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DIREITOS DA PESSOA IDOSA Critério cronológico – art. 1º Estatuto do Idoso – EI - Lei nº 10.741/03: Pessoa com idade igual ou superior a 60 anos. Para gozo de alguns direitos – 65 anos – gratuidade transporte público coletivo – art. 39 EI - e art. 230, §2º da CF – diferenciação (art. 39 do EI) reconhecida como constitucional – ADI 3768/DF Terceira idade (HUET) – maturidade, desvinculação do trabalho formal Caracterização da Velhice Associada a uma carga negativa Grécia: velhice era o mal da vida – se cultiva a perfeição física e beleza Ainda é um desvalor social porque é pessoa associada a dependência, improdutividade, fraqueza, fardo para os jovens. Preocupações: art. 230 da CF (único artigo da CF que trata exclusivamente desse tema) e arts. 2º e 3º do EI Previsão IBGE: em 2039 mais idosos do que crianças até 14 anos e em 2060, 1 em cada 4 pessoas terá mais de 65 anos. Necessidade de sua proteção integral Preservação de sua dignidade Garantia de sua autonomia Prevenção da violência contra a pessoa idosa Não discriminação e exclusão social – inclusão social ativa Há uma grande semelhança entre o estatuto da criança e do adolescente, uma preocupação em se proteger o início e o fim da vida. A preocupação é com a necessidade de sua proteção integral, ou seja, garantir que haja o maior leque de direitos possíveis a pessoa idosa. Segunda preocupação é quanto a preservação da sua dignidade, por conta dessa chancela que foi posta a respeito da pessoa idosa que é uma fase da vida que a pessoa passa a ser improdutiva. É necessário garantir a sua dignidade. Garantia da autonomia da pessoa idosa, porque ela não é uma pessoa incapaz. Envelhecimento ativo Envelhecimento ativo – processo pela qual se otimizam as oportunidades de bem-estar físico, social e mental durante toda a vida com o objetivo de ampliar a expectativa de vida saudável, a produtividade e a qualidade de vida na velhice (II assembleia internacional sobre o envelhecimento, da ONU, 2002) No Brasil esse conceito precisa ser analisado com cuidado porque a pessoa chega antes do 60 com muitas fragilidades de saúde (Ex.: desnutrição, trabalho penoso na área rural). PROTEÇÃO INTERNACIONAL Declaração universal dos direitos do Homem – art. XXV – 1 Protocolo adicional à convenção americana sobre os direitos Humanos (pacto de S.J. da Costa Rica) – protocolo se San Salvador – art. 17 Plano de ação internacional de Viena sobre o envelhecimento (I convenção internacional sobre o envelhecimento – ONU, 1973) – 62 recomendações Segundo Plano de Ação Internacional de Madri sobre o envelhecimento de uma declaração política (II convenção internacional sobre envelhecimento – ONU, 2002) Convenção interamericana sobre a proteção dos direitos humanos idosos (2015) – ainda não ratificada pelo Brasil Dentro do sistema de proteção dos Direitos Humanos da ONU há um sistema global com documentos mais gerais, como é a declaração universal, e também o sistema regional, que tem como foco procurar aproximar os documentos internacionais da realidade daquele país. Somente se for verificada a omissão de um país signatário que autoriza que se recorram ao sistema regional de direitos humanos. Essa convenção ainda não foi ratificada pelo Brasil, existe um projeto para que ela seja inserida na legislação brasileira, mas ainda não se sabe se a mesma será inserida pelo quórum qualificado (2/5) – passando a valer como emenda constitucional. Se essa convenção interamericana sobre a proteção dos direitos dos idosos não for aprovada pelo quórum qualificado, ela será qualificada como uma norma supralegal – abaixo da constituição federal, mas acima da normativa ordinária. A convenção de Nova York foi aprovada pelo quórum qualificado (art. 5º, §3º) – tem status de emenda constitucional. CONVENÇÃO INTERAMERICANA SOBRE PROTEÇÃO DOS DH IDOSOS Integra o sistema interamericano de proteção dos DH – OEA – integra o sistema regional de proteção dos direitos humanos Visa fortalecer a proteção no âmbito regional Garantir os direitos e liberdades fundamentais Prevê mecanismos de acompanhamento da implementação e de denúncia ou queixa por violação às suas disposições. Incidência do princípio hermenêutico básico de primazia à norma mais favorável