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3
 
DIREITO PENAL
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
	
Sumário
1	CONSIDERAÇÕES INICIAIS	3
1.1	CONCEITO DE DIREITO PENAL	3
1.2	POSIÇÃO DO DIREITO PENAL NA TEORIA GERAL DO DIREITO	4
1.3	CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL (Magalhães Noronha)	5
1.4	FUNÇÕES DO DIREITO PENAL	5
1.5	ENCICLOPÉDIAS PENAIS	7
1.5.1	Política Criminal	7
1.5.2	Criminologia	7
1.5.3	Vitimologia	8
1.6	DIVISÕES DO DIREITO PENAL	8
1.6.1	DP Fundamental x DP Complementar	8
1.6.2	DP Comum x DP Especial	8
1.6.3	DP Geral x DP Local	8
1.6.4	DP Objetivo x DP Subjetivo	9
1.7	Fontes do Direito Penal	9
1.7.1	Fontes materiais, substanciais ou de produção	9
1.7.2	Fontes formais, cognitivas e de conhecimento	9
1.8	INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL	10
1.8.1	Espécies de interpretação	10
2	PRINCÍPIOS	11
2.1	CONCEITO	11
2.2	PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL OU ESTRISTA LEGALIDADE	11
2.2.1	Fundamentos do princípio da reserva legal	12
2.3	PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE	13
2.4	PRINCIPIO DA ALTERIDADE	14
2.5	PRINCIPIO DA CONFIANÇA	14
2.6	PRINCIPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL	14
2.7	PRINCIPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA	14
2.8	PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE	16
2.9	PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE	19
2.10	PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO	19
2.11	PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE PENAL PELO FATO	20
2.12	PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM (“NON BIS IN IDEM”)	21
2.13	PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA	22
2.14	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA	22
2.14.1	Conceito	23
2.14.2	Natureza jurídica	23
2.14.3	Requisitos	24
2.14.4	Aplicabilidade	27
2.14.5	Princípio da humanidade	36
3. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	36
4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	36
ATUALIZADO EM 17/02/2019[footnoteRef:1] [1: As FUCS são constantemente atualizadas e aperfeiçoadas pela nossa equipe. Por isso, mantemos um canal aberto de diálogo (setordematerialciclos@gmail.com) com os alunos da #famíliaciclos, onde críticas, sugestões e equívocos, porventura identificados no material, são muito bem-vindos. Obs1. Solicitamos que o e-mail enviado contenha o título do material e o número da página para melhor identificação do assunto tratado. Obs2. O canal não se destina a tirar dúvidas jurídicas acerca do conteúdo abordado nos materiais, mas tão somente para que o aluno reporte à equipe quaisquer dos eventos anteriormente citados. ] 
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
	1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
CONCEITO DE DIREITO PENAL
Conjunto de normas e de princípios destinados a combater o crime e a contravenção penal, através da aplicação de sanções. Quando se fala em normas é o direito posto, positivado. É o ramo do direito que contém as sanções mais graves. Preocupa-se com as consequências jurídicas da prática de um crime ou contravenção penal. Crime e contravenção são espécies do gênero infração penal.
Art. 1º da Lei de Introdução ao CP: Considera-se crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente. 
Sanção penal é gênero e suas espécies são penas e medidas de segurança.
	SANÇÃO PENAL
	PENA
	MEDIDA DE SEGURANÇA
	Pressuposto: CULPABILIDADE
	Pressuposto: PERICULOSIDADE
#OBS: Terceira Via do Direito Penal (Claus Roxin): Segundo Roxin, a reparação voluntária deve ser realizada antes da instauração da ação penal e tem como consequência a diminuição da pena, a suspensão condicional do processo e, salvo para os delitos graves, até a dispensa da pena (Princípio da Bagatela Imprópria).
#NÃOCUSTALEMBRAR #RECORDARÉVIVER
	1ª VIA
	2ª VIA
	3ª VIA
	PENAS
	MEDIDAS DE SEGURANÇA
	REPARAÇÃO DO DANO
#OBS: 
· Reclusão: admite o regime inicial fechado. 
· Detenção: não admite o regime inicial fechado. 
· Prisão simples: não admite o regime fechado em hipótese alguma.
Art. 6º - A pena de prisão simples deve ser cumprida, sem rigor penitenciário, em estabelecimento especial ou seção especial de prisão comum, em regime semiaberto ou aberto. 
§ 1º - O condenado à pena de prisão simples fica sempre separado dos condenados à pena de reclusão ou de detenção.
 § 2º - O trabalho é facultativo, se a pena aplicada não excede a 15 (quinze) dias.
#LEMBRAR:
a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;
b) regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar;
c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.
#OBS: Nomenclatura – direito penal x direito criminal. O direito Penal enfatiza a pena, a consequência do crime. O direito Criminal dá destaque ao crime. Por enfatizar o crime, direito criminal é mais amplo. O nome direito criminal é mais abrangente. A expressão direito criminal foi a opção do Código Criminal do Império de 1830. Hoje o correto é se falar em direito penal, pois (1) há o código penal e (2) a CF fala em direito penal art. 22, I.
#JÁCAIUEMPROVA. PROVA OBJETIVA (2014) PERGUNTOU O QUE SERIA DIREITO PENAL COLETIVO:
Na doutrina internacional tem dois significados:
1. Crime de autoria coletiva: ex. briga em estádio de futebol, invasão sem terra (difícil descrever a conduta de cada agente). A denúncia pode ser genérica. A sentença tem que ser específica.
2. Crimes que atingem interesses difusos e coletivos. Ex. crimes contra o meio ambiente, saúde pública, administração pública.
POSIÇÃO DO DIREITO PENAL NA TEORIA GERAL DO DIREITO
É um ramo do Direito Público, pois (1) as normas do DP são indisponíveis, cogentes. (2) O Estado é o titular do direito de punir. (3) O Estado sempre aparece como sujeito passivo mediato nos crimes e contravenções, pois tem interesse em manter a paz pública. Em alguns crimes, ele é mediato e imediato. Ex.: crimes contra a Administração Pública.
CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PENAL (Magalhães Noronha)
Conceito: O direito penal é uma ciência cultural, normativa, valorativa e finalista. 
1 Ciência: é uma ciência porque suas regras estão contidas em normas e princípios que formam a chamada Dogmática jurídico penal.
2 Cultural: estudam o que “deve ser”, ao contrário das ciências naturais (“ser”).
3 Normativa: o objeto principal é a norma penal
4 Valorativa: o DP tem sua própria escala de valores na apreciação dos fatos que lhe são submetidos
5 Finalista: tem uma finalidade prática e não meramente acadêmica. Para Roxin, essa finalidade é a proteção de bens jurídicos. Para Jakobs (Teoria Penal do Inimigo) é a proteção das normas penais.
#APROFUNDANDO - O Direito Penal é constitutivo ou sancionador? Zaffaroni – é predominantemente sancionador, e excepcionalmente constitutivo. É sancionador porque o DP não cria bens jurídicos, apenas confere uma proteção mais contundente a bens criados por outros ramos do Direito. Ex.: patrimônio. É constitutivo quando cria bem jurídico que não pertence a outro ramo. Ex.: crime de ato obsceno. 
*#PERGUNTA: O que se entende por Neorretributivismo Penal? Uma vertente diferenciada do Direito Penal surge nos Estados Unidos, com a denominação "lei e ordem" ou tolerância zero (zero tolerance), decorrente da teoria das “janelas quebradas” (broken windows theory). Alguns a denominam realismo de direita ou neorretribucionismo. Parte-se da premissa de que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que inibiria os mais graves (fulminar o mal em seu nascedouro), atuando como prevenção geral (@vipjus).
FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
(1) Proteção de bens jurídicos – é a função por excelência. Roxin diz que é a função exclusiva do DP. Para ele o DP não veio para trazer valores éticos, morais. E não é todo e qualquer bem jurídico que é tutelado pelo DP, somente os mais relevantes, tanto para o indivíduo como também para a sociedade. Funcionalismo dualista
(2) Como instrumento de controle social – objetiva a preservação da paz pública. É um papel até intimidador. Como instrumento de controle social se dirige a toda coletividade, embora apenas uma parcela mínima da sociedade se dedique à prática de infrações penais.
(3)Como garantia - antes de ser uma ameaça é uma garantia a todas as pessoas. “CP é a Magna Carta do delinquente” (Franz Von Liszt). Princípio da reserva legal, por exemplo, é um escudo de todo ser humano contra o arbítrio do Estado. 
(4) Função ético-social do Direito Penal – é também conhecida como função criadora ou configuradora dos costumes. Tem origem na relação entre o Direito Penal e os valores éticos de uma sociedade. Essa função almeja garantir o mínimo ético que deve existir em toda coletividade. Jellinek 
(5) Função educativa – muito criticada. Ex.: crimes ambientais
(6) Função simbólica – inerente a todas as leis e não somente ao DP. Não produz efeitos externos. Produz efeitos na cabeça dos governantes – ideia de que ele fez algo - e na mente dos governados – falsa sensação de segurança. Ex. Direito penal do terror - tem como primeira característica a (1) inflação legislativa, que é o DP de emergência. A segunda é a (2) hipertrofia do Direito Penal. Falsificar medicamentos – pena mínima de 10 anos. Pra tudo se convoca o DP. Há uma crítica enorme. Existe mas não deveria existir. Em curto prazo essa função simbólica dá ao DP um papel educativo e a médio e longo prazo essa função simbólica retira a credibilidade do DP.
(7) Função motivadora – a ameaça de sanção penal motiva os indivíduos a não violarem suas normas. 
(8) Função de redução da violência estatal – Jesus Maria Silva Sanches criou a Teoria das Velocidades do DP. A imposição de uma pena pelo Estado, embora legítima, é uma agressão aos cidadãos. A pena é um mal necessário, mas é um mal. Já que é um mal, deve se restringir a situações essencialmente necessárias. 
#OBS.: O Direito Penal de 1ª (primeira) velocidade ficou caracterizado pelo respeito às garantias constitucionais clássicas. Aqui temos a pura e simples essência do Direito Penal que é a aplicabilidade de penas privativas de liberdade, como última razão, combinadas com garantias. O Direito Penal de 2ª (segunda) velocidade ou Direito Penal reparador se caracterizou pela substituição da pena de prisão por penas alternativas (penas restritivas de direito, pecuniárias etc.) que delimitam a vida do criminoso e impõe obrigações, proporcionalmente ao mal causado. Aqui há uma relativização das garantias penais e processuais penais. Observem que as duas tendências incorporadas ao presente modelo são aparentemente antagônicas. O Direito Penal de 3ª (terceira) velocidade ficou marcado pelo resgate da pena de prisão por excelência, além de flexibilizar e suprimir diversas garantias penais e processuais penais. Trata-se de uma mescla entre as velocidades acima, vale dizer, utiliza-se da pena privativa de liberdade (Direito Penal de 1ª (primeira) velocidade), mas permite a flexibilização de garantias materiais e processuais (Direito Penal de 2ª (segunda) velocidade).
(9) Função promocional - DP como um instrumento de transformação da sociedade. Não é só proteger, é produzir uma evolução. 
#APROFUNDAMENTO. Vejamos algumas teorias que foram cobradas na prova do MPMG – 2017 e ficaram famosas:
· Grease the wheels theory (teoria da graxa sobre rodas): A referida teoria se contrapõe à “sand the wheels theory”, pois preconiza que alguns atos de corrupção devem ser tolerados, tendo em vista que por meio deles seria possível contornar a burocracia estatal, conferindo maior liberdade ao setor privado, a fim de gerar crescimento econômico. 
· A “Sand the wheels theory” defende que a permissão para a prática de atos de corrupção cria um ambiente institucional ruim, gerando insegurança, e, por conseguinte, inibindo o crescimento econômico.
· Por fim, o Estado Vampiro é consequência da transformação de um Estado Democrático de Direito, para um Estado onde existe tão somente uma aparente legalidade, sendo governado, na prática, por corruptos.
ENCICLOPÉDIAS PENAIS
São ciências auxiliares do DP que estudam a pena, o criminoso, a vítima.
Política Criminal
É um filtro entre a letra fria na lei e a realidade social, por isso existem leis que pegam e leis que não pegam. Gatonet – furto de sinal de tv à cabo. STF por razões de política criminal decidiu que não é crime. Tem por objeto a apresentação de críticas e propostas para a reforma no Direito Penal em vigor.
#JÁCAIUEMPROVA: Tema cobrado na Primeira Fase DPE/PR!
