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APOSTILA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA POPULAÇÕES ESPECIAIS UNINA

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Prévia do material em texto

Disciplina: Educação Física para Populações Especiais 
Autor: Prof. Dr. Carlos Mosquera 
Revisor de conteúdo: Carolinne Prado Engelhardt 
Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso 
Ano: 2016 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
 
 
 
 
 
 
Educação Física para 
Populações Especiais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2016 
 
 
 
 
3 
 
PALAVRA DA INSTITUIÇÃO 
 
Caro(a) aluno(a), 
Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! 
 
 Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio 
Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 
299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e 
Extensão Universitária. 
 A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e 
comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do 
desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas 
também brasileiros conscientes de sua cidadania. 
 Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar 
comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as 
ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, 
plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes 
sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre 
professores e estudantes. 
 
 
 Bons estudos e conte sempre conosco! 
 Faculdade São Braz 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
Apresentação da Disciplina 
 
A disciplina visa mostrar quais são as principais populações especiais 
que irão aparecer no ambiente escolar, mostrando a classificação de cada 
doença, passando pelo seu histórico, características específicas, cuidados e 
exercícios específicos de cada área. 
As populações estudadas serão todas aquelas que precisam de uma 
adaptação na prática dos exercícios físicos, são elas: as de Deficiência visual, 
intelectual, física e surdez, a paralisia cerebral (PC), amputações e anomalias 
congênitas, os que possuem lesão medulas, e por último, um assunto que vem 
sendo discutido mais recentemente, que são os que possuem câncer. 
O documento é um resultado de uma revisão de literatura, dos principais 
documentos escritos na área e publicados no Brasil, como também, do livro 
“Educação Física Adaptada” (2005), e principalmente, pelas experiências 
profissionais do Professor Autor na área da Educação Física e da Fisioterapia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
AULA 1 – CONCEITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO FÍSICA PARA POPULAÇÕES 
ESPECIAIS E A EDUCAÇÃO FÍSICA PARA PESSOAS COM SURDEZ 
 
Apresentação da Aula 01 
 
A aula irá abordar sobre os conceitos iniciais sobre as populações 
especiais e conceituar a Educação Física para os mesmos, assim como irá 
adentrar especificamente na história, características e formas de se ensinar 
para os alunos com Surdez. 
 
1.1 Conceituando a Educação Física para Populações Especiais 
 
A Atividade Física Adaptada (AFA) ou para Populações Especiais (PE) 
“é a área associada aos serviços que promovem saúde, estilo de vida ativo, 
reabilitam funções deficientes e facilitam a inclusão” (Dunn & Fait, 1989; 
Seaman & DePauw, 1989; Sherrill, 1998). Por isso mesmo, atende uma 
população muito grande e diferenciada; se pensar apenas na Pessoa Com 
Deficiência (PCD), pelo último censo são 23,9% da população. Daí a 
necessidade dos profissionais da área de Educação Física (EF) se capacitarem 
prontamente para atenderem uma “clientela” que, mesmo com os novos 
currículos nas Universidades, ainda sofrem muito com a falta de profissionais 
preparados para atender a PE. 
A ideia, ou mesmo o interesse em atender a PE não surgiu 
recentemente, ao contrário, na China, 3 mil anos a.C. essas pessoas já 
praticavam o que eles denominaram de “Ginástica Médica.” (SHERRIL, 1982). 
Durante a dinastia de Huang Di, 2.639 a.C. os exercícios físicos atendiam as 
necessidades fisiológicas, higiênicas, morais e médicas (arte da ginástica 
médica). Voltando um pouco no tempo, na história da EF “tradicional”. A EFA 
teve sua origem militarista, higienista e desportivo, e uma forte influência de 
Platão, como comenta LIMA, (2005, s/p) na sua tese doutoral, que “enfatiza e 
identificava a EF como treinamento físico, apresentando-a, simplesmente, sob 
a forma mecânica de execução ao considerar que a ginástica seria para o 
corpo e a música para a alma.” Com esse passado histórico, a EFA vem se 
 
 
6 
 
fortalecendo e se aprimorando principalmente nos novos currículos das 
Escolas de Educação Física do Brasil, como também nos cursos de pós-
graduação (lacto e stricto), realizados no país. Longe de estar num momento 
ideal de oferecer o melhor para a PE, assim mesmo, continua-se (os 
professores de Educação Física e especialistas da área) a proporcionar a 
“integração e aplicação dos fundamentos teórico-práticos das diferentes 
disciplinas da motricidade humana e das diversas áreas vizinhas da saúde e 
educação em diferentes programas educacionais e de reabilitação.” 
(MAUERBERG-DECASTRO, 2005) 
 
 
Identificar a PE não é tarefa fácil, uma parte pelos diagnósticos 
errôneos, outra, pelas próprias classificações utilizadas. 
 
 
 
 
O CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e 
Saúde) da Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma revisão da 
classificação anterior – Classificação Internacional de Deficiências, 
Incapacidades e Desvantagens (CIDID). A CIF substitui o modelo negativo da 
deficiência e da incapacidade por uma perspectiva positiva, considerando as 
atividades que um indivíduo que apresenta alterações de função e/ou da 
estrutura do corpo pode desempenhar, assim como sua participação social 
(FARIAS; BUCHALLA, 2005). 
Também há o DSM-5 (nova versão) (Diagnostic and Statistical Manual of 
Mental – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), que é a 
“Bíblia” da Psiquiatria e classifica mais de 300 patologias. Para o bem ou para 
o mal, é uma referência nos diagnósticos das doenças mentais. 
E o CID (Classificação Internacional de Doenças), também da OMS, que 
é um forte aliado (e obrigatório na maioria dos casos), para se usar em 
diagnósticos em geral, e de especialidade médica. Há inúmeras possibilidades 
que se poderia adotar, mesmo assim, as dificuldades para qualquer 
diagnóstico, classificação ou mesmo uma definição de PE sempre é muito 
delicado, perigoso e difícil, pois não envolve apenas o indivíduo “especial” mas 
todo o contexto social próximo a ele. 
 
 
7 
 
 
Saiba Mais 
Para compreender melhor sobre as classificações para se 
ter as referências para a descrição dos estados de saúde, a 
OMS tem duas grandes classificações, a CID-10 
(Classificação Internacional de Doenças e Problemas 
Relacionados a Saúde) e a CIF (Classificação Internacional 
de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde). Sobre elas leia 
o artigo de Di Nubila, Aplicação das Classificações CID-10 
e CIF nas definições de deficiências e incapacidades. 
Disponível em: 
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6132/tde-
09042007-151313/publico/TESEDoutHBVDN.pdf 
 
 
Por tudo isso, a população indicada para a prática da Educação Física 
para Grupos Especiais é muito ampla e com necessidades de práticas 
diversificadas, assim sendo, pode-se sugerir em geral, quem é essa população: 
deficiência (visual, intelectual e física), surdez; distúrbios emocionais (psicose, 
neurose, distúrbio de personalidade, esquizofrenia, distúrbio de comportamento 
da infância e da adolescência, depressão); distúrbio de desenvolvimento 
(autismo, síndrome de Rett, síndrome desintegrativa da infância, síndrome de 
Asperger); doenças crônicas (distúrbio cardiovascular e pulmonar, por 
exemplo, infarto do miocárdio, hipertensão, fibrose cística, distúrbio metabólico, 
por exemplo, insuficiência renal, diabetes, obesidade; distúrbio imunológico ou 
hematológico, por exemplo, câncer, anemiafalciforme, hemofilia, síndrome da 
imunodeficiência adquirida, transplante de órgãos, síndrome da fadiga crônica); 
distúrbios de aprendizagem e múltiplas deficiências. As diferentes e peculiares, 
condições apresentadas pelo ser humano, podem ser de natureza inata ou 
adquirida, e de caráter permanente ou transitório (GORDATTI, 2005). 
Enfim, a prática da EFA deve ser orientada para cada tipo de PE, 
dependendo também do gênero, idade, disponibilidade, e principalmente, do 
diagnóstico médico. 
 
 
 
 
8 
 
Deficiência 
intelectual 
Desordens 
sensoriais e 
psicomotoras 
Distúrbios de 
aprendizagem 
Distúrbios 
emocionais 
Encefalopatias Distúrbios da 
linguagem 
Distúrbio do 
desenvolvimento 
da coordenação 
Psicose e 
neurose infantil. 
Autismo. 
Neurose. S. do 
pânico 
Acidente 
cromossômico 
Sind. Down 
Dist. de gesto 
(apraxias) 
Surdez e DV 
Transtorno de 
Déficit de atenção 
e Hiperatividade. 
(TDAH) 
Crises de 
ansiedade 
Dist. Metabólicos, 
def. de iodo, 
problemas 
Aliment. 
 Disfunção cerebral 
mínima 
Psicose 
(maníaco-
depressivo 
Esquizofrenia 
catatonia 
Desnutrição Desordens 
alimentares 
Fatores in-útero, 
toxoplasmose, 
sífilis 
 Problemas de 
ajuste social. 
 
Fatores tóxicos, 
álcool, radiações 
 Criminosos 
adultos. 
Fatores 
perinatais, 
causas 
obstétricas 
 Dependência de 
drogas 
Fatores Pós-
natais 
infecciosos, 
poliomielite 
 
Pós-natais, pós-
infecciosos, 
sarampo, rubéola 
 
Deficiência 
Física ou 
ortopédica 
Doença 
degenerativas 
progressiva do 
SNC 
Desordens 
neuromusculares 
e do SNC 
Problemas de 
deterioração da 
saúde e da 
terceira idade 
Lesões 
medulares 
Parkinson, Coréia 
de Huntington 
PC, Desordens 
convulsiva e 
epilepsia 
Doença arterial 
coronariana 
hipertensão 
Amputações Mal de Alzheimer Distrofia e atrofia 
musculares 
Asma, bronquite 
e enfisema 
Malformações 
congênitas 
Demência senis. 
Esclerose 
Hemiplegia Diabetes, 
obesidade, 
hemofilia, câncer. 
Quadro 1 – Divisão de áreas de inadaptação ou deficiência com subtipos. (6) 
*terminologia usada pelo autor do material. 
 