à pessoa humana Aplicação dos princípios gerais: - da dignidade da pessoa humana; - do protagonismo – ele tem relação com a autonomia e a independência, porque significa que a pessoa idosa precisa ter uma vida onde ela é a protagonista da sua própria vida, ela é a principal pessoa da sua vida; - da independência; - da autonomia; - da participação e inclusão social plena; - da solidariedade – CF fala que o nosso objetivo é construir uma sociedade livre, justa e solidária; - do fortalecimento da proteção familiar e comunitária PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL - art. 3º, IV (vedação ao preconceito em razão da idade); - art. 7º, XXX (proibição de discriminação de salário, exercício de função e critério de admissão em razão da idade) - art. 201, I (previdência social – atenderá a cobertura do evento “idade avançada”), §7º, II (requisitos para aposentação) - art. 203, I (assistência social – proteção à velhice) e V (bpc) - art. 229 (obrigação dos filhos ajudar e amparar os pais na velhice) - art. 230 e §§1º e 2º (reconhecimento da vulnerabilidade e dever de solidariedade da família, sociedade e Estado, com a participação comunitária, respeito a sua autonomia, garantia de convivência familiar, transporte coletivo urbano gratuito) - o §2º do art. 230 da CF é de eficácia plena e aplicabilidade imediata – STF ADI 3768 ESTATUTO DO IDOSO Além da preocupação constitucional foi necessário estabelecer o estatuto do idoso. O EI traz uma série de preocupações que coincidem com as já abordadas nos tratados internacionais e na CF. - proteção integral – paralelo com o estatuto da criança e do adolescente; - dignidade da pessoa humana; - não discriminação; - autonomia – relação com aquela preocupação de garantir o protagonismo; - integração social; - participação social ativa- não simplesmente estar na sociedade, mas participar da sociedade, quer seja utilizando os mecanismos disponibilizados nas cidades para as demais pessoas, quer seja participando da vida social da cidade; - criminalização da violência e condutas discriminatórias PRINCIPAIS EIXOS - direito à liberdade, ao respeito e à dignidade; - direito à alimentação; - direito à vida e saúde; - direito à educação; - direito à moradia; - direito ao trabalho; - direito à assistência social e previdenciária; - direito à cultura, esporte, lazer e turismo; - direito ao transporte; - direito à proteção; - direito à convivência familiar e comunitária; - acesso à justiça; - tipificação de crimes e infrações administrativas Lei 8.842/94 – instituí a política nacional do idoso É regulamentada pelo decreto 1.948/96 Objetivo: assegurar os direitos sociais da pessoa idosa, criando condições para promover a sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade, estabelecendo a idade de 60 anos para a definição da pessoa idosa (arts. 1º e 2º) - art. 6º prevê conselhos nacional (criado pelo decreto 4.227/02 e alterado pelo decreto 9893/19), estadual, do distrito federal e municipais do idoso - conselhos são órgãos permanentes, paritários e deliberativos, compostos de igual número de representantes dos órgãos e entidades públicas e de organizações representativas da sociedade civil ligadas à área - competência: supervisão, fiscalização e avaliação da política nacional do idoso, no âmbito das respectivas instâncias político-administrativas (art. 7º) OUTROS DIPLOMAS LEGAIS Lei 8.212/91 – organiza a seguridade social e estabelece (art. 4º) o direito à assistência social durante a velhice; Lei 8.213/91 – estabelece os planos de benefícios da previdência social – ex. aposentadoria e pensão Lei 8.742/93 – LOAS – trata do idoso em vários artigos e do BPC (art. 2º, I, “e”, e art. 20 e parágrafos) – assistência social é pautada na miserabilidade, ela não pressupõe uma contraprestação para que seja fornecida algum benefício.Lei 9.029/95 – veda conduta discriminatória na contratação e manutenção da relação de emprego em razão da idade Lei 10.048/00 – trata das prioridades no atendimento da pessoa idosa Lei 10.098/00 – cuida da acessibilidade Lei 10.048/00 e Lei 10.098/00 foram regulamentadas pelo decreto 8.296/04 que no art. 5º, §1º, II, define pessoa com mobilidade reduzida não é PCD e tem dificuldade de movimentar-se, com redução de mobilidade – muitas vezes pode ser uma pessoa idosa Código Civil – por exemplo art. 38 e 1641 – com referências expressas CPC – prioridade absoluta de tramitação processual (art. 1048); pagamento de custas ao final (art. 88 EI) – pelo STJ só vale para ações de tutela coletiva CPP – art. 220 – depoimento do idoso onde estiver, se impossibilidade de comparecer ao fórum ou a antecipação do depoimento de pessoa idosa (art. 225) CP também trata de alguns dispositivos, por exemplo arts. 61, “h” e art. 115. DIREITOS BÁSICOS - liberdade, respeito e dignidade (art. 10 e parágrafos EI) - ligados ao direito de envelhecer; - formam tripé de sustentação do princípio da proteção integral (art. 2º, EI), com prioridade absoluta (art. 3º, EI) - prioridade absoluta com ressalvas porque concorre com a mesma prevista na CF para C.A.J (art. 227 da CF) A terceira Turma do STJ decidiu que não caracteriza discriminação abusiva a prática das instituições financeiras de impor restrições ao empréstimo consignado quando a soma da idade do cliente com o prazo do contrato for mais que 80 anos (REsp 1783731/PR, Min. Nancy Andrighi, Dje 26.04.2019) Argumentos pró e contra - argumento contra a restrição: EI – art. 96 – discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da cidadania, por motivo de idade - argumento pró (da instituição financeira) Proteger a população idosa do superendividamento, dado a facilidade de acesso ao empréstimo consignado e o caráter irrevogável da operação. Além disso, o banco disponibiliza outras opções de acesso ao crédito para aposentados. Principais fundamentos da decisão O critério etário para distinguir o tratamento da população em geral é válido quando é adequado, razoável, fundado no ordenamento jurídico, atentando-se aos princípios da igualdade e dignidade da pessoa humana. O código civil também se vale de critério positivo de discriminação ao exigir, por exemplo, o regime de separação de bens aos maiores de 70 anos (art. 1641, II) Realidade fática do superendividamento da pessoa idosa Facilidade de acesso ao crédito consignado O caráter irrevogável da operação Disponibilização de outras opções de acesso ao crédito DIREITOS BÁSICO – ALIMENTAÇÃO - direito à alimentação: é um direito social (art. 6º e 229, CF) Art. 11 do EI remete à “lei civil”, que são o CC, arts. 1964-1710 e a lei 5.478/68 Dever alimentar decorre do parentesco e do dever de solidariedade familiar, na preservação da dignidade humana Dever alimentar: linha reta: filhos, netos e etc – sem limites e colateral até segundo grau Obrigação é solidária (art. 12 EI) podendo a pessoa idosa optar entre os parentes, diferentemente do que ocorre no CC, que reconhece a obrigação como conjunta e divisível (art. 1698) Ausência da família, o dever é do estado, supletivamente (art. 14 EI) e uma das formas é pelo BPC Transação alimentar perante o MP e a Defensoria Pública tem força de título executivo extrajudicial (art. 13 do EI e 784, IV do CPC) – caráter protetivo e celeridade na obtenção dos alimentos VIDA E SAÚDE Art. 9º EI – obriga a destinação privilegiada de recursos públicos e prioridade de acesso à rede de serviço de saúde (art. 3º, parágrafo único, I, III e VIII do EI) Os direitos prestacionais o Estado tem que disponibilizar esse serviço, eles têm característica de progressividade, ou seja, não se consegue implementar imediatamente. Esses direitos são conquistados progressivamente. Aqueles direitos fundamentais prestacionais que você já conseguiu uma certa concretização, eles não podem ser eliminados sem que haja substituição daquele serviço ou daquela forma de prestação por outro. Eles também tem a característica de que por serem prestacionais exigirem uma fonte de custeio. Atendimento via SUS – a lei 13.466/17 alterou art. 15 do EI e deu prioridade sobre a prioridade (60 anos) ao maior de 80 anos (exceto nas emergências) Art. 15, §1º EI estabelece as diretrizes para saúde Responsabilidade é solidária entre união, estados, municípios e DF – art. 23, II, da CF (STF – RE 855178.J.23.5.2019 – Tema 793) Embora em regra, seja sempre realizada pelo Município que é responsável pela atenção básica à saúde, que é a porta de entrada para o sistema único de saúde. Pessoa idosa hospitalizada tem direito a acompanhante independente da gravidade