O que se entende por Política Criminal Atuarial? “Indica que os presos devem ser organizados de acordo com seu nível de risco” (assertiva considerada correta). Política criminal atuarial é uma forma de abordagem da política criminal a partir da utilização da lógica e do cálculo atuarial, sobretudo através da utilização de dados matemáticos e estatísticos. A rigor, implica a compreensão da realidade criminológica pelo uso de formulações matemáticas específicas - intimamente associadas ao conceito de gerencialismo e à teoria do risco - de maneira a definir, através de um projeto governamental, as condutas que devem ser consideradas crimes e traçar políticas públicas para preveni-las e lidar com suas consequências.
Criminologia
Antônio Garcia Pablos de Molina – é uma ciência empírica e interdisciplinar. 
· Empírica porque se baseia em algo concreto (SER). 
· Interdisciplinar - ela leva em conta fatores políticos, econômicos, sociais, personalidade do agente. 
A origem da criminologia remonta aos estudos de Cesare Lombroso – O Homem Delinquente (obra) características dos seres humanos que os tornam propensos à prática de crimes. Mas a obra dele que fundou a criminologia foi o Cretinismo na Lombardia. O direito penal estuda as consequências jurídicas do crime. Por outro lado, a criminologia se ocupa das causas do crime, dos fatores determinantes. Busca diminuir a criminalidade investigando suas causas e tentando evitá-las. 
Vitimologia
Preocupa-se com o papel da vítima no DP. Muitas vezes o comportamento da vítima estimula a prática de crimes. (Ex. contar dinheiro em público). O CP brasileiro pouco se preocupa com a vítima, favorecendo mais o réu. Art. 59, caput; art. 16.
*#TABELA[footnoteRef:2]: [2: Fonte: Manual de Direito Penal, p. 36, Juspodivm, 2018, 6ª Ed – Rogério Sanches. ] 
	 
	DIREITO PENAL
	CRIMINOLOGIA
	POLÍTICA CRIMINAL
	FINALIDADE
	Alisa os fatos humanos indesejados, define quais devem ser rotulados como infrações penais, anunciando as respectivas sanções.
	Ciência empírica que estuda o crime, a pessoa do criminoso, a vítima e o comportamento da sociedade.
	Trabalha as estratégias e meios de controle social da criminalidade.
	OBJETO
	O crime enquanto norma
	O crime enquanto fato
	O crime enquanto valor
	EXEMPLO
	DP define o crime de homicídio
	Criminologia estuda o fenômeno do homicídio, o agente homicida, vítima e o comportamento da sociedade.
	A Política Criminal estuda as formas de diminuir o homicídio.
DIVISÕES DO DIREITO PENAL
DP Fundamental x DP Complementar
· DP fundamental ou DP primário: é o próprio Código Penal, são as regras básicas do DP. 
· DP complementar ou secundário: legislação penal especial ou extravagante.
Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso. 
Esse artigo prevê o princípio da convivência das esferas autônomas - o DP convive pacificamente com as leis especiais. Dessa forma, as regras gerais são aplicáveis também na legislação extravagante. Ex.: aplicação das regras gerais de prescrição ao tráfico de drogas. 
DP Comum x DP Especial
· Direito penal comum: aplicável a todas as pessoas. Ex. Código Penal, lei de drogas. 
· Direito penal especial: aplicável somente a pessoas que preencham determinadas condições previstas em lei. Ex.: Código Penal Militar (1001/69), Crimes de responsabilidade do P.R. (Lei 1.079/50), Crimes de Prefeito (Decreto Lei 201/67). 
#OBS.: o art. 1º do DL 201/67 traz a hipótese de crimes julgados pelo Poder Judiciário:
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores. 
No art. 4º não há crimes propriamente ditos, háinfrações políticas:
Art. 4º São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato. Aqui há um julgamento político pela Câmara. 
DP Geral x DP Local
· DP geral: produzido pela União e aplicado em todo território nacional. 
· DP local: produzido pelos Estados e aplicável somente naquele Estado que o produziu. 
DP Objetivo x DP Subjetivo
· DP objetivo: conjunto de leis penais em vigor (todas as leis penais já produzidas e que ainda não foram revogadas). 
· DP subjetivo: direito de punir exclusivo do Estado. Modernamente é entendido como um poder-dever de punir. Esse direito de punir é o ius puniendi ou jus puniendi.
Fontes do Direito Penal
São as formas pelas quais o DP surge, nasce e posteriormente se exterioriza. As fontes do direito penal, portanto, dizem respeito à formação e manifestação do DP. As fontes de criação são as fontes materiais e as fontes de manifestação/aplicação são as formais.
Fontes materiais, substanciais ou de produção
	São os órgãos encarregados de criar, produzir o DP
· União - art. 22, I (competência privativa).
· Estado - art. 22, parágrafo único – autorização por lei complementar (requisito formal) + questão específica (requisito material). É raro pela burocracia e porque os crimes, em regra, não se restringem a um estado. 
Fontes formais, cognitivas e de conhecimento
- Doutrina CLÁSSICA:
· Imediatas ou primárias: Só a lei, pois só ela pode criar crimes e cominar penas (princípio da reserva legal).
· Mediatas ou secundárias: costumes, princípios gerais do Direito, atos administrativos. Alguns acrescentam a doutrina, a jurisprudência e os tratados.
#OBS.: A doutrina não tem força cogente. Ela é insegura por natureza. Obs.: a jurisprudência em regra não é obrigatória Obs.: os tratados internacionais são fontes desde que tenham sido incorporados Obs.: ato administrativo – quando funcionam como complemento das normas penais em branco heterogêneas. 
#OBS.: O costume – é a repetição de um comportamento – elemento objetivo - em razão da crença na sua obrigatoriedade – elemento subjetivo. Esse elemento subjetivo diferencia o costume do hábito. O costume pode ser (1) secumdum legem ou interpretativo: auxilia o intérprete na compreensão do tipo penal. Ex.: mulher honesta no crime de rapto. (2) contra legem ou negativo – contraria a lei, mas não a revoga. Art. 2º, §1º, da LINDB – princípio da continuidade das leis (lei só se revoga por outra lei). Ex.: jogo do bicho. Desuetudo é a mesma coisa de costume negativo. (3) preter legem ou integrativo – supre as lacunas da lei. Só pode ser utilizado no campo das normas penais não incriminadoras –excludentes de ilicitude e culpabilidade -, pois nas incriminadoras há a exigência de lei. Para excluir crimes sim, nunca para criar. Ex.: circuncisão no pênis da criança. 
- *Doutrina MODERNA:
	Segundo Rogério Sanches, para a doutrina moderna, temos como fonte imediata a lei, a Constituição Federal, os Tratados Internacionais de Direitos Humanos, a Jurisprudência, os princípios e os atos administrativos.
	Como fonte mediata, somente a doutrina.
OBS.: importante salientar, contudo, que a única fonte formal criadora de sanções e de culminar sanções é a lei. As demais fontes são não-incriminadoras. 
INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
É a atividade mental que busca definir a vontade da lei, ou seja, o seu conteúdo e o seu significado. (Carlos Maximiliano). Sempre deve se buscar a vontade da lei, a mens legis e não a vontade do legislador, a mens legislatoris. A interpretação de uma lei é obrigatória, por mais clara que ela possa aparecer. 
#OBS.: Hermenêutica x Exegese. Hermenêutica é a ciência que trata da interpretação. A exegese é a atividade prática de se interpretar. 
Espécies de interpretação
a) Quanto ao sujeito que interpreta
· Autêntica ou legislativa – efetuada pelo próprio legislador quando edita uma norma destinada a esclarecer o significado de outra. É a norma interpretativa. A interpretação dada por essa norma é obrigatória. Art. 13, caput – conceito de causa no DP. Art. 327 CP – conceito de funcionário público. O funcionário público do DP é o de agente público do D. Administrativo. CUIDADO! Essa norma interpretativa tem eficácia retroativa mesmo que prejudique o réu, pois ela não cria novo crime ou comina pena qualquer. Não alcançam os fatos transitados em julgado. Ela pode ser ainda contextual ou posterior. Contextual é quando a norma interpretativa é editada no mesmo momento da lei interpretada. Posterior, o próprio nome já diz. 
· Doutrinária ou científica – realizada pelos estudiosos do DP. Não tem força obrigatória. A exposição de motivos é uma espécie de interpretação doutrinária, não integrando o corpo da lei.
· Judicial ou jurisprudencial – em regra a interpretação judicial não tem força obrigatória, salvo em dois casos: (1) na decisão do caso concreto (coisa julgada); (2) súmula vinculante.
*#OLHAOGANCHO: é possível a instauração de IRDR para resolver questão repetitiva de Direito Penal, por aplicação subsidiária dos artigos 976 e seguintes do CPC/2015, a teor do disposto no art. 3º do CPP. Julgado o IRDR, a tese jurídica fixada deverá ser aplicada por todos os juízes e Tribunais, no Estado ou Região, aos casos idênticos em tramitação e aos processos futuros, salvo se existir distinção ou superação (art. 985, incisos I e II e §§ 1º e 2º do Novo CPC). Desse modo, destaca-se que o IRDR é um precedente obrigatório e não meramente persuasivo.
b) Quanto aos meios ou métodos utilizados na interpretação da lei penal
· Gramatical, literal ou sintática – decorre da simples leitura da lei, desprezando qualquer elemento. É precária. Não é segura. 
· Interpretação lógica ou teleológica – art.5º da LINDB. O intérprete se vale de vários elementos (1) histórico (2) sistemático (3) direito comparado (4) extrajurídicos ex.: veneno? Química.
c) Quanto ao resultado
· Declaratória, declarativa ou escrita – existe perfeita sintonia entre o texto da lei e a sua vontade. O intérprete não precisa acrescentar ou suprimir nada.
· Extensiva – lei disse menos do que queria e a interpretação aumenta o alcance dessa lei. 
Ex.: art. 159 – extorsão mediante sequestro. Art. 148 – sequestro e cárcere privado. Lê-se o art. 159 “extorsão mediante sequestro ou cárcere privado”. A sua utilização é pacífica. Na Defensoria cuidado!! O STF num julgado isolado e antigo RHC 85217 disse que não podia, mas por confundir com analogia. 
· Restritiva – a lei disse mais do que queria. O intérprete diminui o seu alcance.
#OBS.: interpretação evolutiva, adaptativa ou progressiva – ela serva para ajustar a lei às mudanças da sociedade. Serve para evitar constantes reformas legislativas.
#OBS.: Interpretação analógica ou intra legem – a lei contém uma fórmula casuística seguida de uma fórmula genérica. Ex.: art. 121, §2º, I. É impossível que o legislador preveja todas as situações que podem surgir no caso concreto, todos os motivos de natureza torpe, todas as substâncias que embriagam.
#OBS.: Analogia não pode ser aplicada. Ex. cola eletrônica. In bonam partem é possível, salvo no caso de leis excepcionais. Analogia legal (aplica lei semelhante) e jurídica (aplica princípio geral do direito). 
PRINCÍPIOS
CONCEITO
Os princípios são fontes formais mediatas do direito que não podem criar crimes ou cominar penas, mas auxiliam na interpretação e na aplicação do Direito Penal. São valores fundamentais que inspiram a criação e a manutenção do ordenamento jurídico. Os princípios sempre antecedem as leis, que são formadas e criadas com base nos princípios. Porém, nem todos os princípios já foram consagrados em leis, ou seja, nem todos se encontram positivados. Os princípios previstos ou não em lei são admitidos no Direito Penal. Ex: princípio da insignificância que não está positivado. 
PRINCIPIO DA RESERVA LEGAL OU ESTRISTA LEGALIDADE
Ele está previsto no art. 1º CP e no art. 5º, XXXIX, CF. Ele é cláusula pétrea, por ser direito fundamental. Tem origem na Inglaterra em 1215no art. 39 da Magna Carta (João sem Terra). Nullum crimen nulla pena sine lege (não há crime nem pena sem lei). A ideia desse princípio é de que a lei é a fonte formal imediata do Direito Penal, isto é, somente a lei pode criar crimes e cominar as respectivas penas. Em outras palavras, a lei penal tem o monopólio, a exclusividade na criação de crimes e cominação de penas.
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.
#OBS.: Embora só se fale em crime, o princípio também é aplicado para as contravenções penais.
