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Neurologia e Saúde Mental para a Terapia Ocupacional - EAD

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NEUROLOGIA E SAÚDE MENTAL 
PARA A TERAPIA OCUPACIONAL
PROF.A DRA. SARAH RAQUEL ALMEIDA LINS
Reitor:
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica:
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline 
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Olga Ozaí da Silva
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Cristiane Alves
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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UNIDADE
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 4
1. TERAPIA OCUPACIONAL NA NEUROLOGIA: O COTIDIANO EM EVIDÊNCIA ................................................... 5
2. ASPECTOS CLÍNICOS DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS NEUROLÓGICAS PRESENTES NA PRÁTICA CLÍNICA 
DO TERAPEUTA OCUPACIONAL .............................................................................................................................. 9
2.1 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) .......................................................................................................... 9
2.2 ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA (ELA) ....................................................................................................10
2.3 DOENÇA DE PARKINSON ................................................................................................................................... 11
2.4 TRAUMATISMO CRANIOENCEFÁLICO (TCE)...................................................................................................12
2.5 ESCLEROSE MÚLTIPLA (EM) ............................................................................................................................13
CONSIDERAÇÕES FINAIS .........................................................................................................................................15
TERAPIA OCUPACIONAL NA NEUROLOGIA: 
PRINCIPAIS PATOLOGIAS E COMPROMETIMENTOS 
NO DESEMPENHO OCUPACIONAL
PROF.A DRA. SARAH RAQUEL ALMEIDA LINS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
NEUROLOGIA E SAÚDE MENTAL PARA A TERAPIA 
OCUPACIONAL
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
O sistema nervoso controla todas as ações realizadas diariamente por toda a vida de um 
indivíduo, seja sorrir, tossir, andar, comer, conversar, digitar, preparar um alimento ou realizar 
tarefas que compõem o exercício de uma pro� ssão. Seu funcionamento normal é essencial para 
que as pessoas consigam realizar suas atividades de forma independente e autônoma.
No entanto, existem doenças e lesões diversas que podem comprometer o funcionamento 
do sistema nervoso, limitando funções ou causando a perda total de determinadas funções do 
corpo. Os comprometimentos advindos dessas patologias podem afetar a realização de ações do 
cotidiano, bem como o desempenho ocupacional para a realização de determinadas atividades.
Nesse sentido, a Terapia Ocupacional é uma pro� ssão que atua com o objetivo de 
proporcionar ou melhorar o desempenho ocupacional do indivíduo na realização de suas 
atividades do cotidiano, a � m de promover o máximo de autonomia e independência possível.
É importante que o terapeuta ocupacional conheça sobre o funcionamento do sistema 
nervoso e sua relação com as atividades do cotidiano, que são foco de sua atuação, além 
de conhecer sobre patologias neurológicas, seus sinais, sintomas, manifestações e possíveis 
comprometimentos no desempenho ocupacional para a realização das atividades cotidianas. 
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. TERAPIA OCUPACIONAL NA NEUROLOGIA: 
O COTIDIANO EM EVIDÊNCIA
O Sistema nervoso é essencial para a realização de diversas ações do cotidiano. Ele é 
composto pelo Sistema Nervoso Central (SNC), que é formado pelo encéfalo e pela medula 
espinhal, que são protegidos pelo crânio e pelas vértebras, respectivamente, e pelo Sistema 
Nervoso Periférico (SNP), formado por nervos que conectam o SNC ao resto do corpo e que 
são responsáveis por levar informações do cérebro por meio de células especializadas. Ou seja, 
as células percebem um estímulo, processam a informação, interpretam-na e dão uma resposta. 
Por exemplo, você já deve ter tocado com o dedo em uma panela quente e, possivelmente, 
sua reação imediata foi a de retirar rapidamente o dedo da panela quente, em questão de milésimos 
de segundos, certo? 
Pensando nos aspectos neurológicos, o que aconteceu foi que, ao tocar com o dedo na 
panela quente, as células presentes identi� caram a temperatura elevada, levaram essa informação 
passando pela medula espinhal até chegar ao cérebro, onde a informação foi processada e 
você compreendeu que a panela estava quente e, como reação, as células voltaram do cérebro, 
passaram pela medula espinhal e levaram essa informação processada de volta para o dedo que, 
como resposta, reagiu afastando-se rapidamente da panela quente. Esse processo ocorre de forma 
muito rápida.
O SNC controla todas as funções voluntárias e involuntárias do nosso corpo por meio 
do transporte de informações. As funções involuntárias realizadas pelo SNC são aquelas que 
fazemos sem perceber, por exemplo, a respiração, a digestão de alimentos, os batimentos 
cardíacos, funcionamento de órgãos internos no geral, que acontecem até mesmo quando 
estamos dormindo. 
Já as funções voluntárias são aquelas que realizamos de forma consciente e que 
conseguimos controlar. Como exemplos de ações voluntárias, temos: falar, andar, cumprimentar, 
beijar, abraçar, brincar, conversar e, também, realizar as atividades do cotidiano, como comer, 
vestir, despir, realizar a higiene pessoal, estudar, dançar, pagar contas, dirigir, mergulhar na 
piscina, dentre outros.
É assim que o SNC funciona diariamente, transportando informações do cérebro 
às extremidades para que executemos diversas ações do cotidiano, das mais simples às mais 
complexas. Ou seja, todas essas ações que compõem a realização de atividades de vida diária 
dependem do bom funcionamento do sistema nervoso central, que faz a conexão entre o cérebro 
e o resto do corpo. 
No entanto, existem doenças que podem afetar o sistema nervoso causando a morte 
de neurônios que são importantes para levar e trazer informações do corpo ao cérebro e vice-
versa. Quando estes neurônios morrem, seja por traumatismos, doenças ou lesões, eles não são 
substituídos,o que pode ocasionar a perda total ou parcial de alguma função do corpo. Ou seja, a 
interrupção dessa conexão pode resultar na di� culdade do indivíduo de realizar algumas dessas 
ações, podendo até mesmo não conseguir mais realizá-las. 
Imagine um adulto independente, que mora sozinho e que trabalha todos os dias úteis, 
em horário comercial, em um escritório em um bairro próximo. Agora, imagine a rotina diária 
desse adulto desde a hora em que ele acorda até a hora em que ele vai dormir. Provavelmente, a 
rotina dele inclui, resumidamente: realizar a higiene pessoal, vestir-se, tomar o café da manhã, 
trabalhar, realizar higiene pessoal, vestir o pijama, jantar e dormir.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Agora, imagine as atividades que compõem a rotina diária desse adulto de forma mais 
detalhada: acordar, tomar banho, vestir uma roupa para ir ao trabalho, preparar seu café da 
manhã, escovar os dentes, abrir a porta para sair, trancar a porta de casa com a chave, ir até o 
ponto de ônibus, subir as escadas do ônibus, passar pela catraca, sentar em um dos bancos e, 
depois, quando chega no ponto de descida, descer as escadas do ônibus e se direcionar até o seu 
local de trabalho. Ao � nal do expediente de trabalho, fazer o mesmo trajeto, ir até o ponto de 
ônibus, subir as escadas do ônibus, passar pela catraca, sentar, descer no ponto mais próximo de 
casa, abrir a porta de casa com a chave, trancar a porta com a chave, tirar a roupa do trabalho, 
tomar banho, preparar o jantar, escovar os dentes, sentar no sofá para ler um livro ou para assistir 
um programa favorito, depois subir na cama para dormir. Ufa! Quantas atividades são realizadas 
ao longo do dia, não é mesmo?
Provavelmente, você deve ter se identi� cado com a realização dessas atividades que 
são ações consideradas comuns, do cotidiano. Essas ações podem, ainda, exigir a realização de 
diversas atividades como etapas para que sejam efetivadas. Por exemplo, o “tomar um banho” 
exige a realização das seguintes etapas: tirar a roupa, colocá-la em um cesto de roupa suja, ligar 
o chuveiro, pegar o sabonete, passar pelo corpo, pegar o shampoo, colocar uma quantidade 
adequada na mão, passar no cabelo, enxaguar, desligar o chuveiro, pegar a toalha, enxugar o 
corpo. São etapas realizadas de forma automática pelas pessoas para a realização da ação de 
“tomar um banho”.
Dessa forma, percebe-se que, em condições normais, o sistema nervoso trabalha 
constantemente durante toda a vida de uma pessoa, para toda e qualquer atividade que ela realize, 
sejam elas voluntárias ou involuntárias. Ele é responsável por executar e controlar sistemas, órgãos 
e reações do corpo. Trata-se de um sistema essencial para uma vida autônoma e independente.
Imagine que uma pessoa não consiga mais movimentar o braço esquerdo. Agora, leia 
novamente o antepenúltimo e penúltimo parágrafo do tópico anterior imaginando essa pessoa 
tendo que realizar aquelas ações após ter perdido o movimento desse membro. Percebe-se que 
a perda dessa função afeta diretamente a rotina, pois a pessoa terá di� culdade para realizar as 
etapas das atividades que envolvem as ações do seu cotidiano e vai precisar de ajuda para lidar 
com esse comprometimento e com todas as mudanças que ele pode trazer para seus contextos de 
vida e as atividades neles implicadas. 