da situação e em tempo integral, salvo restrição médica (art. 16 EI) - art. 19 e §1º EI – serviços de saúde, público ou privado, são obrigados a comunicar autoridades sanitárias ou policial, MP, conselho estadual e nacional do idoso qualquer suspeita de violência contra idoso. DIREITO À EDUCAÇÃO - art. 20 do EI e 205 da CF – direito de todos e dever do estado, família, com a colaboração da sociedade e deve estar disponível àqueles que não tiveram acesso na idade própria (art. 208, I, da CF), respeitadas as peculiaridades da pessoa idosa (art. 20 parte final e 21 EI) Esse atendimento na educação para pessoas idosas se dá através do EJA (educação de jovens e adultos) Poder público deve apoiar a criação das universidades abertas da terceira idade – em estados como São Paulo e da região sul do país tem sido amplamente divulgado. Meios de comunicação também devem informar a todos sobre o processo de envelhecimento para colaborar com eliminação do preconceito (art. 24, EI) – há sempre um preconceito de que as pessoas idosas são um peso para sociedade. Em mais de uma oportunidade aparece a dignidade da pessoa humana da pessoa idosa. DIREITO À MORADIA É um direito social (art. 6º, CF) – define que a pessoa idosa pode escolher por permanecer com a sua família ou uma família substituta — aqui nós estamos utilizando o conceito do ECA, uma família que acolhe, mesmo sem ter laço consanguíneo — ou desacompanhado, ou em uma instituição pública ou privada (art. 37, do EI) Ainda que os filhos queiram, a opção sobre a moradia é do idoso. A pessoa idosa sem condições de se manter ou ser mantida pela família ou em situação de abandono tem direito a ser institucionalizado/acolhido em local público ou, inexistindo este, em local particular, às expensas do Estado (art. 5º, §1º, 23, II, 203, I, da CF e 37, caput do EI) A família é o principal responsável pelo bem-estar da pessoa idosa, de maneira que ele tem o direito de ter convivência com ela. Viver em ILPI (instituição de longa permanência de idoso) é exceção (art. 230, §1º, CF e 37, §1º do EI) e deve ocorrer: - por opção da pessoa idosa - no caso de inexistência de grupo familiar ou casa-lar - no caso de abandono ou carência financeira da própria ou da família Modalidades não asilares de atendimento que devem preferir ao acolhimento em ILPI: centro de convivência, centros de cuidados diurnos, casa-lar, oficina abrigada, atendimento domiciliar e outras propostas pela própria comunidade (previsto no art. 4º do decreto 1.948/96 que regulamentou a lei 8.842/94) Abandonar pessoa idosa em ILPI pode caracterizar crime – art. 98 EI Prioridade na aquisição de imóvel em programas habitacionais Direito ao trabalho CF (art. 3º, IV e 7º, XXX) veda qualquer forma de discriminação em razão da idade Art. 26 EI – direito ao exercício de atividade profissional e art. 27 veda discriminação em razão da idade, salvo se a natureza do cargo justificar Art. 27, parágrafo único do EI: idade é critério de desempate em concurso público Discriminar pode caracterizar o crime do art. 100, I e II do EI ASSISTÊNCIA SOCIAL Assistência social – além da assistência geral, ela também objetiva a proteção à velhice (art. 203, I daCF) BPC – integra o SUAS (sistema único de assistência social)– previsto no art. 203, V, da CF e regulamentado pela lei orgânica da assistência social (lei 8.742/93 – art. 20 e parágrafos) – salário-mínimo pago pelo Poder Público a pessoa idosa que não puder se manter ou ser mantida pela família Tem a miserabilidade como justificativa – não é beneficio previdenciário Reclamação 4.374/2013 declarou a inconstitucionalidade da limitação imposta pelo §3º do art. 20 da LOAS Processo de inconstitucionalização do §3º e reconhecimento de omissão inconstitucional parcial em relação ao dever constitucional de efetivar a norma do art. 203, V só pelo fator da renda (princípio da proibição da proteção insuficiente) Art. 105 da Lei brasileira de inclusão – trata da pessoa com deficiência – autoriza que se utilize outros fatores para a concessão do BPC, além do fator renda. Após o julgamento o fator renda é um dos critérios Art. 20 da LOAS e 34 do EI – faz jus a pessoa idosa a partir de 65 anos (CF/88 não alude a idade) DIREITO AO ESPORTE, CULTURA E LAZER Diferencial é a concessão de