Fundamentos do princípio da reserva legal
(1) Fundamento Jurídico: A taxatividade, já que a lei deve descrever com precisão o conteúdo mínimo da conduta criminosa. Se fosse exigido o conteúdo total, os crimes culposos, as normas penais em branco e os tipos abertos seriam considerados inconstitucionais. Jamais seria possível que o legislador esmiuçasse todos os detalhes. Ex: O que são drogas? A Portaria do Ministério da Saúde irá auxiliar na definição. Uma consequência da exigência da taxatividade é a proibição da analogia in malam partem (prejudicial ao réu). #LEMBRAR: A analogia significa aplicar a um caso não previsto em lei uma lei que regula um caso semelhante. 
(2) Fundamento Político: proteção do ser humano contra o arbítrio do Estado. É uma blindagem do cidadão. É um direito fundamental de primeira geração, pois garante o indivíduo contra a ingerência indevida estatal.
(3) Fundamento Democrático: foi um fundamento criado pelo STF. Expressa a ideia que o povo, através de seus representantes, determina os crimes e as respectivas penas.
#OBS.: Medidas Provisórias. Há duas posições. A primeira delas, encabeçada pelo STF, diz que sim, desde que favoráveis ao réu. Ex.: Estatuto do Desarmamento (entregava a arma e excluía o crime). A segunda MAJORITÁRIA posição diz que, independentemente do conteúdo legal, não havia a possibilidade que MP versasse sobre Direito Penal, com base no art. 62, §1, “b” da CF.
Art. 62 § 1º É vedada a edição de medidas provisórias sobre matéria:  I - relativa a:  b) direito penal, processual penal e processual civil;
#OBS.: Reserva legal ou princípio da legalidade? Alguns doutrinadores utilizam as nomenclaturas como sinônimas (a maioria distingue), porém há de se fazer a diferença. O princípio da legalidade está no art. 5, II da CF e se contenta com lei em sentido amplo, quaisquer das espécies normativas previstas no art. 59 da CF. Já o princípio da reserva legal reclama uma lei em sentido estrito, ou seja, no sentido formal e material. Lei em sentido formal é aquela que foi criada de acordo com o processo legislativo hígido. Em sentido material é a que versa sobre conteúdo constitucionalmente reservado à lei. Em uma prova objetiva é melhor optar por reserva legal.
#OBS.: Mandados de criminalização ou mandados constitucionais de criminalização. São ordens emitidas pela CF ao legislador ordinário, no sentido da criminalização de determinados comportamentos. O legislador estaria obrigado. Não há discricionariedade. Eles podem ser expressos (a ordem está explícita no texto constitucional. Ex.: art. 225, § 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados e art. 5º, XLII a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei) ou tácitos (a ordem é retirada da harmonia, do espírito de todo o texto da CF. Ex.: combate à corrupção no poder público. Foi falado pelo STF no caso do mensalão).
*Até 2016, o crime de terrorismo ainda não tinha sido concretizado na legislação brasileira. Pela Lei 13.260/16, houve o cumprimento do mandado de criminalização.
PRINCIPIO DA ANTERIORIDADE
A lei penal deve ser anterior ao fato cuja punição se pretende. A lei penal só é aplicável aos casos ocorridos após a sua entrada em vigor. O efeito automático desse princípio é de que a lei não retroage, salvo para beneficiar o réu (irretroatividade da lei penal).
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDA: A lei que diminui penalidade de infração de trânsito NÃO retroage para alcançar pessoas que tenham cometido a citada infração antes da sua entrada em vigor (Ex: diminuição de pontos em determinada infração de trânsito). Não sendo caso de definição de ilícito penal, não há que se falar em retroação da lei mais benéfica. Este, inclusive, é o entendimento do STJ. Vide AgRg nos EDcl no REsp 1281027-SP (Info 516). 
Para respeitar o princípio da anterioridade basta a publicação da lei ou é preciso que ela esteja em vigor? Em outras palavras, haveria crime na vacatio legis? NÃO! O princípio só incide após a entrada em vigor da lei. Não há crime se ocorreu durante a vacatio.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A Lei nº 12.737/2012 acrescentou o parágrafo único ao art. 298 do CP prevendo o seguinte: Art. 298. Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: (...) Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito ou débito. Ocorre que mesmo antes da edição da Lei nº 12.737/2012 a jurisprudência do STJ já considerava que cartão bancário poderia se amoldar ao conceito de "documento". Assim, a inserção do parágrafo único no art. 298 do Código Penal apenas confirmou que cartão de crédito/débito é considerado documento, sendo a Lei nº 12.737/2012 considerada como lei interpretativa exemplificativa. Logo, ainda que praticada antes da Lei nº 12.737/2012, a conduta de falsificar, no todo ou em parte, cartão de crédito ou débito é considerada como crime de falsificação de documento particular (art. 298 do CP). STJ. 6ª Turma. REsp 1.578.479-SC, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 2/8/2016 (Info 591).
PRINCIPIO DA ALTERIDADE
Não há crime na conduta que prejudica somente quem a praticou. Esse é o fundamento para que o ordenamento jurídico não puna autolesão. O crime exige intersubjetividade, isto é, que a conduta ultrapasse a pessoa do agente. Ex.: art. 28 da Lei de drogas “crime do usuário” CUIDADO! O uso da droga, por si só, não é crime. O que o dispositivo incrimina é o porte da droga (“adquirir, guardar, ter em depósito, transportar”). O núcleo de proteção da lei é a saúde pública. 
PRINCIPIO DA CONFIANÇA
Origem no direito espanhol. Tem aplicação principalmente nos crimes de trânsito. Quem respeita as regras da vida em sociedade, tem o direito de confiar que as demais pessoas também respeitarão tais regras. Confio que o sinal verde me garante que ninguém vem ultrapassando o sinal vermelho. Limitador do dever de cuidado.
PRINCIPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL[footnoteRef:3] [3: A seguinte assertiva foi considerada incorreta (TJPR – 2017): A venda de CDs e(ou) DVDs pirateados é uma prática amplamente tolerada pela população, implicando a atipicidade material da conduta com base no princípio da adequação social.] 
Não poder ser considerado criminoso o comportamento que, embora tipificado em lei, não afronte o sentimento social de justiça. Ex.: Trotes acadêmicos moderados, a circuncisão (formalmente é lesão corporal). Não se confunde com a teoria social da conduta, que é um elemento do fato típico.
PRINCIPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA
Apareceu em 1789 na França na Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. A lei só deve prever as penas estritamente necessárias. A lei só deve prever as condutas estritamente necessárias. Nos dias atuais, o Direito Penal só é legitimo quando utilizado em casos excepcionais, ou seja, quando outros ramos dos direitos não forem suficientes na tutela de determinados bens. É o Princípio da necessidade do Direito Penal, que é o fundamento do Direito Penal Mínimo.
#OBS.: Relação entre reserva legal e intervenção mínima: embora o princípio da reserva legal tenha sido uma grande conquista do homem, hoje ele não se sustenta sozinho. A intervenção mínima veio comoum reforço, um complemento à reserva legal. Não é porque o legislador tem a lei que ele pode incriminar deliberadamente qualquer comportamento. Ex: sorrir por mais de dez segundos é crime. Obedece ao princípio da reserva legal.
#OBS.: Quem são os destinatários? O legislador - recomenda moderação na criação de crimes e cominação de penas - e o aplicador do direito – principalmente o juiz, mas não apenas o juiz. Só aplique a lei quando for realmente necessário. Pode constatar que o caso pode ser resolvido por outro ramo do direito.
O princípio da intervenção mínima se subdivide em outros dois:
(1) fragmentariedade/caráter fragmentário do Direito Penal: o DP é a última fase, a última etapa, grau de proteção do bem jurídico. Manifesta-se em abstrato (destina-se ao legislador) quando afirma que apenas quando os demais ramos do direito não mais tutelarem com eficácia determinado bem, o DP deve ter lugar. Ex: art. 311-A - crime de fraude em concurso. Dentro do Universo da ilicitude, apenas alguns fragmentos são ilícitos penais.
Círculo grande – ilicitude em geral
Círculo pequeno – ilicitude penal
Nem tudo que é ilícito gera é ilícito penal, mas tudo o que é ilícito penal também é ilícito nos demais ramos do Direito. Nem toda ofensa ao direito de propriedade é furto, mas todo furto também é um ilícito civil. 
#OBS.: Fragmentariedade às avessas. Ocorre quando a conduta perde seu caráter penal. Em outras palavras, o crime deixa de existir, pois a incriminação se torna desnecessária. Os demais ramos do Direito já resolvem o problema. Ex.: Adultério.
(2) subsidiariedade: fala-se que o direito penal é um executor de reserva. O DP só pode agir no caso concreto quando o problema não puder ser solucionado pelos demais ramos do Direito. O estrago causado pelo DP é muito grande. Antecedentes, as penas, o próprio processo penal. 
Ele fica de prontidão, esperando eventual intervenção. A subsidiariedade ocorre no plano concreto, ou seja, tem como destinatário o aplicador do Direito. O crime já existe, mas precisamos saber se a aplicação da lei penal é necessária no caso concreto. Ex.: 80% dos inquéritos que apuram crime de estelionato são arquivados. O Direito Civil acaba resolvendo. 
#OBS.: Há alguns autores que invertem e falam que fragmentariedade é em concreto e a subsidiariedade em abstrato, mas acabam fugindo ao que a jurisprudência aplica, e ao que a doutrina alemã impõe. 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
Alguns chamam de razoabilidade (direito italiano) ou ainda em convivência das liberdades públicas (direito norte-americano). No passado esse princípio tinha um único significado. Hoje mudou. O STF diz que o princípio da proporcionalidade tem uma dupla face (Gilmar – direito alemão). De um lado a proporcionalidade é uma proteção ao excesso (sempre se falou dessa face) - não se pode punir mais do que o necessário para a proteção do bem jurídico.
A limitação da liberdade individual só se justifica em razão da proteção de interesses coletivos superiores. Ex.: art. 273 - falsificação de medicamento, pena de reclusão de 10 a 15 anos - e de outro a proibição da proteção insuficiente ou deficiente de bens jurídicos- não se pode proteger menos que o necessário para a proteção do bem jurídico. Ex.: O art. 225 CP crimes sexuais com vítima menos de 18 anos ou vulnerável é de APP incondicionada, já o estupro qualificado pela morte com maior de 18 anos era condicionada. Por isso, a PGR ajuizou, na época, uma ADI contra o art. 225 do CP e o fundamento era a proibição da proteção insuficiente ou deficiente de bens jurídicos. Diz que na redação antiga a dignidade sexual não estava totalmente protegida. Ela pedia a interpretação conforme a constituição, de forma a que o estupro com lesão grave ou qualificado pela morte seja considerado como crime sujeito a APP incondicionada. Pendente de julgamento.
*#ATENÇÃO: A Lei nº 13.718, de 24 de setembro de 2018 alterou o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), para tipificar os crimes de importunação sexual e de divulgação de cena de estupro, tornar pública incondicionada a natureza da ação penal dos crimes contra a liberdade sexual e dos crimes sexuais contra vulnerável, estabelecer causas de aumento de pena para esses crimes e definir como causas de aumento de pena o estupro coletivo e o estupro corretivo; e revoga dispositivo do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei das Contravenções Penais).
#OBS.: Garantismo negativo é a proibição do excesso e o garantismo positivo é a proibição da proteção insuficiente ou deficiente de bens jurídicos.
#UMPOUCODEDOUTRINA: Convém notar, todavia, que o princípio da proporcionalidade compreende, além da proibição de excesso, a proibição de insuficiência da intervenção jurídico-penal. Significa dizer que, se, por um lado, deve ser combatida a sanção desproporcional porque excessiva, por outro lado, cumpre também evitar a resposta penal que fique muito aquém do seu efetivo merecimento, dado o seu grau de ofensividade e significação político-criminal, afinal a desproporção tanto pode dar-se para mais quanto para menos. Exemplo disso – de insuficiência da resposta penal – são os crimes de abuso de autoridade previstos na Lei n. 4.898/1965, que comina, para as graves infrações que define, pena de detenção de dez dias a seis meses (art. 6.º, § 3.º, b).