As lesões neurológicas causam comprometimentos que podem incluir a perda 
parcial ou total de alguma função do corpo. É possível que uma pessoa com lesão 
neurológica volte a realizar funções presentes antes da lesão? Trata-se de um 
questionamento recorrente, principalmente pelo paciente e seus familiares ou 
responsáveis. Sobre este aspecto, é importante apontar para a neuroplasticidade, 
que é a capacidade do sistema nervoso central se modifi car na tentativa de 
recuperar funções perdidas ou de melhorar o funcionamento de determinadas 
funções do corpo. Porém, o processo de neuroplasticidade depende do nível e 
da extensão da lesão. Para os casos em que a recuperação de funções não será 
possível, existem alternativas que podem ajudar na realização da função perdida 
por meio da utilização de dispositivos auxiliares, órteses, próteses ou adaptações.
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Assim, o terapeuta ocupacional é o pro� ssional que vai atuar junto às pessoas com doenças 
ou sequelas neurológicas, com perdas parciais ou totais de funções na viabilização da realização 
das atividades que compõem o cotidiano de um indivíduo.
O objetivo da Terapia Ocupacional é recuperar funções perdidas e/ou promover o máximo 
de independência e autonomia possíveis para a realização das atividades de vida diária (comer, 
vestir, despir, realizar higiene pessoal, pentear o cabelo, dentre outras) e atividades instrumentais 
de vida diária (fazer compras no supermercado, pegar um ônibus, ir ao banco pagar contas, 
preparar um alimento, dentre outras). Ou seja, o terapeuta ocupacional tem como função 
melhorar o desempenho ocupacional dos indivíduos na realização de atividades cotidianas que 
sejam signi� cativas para eles. Estas atividades podem incluir as:
• Atividades de vida diária (AVD) – que são aquelas realizadas diariamente e que envolvem 
o autocuidado. Exemplos: vestir, despir, escovar os dentes, tomar banho, comer, pentear 
o cabelo, abotoar roupas, fechar o zíper de uma roupa, calçar sapatos, amarrar o cadarço 
dos sapatos, dentre outras.
• Atividades instrumentais da vida diária (AIVD) – que são aquelas atividades que 
garantem a independência pessoal e pro� ssional. Exemplos: pagar contas, ir ao banco, 
pegar um ônibus, fazer compras no supermercado, comprar roupas ou calçados, preparar 
alimentos, dirigir um veículo, enviar uma encomenda, cuidar de outras pessoas ou de 
animais de estimação, gerenciar a vida � nanceira, cuidar da manutenção de uma casa, 
dentre outras.
• Atividades de lazer – que são aquelas atividades realizadas de acordo com o interesse 
próprio, para satisfação pessoal. Exemplos: assistir aos � lmes, fazer artesanato, correr, 
dançar, escrever, andar de bicicleta, viajar, dentre outras.
• Atividades relacionadas ao trabalho – que são aquelas relacionadas a trabalho remunerado 
ou não. Exemplos: atuar em uma determinada pro� ssão, como padeiro, cozinheiro, 
médico, dentista, recepcionista, engenheiro, professor, costureiro, administrador, 
enfermeiro, dentre outras.
• Atividades relacionadas à escola – que são aquelas relacionadas ao aprendizado escolar. 
Nota-se que as ocupações fazem parte de toda a vida de uma pessoa, em todas as suas 
etapas e em todos os seus contextos, o que reforça a importância de que estas ocupações sejam 
realizadas de forma satisfatória. O terapeuta ocupacional atua no sentido de viabilizar e/ou 
aperfeiçoar habilidades e capacidades para a realização dessas ocupações. No entanto, deve-se 
compreender que pode haver situações em que não será possível alcançar determinado nível 
de função em um indivíduo com doença ou lesão cerebral. Nesses casos, deve-se focar nas 
habilidades e capacidades que têm o potencial de evolução para que sejam investidas e veri� car 
a possibilidade da utilização de adaptações, como órteses, próteses, dispositivos auxiliares ou 
recursos de tecnologia assistiva.
A ação do terapeuta ocupacional junto aos pacientes neurológicos envolve a utilização de 
estratégias de reabilitação gradativas, com treinos e estímulos, e com a realização de atividades 
que aumentem a capacidade funcional do indivíduo, além de se utilizar de estratégias que 
viabilizem a ampliação da participação do indivíduo na sociedade, estimulando e contribuindo 
para o acesso e inclusão em todos os espaços sociais: escola, cultura, esporte, lazer, trabalho, 
dentre outros.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Na prática clínica do terapeuta ocupacional, é muito comum a frequência de pessoas com 
doenças ou lesões relacionadas ao sistema nervoso central, que são aquelas que afetam o todo ou 
parte das funções cerebrais e/ou da medula espinhal.
 As doenças ou lesões neurológicas podem comprometer diferentes funções do corpo que 
podem ser físicas, sensoriais, motoras ou cognitivas. Ou seja, uma pessoa com comprometimento 
neurológico pode perder a função total ou ter di� culdade ao andar, falar, compreender 
informações, executar comandos, identi� car cores ou objetos, movimentar um ou mais membros 
do corpo, dentre outros.
Ainda é possível que uma pessoa com alguma doença neurológica apresente di� culdades 
na realização de movimentos considerados simples, como levantar a mão, olhar para o lado 
ou apertar um botão, ou, em situações de comprometimentos menos graves, a pessoa pode 
apresentar di� culdade na realização de atividades consideradas mais complexas, que envolvem 
uma sequência de ações, como escovar os dentes, que inclui diversas etapas: abrir a pasta de 
dentes, colocar um pouco de pasta na escova de dentes, escovar os dentes e a língua e enxaguar 
a boca.
Tais di� culdades podem comprometer a capacidade do indivíduo ao realizar suas 
atividades cotidianas de forma autônoma e independente. Algumas perdas de funções podem ser 
permanentes, no entanto, outras podem ser recuperáveis por meio da realização de estímulos que 
reconectam os circuitos neuronais que foram lesados.
A neurologia exige a compreensão de uma diversidade de conhecimentos que envolvem 
a condição humana ao longo da vida, em suas diversas fases e em seus diversos contextos. Assim, 
é necessário conhecer sobre o desenvolvimento humano, as doenças relacionadas ao sistema 
nervoso e os comportamentos e aspectos sociais (UMPHRED; CARLSON, 2007).
As doenças ou lesões neurológicas podem acontecer durante a gestação, no momento 
do nascimento ou ao longo da vida, por motivos diversos ou mesmo por causas inespecí� cas e o 
nível do comprometimento ocasionado pela lesão vai indicar as alternativas de intervenção para 
evolução do paciente (UMPHRED; CARLSON, 2007).
É essencial para a formação do terapeuta ocupacional conhecer sobre doenças e lesões 
neurológicas, bem como seus sinais, sintomas, manifestações e evolução, pois, a partir desse 
conhecimento, o terapeuta ocupacional pode compreender melhor as demandas do paciente, bem 
como suas possibilidades e potencialidades, além de fornecer ferramentas para que o pro� ssional 
desenvolva o seu processo de intervenção.
Para melhor compreensão sobre a atuação do terapeuta ocupacional, 
sugerimos que você assista ao vídeo Qual é a importância da Terapia 
Ocupacional para complementar os conhecimentos referentes à 
temática. Ele se encontra disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=n0eFbuQXy1s>. Acesso em: 13 out. 2020.
Nesse vídeo, o terapeuta ocupacional fala sobre a sua atuação junto a pacientes de 
uma enfermaria hospitalar, apontando tanto para alguns recursos utilizados para 
restabelecer funções na realização de movimentos e de atividades de vida diária, 
como para estratégias utilizadas para trabalhar aspectos psicossociais, como a 
ansiedade e o suporte emocional no processo de internação hospitalar. O vídeo 
deixa clara a importância de o terapeuta ocupacional fi car atento às necessidades 
do paciente para que a intervenção se volte para estas demandas específi cas.
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
2. ASPECTOS CLÍNICOS DAS PRINCIPAIS PATOLOGIAS 
NEUROLÓGICAS PRESENTES NA PRÁTICA CLÍNICA DO TERAPEUTA 
OCUPACIONAL
Existem diversas doenças que afetam o sistema nervoso e que comprometem funções 
importantes para a execução de atividades do cotidiano. Nesta oportunidade, iremos abordar 
as principais doenças neurológicas mais frequentes na prática clínica do terapeuta ocupacional, 
suas características, sinais, sintomas, manifestações e possíveis comprometimentos em geral e na 
realização de atividades do cotidiano.
2.1 Acidente Vascular Cerebral (AVC)
 O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é causado por um distúrbio vascular, quando há o 
“[...] entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro provocando a paralisia 
da área cerebral que � cou sem circulação sanguínea adequada” (BRASIL, 2006). O AVC pode 
ser do tipo isquêmico, quando acontece o entupimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, 
comprometendo o � uxo sanguíneo, ou do tipo hemorrágico, quando o rompimento do vaso 
provoca o sangramento dentro do cérebro.
O AVC pode acontecer devido à trombose, embolia, aneurisma, hipertensão arterial, 
tumores ou traumas. Além disso, existem diversos fatores de risco para a ocorrência de um 
AVC, dentre eles, a idade, a genética, hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardíacas, 
enxaquecas, a ingestão de bebidas alcoólicas, sedentarismo, tabagismo, obesidade, dentre outros 
(FARIA, 2007; BRASIL, 2006).
 Como consequência, a lesão cerebral causada pelo AVC pode ser fatal, ou, em alguns 
casos, pode prejudicar o funcionamento dos sistemas motor, cognitivo, sensorial, da linguagem e 
percepção visual (FARIA, 2007).