 
9 
 
 
O profissional especializado dessa área (PE) precisa conhecer, além do 
conhecimento próprio da Educação Física, temas específicos relacionados à 
população em que vai trabalhar. A leitura e compreensão de diagnósticos 
médicos é um desses temas. Sem esse entendimento, o profissional da 
Educação Física, não se apropria do conhecimento mínimo necessário para 
prescrever uma atividade específica, pois, desconhece às necessidades 
fisiológicas, físicas, emocionais e sociais, desse aluno. Como sugestão para os 
professores de Educação Física antes de iniciar um trabalho físico (ou 
psicomotor) com PE, faz-se necessário: 
 
1) Leitura e compreensão (conhecimento) do diagnóstico médico 
2) Realização de uma anamnese – uma conversa com o aluno para 
conhecê-lo melhor, saber um pouco mais da realidade em que vive, da 
etiologia do seu transtorno e/ou deficiência. Quando o aluno for uma 
criança, a anamnese deve ser feita com os pais. 
3) Depois da conversa inicial, planejar as atividades e as avaliações físicas 
ou psicomotoras, acompanhados dos exames médicos ou fisiológicos 
previamente realizados por um especialista (teste de esforço, P.A., 
sangue e outros apropriados para cada caso). 
4) Prescrever as atividades físicas dentro de um planejamento de acordo 
com as necessidades do aluno. 
5) Prever os possíveis ajustes dentro do planejamento inicial – mudanças 
de horários, diminuição ou aumento da carga de exercícios (esse 
processo de feedback é necessário durante todo o planejamento), 
reorientação da medicação quando necessário, acompanhamento 
permanente da equipe médica e outros imprevistos. 
6) Prever também os locais de atividades: na própria escola, em 
academias, em centros de reabilitação, na casa do aluno, ao ar livre, 
enfim, tudo isso vai depender das entrevistas iniciais e dos interesses 
das partes. 
7) Sobre a oficialização do “atendimento:” se isso será parte das aulas de 
Educação Física nas aulas regulares, se for em aulas “especiais”, 
extraclasse, ou atendimento especializado (inclusive aqui é bom 
 
 
10 
 
salientar se haverá ou não o pagamento pelo acompanhamento e 
prescrição das atividades, e os valores cobrados, se for o caso. 
 
 Saiba Mais 
Há algum tempo que o mercado já atende esse novo 
profissional da Educação Física que é um especialista em 
reabilitação. Coisa muito comum nos países mais 
adiantados, são os chamados de fisiologistas. 
 
 
Essas sugestões anteriormente expostas são uma possibilidade de 
sistematização, haja vista que ainda não se conseguiu implantar algo universal 
nessa área da EFA, por isso não deixa de ser uma nova possibilidade de 
trabalho, como propõe a UNESCO. “No sentido de evidenciar a importância da 
Educação Física e do esporte na escola, como também estabelecer metas para 
o ser desenvolvimento, a UNESCO realizou, em sua sede em Paris, nos dias 9 
e 10 de janeiro de 2003, um evento em forma de mesa redonda como os 
ministros responsáveis pelo esporte e pela Educação Física.” Vale aqui 
ressaltar um dos trechos do documento elaborado naquela reunião que 
fortalece a iniciativa dessa escrita; “As transformações no plano mundial nos 
âmbitos social, econômico e político têm tornado obsoletas, de modo quase 
automático, as ideologias e os conceitos tradicionais em que se fundaram as 
distintas colocações que determinaram o conteúdo, os métodos e as 
finalidades da Educação Física e do esporte.” (FINCK, 2011, p. 74 e 75) 
Outro fator que não pode ser deixado de lado, é o fato que o professor 
deve se preocupar com certos “detalhes”, como a temperatura do ambiente 
durante suas atividades, ele não pode ser nem muito quente e nem muito frio, 
e essa temperatura deve ser controlada constantemente. 
Por outro lado, os currículos de formação em EFA, com PE, são 
organizados e sistematizados, e segundo Mauerberg-deCastro (2005), seguem 
uma organização e são centrados em: 
 
 
 
11 
 
 Bases do crescimento e desenvolvimento humano, e bases neurológicas 
da função motora; 
 Fundamentos biomecânicos, da fisiologia do exercício, e teorias do 
comportamento motor (controle, aprendizagem, ação-percepção); 
 Direitos humanos, legislação e militância; 
 Fundamentos psicossociais (autoatualização, autoconceito, motivação e 
competência social) e teorias de condicionamento do comportamento; 
 Teorias e abordagens para a normalização, integração, inclusão em 
ambientes menos restritivos. 
 Prestação de serviços, desenvolvimento de currículo, instrução e 
avaliação. 
 Teorias de aconselhamento (utilizada na psicologia do esporte, 
reabilitação) e terapias do movimento. 
 Organização e administração do esporte para PCD e sua estrutura. 
 
ANÁLISE DAS 
NECESSIDADES 
 EXECUÇÃO 
DO PLANO 
 DESENVOLVIMENTO 
 DAS 
NECESSIDADES 
 AVALIAÇÃO 
DO PLANO 
 
Fonte: Elaborado pelo Autor, adaptado da Sequência de uma alça de realimentação 
simplificada, representando uma abordagem de solução de problemas (ZITO, M. e PIERSON, 
F, s/d) 
 
Como diz Mauerberg-deCastro (2005), a realidade na formação do 
futuro profissional é que esses componentes nem sempre estão claros, porque 
a divisão de conteúdo de uma disciplina de Atividade Física Adaptada é 
centrada nas incapacidades e nas áreas de deficiência. 
Infelizmente, ainda se tem nos currículos de Educação Física e nas 
práticas, conteúdos com ênfase nos modelos médicos, que se tratava de uma 
prática direcionada para pessoas com invalidez, incapacidade, déficit e 
limitação. Isso é resultado das várias publicações da área; que se iniciou em 
1960 com “Special Physical Education: Adapted, Individualized and 
Developmental, nos EUA (DUNN & FAIT, 1989). De lá para cá (dos anos 60 
para os dias de hoje), a evolução de conteúdo, procedimentos para aprescrição de atividades e formas de atendimento para a PE mudou muito, mas 
 
 
12 
 
ainda insuficiente para ser uma referência de confiabilidade e aceitação dessa 
especialização em Educação Física. 
 
 
Fonte: http://www.deficienteciente.com.br/origem-dos-jogos-paraolimpicos.html 
 
Saiba Mais 
Um ponto importante que Carvalho in Alves (2006) coloca 
que deve ser pensada na atualidade, é a ideia do 
Caleidoscópio, a qual fala que deve-se aceitar o fato que 
todos são importantes e significativos e quanto maior a 
diversidade, mais complexa e rica será a situação. 
 
 
Para proporcionar à PE todos os meios e condições da prática de 
esportes de competição e participação, também foram criadas Federações, 
Confederações e Associações que amparam e colaboram com a AFA. 
Pettengill (2001) descreve que as entidades estão organizadas com as 
seguintes estruturas: 
 
 Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB); 
 Associação Brasileira de Desporto em Cadeira de Rodas, 
(ABRADECAR), com atividades em todas as modalidades, exceto o 
basquete em cadeira de rodas, que tem confederação específica; 
 Associação Nacional de Deporto para Deficientes, (ANDE), todas as 
modalidades praticadas por paralisados cerebrais e les autres; 
 
 
13 
 
 Associação Brasileira de Desporto de Cegos (ABDC); 
 Associação Brasileira de Desporto de Amputados (ABDA); 
 Associação Brasileira de Desporto para Deficientes Mentais (ABDEM). 
 Olimpíadas Especiais (AOEB), especificamente as pessoas com 
deficiência intelectual; 
 Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas (CBBC); 
 Confederação Brasileira para Surdos (CBDS); 
 Confederação Brasileira de Luta de Braço (CBLB); 
 Confederação Brasileira de Tênis de Mesa Adaptado (CBTM); 
 A Liga Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas. 
 E outras... 
 
1.2 Educação Física e Atividade Física Indicada para Pessoas com Surdez 
 
Decorrente de um longo processo político ideológico, desde os tempos 
em que lutavam contra o Oralismo, talvez os surdos sejam às pessoas com 
deficiência que mais conseguiram espaço político e conquistas nesta luta por 
cumprimento das leis. 
 
Curiosidade 
Antes chamados de “Deficientes Auditivos” e por acharem 
que não são deficientes, hoje são classificados apenas como 
surdos. 
 
 
 
Por muitos anos, na época do Oralismo, acreditava-se que o 
pensamento somente era possível através da mediação da língua oral, do qual 
dependia, e era obrigatório ser utilizado para os “Deficientes Auditivos” (DA) e, 
pela dificuldade de aprendizagem, inerente ao processo equivocado, os DA 
eram tratados como deficientes mentais. 
 
 
14 
 
A iniciativa de criar um método apropriado de comunicação para os 
surdos aconteceu com o padre Ponte de Leonn, séc. XVI, e mais tarde, séc. 
XVIII, com Charles Michel L’Epée (1712-1789) que criou os sinais com as 
mãos, hoje o utilizado no Brasil é conhecido como LIBRAS – língua Brasileira 
de Sinais (amparados pela Lei n. 10.436). Mesmo depois dessa conquista da 
leitura visual (sec. XVIII), o Oralismo, por desconhecimento das autoridades da 
época, voltou a ser obrigatório nas escolas e a língua de sinais passou a ser 
banida, e as experiências pedagógicas desenvolvidas passaram a ter como 
objetivo ensinar à falar e a compreender o que era falado através da leitura 
labial, o que provocou o atraso de aprendizagem de muitas gerações surdas 
(FERNANDES, 2010). 
 
 
Fonte: http://www.ces.org.br/site/vamos-aprender-libras.aspx 
 
Autores como Sánchez (1990) e Skliar (1997), caracterizaram essa 
concepção (Oralismo) como o da “medicalização da surdez”, ou seja, pelo forte 
viés curativo da medicina em sua compreensão, refletiu-se em práticas 
escolares de atenção à cura do problema auditivo, à correção de defeitos da 
fala, ao treinamento de habilidades, como a leitura dos lábios e a articulação. 
No Brasil, o ano da criação da primeira escola para surdos (DA) 
aconteceu em 1856, conhecido hoje como Instituto Nacional de Educação de 
Surdos. Isso tudo graças a chegada de Eduard Huet, vindo da França 
diretamente para o Rio de Janeiro, com recomendações para conhecer 
D.Pedro II e iniciar a escolarização dos surdos (DA – na época os surdos eram 
chamados de Deficientes Auditivos) no Brasil. 
 
