nações, você já 
se perguntou por que as nações comercializam? Por qual razão os países não 
tentam viver isolados, fabricando tudo o que podem por conta própria? 
Imaginemos por um minuto: se não fosse pelo comércio exterior e internacional, 
de onde viriam as máquinas de nossa indústria? Como o resto do mundo teria 
acesso à soja, ao suco de laranja e às proteínas animais, fabricados aqui no 
Brasil? Como o Brasil teria acesso a automóveis e motores, muitas vezes de 
empresas alemãs, italianas ou estadunidenses? Como teríamos acesso a 
manufaturados diversos, muitas vezes provenientes da China? Ou, então, 
produtos têxteis vindos de vários locais da Ásia? Não teríamos! Seríamos 
obrigados a tentar fabricar aqui, por conta própria, tudo o que necessitássemos 
para nossa vida diária. Por mais que, em alguns casos, isso pudesse ser 
possível, muitas vezes não valeria à pena, considerando que o valor final dos 
produtos poderia ficar extremamente alto e pouco atrativo. 
Figura 3 – Rua deserta na capital da Coreia do Norte: o país vive isolado do resto 
do mundo, o que impede seu desenvolvimento 
 
Fonte: http://www.imil.org.br/wp-content/uploads/2009/05/hyangsan.jpg 
 
 
Por conta dessas dificuldades, afirma-se que o comércio internacional 
permite que as nações atinjam padrões de vida mais elevados, forçando 
empresas a serem mais e mais eficientes. Para alguns, é possível, sim, viver 
sem o comércio exterior, ainda que com todos esses inconvenientes. Hoje, essas 
pessoas são exceção, mas há algum tempo se acreditava que quanto mais 
poderosa fosse uma nação, mais independente ela deveria ser. Essa teoria se 
originou na época do Mercantilismo, corrente de pensamento econômico que 
acreditava que toda vez que um país importava alguma coisa e retirava 
pagamento de seus cofres para quitar a importação, essa nação ficava mais 
pobre e, consequentemente, menos poderosa. Não à toa, iniciam-se as Grandes 
Navegações, na busca por encontrar novas reservas de ouro e prata, para 
enriquecer e empoderar as nações europeias: 
A definição mais aceita de mercantilismo informa que este termo 
compreende um conjunto de ideias e práticas econômicas dos Estados 
da Europa ocidental entre os séculos XV, XVI e XVII voltadas para o 
comércio, principalmente, e baseadas no controle da economia pelo 
Estado. Mercantilismo dá nome, nesse sentido, às diferentes práticas 
e teorias econômicas do período do Absolutismo europeu. (Silva, 2006) 
 A questão é, se ninguém quer importar, como alguém exportará? 
Impossível, não é mesmo? Passados alguns séculos após o surgimento das 
ideias Mercantilistas, o escocês Adam Smith escreveu um livro contestando as 
práticas comerciais internacionais de então. Em A Riqueza das Nações, Smith 
argumentava que “a verdadeira base da riqueza de um país era medida pela 
quantidade e qualidade de seus bens e serviços, não por suas reservas de 
metais preciosos” (Perry, 2002). Assim, surge o princípio econômico das 
Vantagens Absolutas. Após a publicação de Adam Smith, o britânico David 
Ricardo pensou sobre o comércio internacional de forma distinta, criticando a 
lógica protecionista predominante em suas épocas. 
 De maneira geral, o protecionismo envolve grandes responsabilidades 
para os Estados, que devem cuidar de um número cada vez maior de áreas. 
Países protecionistas são, também, economicamente repressores. Nessas 
nações, os particulares e suas empresas não possuem autonomia para importar 
e exportar o quanto quiserem. O estado deverá regular, permitir e proibir uma 
série de condutas. 
 Mas por que os países adotariam essas práticas? Acreditava-se que 
políticas protecionistas, principalmente em relação ao comércio exterior, 
pudessem proteger a indústria nacional e estimular seu crescimento. São países 
 
