Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Reprodutor Feminino e Glandula mamaria Desordens do desenvolvimento sexual: Hermafroditismo verdadeiro/intersexo: É mais comum em suínos (mais afetados), caprinos, cães, equinos, bovinos e felinos. Os hermafroditas verdadeiros apresentam tanto testículo quanto ovário, podendo ter testículo e ovário separados ou testículo e ovário em um mesmo tecido (ovotestis). Na maioria dos casos, o útero é desenvolvido Quanto a genitália externa, geralmente é ambígua já que devido a presença de testículo, há produção de testosterona. Então, animal apresenta vulva (lábios fundidos e clitóris aumentado, assemelhando-se a um pênis pequeno) e escroto (dentro apresenta estruturas semelhantes a testículo). Pseudo-hermafroditas: No caso dos pseudo-hermafroditas, a genitália interna e as gônadas são de um sexo e a genitália externa de outro. Então, um pseudo-hermafrodita macho apresentam testículos (geralmente intra-abdominais) e genitália externa feminina (vulva). Já um pseudo- hermafrodita fêmea apresenta ovários e a genitália externa masculina (prepúcio, pênis e escroto). O pseudo-hermafrodita macho geralmente tem testículo intra-abdominal, então o órgão apresenta maior risco de desenvolvimento de neoplasias do que o testículo localizado na bolsa escrotal. Quimerismo: Quimerismo é uma desordem do desenvolvimento sexual dos cromossomos sexuais conhecido como Freemartinismo. A espécie mais afetada são os bovinos. Os animais freemartins apresentam dois tipos de cromossomos geneticamente diferentes, ou seja, tem células XX e XY. Desenvolve-se quando há gestação gemelar de heterossexos, ou seja, um feto geneticamente feminino e o outro masculino. Nessas condições, o feto feminino sofre alterações no seu desenvolvimento em decorrência da influência de células e hormônios do feto masculino. A troca de células e hormônios ocorre por causa da anastomose dos vasos, fazendo com que a circulação sanguínea seja comum entre os dois fetos. A anastomose dos vasos ocorre precocemente durante a gestação da vaca, entre 40 dias gestacionais, quando a gônada fetal feminina ainda não completou seu desenvolvimento (tem diferenciação tardia em relação à gônada masculina). Por conta da anastomose, há transferência de testosterona e hormônio antimulleriano para o feto feminino. Esses hormônios interferem no desenvolvimento das gônadas e genitália externa feminina. A fêmea gerada terá fenótipo feminino e apresentará as seguintes características: Costuma ser estéril Gônadas constituídas de tecidos ovariano e testicular (ovoteste) Genitálias masculina mas menos desenvolvidas (testículos, ducto deferente e epidídimo moderadamente diferenciados; glândulas vesiculares pobremente desenvolvidas) Ovários pequenos e pouco desenvolvidos Túbulos seminíferos hipoplásicos Cornos uterinos hipoplásicos ou ausentes Vulva, vagina e vestíbulo curtos e diminuídos Vagina sem comunicação com a cérvix Glândula mamária pouco ou não desenvolvida Clitóris aumentado com tufos de pelo no local (ação da testosterona) Ovario Hipoplasia Desenvolvimento incompleto de um ou ambos os ovários, sendo caracterizado pela redução celular Agenesia Não formação dos ovários Anomalias do desenvolvimento: Hipoplasia: comum em vacas, geralmente bilateral e leva à subfertilidade ou à infertilidade. Agenesia: encontrado em ruminantes, suínos e cães; condição rara e um ou ambos os ovários não se desenvolvem. Duplicação ovariana: condição rara; desenvolvimento de dois ovários separados ou um único ovário se divide em dois Síndrome dos remanescentes ovarianos: cadelas/gatas castradas com duplicação podem exibir sinais de estro semelhantes a animais não castrados Cistos ovarianos São comuns, principalmente na égua. A localização varia e podem se desenvolver próximos ao ovário e tuba uterina (cistos paraovarianos) ou dentro do ovário (intraovarianos). Podem ser apenas um achado incidental (dependendo do tamanho) ou podem causar anestro prolongado (não entra no CIO por um longo período), atraso na liberação de LH durante o estro e, raramente, pode causar atrofia ovariano (quando o cisto é paraovariano e muito grande). Neoplasias: São bem mais comuns em cadelas, vacas, ovelhas e éguas. Geralmente ocorrem em animais adultos e idosos. Os tumores podem ser endocrinologicamente funcionais, alterando o comportamento do animal. As neoplasias crescem a partir de três origens: 1. Células germinativas 2. Cordões sexuais-estroma gonadal 3. Epitélio Tumores do cordão sexual-estromal: Tumores de células da granulosa/teca: Comum em cães e éguas, geralmente são unilaterais e benignos. Em éguas podem produzir testostenora (endocrinologicamente ativos), resultando em comportamento masculino, entrar em estro continuo ou intermitente ou anestro. Nas cadelas, podem estar associados a hiperplasia endometrial cística, piometra e estro prolongados são comuns. Tecoma/luteoma São infrequentes e benignos. Tumores epiteliais Adenomas císticos e papilares, adenocarcinomas papilares: Podem ser unilaterais ou bilaterais. Nas cadelas, são mais comuns os cistadenomas papilares e cistadenocarcinomas. Induzem a produção de hormônios esteroides e podem metastatizar por implantação. Tumores de células germinativas Disgerminoma: Tumor benigno que pode afetar todas as espécies e é histologicamente semelhantes ao seminoma. Teratoma: É um tumor maligno, raro e pode acometer cadelas. Se diferencia a partir de células germinativas, então pode ser encontrado diversos tecidos (duas ou mais camadas germinativas – ectoderma, mesoderma, endoderma). Pode ser encontrado pelo, osso, cartilagem, tecido neural e dentes por conta das células germinativas que se diferenciam de forma anormal. Tubas uterinas Anomalias do desenvolvimento: Aplasia segmentar: um segmento da tuba não se forma. Inflamação (salpingite): Principalmente secundária a infecções bacterianas ascendentes uterinas e geralmente a inflamação é bilateral (por conta da disseminação via ascendente). A palpação ovariana inadequada também pode causar inflamação. Alguns agentes que podem causar inflamação: Campylobacter foetus, Brucella abortus, Mycobacterium tuberculosis, Trueperella pyogenes, Ureaplasma, Mycoplasma Piossalpingite: haverá infiltrado de neutrófilo; inflamação supurativa; Streptococcus, Staphylococcus, Escherichia coli. Hidrossalpinge: distensão das tubas uterinas por fluido, obstruindo a tuba. utero Anomalias do desenvolvimento Aplasia segmentar: vacas, porcas e cadelas; útero unicorno (quando só um corno não desenvolve). Hipoplasia: ocorre nos casos de intersexualidade Anomalias de posição ou localização Torção uterina - Comum em vacas e éguas Para que a torção aconteça é obrigatório que o útero esteja distendo por algum motivo (prenhez, piometra, hidrometra). Normalmente, em útero prenhe é normal no terço médio da gestação. Em vacas, o ligamento intercornual bastante desenvolvido predispõe à torção uterina por volta dos 120 dias de gestação, quando o útero gestante começa a se projetar para a cavidade abdominal. Durante essa fase, o corno gestante se pturaprojeta por ação da gravidade, enquanto o corno não gestante tendo a ficar tracionado na cavidade pélvica, o que resulta em instabilidade predispondo à torção. A torção pode ser revertida mas quando é em 180°, animal sofre distocia. Na torção de 180°, ocorre compressão dos vasos, que provocara congestão e edema da parede uterina e em seguida edema de placenta, provocando morte fetal. Prolapso: Comum em ruminantes e porcas. É quando há exposição o útero (geralmente grávido) pela vagina. Pode acontecer por: distocia prolongada associada a tração forçada, retenção de placenta, hipocalcemia pós-parto. Em vacas, hipotonia uterina e contrações involuntárias Em ovelhas, ingestão de leguminosas estrogênicasConsequência do prolapso: congestão e edema, hemorragia e necrose, gangrena, morte ou infertilidade. Ruptura Pode ser espontânea ou após manipulações obstétricas. Pode ser completa (fatal devido à hemorragia intensa ou a peritonite) e secundaria a torção ou distocia prolongada. Endométrio Condições hiperplásicas: Hiperplasia endometrial cística (HEC): Comum em cadelas e gatas. É o aumento no número de glândulas do endométrio. Como as glândulas estão hiperplásicas, elas produzem bastante fluido. Glândulas dilatadas formam cavidades císticas. É uma alteração secundária a estimulações prolongadas e excessivas de estrógenos. Em cadelas, a HEC antecede a piometra. Acúmulo de exsudatos secretórios ou inflamatórios: Hidrometra (acúmulo de fluido translucido) e mucometra (acúmulo de muco). São resultantes de HEC, cistos, aplasia segmentar uterina e cérvix tortuosa. Desordens inflamatórias do útero: São causas importantes de subfertilidade em todas espécies. Na maioria dos casos são infecções ascendentes pós-parto ou durante o estro (abertura da cérvix e inseminação artificial com sêmen contaminado). Endometrite: Fisiologicamente: no pós-parto, há uma colonização bacteriana e conforme o útero vai involuindo, ele faz contração