 
 
15 
 
1.2.1 Classificação 
 
Para justificar a necessidade de atividades físicas para pessoas com 
surdez, é importante esclarecer às principais etiologias e definição. A surdez 
pode ser caracterizada como a perda total ou parcial da capacidade de ouvir ou 
perceber sinais sonoros. 
A surdez é entendida como congênita (antes do nascimento) ou 
adquirida (depois do nascimento). Por outro lado, se a surdez é adquirida antes 
do período da aquisição da fala, esta pode ser classificada como congênita. 
Classifica-se como surdez condutiva uma limitação para a condução do 
som até o ouvido interno, provocado por problemas no ouvido externo ou 
médio. Já na surdez ou perda sensório-neural ou da percepção, a causa é no 
ouvido interno, ou do nervo auditivo, que transmite o impulso até o cérebro. 
Também pode-se conceber as perdas auditivas como leves (15 a 30 
dB), moderada (31 e 60 dB), severa (61 e 90 dB), e profunda (acima de 90 dB). 
Todas essas perdas devem ser avaliadas precocemente e os indivíduos 
encaminhados ao tratamento mais indicado. Quanto mais cedo for essa 
intervenção melhor será o resultado na aprendizagem em geral. Aqui também a 
Educação Física pode ser um grande aliado. 
 
1.2.2 Programa de Atividades Físicas 
 
O programa de atividades físicas ou mesmo nas aulas de Educação 
Física devem respeitar a perda da audição do aluno; as perdas auditivas leves 
em geral não necessitam de um atendimento especializado, ao contrário das 
perdas severas e profundas. Essas, são necessárias, como já foi esclarecido 
anteriormente, de uma avaliação preliminar, para se conhecer as principais 
limitações psicomotoras, que nesses casos quase sempre são: equilíbrio, 
coordenação motora, organização espacial, ritmo e isolamento social. Sem 
perder o foco nas habilidades do aluno; sugere-se, portanto, exercícios 
motores (atividades psicomotoras) que contribuam com ajustamento 
psicomotor. É bom lembrar que, no ouvido interno de todos nós há áreas 
responsáveis para o equilíbrio (canais semicirculares) e, em geral, nas perdas 
 
 
16 
 
auditivas severas e profundas os indivíduos apresentam sérias dificuldades no 
equilíbrio estático e dinâmico. 
A psicomotricidade deve envolver três áreas, a motora, a emocional e a 
cognitiva, sendo que alguns exemplos de atividades seriam: 
 
 Deslocamentos em diversos sentidos: de costas – de lado – andando e 
girando – mais devagar – mais rápido. 
 Equilíbrio: numa perna só – “aviãozinho” – caminhar sobre uma 
superfície estreita – descer escadas – permanecer na ponta dos pés. 
 Coordenação motora: pular corda – tocar a mão direita no joelho 
esquerdo durante a marcha (caminhada) quando estiver elevado – o 
mesmo com a mão esquerda. 
 
Não só para os surdos, mas também para todas as outras populações 
especiais, pode-se utilizar a prática dos exercícios físicos e/ou psicomotores 
organizando-se em “Atividades Cooperativas” que pode ser realizada em 
pequenos grupos. Assim sendo, todos os participantes de cada grupo podem 
colaborar, tanto para a compreensão da atividade, como também na execução 
da mesma. 
O professor de Educação Física que trabalha com uma pessoa surda 
precisa saber o grau de comprometimento da surdez de seu aluno, e perguntar 
para ele, caso não saiba LIBRAS, qual seria o melhor método para usar para 
se comunicar, e então, prescrever atividades conforme as necessidades desse 
aluno. 
 
Resumo da Aula 01 
 
A aula iniciou falando sobre as populações especiais, quem são, e suas 
características, então foi para o foco principal da aula, abordar sobre os surdos, 
seus histórico, suas características, e então,como deve acontecer o ensino 
para essa população. 
 
 
 
 
17 
 
Atividade de Aprendizagem 
Após ver sobre a surdez, e os procedimentos que o professor 
de Educação Física deve se ter com os Surdos, discorra 
sobre os pontos que você acha de maior relevância. 
 
 
 
AULA 2 - ATIVIDADE FÍSICA DIRIGIDA AO LESADO MEDULAR, 
ANOMALIAS CONGÊNITAS E AMPUTAÇÕES 
 
Apresentação da Aula 02 
 
A aula irá abordar sobre o que é a lesão medular, quais as 
características de quem possui essa lesão, assim como as características dos 
amputados, para isto a aula se inicia relembrando como funciona o Sistema 
Nervoso Central, mostra os graus das lesões medulares, mostrando a estrutura 
funcional da mesma. Passa também pelas anomalias congênitas e as 
amputações, mostrando a importância das atividades físicas para cada um. 
 
2.1 O Sistema Nervoso Central 
 
Para se compreender sobre as lesões medulares, é necessário antes 
relembrar como funciona o Sistema Nervoso Central. Pode-se classificar o 
Sistema Nervoso Central (SNC) como o encéfalo e a medula espinhal 
interligando-se com os órgãos do corpo e monitorando o seu funcionamento. 
Entendendo assim, o SNC é o responsável por dirigir todas as funções do 
Corpo Humano, como um centro regulador, fica claro daí que, a partir de uma 
lesão na medula, todas as mensagens enviadas pelo cérebro ou recebidas 
pelos diversos receptores sensoriais, não conseguem completar o envio da 
mensagem. 
Em casos específicos, a movimentação de tronco e membros, a 
sensibilidade cutânea e profunda, a sensação de dor, o controle de micção, até 
a manutenção da pressão arterial podem sofrer ou perder função em 
 
 
18 
 
consequência do local da lesão medular, por isso, a localização dessa lesão é 
tão importante. Além da perda da função, dependendo do local da lesão, o 
aparecimento da ESPASTICIDADE também é outro fator complicador para o 
lesado medular. 
 
Vocabula rio 
A Espasticidade são movimentos involuntários, com 
contrações motoras exageradas com rigidez muscular, que 
provoca posturas incapacitantes. Ou seja, na espasticidade 
acontece o aumento do tônus muscular. 
 
 
 
2.1.1 Coluna Vertebral 
 
A coluna vertebral, está dividida em 5 regiões: 
 
 7 vértebras cervicais; 
 12 torácicas; 
 5 lombares; 
 5 sacrais, e; 
 4 a 5 vértebras coccígenas. 
 
A coluna espinhal (“dentro” da coluna vertebral), tem cerca de 45 cm de 
comprimento e 1 cm de diâmetro e é constituída por 31 pares de nervos 
espinhais: 8 cervicais, 12 torácicos, 5 lombares, 5 sacros e 1 coccígeno. 
Portanto, quando a medula é lesada, pode provocar às seguintes lesões: 
 
 
 
19 
 
 
Fonte: https://enfermagemumarofissaodeamor.wordpress.com/2015/06/28/sinais-e-
sintomas-de-lesao-medular/ 
 
As principais causas das lesões medulares são: acidentes 
automobilísticos, acidentes com armas de fogo e arma branca, acidente na 
prática do mergulho (e também ocorre em outros esportes), e alguns tipos de 
doenças, como tumores, infecções e outras. 
 
 
20 
 
 
2.2 Organização das Atividades Físicas 
 
Como nos outros casos, será necessário a anamnese inicial (entrevista), 
junto do diagnóstico médico, para conhecer: 
 
 Os músculos paralisados e os que podem se exercitar; 
 Se há espasticidade e/ou uma hipotonia (baixo tônus muscular); 
 Quais as atividade de vida diária (AVD) que o aluno (paciente, ou como 
alguns preferem, participantes) consegue fazer sozinho; 
 Se o aluno está motivado para “se movimentar”, disponibilidade para 
exercitar-se. 
 
Respeitando às individualidades e os comprometimentos de cada aluno 
com lesão medular, o professor de Educação Física responsável pelo 
planejamento das atividades físicas deve sempre ter como objetivos para esta 
população: 
 
 Melhorar a funcionalidade do aluno; 
 Evitar o aparecimento de escaras; 
 Incrementar a resistência aeróbica; 
 Aumentar a força; 
 Manutenção do peso corporal; 
 Restabelecimento da autoestima; 
 Sociabilização. 
 
Também não se pode esquecer, como propõe Winnick (1995, s/p) “os 
objetivos principais nos programas de exercícios físicos para pessoas com 
lesão medular são, a melhora da flexibilidade em todas as articulações, 
buscando sempre a redução da espasticidade.” 
Com essas informações, o professor pode programar quais as melhores 
atividades para seu aluno. 
 
 
 
21 
 
2.2.1 Cuidados Especiais 
 
Quando se pensa no lesado medular, deve-se ter certos cuidados, 
principalmente quando se refere em ajudar na mobilização do aluno que 
depende de cadeira de rodas. 
 
 
 
Técnica para retirar o aluno da cadeira de rodas – se você estiver 
sozinho e não tem ajuda, fique de frente para aluno, flexione as pernas, abrace 
o aluno e retire-o da cadeira. 
Técnica para sair da cama e sentar na cadeira – aproxime a cadeira de 
rodas da cama. 
 
Pode-se, como nos outros casos, usufruir das atividades colaborativas, 
assim, terá sempre alguém “acompanhando” o cadeirante e deixando o 
professor para orientar o restante da turma. 
 
 
 
 
22 
 
Ví deo 
Para compreender melhor como funciona a locomoção do 
paciente/aluno da cadeira de rodas, assista ao vídeo 
Transferência de Paciente da Cama pra Cadeira, e compreenda 
como realizar o procedimento. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2nCufDptuF4 
 
 
2.3 Atividades Físicas e Educação Física nas Anomalias Congênitas e 
Amputações 
 
Anomalia Congênita (AC) por si só se explica e se define, pois, anomalia 
pode ser entendido como um defeito funcional ou estrutural; e congênito, como 
uma alteração no desenvolvimento embrionário e aparecimento no momento 
do nascimento, ou também, pode manifestar-se em etapas mais avançadas da 
vida. Também pode ser definida como “uma condição determinada por fatores 
causais que atuam antes do nascimento, cuja expressão clínica inclui defeitos 
em um ou mais órgãos, que podem ser estruturais ou funcionais.” Segundo o 
autor, apesar do termo congênito significar que o defeito básico encontra-se ao 
nascer, nem sempre é possível demonstrá-lo nos recém-nascidos, já que pode 
se manifestar clinicamente, mais tarde. (REIS, 2005, p. 1) 
Os principais fatores de risco para as AC são: rubéola, sífilis congênita, 
uso indevido de fármaco/drogas e outros. 
 