*#OUSESABER #OLHAOGANCHO: O que se entende por garantismo penal integral? A expressão “garantismo penal integral” foi cunhada por Douglas Fischer para demonstrar que o garantismo à luz da hermenêutica constitucional, com seus consectários reflexos no Direito Penal e Processual Penal, tutela não apenas os direitos individuais dos acusados, investigados ou processados na esfera criminal, devendo valorar todos os direitos e deveres previstos na Constituição Federal. Isso porque os direitos fundamentais não preveem apenas uma proibição de intervenção (proibição de excesso, übermassverbot), mas também uma vedação à omissão (proibição da proteção deficiente, proibição da proteção insuficiente, untermassverbot). Dessa forma, o garantismo penal integral ou proporcional é aquele que assegura os direitos do acusado, não permitindo violações arbitrárias, desnecessárias ou desproporcionais, e, por outro lado, assegura a tutela de outros bens jurídicos relevantes para a sociedade, em consonância com as duas vertentes do princípio da proporcionalidade, incluindo a proibição do excesso (übermassverbot) e a proibição da proteção deficiente (proibição da ineficiência, proibição da proteção insuficiente e untermassverbot). Assim, o garantismo divide-se em: a) Garantismo negativo: visa frear o poder punitivo do Estado, ou seja, refere-se à proibição de excesso. Trata-se de um modelo normativo que obedece à estrita legalidade voltado a minimizar a violência e maximizar a liberdade, impondo limites à função punitiva do Estado. b) Garantismo positivo: visa fomentar a eficiente intervenção estatal, ou seja, refere-se à proibição da intervenção estatal insuficiente (deficiente), bem como evitar a impunidade. Assegura a proteção aos bens jurídicos de alta relevância social.
Manifesta-se em três planos distintos:
(1) legislativo: proporcionalidade abstrata. Ocorre no momento de cominação da pena a determinado crime. Há uma seleção qualitativa (escolha da espécie de pena) e quantitativa (determinação das graduações – mínimo e máximo). Na escolha de fatos a serem tipificados também (eu).
(2) jurisdicional: proporcionalidade concreta. Ocorre no momento de aplicação da pena pelo juiz. Pena base
(3) administrativo: proporcionalidade executória. Manifesta-se durante o cumprimento da pena. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO.
O art. 273, § 1º-B do Código Penal prevê o seguinte:
§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: 
I - Sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; 
II - Em desacordo com a fórmula constante do registro previsto noinciso anterior; 
III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; 
IV - Com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; 
V - De procedência ignorada; 
VI - Adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. 
O § 1º-B foi inserido no art. 273 do CP por força da Lei 9.677/98. O objetivo do legislador foi o de punir pessoas que vendem determinados “produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais” e que, embora não se possa dizer que sejam falsificados, estão em determinadas condições que fazem com que seu uso seja potencialmente perigoso para a população. 
A pena prevista pelo legislador para o § 1º-B foi de 10 a 15 anos de reclusão. 
Ocorre que essa pena é muito alta e, por conta disso, começou a surgir entre os advogados que militam na área a constante alegação de que essa reprimenda seria inconstitucional por violar o princípio da proporcionalidade. 
A tese foi acolhida pelo STJ? 
SIM. O STJ decidiu que o preceito secundário do art. 273, § 1º-B, inciso V, do CP é inconstitucional por ofensa aos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Então, neste caso, qual pena deverá ser aplicada em substituição? 
Deverá ser aplicada a pena abstratamente prevista para o tráfico de drogas (art. 33, caput, da Lei 11.343/2006), qual seja, “reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa”. Além disso, será possível aplicar para o réu que praticou o art. 273, § 1º-B do CP a causa de diminuição prevista no § 4º do art. 33 da Lei 11.343/2006. 
Em suma: o STJ decidiu que é inconstitucional a pena (preceito secundário) do art. 273, § 1º-B, V, do CP. Em substituição a ela, deve-se aplicar ao condenado a pena prevista no caput do art. 33 da Lei 11.343/2006, com possibilidade de incidência da causa de diminuição de pena do respectivo § 4º. [footnoteRef:4] [4: A seguinte assertiva foi considerada correta (TJPR – 2017): A pena de dez a quinze anos de reclusão cominada ao crime de ter em depósito, para venda, produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais de procedência ignorada é flagrantemente inconstitucional, devendo ela ser substituída pela pena correspondente ao tráfico de entorpecentes.] 
Essa decisão vale apenas para o inciso V do § 1º-B do art. 273 ou também para os demais incisos? O caso concreto apreciado pelo STJ envolvia um habeas corpus impetrado em favor de réu condenado pelo inciso V. Assim, no dispositivo do acórdão, menciona-se apenas este inciso. No entanto, pela leitura dos votos dos Ministros, percebe-se que eles trataram do tema de forma genérica, abrangendo todo o § 1º-B. Logo, minha opinião pessoal é no sentido de que essa decisão vale para todos os incisos do § 1º-B.
O que o STF entende a respeito? O Plenário do STF ainda não se manifestou sobre o tema. No entanto, existem precedentes da Corte em sentido contrário ao que decidiu o STJ, ou seja, acórdãos sustentando que o § 1º-B do art. 273 é CONSTITUCIONAL (RE 829226 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 10/02/2015; RE 844152 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 02/12/2014).
#DICA: Para fins de concurso, você deve estar atento para o modo como a pergunta será formulada. Se indagarem a posição do STJ, é pela INCONSTITUCIONALIDADE. Se perguntarem sobre o STF, este possui precedentes sustentando que o art. 273, § 1º-B, do CP é CONSTITUCIONAL. Caso o enunciado não diga qual dos dois entendimentos está sendo exigido, assinale a posição STJ porque esta foi divulgada em Informativo e é mais conhecida. 
STJ. Corte especial. AI no HC 239.363-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/2/2015 (Info 559). 
PRINCÍPIO DA OFENSIVIDADE OU LESIVIDADE
Só há crime quando a conduta é capaz de lesionar, ou ao menos de colocar em perigo de lesão, o bem jurídico penalmente protegido. Este princípio vai se relacionar de maneira muito íntima com o princípio da exclusiva proteção do bem jurídico. Legislador – não pode criar tipos penais que, do ponto de vista social, já foram consagrados como inofensivos. Aplicador - mesmo orientação, mesmo quando haja lei formal. 
PRINCÍPIO DA EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO
Celso de Melo no julgamento dos membros dos homossexuais militares – “o Direito Penal moderno é o direito penal da proteção do bem jurídico”. A única função legitima no DP nos dias atuais é a proteção do bem jurídico. Qualquer outra fundamentação (vingança, ética, moral, filosófica, religiosa) não pode servir de substrato para a utilização do DP. O DP não deve se ocupar de questões éticas, morais, religiosas, etc. É diferente do princípio da alteridade, onde há a proteção de um bem jurídico, mas não é possível incriminar atitudes puramente subjetivas, ou seja, aquelas que não lesionem bens alheios. 
#OBS.: E o que são bens jurídicos? São valores ou interesses relevantes para a manutenção e o desenvolvimento do indivíduo e da sociedade. Nem todo bem jurídico é bem jurídico penal. Quais são os bens jurídicos penais? A seleção de bens jurídicos penais é feita pela CF. É o que se chama de Teoria Constitucional do Direito Penal. O DP só é legítimo quando protege valores consagrados na CF. 
#OBS.: o que é a espiritualização dos bens jurídicos? Na sua origem o DP só se preocupava com os crimes de dano em proteção aos bens jurídicos individuais. Com a sua evolução, o DP também passou a se preocupar com os crimes de perigo “Direito Penal do perigo ou risco” e os crimes envolvendo bens jurídicos difusos. Ocorreu o que se chama de antecipação da tutela penal. O DP não mais espera que o dano ocorra. Ex.: crimes ambientais. Quando o DP antecipou essa tutela ocorreu o que ROXIN chamou de Espiritualização, Desmaterialização ou Liquefação de bens jurídicos.
#UMPOUCODEDOUTRINA: Com a evolução dos tempos, e visando a antecipação da tutela penal, pois assim mostrou-se possível a prevenção de lesões às pessoas, o Direito Penal passou a também se preocupar com momentos anteriores ao dano, incriminando condutas limitadas à causação do perigo (crimes de perigo concreto e abstrato), ou seja, à exposição de bens jurídicos – notadamente de natureza transindividual – à probabilidade de dano. Exemplificativamente, surgiram crimes ambientais, pois é sabido que a manutenção do meio ambiente sadio e equilibrado é imprescindível à boa qualidade de vida, e do interesse das presentes e futuras gerações, nos moldes do art. 225, caput, da Constituição Federal. Para o Supremo Tribunal Federal: A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa ou a medida mais eficaz para a proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como, por exemplo, o meio ambiente, a saúde etc. Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo.
#APROFUNDAMENTO: Pelo que é possível extrair do ordenamento jurídico brasileiro a premissa de que toda conduta penalmente típica só é penalmente típica porque significante, de alguma forma, para a sociedade e a própria vítima. É falar: em tema de política criminal, a Constituição Federal pressupõe lesão significante a interesses e valores (os chamados “bens jurídicos”) por ela avaliados como dignos de proteção normativa.
O princípio da exclusiva proteção do bem jurídico não se confunde com o princípio da alteridade.
 ALTERIDADE: Há um bem jurídico a ser penalmente tutelado, mas pertencente exclusivamente ao responsável pela conduta legalmente prevista, razão pela qual o Direito Penal não está autorizado a intervir;
 EXCLUSIVA PROTEÇÃO DO BEM JURÍDICO: naquele, por sua vez, não há interesse legítimo a ser protegido pelo Direito Penal, pois já há proteção no ordenamento.
PRINCÍPIODA RESPONSABILIDADE PENAL PELO FATO
O direito penal do fato se ocupa do fato praticado pelo agente, pouco importando suas condições sociais, o que interessa é o que ele fez ou deixou de fazer. Direito penal do autor é aquele que vai rotular, estereotipar determinados grupos de pessoas. Leva em conta a figura do agente. O exemplo histórico foi o direito penal da Alemanha nazista. Tribunal de Nuremberg. O Direito Penal do Inimigo é o exemplo moderno do Direito Penal do autor. Não se admite o DP do autor, pois viola o princípio da isonomia. 
#OBS.: Reincidência – é uma agravante genérica. Será que não é um resquício do DP do autor? RE 453.000/RS (informativo 700). O STF decidiu por unanimidade que é constitucional, pois seria compatível com o DP do fato, pois praticou um fato e foi condenado e agora praticou outro fato, o que justifica uma punição mais severa. O STF está estudando a possibilidade de súmula vinculante sobre o assunto.
*#OUSESABER: O que se entende por crimigração? A crimigração consiste na criminalização de imigrantes e das questões relacionadas à imigração. Trata-se de um direcionamento das normas penais em desfavor do fenômeno humano da imigração. A Crimigração é um fenômeno global, muito frequente nos EUA e na Europa, mormente em razão dos graves fluxos migratórios recentes. O Brasil não fica isento a tal contexto, tendo suas características peculiares. O reconhecimento da crimigração é fundamental para se perceber a perda progressiva de direitos de pessoas pela simples condição de serem migrantes, ou seja, como uma manifestação de um Direito Penal voltado contra pessoas (Direito Penal do Autor) e não contra fatos. O tema é relevante para a DPU, principalmente, em razão da criminalização de pequenos traficantes internacionais de drogas, muitas vezes, impulsionados por situações de grave vulnerabilidade em seus países de origem como “guerras civis” ou “desastres naturais”, são as chamadas “mulas do tráfico”. 
PRINCÍPIO DA PROIBIÇÃO DO BIS IN IDEM (“NON BIS IN IDEM”)
Veda a dupla punição pelo mesmo fato. Ninguém pode ser punido duas vezes pelo mesmo fato. EX.: Art. 123 Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pode aplicar a agravante genérica de crime contra descendente? E de crime contra a criança? NÃO! NÃO! O fato de a vítima ser filha da agente já é elementar do crime. Esse filho obrigatoriamente é uma criança. São duas elementares do crime. 
#OBS.: Súmula 241 do STJ: A reincidência penal não pode ser considerada como circunstância agravante e, simultaneamente, como circunstância judicial. Se o sujeito só apresenta uma única condenação definitiva anterior ela será usada como reincidência e não poderá figurar TAMBÉM como circunstância judicial desfavorável. Pode haver duas ações, em searas judiciais diversas, pelo mesmo fato, desde que as imputações sejam diversas.
*#DEOLHONAJURIS #DIZERODIREITO #STJ: A circunstância judicial “conduta social”, prevista no art. 59 do Código Penal, representa o comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros indivíduos. Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Assim, não se mostra correto o magistrado utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como “conduta social desfavorável”. Não é possível a utilização de condenações anteriores com trânsito em julgado como fundamento para negativar a conduta social. STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 10/5/2016 (Info 825). STJ. 5ª Turma. HC 475.436/PE, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2018. STJ. 6ª Turma. REsp 1.760.972-MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 08/11/2018 (Info 639).