que elimina placenta, restos fetais e faz a eliminação gradual das bactérias. Quando persiste um resto de bactérias por mais de 3 semanas pós-parto, as bactérias ali presentes se proliferam e causam endometrite pós-parto. Em éguas, ocorre endometrite pós-coital sempre que o sêmen é depositado diretamente no útero. O sêmen é um material estranho para o ambiente uterino, mas é um processo normal e passageiro. Macroscopicamente, muco viscoso com pus. Vacas: Campylobacter fetus e tritrichomonas foetus Égua: Klebsiella pneumoniae, E. coli, Taylorella equigenitalis, estreptococos. Metrite: Ocorre no pós-parto, quando há retenção de placenta, abortos, restos fetais, partos gemelares e distocia. Na macroscopia: pouca ou nenhuma secreção vaginal. Ocorre morte decorrente de toxemia ou septicemia. Na necrose, a mucosa pode estar difusamente avermelhada, conteúdo com fibrina e avermelhado/sanguinolento. Piometra: Infecção supurativa crônica ou aguda com acúmulo de pus no lúmen uterino. Pode ocorrer como sequela de infecções uterinas. Comum na cadela e na gata: animais mais velhos ou não castrados e geralmente procede a hiperplasia endometrial cística. Complexo HEC-piometra: Comum em animais que nunca pariram ou que recebem tratamento anticoncepcional à base de progesterona. Quando o animal desenvolve HEC, ele continua ciclando. Mas como a progesterona está alta, aumenta a produção de secreção de fluidos dentro do endométrio. O acúmulo de fluidos distende o útero e quando o animal sai do estro, a cérvix vai se fechando, mantendo a secreção dentro do útero. Antes disso, a cérvix estava aberta por conta do estro e bactérias podem ter adentrado durante esse período. Com o fechamento da cérvix e o processo de mucometra, ocorre uma infecção ascendente e consequentemente, desenvolvimento de piometra. Existem dois tipos de piometra: Piometra aberta: cérvix aberta, ocorre extravasamento do exsudato purulento Piometa fechada: cérvix fechada, exsudato fica retido no útero Sinais clínicos: poliúria, anorexia, depressão, polidipsia, vômitos, secreção vaginal. Achados macroscópicos: abdômen distendido, útero distendido, conteúdo fétido, parede do útero friável, rim com áreas avermelhadas em sua superfície capsular. Em vacas, geralmente é pós-parto e causa persistência do corpo lúteo. Pode ser secundária a endometrite, distocias, retenção de placenta e infecções venéreas T. pyogenes, pseudômonas, T. foetus, estreptococos hemolíticos, estafilococos Em éguas, não sofrem influência hormonal, então a piometra é secundária a aderências e fechamentos da cérvix, partos difíceis ou cobertura com contaminação. Manifestações clínicas extragenitais: - Toxemia e bacteremia intermitente - Lesões renais: podem causar hipotensão severa, que diminui a perfusão renal e resulta em uremia pré-renal - Bacteremia leva a deposição de imunocomplexos no glomérulo, causando glomerulonefrite membranoproliferativa. Neoplasias Leiomioma: cadelas. Benigno, deriva-se da camada de músculo liso Adenocarcinoma: vacas e coelhas. Maligno, tumor epitelial Metástase em linfonodos regionais e pulmões Linfoma: vacas infectadas pelo vírus da Leucose Enzoótica Bovina utero gravido, placenta e feto Morte embrionária fetal: MORTE EMBRIONÁRIA: embrião/zigoto degenerado é reabsorvido ou expelido do útero no próximo estro. ABORTO: ocorre durante o desenvolvimento fetal. O feto não consegue sobreviver no ambiente extrauterino e é expelido vivo ou morto. NATIMORTO: o feto é viável mas nasce morto. Mumificação: Acontece no caso em que a morte fetal não é acompanhada de expulsão fetal e o ambiente uterino permanece livre de contaminação bacteriana (degeneração asséptica). Há ausência de infecção bacteriana e a cérvix permanece fechada. Pode ser expelido a qualquer momento ou fica retido por tempo indeterminado. Feto retido desidratação massa seca e firme, inodora, vermelha, marrom ou preta. Causas: gestação gemelar em éguas, tricomoníase e BVD em vacas, herpesvírus em cadelas, torção de corno uterino em gatas, parvovirose em porcas. Maceração e enfisema: Nos casos em que a morte fetal não é seguida de expulsão fetal e há contaminação bacteriana do ambiente uterino que resulta na putrefação dos tecidos moles do feto, sobrando apenas os ossos fetais dentro do útero (feto se liquefaz e pode expandir por gás, sendo ossos e pelos resistentes). A causa é sempre bacteriana e o útero também é afetado, causando endometrite e piometra. Causa toxemia e morte da fêmea. Causas: Brucella spp., Compylobactes