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Natalie Bennett - 01 - Lawless Kingdown (rev)

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Isso não foi bonito. 
Isso não foi doce e gentil. 
No entanto, isso se tornou algo maior do que qualquer um de nós 
esperava. 
Ele poderia ter tido qualquer uma. 
Eu poderia ter sido livre. 
No momento em que ele me escolheu, nós nos tornamos um nós 
infinito e sem fim. 
Uma cidade. Uma escola. 
Um caso ilícito que duraria toda a vida. 
Se alguma vez me perguntassem por que fiquei e por que escolhi 
amá-lo também... eu diria que isso era inevitável. 
Se eu não o amasse, ninguém mais o amaria. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O que o lobo queria fazer com a Chapeuzinho Vermelho? 
Devorá-la. 
E foi exatamente isso que ele fez. 
Fragmentos pontudos de palha cravaram em minha coluna enquanto 
minhas costas se inclinavam no plástico enrugando. A parede curvada 
no galpão era a única coisa perto o suficiente para meus dedos 
agarrarem. Com respirações superficiais e rápidas, eu fiz o meu melhor 
para obedecer ao seu comando dito friamente. 
“Não faça barulho.” 
Era uma exigência impossível. 
Como poderia ficar quieta enquanto a sua língua quente entrava e 
saía de um lugar que ninguém além de mim tinha ido antes, acariciando, 
chupando e provocando cada parte flexível e delicada da minha boceta? 
Mãos grudentas e ensanguentadas agarraram as coxas que ele levou 
seu tempo marcando com o que tínhamos feito. 
Vermelho vibrante escorreu com traços de sujeira por toda a pele 
lisa. Minhas pernas começaram a tremer e eu lutei para controlar os 
gemidos que aumentavam de volume. Ele olhou para mim, com os olhos 
de cor de bronze brilhando sob a máscara de um lobo. Eles eram como 
duas mini luas na escuridão que cercava nossos corpos suados. 
Seus dentes brilharam, e então ele estava lambendo o meu clitóris, 
chupando todo o feixe de nervos em sua boca, atingindo-o com a ponta 
 
 
da língua. Minha capacidade de permanecer em silêncio desapareceu de 
mim. 
— Meu Deus! – eu prendi uma lufada de ar, arqueando para cima 
quando uma sensação fria atingiu meu núcleo. Ele colocou a mão sobre 
minha boca para abafar meu grito, adicionando vestígios de sangue ao 
meu rosto. 
Arrastando beijos suaves na parte interna das minhas coxas, ele se 
moveu pelo meu corpo, posicionando seu corpo musculoso acima de 
mim. 
Incapaz de ver totalmente seu rosto, eu fiquei aberta para nada mais 
do que um olhar concentrado e um sorriso tortuoso encharcado da minha 
excitação. 
Eu perdi a noção de quanto tempo estávamos em nossas próprias 
palavras. Ele perguntou se eu queria ser fodida como uma prostituta 
antes de me arrastar até aqui. 
Eu disse que sim. Eu realmente disse. 
Minha boceta estava mais molhada do que nunca e querendo 
finalmente ser preenchida. 
Por ele. 
Esse lindo estranho que estava me degradando da melhor maneira 
possível. 
Isso foi algo arrancado de minhas fantasias mais sombrias, tão 
vívidas e reais quanto o corpo que deixamos na floresta. 
Sentindo o seu pau subindo e descendo pela minha fenda, eu não 
estava preparada para sua entrada repentina. Ele destruiu a pequena 
barreira com a mesma facilidade com que se rasgaria uma folha de 
papel, enfiando-se até as bolas. 
 
 
Rápido para abafar o grito que saiu dos meus pulmões, ele saiu e 
penetrou de novo, com uma mistura de excitação e sangue manchando a 
cabeça de seu pau. 
A ardência - o estiramento inesperado - fez com que lágrimas 
surgissem em meus olhos. Agarrei os seus braços, quase tirando sua 
máscara. Ele me manteve presa embaixo dele, repetindo o movimento 
uma e outra vez, falando palavras doentias e vis em meu ouvido até que 
eu estava perdida na sensação dele, gemendo de prazer e implorando por 
mais. 
Ele me fodeu com força, fazendo completamente meu corpo o dele. 
O prazer e a dor se tornaram demais, mas estávamos apenas começando. 
Ele me prendeu com uma mão manchada de sangue em volta da minha 
garganta, garantindo que eu recebesse cada centímetro grosso e sólido 
do que eu estava desejando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Isso parecia algo saído de um filme de terror dos anos 80. Olhei 
para mamãe e vi meus pensamentos internos refletidos em seu rosto. Ela 
nunca foi boa em esconder seus verdadeiros sentimentos. 
Nossos olhos se encontraram, e trocamos um olhar por trás de papai, 
meu tom topázio se chocando com seu azul-safira. Nenhum de nós disse 
nada, no entanto. Estragar sua festa seria o equivalente a roubar um doce 
de criança. Já fazia muito tempo que ele não ficava tão alegre e animado. 
Nós duas sabíamos que a sua felicidade já era muito tempo esperada. 
Portanto, apesar de nossa nova casa parecer ter sido tirada de 
Amityville com o fantasma massacrado do passado persistindo dentro, 
mamãe e eu sorrimos, engolindo nossas opiniões negativas. 
— Depois de uma nova mão de tinta e alguns cuidados com o 
gramado, ela parecerá como nova! – Papai falou entusiasmado como um 
vendedor de carros usados. 
Eu não sabia sobre tudo isso, mas toda a coisa positiva fez com que 
mamãe e eu concordássemos de qualquer maneira. Ele acenou com a 
mão em um movimento de vem cá e começou a andar novamente. — 
Vamos, eu quero mostrar a vocês o interior. 
Nós o seguimos, subindo o caminho coberto de vegetação. Olhei em 
volta, notando quanta terra tínhamos agora em comparação com nossa 
antiga casa, que mal tinha um espaço para plantar flores. 
 
 
Campos precisando desesperadamente da relva ser cortada e um 
pouco de dentes-de-leão se estendiam de cada lado da casa da fazenda, 
chegando a uma fileira grossa de árvores. Não havia vizinhos por uns 
bons cinco minutos em qualquer direção, tornando a área extremamente 
pacífica. Gostei muito mais disso do que do som de uma cidade 
movimentada. 
Evitei o corrimão que fazia a ponte a conexão com a varanda ao 
redor. Não parecia forte o suficiente para eu tentar segurar, e eu não 
estava tentando testá-lo para ver se iria cair de bunda. A tinta branca 
estava descascando o suficiente - tocar a coisa só iria piorar. 
Papai empurrou as grandes portas duplas e nos levou a um saguão 
quadrado. Eu olhei para o espaço, agradavelmente surpreendida. O 
interior não era nada como o exterior. Havia um bom aroma Pine-Sol1 
de limão por causa de uma limpeza recente, e a brisa suave que entrava 
pelas janelas abertas e com raios de sol natural fez a vibe do filme de 
terror diminuir rapidamente, substituindo-a por uma sensação de frescor 
e arejado. 
Caixas de embalagem estavam empilhadas por todo o lugar junto 
com os móveis que haviam chegado um dia antes de mamãe e eu. 
Claramente, papai estava deixando para ela a tarefa de organizar a 
casa... o que provavelmente era o melhor. 
— Sei que precisa de um pouco de cuidados... – ele parou, perdendo 
um pouco de seu entusiasmo diante do nosso silêncio de estagnação. 
Mamãe interveio para alcançá-lo, envolvendo um braço em volta da 
cintura dele. 
— Bem, para sua sorte, sua esposa sabe uma coisa ou duas sobre 
design de interiores. 
 
1 Pine-Sol: é a marca de um desinfetante lá. Aqui no Brasil conhecemos 
como Pinho Sol. Optamos por deixar no original. 
 
 
Papai sorriu e beijou em cima de sua cabeça. Eu os observei por um 
minuto e sorri, exaltando seu amor. Quando começaram a discutir onde 
colocar o quê, eu me afastei para explorar por conta própria. 
 
Eu não herdei o jeito da minha mãe para decorar. Não era tão ruim 
que eu ousasse combinar cores - digamos, laranja com roxo - mas falhei 
de todas as maneiras possíveis quando se tratava de arrumar os móveis. 
Eu me joguei na cama depois de movê-la pela terceira vez e tirei 
meu celular do bolso de trás. Havia duas mensagens de Dax e seis de 
Audrey. Dei uma olhada no dela primeiro, decidindo apenas ligar em 
vez de responder. 
Quando a linha tocou, fechei os olhos e suspirei, deixando o sol de 
uma grande janela saliente aquecer meu rosto. 
— Já era hora, Rhia! – Sua voz ofegante explodiuem meu alto-
falante. 
— Você sabia que eu estava indo para a nova casa hoje. Eu estive 
ocupada. 
— Fazendo o que? Fingindo arrumar os móveis? 
Ela me conhecia muito bem. Eu ri, imaginando o sorriso que ela 
estaria exibindo. 
— Então, você falou com aquele seu namorado? Ele está de volta à 
cidade agora, certo? 
Houve um rápido som de clique no fundo, o que provavelmente 
significava que ela estava em seu closet, empurrando cabides em busca 
 
 
de uma roupa. Virei de costas e abri os olhos, olhando para o teto 
girando. 
— Ele disse que sim, mas liguei para você primeiro. Por quê? Sobre 
o que vocês dois conspiraram agora? 
— Nada. – ela respondeu muito rapidamente e com muita inocência. 
— Audrey. 
Ela suspirou dramaticamente. — OK. Posso ou não ter dito a ele 
que iríamos assistir a um pequeno encontro esta noite. E agora ele pode 
nos encontrar lá, mesmo que não queira. 
Tive um flashback de três fins de semana atrás, quando ela disse 
quase a mesma coisa. Aquela 'pequena reunião' acabou comigo estando 
tão bêbada que eu pensei que tinha morrido. Acabei requisitando o 
banheiro de Matthew Hartley. 
Dormi em sua banheira, acordando com o som não tão glorioso dele 
urinando. 
Aprendi algumas lições valiosas com essa experiência. 
Principalmente que Everclear2 é perigosa e precisa ser evitada como se 
fosse uma praga. E Matthew, com o seu lindo rosto e corpo de dar água 
na boca, tinha um pau do tamanho de um Frito3. Isso foi uma injustiça 
com todas as líderes de torcida do ensino médio que eu agora sabia que 
haviam mentido sobre ele. 
— Você esqueceu que eu abandonei as festas pelo resto do verão? 
— Ah, vamos Rhia. Faltam apenas três semanas para as férias. E 
você é minha melhor, melhor amiga. Se você não vier comigo, quem 
virá? 
— Uma de suas outras amigas. 
 