Saiba Mais 
Em caso de qualquer dúvida antes da gestação, a mulher 
deverá sempre procurar uma aconselhamento genético. 
Essa iniciativa poderá tranquilizar o casal e evitar pressões 
psicológicas durante a gestação. 
 
 
 
 
 
23 
 
2.3.1 Divisão das Anomalias Congênitas 
 
As AC podem ser divididas em: 
 
a) Ausência parcial ou total de um membro causada por falhas de 
formação; 
b) Presença dos membros com desenvolvimento incompleto por 
deficiência de diferenciação; 
c) Duplicação de estruturas causada por erros de segmentação; 
d) Hipertrofia segmentar; 
e) Hipotrofia segmentar; 
f) Bandas de constrição; 
g) Síndromes complexas. 
 
Ví deo 
Anencefalia é uma doença causada pela má-formação do 
cérebro do feto na gestação (que acontece entre o 16º e o 26º 
dia de gestação). Sobre esta doença, veja o vídeo 
Malformações, do Canal Saúde Oficial. 
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FZ5Dle19Pxo 
 
 
2.4 Amputações 
 
A história das amputações é antiga, passa obrigatoriamente por 
Hipócrates (séc. V a. C.) e tem uma importância histórica com Ambroise Paré 
(1510-1590) (REZENDE, 2009). Em 1545, o seu método foi divulgado no livro 
intitulado “Méthode de traicter les playes faictes par hacquebutes et autres 
bastons à feu”, na época ainda era um cirurgião-barbeiro, que não sabia latim. 
As amputações naquela época eram as únicas soluções para muito dos 
problemas, até aparecer a anestesia (Morton, 1846) e da antissepsia (Lister 
1865). Mesmo assim, sempre se associou a necessidade de amputações com 
o aparecimento de guerras, sempre foi e sempre será, infelizmente. Mesmo 
 
 
24 
 
comtais associações, ainda as principais causas das amputações nos adultos, 
nos dias de hoje, são os problemas vasculares, atrelados à diabetes. 
Nas crianças, as principais causas são as má-formações congênitas. Os 
traumas, infecções e neoplasias, também são grandes fatores de risco. 
Principalmente a diabetes e os traumas, que deveriam ser parte de campanhas 
de saúde, como formas de prevenção. Ainda é preciso avançar muito nessa 
área para evitar os grandes prejuízos sociais e econômicos com as 
amputações. 
 
Importante 
 
As Amputações tem diversas causas, sendo que uma das mais 
comuns é o acidente de trânsito. 
 
 
 
Preocupações com indivíduos amputados ou AC: 
 
 Podem aparecer edemas antes do uso das próteses (inchaços e 
problemas de circulação); 
 Dor no membro fantasma (Silas Weir Mitchell cunhou esse termo em 
1870); é uma sensação de dor comum que muitos amputados sentem 
no membro que inexiste. A prática do exercício físico pode ajudar a 
“estancar” à dor. 
 
Ví deo 
Para compreender um pouco mais sobre os membros 
fantasmas, assista ao vídeo Dor fantasma ou membro fantasma, 
o que é, e como fazer para acabar rápido, do canal Vida de 
Monopede. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=sCRYzP3Lmdo 
 
 
 
 
25 
 
 Experimentações e adaptações no uso definitivo das próteses. Muitas 
vezes o aluno (paciente), não se adapta ao uso diário de uma 
determinada prótese, talvez em alguns momentos o professor deva 
auxiliar o aluno nas colocações e nas retiradas das próteses. Na prática 
de exercícios físicos, aconselha-se o uso de próteses próprias para os 
impactos necessários, podendo em seguida à prática, o indivíduo trocar 
de próteses. 
 
 
2.4.1 Organização das Atividades Físicas 
 
A avaliação das capacidades do aluno amputado ou com anomalias 
congênitas são fundamentais para qualquer programa de atividades físicas. 
A equipe interdisciplinar é fundamental nesses dois casos; psicólogos, 
fisioterapeutas; médicos, nutricionistas, terapeuta ocupacional, nutricionista, 
professores e outros, fazem parte da construção de um único planejamento. 
Todos os esforços para a melhora das funções, independência, aumento da 
força muscular, da flexibilidades, e principalmente, da autoestima e 
sociabilização são objetivos reais da equipe. 
 
 Médicos 
 Fisioterapeutas 
 Nutricionistas 
 Psicólogos 
 Terapeuta educacional 
 
 Medicação 
 Melhora da função 
 Nutrientes apropriados 
 Autoestima 
 AVDs 
 
26 
 
No caso dos amputados, se a prótese estiver adaptada, os cuidados 
especiais ou exercícios especializados não devem ser uma preocupação 
constante. Nos outros casos, o acompanhamento “personalizado” deve sim, ser 
permanente. Das atividades mais simples, a marcha (andar com equilíbrio e 
coordenação), até a prática de jogos, o professor sempre precisará de um 
“olhar preventivo e curativo.” A busca permanente da inclusão desses alunos 
pelas aulas de Educação Física são um marco constante da AFA. Nesse 
momento não se busca a qualidade do movimento, mas sim, a inclusão. 
 
 
 
Todas as atividades precisam ter um planejamento. 
 
 
 
 
Atividades aquáticas: 
 
É indicada em geral ao PCD, no caso das AC, a piscina pode ser um 
recurso fundamental e imprescindível para muitos alunos. Infelizmente não são 
todas às escolas, públicas ou privadas, que oferecem esse tipo de atividade 
física. De qualquer forma, a água quente é um grande aliado para o 
relaxamento muscular, aumento da flexibilidade e para os exercícios 
respiratórios. Além é claro, pelo simples fato de estar num ambiente diferente 
(ambiente aquático). 
São poucas as contraindicações das atividades aquáticas à PCD, 
mesmo assim, a conversa com os outros profissionais da equipe interdisciplinar 
é fundamental. Busca-se, além dos objetivos já relatados: 
 
 Ambientação ao meio aquático; 
 Descoberta de um novo prazer; 
 A execução de movimentos motores diferentes dos realizados 
diariamente; 
 A integração com o grupo; 
 Aprendizado da flutuação ou mesmo dos nados. 
 Técnicas de reabilitação da área corporal ou neurológica comprometida. 
 
27 
 
 Uma nova proposta de se exercitar; 
 Melhora da propriocepção. 
 
Outras sugestões de atividades seriam: 
• Nas amputações - movimentar os demais segmentos corporais: flexões, 
extensões, rotações (de tronco), ou mesmo, domínio com a cadeira de 
rodas; 
• Nas anomalias: proporcionar exercícios físicos sempre em pequenos 
grupos, se houver necessidade de realizar individuais, organize 
atividades que todos possam executar. 
 
Tanto nas AC como nas amputações, o imprescindível é conhecer as 
limitações motoras do aluno, como também, seus potenciais. Antes de 
programar as atividades, a “conversa” (anamnese) inicial, é fundamental. 
Conhecer o tipo de prótese que o aluno usa ou, a cadeira de rodas, os tipos de 
órteses, os andadores, bengalas, muletas, etc.; é prioritário nesse 
planejamento. 
O mesmo com as AC; qual é a anomalia, se é estrutural e quais os 
membros afetados; esse comprometimento é visível? Quais os exercícios 
contraindicados? Por certo, não pode se esquecer que independente do 
transtorno que o aluno apresenta, a única certeza que temos é que são 
indivíduos como qualquer um de nós, com sonhos, desejos, frustrações, 
anseios, com interesse ou não na prática de atividades físicas. A continuação, 
é com o professor de Educação Física, que não pode esquecer que muitas 
vezes, alguns exercícios físicos são contraindicados. 
 
Resumo da Aula 02 
 
A aula abordou três assuntos importantes quando se pensa em 
atividades físicas para populações especiais, que são: lesões medulares, 
anomalias congênitas e amputações. 
A aula procurou abordar as especificidades de cada um e os exercícios 
indicados para cada, a importância desses para a melhoria da qualidade de 
vida dos mesmos. 
 
28 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
Após verificar em aula, discorra sobre a importância dos 
exercícios para os lesionados medulares. 
 
 
 
AULA 3 - ATIVIDADES FÍSICAS AO DEFICIENTE INTELECTUAL (DI) 
 
Apresentação da aula 03 
 
A aula irá abordar sobre a deficiência intelectual, sobre a Síndrome de 
Down e o paralítico cerebral, correlacionando-os com o desenvolvimento motor, 
assim como também os cuidados especiais necessários e as atividades físicas 
e a Educação Física Adaptada podem contribuir com a melhora do 
desenvolvimento dessa população. 
 
3.1 Classificação da Doença 
 
A terminologia da área dos transtornos da aprendizagem e do 
desenvolvimento define deficiência como uma condição resultante de um 
impedimento, ou seja, como uma limitação em algum nível que compromete 
determinados desempenhos (OMS, 1995, in SASSAKI, 2005). Assim, 
deficiência corresponde a uma habilidade em déficit, uma perda ou uma 
anormalidade (no sentido estrutural, estatístico, e não cultural, como as noções 
pejorativas de bom e ruim). A deficiência intelectual é um tipo singular de 
deficiência, com suas características e distinções em relação às demais 
deficiências; por isso não se fala em pessoas com deficiências intelectuais, 
mas em pessoas com deficiência intelectual (SANTOS, 2012). 
De acordo com o CID-10 (OMS,1995), a Classificação Estatística 
Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, dos tipos 
diagnósticos em F70-F79, a deficiência intelectual corresponde a um 
 
29 
 
desenvolvimento incompleto do funcionamento intelectual, caracterizada, 
essencialmente, por um comprometimento das faculdades que determinam o 
nível global de inteligência, ou seja, das funções cognitivas. “A DI não se 
esgota na condição orgânica e/ou intelectual e nem pode ser definida por um 
único saber. Ela é uma interrogação e objeto de investigação de inúmeras 
áreas do conhecimento.” (BRASIL, 2006, p. 11). As funções cognitivas 
correspondem à capacidade de aprender e compreender, sendo funções 
superioresque se estabelecem a partir do sistema nervoso central. Elas 
englobam as capacidades de linguagem, aquisição da informação, percepção, 
memória, raciocínio, pensamento, etc., as quais permitem a realização de 
tarefas como a leitura, escrita, cálculos, conceptualização, sequência de 
movimentos, dentre outras (MALLOY-DINIZ, 2010). 
 