 
que ofereceriam subsídios a determinadas áreas cuja política econômica 
quisesse estimular: 
A ideia de subsidio envolve uma transferência de renda real da 
sociedade a um setor selecionado, no caso o setor exportador. Os 
subsídios assim considerados são objeto de regulamentação explícita 
por parte da Organização Mundial do Comércio e são frequentes os 
casos de questionamento de um país em relação a outro quanto à 
concessão desses subsídios. (Baumann; Canuto; Gonçalves, 2004). 
 Será que esses subsídios ajudam a indústria doméstica? Será que o 
protecionismo pode fazer com que as empresas nacionais se desenvolvam? 
Bem, essa não é uma resposta fácil. O que se percebeu pelas experiências 
protecionistas é que, quando um governo fornece subsídios à determinada 
empresa ou área, esta empresa ou área estimulada não precisa se preocupar 
tanto com competitividade, inovação e crescimento, uma vez que seus recursos 
vieram do governo. Isso geraria produtos baratos emrazão de políticas – ainda 
que questionáveis – que favorecem que sua produção seja barata. Esses preços 
baixos são, então, artificiais. 
 Nesses casos, assim que os governos retiram os subsídios de 
determinadas áreas, os preços dos produtos até então subsidiados tendem a 
crescer desenfreadamente, uma vez que o custo de produção deixou de ser 
bancado pelo poder público e passou para o particular. 
 Isso nos leva a um segundo questionamento a respeito do protecionismo. 
Será que ele estimula a indústria nacional? Vamos pegar o caso do Brasil. No 
decorrer das décadas de 1950 até a década de 1990, éramos um país 
protecionista e altamente regulado. Havia restrições variadas às importações 
como forma de promover a indústria doméstica. E qual foi o resultado disso? 
Tínhamos apenas quatro montadoras de automóveis no país, outras poucas de 
eletrodomésticos e uma demanda reprimida. 
 O que é demanda reprimida? Significa que tínhamos muita gente 
querendo comprar, mas poucas empresas oferecendo produtos e serviços. 
Como a oferta era pequena, o consumidor se via obrigado a comprar os itens 
oferecidos, que nem sempre eram bons. Por isso, durante tanto tempo, o 
brasileiro teve a impressão de que produto importado era melhor do que produto 
nacional. A baixa concorrência não estimulava as empresas a inovar e buscar 
oferecer produtos melhores a preços mais baixos. 
 E hoje em dia? Hoje, dificilmente teremos um país 100% protecionista 
(com exceção de Coreia do Norte, que é um país fechado) ou 100% aberto e 
 
 
livre. O que há é um mix das duas coisas, às vezes mais fechado, às vezes mais 
aberto. E quais as formas de proteção comercial existentes hoje? Fechamento 
de mercado e de fronteiras às importações? Não! “Dentre as formas de proteção 
comercial, pode-se citar a adoção de tarifas aduaneiras, o contingenciamento ou 
cotas de importação, as barreiras não tarifárias, regulamentações sanitárias e 
mais recentemente exigências ambientais e até proteções sociais [...]” (Marinho, 
2011). 
TEMA 3 – O BRASIL E O COMEX 
 E o Brasil, será que é um país protecionista ou um país de livre mercado? 
Bem, antes de respondermos a essa questão, é importante lembrar que 
nenhuma nação é 100% uma coisa ou outra coisa. Ninguém pode ser totalmente 
fechado e protecionista (exceto a Coreia do Norte e outras nações de viés 
comunista) ou totalmente aberto e desregulado. 
 O Brasil encontra-se, atualmente, mais como um país protecionista do que 
como um país de livre mercado. As dezenas de leis que existem sobre o 
comércio exterior exigem atenção intensa do estado e de suas várias instituições 
intervenientes ao nosso comércio exterior. Os empresários brasileiros gastam 
pelo menos duas mil e seiscentas horas anuais somente para cumprir com todas 
as exigências tributárias que o governo impõe. 
 No comércio exterior, o cenário não poderia ser diferente: a história 
brasileira moldou a aduana e seu propósito. Do seu descobrimento, em 1500, 
até a chegada da família real portuguesa, em 1808, passamos por um período 
comercial fechado. Naquela época, éramos colônia de Portugal, e não 
poderíamos ter indústria. Tudo o que precisávamos deveria ser importado da 
metrópole Portugal. Tudo o que poderíamos vender deveria ser vendido também 
para a metrópole, que comercializava nossos produtos pelo resto do mundo. 
 Assim, nessa época, nossa aduana tinha uma finalidade que condizia com 
o momento econômico do país: garantir o destino das importações e 
exportações. Com a independência, em 1822, cai por terra o pacto colonial e, 
assim, tornou-se possível iniciar nosso desenvolvimento sem depender de 
outrem. A partir desse momento, a aduana passa a ter um caráter arrecadatório. 
A ideia era arrecadar com as importações e exportações, uma vez que já não 
éramos mais obrigados a comercializar apenas com Portugal. 
 