2 Everclear: é uma bebida com alto teor alcoólico. 
3 Frito: é um salgadinho de milho. 
 
 
Ela bufou. — Não tenho nenhuma outra amiga. Tenho conhecidas 
que têm um propósito. 
Eu ri de novo, balançando minha cabeça para ela. O que ela disse 
era verdade, no entanto. 
Audrey podia festejar como nenhuma outra, mas ela não era muito 
boa em adicionar novas amigas à pequena lista de amigas que já tinha. 
Tenho certeza de que havia uma música sobre isso. 
— Dax estará lá. – ela repetiu como se eu não tivesse ouvido isso da 
primeira vez. 
Um gemido emergiu no fundo da minha garganta. Era o que 
acontecia quando o seu namorado e a sua melhor amiga também eram 
amigos - automaticamente. Mas ele estar lá não era realmente um 
incentivo. Dax e eu poderíamos facilmente ter ficado juntos na minha 
casa. 
Meus pais não ficaram alheios a nada que eu fiz. Na verdade, eles 
eram muito tranquilos e tolerantes quando se tratava de mim. Alguns 
diriam que é muito tolerante, especialmente quando se trata de Dax. Eu 
só... queria um pouco de espaço dele. Ele tinha estado na casa do pai nas 
últimas duas semanas e eu ainda sentia que precisava de uma pausa. 
Sim, dele. Para sempre, uma pequena voz sussurrou. Eu a ignorei. 
Não tinha certeza se estava certa ou se queria lidar com a expressão 
no rosto dos meus pais quando eu disse a eles. Eles adoravam Dax como 
o filho que nunca tiveram. Audrey, no entanto, ficaria feliz. 
Amigos, automaticamente, significavam que se toleravam. Os dois 
não estavam exatamente no caminho para se tornarem melhores amigos. 
Como essa festa que eu não tinha certeza. 
Eu deveria estar aqui desfazendo as malas durante o dia, mas sabia 
que se dissesse que queria sair, mamãe e papai não se importariam. Eles 
 
 
apenas me diriam para ficar bem e ligar se eu fosse chegar atrasada. Vê. 
Eles eram muito legais, certo? É por isso que nunca considerei sua 
confiança garantida ou abusei dela. 
Por exemplo, se eu começasse a usar drogas ou engravidasse, minha 
mãe me chutaria e me trancaria até os trinta anos. Meu pai massacraria 
todas as outras partes. 
Perder ambos para o sistema penal não valeria a pena. 
Portanto, além de um pouco de erva de vez em quando, fiquei longe 
de todas as outras substâncias e me certifiquei de nunca perder uma dose 
do meu anticoncepcional. 
Só a ideia de dar à luz a uma criança me fez tremer e ter urticária. 
Eu tinha apenas dezoito anos, mas isso era velho o suficiente para me 
convencer de que só seria uma tia superlegal para os filhos de Audrey e 
não teria nenhum para mim. Eu seria boa com uma frota de cães. 
Olhei em volta do meu quarto para todas as caixas que eu ainda 
precisava desempacotar e comecei a traçar um plano de ação. — Onde é 
a festa? – perguntei a Audrey. 
— Em algum lugar mágico. 
— Sério? – eu perguntei. — Eu poderia simplesmente perguntar a 
Dax, sabe? 
— Ele também não vai te contar. Agora se arrume e me encontre na 
minha casa. Precisamos nos arrumar. – ela exigiu. Comecei a protestar, 
mas ela já estava desligando. Eu realmente odiava quando ela fazia isso. 
— Vadia. – murmurei, encontrando de novo minha caixa de entrada 
para ler as mensagens de Dax. 
 
Sábado, 22 de julho de 2019. 
 
 
 
Dax: Ei. Estou em casa. 16:45. 
 
Dax: O que você está fazendo em 2 noites? 17:31. 
 
Franzi a testa para a tela. Ele não deveria saber o que eu estava 
fazendo? 
 
Eu: A mesma coisa que você. 
 
Mando uma mensagem de volta e depois levanto para começar a 
procurar em uma das minhas malas. 
 
Quando cheguei a casa da Audrey, estacionei meu Soul ao lado de 
seu Macan, notando que o carro de sua mãe não estava na garagem. 
Ela provavelmente estava em alguma reunião da associação de 
proprietários de imóveis ou reunindo todos os ingredientes para assar 
biscoitos para a primeira reunião de pais e mestres. Eu a amava como 
uma segunda mãe, mas a mulher era mais do que um pouco participativa 
quando se tratava de coisas assim. 
Não me incomodei em bater e, como minha amiga tinha problemas 
para trancar a maldita porta, pude entrar direto. Ar frio e silêncio me 
saudaram, com as cores clínicas da casa amplificando a ambos. 
 
 
Tirei meus chinelos e fui direto para as escadas, subindo correndo 
com a minha bolsa pendurada no ombro. O piso de mármore com 
redemoinho estava frio sob meus pés. Eu preferia uma aparência mais 
simplista - não que eu fosse morar em uma casa tão grande ou ser rica o 
suficiente para tomar essa decisão. 
Meus passos me levaram a uma porta branca que tinha música rap 
alta do outro lado dela. 
Mais uma vez, não me incomodei em bater. Eu a abri e sorri ao ver 
Audrey praticamente nua na frente de seu espelho de corpo inteiro. 
Olhos castanhos encontraram os meus e seu rosto se iluminou com 
um sorriso. 
— O que você acha? – ela apontou uma unha bem cuidada para seus 
cabelos loiros cor de mel. 
— Sobre o que? 
— Hum, meu cabelo. 
Levantei uma sobrancelha e olhei para ela. — Audrey, literalmente 
ele parece o mesmo de sempre. 
Ela suspirou como se eu a tivesse ofendido e se virou, com as mãos 
nos quadris. — Você sabe quanto tempo passei enrolando essa merda? 
— Não muito tempo, eu espero. – eu ri, caminhando em direção a 
sua enorme cama de dossel. 
— Tanto faz. O que você trouxe para vestir? Porque eu amo você e 
tudo, mas o que diabos você está usando? 
— Você quer dizer que não vou com isso? 
Passei a mão pelo meu corpo, segurando minha nádega direita, onde 
uma marca desbotada escrita Juicy estava. 
 
 
— Estava na moda para nossas mães. É onde você o conseguiu, não 
é? 
Eu zombei. Minha mãe era do tamanho de um graveto sem qualquer 
atrativo. Eu, por outro lado, tinha muito de ambos. Não nos parecíamos 
em nada. Às vezes, jurei que tinha sido adotada ou algo assim, porque 
eu realmente não parecia com papai também. E então havia a diferença 
mais óbvia entre nós, sendo que ambos pareciam nada além de brancos. 
Abrindo a minha bolsa, joguei o conteúdo na colcha cor magenta de 
Audrey. 
Ela caminhou em toda a sua glória de roupa debaixo de seda e 
agarrou minha saia bege escura. 
— Ahh, eu amo isso em você. Faz essa bunda parecer ainda mais 
fantástica. 
Não foi por isso que escolhi. Na verdade, não. Ok, talvez tenha sido 
um pouco. Eu acreditava piamente que, se você a tivesse, deveria exibi-
la. Empoderamento do corpo feminino ou algo assim. 
— Então. – peguei a minissaia dela. — Para onde estamos indo? 
— Eu já te disse. Algum lugar mágico. – ela observou meu macacão 
preto e acenou para si mesma como se para confirmar algo antes de se 
virar. Ela cruzou o quarto e desapareceu em seu closet. 
— Se você está se referindo à Virtue, por favor, me poupe. 
Sua risada em resposta cruzou o ar. Eu não achei graça. Virtue era o 
topo de uma colina isolada na floresta. Alguém tinha começado a 
chamá-lo assim depois de uma dúzia de garotas serem levadas lá para 
tirar sua virgindade, porque aparentemente arriscar tudo no banco de trás 
ou na frente de um carro era romântico. Na minha opinião, isso era um 
conceito ridiculamente estúpido. 
 
 
Nunca achei que importasse tanto onde tudo se passou, mas como 
aconteceu. A menos que você estivesse na igreja ou algo assim. Isso 
provavelmente seria uma má ideia. 
De qualquer forma, agora não era usado para nada mais do que para 
transar. Eu nunca estive lá pessoalmente. Meu navio da virtude navegou 
há dois anos e nada sobre a experiência foi agradável. Foi brutal. 
Obsceno e emocionante. 
Foi a única noite em que me senti livre com o toque de um estranho. 
Os eventos que nos levaram a nos unir de forma tão imutável nunca 
poderiam ser discutidos ou falados se não entre nós dois. Mas não o 
tinha visto desde então, e nunca soube o seu nome. Se isso me 
transformava em uma vagabunda, que seja. 
— Veja. – Audrey apareceu na porta do closet quando eu estava 
prestes a dar um tour pela estrada da memória. Em suas mãos estava um 
top curto que combinava com a minha saia. 
— Podemos combinar as cores. 
— Essa coisa vai segurar com segurança esses sacos de feijão 
presos aos seus peitos? 
Ela me deu um sorriso malicioso. — Quem disse que eu quero que 
eles fiquem seguros? 
— Se sua dignidade pudesse falar, provavelmente quer. – eu 
comecei a juntar meus poucos itens para que eu pudesse ficar pronta. 
— Você soube de Dax? – ela perguntou, mudando de assunto. 
— Ah, sim. Ele me perguntou o que eu estava fazendo esta noite. 
Ele não estará lá? Onde quer que seja. 
Ela fez um som baixinho que eu interpretei como um sim, mas de 
repente ela não conseguia manter meu olhar. 
— OK. Desembucha. O que diabos está acontecendo? 
 
 
— Devemos nos arrumar. – ela caminhou de seu closet para o 
banheiro anexo e fechou a porta, ignorando completamente minha 
pergunta. 
— Audrey? 
— Eu vou te contar no carro! 
Eu encarei a única barreira entre nós, debatendo se eu queria ter um 
ataque e exigir que ela me contasse o que quer que a tenha feito agir com 
cautela. 
Normalmente nós não escondíamos segredos uma da outra, 
especialmente quando se tratava de garotos. 
O único que eu mantinha perto do meu coração era mais para a 
segurança dela do que qualquer outra coisa. Além disso, eu confiava em 
Dax. Na maioria das vezes. A maneira como ela estava se comportando 
me fez começar a me perguntar se eu estava errada ao fazer isso, porque 
obviamente era sobre ele. 
Isso era ridículo, no entanto. Não era? Se você confiava em alguém, 
então não deveria ser necessário algo tão trivial para duvidar dele. 
Então, novamente, não era como se nós dois tivéssemos alguma 
coisa épica de amor adolescente acontecendo. Talvez eu estivesse 
procurando por qualquer desculpa viável para simplesmente acabar com 
isso. Tentei afastar o medo que veio na sequência desses pensamentos, 
mas era tarde demais. 
Uma semente foi plantada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esperei que Audrey divulgasse o que quer que estava tão hesitante 
em me dizer. Dez minutos de trajeto, eu considerei fortemente abrir seus 
lábios e forçá-la a falar. Ela foi poupada por nosso arredor se tornar uma 
distração temporária. 
Observei a paisagem passar por nós, percebendo que as casas 
estavam ficando mais ricas. Você conhece o tipo: grande, com gramados 
perfeitos e carros chamativos parados na calçada. Eu estava acostumada 
a festas nas casas mais ricas de Crudele. Por mais clichê que fosse, os 
garotos ricos se faziam de melhores membros de gangues. Mas em todos 
os lugares que eu esperava que a Audrey virasse ou diminuísse, ela 
continuou. 
Estendi a mão e desliguei o som, interrompendo o que quer que 
Nicki4 estivesse prestes a dizer. 
— Se você não vai me dizer o que está acontecendo com você e 
Dax, pode pelo menos me dizer para onde estamos indo? 
Seu nariz enrugou e ela me deu uma cara feia de desaprovação antes 
de voltar sua atenção para a estrada. — Sei que você não quis dizer isso, 
mas não há nada acontecendo entre mim e Dax. Quanto a onde estamos 
indo, procure a casa que fica isolada. 
 