3.2. Legislação e Currículo 
 
A legislação nacional tem procurado oferecer aos alunos com deficiência 
possibilidades de prosseguimento em sua vida tanto acadêmica quanto 
profissional. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 
9394/96 sinaliza rumo ao acesso do aluno com necessidades educacionais 
especiais à escola comum e dedica o Capítulo V à Educação Especial, 
ratificando-a como um dever constitucional em três artigos (artigos 58, 59 e 60). 
Isso mostra a importância de oferecer a todos um ensino que seja produtivo e 
compatível com todos, incluindo ai a Educação Física. Por isso, o currículo e o 
planejamento propostos ao aluno com deficiência intelectual deve gerar 
experiências em um ambiente (SANTOS, 2012): 
 
 Em que seja possível definir ou reforçar a identidade do aluno (quem ele 
é, seu valor pessoal, sua cultura); 
 Sem discriminações e que promova segurança, relação interpessoal, 
contingências positivas e bem-estar pessoal; 
 Que permita a acessibilidade ao ambiente físico e a acessibilidade 
instrumental (materiais e recursos que minimizem as dificuldades 
sensoriais e motoras); 
 
30 
 
 Em que, assim como em relação aos demais alunos sem deficiência, as 
práticas de ensino considerem as fases de desenvolvimento do aluno, 
as quais podem prolongar-se por um tempo maior; 
 Com práticas motivadoras, alegres e afirmativas; com estratégias ricas 
em estimulação e diversificadas quando necessárias; 
 Que estimule a curiosidade e desafie o aluno, a fim de gerar um 
repertório permanente de iniciativa e exploração ativa; 
 Que valorize a prática do brincar, a qual consiste em uma abordagem 
natural para o desenvolvimento humano, favorece o pensar e o fantasiar 
– até porque tal clientela apresenta déficit de abstração e contato com a 
realidade objetiva. 
 
3.3 A Educação Física e a DI 
 
Antes de apresentar um modelo de programa de Educação Física 
aplicado ao DI, vale a pena ressaltar o que Seaman e DePauw (1982) propõe 
como modelo de desenvolvimento motor, um pré-requisito para estruturar as 
atividades nessa área. Lógico que precisa se respeitar as limitações de cada 
aluno (leve/moderado) mas, as indicações especializadas são necessárias. 
 
Atividade Reflexa, mecanismos de sobrevivência 
Funcionamento dos sistemas da maturação tardia > 
Tátil/Vestibular/Proprioceptivo 
Funcionamento dos sistemas de maturação tardia > Visual/Auditiva 
Respostas sensório-motoras 
Padrões motores 
Habilidades motoras 
Formas de movimento/Culturalmente determinadas 
 
Fonte: Adaptado de Seaman & DePauw (1982) 
 
Percebe-se pela sequência acima, que às primeiras fases motoras da 
vida de uma pessoa podem “prognosticar” a sequência motora de outras fases. 
 
31 
 
No caso da DI, em muitos casos (principalmente a Síndrome de Down), os 
transtornos de tônus muscular são evidentes nos primeiros meses de vida. Por 
isso mesmo, se as estimulações não iniciarem precocemente, os atrasos 
motores (psicomotores), serão grandes. 
 
3.3.1 Síndrome de Down 
 
Na Síndrome de Down em especial, é comum a frouxidão ligamentar, e 
entre as diversas articulações, a atlanto-axial deve ser avaliada antes da 
prática de atividades físicas, sendo preservada e muito bem avaliada antes das 
prescrições das atividades. Como esta articulação situa-se no pescoço, pode-
se provocar, através de alguns exercícios de “rolamentos” (cambalhotas), 
cabeçadas com o futebol, mergulho e outras atividades, uma lesão medular, e 
a tetraplegia como possível consequência. Em outras articulações, deve-se 
evitar os movimentos de grande amplitude e de muito impacto. O laudo médico 
é importante nesse momento, vai colaborar também para determinar se o aluno 
apresenta problemas cardíacos, diabetes, problemas circulatórios: os 
transtornos mais encontrados na Síndrome de Down. 
 
 
Disponível em: http://www.diarionline.com.br/?s=noticia&id=83671 
 
Por isso, a importância do conhecimento na área da EFA, assim, o 
professor pode ministrar atividades com mais segurança para o aluno 
 
32 
 
“especial.” Além disso, para se ter uma dimensão da importância da Educação 
Física para essa população, segundo o último censo do IBGE (2010), o número 
de DI no Brasil é de 2,6 milhões de pessoas, e grande parte dessa população, 
certamente necessita da Educação Física. 
 
Saiba Mais 
Algumas das características da Síndrome de Down são: 
Pregas únicas na palma da mão, língua grande, protusa e 
sulcada, sendo que há várias outras características que 
podem ser observadas, sobre essas, acesse o site 
Movimento Down. 
Disponível em: 
https://www.movimentodown.org.br/sindrome-de-
down/caracteristicas/ 
 
 
3.4 Organização das Atividades Físicas ao DI 
 
Deve-se ter em mente que a assimilação e compreensão dos exercícios 
propostos ao DI sempre serão mais lentas. Estratégias diferenciadas e criativas 
devem ser empregadas para apresentar os exercícios aos alunos e, certificar-
se de que o aluno compreendeu a proposta, sendo isso fundamental para se 
cumprir o programa. 
É fundamental também que o aluno aprenda à fazer uso do “feedback” 
dos exercícios, e com isso possa corrigir suas ações motoras e ajudar no 
raciocínio. A repetição, o tempo de execução mais elástico dos movimentos, a 
concentração, isto tudo ajuda o aluno ganhar “poder” de “prática consciente.” E 
o mais importante, isso vai refletir em benefício de outras aprendizagens, 
principalmente às da escola inclusiva. 
Orientando-se por Gimenez (2005), destaca-se algumas áreas que a 
EFA pode estimular: 
 
 Tempo de reação simples – presente nas tarefas que envolvam 
respostas rápidas a um único estímulo ambiental. O estímulo pode ser 
 
33 
 
visual, auditivo, cinestésico, etc. Por exemplo: “Assim que eu disser “já”, 
você corre!” 
 Tempo de reação de escolha – presente nas tarefas que envolvem a 
apresentação de respostas diferentes de acordo com o tipo de estímulo 
apresentado. Por exemplo: “Se eu levantar a bola azul, você corre; se eu 
levantar a bola amarela, você senta!” 
 Reações coincidentes – presente nas tarefas que impliquem a 
necessidade de ajustar os movimentos do corpo ou de segmentos, 
tendo em vista coincidir com um objeto ou uma pessoa. Por exemplo: 
chutar uma bola, tentar apanhar um objeto arremessado, tentar pegar 
alguém que corre em ziguezague. 
 Ritmo – presente nas tarefas que necessitam de respostas a variações 
de estímulos sonoros externos. Por exemplo: quicar uma bola, 
acompanhando as batidas de um bastão de madeira no chão. 
 Agilidade – presente nas tarefas que demandam ajustes manipulativos 
ou locomotores rápidos. Por exemplo: correr e, em seguida, passar sob 
uma corda pendurada e, na sequência, sentar-se. 
 Controle de força – presente nas atividades que exijam ajustes 
diferentes na graduação da força, dependendo do momento ou do 
segmento envolvido. Por exemplo: lançar uma bola leve e uma bola 
pesada ao parceiro, ou levantar uma bola pesada com uma mão, e uma 
leve com a outra. 
 Equilíbrio – presente nas atividades que exijam retomada de controle 
postural, após sua perda. Por exemplo: mantendo-se em um único pé, 
abaixar-se e tocar uma das mãos no chão e retornar à posição inicial. 
 
A participação em jogos e competições requer do professor uma didática 
focada na motivação do aluno, é bom lembrar que as “derrotas” nos jogos 
quase sempre não agradam ninguém, e o afeto é parte imprescindível dessas 
atividades. 
Para concluir essa área, sugere-se que o professor também possa 
orientar atividades em pequenos e grandes grupos – atividadescooperativas – 
assim, a PCD poderá integrar-se mais facilmente ao grupo e o grupo à ele. É 
 
34 
 
fundamental que a turma tenha consciência da importância em incluir o aluno 
“especial” através da atividade física, bem como, os demais alunos da escola, 
funcionários e professores da escola. 
 
3.5 Atividades Físicas ao Paralítico Cerebral (PC) 
 
Conhecida também como encefalopatia crônica da infância foi descrita 
pela primeira vez por Little, em 1843, definida na ocasião como patologia ligada 
a diferentes causas e caracterizada por rigidez muscular. Só anos mais tarde 
foi associado a relação entre o quadro apresentado pela criança com o parto. 
Em 1897, Freud sugeriu a expressão Paralisia Cerebral (PC), com a intenção 
clara de descrever à lesão do sistema nervoso central (SNC) e os transtornos 
motores (ROTTA, 2002). 
A lesão cerebral estabelecida ou “sequela de uma agressão 
encefálica”, é predominantemente motora, mas as consequências podem 
afetar a linguagem (disfásico ou disártrico), sensibilidade e certamente, o 
psicológico. 
Como fatores etiológicos, o período pré-natal é decorrente de infecções 
e parasitoses, tais como: rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, HIV e outros. 
Nas intoxicações, podem ser por uso de drogas, álcool, ou mesmo radiações 
usadas pela gestante. Pode ser também provocado por traumatismos na 
barriga, desnutrição, anemia e outros. 
No período perinatal, as causas podem ser: asfixia crônica (ligado à 
insuficiência placentária), iatrogenia (erros médicos), prematuridade, anomalias 
do cordão e outros. 
As causas pós-natais, podem ser: distúrbios metabólicos (hipoglicemia, 
hipocalcemia), infecções (meningites por germes gram-negativos), encefalites 
pós-infecciosas, traumatismos craniencefálicos, intoxicações, processos 
vasculares (embolias e hemorragias), desnutrição (ROTTA, 2002). 
Para compreender melhor as consequências da PC, pode-se classificá-
la de várias formas; momento e local da lesão, sintomatologia e a distribuição 
topográfica. A classificação mais usada é baseada nos aspectos anatômicos e 
clínicos, que pode ser entendido como: 
 
 
35 
 
 Espásticas (a forma mais frequente) – manifesta-se em monoplegia (um 
dos membros é atingido), hemiplegia (hemicorpo comprometido), 
paraplegia (membros inferiores atingidos), triplegia (acomete três 
membros) ou tetraplegia (acomete quatro membros). Nesses casos, 
apresenta também hipertonia muscular extensora e adutora dos 
membros inferiores, hiper-reflexia profunda e sinal de Babinski. 
 Coreoatetósicas ou extrapiramidais; 
 Atáxicas; 
 Mistas. 
 