 
 Esse propósito arrecadatório da nossa aduana vai até 1930, quando o 
presidente Getúlio Vargas cria empresas estatais nacionais para tentar produzir, 
por conta própria, muitos dos itens que importávamos de outras nações. A partir 
daquele momento, altera-se o propósito da aduana, que deixa de ser 
arrecadatório e passa a ser protecionista, ou seja: impedindo a entrada de 
produtos importados, na vã tentativa de estimular a indústria nacional. No 
entanto, não conseguimos ser os melhores na produção de tudo o que 
precisávamos: 
[...] no caso brasileiro a concorrência global por mercados e 
investimentos colocou para o país a necessidade de uma reinserção 
competitiva na economia internacional. Embora o modelo de 
desenvolvimento baseado na substituição de importações tenha sido 
superado, o êxito do crescimento econômico havia proporcionado a 
organização de setores desenvolvimentistas e protecionistas fortes e 
estáveis assim como gerado uma estrutura industrial diversificada. 
(Abreu, 2002) 
 Assim, o protecionismo iniciado no governo Vargas se estende até a 
década de 1990, momento da abertura econômica brasileira. A partir de então, 
o propósito da aduana passa a ser regulatório, de regular e controlar a entrada 
e saída de pessoas, bens e demais itens. No entanto, o que vemos acontecer é 
o oposto: uma série de procedimentos complexos e desconexos acabam por 
atrapalhar a inserção internacional de nossas empresas. 
 E quem é, afinal, o responsável pela política comercial de um país? A 
Receita Federal, órgão de competência aduaneira? Ou a chancelaria – Ministério 
das Relações Exteriores? Essa é uma resposta a uma pergunta complexa: 
As políticas nacionais de comércio exterior são raramente conduzidas 
apenas pelas chancelarias. Os ministérios dedicados à indústria, à 
agricultura, à ciência e tecnologia, à saúde, à cultura e ao trabalho, 
entre outros, procuram defender interesses setoriais e exercem maior 
ou menor influência sobre a diplomacia comercial. As negociações 
sobre investimentos e patentes, no quadro da OMC, compõe a pauta 
cada vez mais vasta da diplomacia comercial e são alvo de disputas 
entre grupos de interesse em cada nação. (Magnoli; Serapião Jr., 
2002). 
 Isso significa que não é apenas o Ministério das Relações Exteriores que 
controla a política comercial de uma nação, e sim seus governantes, ministérios 
e até mesmo sua orientação política. Governos situados à esquerda buscarão 
imprimir sua ideologia também nessa área, buscando países também de 
esquerda. Governos de ideologia situada mais à direita, buscarão outros 
objetivos, como o alinhamento a países mais industrializados, de ideologia 
semelhante. 
 
 
 Assim, ainda que tenhamos uma política mais protecionista, apenas o 
protecionismo não consegue, por conta própria, explicar nossa política 
comercial. O Brasil tem sido cada vez mais presente em fóruns comerciais 
globais, nos quais busca defender seus negócios mais lucrativos. E quais são 
esses negócios? Não é segredo para ninguém da importância que o agronegócio 
tem para nosso país. Assim, muito da política comercial do nosso governo se 
pauta por buscar a liberalização do comércio internacional de produtos agrícolas: 
No terreno menos defensivo, os interesses brasileiros concentravam-
se em dois temas: protecionismo agrícola, em particular 
desmantelamento de subsídios à exportação, e legislação anti-
dumping. Como membro da coalizão de Cairns, que reúne países 
favoráveis ao desmantelamento do protecionismo agrícola, o Brasil 
pressionou pela inclusão de menção explícita à eliminação de 
subsídios à exportação de produtos agrícolas (“reductions of, with a 
view to phasing out, all forms of export subsidies”), além de substancial 
melhoria no acesso a mercados e substancial redução de apoio à 
produção doméstica que implique em distorções no comércio deprodutos agrícolas. (ABREU, 2002) 
 Ainda que essa seja uma pauta importante, dificilmente será suficiente 
para dar conta dos desafios do nosso crescimento. É urgente que nossos 
governantes adotem políticas comerciais mais agressivas para beneficiar 
exportadores. Buscar países desenvolvidos, celebrar tratados de liberalização 
comercial e reduzir a burocracia devem, obrigatoriamente, fazer parte da lista de 
prioridades para nossos governantes. 
TEMA 4 – LEGISLAÇÃO ADUANEIRA E LOGÍSTICA 
 Até aqui, você já entendeu que o comércio exterior se refere às trocas 
comerciais de uma nação com o resto do mundo. Você entendeu também que 
os negócios internacionais têm preocupações mais amplas, tais como o 
entendimento das razões pelas quais as nações comercializam e como elas o 
fazem. Agora, pensemos, por um instante: o que seria dessas duas áreas sem 
a logística? Como transportar as toneladas de soja que saem do Brasil para a 
China, os manufaturados que saem da China para o Brasil e o suco de laranja 
que sai do Brasil para os Estados Unidos? Sem logística, não existe comércio 
exterior. 
 Com o passar dos anos, em especial no decorrer do século XX, as trocas 
comerciais se intensificaram, e, como consequência, a logística precisou se 
aprimorar. Junto das ideias de logística internacional para o comércio exterior, 
constatou-se a necessidade de aumentar a rapidez e eficiência dos transportes 
para satisfazer clientes cada vez mais exigentes. Uma das características de 
 