 O AVC é mais comum em pessoas com idade acima de 65 anos, com histórico de fatores 
de risco e pode acontecer de forma súbita ou a pessoa pode até acordar apresentando alguns 
sintomas (FARIA, 2007).
 Dentre os sintomas que indicam a ocorrência de um AVC, se tem a alteração de movimento 
ou sensibilidade de uma parte do corpo, di� culdade para falar ou entender, dor de cabeça intensa 
e súbita, alteração da visão ou di� culdade para enxergar, tontura, alteração no equilíbrio, náuseas, 
vômito, di� culdade para engolir e desmaio (ASSOCIAÇÃO BRASIL AVC, 2020).
O nível de lesão cerebral após o AVC vai depender da localização onde ocorreu o 
rompimento vascular e da extensão da lesão. É possível que, após um AVC, o paciente tenha 
um certo grau de retorno motor e funcional; por outro lado, algumas pessoas podem apresentar 
sequelas crônicas de AVC, como incoordenação de um ou mais membros, fraqueza ou perda de 
controle motor de um lado do corpo (hemiplegia), que é a manifestação mais comum do AVC, 
alteração da sensibilidade, comprometimento da fala (afasia), di� culdade de deglutição, dé� cit 
cognitivo (na memória, atenção, concentração, raciocínio), dé� cit sensorial, perda de visão, 
di� culdade para se expressar ou compreender a linguagem, distúrbio de equilíbrio ou no sistema 
vestibular e paralisia facial (ALMEIDA, 2012; FARIA, 2007; BRASIL, 2006; WOODSON, 2005).
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EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
As consequências do AVC podem interferir diretamente na realização das atividades de 
vida diária de forma independente, dentre elas, as di� culdades de aprender, de fazer cálculos, de 
resolver problemas do cotidiano, de se comunicar por meio da linguagem falada e escrita, além 
de di� culdades na mobilidade em relação ao andar ou sentar, na realização de atividades de 
autocuidado, como tomar banho, se vestir, se despir, pentear o cabelo, escovar os dentes, lavar as 
mãos, dentre outros, além da di� culdade ao interagir com outras pessoas e em diferentes espaços 
sociais.
O primeiro mês após o AVC é o período de maior recuperação das funções perdidas, sendo 
os seis primeiros meses essenciais para recuperação funcional (FARIA, 2007). Assim, quanto mais 
rápido for o atendimento médico, a probabilidade de sequelas e do nível de comprometimento 
delas pode ser menor. Além disso, em pessoas mais jovens, as consequências também podem ser 
reduzidas.
2.2 Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)
 A Esclerose Lateral Amiotró� ca (ELA) é uma doença neurodegenerativa de causa 
desconhecida, que afeta o controle muscular devido a lesõesno neurônio motor superior e 
inferior, que são responsáveis por controlar as atividades dos músculos esqueléticos (BERTAZZI 
et al., 2017).
 Os neurônios motores superiores � cam localizados no córtex cerebral e no tronco 
encefálico e quando lesionados causam espasticidade (aumento de re� exo no músculo com 
perda de controle do movimento), hiperre� exia (aumento de re� exos) e fraqueza muscular 
(perda de força muscular), perda de coordenação motora � na e perda de controle sobre o choro 
e sobre o riso, por exemplo. Já os neurônios motores inferiores são aqueles que fazem contato 
direto com os músculos esqueléticos e, quando lesionados, podem apresentar atro� a muscular 
(enfraquecimento do músculo), fasciculação (espasmo muscular involuntário), câimbras 
(contração muscular involuntária) e arre� exia (ausência de re� exo muscular) (BERTAZZI et al., 
2017; FARIA, 2007).
 Os principais sintomas apresentados pelo paciente com ELA são: fraqueza muscular, que 
pode causar quedas; atro� a muscular, que começa inicialmente nas mãos e causa a di� culdade 
no alcance e na preensão de objetos; dor, que pode ser devido à rigidez ou ao espasmo muscular, 
ou pela restrição do movimento; disfagia, que é a di� culdade de deglutição, que pode causar 
desnutrição ou desidratação; disartria, que é a di� culdade de articular e pronunciar as palavras; 
fadiga, devido à di� culdade de dormir pela ansiedade e/ou depressão; e dispneia, que é a falta de 
ar devido à fraqueza muscular ou à ansiedade (FARIA, 2007). 
A doença começa a se manifestar de forma gradual e inicialmente leve e, muitas vezes, 
acaba passando desapercebida. No entanto, quando os sintomas da doença começam a di� cultar 
a realização de alguma atividade funcional mais evidente, a pessoa procura por ajuda médica 
(FARIA, 2007). 
 Estudos apontam que a ELA é mais comum entre homens do que entre mulheres e a 
expectativa de vida, após o diagnóstico da doença, é de 4 anos. A ELA é uma doença fatal e é 
comum que a causa do óbito do paciente se dê quando os músculos auxiliares da respiração são 
afetados, evoluindo para uma insu� ciência respiratória (BERTAZZI et al., 2017; FARIA, 2007).
 A doença afeta os neurônios motores e suas funções no corpo; por outro lado, 
normalmente, permanecem preservados os órgãos dos sentidos (visão, audição, paladar e olfato), 
as capacidades cognitivas (memória, atenção, concentração e raciocínio), a personalidade, a 
inteligência e o controle intestinal e vesical (FARIA, 2007; STROMBERG; WEISS, 2006). 
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Um conhecido caso de pessoa com ELA é o do famoso cientista Stephen Hawking, que 
foi diagnosticado aos 20 anos de idade e acreditava-se que ele não viveria por mais de 3 anos. 
No entanto, Stephen desa� ou a doença e, mesmo apresentando perda de funções gradativas, 
viveu até os 76 anos de idade com sua capacidade intelectual preservada. Aos 30 anos de idade, 
ele passou a utilizar a cadeira de rodas e aos poucos foi perdendo outras funções, restando o 
movimento de um dedo e dos olhos, que permitiu a comunicação por meio de um sintetizador 
de voz eletrônico que identi� cava o movimento dos olhos e formava as palavras ou executava 
movimentos com a cadeira de rodas. Stephen nunca parou de pesquisar e de explorar suas 
descobertas e é reconhecido mundialmente por abordar temas sobre a natureza da gravidade, a 
origem do universo e sobre a lógica do buraco negro. 
2.3 Doença de Parkinson
 A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa progressiva e crônica, que 
acontece devido à diminuição da produção de dopamina, um neurotransmissor que ajuda na 
realização de movimentos voluntários do corpo de forma automática (BRASIL, 2015). 
À medida que envelhecem, os indivíduos saudáveis apresentam perda de células nervosas 
que produzem dopamina, no entanto, alguns apresentam perda dessas células de forma muito 
acelerada, sem motivo conhecido, o que pode causar a doença de Parkinson, que ainda não tem 
cura. A doença de Parkinson é comum entre idosos e a evolução da doença, geralmente, é lenta e 
sem mudanças drásticas (BRASIL, 2015). 
 Assim, são características da doença de Parkinson a presença de tremor, que pode aumentar 
quando há ansiedade, fadiga, situação estressante e problemas com o sono; bradicinesia, que é 
quando o indivíduo realiza movimentos de forma lenta; rigidez muscular; instabilidade postural; 
desequilíbrio; perda de expressão facial; sialorreia, que é a salivação excessiva; microgra� a – 
devido à di� culdade de movimentar os dedos e mãos pela rigidez muscular, a escrita do paciente 
apresenta letras e espaços menores; dé� cits cognitivos; di� culdade de deglutição, dentre outros 
(PINHEIRO; BARBOSA, 2016; FARIA, 2007).
As manifestações da doença de Parkinson podem ser percebidas quando o idoso demora 
mais tempo para realizar atividades do dia a dia, como realizar refeições, tomar banho e se vestir 
(PINHEIRO; BARBOSA, 2016).
Como consequências, o idoso pode perder o interesse de realizar atividades que 
costumava fazer, se isolar do convívio com outras pessoas ou de lugares que frequentava e pode 
passar a depender de outros para realizar as atividades de vida diária. Além disso, pode haver 
dé� cit cognitivo (di� culdade de concentração, de atenção, de memória, de raciocínio, de cálculo, 
dentre outros), além de di� culdade na realização de atividades que requerem orientação espacial 
(FILIPPIN et al., 2014).
A pessoa com doença de Parkinson pode, ainda, apresentar comprometimentos sociais e 
de comunicação, como a incapacidade de interagir com pessoas que fazem parte do seu convívio 
social, a voz pode � car mais suave e monótona, pode haver redução nas expressões faciais e 
na gesticulação manual, além da perda de interesse por atividades de lazer que antes eram 
satisfatórias (FORWELL; COOPERMAN; HUGOS, 2013).
É importante ressaltar que, à medida que o paciente com doença de Parkinson envelhece, 
aumenta-se o risco de quedas, que pode ser agravado devido aos comprometimentos trazidos 
pela doença, que é degenerativa progressiva.
Por se tratar de uma doença que não tem cura e que é degenerativa, o tratamento envolve 
o retardo da piora do quadro e a manutenção para que o indivíduo consiga viver de forma mais 
independente e autônoma possível.