4 Nicki: é a cantora Nicki Minaj. 
 
 
Ok, então isso não foi enigmático nem nada. A segunda parte, pelo 
menos. Nunca pensei que ela e Dax estivessem fazendo algo que 
pudesse resultar na morte de ambos. Audrey simplesmente não era esse 
tipo de garota. Eu sei que eles dizem que você nunca pode realmente 
conhecer alguém, mas quando se tratava de minha melhor amiga, eu a 
conhecia tão bem quanto eu me conhecia. 
Quanto ao que diabos ela quis dizer com uma casa que ficava 
isolada, eu não tinha ideia. Nunca tinha vivido no lado dela da cidade. 
Minha família não era de classe baixa ou pobre, mas temos certeza 
de que isso não era o que essas pessoas eram classificadas. 
Com o olhar severo, observei os arredores com mais cuidado, como 
se a casa que procurava pudesse aparecer apenas dessa ação. Sentei-me 
um pouco mais ereta quando Audrey passou por uma placa Sem Saída 
que parecia estar separada do resto do bairro por onde ela estava 
passando. 
Era como entrar em outro reino completamente. Os gramados 
verdes foram substituídos por árvores altas protegidas atrás de uma 
grande cerca de ferro, tudo bem aparado, mas com um aspecto sinistro. 
Elas não pareciam ter crescido aqui naturalmente. Era como se 
alguém as tivesse plantado propositalmente para evitar que olhos 
curiosos vissem o que quer que estivesse do outro lado delas. 
— Tem certeza de que há uma casa...? – eu parei quando minha 
pergunta foi respondida por uma lacuna na fileira das árvores. 
Um par de portões arredondados estava totalmente aberto, dando 
acesso a um trecho sinuoso de asfalto forrado com arbustos minúsculos. 
— Ah. Você sabe para onde isso vai? Não gosto de passeios 
aleatórios de carro pela floresta. 
 
 
— Não. Pensei em dirigir por aqui só para me divertir. – ela 
respondeu, com seu tom neutro. — E isso não está nem perto de ser 
considerado uma floresta. 
— Ah, bem, nesse caso... – eu movi minha mão para indicar que ela 
poderia continuar. Eu estaria mentindo se dissesse que não estou curiosa 
para ver quem viveu aqui. 
Ela desligou e dirigiu lentamente pela garagem. À medida que nos 
aproximamos, a ‘Royalty’ de XXXTentacion ressoou pelo ar, com um 
baixo pesado acelerando sob ele. 
Com meu olhar fixo treinado para frente, avistei um par de faróis 
traseiros logo atrás do outro. Tenho certeza de que todos eram bons 
carros, mas minha atenção focada estava na casa gloriosamente grande 
situada a poucos metros de distância. Não tinha uma forma que eu 
pudesse facilmente colocar em palavras. O telhado foi inclinado para um 
lado e para o outro para se ajustar à arquitetura ímpar do design da casa. 
— Antes de entrarmos... A questão é. – Audrey disse, estacionando 
seu carro ao lado de um BMW elegante. — Dax não queria você ou eu 
aqui esta noite. Quando eu disse que ele iria se encontrar conosco, foi 
para ver se aparecíamos ou não. 
— O que? Por que ele não queria que viéssemos?— Eu não sei, mas é por isso que viemos. Eu preferia jogar boliche 
ou algo assim. 
Esfreguei minha testa, pensando por que ele queria manter Audrey e 
eu longe. — Por que você só está me dizendo isso agora? 
— Porque ele não sabia que eu estava vindo com certeza ou que 
estava trazendo você comigo. 
— E agora? 
 
 
— Agora, espero que tenhamos o elemento surpresa, já que você 
não ligou e o xingou. 
Ela me pegou aí. Se havia uma coisa sobre mim, era que eu tendia a 
atacar as coisas com armas de fogo quando estava irritada. Na maioria 
das vezes, era um terrível traço de personalidade, embora às vezes fosse 
útil. Infelizmente, a lógica sempre venceria a imprudência. Sempre. 
Eu sintonizei de volta no que Audrey estava dizendo, já que ela 
aparentemente não tinha terminado ainda. 
— Eu acho que Dax adora você. Mas, na chance de ele estar aqui 
fazendo malditas coisas de garotos, eu vou segurá-lo enquanto você 
arranca suas bolas. 
Eu não iria para suas bolas. Eu estaria arrancando sua cabeça de 
seus malditos ombros. Eu daria a ele o benefício da dúvida primeiro, no 
entanto. 
Ele merecia isso, mesmo que o lado lógico do meu cérebro e o 
aperto no meu estômago estivessem gritando para mim que algo não 
estava certo. Eu precisava parar essa linha de pensamento antes de fazer 
uma montanha do que poderia ser uma pequena colina, o que exigia uma 
mudança de assunto. 
— Então, de quem é essa casa? 
Audrey apertou o botão em seu painel para desligar o motor e soltou 
o cinto de segurança. 
— Os Barrons. 
Dei uma segunda olhada, olhando da monstruosa estrutura de pedra 
para ela. Ela disse isso de uma forma causal. Fiquei imediatamente 
desconfiada porque ela não estava pirando como deveria, mas então um 
sorriso gigante se espalhou por seu rosto. 
— Esse é o verdadeiro motivo pelo qual você queria vir. – eu ri. 
 
 
— Bem, isso é um bônus. Eles são apenas os mais conhecidos e 
mais falados pelas as pessoas em Crudele. 
— Ah, sim. A santa família de ouro totalmente americana que não 
pode fazer nada de errado. – eu revirei os olhos com tanta força que 
fiquei surpresa que não saíram das órbitas. 
Você não poderia viver nesta cidade e não saber sobre a família 
Barron. Inferno, eles possuíam metade dela. Eu estava em minoria de 
pessoas que não os idolatravam. E por que eu deveria? A existência 
deles não teve influência na minha vida. 
O que me fez pensar... 
— Como diabos você foi convidada para isso? Para a casa deles? 
Ela verificou sua aparência no visor e então abriu a porta com um 
sarcasmo. — Puxa, não estou tão longe no totem. 
Eu a segui, puxando minha saia para baixo uma vez que meus pés 
calçados com botas estavam em solo firme. 
— Você também não é tão poderosa. Há quanto tempo você estuda 
com essas pessoas? 
Seu silêncio provou meu ponto. 
Ela estava no limite de seu círculo social por quatro anos e só agora 
estava sendo autorizada a testemunhar, por falta de uma palavra melhor, 
suas "vantagens". 
— Uma daquelas conhecidas de quem eu estava falando me 
convidou. Ela está totalmente envolvida com eles. Garota superlegal 
também. 
— Fantástico. – eu murmurei, caminhando ao lado dela. 
A música parecia ter ficado ainda mais alta no tempo que levamos 
para estacionar e tirar nossas bundas do carro. Havia apenas algumas 
 
 
pessoas na frente da casa e, à medida que nos aproximamos, ficou claro 
o porquê. O cheiro de maconha misturado com o aroma de carnes na 
grelha. Eu teria aceitado ambos alegremente. 
Não prestamos atenção a eles, indo direto para a porta da frente 
brilhante e entrando em casa sem bater. Dos carros na garagem, o 
número de pessoas dentro da casa somava perfeitamente. 
Havia corpos por toda parte. Audrey virou a cabeça lentamente da 
esquerda para a direita, com o espanto refletido em seus olhos. 
— Isso é incrível. 
Balancei a cabeça em concordância. Eu não torceria meu nariz por 
ter que morar aqui. Meus olhos seguiram o desenho no piso de madeira 
radiante para onde ele mudou e formou um maciço colorido "B" mais 
escuro dentro de um círculo sombreado. 
B de Barron. Que original. 
Imediatamente à direita, havia uma grande sala de estar com uma 
mesa em forma de octógono repleta de alguns casais bêbados. À minha 
esquerda havia uma sala de jantar destinada a abrigar mais do que uma 
família de tamanho médio. Todo o interior foi feito em tons quentes com 
um toque de frio aqui e ali. 
Audrey segurou meu pulso e me puxou suavemente para o lado 
enquanto eu continuava a olhar ao redor. 
Ela abriu a boca, mas tudo o que ela estava dizendo era muito baixo 
para ser ouvido por cima da música cruzando o ar ao nosso redor. 
Meu olhar moveu para cima, escalando os tetos em arcos até que 
pousou em um garoto de ombros largos que tinha sua metade superior 
apoiada no parapeito da varanda. Bem, 'garoto' era subjetivo. Ele não 
parecia muito mais velho do que eu, mas ao mesmo tempo era 
 
 
completamente diferente de qualquer outro cara que eu já tinha visto, o 
que dizia muito. 
Havia tatuagens em ambos os braços com os antebraços sombreados 
em sua pele clara. Ele era estranhamente familiar e extremamente 
atraente. Sua mandíbula era tão bem definida que poderia cortar titânio. 
O estilo de seu cabelo era curto nas laterais e longos na parte superior, e 
tão escuro que tinha tons de azul intenso. Ele estava vestido todo de 
preto, com uma camiseta em gola V justa e jeans, fora da moda com o 
relógio brilhante. 
Nossos olhos se encontraram, ou melhor, meus olhos encontraram 
os dele. Ele já estava olhando para mim. Minha pele formigou sob o 
peso de seu olhar. 
A expressão em seu rosto permaneceu ilegível até que alguém se 
aproximou dele. Uma breve sugestão de um sorriso tocou seus lábios 
quando ele desviou o olhar para falar com eles. Olhei para Audrey, a 
espectadora silenciosa do nosso mini olhar. — Quem é...? 
— Rhia? 
Ao som da voz de Dax, eu me virei para a sala a tempo de ver a 
irritação estampada em seu rosto desaparecer em uma carranca. 
— Surpreso? – eu estendi as minhas mãos na minha frente. Ele 
estendeu a mão e as segurou, puxando-me para frente de modo que eu 
estava pressionada contra seu peito. 
— O que você está fazendo aqui? 
— Eu imagino que a mesma coisa que você. Vim curtir uma festa. 
Por que você está aqui? – eu me inclinei para trás para poder ver suas 
feições. 
— Claro. Um informante disse que você não a queria aqui. Não 
consigo descobrir o por quê. – Audrey fingiu indiferença. 
 