 
nosso tempo é que, hoje, temos uma oferta de bens e produtos maior do que a 
demanda. Assim, os consumidores tornaram-se o público a ser conquistado. 
Mas e o que a logística tem com isso? 
 Tudo. Pense, por um instante, nas grandes redes de lojas virtuais que 
você conhece. Quais são os concorrentes de Amazon, Submarino, e-Bay e 
Mercado Livre? Muitas vezes, os concorrentes não são as demais lojas on-line, 
e sim as lojas físicas nas quais o consumidor pode obter o produto que deseja 
sem que precise esperar pela sua entrega. Por conta dessa nova lógica, tem-se 
exigido cada vez mais não só da logística, mas de seus profissionais. 
 Justamente por isso, pode-se dizer: 
Um dos grandes obstáculos da logística num ambiente globalizado é 
justamente utilizar diferentes estratégias para melhorar a eficiência da 
cadeia logística, fazendo com que as empresas consigam competir em 
diferentes mercados. [...] Este ambiente competitivo e dinâmico faz 
com que haja a necessidade de um ambiente integrado internamente 
e um nível de relacionamento forte junto às outras empresas parceiras. 
A logística tornou-se uma importante ferramenta para ganhar 
competitividade e ajustar os fluxos de materiais a esta realidade veloz, 
em que a redução de tempo na distribuição, estocagem e 
movimentação dos produtos serão a chave competitiva para o 
comércio internacional. (Coelho, 2011) 
 Você consegue perceber como o comércio exterior simplesmente não 
existe sem a logística? Além desse íntimo relacionamento entre essas duas 
áreas profissionais e do conhecimento, existe outra questão que passa a 
preocupar gestores de todo o mundo: o chamado gerenciamento da cadeia de 
suprimentos, que 
[...] engloba todos os estágios envolvidos, direta ou indiretamente, no 
atendimento de um pedido de um cliente. A cadeia de suprimentos não 
inclui apenas fabricantes e fornecedores, mas também 
transportadoras, depósitos, varejistas e os próprios clientes. Dentro de 
cada organização, como por exemplo, uma fábrica, a cadeia de 
suprimentos inclui todas as funções envolvidas no pedido do cliente, 
como desenvolvimento de novos produtos, marketing, operações, 
distribuição, finanças, e o serviço de atendimento ao cliente entre 
outras (Chopra; Meindl, 2003, p. 2) 
 Veja a extensão das preocupações que a cadeia de suprimentos aborda. 
Agora, estenda esse pensamento para uma escala internacional: como fazê-lo e 
gerenciá-lo da melhor forma considerando as grandes distâncias que separam 
os países e os continentes? Além disso, existem muitas empresas que trabalham 
com a chamada “cadeia global de valor”, ou seja, essas organizações dividem 
suas atividades industriais por todo o mundo. A pesquisa de novos produtos fica 
num país, a matriz em outro e a fabricação num terceiro. É a logística, portanto, 
a responsável por unir todos esses componentes e transportá-los até seus 
 