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2.4 Traumatismo Cranioencefálico (TCE)
 O Traumatismo cranioencefálico (TCE) é uma lesão cerebral causada por força física 
externa e que pode causar alterações ou diminuição no nível de consciência, causando prejuízo 
nas funções cognitivas, físicas, emocionais ou comportamentais (RAMDOSKI, 2005). “O TCE é 
normalmente provocado por uma carga dinâmica ou impacto na cabeça, fruto de pancada local 
ou proveniente de movimentos repentinos produzidos por pancada em outras porções do corpo” 
(RAMDOSKI, 2005, p. 857).
As principais causas de TCE são: acidentes de trânsito (envolvendo carro, moto ou 
bicicleta), atropelamento, agressões físicas, ferimentos por arma de fogo, atividades esportivas 
ou quedas, que são comuns entre idosos e crianças (WILBERGER; MAO, 2017; SANTOS et al., 
2013).
Como fatores de risco para o TCE, tem-se o consumo de bebidas alcoólicas e outras 
drogas, o uso de celular no trânsito, que causa distração, a falta de uso de capacete ao dirigir 
motocicleta ou andar de bicicleta, acidentes de quedas com idosos ou crianças, dentre outros.
O TCE pode ser fatal ou pode causar de� ciências ou comprometimentos que afetam o 
desempenho na realização das atividades cotidianas e, também, a qualidade de vida. Os danos 
causados pelo TCE dependem do nível e da extensão da lesão, no entanto, os principais dé� cits 
observados podem estar relacionados aos aspectos físicos, cognitivos e comportamentais (FARIA, 
2007).
Em relaçãoaos aspectos físicos, pode-se apresentar paralisia dos membros superiores e/
ou inferiores, espasticidade (aumento do tônus muscular), ataxia (di� culdade na coordenação 
de movimentos), distúrbios sensoriais (tato – di� culdade ou perda da capacidade de percepção 
da dor, temperatura ou texturas; audição; olfato; paladar e visão), disartria (di� culdade na 
articulação da fala devido à fraqueza muscular) e apraxia (di� culdade de realizar movimentos de 
forma voluntária) (McWILLIAMS apud FARIA, 2007).
Já em relação aos dé� cits cognitivos, o paciente pode apresentar di� culdade na 
atenção, concentração, na aprendizagem, na identi� cação de esquema corporal e espacial e 
no reconhecimento de objetos e pessoas. Ainda pode apresentar problemas relacionados ao 
comportamento, devido à labilidade emocional, desorientação, agressão física ou verbal, agitação, 
irritabilidade e impulsividade (McWILLIAMS apud FARIA, 2007).
Tais manifestações da doença afetam diretamente a realização de atividades do cotidiano 
de forma independente e autônoma, podendo ser relacionadas ao autocuidado, trabalho, lazer, 
comunicação e interação social. 
Para compreender melhor sobre o TCE e sobre a atuação do 
terapeuta ocupacional junto a estes casos, sugere-se a leitura de 
um artigo que apresenta um estudo de caso de uma senhora de 
70 anos de idade que sofreu um TCE e que foi encaminhada para 
a equipe de Terapia Ocupacional. 
OLIVEIRA, V. M.; SILVA E DIAS, M. C. Recuperação da 
automanutenção de paciente com traumatismo cranioencefálico: um estudo de 
caso. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, São Carlos, v. 21, n. 2, p. 405-
412, 2013. Disponível em: <http://www.cadernosdeterapiaocupacional.ufscar.br/
index.php/cadernos/article/view/827/457>.
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2.5 Esclerose Múltipla (EM)
 A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica, de estabelecimento 
gradual e que se caracteriza pelo ataque das células de defesa do organismo à bainha de 
mielina (desmielinização), que reveste e protege os neurônios do sistema nervoso central. 
Como consequência, tem-se a redução ou interrupção dos impulsos nervosos, prejudicando a 
comunicação entre o sistema nervoso central e o resto do corpo, ocasionando danos neurológicos 
(THOMAZ; SOARES NETO, 2020).
A desmielinização pode acontecer em qualquer parte do sistema nervoso central e 
é o que vai de� nir os sinais, sintomas e manifestações da doença. No entanto, as áreas mais 
frequentemente afetadas são o cérebro, o tronco cerebral, nervos ópticos e medula espinhal 
(THOMAZ; SOARES NETO, 2020).
Alguns dos sintomas característicos da doença podem ser: “[...] alterações na visão, na 
sensibilidade do corpo, no equilíbrio, no controle es� ncteriano e na força muscular dos membros 
com consequentemente redução da mobilidade ou locomoção” (THOMAZ; SOARES NETO, 
2020). 
 Outros sintomas mais comuns da EM são: fadiga (cansaço intenso), alterações 
fonoaudiológicas (fala lenta, arrastada ou trêmula e di� culdade para engolir alimentos), 
transtornos visuais (visão embaçada ou dupla), problemas de equilíbrio e de coordenação 
(instabilidade ao caminhar, tremor e falta de coordenação), espasticidade (rigidez muscular, 
normalmente nos membros inferiores), transtornos cognitivos (problemas na memória e na 
execução de tarefas, demora para memorizar tarefas e di� culdade em executá-las), transtornos 
emocionais (depressão, ansiedade, irritação) e problemas em relação à sexualidade (disfunção 
erétil e diminuição da lubri� cação vaginal) (ABEM, 2016).
A doença se manifesta por meio de surtos que podem durar dias ou semanas. Nesses 
períodos, os sintomas aparecem de forma mais acentuada (ABEM, 2016).
A EM é mais comum em mulheres com idade entre 20 e 40 anos (ABEM, 2016), ou seja, 
são pessoas que estão em fases de muita atividade, estão trabalhando, estudando, construindo 
uma carreira, formando uma família e, provavelmente, vivem com rotinas cheias de atividades 
diversas. Os sintomas da doença podem comprometer a produtividade no trabalho ou a realização 
dessas atividades e o aprendizado e a realização de atividades domiciliares.
Imagine uma pessoa com EM que realize uma viagem para um lugar com praias e dunas 
que � cam distantes da cidade e, para acessá-las, é necessário realizar uma caminhada em chão de 
areia com subidas e descidas, ou uma pessoa com EM que trabalhe como mecânico de automóveis, 
o que exige que a pessoa � que de pé por longos períodos, caminhando para pegar ferramentas ou 
de pé, parado, para consertar um motor. Muito provavelmente, essas pessoas terão di� culdades 
para realizar essas atividades devido aos sintomas da doença.
Assim como em outras doenças neurológicas, ainda que a EM não tenha cura, o 
tratamento precoce pode ajudar as pessoas a viverem de forma mais independente e autônoma 
possível, melhorando a qualidade de vida. 
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Existem diversas associações e grupos de apoio que se dedicam a fornecer 
informações, orientações e serviços a pessoas com doenças neurológicas, seus 
acompanhantes e a profi ssionais que atuam junto a esse público em diversos 
estados do Brasil. É importante que o terapeuta ocupacional conheça essas 
associações para saber mais sobre as patologias neurológicas, tratamentos, 
relatos de pacientes e familiares, dentre outros, inclusive para manter-se atualizado 
sobre os avanços nas pesquisas e sobre novas descobertas das patologias. Alguns 
links importantes para saber mais sobre as patologias apresentadas podem ser 
consultados:
• Associação Brasileira de Esclerose Lateral Amiotrófi ca: <https://
www.abrela.org.br/>.
• Associação Brasil AVC: <https://abavc.org.br/>.
• Associação Brasil Parkinson: <https://www.parkinson.org.br/>.
• Associação Brasileira de Traumatismo Cranioencefálico: <https://
www.abtce.com.br/>.
Para conhecer mais sobre doenças neurodegenerativas e sobre a 
atuação do terapeuta ocupacional junto a estes casos, acessar, na 
biblioteca virtual da Uningá, o livro intitulado Terapia Ocupacional 
para disfunção física, o capítulo “Doenças neurodegenerativas”. 
Link para acesso: http://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/
books/978-85-412-0402-6/cfi /6/8!/4/2/4@0:28.9.
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• Associação Brasileira de Esclerose Múltipla: <http://abem.org.
br/>.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente unidade apresentou a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e 
as ações realizadas no cotidiano por um indivíduo, além de apresentar as principais patologias 
neurológicas presentes na prática clínica do terapeuta ocupacional, seus sinais, sintomas, 
manifestações, evolução e principais comprometimentos na realização de atividades do cotidiano.
Vimos que essas doenças e lesões neurológicas podem trazer comprometimentos que 
afetam diretamente o desempenho ocupacional do indivíduo, especialmente no que se refere à 
realização das atividades de vida diária, à realização das atividades instrumentais da vida diária, 
o exercício de um ofício, a participação social do indivíduo nos mais diversos contextos e a 
interação social. 
Além disso, pode-se compreender que a Terapia Ocupacional é uma pro� ssão que tem 
como um dos principais focos a viabilização ou ampliação da realização das atividades de vida 
diária, atividades instrumentais da vida diária e atividades de trabalho e de estudo, de lazer e de 
interação social daqueles que apresentam di� culdades no seu desempenho ocupacional.