 
Os olhos verdes de Dax encontram os dela em um brilho estreito. 
— Pare com essa merda, Audrey. Tenho certeza de que também não 
queria você aqui. 
Ah, Dax xingando significava que ele estava mais do que um pouco 
irritado. Agora eu tinha certeza de que algo estava errado. Eu segurei o 
lado de seu rosto, forçando sua atenção para longe da minha melhor 
amiga e de volta para mim. 
— Mas não sabemos por que você não nos queria aqui. E nós duas 
estamos curiosas. 
Deixei o meu tom levar minha verdadeira implicação. Se ele não 
começasse a falar, eu perderia a cabeça aqui e agora, sem dar a mínima. 
Posso estar insegura sobre as coisas entre nós, mas também não seria 
feito de idiota. 
— Rhia. – ele suspirou, passando as mãos pelos meus braços. — 
Podemos apenas...? 
Como se alguém tivesse chamado seu nome, ele se virou e olhou 
diretamente para a varanda. Eu segui seu olhar e vi meu cara misterioso 
observando nós dois com o que ousei dizer que era interesse e algo... 
mais obscuro. 
E ele não era o único olhando. 
Muitos participantes da festa estavam de olho em nós. Ou melhor, 
em mim, o que era compreensível. Essas pessoas conheceriam Audrey e 
Dax de sua escola. Eu, por outro lado, era uma pessoa estranha, nova e 
tão diferente deles. 
— Vamos conversar. – disse Dax. Ele não me deu a chance de 
contestar. Pegando minha mão, ele me levou para longe da porta da 
frente. — Você também. – ele gritou por cima do ombropara Audrey. 
 
 
 
Estava muito mais silencioso embaixo do gazebo. 
Claro, isso se devia ao fato de estar tão longe da casa que tudo que 
eu conseguia ver eram as janelas superiores. A música e as conversas 
eram consideravelmente baixas aqui também, já que não havia outra 
alma por perto. 
— Isso é assustador, Dax. Por que você nos trouxe até aqui? – 
Audrey perguntou. 
— Se for assim tão ruim, você podia ter ficado na festa. 
— Você me disse para vir, idiota. E você acha que eu deixaria você 
trazê-la aqui sozinha? – ela zombou e cruzou os braços sobre o peito, o 
que levantou seus seios ainda mais. Fiquei surpresa por eles até caberem 
no top curto que ela usava, mas ela ainda estava incrível, como de 
costume. 
— Eu nunca machucaria Rhia. Ou você, mesmo que você me irrite 
mais do que qualquer outra pessoa em minha vida. 
— Isso é muito comovente, mas você pode me dizer o que está 
acontecendo? – eu interrompi antes que eles pudessem começar uma 
discussão. 
Ele suspirou e passou a mão pelos cachos curtos. — Antes de dizer 
isso, saiba que não queria que você descobrisse dessa maneira. 
Eu compartilhei um olhar com Audrey. Isso não estava começando 
muito bem. 
— Descobrir o quê? 
 
 
— É isso mesmo, bae. Eu nem posso te contar todos os detalhes, só 
que vocês duas não acabaram aqui aleatoriamente. 
Eu me encolhi internamente com sua má escolha de palavras. Ele 
sabia que o uso de 'bae5' me irritava muito. 
— O que você quer dizer? – Audrey riu gentilmente, balançando a 
cabeça. — Brianna veio correndo até mim no posto de gasolina e me 
disse para vir hoje à noite. Isso não é aleatório? Nós dois não estamos 
exatamente indo ao shopping juntos quando eles têm uma liquidação. 
Eu não tinha ideia de quem era essa garota Brianna, então eu fiquei 
em silêncio, esperando que um deles explicasse. 
— Se você parou um segundo para pensar sobre isso, não. Isso não 
foi nada mais do que um estratagema para atrair vocês duas para 
aparecer. Todo mundo sabe que Rhia é sua melhor amiga. Era óbvio que 
você apareceria com ela. 
— Nos atrair para aparecer? – eu interrompi. 
Isso não fazia sentido, visto que nunca estávamos escondidas. 
— Sim. – ele acenou com a cabeça. — Vocês duas são carne fresca 
na Crudele. 
Eu teria rido se ele não parecesse tão sério. O comentário sobre 
'carne fresca' foi um tanto ofensivo, mas a maneira como ele disse isso 
me deixou mais preocupada do que com raiva. 
— O que diabos isso significa, Dax? – Audrey disparou. — Pare de 
ser tão vago. 
 
5 Bae: é uma abreviação para "babe", usada como um termo carinhoso 
para com os entes queridos. O termo é desaprovado por muitos, visto que é 
visto como rude, embora suas origens sejam simplesmente dialetais. 
Optamos por deixar o termo como no original, para dar contexto a 
explicação dela a seguir. 
 
 
— Os Barrons, os Knights e os Rooks. Eles não são quem as 
pessoas pensam que são. – ele enfatizou. — Eles não são boas pessoas. 
Eu poderia dizer que ele tinha uma opinião forte sobre isso. 
Ele soava como se estivesse à beira de um colapso. Não consegui 
entender ou negar nada do que ele estava dizendo. Eu não conhecia 
nenhuma das famílias aristocráticas bem o suficiente para considerar 
suas palavras verdadeiras ou não. Eu não os conhecia, na verdade. Ele e 
Audrey foram os que frequentaram a mesma escola que as gerações 
mais novas. 
— Como você sabe disso? – ela perguntou a ele, roubando meu 
próximo pensamento direto do meu cérebro. 
— Eu sei, eu não estou aqui? E ao contrário de vocês duas, eu não 
fui convidado. Eu deveria estar aqui, já que sou da família. 
Hum. O que? — Desde quando? – perguntei ao mesmo tempo que 
Audrey repetia: — Família? 
Ele pegou a minha mão, entrelaçando seus dedos nos meus. Com 
outro suspiro pesado, ele exalou a verdade com um suspiro. — Os 
Barrons e eu somos primos por afinidade. 
— Eu... o quê? 
Isso foi tudo que consegui dizer. Estávamos juntos há seis meses e 
eu nem tinha ouvido um sussurro sobre isso de ninguém. Não me 
envolvia em fofocas, não era fã de participar ou espalhar, mas 
certamente era um tipo diferente de vadia por isso, sempre ansiosa para 
receber as melhores partes. 
— Dax... – eu me afastei dele e esfreguei a minha testa, ainda sem 
palavras. Se pudesse registrar este momento que nunca em um milhão de 
anos previ, teria sido capaz de olhar para trás sabendo que era a primeira 
 
 
verdade de muitas, nenhuma delas tão inofensiva quanto pareciam à 
primeira vista. 
— Por que você esconderia algo assim? – Audrey perguntou, com a 
descrença tingindo seu tom. 
— Eu não... eu não tenho escolha. Pense nisso como um segredo de 
justiça. Eu nem deveria ter dito isso a vocês duas, mas não tenho mais 
uma maldita ideia do que mais fazer. 
— Eu não entendo. Você está tentando nos dizer que não estamos... 
seguras? – eu me senti ridícula perguntando isso. Eu meio que esperava 
que ele me desse seu sorriso bobo característico e dissesse que estava 
apenas brincando com a gente. 
— É complicado e não posso mais explicar agora. – ele olhou para 
longe, na direção da casa. — Nós estivemos fora por muito tempo. 
Quando voltarmos, precisamos agir normalmente por um tempo e depois 
vamos embora. E não importa o que aconteça daqui em diante... nunca 
confie neles. Nenhuma de vocês. 
Isso teve um franzir de testa cruzando minha cara fechada. — Por 
que você está me contando - para nós - tudo isso agora? Porque estamos 
aqui? Você já não deveria ter me dito? 
— Eu queria há um tempo, mas tinha que ter certeza para onde essa 
coisa conosco estava indo. Você entende isso pelo menos, certo? 
Eu entendi isso mais do que ele poderia imaginar, porque havia dias 
em que eu ainda não tinha certeza sobre nosso relacionamento. 
Principalmente nos últimos tempos, mas essa era uma conversa para 
outra hora, e o lembrete meio que me fez sentir que não tinha o direito 
de ficar chateada com isso. Então, eu simplesmente balancei a cabeça. 
— Isso tudo é por causa dele. – disse ele tão baixinho que eu não 
tinha certeza se era para Audrey e eu ouvirmos. 
 
 
— O que? – perguntei. 
Quando ele começou a caminhar, me segurando para que eu o 
seguisse, eu esperava que ele não respondesse. Quando o fez, tudo o que 
sua resposta conseguiu fazer foi me confundir ainda mais do que eu já 
estava. 
— Ele decidiu que quer você, e eu não tenho certeza se posso 
mantê-la segura. Ninguém pode. 
Eu olhei fixamente para a sua nuca. Quem diabos era esse a quem 
ele estava se referindo? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
— Aja naturalmente. 
Dax disse essas duas palavras há quase quarenta minutos. Quase três 
bebidas depois, também graças a Dax, eu estava pronta para ir. 
Não que a festa fosse chata ou algo assim, mas a revelação 
enigmática do idiota do meu namorado e o aviso sinistro meio que 
estragaram as festividades da noite. 
Para alguém que parecia bastante ansioso para dar no pé, agora 
parecia que Dax estava de repente adiando. 
As pessoas ao meu redor não sofreram com os meus problemas 
mentais. Duas garotas nuas passaram correndo de mãos dadas, rindo 
enquanto pularam na grande piscina nos fundos. Eu não tive que me 
virar para saber que era para onde elas estavam indo. Os respingos eram 
prova suficientes. 
Eu poderia ter passado minha vida inteira sem ver seus mamilos. 
Eu ignorei todos os olhos curiosos enquanto caminhava em torno 
das pessoas segurando os copos vermelhos de festa e garrafas marrons 
de cervejas. O ziguezague é literal. Minha cabeça parecia estar sendo 
preenchida com névoa ou algo assim, e o suor estava se acumulando na 
minha nuca. 
 