 
clientes pelo mundo. Entendeu por que, sem a logística, não há comércio 
internacional? 
E tem mais! Para que você entenda bem a cadeia logística internacional, 
deve, antes de mais nada, ter a clara ideia da cadeia logística, ou cadeia de 
abastecimento de forma geral. O que é isso? Bem, a cadeia de abastecimento 
[...] corresponde ao conjunto de processos requeridos para obter 
materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes 
e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para 
a data (quando) que os clientes e consumidores desejarem. Além de 
ser um processo bastante extenso, a cadeia apresenta modelos que 
variam de acordo com as características do negócio, do produto e das 
estratégias utilizadas pelas empresas para fazer com que o bem 
chegue às mãos dos clientes e consumidores. (Bertaglia, 2012, p. 4) 
 Quanta coisa, não é mesmo? Trata-se de toda a preocupação que envolve 
pegar uma matéria-prima numa determinada localidade, transformá-la, alterá-la 
e entregá-la como um produto para um cliente em algum lugar, seja numa loja, 
num armazém de um website ou em qualquer ponto no qual o consumidor final 
pode adquiri-la de alguma forma. 
 O que se percebeu nos últimos anos é que administrar a cadeia de 
abastecimento “exige o entendimento dos impactos que serão causados nas 
organizações, em seus processos e na sociedade” (Bertaglia, 2012, p. 4). 
Infelizmente, ainda é comum que indústrias inteiras parem sua fabricação por 
falta de alguma matéria-prima ou de algum componente. Se essa indústria 
efetuou algum contrato de compra e venda com algum cliente, atrasos podem 
ser penalizados por multas, que afetarão diretamente a lucratividade da 
organização. 
 E internacionalmente? 
As cadeias logísticas internacionais de suprimento compreendem a 
necessidade de estender a lógica da integração para fora das fronteiras 
da empresa e das fronteiras do país, incluindo fornecedores e clientes; 
considerando que, modernamente, a vantagem competitiva de uma 
empresa se baseia na produtividade (custo adequado) e diferenciação 
do produto (inovação, qualidade e nível de serviço), com benefícios 
para todas as partes envolvidas. (Nobre; Robles, 2016, p. 61) 
 A logística, portanto, deixa de ser apenas uma preocupação com matérias 
primas, materiais, produtos e entregas, e passa a ser uma fonte de vantagens 
ou desvantagens competitivas, conforme é administrada. Hoje, num mundo 
freneticamente integrado, entender a cadeia logística internacional é essencial 
para alavancar a competitividade de uma determinada organização. 
 
 
 Nesse ponto, muitos alunos nos questionam: “mas professor, as normas 
logísticas nacionais e internacionais não são as mesmas? Como, então, ser mais 
competitivo?” Sim, as normas são as mesmas para todas as empresas, mas 
Embora os processos em geral se apresentem relativamente uniformes 
para qualquer empresa, pois as normas são nacionais e internacionais 
e, portanto, afetando da mesma maneira todos os atores que estão no 
palco, a forma de ação de cada empresa proporciona um resultado 
completamente diferente para cada uma delas. Isso ocorre ainda que 
a mercadoria ou o serviço transacionado seja exatamente igual ao 
apresentado por seus concorrentes, inclusive para entrega aos 
mesmos importadores e destinos finais. (Keedi, 2011, p. 75) 
 Considerandoa citação, podemos afirmar que a eficiência e a 
competitividade de sua empresa deixam de depender apenas dela, da qualidade 
de seus produtos ou de seus preços, e passam a depender também de você: 
profissional de comércio exterior que deve, sim, entender de logística. Pense, 
por um instante, na guerra do Iraque, na invasão do Afeganistão. O que você 
diria a respeito da eficiência do transporte de armas, blindados e soldados dos 
Estados Unidos até lá? 
 Desafios semelhantes são aqueles com os quais as empresas se 
defrontam, uma vez que, internacionalmente, na 
[...] cadeia de abastecimento de exportação, a distribuição física das 
mercadorias sofre o impacto de diferentes agentes presentes no 
ambiente externo, portanto, a utilização e aprimoramento das técnicas 
de logística internacional devem adaptar-se a uma realidade 
empresarial em constante mudança (Silva, 2008, p. 132). 
 Se, domesticamente, já é complicado ajustar a cadeia de abastecimento, 
imagine internacionalmente! Você está preparado para entender cada aspecto 
do fluxo logístico entre sua empresa e o consumidor final, e entre seus 
fornecedores e sua empresa. Só assim, você pode pensar em maneiras e 
mecanismos para agilizar e melhorar seus processos logísticos internacionais. 
TEMA 5 – O BRASIL NO CENÁRIO INTERNACIONAL DE NEGÓCIOS 
As trocas internacionais são crescentes ou se mantêm estáveis? Se 
considerarmos o mundo como um todo, percebemos que o comércio 
internacional tem crescido continuamente nos últimos anos, o que é confirmado 
por estatísticas da Organização Mundial do Comércio, conforme vimos 
anteriormente. 
 Dessa forma, percebemos como, ano após ano, o mundo tem 
comercializado mais, trocado mais e, como consequência, utilizado mais 
serviços logísticos. Mas e o Brasil, como fica nesse cenário? Será que 
 