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UNIDADE
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................171. PROCESSO DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA: AVALIAÇÕES E 
INSTRUMENTOS .......................................................................................................................................................18
1.1 MEDIDA CANADENSE DE DESEMPENHO OCUPACIONAL – COPM ............................................................... 20
1.2 MEDIDA DE INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (MIF) ...........................................................................................21
1.3 ÍNDICE DE BARTHEL .......................................................................................................................................... 22
2. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO AO PACIENTE NEUROLÓGICO ..... 23
2.1 ESTIMULAÇÃO MOTORA .................................................................................................................................. 24
2.2 ESTIMULAÇÃO COGNITIVA E SENSORIAL ...................................................................................................... 25
2.3 ADAPTAÇÕES E ORIENTAÇÕES PARA MOBILIÁRIO E PARA A REALIZAÇÃO DE ATIVIDADES DA VIDA 
DIÁRIA ....................................................................................................................................................................... 27
2.4 INDICAÇÕES DE DISPOSITIVOS PARA MOBILIDADE .................................................................................... 28
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................31
TERAPIA OCUPACIONAL EM NEUROLOGIA: 
AVALIAÇÕES E ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO
PROF.A DRA. SARAH RAQUEL ALMEIDA LINS
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
NEUROLOGIA E SAÚDE MENTAL PARA A TERAPIA 
OCUPACIONAL
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INTRODUÇÃO
Como vimos na unidade anterior, os comprometimentos decorrentes das doenças e 
lesões neurológicas variam conforme a localização, o nível e a extensão da lesão.
Para identi� car suas reais necessidades e organizar os objetivos de curto, médio e longo 
prazo, devem-se realizar avaliações que identi� quem o nível de comprometimento do paciente 
em relação aos mais variados aspectos (físico, sensorial, cognitivo e social), quais ações foram 
prejudicadas, considerando os interesses e expectativas do paciente em relação à intervenção, as 
prioridades, bem como os recursos do paciente para que se pense em alternativas para indicações 
de adaptações e recursos auxiliares necessários.
Sendo assim, nesta unidade, falaremos sobre a atuação do terapeuta ocupacional junto ao 
paciente com comprometimento neurológico. Conheceremos sobre o processo de intervenção 
em Terapia Ocupacional, de acordo com a Associação Americana de Terapia Ocupacional – 
AOTA, as avaliações utilizadas para coleta de informações sobre o caso do paciente e, também, 
algumas das estratégias de intervenção utilizadas pelo terapeuta ocupacional para ampliação da 
autonomia e da independência, focos da Terapia Ocupacional.
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1. PROCESSO DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL EM 
NEUROLOGIA: AVALIAÇÕES E INSTRUMENTOS
Antes de falar sobre a atuação do terapeuta ocupacional junto ao paciente com lesão ou 
doença neurológica, é importante conhecer sobre alguns conceitos que permeiam os objetivos 
do processo de intervenção. 
Conforme já abordado na unidade anterior, você pode perceber que a atuação do 
terapeuta ocupacional se volta para ações (ocupações) realizadas pelo indivíduo no seu dia a dia, 
que acontecem de diversas maneiras e em diversos contextos. A maneira como os indivíduos 
realizam estas atividades de� ne o seu desempenho ocupacional que, de acordo com Fasoli (2013), 
é “[...] a habilidade dos indivíduos de realizar satisfatoriamente atividades diárias signi� cativas 
(ocupações). Isso envolve a interação dinâmica entre o paciente, o contexto e a atividade” 
(FASOLI, 2013, p. 66).
A Associação Americana de Terapia Ocupacional - AOTA (2015) apresenta uma 
sistematização do processo de intervenção da Terapia Ocupacional na prestação de serviços, que 
enfatiza o desempenho ocupacional, foco da intervenção do terapeuta ocupacional, e o apoio à 
saúde e à participação do cliente, por meio da análise de atividades e ocupações e em colaboração 
com os clientes. Nesse sentido, o processo de intervenção inclui três etapas: avaliação, intervenção 
e resultados-alvo.
Figura 1 – Processo de intervenção da Terapia Ocupacional. Fonte: Adaptado de AOTA (2015).
De acordo com a AOTA (2015), na etapa de avaliação, conhecer o per� l ocupacional do 
cliente é o primeiro passo do processo de avaliação. Nessa etapa, deve-se compreender a história 
ocupacional e a experiência do cliente, seus interesses e demandas. Também deve-se atentar 
para o modo como o paciente compreende suas necessidades cotidianas, incluindo a realização 
das atividades de vida diária, das atividades relacionadas ao trabalho e/ou à escola/faculdade, as 
barreiras presentes no processo e o que ele considera como melhorias mais importantes. 
Além disso, é comum que a análise de desempenho ocupacional do paciente seja realizada 
no próprio contexto para identi� cação de suas barreiras e habilidades, ou seja, deve-se identi� car 
de que forma o paciente realiza determinados movimentos, funções ou ações do cotidiano, se ele 
consegue realizá-los, se há di� culdade, qual o nível de di� culdade e quais os obstáculos presentes. 
Em continuidade, na etapa de intervenção, deve-se elaborar o plano de intervenção 
em conjunto com o paciente. Os objetivos são estabelecidos e direcionam as intervenções do 
terapeuta ocupacional. É importante que os resultados obtidos sejam registrados para � ns de 
revisão da proposta de intervenção e veri� cação do progresso e dos resultados (AOTA, 2015).
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Por � m, na última etapa do processo de terapia ocupacional, na prestação de serviço, 
tem-se os resultados, que indicam se os objetivos foram atingidos e/ou se as estratégias utilizadas 
no processo de intervenção foram e� cazes. A depender desses resultados, os objetivos e/ou 
as estratégias são avaliados, renovados, ou são planejados novos objetivos para avançar no 
tratamento (AOTA, 2015).
Para iniciar o tratamento terapêutico ocupacional de um paciente, é importante realizar 
avaliações adequadas para identi� car os problemas que precisam ser tratados, seja no início do 
tratamento, durante ou ao � nal do tratamento para dar alta.
O objetivo da avaliação é conhecer o paciente, sua história de vida, entender sua lesão, 
suas queixas, demandas, interesses e expectativas, para que os objetivos da intervenção sejam 
estabelecidos e monitorados e para que as estratégias que serão utilizadas para atingir estes 
objetivos sejam de� nidas, acompanhadas, para veri� car a e� cácia e para melhorar ou mudar as 
estratégias, caso não estejam atingindo os objetivos.
A avaliação, sempre que possível, deve enfocar a observação da performance nas 
atividades cotidianas relevantes para o cliente, objetivando a identi� cação de 
componentes que provavelmente estão interferindo no desempenho (FARIA, 
2007, p. 187).
Ou seja, a avaliação deve considerar quais funções foram perdidas ou � caram limitadas 
e de que forma elas afetam a independência e autonomia do paciente na realização de suas 
atividades cotidianas. 
Lembrando que estas perdas/limitações podem acontecer em relação aos movimentos de 
membros que podem interferir na execução de atividades do cotidiano (vestir, comer, pentear o 
cabelo, ou seja, motoras/funcionais), ou mesmo no processamentomental das etapas de execução 
de determinadas ações (cognitivas/executivas).
Dentre os tipos de avaliações e procedimentos de coleta de dados, tem-se a entrevista, a 
história de vida, a observação direta e o estudo de caso. O terapeuta ocupacional pode utilizar 
um ou mais desses recursos para avaliar um paciente no início, durante e/ou após a intervenção, 
a depender da necessidade.
O Quadro 1 apresenta a descrição de cada uma dessas técnicas de coleta de dados.
Tipos de coleta de dados Descrição
História de vida É realizada por meio da fala livre, no entanto, neste caso, o indivíduo 
relata fatos e acontecimentos que � zeram parte de sua experiência de 
vida pessoal, incluindo sentimentos, situações e percepção sobre tais as-
pectos.
Observação É realizada por meio da análise de especi� cidades, que podem ser 
habilidades e a forma como elas são realizadas, e, ainda, dentro de 
contextos e situações especí� cas. A observação pode ser livre ou 
orientada por um roteiro, caso o terapeuta deseje obter informações 
sobre questões especí� cas.
Entrevista É realizada por meio da fala livre do entrevistado e da escuta ativa do 
entrevistador e pode ser guiada por um roteiro com os pontos relevantes 
sobre uma temática central para a coleta de informações sobre questões 
da vida, história das ações, concepções e ideias.
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Estudo de caso É uma análise mais profunda que envolve a utilização de diversas fontes 
de coleta, inclusive as citadas acima, e também outros instrumentos de 
avaliação, bem como a análise dos contextos em que o indivíduo vive, 
como ele se relaciona, informações sobre a comunidade em que ele 
mora, dentre outros.
Quadro 1 – Tipos de procedimentos para coleta de dados. Fonte: Adaptado de Rocha e Brunello (2007).
Existem diversos instrumentos de avaliação disponíveis para utilização do terapeuta 
ocupacional em seu processo de intervenção. A escolha do instrumento para aplicação deve ser 
realizada conforme a necessidade de sua aplicação, que deve considerar o per� l do paciente, os 
objetivos e a forma de trabalho do serviço da rede. 
Também é importante que o terapeuta busque conhecer detalhadamente sobre o 
instrumento, sua aplicação e mensuração, inclusive realizando cursos para aprender sobre a 
utilização correta do instrumento, além de entrar em contato com outros pro� ssionais da área 
para obter informações tanto sobre o uso do instrumento, como sobre a experiência com a sua 
aplicação. Tais atitudes agregam à formação do terapeuta ocupacional.
A seguir, serão apresentados alguns dos principais instrumentos de avaliação/reavaliação 
de desempenho ocupacional, utilizados por terapeutas ocupacionais com foco na realização das 
AVD, AIVD, trabalho e lazer.