 
Deixei Audrey com Dax para encontrar um banheiro para me 
recompor e aliviar minha bexiga. Tenho certeza que ela teria ido 
comigo, mas eu era uma garota capaz. Não precisava de ninguém para 
me ajudar a me limpar. Ela eDax perceberiam que eu sai em um ou dois 
minutos. 
Com sorte, quando eu voltasse, poderíamos partir. Eu estava mais 
do que pronta para voltar para casa agora. 
Quando finalmente descobri o que presumi ser a área para as garotas 
usarem o banheiro, mudei de ideia imediatamente sobre a necessidade 
de ir. Já havia muitas garotas esperando para entrar. 
Eu me virei para voltar pelo caminho que tinha vindo e bati em um 
peito duro como uma parede, fazendo minha cabeça girar ainda mais. 
— Desculpe. – eu murmurei, dando um passo para trás. 
Levantei o meu queixo para ver em quem eu havia batido e fui 
instantaneamente atingida por duas balas de prata6. Era ele. Meu cara 
misterioso de antes. E caramba, aqueles olhos. Estavam desarmados, 
assombrando em sua intensidade. 
— Você não precisa se jogar em cima de mim para chamar minha 
atenção. Você a tem desde que entrou pela porta da frente. – Sua voz era 
grossa, rouca e melódica. Também estava tingida de um certo nível de 
desinteresse que contradiz sua piada. Pelo menos, acho que foi uma 
piada. 
— Eu não quero sua atenção. 
— Não? 
Eu dei um pequeno passo para trás para colocar mais espaço entre 
nós. — Eu já disse que não. 
 
6 Atingida por duas balas de prata: aqui ela compara os olhos dele como 
balas de prata. 
 
 
Um sorriso divertido revelou um conjunto de dentes brancos e 
brilhantes, fazendo-o parecer mais charmoso e carismático do que frio e 
sinistro. Estando tão perto, mesmo com minhas pálpebras prontas para 
fechar, sua beleza externa era dez vezes mais aparente. Ele poderia ter 
sido um modelo da GQ7. A colônia de jasmim e especiarias que ele 
usava era um bônus definitivo. Eu, no entanto, ainda não queria nada 
mais do que voltar para casa. 
— Rhia. – A voz aguda de Dax veio do final do corredor como se o 
universo tivesse ouvido meu apelo silencioso. 
O cara na minha frente virou apenas o suficiente para que eu fosse 
capaz de passar, com minha frente quase tocando a dele. 
— Você está pronta para ir? – Dax perguntou, pegando minha mão 
quando eu estava perto. 
— Sim. Onde está Audrey? 
— Ela irá nos encontrar lá fora. – ele deu um olhar sério por cima 
do meu ombro. E eu soube imediatamente a quem era dirigido. 
Para ele estar tão incomodado com quem eu estava falando, isso 
significava que o cara atrás de mim era um Barron, Rook ou Knight. 
Pode me chamar de estúpida ou que isso me intrigou, mas não pude 
deixar de ficar curiosa. Eu afastei o sentimento e me concentrei em Dax 
e em seu aperto firme em minha mão, deixando-o me levar pela casa e 
em direção à porta da frente. As coisas não eram tão confusas com um 
guia. 
— Você está fazendo exatamente o que eu disse para não fazer 
Daxton. – A mesma voz veio atrás de mim, perto o suficiente para que 
eu praticamente sentisse sua respiração em meu pescoço. Seu tom estava 
ligeiramente diferente de antes, desaprovador e sério. 
 
7 GQ: é uma revista sobre moda, estilo e cultura para os homens. 
 
 
Olhei para trás, encontrando seus olhos cor de aço por um breve 
segundo antes de olhar para frente novamente para não tropeçar e cair. 
— Não. Eu estou fazendo o que preciso fazer. – Dax respondeu 
calmamente quando chegamos à porta da frente. 
— Se você for inteligente, você vai levá-la para o carro e depois vai 
encontrar Owen lá em cima. 
— Eu não vou fazer isso esta noite. – ele agarrou a grande maçaneta 
dourada da porta da frente e começou a abri-la com facilidade. 
Sua forma física pressionada contra minhas costas, fazendo com que 
meu corpo ficasse espremido entre os dois quando ele estendeu a mão 
por cima do meu ombro para fechá-la. 
— Isso soou como um pedido, Daxton? 
O aviso claro em seu tom quase me fez responder. Eu me libertei do 
aperto de Dax e virei, agradecendo a Deus quando permaneci de pé. 
Com meu peito contra o dele, eu ignorei a reação pervertida do meu 
corpo e olhei em seus olhos. 
— Qual é o seu maldito problema? – eu tentei empurrá-lo para trás e 
tive a mesma taxa de sucesso que teria se estivesse tentando levantar um 
prédio. 
Uma sobrancelha escura se levantou. Ele olhou para mim com uma 
diversão vagamente velada. Seus lábios rosados perfeitos transformaram 
se em um sorriso arrogante. 
— Fico feliz em ver que você não mudou muito. 
— O que quer que isso signifique, deixe-o em paz. 
Seu sorriso se tornou em um grande sorriso. Ele se inclinou, 
levando seus lábios ao meu ouvido. — Cuidado, principessa8. Você já 
 
8 Principessa: quer dizer princesa em italiano. 
 
 
pisou na linha que não está pronta para cruzar. – ele sussurrou, com seu 
hálito frio soprando sobre minha pele. 
Reprimi um calafrio e me afastei dele. O que diabos isso significa? 
E ele acabou de me chamar de princesa? 
— Vamos, Rhia. – Dax pediu, envolvendo os dedos em volta do 
meu cotovelo. Eu resisti por um momento, pronta para discutir com o 
idiota que nos seguiu. No final, eu o deixei me puxar para fora da porta, 
deixando para trás um olhar intenso e todos os convidados da festa que 
pararam o que estavam fazendo para ver nossa pequena cena se 
desenrolar. 
— Dax. – eu disse, agora olhando para a direção correta. 
Ele me cortou antes que eu pudesse começar uma rodada de vinte e 
uma perguntas. — Agora não, ok? Você pode esperar por mim no carro 
da Audrey? Eu vou te seguir de volta a casa dela. 
Eu pisquei rapidamente. Ele estava voltando para dentro? Ele não 
podia estar falando sério. — Você está falando sério? Esse cara diz a 
você o que fazer e você apenas... faz? 
Ele parou tão abruptamente que quase bati em suas costas. Virando 
com um olhar que eu nunca tinha visto antes e eu me preparei 
instintivamente. 
— Você pode parar, por favor? Entre no carro e espere por mim. 
Você está me deixando louco com todas essas perguntas! – Sua voz 
ecoou pelo ar e aumentou o latejar na minha cabeça. 
Eu o encarei com as minhas sobrancelhas levantadas. Ele pensou 
que era eu para fazer as perguntas? — Diminua seu tom de voz. Você 
grita comigo assim de novo e nós vamos ter um problema. 
Um suspiro bem fundo o deixou então, e todo seu corpo pareceu 
ceder. Quase me senti mal por ser uma vadia, mas mesmo que eu fosse 
 
 
irritante - e na minha opinião não era - ele não tinha o direito de gritar 
comigo como se eu fosse uma criança. 
Ele estava claramente passando por algo, então optei por não 
cutucar o urso, por assim dizer. Eu o interrogaria mais tarde. Depois que 
ele teve a chance de se acalmar. Olhei para o carro de Audrey, 
percebendo que estava vazio. 
— Eu pensei que você disse que ela iria nos encontrar aqui fora? 
Ele disse um palavrão baixinho. — Ela deve ter sido atraída para 
uma conversa. Vou mandá-la embora agora mesmo. 
— Seria melhor. – eu fui contorná-lo e ele me segurou pela 
milionésima vez naquela noite. 
— Sinto muito, bae. Muito mesmo. 
Eu me encolhi internamente. 
— Vou estar esperando por você. – eu dei um beijo gentil em sua 
bochecha. 
Eu estava na ponta da língua para perguntar pelo que exatamente ele 
estava se desculpando, mas eu queria ir para casa mais do que ter uma 
conversa sincera na garagem de um imbecil rico. 
 
O carro estava se movendo. 
Quando acordei as minhas pálpebras se agitaram e levou alguns 
segundos para meu olhar clarear e focar. Uma respiração brusca prendeu 
em meus pulmões quando vi quem estava dirigindo. 
 
 
Tentei levantar minha cabeça e imediatamente me arrependi. Com 
certeza meu cérebro capotou e rolou. 
— O que há de errado com…? – Passando a minha língua pelo meu 
lábio inferior, engoli e fechei os olhos por um minuto. Eu quase não 
tinha bebido nada. Isso não estava certo. 
— Audrey? 
— Aqui. – ela resmungou do banco de trás. 
Foi preciso muita força de vontade, mas no momento em que tive 
controle sobremeus membros, tentei me mover para poder vê-la. Era 
mais fácil falar do que fazer quando o carro e a vizinhança estavam 
revestidos de nada além de escuridão. 
— Não se mova muito. – Uma voz familiar veio do banco do 
motorista. Ele estendeu a mão e a apoiou no meu peito, pressionando-me 
para trás suavemente. 
Parecia que já estávamos no carro por horas quando ele finalmente 
parou. A porta do passageiro foi aberta e o ar frio do verão soprou sobre 
minha pessoa quando fui retirada. 
— Audrey. – eu repeti, com o pânico agitando minhas entranhas, 
sem saber o que diabos estava acontecendo. 
— Shh. – A voz me acalmou, me segurando um pouco mais forte. 
— Gavin está com ela. – Minha bochecha estava pressionada contra seu 
peito sólido, e eu percebi como ele cheirava bem. Como jasmim e 
especiarias. 
Fui carregada para mais escuridão, com o ar indo de fresco para 
frio. Subi um lance de escada e depois entrei em um quarto com papel 
de parede branco que eu conhecia muito bem e sendo deitada em uma 
cama. Mãos me tocaram, fortes e seguras em meu corpo, mais 
 
 
cuidadosas do que sexuais. Elas tiraram a minha roupa e me enfiaram 
sob um edredom macio. 
— Vejo você em breve. – murmurou a voz rouca. 
— Eu acho que sei quem você é. – eu disse asperamente quando a 
confusão começou a envolver meu cérebro novamente, me forçando a 
deitar. 
— Ainda não, mas você vai. Isso eu posso garantir a você. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rosto lindo e corpo incrível. 
Ela tinha uma aparência exótica: cabelos longos e escuros que eu 
poderia enrolar duas vezes em volta do meu punho e pele cor de oliva 
impecável para sentir sob meus dentes. Ela tinha a forma exata das 
garotas pin-up vintage do calendário de parede do meu nonno9. 
Uma deusa curvilínea. Muita bunda para quicar enquanto ela 
montava meu pau. Coxas para segurar quando ela sentasse no meu rosto. 
Seus olhos eram castanhos, cor de canela. Essas lindas órbitas foram 
exatamente o que me atraiu. 
Rhiannon Clermont era uma maldita sereia. Muito bonita para o 
meu mundo de depravação e pecado. No entanto, ao mesmo tempo, tão 
certa para isso. 
Tudo que eu queria fazer era consumi-la inteiramente, arrastá-la 
para dentro e me certificar de que ela nunca encontraria uma saída. 
Foi errado e inesperado, considerando que a odiei desde o momento 
em que descobri que ela existia. Eu a odiava com uma intensidade tão 
forte que podia imaginar sua morte pelas minhas mãos. Isso era tão claro 
quanto um rolo de filme, repetindo repetidamente dentro da minha 
cabeça. Mas eu a queria ainda mais. Essa foi a parte fodida. Eu a queria 
 