desconto (art. 23 EI) 50% do valor do ingresso do idoso com 60 anos ou mais: Em eventos esportivos; Artísticos; Culturais; Expositivos; De lazer; Com acesso preferencial O STJ no julgamento 1512087 min. Herman Benjamin, definiu que esse tipo de benesse se aplica a outros serviços ligados ao lazer, como foi o caso da linha de turismo de Curitiba. Transporte gratuito: condição mínima de mobilidade e relacionada à liberdade e participação comunitária da pessoa idosa Transporte coletivo urbano: gratuidade para maiores de 65 anos (art. 230, §2º, CF) Esse direito ao transporte público gratuito pode ser visto como um direito meio, porque garante mobilidade a pessoa idosa. Art. 39 do EI autoriza que a legislação local estabeleça a gratuidade a partir dos 60 anos “por lei de iniciativa do executivo ou da Câmara municipal” (STF RE 702.848-SP) Art. 39 do EI estendeu a gratuidade para transporte coletivo semiurbano mantendo de fora o modelo especial e o seletivo, prestados paralelamente ao regular, o que foi reconhecido como constitucional (ADI 3.768/DF) Transporte coletivo interestadual rodoviário, ferroviário e aquático: art. 40 do EI e decreto 5.934/06: reserva de 2 vagas gratuitas por veículo para idoso com renda igual ou inferior a 2 salários-mínimos e 50% de desconto, no mínimo, no valor da passagem aos idosos que excederem aquele limite e, também tenham baixa renda. REsp 1.543.465-RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Dje 04/02/2019 “A reserva de 2 vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 salários-mínimos, prevista no art. 40, I, do EI, não se limita ao valor das passagens, abrangendo eventuais custos relacionados diretamente com o transporte, em que se incluem as tarifas de pedágio e de utilização dos terminais”. Não pode ser cobrada taxa extra Principal fundamento da decisão do STJ O constituinte de 88 deu especial atenção ao transporte do idoso que, além de um direito é uma garantia que facilita o dever de amparo e assegura a sua participação na comunidade, seu bem-estar e sua dignidade (arts. 229 e 230 da CF/88) No julgamento se reconheceu a ilegalidade, por excesso de regulamentação, do parágrafo único do art. 8º do decreto 5.934/06 que excluía a isenção reconhecida Transporte aéreo depende de regulamentação Violação desta regra pode caracterizar o crime do art. 96 do EI SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE: MEDIDAS PROTETIVAS A base dessas medidas protetivas são: arts. 229 e 230 da CF + arts. 2º, 3º, 4º e 10, §3º do EI e disposições da lei 8842/94 (política nacional do idoso) Art. 43 EI – incidência das medidas de proteção: - ação ou omissão do estado ou sociedade; - falta, omissão ou abuso da família, curador ou entidade de atendimento; - em razão de sua condição pessoal Vulnerabilidade analisada em cada caso concreto Família é o primeiro e principal núcleo responsável pelo cuidado da pessoa idosa, que tem direito a este convívio - Visa fortalecer os vínculos familiares e sociais Poder público é obrigado a manter políticas públicas protetivas, de forma articulada com ações não governamentais (art. 46 e 47 EI e 4º, IV e 5º da Lei 8.842/94) ROL EXEMPLIFICATIVO – art. 45 I – encaminhamento à família ou curador, mediante termo de responsabilidade II – orientação, apoio e acompanhamento temporários III- requisição para tratamento de sua saúde, em regime ambulatorial, hospitalar ou domiciliar IV – inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a usuários dependentes de drogas lícitas ou ilícitas, ao próprio idoso ou à pessoa de sua convivência que lhe cause perturbação V – abrigo (acolhimento) em entidade VI – abrigo (acolhimento) temporário Síndrome de Diógenes: acumulo de coisas. Nessas situações pode haver necessidade de intervenção, com acolhimento temporário ou permanente. Podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente e substituídas a qualquer tempo, sempre que necessário Acolhimento institucional sempre é exceção (primazia do atendimento no âmbito da família – art. 230, §º CF e 43, II e EI) Quaisquer outras medidas necessárias e emergenciais dentro do poder geral de cautela do magistrado – art. 300 e 301 do CPC e 82 EI (ex. afastamento de algum agressor do lar do idoso – art. 37 EI) Art. 313, III, CPP: prisão