1.1 Medida Canadense de Desempenho Ocupacional – COPM
A Medida Canadense de Desempenho Ocupacional (COPM) é um instrumento elaborado 
para que terapeutas ocupacionais identi� quem o desempenho ocupacional de um indivíduo em 
três áreas especí� cas: autocuidado, produtividade e lazer. A aplicação do instrumento pode ser 
realizada com o paciente ou com seus familiares ou responsáveis e é realizada em dois passos. 
No primeiro passo, o terapeuta pede ao paciente que pense em um dia comum e indique quais 
atividades do dia a dia ele quer realizar, ou que ele necessita realizar, ou que se espera que ele 
realize e, depois, o paciente precisa indicar quais dessas atividades são difíceis de realizar de forma 
satisfatória. Já no segundo passo, o paciente classi� ca em uma escala de 0 a 10 a importância de 
cada uma dessas atividades para ele (LAW et al., 2009).
Tipos de coleta de dados Descrição
O estudo de caso é frequentemente utilizado em reuniões de equipe 
multiprofi ssional, geralmente composta por profi ssionais que atendem o mesmo 
paciente (terapeuta ocupacional, fi sioterapeuta, médico, enfermeiro, psicólogo, 
assistente social etc.). Nessas reuniões, cada profi ssional apresenta suas 
avaliações sobre o paciente, suas intervenções, seus avanços e perspectivas 
sobre o caso, e sua opinião sobre os próximos passos a serem tomados. O 
objetivo é alinhar as propostas de intervenção de cada campo específi co em prol 
da evolução do paciente. Trata-se de um momento muito importante, inclusive 
para que os profi ssionais conheçam outros aspectos do paciente e quais 
habilidades e capacidades foram desenvolvidas ou pretendem desenvolver.
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O instrumento pode ser utilizado tanto para uma avaliação inicial, para identi� car 
aspectos do desempenho ocupacional que precisam ser trabalhados, como em uma reavaliação, 
para veri� car avanços e a possibilidade de alta. Assim, em uma terceira etapa, o paciente precisa 
indicar os cinco problemas mais importantes, bem como o seu desempenho na realização dessas 
atividades e a sua satisfação (LAW et al., 2009). 
Um exemplo de problema que pode ser identi� cado por meio da aplicação do instrumento, 
na categoria de autocuidado, é o ‘levar o alimento até a boca’. Em seguida, em uma escala de 0 a 
10, o paciente ou seu cuidador/responsável indica a importância da realização dessa atividade, 
depois classi� ca o seu desempenho para sua realização e, por � m, classi� ca a sua satisfação ao 
realizá-la.
O terapeuta ocupacional pode pensar seu processo de intervenção e trabalhar a partir dos 
problemas identi� cados nessa avaliação, ou utilizar essa avaliação como uma das fontes de coleta 
de informações para compor sua análise sobre o caso do paciente e para de� nir seus objetivos e 
estratégias de intervenção.
1.2 Medida de Independência Funcional (MIF)
A Medida de Independência Funcional é um instrumento elaborado para aplicação 
em pacientes adultos e tem o intuito de medir a severidade da incapacidade na realização de 
atividades que envolvem cuidados pessoais, mobilidade e comunicação (MELLO; MANCINI, 
2007).
O instrumento visa descrever os níveis de dependência/independência funcional e a 
utilização de ajuda de pessoas ou de equipamentos na realização de determinadas atividades. Os 
níveis podem ser classi� cados em: a) sem ajuda, que inclui as categorias: independência completa 
e independência modi� cada; e b) com ajuda, que inclui as categorias: supervisão, ajuda mínima, 
ajuda moderada, ajuda máxima e ajuda total (MELLO; MANCINI, 2007).
O Quadro 2 apresenta os itens avaliados pelo instrumento.
Atividades motoras e cognitivas Descrição
Autocuidado Alimentação, higiene pessoal, banho, vestir metade superior, 
vestir metade inferior, utilização do vaso sanitário.
Controle de esfíncteres Controle da urina, controle das fezes.
Mobilidade e transferências Leito, cadeira, cadeira de rodas, vaso sanitário, banheira, chu-
veiro.
Locomoção Marcha/cadeira de rodas, escadas.
Comunicação Compreensão, expressão.
Cognição social Interação social, resolução de problemas e memória.
Quadro 2 – Itens avaliados pela Medida de Independência Funcional (MIF). Fonte: Adaptado de Mello e Mancini 
(2007).
A aplicação do MIF pode ser realizada com o paciente ou com algum familiar ou cuidador 
e pode acontecer de forma presencial ou por outros meios de comunicação não presenciais 
(MELLO; MANCINI, 2007). Além disso, assim como com outros instrumentos, é importante que 
o terapeuta ocupacional se aproprie de sua utilização para conhecimento e e� cácia na obtenção 
de respostas e de resultados. Você pode encontrar facilmente artigos cientí� cos publicados em 
periódicos da área de Terapia Ocupacional que abordam sobre a utilização do MIF com os 
mais variados tipos de casos. Trata-se de uma busca que deve contribuir para ampliação do seu 
conhecimento e para a segurança na sua utilização.
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1.3 Índice de Barthel
O índice de Barthel é um instrumento para avaliação do nível de independência 
funcional para a realização de atividades de vida diária: alimentação, banho, vestuário, higiene 
pessoal, dejeções, micção, uso do vaso sanitário, passagem cadeira-cama, deambulação e escadas. 
A classi� cação utilizada no instrumento para o desempenho ocupacional na realização dessas 
atividades pode ser: independente, com ajuda e dependente (MINOSSO et al., 2010).
No Quadro 3, são apresentados os itens que compõem o instrumento e a que se refere 
cada um deles.
Itens que compõem o instrumento Descrição
Alimentação Levar alimentos à boca, utilizar talher e comer em um período de tempo 
adequado.
Banho Usar chuveiro ou banheira, conseguir esfregar-se durante o banho.
Vestuário Pegar roupas (íntimas, blusas, calças, vestidos, cinto etc.) em armário e ves-
tir-se com elas.
Higiene pessoal Lavar as mãos, o rosto, escovar os dentes, usar o barbeador.
Eliminações intestinais Controle voluntário da eliminação de fezes.
Eliminações vesicais Continência voluntária de urina ou controle do uso de sonda vesical.
Uso do vaso sanitário Capacidade de usar o vaso sanitário e de limpar-se.
Passagem cadeira-cama Capacidade de deslocar-se da cama para a cadeira e vice-versa.
Deambulação Caminhar sem ajuda física ou supervisão por até 50 metros, podendo fazer 
uso de dispositivos auxiliares, como muleta, andador, bengala ou prótese.
Escadas Subir ou descer escadas sem ajuda física ou supervisão, podendo fazer uso 
de dispositivos auxiliares, como muleta, bengala ou barra de apoio.
Quadro 3 – Itens que compõem o Índice de Barthel. Fonte: Adaptado de Minosso et al. (2010).
O instrumento pode ser aplicado com o paciente ou com um familiar ou responsável e 
deve considerar, preferencialmente, as atividades realizadas pelo paciente nas últimas 48 horas.
Há uma versão traduzida e adaptada do documento Orientação 
funcional para utilização do MIF. O documento apresenta o que 
signifi ca cada um dos itens que compõem o instrumento de 
avaliação e como o avaliador deve classifi cá-los. Para aprender 
mais sobre a utilização do MIF, acesse o link: <https://aprender.
ead.unb.br/pluginfile.php/146659/mod_resource/content/1/
Manual%20MIF2.pdf>. 
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2. ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL JUNTO 
AO PACIENTE NEUROLÓGICO
Quando pensamos na atuação do terapeuta ocupacional, devemos considerar o que o 
paciente tem de função preservada e qual o prognóstico dele, para se pensar em uma atuação 
que invista na realização de ações do cotidiano o mais autônomas e independentes possível, seja 
por meio da ampliação do que está preservado, seja na realização de adaptações necessárias, ou 
indicação de recursos auxiliares ou substitutivos. O foco do terapeuta ocupacional é maximizar 
a autonomia e independência tanto na realização das AVD e AIVD, como, também, na inclusão 
nos espaços sociais de vivência.
Os cuidados da terapia ocupacional têm por objetivo, engajar esses pacientes 
em atividades que são signi� cativas e importantes para eles, com a � nalidade 
de retorno à independência, à autonomia (capacidade de exercer escolhas e de 
tomar decisões, por si próprio) e na participação social. As áreas ocupacionais 
envolvem as atividades básicas da vida diária (de autocuidado) e instrumentais 
(de resolução de problemas complexos e cuidados com o outro), bem como o 
trabalho, o estudo, o brincar, o lazer e a participação social. Essas áreas podem 
variar de acordo com a idade da pessoa, o tipo de atividades que realiza, suas 
preferências, rotina, hábitos, dentre outros. Para o terapeuta ocupacional, 
interessa o desempenho do ser humano em suas  funções e ações do cotidiano 
(CRUZ; TOYODA, 2009).
Existem diversos instrumentos que são utilizados por terapeutas ocupacionais 
para a avaliação das habilidades e capacidades funcionais para realização de suas 
ocupações. Estas avaliações são importantes para que o terapeuta ocupacional 
identifi que níveis de comprometimento na realização de ações cotidianas e 
podem auxiliar na organização do processo de intervenção. Para conhecer mais 
sobre as avaliações utilizadas por terapeutas ocupacionais junto a pacientes com 
disfunções físicas, leia o Capítulo 4 – “Avaliando papéis e competência”, do livro 
Terapia Ocupacional nas disfunções físicas, disponível na biblioteca virtual da 
Uningá.