9 Nonno: significa avô em italiano. 
 
 
ao meu lado, embaixo de mim, em seus fodidos joelhos na minha frente. 
Eu não me importei em sentar e analisar toda a logística disso. Eu sabia 
o que estava procurando e iria conseguir. 
Felizmente para mim, a paciência era uma virtude, e fui abençoado 
com uma abundância dela. Eu e a minha famiglia10 tínhamos esperado 
tanto tempo. Não teria pressa em nada, a menos que fosse absolutamente 
necessário. 
Nem mesmo para molhar o pincel11. 
Eu poderia facilmente ter separado as pernas de Rhiannon e me 
afundado dentro dela, mas ela precisava estar totalmente lúcida quando 
eu a fodesse. Tenho um tipo muito extenso de preliminares. 
Eu precisava que ela quisesse tanto quanto ela precisava respirar. 
Então, eu a deixei naquela cama sozinha em vez de deitar ao lado dela. 
Depois de trancar a porta da frente de Audrey, Gavin e eu voltamos 
para a casa, com ele dirigindo o meu AMG em que ele me seguiu. O 
trajeto foi silencioso na maior parte do tempo. Quase até o fim. 
— Você se incomodou em resolver os problemas delas? 
Virei meu queixo fingindo pensar sobre isso. — Não. Era necessário 
para esta noite. Mas não vou fazer isso de novo. 
Ele acenou com a cabeça uma vez. 
Eu não tinha certeza se isso significava que ele concordou comigo 
em geral ou se ele concordou que não aconteceria novamente. Ele nunca 
disse nada disso. Esse não era o estilo de Gavin. Se ele tivesse um 
problema, você poderia apostar que você saberia disso. 
Eu quis dizer o que disse, no entanto. Se Dax não tivesse interferido, 
a noite teria sido muito diferente. 
 
10 Famiglia: significa família em italiano. Optamos por deixar no original; 
11 Molhar o pincel: aqui é uma conotação sexual. 
 
 
Audrey e Rhiannon não precisariam ser drogadas. Essa bagunça era 
culpa dele. Ele não conseguia deixar de lado o que nunca foi realmente 
dele em primeiro lugar. O idiota havia apenas acelerado o que seria seu 
fim infeliz. 
Quando voltamos para a casa, a entrada da garagem estava vazia, 
exceto pelo Porsche de Owen e pelo Vette de Gavin. Todo mundo tinha 
sido avisado para dar o fora. 
— Tony já chegou aqui? – eu fiz um gesto para onde o carro de Dax 
estava estacionado. 
— Sim. O carro estará exatamente onde precisa estar pela manhã. 
— Ótimo. Vamos acabar com isso. – Saí do carro e me dirigi para a 
lateral da casa. Gavin caminhou ao meu lado, já tirando suas luvas de 
couro. 
Bati duas vezes na lateral da garagem, então Owen sabia que era eu, 
e então abri a porta. 
O plástico já havia sido desenrolado para cobrir o chão e as paredes. 
Os vidros são tão escuros que nem mesmo a visão de raio-x permitiria a 
alguém uma visão o suficiente para ver o que acontecia aqui. 
Do centro da sala, Dax olhou para mim com um olho bom, o outro 
inchado e preto. Tenho certeza de que algum tipo de insulto veio de trás 
da mordaça enfiada em sua boca enquanto ele balançava o corpo na 
cadeira a que estava amarrado. 
— Esse é o primeiro barulho que ele faz desde que eu o amarrei. – 
disse Owen de onde estava encostado na bancada com os instrumentos, 
com os braços cruzados sobre o peito. 
— Sortudo. – eu peguei um par de luvas ao lado dele e as coloquei. 
 
 
Indo para ficar diretamente na frente de Dax, me ajoelhei, então 
estávamos na altura dos olhos. — Você está tendo um dia ruim, mio 
amico12? 
Suas sobrancelhas se estreitaram com um olhar, com um rugido 
trazendo a veia em seu pescoço à superfície. 
— Desculpe, não consigo entender. – eu encolhi os ombros. — As 
coisas do meu lado estão fantásticas. Há apenas alguns pequenos 
problemas e já é hora de resolver. – eu levantei meu indicador e polegar 
para enfatizar meu ponto. 
— Por onde devo começar? – perguntei a Owen e Gavin. 
— Eu começaria com ele fodendo sua garota. – sugeriu Owen. — 
Ele sabia. 
— Com certeza. – concordou Gavin. 
Humm. Sim. Isso é verdade. 
— O que você acha? – eu puxei a mordaça para que ele pudesse 
responder. 
— Ela não é sua! 
— Daxton. Ela sempre foi minha. Eu sabia quem ela era muito antes 
de você. 
— Mentira! 
— Por que você acha que eu disse especificamente para você fazer 
amizade com ela e exigi que você não transasse com ela? 
Ele jogou a cabeça para trás e riu, com os seus dentes mostrando 
manchas de sangue que havia se acumulado em sua boca. 
— Ela sabe que é sua, Judas? Eu não acho que ela saiba. 
 
12 Mio amico: significa “meu amigo” em italiano. 
 
 
Eu sorri para ele. — Ah, a pequena Rhia sabe muito bem. 
— Ela nunca será como as vadias submissas que você está 
acostumado. E se ela descobrir o que você fez comigo, ela... 
Levantei a mordaça para interrompê-lo. Ele estava se agarrando a 
qualquer coisa e isso era patético pra caralho. Não cabia a Rhia. Ela não 
precisava saber que era minha. Eu sabia. Isso é tudo o que importa. 
Estaríamos na mesma página em breve. Quanto a ela dar a mínima para 
o que iria acontecer com ele... Agora foi a minha vez de rir. 
— Acho que sei mais sobre o seu relacionamento do que você, Dax. 
Sem mencionar... que ela não tem ideia de quem diabos você realmente 
é. Malposso esperar para que essa verdade venha à tona. – eu fiz um 
gesto na direção da bancada de ferramentas. — Mas você sabe que essa 
não é a única razão pela qual você está nesta posição, não é? Estou 
chateado por você ter colocado suas mãos nela, mas isso é muito mais 
profundo do que isso. 
Ele não conseguia me responder com palavras, mas os seus olhos 
diziam o suficiente. Eu queria fazer um estrago com ele, amarrá-lo nas 
vigas e estripá-lo como meu nonno fazia com os porcos, ouvi-lo gritar 
até que sua vida se esvaísse em sangue. 
Eu não poderia terminar rápido, no entanto. Ele tinha que sofrer por 
minha própria paz de espírito. Além disso, tive a sensação de que ele 
não seria muito sociável quando fosse a hora de me dizer tudo o que eu 
queria saber. 
Eu me inclinei e tirei minha Gambit13 da minha bota, apertando o 
botão na lateral para acionar a lâmina. 
Virando minha faca, agarrei sua camisa e a cortei direto no centro. 
Seu corpo inteiro ficou tenso, mas isso não me deteve. Fiz um corte 
rápido na tatuagem no lado direito do seu peito, cortando a carne lisa 
 
13 Gambit: é uma faca. 
 
 
para garantir que cada parte dela saísse. Ele nunca mereceu o símbolo 
para começar. 
Seus gritos abafados só tornaram o processo mais fácil. O sangue 
escorria por seu torso, manchando as pontas das minhas luvas e a ponta 
serrilhada da minha lâmina. 
— É difícil imaginar que em algumas semanas nós estaremos nas 
malditas disciplinas eletivas. – Comentou Owen com forte sarcasmo. 
— Trocando uma vida pela outra. – disse Gavin. 
Joguei o pedaço fino de carne de Dax no chão, deixando-o cair no 
plástico com um suave som. Ele estava se movendo tanto que fiquei 
surpreso por não ter caído ainda. 
— É nosso último ano até a faculdade. Conseguimos isso. – eu falei. 
Faculdade. Uma palavra de nove letras que tinha um significado 
totalmente diferente para nós do que para um aluno do ensino médio. 
Frequentamos porque os diplomas e títulos acadêmicos eram necessários 
para se misturar com a sociedade cotidiana e encobrir as partes mais 
sombrias de nosso mundo. 
Isso era besteira, mas não era nada que não pudéssemos lidar. 
Éramos atores vencedores de um Oscar quando se tratava de interpretar 
normalmente. Ninguém nunca chegou perto da verdade, não desde o 
incidente com a líder de torcida no meu segundo ano. Seu corpo nu teria 
apodrecido até agora, mas a noite de sua morte tornou a realidade de 
quem eu realmente era. 
As pessoas em Crudele não tinham a menor ideia de quem qualquer 
um de nós era - especialmente eu. Eu era muito mais do que um idiota 
de escola preparatória extremamente atraente. 
Garotos educados e civilizados não usavam um maçarico para 
cauterizar um ferimento no meio da noite. 
 
 
 
 
 
Eu sabia onde estava, mas não sabia o por quê. 
Eu estava olhando para o teto por uns bons trinta minutos. A menos 
que eu estivesse relaxando em casa, sempre estava fora da cama assim 
que abria os olhos. Meu atraso foi uma indicação de como eu estava em 
conflito. 
Não pela primeira vez, eu me perguntei o que diabos aconteceu na 
noite passada, da revelação estranha e esporádica de Dax ao homem 
lindo que quase nos seguiu da casa dos Barron, carregando-me para 
esta. Eu não sabia o que pensar de nada disso. 
Apoiando-me em um cotovelo, empurrei o edredom para baixo e fiz 
uma verificação rápida de minha pessoa. Tudo estava normal além das 
roupas faltando. 
Mas não havia nada de normal sobre o que aconteceu na noite 
passada. O que quer que fosse exatamente. 
Finalmente me levantando do colchão, me vesti novamente e saí 
para o corredor. Fui direto para o quarto de Audrey, já que ela ainda não 
tinha aparecido esta manhã. Eu me senti muito culpada por não ter ido 
até ela antes. Eu não tinha certeza se ela estava bem. 
Presumi que desde que estava, ela também estaria. No mínimo, eu 
esperava que, se houvesse uma luta, ela tivesse me tirado da confusão 
em que o meu cérebro estava envolvido. De jeito nenhum ela iria se 
 
 
entregar sem reagir, mesmo tão fora de si como estava. A garota parecia 
a Barbie, mas era mais parecida com a Annabelle. 
Eu escancarei sua porta com tanta força que ela bateu na parede. 
Audrey saltou seis metros no ar. Sua crina dourada estava por toda a sua 
cabeça e havia uma linha marcada em seu rosto por elas estar deitada. 
— O que há de errado? – ela gritou, desenrolando o edredom cor 
magenta de seu corpo. 
Reprimi uma risada quando ela saiu da cama. Todo o seio direito 
dela conseguiu se livrar do pequeno pedaço de tecido que ela ainda 
estava usando. 
— Nada. Quer dizer, eu não sei. Eu precisava ter certeza de que 
você estava bem. 
— Ah. – Um alto suspiro de alívio escapou de sua boca. — Merda, 
Rhia. – ela deu alguns passos para trás e se sentou na beira da cama. 
— Nem vou pedir desculpas. Dois caras estranhos nos trouxeram 
para sua casa e tiraram as nossas roupas. 
Sua cabeça levantou tão rápido que fiquei preocupada com seu 
pescoço esguio. Com os olhos castanhos arregalados, ela olhou para 
mim como se estivesse vendo um fantasma. 
— Meu Deus. 
— O que? 
— Gavin Knight estava no meu quarto! Ele... – ela gemeu e cobriu 
o rosto com as duas mãos. — Os dois estavam na minha casa. 
— Quem? – eu acenei minhas mãos em frustração. 
— Gavin Knight e Judas Barron. Eles foram as últimas pessoas que 
vi antes... não importa. Isso é humilhante. 
 