 
aumentamos nossa participação no comércio global? Infelizmente, não. De 
acordo com a OMC, somos apenas o 25º exportador. 
Quadro 2 – Classificação de países exportadores segundo a OMC 
Posição País Posição País 
1 China 16 Emirados Árabes Unidos 
2 Estados Unidos 17 Arábia Saudita 
3 Alemanha 18 Espanha 
4 Japão 19 Índia 
5 Holanda 20 Taipei 
6 França 21 Austrália 
7 Coréia do Sul 22 Brasil 
8 Reino Unido 23 Suíça 
9 Hong Kong 24 Tailândia 
10 Rússia 25 Malásia 
11 Itália 26 Polônia 
12 Bélgica 27 Indonésia 
13 Canadá 28 Áustria 
14 Singapura 29 Suécia 
15 México 30 República Tcheca 
Fonte: Dados OMC. 
 Esses dados nos mostram que, mesmo o Brasil sendo um país 
territorialmente extenso, promissor em diversas áreas, não conseguimos nos 
destacar no comércio internacional. A concorrência com outros países mais 
eficientes, com melhor infraestrutura e apoio às exportações, tem dificultado a 
atuação das empresas brasileiras. Um dos maiores responsáveis pelo nosso 
desempenho é a burocracia. O Brasil possui mais de 3.600 normas de comércio 
exterior, o que faz com que o país perca em competitividade, bem como afugenta 
os empresários locais da atuação global. 
 O que mais nos afeta? A baixa eficiência da aduana. Enquanto a eficiência 
aduaneira em países como Canadá, Cingapura e outros chega em 100%, a 
aduana brasileira tem apenas 12% de eficiência. Esse dado é absurdo! 
[...] dentre os 50 países selecionados, é alarmante o Brasil apresentar 
a menor eficiência relativa de todos os países da base considerada, o 
que sugere que a Secretaria da Receita Federal do Brasil, responsável 
pela aduana brasileira, tenha que buscar alternativas para implementar 
as mudanças e reformas de uma maneira mais célere. (Morini, Barassa 
et al., 2014) 
 O fato de termos tantas normas, tantas instituições intervenientes e tantas 
autoridades, além da baixa eficiência da aduana, complica ainda mais a 
participação brasileira no cenário comercial global. Nosso sistema aduaneiro e 
 