preventiva pela prática de crime envolvendo violência doméstica e familiar contra pessoa idosa, para assegurar execução de medidas protetivas de urgência Aplicação da lei Maria da Penha (lei 11.340/06 com alteração da lei 13.827/19) em favor da mulher idosa também no âmbito cível (STJ – REsp 1.419.421/GO) Direito Processual Civil – REsp 1419421/GO – Quarta turma – Dje 11/02//2014 Entidades de atendimento Entidades de atendimento: arts. 48 a 51 § 35, §§1º e 2º e 37, §§1º, 2º e 3º todos do EI Atendimento tanto em ILPI como não asilar, como os centros de convivência oficia abrigada de trabalho e outras – arts. 3º e 4º do decreto 1.948/96 que regulamenta lei 8.842/94 Entidades de atendimento e não só ILPI: são obrigadas a se inscrever na vigilância sanitária e conselhos municipais e estaduais do idoso Sofrem fiscalização do MP, vigilância sanitária, conselhos nacional, estadual e municipal do idoso, entre outros (bombeiros) ILPI Art. 49, DO EI, com previsão de responsabilização civil e criminal do dirigente São sanções distintas e que podem ser cumuladas – art. 49, parágrafo único Infrações administrativas e apuração de infração Arts. 56-58 do EI prevê infrações administrativas Arts. 59-68 do Ei: apuração e aplicação de sanções tanto em processo administrativo (arts. 59 a 63 do EI) como judicial (arts. 64 a 68 do EI) – vale a pena dar uma lida Penalidades: arts. 55 do EI MINISTÉRIO PÚBLICO MP participa ativamente da apuração (art. 74, VI do EI) e da responsabilização por infração ao EI, quer como parte, quer como fiscal da ordem pública Tanto o procedimento administrativo com o judicial podem ser iniciados pelo MP, além de terceiros STJ – jurisprudência em teses: O MP tem legitimidade para ajuizar ação civil pública com o objetivo de assegurar os interesses individuais indisponíveis, difusos ou coletivos em relação à infância, à adolescência e aos idosos, mesmo quando a ação vise à tutela de pessoa individualmente considerada. TUTELA JUDICIAL – PECULIARIDADES Como o EI não disciplina de forma completa ACP para tutela coletiva e de direito individual indisponível, se aplicam a lei 7.347/85 mais algumas regras do EI (art. 79 a 93) do CDC e CPC As astreintes vão para o fundo do idoso onde houver ou ao fundo municipal de assistência social onde não houver fundo do idoso e não do fundo de que trata o art. 13 da Lei 7.347/85 STJ REsp 1801884 – o idoso era réu no processo, e o autor da ação queria que o processo tivesse uma prioridade contra o idoso (réu), favorecendo a si mesmo com o julgamento antecipado da lide. INQUÉRITO CIVIL – PARTICULARIDADE No inquérito civil (privativo do MP), o EI estabelece prazo distinto para a resposta a requisição de informações,perícias e etc e é de 10 dias corridos (art. 92 EI). A lei da ação civil pública fala em 10 dias úteis. O prazo do EI é mais curto que o da lei da ACP Legitimados EI trata dos legitimados ativos no art. 81 Devemos acrescentar os sindicatos (art. 8º, III, da CF), a defensoria pública (art. 134 da CF) e entidades e órgãos da administração pública, ainda que sem personalidade jurídica que se destinem à defesa dos direitos deste segmento (art. 82, III, do CDC, aplicável por força dos arts. 93 do EI, 21 da Lei 7.347/85 – LACP e 90 CDC) MP – art. 74 EI e art. 73 a 77 do EI MP atua como fiscal da ordem jurídica (custos iuris) apenas quando a pessoa idosa estiver em situação de risco (hipóteses do art. 43 do EI) não se pode, a priori, presumir a incapacidade do idoso Importante papel do MP é na fiscalização das entidades de atendimento públicas e privadas e os programas, tendo livre acesso (art. 74, §3º do EI) CRIMES NO EI É preciso ler as disposições a partir do art. 94 do EI Destacamos: aplicação da lei 9.099/95 – art. 94 do EI – STF ADI 3.096 – interpretação conforme ADI 3096 Aplica-se apenas o procedimento da lei 9.099/95 (que é mais benéfico porque mais célere na punição ao agente) e não outros benefícios nela previstos para as hipóteses que prescrevem penas entre 2 e 4 anos Nas penas não superiores a 2 anos valem os benefícios da lei 9.099/95 Aos crimes com penas entre 2 a 4 anos aplica-se apenas a parte processual. E aos crimes com pena inferior a 2 anos aplicam-se também os demais benefícios.
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