 
Humilhante? Essa garota me fazia ter vontade de dar um tapa na 
cabeça dela. — Audrey. Aqueles idiotas colocaram alguma coisa em 
nossas bebidas, nos trouxeram aqui, tiraram nossas roupas e foram 
embora. Acho que saber a planta da sua casa é mais preocupante do que 
eles estarem dentro dela. 
Ela piscou uma vez, duas, trazendo minha melhor amiga sensata, 
que não agia como uma idiota por pau, de volta à superfície. 
— Eles nos drogaram? – Sua voz vibrou com raiva e desgosto. 
— Quer dizer... acho que sim. 
— E Dax? – ela perguntou. 
Eu engoli, levantando meus ombros em um encolher de ombros. — 
Não sei onde ele está ou o que está acontecendo. Ele voltou para dentro, 
e não o vi desde então. Sem chamadas perdidas ou mensagens de texto 
também. 
Sua expressão mudou novamente, esta mais preocupante. — Merda, 
Rhia. 
— Pare de fazer aquela coisa de uma ou duas palavras e me diga o 
que diabos está acontecendo! 
— Eu não sei o que diabos está acontecendo! – ela gritou de volta. 
— Se ele irritou um deles, isso não é nada bom. 
Mordi o meu lábio inferior. Ele certamente irritou o cara que nos 
seguiu até a porta da frente. Algo sobre o que ela acabou de dizer me 
confundiu ainda mais, no entanto. 
— Pensei que aquelas famílias eram todas cidadãs nobres ou algo 
assim? Corações de ouro e toda essa besteira. 
Ela passou a mão pelo cabelo e suspirou. 
 
 
— Houve alguns rumores ao longo dos anos. Nada de concreto, 
mas... – ela parou novamente com um aceno de cabeça. 
Excelente. Isso me deu nenhuma resposta sobre o que estava 
acontecendo ou acontecendo com Dax. Não acredito em boatos. Eles 
iam de uma fonte para outra, tornando-se cada vez mais complicados à 
medida que se espalhavam, porque cada pessoa sentia a necessidade de 
adicionar suas próprias suposições detalhadas. 
— Será que algum deles tem olhos de cor prata? – perguntei, 
percebendo que ainda não tinha ideia de como essas pessoas eram. 
Audrey olhou para mim como se eu tivesse uma segunda cabeça. — 
Mostrei as fotos deles no Facebook umas novecentas vezes. 
— Acho que eu não estava tão comprometida com a perseguição 
cibernética quanto você. 
— Esse não é o ponto. – ela respondeu equilibradamente. — Se 
você perguntasse a qualquer outra pessoa como eles se pareciam, ela 
pensaria que algo estava errado com você por não saber. 
— Acho que te amo ainda mais por isso. 
— E? – eu implorei, porque ouvi isso pairando silenciosamente no 
final. 
— Judas tem olhosde cor prata de uma cor estranha. Como duas 
moedas novas e brilhantes. 
Eu balancei a cabeça para mim mesma mais do que para ela. Foi ele 
quem nos seguiu escada abaixo. Aquele que deu aquele aviso estranho 
como o inferno. E aquele que praticamente ameaçou meu namorado 
agora desaparecido. 
Mas o que isso significa? 
E onde estava Dax? 
 
 
 
Judas maldito Barron. 
Seu nome sozinho o fazia soar como um idiota privilegiado. 
Eu ainda estava completamente confusa sobre por que ele me 
carregou até a casa de Audrey ou me levou para lá em primeiro lugar. 
A última coisa que pude me lembrar da festa foi sentar no carro de 
Audrey e esperar que ela saísse. Então, eu estava acordando em seu 
quarto de hóspedes, vestindo nada além de um sutiã e uma fina calcinha 
de renda. 
Não havia remédio para eliminar a memória de suas mãos no meu 
corpo. Era uma coisa tão estranha e confusa para se fixar, mas eu não 
estava completamente assustada. Tentei raciocinar que imaginei a coisa 
toda. Quero dizer, o idiota pervertido me drogou, afinal. 
Eu acho… 
Eu não tinha provas de que foi ele, mas quem mais faria uma coisa 
dessas? Independentemente disso, eu estava tendo dificuldade em pensar 
nele como um pervertido em vez de um idiota cruzando o limite. 
Ele não fez nada além de tirar minhas roupas. Embora fosse uma 
grande violação de privacidade, não tinha lembrança dele fazendo muito 
mais. 
Isso não quer dizer que eu não fiquei absolutamente furiosa com a 
forma como as coisas aconteceram. Depois de ter tempo para sofrer, eu 
estava pronta para estrangular alguns pescoços. Ocasionalmente, porém, 
eu tinha bom senso. Nenhuma pressa desesperada ocorreria desta vez. 
 
 
Agir como Garota Infernal14 com os homens mais importantes da cidade 
não faria bem a mim ou aos meus amigos. 
Provavelmente isso me colocaria em algemas com uma acusação na 
minha ficha completamente exemplar e os meus pais na minha cola. Só 
que quando pensei em Dax, a ideia de uma retaliação imediata pareceu 
valer a pena. Eu não conseguia parar a raiva e, para ser honesta, a mágoa 
e o ressentimento. Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações em 
dois malditos dias. 
Ele enviou uma mensagem ontem à noite dizendo que estava tudo 
bem. 
O que isso significa? Da minha parte, as coisas certamente não 
estavam “bem”. 
Eu queria saber em que diabos ele envolveu Audrey e eu. 
Se Dax me dissesse que alguém fez isso com ele, eu exigiria cada 
detalhe sórdido para que pudesse chutar seus dentes. 
Em vez disso, ele estava me ignorando. 
Minhas chamadas. 
Minhas mensagens no Facebook. 
E meus Snaps. 
Meu celular começou a tocar e no último toque quase quebrei meus 
joelhos tentando pegá-lo. Deixando o chuveiro ligado, saí, pegando 
minha toalha para secar minhas mãos. Eu desbloqueei a tela, tentando 
não gritar de frustração quando vi a foto de contato sorridente de 
Audrey. 
— Alô? 
 
14 Garota Infernal: é uma referência ao filme. 
 
 
— Nada ainda? – ela perguntou, sabendo todos os meus problemas 
desde que ela insistiu em compartilhar o fardo deles comigo. 
— Não. Só o da noite passada. Ele estava online há duas horas, 
Auds. Eu não entendo. Por que ele está me ignorando? 
Ela limpou a garganta e algo tilintou ao fundo. — Não quero cavar 
sua sepultura mais fundo, mas ele estava online pela última vez há vinte 
e oito minutos. Uma foto foi postada. 
— Que porra é essa? – Minha voz ecoou no banheiro fechado. 
— Você está bem, querida? – Mamãe gritou de algum lugar da casa. 
Afastei o celular da boca e gritei que estava bem. 
— Uma foto de quê? – perguntei a Audrey, muito mais baixinho. 
— The Manatee. 
— The Manatee? Onde os barcos estão atracados? 
— Sim. Há uma festa lá esta noite. 
Ah inferno, não! Minha raiva aumentou por um minuto, apenas para 
transbordar no segundo seguinte. Tudo isso estava muito confuso, mas 
Dax estava basicamente mostrando suas verdadeiras cores. 
De certa forma, era bom que isso estivesse acontecendo agora, e não 
mais tarde. Nosso relacionamento nunca foi ‘isso’ para mim. Eu sabia 
que nunca iria me casar com ele ou ter seus filhos. 
Éramos dois jovens namorando porque era isso que deveríamos 
fazer. Mas não foi assim que eu vi o fim: não resolvido e oprimido pela 
amargura. 
— Ok, Auds. Obrigada. – eu suspirei. 
— Espere. É isso? Não estamos invadindo o lugar? 
 
 
Eu ri ligeiramente. — Eu não quero estar em uma festa ou em um 
barco. Dane-se ele. – E nos últimos seis meses! A garota com raiva e 
machucada dentro de mim gritou silenciosamente. 
— Mas... 
— A menos que você queira reviver o Titanic, nós não iremos. 
— Desta vez, Jack se afogaria de propósito. Ele teria duas vadias 
irritadas o segurando. – ela respondeu, entendendo o que eu quis dizer 
sem elaborar. 
— Eu disse aos meus pais que estaria aqui para o jantar. 
— Ah, certo. Bem, me mande uma mensagem mais tarde, ok? 
— É claro. – eu desliguei e olhei meu reflexo no espelho meio 
embaçado. Eu não parecia muito uma garota com o coração partido, 
porque eu não estava. Por seis meses passei muito tempo com essa 
pessoa, e de repente ela se foi sem dizer uma palavra. Sem um adeus. 
Simplesmente silêncio após uma noite complicada. Isso foi o que doeu - 
não perder um garoto que eu deveria ter largado há muito tempo. 
Mas tudo acontece por um motivo, certo? Mesmo as coisas que 
mexem com sua cabeça e seu coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Minha mãe pode não ter sido boa em esconder seus sentimentos, 
mas a mulher tinha um sexto sentido quando se tratava dos meus. 
Ou talvez isso fosse apenas uma coisa de mãe, o que explicava que 
o bolo de chocolate triplo que ela fez não era apenas uma sobremesa 
indulgente, mas algo para me fazer sentir melhor. 
— O que ele fez? – Mamãe perguntou, colocando uma segunda fatia 
na minha frente e um copo de leite puro. 
— Como você sabe que era ele? 
Ela me deu um sorriso atrevido fazendo seus olhos azuis enrugarem. 
— Porque eu conheço você e conheço o ele em questão. 
Enfiei uma grande fatia horrível de bolo na boca e eu encolhi os 
ombros, saboreando cada migalha decadente. 
Eu não ia contar a ela o que aconteceu na festa, ou depois. Meus 
pais confiavam em mim e eu tinha espaço suficiente para fazer minhas 
coisas. Não significa que eu iria me enforcar com ela. 
— Eu conheci Judas Barron. Dax e eu terminamos. 
Mamãe engasgou - tipo, totalmente engasgada com a boca cheia de 
bolo. Também não achei que fosse para um efeito dramático. Meu garfo, 
a meio caminho da minha boca e carregado com outra fatia, parou. 
 