Devido à hipertonia, todo o desenvolvimento e crescimento da criança 
torna-se comprometido, devido às inúmeras dificuldades e limitações motoras e 
de linguagem apresentadas. Daí a necessidade em avaliar o tipo de PC - 
diagnóstico médico, juntamente com a equipe multidisciplinar para definir o 
melhor tratamento e o planejamento das atividades físicas. 
 
Saiba Mais 
O Tônus muscular pode ser considerado a resistência que se 
tem no movimento passivo dos membros, dessa forma, pode-
se ter dois problemas, a hipertonia e a hipotonia, enquanto a 
primeira é o aumento desse tônus (onde pode ocorrer a 
espasticidade), a segunda é a diminuição do mesmo. Não se 
pode confundir com hipertrofia e hipotrofia, que ocorrem pela 
grande quantidade de exercícios ou a falta deste, quando se 
pensa no tônus muscular, o exercício ajuda, porém é uma 
condição do indivíduo. 
Saiba mais em: 
https://www.portaleducacao.com.br/fisioterapia/artigos/28600/
o-que-e- 
 
Adaptações desse aluno PC na escola também será necessário. Isso vai 
desde a carteira de sala de aula, até os deslocamentos internos da escola. O 
planejamento da equipe multidisciplinar envolve a diminuição das barreiras 
arquitetônicas até os procedimentos pedagógicos. 
 
36 
 
O princípio básico para entender o melhor procedimento terapêutico é a 
inibição dos reflexos primitivos e dos padrões patológicos de movimentos – 
método Bobath (foto abaixo) é o método mais usado, ele visa evitar posturas 
impróprias, facilitar o relaxamento muscular e evitar a espasticidade. 
 
 
Disponível em: https://fisioterapiageneralzaragoza.wordpress.com/2012/04/13/la-
importancia-del-metodo-bobath/ 
 
Como recurso, os professores da escola podem optar, dependendo da 
avaliação médica e dos materiais disponibilizados, trabalhar com outros 
métodos – não necessariamente como processo final: 
 
 Método Kabat = utilização de estímulos proprioceptivos facilitadores das 
respostas motoras. 
 Método Phelps = Habilitação por etapas dos grupos musculares, até 
chegar à independência motora e praxias complexas. 
 
A utilização desses métodos como processo final é de propriedade de 
cada especialidade, o mais importante para os professores da escola inclusiva 
é a contribuição que os métodos podem oferecer para auxiliar nas suas 
atividades. 
Referindo-se à Educação Física, percebe-se que estímulos sonoros, 
mecânicos e perceptivos usados sem o conhecimento do aluno paralítico 
cerebral, pode favorecer o aumento da espasticidade, isso é muito importante 
saber. Posturas impróprias (sentado, deitado, em movimento), dificultam o 
relaxamento muscular. Ambientes sonoros com volumes exagerados e 
“pesados” podem inibir reações fisiológicas apropriadas ou favorecer o 
aparecimento de reflexos primitivos. 
 
37 
 
Por isso, ressalta-se a importância de um conhecimento “básico” sobre a 
PC para todos os profissionais que atuam na escola, assim, espera-se que os 
resultados planejados sejam alcançados. 
 
3.5.1 Recomendações nas Aulas de Educação Física 
 
Alguns pontos devem ser observados e adequados para a aula de 
Educação Física: 
 
 Se o aluno precisar de uma cadeira de rodas nas aulas de Educação 
Física, procure o material mais apropriado. 
 Se ele ficar muito tempo sentado e apresentar uma espasticidade de 
adutores (músculos internos da coxa) aconselha-se colocar almofadas, 
ou material semelhante entre as pernas, na altura da coxa. 
 Evite as repetições de movimento em excesso. 
 Sempre que possível, mantenha o corpo do aluno sempre alinhado 
antes de iniciar o movimento. 
 Nas espasticidade de MMSS (membro superior), a extensão dos 
membros sempre é aconselhada, por isso, o uso correto da contração 
do músculo tríceps e a extensão do bíceps é a forma ideal. 
 Não deixe o aluno entrar em fadiga, isso pode gerar contrações 
indevidas. 
 Alunos com problemas de linguagem: fazer o uso da Comunicação 
Alternativa Aumentativa (CAA). 
 Outro ponto relevante é fazer o uso de Tecnologias Assistivas. 
 
Saiba Mais 
Conforme a Secretaria da Educação Especial, no 
documento Atendimento Educacional Especializado – 
Deficiência Física, é de extrema importância compreender 
certos aspectos relacionados ao atendimento, como o 
equipamento e material pedagógico para a educação, 
capacitação e recreação da pessoa com deficiência física – 
recursos para a Comunicação Alternativa. 
 
38 
 
Disponível em: 
http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_df.pdf 
 
 
Para os alunos que não se movimentam sozinhos na cadeira 
de rodas o professor deverá “mobilizar” (mudar de posição) o 
aluno a cada 45 minutos. Se isso não for executado, o 
aparecimento de escaras pode ocorrer. 
 
 
 
 
Aproveitando o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil 
(BRASIL, 1998, p. 33), a Educação Física também pode promover: 
 
 Construir uma imagem positiva de si mesma; 
 Descobrir e conhecer seu próprio corpo; 
 Desenvolver hábitos de saúde e bem-estar; 
 Atuar de forma independente, com segurança e confiança em si própria; 
 Ampliar as relações sociais. 
 
3.5.1.1 Estratégias 
 
 Em qualquer proposta de atividade física com o PC, o tempo de 
execução da atividade deve ser individualizado (foto 6); 
 
 
 
Fonte: http://www.ande.org.br/bocha-p-pessoas-com-paralisia-cerebral-severa/ Reforços positivos (parabéns, valeu, ótimo, na próxima você vai acertar, 
entre outros), após o término de algum exercício pode fazer a diferença; 
 
39 
 
 Faça o aluno refletir sobre o movimento “antes de arremessar, imagine o 
movimento mentalmente, só depois disso, execute o arremesso.”; 
 Ou pode ser como uma orientação “depois da aula, não esqueçam de 
lavar as mãos e beber algo”. 
 Uma fala para a progressão do exercício “na próxima vez, procure 
arremessar mais forte.” 
 Incentivo para a independência “agora execute o movimento sozinho, 
pelo menos tente.” 
 Como “alerta” geral; “movimento é movimento, cada um faz do seu jeito, 
o movimento proposto”. 
 
Atividades Físicas mais relatadas na literatura, recomendadas ao PC 
(SOUZA; TEIXEIRA-ARROYO, 2012): 
 
 FERRAREZI & GUEDES (2000): 
Método de facilitação neuromuscular proprioceptiva, e para estímulos 
proprioceptivos e vestibulares (equilíbrio) – ex: equilíbrio/mini-trampolim 
 STRAPASSON et al (2002): 
Alongamento (passivo e ativo), atividades desportivas, recreativas e 
psicomotoras. 
 AIDAR et al (2006): 
Exercícios aquáticos, em piscina não aquecida. Intervenção: exercícios 
de interação com companheiros, brincadeiras com objetos aquáticos. 
 TEIXEIRA-ARROYO e OLIVEIRA (2007 a): 
Exercícios aquáticos lúdicos que trabalham o esquema corporal. 
 TEIXEIRA-ARROYO e OLIVEIRA (2007 b): 
Exercícios aquáticos – jogos, brincadeiras cantadas, histórias e 
brinquedos diversos. 
 SILVA; CARVALHO & MILLEN NETO (2009) 
Atividades de dança em cadeira de rodas (sem maiores descrições do 
protocolo utilizado). 
 STRAPPASSON & DUARTE (2009): 
 
40 
 
Realização de deslocamentos variados em cadeira de roda, 
alongamentos antes e depois, exercícios de mobilidade de tronco. 
 BATISTA et al. (2010): 
Treinamento em esteira ergométrica e alongamento. 
 BERNARDI et al. (2010): 
Ex. 1: ficar em pé a partir da posição sentada; Ex. 2: agachar a partir da 
posição em pé e pegar brinquedos no chão, Ex. 3: em prancha com 
rodinhas deslocar-se com o auxílio dos calcanhares; Ex.4: subir e descer 
escadas; Ex.5: andar em superfície estável com marcação dos passos 
no chão. 
 
Os exemplos acima não contemplam nada mais do que o tipo de 
atividades propostas ao PC, sem apresentar a intensidade da atividade, o 
número de repetições ou mesmo o comprometimento do aluno. Por isso é bom 
não esquecer: 
 
 Anamese; 
 Necessidades do aluno; 
 Planejamento das atividades; 
 Acompanhamento das Atividades; 
 Explorar os Feedbacks; 
 Conhecer os Resultados Atingidos. 
 
 
Dessa forma, chega-se a algumas conclusões, como que não se pode 
ter medo de se trabalhar com os “diferentes”. O cognitivo do PC está 
preservado, por isso a fala “embolada” apenas é o único jeito que ele pode se 
comunicar, porém se houver preferência, pode-se fazer o uso das 
Comunicações Alternativas Aumentativas. Os alunos da turma devem ser 
“parceiros” do aluno com deficiência e o mais importante, se o professor não 
souber qual a melhor estratégia para trabalhar com esse aluno, a forma mais 
correta de se fazer, é perguntando para o mesmo. 
 
 
 
41 
 
Resumo da Aula 03 
 
 
A aula abordou sobre a deficiência intelectual, a Síndrome de Down e o 
paralítico cerebral. Foi feito uma correlação destes com o desenvolvimento 
motor. Foi visto então a importância das atividades físicas e da EFA para com 
esses indivíduos. 
 
 
Atividade de Aprendizagem 
Discorra sobre a diferença da hipertonia e da hipotonia, qual 
delas acomete o indivíduo com Síndrome de Down e como 
fazer para auxiliá-lo. 
 
 
 
 
4 - ATIVIDADES FÍSICAS PARA O DEFICIENTE VISUAL 
 
Apresentação da Aula 04 
 
A aula irá abordar sobre a Deficiência Visual e sobre o Câncer, 
mostrando dados da Organização Mundial da Saúde, como essas são 
classificadas e quais são os cuidados e atividades adequadas para cada caso. 
 