 
de comércio exterior precisam de reformas urgentes, uma vez que têm causado 
perdas enormes a nosso país: 
[...] as perdas anuais decorrentes do atual Sistema Aduaneiro 
Brasileiro representam aproximadamente US$ 2,5 bilhões, 
considerando apenas os custos operacionais e financeiros dos 
exportadores e dos importadores. Os procedimentos de importação e 
exportação são complicados, demorados e inconsistentes, gerando 
impactos negativos para a imagem do Brasil no exterior e custos 
adicionais significativos, com perda de competitividade no mercado 
internacional. (Procomex, 2014) 
 Além disso, existem outras lutas travadas que são grandes empecilhos à 
nossa competitividade internacional. Por exemplo, a corrupção, desviando 
verbas que deveriam ser destinadas ao aprimoramento do país e de nossa 
infraestrutura: 
[...] embora com grandes potencialidades, o Brasil poderá enfrentar 
alguns obstáculos ao seu desenvolvimento econômico e social. A 
elevada corrupção, desigualdades sociais, baixos níveis de 
escolaridade, desordenamento urbanístico, pobreza de grande parte 
da população e altos índices de criminalidade tornam ainda difícil o 
investimento estrangeiro no Brasil. (Ferreira; Reis; Serra, 2011). 
 Perdemos, então, competitividade e participação no mercado global por 
pura desorganização. Essa desorganização do governo e dos entes do setor 
público é o maior dos entraves ao crescimento do país. Basta prestar atenção 
aos debates presidenciais: há alguma menção à legislação aduaneira? Às 
normas de comércio exterior? Uma série de candidatos quer fazer o país crescer, 
mas se esquecem de mencionar um dos principais motores propulsores do 
desenvolvimento: justamente o Comex. 
 Nossa infraestrutura é outro problema. O Brasil é altamente dependente 
do transporte rodoviário, e os outros modais precisam de urgente atenção: 
Os modais brasileiros em geral apresentam problemas e precisam de 
investimentos do governo para melhoria e possível adequação das 
suas deficiências. O sistema rodoviário, o mais utilizado no país, 
enfrenta situação ruim fora dos eixos das grandes capitais. As estradas 
são precárias e não oferecem segurança ao transporte. O sistema 
adotado para as privatizações dos pedágios acabou por onerar o 
transporte, deixando o custo dos fretes mais alto. (Barboza, 2014) 
 E sabe qual é a pior parte disso? 
[...] apenas, 11% das estradas brasileiras são pavimentadas, ficando 
atrás da China, Rússia e Índia. As condições das estradas brasileiras 
provocam um aumento no tempo de entrega e uma redução na 
qualidade de serviços, que muitas vezes foram sentidos no 
cumprimento de contratos, pagamentos de multas por atraso e até 
mesmo perda do negócio. (Salum, 2014) 
 Quando pensamos em ferrovias, por exemplo, esses dados são ainda 
mais alarmantes. Existem obras inacabadas por todo o país, muitas delas sem 
 
 
projeto, que já drenaram uma quantidade imensa de dinheiro público e ainda 
estão longe de sua conclusão. 
 Por tudo isso, nós, profissionais, cidadãos e eleitores, precisamos cobrar 
cada vez mais nossos representantes, e conscientizar não só a classe política, 
mas nossos amigos e familiares, da urgente necessidade de reformas por todo 
o país, para que não fiquemos, por todo o sempre, “deitados eternamente em 
berço esplêndido”. 
 
Texto de leitura obrigatória 
Leia o capítulo 12 do seguinte livro: 
NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
internacionais. Curitiba: InterSaberes, 2016. Disponível em: 
<http://uninter.bv3.digitalpages.com.br/users/publications/9788559720518>. 
Acesso em: 25 jul. 2017. 
TROCANDO IDEIAS 
Você tem ideia de como estão nossos portos e ferrovias? Veja o vídeo 
abaixo e comente com seus colegas o que poderia ser feito para mudar essa 
situação. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=D3QYBVvy6aE&t=9s>. 
NA PRÁTICALeia e considere o artigo “Comércio exterior – Burocracia, precisamos de 
ti?”, de autoria de Franciney Carvalho, para o portal Administradores, publicado 
em 9 de setembro de 2015, disponível em 
<http://www.administradores.com.br/artigos/academico/comercio-exterior-
burocracia-precisamos-de-ti/90157/>. 
 Após ler e analisar o artigo, responda: o que o país poderia fazer para 
simplificar seus procedimentos aduaneiros? Qual é o impacto da burocracia para 
as empresas brasileiras? 
 Existem muitas coisas que o governo poderia fazer para melhorar os 
procedimentos. A primeira delas seria centralizar num só órgão e numa só lei 
todos os procedimentos para importação e exportação, de forma que essa lei 
única seguisse um procedimento lógico. Atualmente, muitos dos procedimentos 
são desconexos, o que faz com que as empresas percam tempo precioso em 
 