spp., Chlamydia abortus, Caxiella burnetii, herpesvírus, Listeria monocytogenes, Mycoplasma spp., Ureaplasma spp., Neospora caninum, Salmonella sp., Toxoplasma gondii Falhas na gestação – não infecciosas: Hidroâmnio/hidroalantoide, estresse, anomalias (artrogripose, hidrocefalia), torção umbilical, hipertermia, doenças nutricionais, toxicoses, vários fetos, traumas. Cervix, vulva e vagina Anomalias do desenvolvimento Hipoplasia/aplasia segmentar da cérvix: um ou mais anéis Canal cervical tortuosa: ausência de anéis Duplicação cervical: fusão imperfeita dos ductos de Muller Doenças infecciosas Vulvovaginite pustular infecciosa dos bovinos: É provocada pelo HVB-1, agente da rinotraqueíte infecciosa bovina. Os subtipos 1.2a e 1.2b estão associados às lesões da genitália externa tanto em machos quanto em fêmeas. O vírus invade as mucosas, especialmente do trato genital, ocorrendo transmissão venérea (pelo coito) ou pelo sêmen. Após a infecção das células epiteliais na mucosa vaginal, há intensa replicação viral. À macroscopia, observa-se no início pústulas na mucosa vaginal, que coalescem e resultam em ulcerações com deposição de exsudato fibrinopurulento na superfície da lesão. Nessa fase, a lesão é de transmissão venérea (causa balanopostite pustular infecciosa nos machos). O vírus pode se disseminar, ocasionando viremia e lesões em outros órgãos, o que pode acarretar aborto em vacas gestantes. Lesões: Hiperemia das mucosas → secreção vaginal mucopurulenta Edema e hemorragia vulvar → erosões e úlceras recobertas por placas cinzas Fertilidade reduzida em fêmeas Balanopostite com pústulas na mucosa do pênis e prepúcio em machos O diagnóstico se baseia em achados de necropsia, exame histopatológico e identificação viral. Neoplasias: Leiomioma Fibropapiloma – vacas infectadas por papilomavírus bovino tipo 1 Linfoma Carcinoma de células escamosas – CCE (vulva) Ruminantes Pele despigmentada ou pouco pigmentada Exposição à radiaçãoultravioleta Tumor venéreo transmissível (TVT) Afeta também o macho e é transmitido por implantação durante a cópula. Se caracteriza por proliferação com nódulos friáveis e hemorrágicos na mucosa vaginal. Na histologia, proliferação de células de aspecto histiocitário. Glandula mamaria Mastites Ocorre em todas espécies domesticas, embora seja mais importante (economicamente) em bovinos, particularmente vacas leiteiras. Os agentes causadores, na maioria dos casos, chegam à glândula mamária por via ascendente, pelo canal do teto, mas também acontecem por via hematógena e, eventualmente, por extensão direta de lesões dos tetos ou úbere. Em alguns casos, o processo inflamatório da glândula mamária não resulta em alterações macroscópicas ou clínicas da glândula e da secreção láctea, apesar de ocorrerem alterações histológicas no parênquima mamário e aumento na contagem de células somáticas no leite. Os agentes mais habituais de mastite em bovinos incluem Streptococcus (S. agalactiae, S. dysgalactiae e S. uberis), Staphylococcus (S. aureus, S. intermedius e S. hyicus) e coliformes (Escherichia coli, Enterobacter sp., Klebsiella sp., Citrobacter sp., Proteus sp. e Serratia sp.) Neoplasias: As neoplasias de glândulas mamárias são muito comuns na cadela e na gata (são mais agressivos), sendo raro em ruminantes e equinos. O desenvolvimento de neoplasias na glândula mamária sofre forte influência hormonal. Esses tumores são quase uma exclusividade de cadelas e gatas e ocorrem excepcionalmente em machos, em geral quando eles apresentam disfunções endócrinas que cursam com hiperestrogenismo. Embora as neoplasias mamárias sejam, em geral, de origem epitelial (adenomas ou carcinomas), com frequência há envolvimento mioepitelial, sendo comuns neoplasias mamárias com componente fibroso, cartilaginoso ou ósseo, derivado de células mio-epiteliais dos ácinos mamários. Hiperplasia fibroadenomatosa: Na gata, progestágenos utilizados como anticoncepcionais induzem proliferação de ductos e tecido fibroso, condição conhecida como hiperplasia fibroadenomatosa, que afeta toda a cadeia mamária de maneira difusa, com formações hiperplásicas nodulares. São resultantes de hipersensibilidade a progesterona. São proliferações benignas compostas por tecido fibroso e epitélio ductal. Os nódulos são firmes e podemser múltiplos, que podem crescer acentuadamente e necrosar. A mastectomia parcial ou total é recomendada dependendo da extensão dos nódulos. A utilização de bloqueadores de progesterona pode acarretar em regressão dos nódulos.
Compartilhar