· Circunstâncias judiciais ou inominadas - 1ª fase - não podendo fugir do mínimo e do máximo de pena cominada pela lei àquele tipo penal.  Circunstâncias atenuantes e agravantes - 2ª fase não poderá ultrapassar os limites do mínimo e do máximo legal. As circunstâncias agravantes somente serão aplicadas quando não constituem elementar do crime ou os qualifiquem.  Causas de aumento e diminuição - 3ª fase:  As causas de aumento e diminuição podem tanto estar previstas na Parte Geral do Código Penal quanto na Parte Especial. Elas são causas que permitem ao magistrado diminuir aquém do mínimo legal bem como aumentar além do máximo legal. O STF (RE 453.000/RS) também disse que reincidência não é bis in idem, por não se tratar do mesmo crime.
PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE SUBJETIVA
Proíbe a responsabilidade penal objetiva - é a atribuição de um crime a alguém independentemente de dolo ou culpa. Direito penal da culpa. Também chamada de princípio da imputação pessoal – nulla poena sine culpa - e princípio da personalidade ou intranscendência
Art. 19 Pelo resultado que agrava especialmente a pena, só responde o agente que o houver causado ao menos culposamente. 
A Doutrina apresenta dois resquícios da responsabilidade penal objetiva: (1) a rixa qualificada; e (2) embriaguez voluntária ou culposa. Teoria da actio libera in causa (A teoria da actio libera in causa é aquela em que o agente, conscientemente, põe-se em estado de inimputabilidade, seja com intenção de cometer crime – preordenada – ou não – voluntária. Considera-se como marco da imputabilidade penal o período anterior à embriaguez.)
(1) art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores. Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
(2) Art. 28, II Não excluem a imputabilidade penal: II. A embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. (A pessoa não tinha nem consciência do que fazia, mas responde). 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O princípio da intranscendência subjetiva impede que sanções e restrições superem a dimensão estritamente pessoal do infrator e atinjam pessoas que não tenham sido as causadoras do ato ilícito. Assim, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções proíbe a aplicação de sanções às administrações atuais por atos de gestão praticados por administrações anteriores. A inscrição do Estado de Pernambuco no CAUC ocorreu em razão do descumprimento de convênio celebrado por gestão anterior, ou seja, na época de outro Governador. Ademais, ficou demonstrado que os novos gestores estavam tomando as providências necessárias para sanar as irregularidades verificadas. Logo, deve-se aplicar, no caso concreto, o princípio da intranscendência subjetiva das sanções, impedindo que a Administração atual seja punida com a restrição na celebração de novos convênios ou recebimento de repasses federais. STF. 1ª Turma. AC 2614/PE, AC 781/PI e AC 2946/PI, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 23/6/2015 (Info 791).
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU CRIMINALIDADE DE BAGATELA
Conceito
Tem origem no Direito Romano, do brocado de minimus non curat praetor - os pretores não cuidam do que é mínimo. Era do D civil. No DP surge em 1970- Claus Roxin – o DP não deve se ocupar de condutas insignificantes, incapazes de lesar ou pelo menos de colocar em perigo o bem jurídico protegido pela lei penal. Ele princípio guarda uma estreita relação com o funcionalismo penal e Roxin é um dos grandes nomes do funcionalismo. Roxin diz que mais que um princípio é uma medida de política criminal. 
 
#OBS.: Autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância? Para o STJ só o juiz pode. HC 154.949/MG. PENAL. HABEAS CORPUS. FURTO. IRRELEVÂNCIA PENAL. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. RESISTÊNCIA. ALEGAÇAO DE POSSIBILIDADE DE ABSOLVIÇAO DO CRIME DE RESISTÊNCIA ANTE A ATIPICIDADE DA CONDUTA DE FURTO. IMPOSSIBILIDADE. ATO LEGAL DE AUTORIDADE. Para Kléber e para concursos policiais, a autoridade policial pode aplicar o princípio da insignificância, principalmente para analisar a legalidade da prisão em flagrante.
Natureza jurídicaPontes diz que é o grupo, família, categoria que pertencente determinado instituto do direito. A NJ é de uma causa de exclusão de tipicidade que não é prevista em lei (supralegal).[footnoteRef:5] A tipicidade penal é formal e material. A formal é o juízo de adequação entre o fato e a norma. O fato praticado na vida real se amolda ao modelo de crime tipificado. A material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico, não bastando que o fato se encaixe na norma, ele em que ser capaz de lesionar o bem. Na aplicação do princípio da insignificância não há tipicidade material. O STF disse que esse princípio realiza uma interpretação restritiva da lei penal, diminuindo o alcance da lei penal, para ao banalizar a lei penal. STF – mesmo após o trânsito pode ser reconhecida a atipicidade. Pode ser conhecida de ofício, por meio de HC. [5: Atenção: A banca CESPE considerou INCORRETA a seguinte assertiva: “Os princípios da insignificância e da irrelevância penal do fato não contam com previsão expressa no direito penal brasileiro”, por entender que AMBOS estariam previstos no art. 59 CP. Então, #SELIGA, afinal: manda quem pode; obedece quem tem juízo e quer passar. ] 
*#APROFUNDANDO. TIPICIDADE PENAL: é a tipicidade formal somada à tipicidade material. 
· Tipicidade formal é um juízo de adequação entre o fato e a norma (analisa se o fato praticado na vida real, se amolda, se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal). 
· Tipicidade material é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico. É a lesão (a subtração do copo de água tem tipicidade formal, mas não tem tipicidade material, porque não coloca em risco o patrimônio da pessoa, não provoca grande lesão a ninguém. É, portanto, causa de exclusão da tipicidade, porque falta a tipicidade material).
- No princípio da insignificância, o fato tem tipicidade formal, entretanto falta a tipicidade material. 
Se o fato for penalmente insignificante significa que não lesou nem causou perigo de lesão ao bem jurídico. Logo, aplica-se o princípio da insignificância e o réu é absolvido por atipicidade material, com fundamento no art. 386, III do CPP. O princípio da insignificância atua, então como um instrumento de interpretação restritiva do tipo penal.
Esse princípio é muito usado no Brasil e vem ganhando cada vez espaço. A jurisprudência tanto do STF e quanto do STJ são unânimes em admitir o princípio da insignificância. Ministério Público também aceita essa aplicação. 
*#SELIGANATABELA:
	INFRAÇÃO BAGATELAR PRÓPRIA[footnoteRef:6] [6: Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf ] 
= PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA
	INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA
= PRINCÍPIO DA IRRELEVÂNCIA PENAL DO FATO
	A situação já nasce atípica. O fato é atípico por atipicidade material.
	A situação nasce penalmente relevante. O fato é típico do ponto vista formal e material.
 Em virtude de circunstâncias envolvendo o fato e o seu autor, consta-se que a pena se tornou desnecessária.
	O agente não deveria nem mesmo ser processado já que o fato é atípico.
	O agente tem que ser processado (a ação penal deve ser iniciada) e somente após a análise das peculiaridades do caso concreto, o juiz poderia reconhecer a desnecessidade da pena.
	Não tem previsão legal no direito brasileiro.
	Está previsto no art. 59 do CP.
*#AJUDAMARCINHO: Infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito penal, mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente desnecessária (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2, São Paulo: RT, 2009, p.305)”. EM OUTRAS PALAVRAS, O FATO É TÍPICO, TANTO DO PONTO DE VISTA FORMAL, COMO MATERIAL. No entanto, em um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo, A REPRIMENDA NÃO DEVE SER IMPOSTA, DEVE SER RELEVADA (assim como ocorre nos casos de perdão judicial). Segundo LFG, a INFRAÇÃO BAGATELAR IMPRÓPRIA possui um fundamento legal no direito brasileiro. Tratase do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a pena “conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
Ex.: João praticou um crime. E o que ocorreu após a prática do crime? O réu casou, teve filhos, tem uma empresa com 50 funcionários? Da data em que o crime foi praticado até a data da sentença, o juiz conclui que a pena não é necessária. A bagatela imprópria se ASSEMELHA ao perdão judicial (art. 107, IX). O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade, que só é admitida nos casos expressamente previstos em lei. Ex. de mãe que deixa filho dentro do carro e ele morre asfixiado. O fundamento é o mesmo, só que o perdão judicial está duplamente previsto em lei, tanto ele como instituto como as hipóteses legais em que ele incide. 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: IX - Pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
*#IMPORTANTE: O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de um amigo; o fato de ter sido concedido perdão judicial para a morte da noiva não significará a extinção da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo. STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 1/6/2017 (Info 606).
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDENCIA #STJ: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.688.878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo) (Info 622). STF. 1ª Turma. HC 137595 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 07/05/2018. STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info 898).
Não se aplica o princípio da insignificância ao furto de bem de inexpressivo valor pecuniário de associação sem fins lucrativos com o induzimento de filho menor a participar do ato. STJ. 6ª Turma. RHC 93.472-MS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 15/03/2018 (Info 622) #IMPORTANTE
*#DIZERODIREITO #JURISPRUDÊNCIA #STF: Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho? 20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ) Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo). STF. 1ª Turma. HC 127173, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso, julgado em 21/03/2017. 
#CASCADEBANANA #CUIDADO: Neste informativo 897, a 1ª Turma do STF afirmou que esse parâmetro de 20 mil reais não poderia produzir efeitos penais em virtude do princípio da independência das instâncias: Asseverou que a lei que disciplina o executivo fiscal não repercute no campo penal. Tal entendimento, com maior razão, deve ser adotado em relação à portaria do Ministério da Fazenda. STF. 1ª Turma. HC 128063, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/4/2018 (Info 897). Este precedente, contudo, não é a posição majoritária, não sendo recomendável a sua adoção em provas.
* #AJUDAMARCINHO: Diante disso, muitos leitores indagaram: o que fazer agora? Houve mudança de entendimento do STF? O STF deixou de aplicar o limite de 20 mil reais da Portaria 75/2012? NÃO. De fato, este julgado (HC 128063) vai contraaquilo que o STF vinha decidindo há anos sobre o tema. Isso não significa, contudo, que o STF tenha mudado de posição. O que houve, no presente caso, foi uma decisão isolada decorrente de uma ausência temporária de dois Ministros na Turma.
* #DEOLHONOCENÁRIO #POLÊMICA: Ei, psiu: o que você precisa entender é que esse julgado não representa, por enquanto, mudança de entendimento do STF.
Requisitos
(1) Objetivos – VETORES (diz respeito ao FATO – não escrever crime, pois exclui a tipicidade – praticado): são requisitos muito próximos que precisam ser avaliados no caso concreto – furtar carneiro para churrasco de um produtor rural humilde – não aplica; sonegação de imposto- sim pelo grande patrimônio do Brasil . Nem o STF consegue conceituar bem esses requisitos. Eles caminham na mesma direção, aduzindo que o fato não tem relevância penal. Idealizados pelo Ministro Celso de Mello:
· Mínima ofensividade da conduta: 
· Ausência de periculosidade social da ação
· Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento (crime de militar - alto grau)
· Inexpressividade da lesão jurídica
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA. Ementa: HABEAS CORPUS IMPETRADO CONTRA ACÓRDÃO QUE NEGOU PROVIMENTO A AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. ATIVIDADE CLANDESTINA DE TELECOMUNICAÇÕES. HABITUALIDADE. EMISSORA CLANDESTINA QUE INTERFERE NO TRÁFEGO AÉREO. INAPLICABILIDADE DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICÂNCIA PENAL. ORDEM DENEGADA. 1. O acórdão impugnado está em conformidade com a jurisprudência de ambas as Turmas do STF no sentido de que “o uso clandestino e habitual de serviços de telecomunicação almoda-se ao tipo penal do art. 183 da Lei 9.472/97” (HC 115.137, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma. Precedentes. 2. Constatado pelas instâncias de origem que a rádio clandestina operada pelo paciente estava interferindo no tráfego aéreo, não é possível a adoção do princípio da insignificância penal. 3. Violação do bem tutelado pela norma incriminadora. 4. Ordem denegada. (STF. HC 115.423-SP. Rel. Min. Roberto Barroso. Info 739)
(2) Subjetivos: diz respeito ao agente e também à vítima
 
· Importância do bem para a vítima. Leva em consideração a extensão do dano e o valor sentimental do bem. STF: furtaram uma bicicleta, mas era o meio de transporte da família. Essa importância é econômica, sentimental. “Disco de ouro” de Elimar Santos.