Uma versão do instrumento Índice de Barthel está disponível 
neste link: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfi le.php/5056264/
mod_resource/content/1/%C3%8Dndice%20de%20Barthel.pdf>.
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Ou seja, a atuação do terapeuta ocupacional junto ao paciente com lesões neurológicas 
envolve a independência e a autonomia, com ênfase nas atividades de vida diária e atividades 
instrumentais de vida diária, trabalho, estudo, brincar, lazer e na participação social. As 
intervenções do terapeuta ocupacional variam de acordo com a demanda do paciente, sua faixa 
etária, bem como as habilidades preservadas e seus interesses, para que as atividades realizadas 
sejam signi� cativas e motivadoras.
Algumas das estratégias de intervenção do terapeuta ocupacional junto aos pacientes 
neurológicos envolvem estimulação motora, estimulação cognitiva, estimulação sensorial, 
adaptações e orientações para mobiliário e para a realização de atividades de vida diária e 
indicações de dispositivos para mobilidade. Tais estratégias serão apresentadas com mais detalhes, 
a seguir.
2.1 Estimulação Motora 
 O paciente com alterações neurológicas geralmente apresenta demandas para área 
motora, em relação à limitação de amplitude de movimento, di� culdade na coordenação motora 
global e � na, di� culdade de realizar movimentos de preensão e de pinça, dentre outros, que são 
importantes para a realização de atividades do cotidiano.
 Uma das estratégias utilizadas pelo terapeuta ocupacional para estas situações é 
o alongamento. Trata-se de uma atividade que tem diversos benefícios, dentre eles, tem-se a 
melhora da amplitude de movimento, melhora da circulação sanguínea, ajuda no relaxamento, 
redução da dor e aumento da � exibilidade para a realização das atividades do dia a dia.
Quando não for possível a realização do alongamento de forma ativa pelo paciente (a 
contração muscular é a fonte da força), o terapeuta pode realizá-lo de forma passiva (aplicação 
de força externa) (FLINN et al., 2013). 
Antes da realização do alongamento, é necessário que o paciente esteja com os ombros 
relaxados e posicionado de pé ou sentado. Caso o paciente esteja sentado, deve-se atentar para 
o alinhamento do tronco e das pernas (ambos a 90º) para evitar a realização do movimento 
em posições desfavoráveis e, caso esteja deitado, deve-se � car atento para que a realização do 
movimento esteja condizente com seu direcionamento. 
Os movimentos que podem compor o alongamento incluem: 
• Flexão de punho: com o braço estendido, apontar a palma da mão para frente e com a 
outra mão apoiar a mão que está com a palma para frente empurrando-a levemente em 
direção ao corpo, incluindo todos os dedos.
• Extensão de punho: com o braço estendido, apontar a palma da mão em direção ao corpo 
e, com a outra mão, apoiar o dorso da mão que está com a palma direcionada ao corpo, 
empurrando-a levemente em direção ao corpo.
• Circundação de punho: com a mão fechada, realizar movimentos circulares com a mão.
• Posição de prece: com as mãos unidas pela palma, pressionar uma contra a outra de 
forma suave.
• Rotação externa de membro superior: juntar as mãos de forma entrelaçada e, mantendo 
o cotovelo junto ao corpo, direcionar as mãos para o lado direito e depois para o lado 
esquerdo.
• Flexão debraço: com o braço estendido para baixo, levar o antebraço em direção ao 
corpo.
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• Flexão e extensão de ombro: com o braço estendido para baixo, levantá-lo frontalmente 
para cima, sem dobrar o cotovelo e depois direcioná-lo para trás, sem dobrar o cotovelo.
• Adução e abdução de ombro: com o braço estendido para baixo, levantá-lo lateralmente 
para cima sem dobrar o cotovelo (abdução) e depois direcioná-lo para baixo sem dobrar 
o cotovelo (adução).
É importante lembrar que o alongamento deve incluir tanto o lado direito como o lado 
esquerdo, realizando um movimento por vez com cada membro, conforme a capacidade do 
paciente.
 Algumas atividades que podem ajudar a melhorar a coordenação motora � na, o ganho de 
força muscular e o controle de movimentos podem ser:
• Jogos de encaixe (pinos, argolas, bolinhas).
• Desenho e pintura (com as mãos, pés, pincéis ou lápis). 
• Atividades de cobrir.
• Utilização de massas terapêuticas.
• Utilização de faixas elásticas.
• Utilização de prendedores.
• Atividades de amassar e desamassar.
Em situações em que não há possibilidade de ganho de alguma função em determinado 
membro, com perda total do movimento, o terapeuta ocupacional pode, ainda, atuar treinando 
a realização das atividades do cotidiano do paciente, utilizando apenas a outra mão, fazendo uso 
de adaptações e outros recursos necessários.
2.2 Estimulação Cognitiva e Sensorial
Em muitos casos de alterações neurológicas, há disfunção sensorial, que afeta a percepção 
tátil, visual e auditiva, além do dé� cit cognitivo, que pode comprometer a memória, atenção, 
concentração e o raciocínio. Nesse sentido, as atividades cognitivas têm o objetivo de promover 
a plasticidade cerebral para estimular as capacidades comprometidas. 
Para estes casos, o terapeuta ocupacional pode utilizar atividades que estimulem a 
memória, a atenção, a concentração e o raciocínio, podendo aliar estas atividades ao estímulo 
sensorial.
Algumas sugestões de atividades que estimulam aspectos cognitivos e sensoriais são:
• Jogo da memória.
• Jogos de associações de imagens.
• Sequência lógica.
• Jogos como dominó, quebra-cabeça e caça palavras.
• Desenho e pintura (com as mãos, pés, pincéis ou lápis).
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• Caixa de estereognosia.
• Atividades que envolvam a utilização de texturas diferenciadas.
• Atividades lúdicas, expressivas.
• Atividades artesanais manuais.
Algumas das atividades citadas, além de estimularem aspectos relacionados à cognição, 
também estimulam outras funções, como a pintura, o desenho e as atividades de cobrir, que 
incentivam o desenvolvimento das capacidades cognitivas (atenção, concentração) e auxiliam no 
treino da coordenação motora � na e a preensão.
Além disso, as sugestões apresentadas podem ser elaboradas pelo terapeuta ocupacional 
utilizando temas signi� cativos para o paciente e que façam parte dos objetivos do processo de 
intervenção. Por exemplo, se é um paciente com di� culdade de memorizar informações e que 
gosta de assistir a um seriado especí� co, o terapeuta pode elaborar um jogo da memória com 
imagens dos personagens do seriado, ou ainda, se o paciente tiver a capacidade de leitura escrita, 
o jogo pode ser elaborado para pareamento com imagens e nomes dos personagens.
O terapeuta pode incluir, ainda, a realização de atividades em grupo para estimular a 
socialização, além da utilização de música nas atividades para melhorar a estabilidade postural e 
facilitar a realização de movimentos.
Outra sugestão que pode ajudar na compreensão do paciente para a realização de 
atividades que envolvem etapas é a utilização da comunicação alternativa. Nesse caso, o terapeuta 
pode elaborar cartões com imagens ou textos contendo as etapas da atividade a ser realizada e 
colocá-la em um local de fácil visualização do paciente.
Ressalta-se que o paciente pode necessitar de adaptações para a execução de algumas 
atividades. Além disso, ao escolher as atividades, devem-se considerar as possibilidades do 
paciente, o interesse dele e a realidade da família. É importante se pensar em atividades que sejam 
prazerosas e que sejam incluídas no cotidiano do paciente (BRAGA, 2008).
Há uma diversidade de atividades para estimulação cognitiva 
e que são utilizadas conforme a demanda do cliente. Este 
vídeo apresenta uma sugestão de atividade para estimulação 
cognitiva e está disponível no link: <https://www.youtube.com/
watch?v=51McI9Lhe4U&feature=emb_logo>.
Você pode utilizar o vídeo como uma sugestão para atividade de estimulação 
cognitiva e, a partir dele, desenvolver novas estratégias que possam atingir os 
objetivos necessários para cada caso.
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2.3 Adaptações e Orientações para Mobiliário e para a Realização de Ativi-
dades da Vida Diária
O terapeuta ocupacional pode realizar orientações para organização de mobiliário 
de modo que o paciente consiga realizar suas atividades de vida diária de forma autônoma e 
independente.
Algumas sugestões para organização e adaptação de mobiliário incluem (FARIA, 2007):
• Aumento da altura do vaso sanitário, camas e cadeiras para facilitar a transferência.
• Instalação de barras de apoio e luzes em corredores por onde a pessoa possa transitar.
• Modi� cação na disposição do mobiliário para aumentar os espaços entre os móveis.
• Retirar tapetes para diminuir a ocorrência de quedas ou bloqueios motores.
Já em relação às orientações quanto à realização das atividades de vida diária, tem-se 
(FARIA, 2007; CAVALCANTI; GALVÃO, 2007):
• Substituição de zíperes e botões por velcro.
• Aumento da espessura e do peso de objetos utilizados para alimentação e autocuidado.
• Uso de colete térmico para evitar aumento de temperatura que causa a fadiga.