 
— Vocês terminaram? – ela ofegou quando se recompôs. — Por 
quê? Você ama aquele garoto! 
Opsss. Deveria ter dito isso a ela com mais cautela. Às vezes, eu 
esquecia o quanto ela e papai adoravam Dax. O bolo caiu no meu 
estômago como um peso de papel pesado. Eu sabia que não tínhamos 
discutido tecnicamente o fim do nosso relacionamento, mas neste ponto, 
parecia bastante óbvio em ambos os lados. 
— Esse é o problema, mãe. Ele é um garoto. – Não havia como 
confundir o rancor em meu tom. 
Ela se recostou na cadeira com a testa franzida. — Ele fez algo com 
você? 
Ironicamente, foi essa pergunta que me deu vontade de chorar. Eu 
não era o tipo de garota que precisava de um cara para protegê-la ou 
defendê-la; Eu poderia fazer isso sozinha. Mas caramba, se isso não teria 
sido bom. Eu queria que ele me protegesse, pelo menos. 
— Ele não fez nada. – eu respondi baixinho, deixando de fora que 
esse era exatamente o problema. 
— Sabe, está quase na hora de as aulas começarem. Não há sentido 
em passar esses últimos dias triste. Por que você e Audrey não vão fazer 
algo hoje à noite. Ver um filme? Vai a aquele bufê chinês que você tanto 
gosta? 
— Mãe. – eu ri. — Acabei de comer. 
Ela me deu uma olhada. — Desde quando isso importa? 
— Touché. – Nós dois sabíamos que eu era um poço sem fundo.Graças a Deus pelo metabolismo. 
Esperei que ela lavasse os pratos antes de pegar meu celular e enviar 
uma mensagem a Audrey dizendo que havia uma mudança de planos. 
 
 
 
Audrey encontrou o seu carro em quatro minutos. Ele estava 
estacionado entre uma grande caminhonete e um pequeno Fiat. Isso teria 
sido ótimo se não fosse o fato de que deveríamos estar a caminho do 
último filme de Guillermo del Toro. 
— Aquele idiota. – Audrey esbravejou. 
— Audrey. – eu me descontrolei. — Sabia que você não estava indo 
no caminho certo. Por que você me trouxe aqui? 
— Por isso. – ela apontou para o carro de Dax. 
— Eu não queria fazer isso. 
Ela olhou o estacionamento, procurando um lugar para estacionar, 
com seus lábios virados para baixo nos cantos. — Por que não? 
Gemi internamente. Quando não estava no calor de um momento, 
era surpreendentemente uma pessoa reservada. Eu não queria discutir 
com Dax na frente de uma multidão ou arriscar ser humilhada se ele 
decidisse ser um idiota. Eu também queria curar a ferida no meu próprio 
ritmo, mas estava guardando isso para mim mesma. 
— Eu realmente só quero aproveitar a última parte do meu verão. 
OK? Se Dax quisesse falar ou me ver, ele já teria feito isso. 
— Você está certa. Isso foi impulsivo. Sinto muito, Rhi. – Audrey 
murmurou, passando por dois lugares vazios em uma fileira. 
Eu poderia dizer que nem todos os carros pertenciam a alunos do 
ensino médio. A maioria eram dos proprietários das plataformas na água 
- seus adesivos de para-choque diziam isso. 
 
 
— Acha que deveríamos nos preocupar? – ela perguntou, virando 
seu carro em direção à saída. 
— Sei que ele está aqui e te ignorando, mas você acha que isso tem 
alguma coisa a ver com Judas? Ouvi dizer que ele estava completamente 
a fim de você ontem à noite. 
— Sério? 
Ela revirou os olhos e balançou a cabeça. — Eu sei que isso não é 
verdade. Eu teria grelhado sua bunda para obter detalhes completos 
agora. Estou apenas dizendo. 
Mordi o meu lábio inferior, esfregando a mão na minha têmpora. 
Também pensei nisso, mas o que Judas poderia ter dito a ele que 
justificasse tudo isso? 
— Ah. Dane-se. Estacione o carro, vamos obter algumas respostas. 
— Sim! Essa é minha garota. 
Escondi meu sorriso baixando o espelho. Eu não estava vestida para 
uma festa no barco e não me importava muito, mas o cabelo da minha 
cabeça sim. 
Ele sabia exatamente como e quando frizzar, e estar perto do oceano 
era uma garantia de que iria. Eu puxei as longas mechas marrons em um 
rabo de cavalo alto e, em seguida, alisei a minha regata de lantejoulas, 
feliz por ter pego um moletom. 
Audrey reivindicou um dos dois lugares pelos quais passou minutos 
atrás e desligou o motor. Claro, ela parecia que estava pronta para uma 
festa em um lindo macacão floral e sandálias gladiador. Mas ela é quem 
sabia para onde estávamos indo o tempo todo. Saímos ao mesmo tempo 
e seguimos para onde os barcos estavam atracados, pequenos na frente, 
grandes como o inferno na traseira. 
— Para qual vamos? 
 
 
— Gabby Dawson's. O pai dela possui alguns deles. Estamos 
procurando por algo chamado “Mystikal”. 
Eu não sabia quem era essa pessoa, mas se o pai deles tivesse vários 
barcos aqui, eles tiveram trabalho. Garotos e seus brinquedos. 
O barco foi fácil de encontrar, grande e todo branco com um enfeite 
azul perolado. Eu mencionei que era grande? 
Caminhamos a bordo sem nenhum problema. Alguns cumprimentos 
foram para Audrey e para mim, de algumas pessoas que nos conheciam, 
e foi isso. Eu esperava um porteiro ou algo assim. Eu, pessoalmente, 
teria alguns seguranças cuidando da entrada. 
Havia duas direções a seguir: esquerda ou direita. E com talvez 
quarenta pessoas a bordo, não era uma multidão enorme, mas grande o 
suficiente para que eu não pudesse localizar Dax instantaneamente. 
— Você vai por um lado e eu vou pelo outro? Nos encontramos de 
novo aqui em dez minutos, se não o encontrarmos? 
— Você quer se separar? – perguntei. — Essa é uma boa ideia? 
Essa garota Gabby conhece você, não eu. 
— Se alguém me conhece, Rhia, conhece você. Você é literalmente 
a lua para o meu sol. 
Ah. Eu gostei disso. 
— Se nos apressarmos, nós podemos assistir a segunda exibição do 
nosso filme. – continuou ela. 
Gostei ainda mais disso. 
— Vou para a direita. 
Ela assentiu. — Encontre-me aqui em dez minutos ou eu irei buscá-
la. 
 
 
— Igualmente. – eu ri, já dando um passo na outra direção. Eu me 
senti estranha por estar perto de tantas pessoas depois do que aconteceu 
na outra noite. Isso não tinha me incomodado tanto até este momento. 
Imaginei que mais do que alguns que estavam presentes, mas nenhuma 
alma fez um pequeno comentário. 
Ninguém tinha visto nada? Ou será que eles não se importaram? 
Afinal, foi Dax quem pegou nossas bebidas. Ele não viu alguém colocar 
algo nelas? Ele sabia que eles tinham colocado? Eu não conseguia 
imaginá-lo permitindo isso, mas, novamente, as pessoas sempre 
poderiam surpreendê-lo. 
Basta dizer que eu nunca pegaria um copo vermelho de ninguém 
novamente, a menos que Audrey fizesse essa merda sozinha. A noite 
passada poderia ter sido tão diferente para nós, muito pior. Eu tinha 
ouvido um milhão de histórias de terror sobre garotas que foram 
drogadas em festas. 
Caminhei em torno de um casal se beijando e até a extremidade 
traseira do barco. Houve alguns sorrisos amigáveis em minha direção e 
um cara ruivo me observou com interesse em seus olhos. Ele era lindo. 
Eu não me importaria se ele se juntasse a mim na cama. Simplesmente 
não conseguia fazer com que isso fosse bonito a longo prazo; Eu iria 
manchá-lo e torná-lo tão feio quanto eu era por dentro. 
Essa tinha sido uma das melhores coisas sobre o Dax. Ele não 
percebeu ou se importou em saber sobre a merda que mantive trancada 
dentro da minha cabeça. Fingir tende a ser mais fácil quando ninguém 
está procurando o que está por baixo da máscara que você usa. 
Falando em Dax, eu não o vi em lugar nenhum. 
O barco era enorme, mas não gigantesco. Eu senti como se estivesse 
jogando Cadê o Wally? 
 
 
Virei um corredor e dei alguns passos antes que os meus pés 
paralisarem no lugar. Bem ali, literalmente a poucos metros de distância, 
estava Judas Barron. Dois outros caras e uma garota estavam com ele, a 
garota era como a cantora Brenda Songs. Todos eles levantaram suas 
cabeças e olharam na minha direção. 
— Rhiannon Clermont. – Um dos caras anunciou como se eu 
estivesse entrando em um ringue de boxe, com um largo sorriso em seu 
rosto bonito. Ele tinha os olhos mais azuis que eu já vi, com um tom 
perfeito de azul celeste que era um contraste com sua pele escura. 
Eu o ignorei, concentrando o meu olhar no rapaz lindo casualmente 
encostado na grade do barco. Ele estava com uma camisa branca hoje, 
uma jaqueta de couro macio por cima dela, e vestindo uma calça jeans 
escura. 
— Onde está Dax? 
Ele passou seu olhar de cima e abaixo em meu corpo - lentamente. 
Eu imediatamente me senti exposta. Saber que ele já tinha visto tudo não 
me fez sentir melhor. 
— Como eu vou saber? 
Eu o encarei, dando um passo em direção a ele. 
— Não brinque comigo. 
Ele inclinou a cabeça para o lado com um sorriso ameaçador. — 
Mas você é tão divertida de brincar. 
Eu fiz uma careta. Ele disse isso como se fôssemos bem conhecidos. 
— Acho que você me confundiu com outra pessoa. Não sei quem você 
é, e não me importo. Eu só quero o Dax. 
Ele avançou, com os seus movimentos predatórios e confiantes. Eu 
endureci minha espinha e me forcei a não recuar, e respirando fundo 
quando ele chegou a poucos centímetros do meu peito. 
 
 
Sua colônia intoxicante penetrou em meus pulmões. Fui forçada a 
inclinar minha cabeça para trás para que pudesse ver seu rosto. 
— Você não sabe quem eu sou, mas sua boceta com certeza sabe. 
— O que... 
— E você diz que quer Dax, mas ambos sabemos que não é 
verdade. 
Ele não queria

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