· Condições do agente. Será que o reincidente tem direito ao princípio da insignificância? STJ – SIM. STF – NÃO. O STF entende que o princípio da insignificância por ser política criminal, não deve ser aplicado a quem transgride constantemente a lei penal. Usar o posicionamento do STF para o MP e do STJ para a DP. Para o STJ pelo princípio ter excluído a tipicidade. Na segunda fase é que se analisa a reincidência. A reincidência não atinge a tipicidade. Obs.: Criminoso habitual é aquele que faz da prática de crimes o seu meio de vida: NÃO! STF e STJ. 
*#ATENÇÃO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (...) II – o réu não for reincidente em crime doloso; Situação concreta: Antônio foi denunciado por tentar furtar quatro frascos de xampu de um supermercado, bens avaliados em R$ 31,20. O réu foi condenado pelo art. 155 c/c art. 14, II, do CP a uma pena de 8 meses de reclusão. Foi aplicado o regime inicial semiaberto e negada a substituição por pena restritiva de direitos em virtude de ele ser reincidente (já possuía uma condenação anterior por furto), atraindo a vedação do art. 44, II, do CP. Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de direitos, afastando a proibição do art. 44, II, do CP. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: É possível a aplicação do princípio da insignificância para réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais? Em regra: NÃO! No entanto, o STF reconheceu a aplicação do princípio a um réu que praticou um furto de 16 reais, mesmo já tendo sido condenado por lesão corporal anteriormente. Entendeu-se que é possível aplicar referido princípio mesmo havendo essa condenação, porque a contumácia de infrações penais que não têm o patrimônio como bem jurídico tutelado pela norma penal (a exemplo da lesão corporal) não pode ser valorada como fator impeditivo à aplicação do princípio da insignificância. STF. 2a turma. HC 114723/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, j. em 16/8/2014.
Mesmo já possuindo essa condenação o STF conclui que poderia ser aplicado o princípio da insignificância, considerando a chamada “teoria da reiteração não cumulativa de condutas de gêneros distintos”. 
#ATENÇÃO #POLÊMICA: É possível aplicar o princípio da insignificância em favor de um réu reincidente ou que já responda a outros inquéritos ou ações penais? É possível aplicar o princípio da insignificância em caso de furto qualificado? O Plenário do STF, ao analisar o tema, afirmou que não é possível fixar uma regra geral (uma tese) sobre o assunto. A decisão sobre a incidência ou não do princípio da insignificância deve ser feita caso a caso. Apesar disso, na prática, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e o STJ negam a aplicação do princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. De igual modo, nega o benefício em situações de furto qualificado. STF. Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 3/8/2015 (Info 793).
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA. FURTO DE FIOS ELÉTRICOS PRATICADO MEDIANTE CONCURSO DE AGENTES. CONDENAÇÃO. PEDIDO DE APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. Ausência de dois vetores considerados para a aplicação do princípio da bagatela: a ausência de periculosidade social da ação e o reduzido grau de reprovabilidade da conduta. A prática delituosa é altamente reprovável por afeta serviço essencial a sociedade. Os efeitos da interrupção do fornecimento de energia não podem ser quantificados apenas sob o prisma econômico, porque importam em outros danos aos usuários do serviço. Personalidade do agente voltado ao cometimento de delitos patrimoniais (reiteração delitiva). Precedentes do STF no sentido de afastar a aplicação do princípio da insignificância aos acusados reincidentes ou de habitualidade delitiva comprovada. Furto em concurso de pessoas – maior desvalor da conduta. Precedentes do STDF. Ordem negada. STF. HC 118.361-MG. Rel. Min. Gilmar Mendes.
#ATENÇÃO #MP #DP Se você estiver fazendo uma prova prática ou oral da Defensoria ou do Ministério Público, pode optar por expor a divergência existente na jurisprudência e posicionar-se defendendo a “tese institucional”. Para isso precisará apresentar argumentos:
É possível a aplicação do princípio da insignificância em favor de réus reincidentes ou que respondam a outros inquéritos ou ações penais?
	Defensoria: SIM
	MP: NÃO
	Se o fato é insignificante, é porque não há tipicidade material. Ora, não pode um fato ser considerado atípico para o réu se ele for primário e esse mesmo fato ser reputado como típico se o acusado for reincidente. Ou o fato é típico, ou não é, não importando as condições pessoais do agente, considerando que estamos analisando o “fato” criminoso.
Assim, para a incidência do princípio da insignificância, devem ser examinadas as circunstâncias objetivas em que se deu a prática delituosa, o fato em si, e não os atributosinerentes ao agente.
Se forem analisadas as condições subjetivas do réu para se aplicar ou não o princípio, estará sendo dada prioridade ao direito penal do autor em detrimento do direito penal do fato.
As condições pessoas do autor somente devem ser aferidas quando da fixação da eventual e futura pena.
	Se o réu é reincidente em práticas delituosas essa circunstância revela clara demonstração de que ele é um infrator contumaz e com personalidade voltada à prática delitiva.
A lei seria inócua se fosse tolerada a reiteração do mesmo delito, seguidas vezes, em frações que, isoladamente, não superassem certo valor tido por insignificantes, mas o excedente na soma. E mais: seria verdadeiro incentivo ao descumprimento da norma legal, mormente tendo em conta aqueles que fazem da criminalidade um meio de vida.
O princípio da insignificância não pode ser acolhida para resguardar e legitimar condutas desvirtuadas, mas para impedir que desvios de conduta ínfimos, isolados, sejam sancionados pelo direito penal, fazendo-se justiça no caso concreto. O fato de haver outras condenações, ações penais ou inquéritos revela, assim, a reprovabilidade e ofensividade da conduta, vedando a aplicação da insignificância.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO. 
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina? É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio comunitária clandestina? STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97, nas hipóteses de exploração irregular ou clandestina de rádio comunitária, mesmo que ela seja de baixa potência, uma vez que se trata de delito formal de perigo abstrato, que dispensa a comprovação de qualquer dano (resultado) ou do perigo, presumindo-se este absolutamente pela lei. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, julgado em 14/02/2017. STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da insignificância desde que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em localidades afastadas dos grandes centros e em situações nas quais ficou demonstrada a inexistência de lesividade. STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 7/2/2017 (Info 853).
*#Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97.
*ATENÇÃO PARA A DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL!
STF: a oferta de serviço de internet é concebida como serviço de valor adicionado e, portanto, não pode ser considerada como atividade clandestina de telecomunicações, não caracterizando o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97. (1ª Turma. HC 127978, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/10/2017, Informativo 883). 
#DIZERODIREITO: o professor Márcio Cavalcante ensina que, apesar de haver um julgado em sentido contrário, o entendimento que prevalece no STF é o mesmo do STJ. O desenvolvimento clandestino de atividade de transmissão de sinal de internet, via rádio, comunicação multimídia, sem autorização do órgão regulador, caracteriza, por si só, o tipo descrito no artigo 183 da Lei nº 9.472/97, pois se trata de crime formal, inexigindo, destarte, a necessidade de comprovação de efetivo prejuízo. STF. 1ª Turma. HC 152118 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 07/05/2018.
Aplicabilidade
É aplicável a todo e qualquer crime que seja com ele compatível e não somente aos crimes patrimoniais. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #STF: Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (...) II – o réu não for reincidente em crime doloso; Situação concreta: Antônio foi denunciado por tentar furtar quatro frascos de xampu de um supermercado, bens avaliados em R$ 31,20. O réu foi condenado pelo art. 155 c/c art. 14, II, do CP a uma pena de 8 meses de reclusão. Foi aplicado o regime inicial semiaberto e negada a substituição por pena restritiva de direitos em virtude de ele ser reincidente (já possuía uma condenação anterior por furto), atraindo a vedação do art. 44, II, do CP. Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de direitos, afastando a proibição do art. 44, II, do CP. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913).
· Crimes em que a jurisprudência reconhece a APLICABILIDADE do princípio da insignificância[footnoteRef:7]: [7: #FICADEOLHO: Caiu na 2ª fase da DPU – 2017 (CESPE).] 
· Crime de Furto: Furto insignificante (fato atípico) x Furto privilegiado (há crime art. 155, §2º) - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor (até um salário mínimo – jurisprudência) a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. Não pode ter por parâmetro o valor da res furtiva (coisa subtraída), devendo ser analisadas as circunstancias do fato e o reflexo da conduta do agente no âmbito da sociedade. 
· Não se aplica ao: Furto durante o repouso noturno; furto de água potável mediante ligação clandestina; furto de coisas para trocá-las por drogas; a restituição do bem à vítima não afasta o crime *; Furto qualificado.
#NÃOCONFUNDA: Diferença entre furto de bem de pequeno valor e de valor insignificante:
	Pequeno valor do bem subtraído (art. 155, §2ª)
	Valor insignificante do bem subtraído
	Até um salário mínimo.
	Não há um parâmetro objetivo, mas, por óbvio, deve ser menor que um salário mínimo.
	Se a coisa furtada é de pequeno valor e o condenado é primário, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1/3 a 2/3, ou aplicar somente a pena de multa.
	Se o valor da coisa furtada é insignificante, o juiz irá absolver o réu por falta de tipicidade material
	Ex.: furto de um relógio que custa 500 reais.
	Ex.: furto de um relógio que custa 90 reais.
· Crimes tributários – descaminho (apesar de estar no CP é crime tributário) quando o valor do tributo devido não ultrapassa 10.000 reais.
Art. 20 da Lei 10.522/2001 Serão arquivados, sem baixa na distribuição (significa que essa dívida não é excluída. Se passar de dez mil ele ajuíza a ação), mediante requerimento do Procurador da Fazenda Nacional, os autos das execuções fiscais de débitos inscritos como Dívida Ativa da União pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional ou por ela cobrados, de valor consolidado igual ou inferior a R$ 10.000,00. 
* #AJUDAMARCINHO[footnoteRef:8] #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: [8: Texto retirado do seguinte site: http://www.dizerodireito.com.br/2018/03/qual-e-o-valor-maximo-considerado.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+com%2FrviB+%28Dizer+o+Direito%29. ] 
O princípio da insignificância pode ser aplicado no caso de crimes tributários e no descaminho?
SIM. É plenamente possível que incida o princípio da insignificância tanto nos crimes contra a ordem tributária previstos na Lei nº 8.137/90 como também no caso do descaminho (art. 334 do CP).
O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art. 334 do Código Penal e não na Lei nº 8.137/90.
Existe algum limite máximo de valor para que possa ser aplicado o princípio da insignificância nos crimestributários?
SIM. A jurisprudência criou a tese de que nos crimes tributários, para decidir se incide ou não o princípio da insignificância, será necessário analisar, no caso concreto, o valor dos tributos que deixaram de ser pagos.
E qual é, então, o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários?
Tradicionalmente, esse valor era de 10 mil reais.
Assim, se o montante do tributo que deixou de ser pago era igual ou inferior a 10 mil reais, não havia crime tributário, aplicando-se o princípio da insignificância.
Qual era o parâmetro para se chegar a esse valor?
Esse valor foi fixado pela jurisprudência tendo como base o art. 20 da Lei n.°10.522/2002, que determina o arquivamento das execuções fiscais cujo valor consolidado for igual ou inferior a R$ 10.000,00. Em outros termos, a Lei determina que, até o valor de 10 mil reais, os débitos inscritos como Dívida Ativa da União não serão executados.
Segundo a jurisprudência, não há sentido lógico permitir que alguém seja processado criminalmente pela falta de recolhimento de um tributo que nem sequer será cobrado no âmbito administrativo-tributário.
Nesse caso, o direito penal deixaria de ser a ultima ratio.
Esse valor de 10 mil reais permanece ainda hoje?
NÃO. Recentemente, foi publicada a Portaria MF nº 75, de 29/03/2012, na qual o Ministro da Fazenda determinou, em seu art. 1º, inciso II, “o não ajuizamento de execuções fiscais de débitos com a Fazenda Nacional, cujo valor consolidado seja igual ou inferior a R$ 20.000,00 (vinte mil reais).”
Desse modo, o Poder Executivo “atualizou” o valor previsto no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002 e passou a dizer que não mais deveriam ser executadas as dívidas de até 20 mil reais.
Em outras palavras, a Portaria MF 75/2012 “aumentou” o valor considerado insignificante para fins de execução fiscal. Agora, abaixo de 20 mil reais, não interessa à Fazenda Nacional executar (antes esse valor era 10 mil reais).