4.1 Definição da Deficiência Visual 
 
Antes de mais nada é necessário uma definição sobre deficiência visual 
(DV) para facilitar a compreensão desse tema, pode-se afirmar que o deficiente 
visual pode ser tanto o indivíduo que não faz uso de qualquer imagem para se 
relacionar no espaço (cego), como a pessoa que usa muito pouco às imagens 
(baixa visão). Portanto, quando for referido sobre a DV está se contemplando 
todas as pessoas que estão nesta situação. 
A definição de cegueira da Organização Mundial da Saúde (OMS), pode 
ser entendida como: acuidade visual menor que 3/60 no melhor olho, com a 
melhor correção óptica, além de definir a incapacidade visual acentuada (baixa 
 
42 
 
visão) como a acuidade menor do que 6/60 (ou 20/200) (6/60 medida usada 
em metros; 20/200 medida usada em pés. Significa que uma pessoa DV vê a 
20 pés o que uma pessoa com visão normal pode ver a 200 pés.) no melhor 
olho, com a melhor correção óptica (TEMPORINI; KARA-JOSÉ, 2004, in: 
MOSQUERA, 2010). 
 
4.2 Breve Histórico 
 
Como nas outras deficiências, tanto as pessoas cegas como as de baixa 
visão também sofreram discriminações no decorrer dos séculos. 
A história lembra que os ancestrais cegos eram eliminados 
indistintamente, talvez pela impossibilidade de se locomover com 
independência, e também, pelos próprios costumes da época. Muito 
marcadamente, até o séc. XIX, os abandonos e rejeições da sociedade aos 
deficientes eram frequentes, mas também, foi rudemente estigmatizante. O 
abandono dos cegos foi geral; eram deixados nas ruas, em asilos, em 
hospitais, ou mesmo nas próprias residências, como rotina. Resumindo a 
história da inclusão: 
 
Abandono 
 
Segregação 
 
Assistencialismo 
 
Integração 
 
Inclusão 
 
Fonte: elaborado pelo DI (2016). 
 
Logicamente que as tentativas de promoveram a inclusão e a 
alfabetização dos cegos começou muito cedo, tem-se notícia desde o séc. XVI 
com as tentativas de Girolano Cardano (1501-1576), que era médico, filósofo e 
 
43 
 
matemático que insistia na leitura pelo tato. Outra contribuição importante 
também foi de Peter Fleming, que era cego, e também o padre Lara Terzi, que 
escreveu os primeiros textos sobre a educação das pessoas cegas 
(MOSQUERA, 2010). 
Outros nomes importantes que contribuíram para tirar os cegos do 
anonimato: René Descartes (1596-1650), escreveu um ensaio chamado 
“Dióptrica, teoria da refração; Diderot (1713-17840), escreveu “Carta sobre os 
cegos para o uso dos que veem. 
Como toda história é instigante e ajuda a entender o presente, no Brasil, 
depois de todos esses movimentos em prol das Pessoas com Deficiência 
(PCD), só em 1854, com D. Pedro II comandando o Brasil, inaugura-se a 
primeira escola para às PCD “Instituto Imperial dos Meninos Cegos”, hoje 
Instituto Benjamin Constant (IBC). De lá para cá, a história dos cegos no Brasil 
já é melhor conhecida. 
 
Saiba Mais 
Louis Braille (França) foi o criador do método que leva o 
seu nome para a escrita e leitura em relevo. O método é 
utilizado até hoje, sendo que hoje, não pode se esquecer, 
também se utiliza muitos recursos da informática nas 
escolas para os cegos ou pessoas com baixa visão. 
 
 
Fonte: http://www.projetoacesso.org.br/site/index.php/deficiencia-visual-
conceituacao/braille 
 
 
44 
 
4.3 Etiologias e Principais Patologias Oculares 
 
Não se trata aqui de revisar todas as causas da DV, mas sim, 
apresentar as principais e as formas de prevenção. As mais conhecidas como 
causas pré-natal, a catarata congênita e o glaucoma congênito. Esta última é 
resultado de um aumento da pressão intraocular (humor aquoso), que levam 
uma degeneração das fibras nervosas. A catarata é o resultado de uma 
alteração do cristalino (perda de transparência, e o olho fica esbranquiçando). 
A catarata pode ser hereditária ou consequência de uma infecção (rubéola da 
gestante). É considerada a maior causa de cegueira reversível do mundo. É 
dividida como senil (85%), congênita, traumática e secundária. 
 
OutrasPatologias oculares: 
 
- Degeneração Macular Relacionada a Idade (DMRI); 
- Retinopatia diabética; 
- Tracoma; 
- Cegueira Infantil; 
- Ametropias (miopias, hipermetropia e astigmatismo). A OMS reconhece 
que mais de 160 milhões de pessoas no mundo apresentam baixa visão 
por não usarem óculos ou lentes de contato; 
- Retinose Pigmentar; 
- E muitas outras. 
 
4.4 Formas de Prevenção 
 
Sem dúvida que a melhora na qualidade de vida é a prevenção mais 
importante para a manutenção da saúde para qualquer pessoa. Dentre os 
diversos projetos nacionais e internacionais sobre prevenção da cegueira, 
destaca-se o projeto da OMS, que propõe: até 2020 a eliminação mundial da 
cegueira evitável devido a cinco doenças: catarata, tracoma, oncocercose, 
vitaminose A e ametropias. 
 
 
45 
 
Saiba Mais 
Para compreender um pouco mais sobre a DV, a publicação 
do CBO – Conselho Brasileiro de Oftalmologia: As Condições 
de Saúde Ocular no Brasil (2015), o qual visa responder todas 
as perguntas acerca da área. 
Disponível em: 
http://www.cbo.net.br/novo/publicacoes/Condicoes_saude_oc
ular_IV.pdf 
 
 
4.5 Desenvolvimento Psicomotor dos Deficientes Visuais 
 
Sempre há dúvidas sobre o atraso psicomotor nas crianças cegas 
congênitas quando se comparada com às crianças videntes. Os atrasos 
existem e, logicamente, a principal explicação é a falta da visão que dificulta a 
exploração do ambiente pela criança cega/baixa visão. “Fraiberg, foi umas das 
primeiras autoras que se preocupou em investigar o desenvolvimento de 
crianças cegas e apontou as principais dificuldades que os cegos congênitos 
têm em seu desenvolvimento psicomotor” (ADELSON e FRAIBERG, 1974; 
FRAIBERG, 1977 in: PEREIRA, 2004). Segundo a autora, a limitação de 
informação visual afeta o que ela denominava de mobilidade autoiniciada. 
Como explica Fraiberg, o termo faz referência aos movimentos que o indivíduo 
realiza por conta própria, com intenção de conseguir algo ou chegar em algum 
lugar. 
O quadro abaixo mostra a comparação da evolução psicomotora de 
crianças cegas com as videntes. 
 
 Cegos Videntes 
Sustentar-se sobre os 
antebraços em posição 
prona 
9 meses 5 meses 
Rolar de ventral a dorsal 10-12 meses 7 meses 
Sentar-se sozinho 12-14 meses 8 meses 
 
46 
 
Andar alguns passos 24-30 meses 13 meses 
Subir escadas 36-42 meses 24 meses 
Fonte: Dados baseados em Pérez Pereira e Castro (1994) para crianças cegas e em 
Gassier (1983) para crianças videntes. 
 
Aproveitando as informações do quadro acima exposto, pode-se sugerir, 
para evitar maiores atrasos psicomotores na criança cega, a estimulação 
precoce ou essencial nos primeiros meses de vida, bem como à prática da 
Educação Física logo que a criança DV entre na escola. 
 
Curiosidade 
O Uso da expressão “Visão Subnormal” só foi possível pelo 
Inglês Sir Hernest Jorgensen em 1954, até aquele momento 
só se referiam aos cegos. 
 
 
 
4.6 Características Psicomotoras do Deficiente Visual não Estimulado 
Prematuramente 
 
Na prática sabe-se que existem muitas pessoas cegas que não foram 
estimuladas “psicomotoramente” na infância e apresentam um bom 
comportamento motor. Apesar disso, a grande maioria dos cegos/baixa visão 
comportam-se com características peculiares, sendo que as características 
psicomotoras mais comuns são: 
 
 Dificuldades de equilíbrio (estático e dinâmico); 
 Marcha com problemas de amplitude de passada; 
 Dificuldade na Organização espacial; 
 Imagem corporal incompleta; 
 Limitações nas “linguagens corporais”; 
 Inseguranças nos deslocamentos em ambientes desconhecidos. 
 
 
47 
 
 
Essas características apresentadas são decorrentes dos atrasos 
psicomotores na primeira infância, por isso mesmo, manifestam-se também na 
adolescência. 
 
4.7 Objetivos das Aulas de Educação Física e/ou Atividades Físicas: 
Ensino Fundamental e Médio 
 
Como estímulos para reforçar as fases psicomotoras anteriores, justifica-
se a importância das atividades físicas para os deficientes visuais. Nesta 
proposta, independente da idade, do sexo, da patologia ocular e mesmo da 
acuidade visual, busca-se sempre estimular a imagem corporal do aluno. 
Lembrando ainda, que os exercícios físicos (psicomotores) para imagem 
corporal sem o recurso da visão podem ser entendido como a percepção de si 
mesmo. Para que isso aconteça, o indivíduo necessita utilizar recursos 
cerebrais para que se ajustem às necessidades do ambiente e com isso se 
beneficiem das informações recebidas. Os videntes usam demasiadamente a 
visão para formar conceitos, se relacionar com as pessoas e formar a imagem 
corporal, um processo natural devido a comodidade que a visão proporciona. 
Os deficientes visuais, por sua vez, se não forem estimulados no tempo certo 
para o reconhecimento corporal e se não “abusarem” dos excessos de 
estímulos cerebrais, não conseguirão estabelecer relação com o que realizam. 
 
Saiba Mais 
Três pontos importantes devem ser levados em 
consideração quando se fala de interação com o cego: 
1. Troca de lado é uma técnica usada quando se necessita 
posicionar a pessoa cega do outro lado do guia. 
2. O guia deve permanecer sempre um pouco à frente da 
pessoa cega. 
3. Segurar um pouco acima do cotovelo do guia é um 
processo que deve ser treinado. 
 