 
seu processo de internacionalização. O impacto disso para as empresas é que 
ou elas perdem competitividade, ou acabam não participando do comércio 
exterior justamente por não entender toda a burocracia que o cerca. Simplificar 
é a palavra-chave, ainda mais se o país espera crescer. 
FINALIZANDO 
Competitividade liga-se, normalmente, a vários fatores, dentre os quais 
está a capacidade de produzir e vender de forma melhor. Nesse sentido, “um 
país com maior competitividade é um país que consegue com maior facilidade, 
colocar os bens e serviços que produz, nos mercados externos, aumentando por 
isso as suas exportações” (Almeida, 2003). Essas exportações acabam 
retornando em benefícios para a população, decorrentes de empregos, 
investimentos, crescimento econômico e desenvolvimento, de forma geral. 
O livre mercado e a liberdade econômica permitem que os empresários 
busquem, sem o atrapalho do governo, melhores condições de comércio. O livre 
mercado, então, estimula “empresários a buscar sempre novas formas de 
exportar ou de competir com os importados, gerando mais incentivo ao 
aprendizado e à inovação do que em um sistema de comércio ‘administrado’.” 
(Magnoli, Serapião Jr., 2012). 
O protecionismo, por outro lado, envolve grandes responsabilidades para 
os Estados, que devem cuidar de um número cada vez maior de áreas. Países 
protecionistas são, também, economicamente repressores. Nessas nações, os 
particulares e suas empresas não possuem autonomia para importar e exportar 
o quanto quiserem. O estado deverá regular, permitir e proibir uma série de 
condutas. 
 O Brasil encontra-se, atualmente, mais como um país protecionista do que 
como um país de livre mercado. As dezenas de leis existentes sobre o comércio 
exterior exigem atenção intensa do estado e de suas várias instituições 
intervenientes ao nosso comércio exterior. Os empresários brasileiros gastam, 
pelo menos, duas mil e seiscentas horas anuais somente para cumprir com todas 
as exigências tributárias que o governo impõe. 
O protecionismo iniciado no governo Vargas se estende até a década de 
1990, momento da abertura econômica brasileira. A partir de então, o propósito 
da aduana passa a ser regulatório, de regular e controlar a entrada e saída de 
pessoas, bens e demais itens. No entanto, o que vemos acontecer é o oposto: 
 
 
uma série de procedimentos complexos e desconexos que acabam por 
atrapalhar a inserção internacional de nossas empresas. 
O comércio exterior simplesmente não existe sem a logística. Além desse 
íntimo relacionamento entre essas duas áreas profissionais e do conhecimento, 
existe outra questão que passa a preocupar gestores de todo o mundo: o 
chamado gerenciamento da cadeia de suprimentos. 
 A concorrência com outros países mais eficientes, com melhor 
infraestrutura e apoio às exportações, tem dificultado a atuação das empresas 
brasileiras. Um dos maiores responsáveis pelo nosso desempenho é a 
burocracia. O Brasil conta com mais de 3600 normas de comércio exterior, o que 
faz com que o país perca em competitividade, afugentando os empresários locais 
da atuação global. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
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Espaço Atlântico, 2003. 
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1850 a 2007. In.: Internacionalização de Empresas. São Paulo: Editora Atlas, 
2009. 
CABRAL, J. L. Comércio internacional para concursos. São Paulo: Editora 
Método, 2011. 
CARVALHO, F. Comércio exterior: burocracia, precisamos de ti? 
Administradores.com. 9 set. 2015. Disponível em: 
<http://www.administradores.com.br/artigos/academico/comercio-exterior-
burocracia-precisamos-de-ti/90157/>. Acesso em: 25 jul. 2017. 
CAVUSGIL, S. T.; KNIGHT, G.; RIESENBERGER, J. Negócios Internacionais: 
estratégia, gestão e novas realidades. São Paulo: Pearson, 2010. 
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acordos sem concessões. São Paulo: Imago, 2005. 
HOBSBAWM, E. Era dos extremos: o breve século XX. São Paulo: Companhia 
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IAMIN, G. P. Negociação: conceitos fundamentais e negócios internacionais. 
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MAGNOLI, D.; SERAPIÃO JR., C. Comércio exterior e negociações 
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NYEGRAY, J. A. L. Legislação aduaneira, comércio exterior e negócios 
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PROCOMEX lança proposta de modernização da aduana. Logweb, 31 maio 
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Sinopse de: COELHO, L. C., 2011. Disponível em: 
 
 
<http://www.logisticadescomplicada.com/logistica-no-comercio-exterior/>. 
Acesso em: 25 jul. 2017. 
SOUZA, R. da S.; SOUZA, G. A Logística Internacional e Comércio Exterior 
Brasileiro: Modais de Transporte, Fluxos Logísticos e Custos Envolvidos. AEDB 
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WERNECK, P. Comércio exterior e despacho aduaneiro. 4 ed. Curitiba: Juruá, 
2009.

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