Diante desse aumento produzido pela Portaria, começou a ser defendida a tese de que o novo parâmetro para análise da insignificância penal nos crimes tributários passou de 10 mil reais (de acordo com o art. 20 da Lei n.°10.522/2002) para 20 mil reais (com base na Portaria MF 75).
A jurisprudência acolheu essa tese?
STF: SIM, de imediato.
Para o STF, o fato de as Portarias 75 e 130/2012 do Ministério da Fazenda terem aumentado o patamar de 10 mil reais para 20 mil reais produz efeitos penais.
Logo, o novo valor máximo para fins de aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários passou a ser de 20 mil reais.
Precedentes:
STF. 1ª Turma. HC 120617, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 04/02/2014.
STF. 2ª Turma. HC 120620/RS e HC 121322/PR, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 18/2/2014.
STJ: relutou durante anos para aceitar a tese.
O STJ, durante anos, ficou decidindo que o valor de 20 mil reais, estabelecido pela Portaria MF nº 75/12 como limite mínimo para a execução de débitos contra a União, não poderia ser considerado para efeitos penais (não deveria ser utilizado como novo patamar de insignificância).
O Tribunal apontava dois argumentos principais:
i) a opção da autoridade fazendária sobre o que deve ou não ser objeto de execução fiscal não pode ter a força de subordinar o exercício da jurisdição penal;
ii) não é possível majorar o parâmetro previsto no art. 20 da Lei nº 10.522/2002 por meio de uma portaria do Ministro da Fazenda. A portaria emanada do Poder Executivo não possui força normativa passível de revogar ou modificar lei em sentido estrito.
Em suma, para o STJ, o valor máximo para aplicação do princípio da insignificância no caso de crimes contra a ordem tributária (incluindo o descaminho) continuava sendo de 10 mil reais.
Nesse sentido:
AgRg no AREsp 331.852/PR, j. em 11/02/2014
AgRg no AREsp 303.906/RS, j. em 06/02/2014
Qual é a novidade sobre o tema? #CHEIRINHODENOVIDADE:
O STJ curvou-se ao entendimento do STF.
O STJ, vendo que as suas decisões estavam sendo reformadas pelo STF, decidiu alinhar-se à posição do Supremo e passou a também entender que o limite para a aplicação do princípio da insignificância nos crimes tributários e no descaminho subiu realmente para R$ 20 mil.
O tema foi decidido sob a sistemática do recurso repetitivo e fixou-se a seguinte tese: Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/02/2018 (recurso repetitivo).
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e descaminho?
Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 do MF).
Esse valor deve ser calculado quando? No momento da sentença, ele deve ser atualizado com juros e correção monetária para saber se passa do teto de R$ 20 mil?
NÃO. Para se verificar a insignificância da conduta, deve-se levar em consideração o valor do crédito tributário apurado originalmente no procedimento de lançamento.
Assim, os juros, a correção monetária e eventuais multas de ofício que incidem sobre o crédito tributário quando ele é cobrado em execução fiscal não devem ser considerados para fins de cálculo do princípio da insignificância. STJ. 5ª Turma. RHC 74.756/PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 13/12/2016.
Para o STF é possível aplicar o novo limite (de 20 mil reais) mesmo que o fato tenha ocorrido antes da Portaria 75/2012?
SIM. Para o STF, o limite imposto por essa portaria (20 mil reais) pode ser aplicado de forma retroativa para fatos anteriores à sua edição considerando que se trata de norma mais benéfica (STF. 2ª Turma. HC 122213, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda Turma, julgado em 27/05/2014).
Esse valor é considerado insignificante tanto no caso de crimes envolvendo tributos federais, como também estaduais e municipais?
NÃO. Esse parâmetro vale, a princípio, apenas para os crimes que se relacionam a tributos federais, considerando que é baseado no art. 20 da Lei n.° 10.522/2002, que trata dos tributos federais. Assim, esse é o valor que a União considera insignificante.
Para fins de crimes de sonegação fiscal que envolvam tributos estaduais ou municipais, deve ser analisado se há lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Veja como decidiu o STJ:
(...) 4. Para a aplicação do referido entendimento aos tributos que não sejam da competência da União, seria necessária a existência de lei estadual no mesmo sentido, até porque à arrecadação da Fazenda Nacional não se equipara a das Fazendas estaduais. Precedentes e doutrina.
5. Inviável a aplicação do referido entendimento ao caso em análise, no qual o paciente foi denunciado por, em tese, suprimir o valor de R$ 819,00 (oitocentos e dezenove reais) de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II, da Constituição Federal.
6. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade de se aplicar referido entendimento de forma indiscriminada à sonegação dos tributos de competência dos diversos entes federativos da União. (...) STJ. 6ª Turma. HC 165003/SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 20/03/2014 (Info 540).
E o contrabando? Podemos aplicar esse entendimento acima explicado para o contrabando?
NÃO. Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtosproibidos em território nacional. Trata-se, assi, de um delito pluriofensivo. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 01/09/2015. #VAICAIR: O caso mais comum e que pode cair na sua prova é o de contrabando de cigarros.
Por que se aplica o princípio da insignificância para o descaminho, mas não para o contrabando?
No delito de contrabando, o objeto material sobre o qual recai a conduta criminosa é a mercadoria PROIBIDA (proibição absoluta ou relativa). Em outras palavras, o objetivo precípuo dessa tipificação legal é evitar o fomento de transporte e comercialização de produtos proibidos por lei.
No contrabando não se cuida, tão somente, de sopesar o caráter pecuniário do imposto sonegado, mas principalmente, de tutelar, entre outros bens jurídicos, a saúde pública.
Em suma, no contrabando, o desvalor da conduta é maior, razão pela qual se deve afastar a aplicação do princípio da insignificância. Veja:
O princípio da insignificância não incide na hipótese de contrabando de cigarros, tendo em vista que “não é o valor material que se considera na espécie, mas os valores ético-jurídicos que o sistema normativo-penal resguarda. STF. 2ª Turma. HC 118.359, Min. Cármen Lúcia, DJ 11/11/2013.
Em sede de contrabando, ou seja, importação ou exportação de mercadoria proibida, em que, para além da sonegação tributária há lesão à moral, higiene, segurança e saúde pública, não há como excluir a tipicidade material tão-somente à vista do valor da evasão fiscal, ainda que eventualmente possível, em tese, a exclusão do crime, mas em face da mínima lesão provocada ao bem jurídico ali tutelado, gize-se, a moral, saúde, higiene e segurança pública. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1418011/PR, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 03/12/2013.
#OBS.: Contrabando - não aplica pela gravidade da conduta.
	CONTRABANDO
	DESCAMINHO
	Previsto no art. 334-A:
“Importar ou exportar mercadoria proibida”.
	Previsto no art. 334:
“Iludir, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria”.
	Corresponde à conduta de importar ou exportar mercadoria PROIBIDA. Essa proibição pode ser absoluta ou relativa.
	Corresponde à entra ou à saída de produtos PERMITIDOS, toda vida, elidido, no todo ou em parte, o pagamento de direito ou de imposto devido pela entrada, pela saída ou pelo consumo de mercadoria. É a fraude utilizada para iludir, total ou parcialmente, o pagamento de impostos de importação ou exportação. O crime de descaminho também é conhecido como contrabando impróprio.
	É INAPLICÁVEL o princípio da insignificância ao crime de contrabando, uma vez que o bem juridicamente tutelado vai além do mero valor pecuniário do imposto elidido, alcançando também o interesse estatal de impedir a entrada e a comercialização de produtos proibidos em território nacional (STJ. 5a turma. AgRg no AREsp 342.598/PR, j. em 05/11/2013).
	O descaminho é também considerado um crime contra a ordem tributária, apesar de estar previsto no art. 334 do CP e não na Lei 8.137/90. Desse modo, APLICA-SE o princípio da insignificância ao crime de descaminho nas hipóteses em que não houver lesão significativa ao Fisco.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO. Princípio da insignificância e crimes envolvendo tributos estaduais ou municipais. Para se aplicar o princípio da insignificância aos crimes tributários envolvendo tributos estaduais ou municipais, é necessário que exista lei estadual ou municipal dispensando a execução fiscal no caso de tributos abaixo de determinado valor. Esse será o parâmetro para a insignificância. Não é possível aplicar o patamar estabelecido no art. 20 da Lei nº 10.522/2002, uma vez que essa lei trata de tributos que sejam da competência da União. STJ. 6a turma. HC 165.003-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. em 20/3/2014
#OBS.: O caso tratava de paciente que foi denunciado por, em tese, suprimir o valor de R$ 819,00 de de ICMS, de competência dos estados, de acordo com o art. 155, II da CF, de modo que seria incabível a aplicação do entendimento acima. Um dos requisitos indispensáveis à aplicação do princípio da insignificância é a inexpressividade da lesão jurídica provocada, que pode se alterar de acordo com o sujeito passivo, situação que reforça a impossibilidade de se aplicar o entendimento de forma indiscriminada à sonegação de tributos de competência de diversos entes federativos da União.
· *Crimes ambientais: Tribunais Superiores passaram a aplicar. É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).
*#SELIGANADIVERGÊNCIA[footnoteRef:9]: Quinta-feira, 22 de junho de 2017: O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou seguimento (julgou inviável) a Habeas Corpus (HC 137652) no qual a Defensoria Pública da União pedia a absolvição de um condenado por crime ambiental, consistente na prática de pesca em local proibido. O ministro rejeitou a aplicação do princípio insignificância ao caso. Segundo os autos, F.C. foi denunciado por crime ambiental, previsto no artigo 34, caput e parágrafo único, inciso II, combinado com o artigo 15, inciso II, alínea “a”, ambos da Lei 9.605/1998, tendo em vista a realização de pesca em local proibido, no litoral do Rio Grande do Sul, em distância inferior a três milhas náuticas da costa marítima e com petrechos não autorizados, como redes de arrasto de fundo. Em seguida, ele foi condenado à pena de 1 ano e 2 meses de detenção em regime aberto e ao pagamento de 10 dias-multa. A pena privativa de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direito. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) deu parcial provimento à apelação da defesa apenas para reduzir o valor unitário do dia-multa. Em seguida, foi interposto recurso especial ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas aquela corte rejeitou o recurso. Contra essa decisão, foi impetrado o HC 137652. No STF, a Defensoria Pública sustentou a aplicação do princípio da insignificância ao caso concreto. Alegou que a conduta do condenado apresentou “mínima ofensividade na seara penal com reduzido grau de reprovabilidade do comportamento do agente ante à lesão jurídica provocada”. Nesse sentido, salientou que os fiscais do Ibama não apreenderam peixes nem petrechos de pesca não autorizados na posse do condenado. De acordo com o relator, ministro Luís Roberto Barroso, não há ilegalidade flagrante ou abuso de poder que autorize a imediata aplicação do princípio da insignificância penal no caso concreto, “especialmente porque o direito penal não deve passar o sinal errado de que os crimes ambientais são menos importantes do que outros”. Para ele, na hipótese, a insignificância penal da conduta funcionaria como “um indesejável incentivo à prática de novos delitos”. O ministro acolheu a linha do parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) segundo o qual o princípio da insignificância é inaplicável, considerando que a conduta descrita nos autos é potencialmente lesiva ao meio ambiente. A PGR considerou que, ao contrário do que alegado no HC, a falta de apreensão de peixes ou petrechos pelos fiscais não é suficiente para concluir pela inexpressividade da lesão jurídica provocada. “O paciente, pescador profissional, foi flagrado junto a outros três indivíduos, por três vezes consecutivas, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de arrasto de fundo”, verificou. Ainda nos termos do parecer, como registrado pelas instâncias ordinárias, a pesca em local proibido caracteriza atividade predatória que acarreta sérios danos aos ciclos de reprodução da espécie “e culmina por lesionar, em cadeia, todo o ecossistema”. “Por sua vez, o uso de rede de arrasto pode causarimpactos ambientais relevantes na medida em que implica a captura de grandes quantidades de espécies – visadas e não visadas pelo agente –, bem como na destruição de vegetação aquática submersa, principalmente em se tratando de leitos de águas rasas, como é o caso do Estuário Lagoa dos Patos”, avaliou. [9: http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=347409. ] 
*#DEOLHONAJURIS #STF: O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98: Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por órgão competente: Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não permitido. STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018 (Info 891).
Obs.: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova.