 
48 
 
 
Por isso existe a necessidade do professor estabelecer critérios e 
estratégias próprias da área para conseguir os objetivos estabelecidos: 
 
 Se for pedir para o aluno cego correr, amarre uma corda no punho da 
criança vidente para servir como guia para a criança cega. 
 Para explicar os exercícios, use uma linguagem simples e direta, sem 
ser ambíguo. 
 Inicie as atividades da mais simples para a mais complexas. 
 Use um companheiro – cego ou não – para servir como “referência 
corporal” para ajudar a compreender melhor a imagem corporal. 
 Não estabeleça limites ao aluno, deixe ele mesmo estabelecer. Nunca 
diga que ele não conseguirá fazer, talvez a provocação possa gerar uma 
insatisfação. 
 Bolas com guizos podem ser um material mais apropriado para os 
cegos. 
 As pessoas que enxergam é que são obrigadas a desviar dos cegos 
quando estes estiverem em movimento. 
 Nas orientações dos exercícios físicos, reforce às atividades de 
coordenação, equilíbrio, postura, deslocamentos variados (andar de 
costas, de lado, em uma perna só). 
 Em outras propostas, programe atividades que às PCD possam se sair 
melhor, vai fazer bem à todos. 
 
 
 
 
 
49 
 
Importante 
 
Para não constranger o aluno, não fale alto, deve-se utilizar o 
tom de voz normal para falar com o DV, sendo que não se deve 
ter atividades com muito impactos, pois elas podem desorientar, 
fazendo-os terem dificuldades de mobilidade. 
 
 
 
4.7.1 Proposta de Avaliação 
 
As adaptações curriculares existem exatamente para dar suporte ao 
professor para orientá-lo como e o que avaliar em situações “inclusivas”. O 
aluno cego precisa ser avaliado como qualquer outro aluno, e por isso, o 
professor precisa saber as possíveis “adaptações” necessárias para essa 
situação. Algumas sugestões de avaliação física (ou não) na escola: 
 
 O recurso da avaliação oral não pode ser descartada; 
 O uso do guia, para as atividades físicas, em muitas vezes é 
imprescindível; 
 As avaliações devem ser realizadas em tempo diferenciado da dos 
outros alunos; 
 Avaliação de grupos de alunos é outra alternativa possível. Nesse caso, 
dentro ou fora de sala de aula, cada aluno tem uma função estabelecida, 
a nota é a mesma para o grupo; 
 Em caso de uma avaliação aquém do esperado, não exige-se o 
conteúdo (físico ou não) anterior, reavalia-se apenas o que não foi 
superado; 
 A avaliação do processo é uma ótima alternativa. 
 
4.8 Exercício Físico e Câncer 
 
“A doença é a zona noturna da vida, uma cidadania mais onerosa. 
Todos que nascem tem uma dupla cidadania, no reinodos sãos e 
no reino dos doentes. Apesar de todos preferirmos só usar o 
passaporte bom, mais cedo ou mais tarde nos vemos obrigados, 
 
50 
 
pelo menos por um período, a nos identificarmos como cidadãos 
desse outro lugar.” (Susan Sontang) 
 
Em 2010, cerca de 600 mil americanos e mais de 7 milhões de seres 
humanos mundo afora morreram de câncer. Nos Estados Unidos, uma em 
cada três mulheres e um em cada dois homens desenvolvem câncer durante a 
vida. Um quarto de todas as doenças americanas e mais ou menos 15% de 
todas as mortes no mundo são atribuídas ao câncer. Em alguns países, o 
câncer já é a causa de morte mais comum, superando as doenças 
coronarianas. 
 
“O câncer não é uma doença, mas muitas. Podemos chamar todas da 
mesma maneira porque compartilham uma característica 
fundamental: o crescimento anormal das células. Além dos pontos 
biológicos em comum, há pontos políticos e culturais importantes que 
aparecem nas várias encarnações do câncer e justificam uma 
narrativa unificadora. Não é possível considerar as histórias de todas 
as variedades da doença de 4 mil anos.” (MUKHERJEE, 2012, p. 1) 
 
É muito difícil assumir esse compromisso em abordar um tema que 
ainda é muito pouco discutido nas esferas acadêmicas da Educação Física, 
mesmo porque os currículos universitários ainda não dispõe de disciplinas que 
atendam essa necessidade que já se faz urgente. Um profissional de Educação 
Física deveria estar preparado, ou melhor, muito bem preparado para conhecer 
doenças como o câncer e saber das possibilidades e necessidades de 
prescrições de exercícios físicos para a prevenção e o tratamento de tais 
doenças. 
Mesmo o câncer como uma doença antiga, como muitas outras, pouco 
se tem feito para “enfrentá-lo” de uma forma mais transdisciplinar – aqui se 
observa como a EFA também é parte das disciplinas da saúde – a única 
alternativa que é conhecida como tratamento e prevenção, pelo menos mais 
aceita, ainda é a medicina. Por isso a necessidade em que os professores de 
EFA têm em “ocupar” esse espaço que é fundamental para as pessoas 
comprometidas com o câncer. 
Uma evidência epidemiológica concreta demonstra relação inversa 
significativa entre a quantidade de atividade física ocupacional ou nas horas de 
lazer e a redução no risco de câncer por todas as causas. Por exemplo, uma 
revisão concluiu que a magnitude de efeito protetor da atividade física sobre o 
 
51 
 
câncer estrogênio-dependente justifica a inclusão do exercício de baixo a 
moderado com uma estratégia preventiva prudente. Outros estudos 
comunitários em larga escala da hiperplasia colorretal e prostática indicam que 
a maior atividade física acarreta uma redução significativa no risco e na 
mortalidade por câncer. Por exemplo, um estudo de quase 122 mil mulheres 
constatou que o exercício realizado pelo menos 1 hora diariamente reduzia em 
20% o risco de câncer de mama. Ainda mais, a proporção de homens com alto 
risco para câncer do cólon sofreria uma redução significativa se os homens 
pudessem eliminar os fatores de risco modificáveis, incluindo a inatividade 
física e o consumo excessivo de carnes vermelhas, a obesidade, o consumo de 
álcool, o tabagismo e a baixa ingestão de ácido fólico. 
Várias hipóteses explicam de que maneira o exercício reduz o risco de 
câncer. Por exemplo, o mecanismo para redução do risco de câncer da mama 
pode envolver o efeito redutor do exercício sobre o estrogênio, um hormônio 
que estimula o crescimento das células mamárias. A atividade física regular 
reduz também os níveis circulantes de glicose sanguínea e de insulina e eleva 
os hormônios corticosteroides. O exercício aumenta os níveis de citosinas anti-
inflamatórias e amplia a expressão dos receptores da insulina nas células T 
responsáveis pela luta contra o câncer. Além disso, a atividade física promove 
a produção de interferon, estimula a atividade de glicogênio sintetase, acelera 
a função dos leucócitos, aprimora o metabolismo do ácido ascórbico e exerce 
efeitos benéficos sobre a ativação dos pró-vírus ou dos oncogênios – fatores 
esses que poderiam todos retardar a formação dos tumores cancerosos. A 
atividade física parece reduzir também o volume e, em menor grau, o número 
de focos metastáticos nos pulmões de certos roedores alimentados com dietas 
ricas em lipídios. (McARDLE, 2003) 
Ví deo 
Para conhecer um pouco mais sobre o câncer, como surge, 
alguns tipos e formas de prevenção, assista ao vídeo Câncer: 
Conhecer, Prevenir e Vencer, da Academia de Ciência. 
Disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=HU2sXd5H48Q 
 
 
52 
 
 
A revista “JAMA” levanta uma questão: “Será que a adoção da prática 
de exercícios físicos depois do diagnóstico de câncer aumentaria os índices de 
cura?” Os resultados apontam que o câncer pode ser tratado de outra maneira, 
depois da cirurgia e dos tratamentos complementares (2.987 mulheres 
operadas de câncer de mama), aquelas que passaram a caminhar pelo menos 
30 minutos, em média, cinco vezes por semana, na velocidade de cinco a seis 
quilômetros por hora, apresentaram cerca de 60% de redução do risco de 
recidiva da doença. 
Esses “achados científicos” acima relatados, mostram a natureza e a 
importância do “corpo em movimento.” Para que o movimento, por si só, 
retorne como benefício para a saúde dos indivíduos sãos e dos que 
apresentam alguma doença, como o câncer, a sistematização das atividades é 
necessário. 
 
Sugestões de sistematização das atividades físicas para prevenir e 
combater o câncer: 
 
1. Dados clínicos, estado geral do paciente (ou em bom estado de saúde), 
idade, sexo, práticas anteriores de atividades físicas, estágio da doença, 
tipos de remédios recomendados e outras informações que possam 
colaborar com a história do paciente, serão necessários antes de iniciar 
o planejamento de atividades (ver anexo). 
2. Com os dados em mãos, aconselha-se a conhecer o tipo e valores do 
batimento cardíaco por minuto (bpm) do paciente, em repouso e em 
movimento. Para não precisar se estender nos protocolos mais 
indicados sobre bpm, e nem especificar os tipos de severidade da 
doença; aconselha-se uma caminhada em local plano em um tempo que 
o paciente possa elevar os valores do batimento cardíaco e o professor 
(ao lado do paciente), usando um frequêncímetro, possa quantificar a 
resposta do coração para o esforço solicitado, sendo que o professor 
deve também conhecer a Pressão Arterial (PA) depois dos exercícios. 
Lembrando que, para cada estágio de doença, uma cobrança específica 
para encontrar a elevação do batimento cardíaco. Como apoio o 
 
53 
 
professor deve usar a Escala de Borg (instrumento para o controle da 
intensidade do exercício) (anexo 2 e 3) e/ou a Percepção Subjetiva de 
Esforço (PSE) com a comunicação não verbal (por faces). 
 
 
É bom lembrar que, esses instrumentos podem ser usados com 
pessoas que não se comunicam pela fala. 
 
 
 
 
O resultado desse “primeiro encontro” acompanhados de escalas de 
esforço, podem colaborar no planejamento inicial de atividades físicas. 
Se o paciente (subentende-se que, muitas vezes, os pacientes também 
estão em fases escolares) suportar uma carga diária de exercícios físicos, o 
professor deverá prescrever atividades para todos os dias da semana. Quem 
sabe um descanso semanal. 
 
3. A caminhada diária deve ser o exercício preferencial – o tempo será de 
acordo com o estágio da doença, mesmo assim, acredita-se que, menos 
que 15 minutos de exercício é sempre improdutivo. Tempos próximos de 
30 min. e 60 min. entre caminhada e resistência muscular localizada, 
são possíveis para a maioria dos doentes. 
4. Subida e descida de degraus (step), com ou sem apoio, provocando um 
aumento da BPM, próximo dos 65% a 70% do máximo, também são 
recomendados 
 
Saiba Mais 
Uma das fórmulas mais usadas e mais fácil par se 
conhecer o Bbpm/máximo de um indivíduo, é bpm/máx.

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