• Utilização de escovas com cabo longo para facilitar o alcance das costas e dos membros 
inferiores no banho.
• Utilização de tapete emborrachado com ventosas para prevenir quedas e escorregões no 
banho.
• Uso de abotoador, para abotoar camisas quando o paciente tiver di� culdade na realização 
de movimentos � nos.
• Prato com ventosas para estabilizar o objeto e evitar que ele deslize sobre a mesa.
• Prato com borda elevada para evitar que o alimento caia para fora.
• Bandeja adaptada para encaixe do prato e do copo para estabilizar os objetos.
• Talher com cabo angulado (com alteração no ângulo da cúpula) para facilitar a alimentação.
• Talheres com cabo engrossado para quando há dé� cit de força de preensão manual.
• Adaptação emborrachada no lápis para facilitar a preensão e uso do objeto.
• Dispositivo auxiliar para uso do computador na digitação.
A indicação de adaptações e recursos para realização de atividades de vida diária deve 
incluir o treino para uso dos recursos de forma e� ciente, bem como a orientação aos familiares 
ou responsáveis sobre como melhor aproveitar o recurso.
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Outra sugestão é a utilização de quadros de rotina, cujas informações são organizadas 
conforme a necessidade do paciente. No entanto, esses quadros podem conter informações sobre 
calendário, medicações, datas comemorativas importantes para o paciente, tarefas do dia, um 
espaço para recados, dentre outros.
Muitas das sugestões apresentadas podem ser confeccionadas pelo próprio terapeuta 
ocupacional, inclusive utilizando recursos de baixo custo. Para isso, é importante que o terapeuta 
ocupacional desenvolva sua criatividade na elaboração/construção de recursos e adaptações.
2.4 Indicações de Dispositivospara Mobilidade
Existem diversos equipamentos que facilitam ou viabilizam a mobilidade tanto dentro do 
ambiente domiciliar quanto fora dele, em outros espaços, como praças, bancos, restaurantes e vias 
públicas. Alguns exemplos incluem os equipamentos de mobilidade funcional e de transferência, 
que são aqueles voltados para viabilizar ou facilitar a mobilização para realização de atividades 
do cotidiano, como bengala, andador, muleta, cadeira de rodas e acessórios para transferência 
na cama, como também equipamentos de mobilidade na comunidade, que são aqueles voltados 
para a mobilidade em contextos externos como veículos de transporte coletivo com elevador 
adaptado, plataformas e rampas de acesso (CAVALCANTI; GALVÃO; MIRANDA, 2007).
A cadeira de rodas pode ser um recurso essencial para a mobilidade de pessoas com 
de� ciência. No entanto, para que o equipamento cumpra seu papel de viabilizar o deslocamento 
do usuário pelos seus espaços de vivência, é necessário que a cadeira de rodas seja adequada às 
suas necessidades e a seus objetivos funcionais (DUDGEON; DEITZ, 2008).
Sendo assim, de acordo com Dudgeon e Deitz (2008), a avaliação para a indicação de 
cadeira de rodas também deve incluir:
• Informações sobre o cliente: conhecer o nome, faixa etária, escolaridade e nível de 
comprometimento da lesão (se o paciente é paraplégico, tetraplégico, ou com outras 
limitações de movimento), altura e peso.
• Ambiente de uso: em quais ambientes o paciente pretende utilizar sua cadeira de rodas 
(casa, trabalho, escola, comunidade em geral, eventos culturais, programas de esportes, 
dentre outros).
• Necessidade de assento (tempo, alívio de pressão, transferências): necessidade de apoio 
postural para tronco, cabeça ou pernas, estofamento adequado.
• Métodos de controle ou propulsão (assistente, necessidades manuais, controles de força): 
veri� car se o paciente vai precisar de apoio postural, cinto de segurança, autopropulsão 
que utiliza bordas de propulsão de fricção e freios de roda. 
• Métodos de transporte de cadeira de rodas (carro, furgão, caminhão, viagem terrestre, 
viagem aérea): se a família possui veículo adequado para o transporte da cadeira de rodas, 
ou se o paciente utilizará meio de transporte público coletivo.
• Exame físico: veri� car se o paciente tem controle de cabeça, se há controle e equilíbrio 
de tronco na posição sentada ou se há deformidade na coluna vertebral (veri� car a 
necessidade de indicação de Órtese Torácica Lombar Sacral - OTLS para posicionamento 
e estabilidade) e se há mobilidade nos membros superiores e inferiores.
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• Assento e equilíbrio: veri� car se será necessária a utilização de suporte postural, de OTLS 
para estabilidade, suportes laterais para tronco, cinto de segurança ou cinto de segurança 
torácico e veri� car uma base para estofamento que seja sólida e com contorno.
Dentre os tipos de cadeiras de rodas, tem-se as que são manuais e as motorizadas. As 
cadeiras de rodas manuais (Figura 2) são para aqueles que têm mobilidade e força nos membros 
superiores para impulsionar a cadeira e utilizar os freios, e normalmente têm rodas traseiras 
grandes, com aros para realizar a propulsão e rodas dianteiras pequenas. Há modelos � xos e 
modelos dobráveis, que facilitam o transporte da cadeira em outros veículos (DUDGEON; 
DEITZ, 2008). 
Figura 2 – Cadeira de rodas manual. Fonte: Dudgeon e Deitz (2008).
Já as cadeiras de rodas motorizadas são destinadas às pessoas que não têm mobilidade nos 
membros superiores e inferiores ou que possuem comprometimentos que podem ser agravados 
pelo uso do equipamento (Figura 3). 
Figura 3 – Cadeira de rodas motorizada. Fonte: Will Greer/Unsplash (2020).
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Existem diversos tipos de cadeiras de rodas motorizadas e a indicação do modelo mais 
adequado vai depender das necessidades do usuário. Ao indicar a utilização de uma cadeira de 
rodas, o terapeuta ocupacional deve apresentar o equipamento ao paciente, as funções de cada 
detalhe, ensinar sobre a sua utilização e treinar o paciente para o uso de forma independente. 
O treinamento deve incluir o uso do equipamento dentro do ambiente domiciliar 
(transferência da cadeira para outras superfícies e vice-versa, deslocamento de um cômodo 
para outro, uso do banheiro), na comunidade em geral (mobilidade nas vias públicas, manobras 
em esquinas, utilização de transporte comunitário, que inclui subir e se posicionar no espaço 
reservado para cadeirante com uso do cinto de segurança) e no trabalho ou escola (o deslocamento 
pelos espaços, posicionamento no local de trabalho, orientações para as adaptações necessárias). 
Além disso, o treinamento deve ser gradual e incluir barreiras, rampas para subida e descida, 
desvio de obstáculos, entrada e saída de espaços, transferências, dentre outros.
Outras estratégias de intervenção envolvem orientações e acompanhamento do paciente 
e seus familiares ou cuidadores para enfrentamento da doença e sobre as adaptações e indicações 
necessárias para ampliação da autonomia do paciente.
A atuação do terapeuta ocupacional junto ao paciente com doença ou lesão neurológica 
deve envolver a familiarização com os serviços disponíveis próximos à localização do paciente, 
tanto para orientação ao paciente e familiares sobre a existência desses serviços e a importância 
de acessá-los, como para informação aos serviços sobre o caso do paciente, avanços e expectativas 
(WOODSON, 2005).
As pessoas que apresentam sequelas neurológicas e que utilizam cadeira de 
rodas conseguem transitar por todos os espaços comuns àqueles que não são 
cadeirantes? É muito comum ouvir relatos de cadeirantes sobre a difi culdade 
para realizar suas atividades instrumentais e vida diária, como pegar ônibus, ir ao 
parque, fazer compras, ou mesmo ir a um banheiro público, devido à difi culdade 
de encontrar veículos de transporte público adaptados, rampas de acesso nas 
vias e nos estabelecimentos, barras laterais nos banheiros, portas mais largas 
com espaço sufi ciente para que a cadeira de rodas possa passar, dentre outros. 
Essa é uma discussão importante e que tem respaldo na lei de acessibilidade 
(NBR 9050), que existe para estabelecer critérios e parâmetros quanto ao projeto, 
construção, instalação e adaptação do meio urbano e rural e de edifi cações em 
relação à acessibilidade, com o intuito de viabilizar o acesso e a participação 
plena do indivíduo na sociedade, mas que, na prática, ainda apresenta lacunas. É 
urgente que se pense em formas de fortalecimento desta lei por meio de ações de 
conscientização da sociedade como um todo, de forma a tornar a acessibilidade 
uma realidade comum em nosso cotidiano, a fi m de que as pessoas que apresentam 
mobilidade reduzida ou necessidades especiais tenham garantidos tanto a sua 
segurança e integridade física, quanto o seu direito de ir e vir, conforme descrito 
na Constituição Federal Brasileira. 
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Nesta unidade, conhecemos sobre o processo de intervenção da Terapia Ocupacional com 
base no modelo de desempenho ocupacional. Além disso, conhecemos sobre alguns métodos de 
coleta de informações utilizados para as avaliações de pacientes, além de conhecermos sobre 
alguns instrumentos de intervenção voltados para a neurologia.
Aprendemos também sobre algumas estratégias de intervenção do terapeuta ocupacional 
junto aos pacientes neurológicos, incluindo atividades que envolvem os principais aspectos de 
comprometimento das doenças e lesões neurológicas: físicos, cognitivos, sensoriais e sociais.
Vale lembrar que, em muitos casos de

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