· Crimes patrimoniais. Existe teto? A jurisprudência tem girado em torno de 20% do salário mínimo. Não tem lógica, que um crime de vitimização difusa, como o tributário, tenha um valor maior que os individuais. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra ação penal pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da insignificância mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. Excepcionalmente, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o afastamento dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da proporcionalidade. É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão, bens avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é inexpressivo e não houve emprego de violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, ausência de periculosidade social, reduzido grau de reprovabilidade e inexpressividade da lesão jurídica. Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal instaurada por igual conduta, ainda em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico. A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no sentido de atribuir relevância a estas situações. STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/8/2018 (Info 911).
· Atos infracionais (crianças e adolescentes): STF E STJ dizem que cabe.
· *“Flanelinha” e exercício da profissão sem registro competente. 
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO. Segundo o art. 1o, Lei 6242/75, o exercício da profissão de guardador e lavador autônomo de veículos automotores (“flanelinha”) depende de registro na Delegacia Regional do Trabalho competente. Diante disso, caso a pessoa exerça a profissão de “flanelinha” sem estar registrado na Superintendência Regional do Trabalho, ela poderá ser denuncia pela prática de contravenção prevista no art. 47 da Lei de Contravenções penais? NÃO! O STF entende que se aplica à hipótese, o princípio da insignificância, devendo ser reconhecida a atipicidade material do comportamento do agente. Há mínima ofensividade e reduzida reprovabilidade da conduta e a falta de registro no órgão competente não atinge de forma significativa o bem jurídico protegido. Se há algum ilícito, este não é penal, mas de caráter administrativo. STF. 2a turma. HC 115046/MG, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. em 19/3/2013. Info 699.
· Crimes em que a jurisprudência REJEITA a APLICABILIDADE do princípio da insignificância – incompatíveis com o princípio:
· Crimes contra a vida;
· Lesão corporal;
· Roubo ou crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa – porque se trata de um delito complexo que envolve patrimônio, grave ameaça e a integridade física e psíquica da vítima. 
· Crimes sexuais;
· Crime militar – hoje o STF não admite mais o princípio da insignificância, em razão da hierarquia da disciplina.
*#OUSESABER: Com relação a essa questão, o Superior Tribunal Militar, bem como o STF, tem rechaçado a aplicação do princípio da insignificância no âmbito da Justiça Militar. Ocorre que, em relação à bagatela imprópria, há decisão do STM aplicando-a. No caso julgado, um militar recebeu um telefonema da mãe avisando que precisava de dinheiro para comprar um medicamento para o pai, recém-operado da perna. Após ter tentado conseguir, em vão, um empréstimo com os colegas, o rapaz aproveitou-se do descuido de outro soldado que havia deixado o armário aberto e furtou R$ 120 de dentro de sua carteira. O acusado foi condenado pelo Conselho de Justiça por furto simples. Ao apelar para o STM, em seu voto, a relatora do processo rejeitou o princípio da insignificância, pois a jurisprudência da Corte é clara ao negar esse entendimento quando estão em jogo valores fundamentais à vida militar. No entanto, a relatora absolveu o réu baseada em outra premissa: a de que a condenação imposta ao rapaz com base na literalidade da lei seria desproporcional ao caso concreto, aplicando a bagatela imprópria, entendimento seguido por seus colegas. Ao analisar o processo, a Ministra apontou algumas características que o tornam especial: o militar confessou a prática do delito, restituiu integralmente a quantia subtraída antes de ser ouvido no IP Militar e, posteriormente, teve sua conduta elogiada pelos superiores. A relatora reconheceu nessa situação o princípio da bagatela imprópria ou da irrelevância penal do fato, que resumiu em uma frase: “a justiça do caso concreto”. Nos dizeres de LFG: ”Infração bagatelar imprópria: é a que nasce relevante para o Direito Penal (porque há desvalor da conduta bem como o desvalor do resultado), mas depois se verifica que a incidência de qualquer pena no caso concreto apresenta-se totalmente desnecessária (...)”
· Tráfico de drogas. Trata-se de crime de perigo abstrato ou presumido e o bem jurídico protegido é a saúde pública.
#CUIDADO! No crime do art.28 da Lei de Drogas – a primeira turma do STF em 2012, uma única vez, aplicou o princípio da insignificância. HC 110.475/SC. PENAL. HABEAS CORPUS. ARTIGO 28 DA LEI 11.343/2006. PORTE ILEGAL DE SUBSTÂNCIA ENTORPECENTE. ÍNFIMA QUANTIDADE. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICABILIDADE. WRIT CONCEDIDO. Se a posse de droga for em estabelecimento militar não tem aplicação, de forma alguma.
· Moeda Falsa. É crime contra a fé-pública, que é um bem inesgotável – falsificação de moeda coloca em risco o próprio sistema financeiro;
· Outros crimes envolvendo a fé-pública;
· Contrabando;
· Estelionato contra o INSS (estelionato previdenciário);
· Estelionato envolvendo FGT;
· Estelionato Seguro-desemprego;
· Violação de direito autoral;
#NOVIDADE #SÚMULA #MAGISTRATURA #DEFENSORIA #MP
Súmula 574-STJ: Para a configuração do delito de violação de direito autoral e a comprovação de sua materialidade, é suficiente a perícia realizada por amostragem do produto apreendido, nos aspectos externos do material, e é desnecessária a identificação dos titulares dos direitos autorais violados ou daqueles que os representem.
VENDA DE DVD’S PIRATAS - Essa conduta amolda-se ao § 2o do art. 184 do CP: Violação de direito autoral Como essa prática é cada vez mais comum, havendo, inclusive, “feiras” fiscalizadas pelo Poder Público onde esse comércio ocorre livremente, a Defensoria Pública alegou que não haveria crime, com base no princípio da adequação social. Essatese é acolhida pela jurisprudência?
NÃO. Tanto o STF como o STJ entendem que é típica, formal e materialmente, a conduta de expor à venda CDs e DVDs falsificados. Em suma, é crime. 
O fato de, muitas vezes, haver tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática não significa que a conduta não seja mais tida como típica, ou que haja exclusão de culpabilidade, razão pela qual, pelo menos até que advenha modificação legislativa, incide o tipo penal, mesmo porque o próprio Estado tutela o direito autoral. Não se pode considerar socialmente tolerável uma conduta que causa sérios prejuízos à indústria fonográficas brasileira e aos comerciantes legalmente instituídos, bem como ao Fisco pelo não pagamento de impostos. Nesse sentido: STF HC 98898, julgado em 20/04/2010.
Justamente para que não houvesse mais dúvidas, o STJ editou um enunciado:
Súmula 502-STJ: Presentes a materialidade e a autoria, afigura-se típica, em relação ao crime previsto no artigo 184, parágrafo 2o, do Código Penal, a conduta de expor à venda CDs e DVDs piratas. 
Também não se aplica o princípio da insignificância ao crime de violação de direito autoral. Em que pese a aceitação popular à pirataria de CDs e DVDs, com certa tolerância das autoridades públicas em relação a tal prática, a conduta, que causa sérios prejuízos à indústria fonográfica brasileira, aos comerciantes legalmente instituídos e ao Fisco, não escapa à sanção penal, mostrando-se formal e materialmente típica (STJ. 6a Turma. AgRg no REsp 1380149/RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 27/08/2013). 
A pena prevista para esse crime é de 2 a 4 anos. Trata-se de reprimenda desproporcional para esse tipo de conduta? NÃO. De acordo com o STJ, não há desproporcionalidade da pena prevista, pois o próprio legislador, atento aos reclamos da sociedade que representa, entendeu merecer tal conduta pena considerável, especialmente pelos graves e extensos danos que acarreta, estando geralmente relacionada a outras práticas criminosas, como a sonegação fiscal e a formação de quadrilha (HC 191568/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, Quinta Turma, julgado em 07/02/2013).[footnoteRef:10] [10: Mais comentários em: http://www.dizerodireito.com.br/2016/08/nova-sumula-574-do-stj-comentada.html
] 
· Crime praticado reiteradas vezes: o princípio não é aplicável ao criminoso habitual (STF e STJ)
· Crimes em que há DIVERGÊNCIA na jurisprudência quanto à APLICABILIDADE do princípio da insignificância:
· Crimes cometidos por prefeitos:
· STF: APLICA
· STJ: NÃO APLICA. Optar em prova objetiva por esse posicionamento.
· Porte de droga para consumo pessoal:
· STF: APLICA – possui um precedente isolado aplicando o princípio.
· STJ: NÃO APLICA – é crime de perigo presumido ou abstrato e a pequena quantidade faz parte da própria essência do delito em questão. Adotar esse posicionamento em prova objetiva.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de posse/porte de droga para consumo pessoal (art. 28 da Lei nº 11.343/2006). Para a jurisprudência, não é possível afastar a tipicidade material do porte de substância entorpecente para consumo próprio com base no princípio da insignificância, ainda que ínfima a quantidade de droga apreendida. STJ. 6a turma. RHC 35.920-DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. em 20/5/2014.
· Crimes contra a Administração Pública
· STF: APLICA. O STF historicamente não admitia. O fundamento é a moralidade administrativa. Ainda que a coisa tenha valor patrimonial irrelevante, a moralidade administrativa não tolera o princípio da insignificância. Em 2012 o STF admitiu a aplicação do princípio da insignificância no crime de peculato HC 107.370/SP Subtração de objetos da Administração Pública avaliados no montante de R$ 130,00 (cento e trinta reais). 3. Aplicação do princípio da insignificância, considerados crime contra o patrimônio público. Possibilidade. Precedentes. 4. Ordem concedida.
· STJ: NÃO APLICA. Exceção: Admite-se o princípio da insignificância ao crime de descaminho (art. 334, CP), que, topograficamente, está inserido nos Crimes contra a Administração Pública. 
#SELIGANASÚMULA #NÃOSABOTESÚMULAS:
Súmula 599-STJ: O princípio da insignificância é inaplicável aos crimes contra a Administração Pública. STJ. Corte Especial. Aprovada em 20/11/2017.
· Manter rádio comunitária clandestina:
· STJ: NÃO APLICA.
· STF: NÃO APLICA – regra / APLICA – exceção: possui alguns precedentes admitindo, em casos excepcionais, se a rádio operar em baixa frequência e em localidades afastadas dos grandes centros.
*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO O réu que disponibiliza provedor de internet sem fio pratica atividade clandestina de telecomunicação (art. 183 da Lei nº 9.472/97), de modo que a tipicidade da conduta está presente, devendo ser afastada a aplicação do princípio da insignificância mesmo que, no caso concreto, a potência fosse inferior a 25 watts, o que é considerado baixa potência, nos termos do art. 1º, § 1º, da Lei nº 9.612/98. STF. 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 04/10/2016 (Info 842).
*#OLHAOGANCHO #DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA #IMPORTANTE #CONCURSOSFEDERAIS: A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como se fosse um provedor de internet, sem autorização da ANATEL, configura o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97? STJ: SIM. A transmissão clandestina de sinal de internet, via radiofrequência, sem autorização da ANATEL, caracteriza, em tese, o delito previsto no art. 183 da Lei nº 9.472/97. Nesse sentido: STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1077499/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 26/09/2017. STF: NÃO. A oferta de serviço de internet é concebida como serviço de valor adicionado e, portanto, não pode ser considerada como atividade clandestina de telecomunicações, não caracterizando o crime do art. 183 da Lei nº 9.472/97. Foi o que decidiu a 1ª Turma do STF no HC 127978, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/10/2017 (Info 883). STF. 1ª Turma. HC 127978, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 24/10/2017 (Info 883).
· * Apropriação indébita:
· STJ: APLICA.
O STJ já firmou o entendimento de que é possível a aplicação do princípio da insignificância ao delito de apropriação indébita previdenciária, desde que o total dos valores retidos não ultrapasse o valor utilizado pela Fazenda Público como limite mínimo para que sejam ajuizadas as execuções fiscais (20 mil reais). STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1241697/PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 06/08/2013. STJ. 6ª Turma. RHC 59839/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/04/2016.
· STF: NÃO APLICA:
O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual. O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma. HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 21/06/2016.
Princípio da humanidade
Proibição de criação de tipos penais ou penas que violem direitos humanos. 
	3. DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
Não se aplica
	4. BIBLIOGRAFIA UTILIZADA
- Anotações de aula
- Direito Penal - Parte Geral - Vol. 1 – Cleber Masson 
- Informativos STF e STJ (Dizer o Direito)

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