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Alfabetização de jovens e adultosfundamentos metodológicos

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Alfabetização de Jovens e Adultos: 
Fundamentos Metodológicos
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v1
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2/152
Alfabetização de Jovens e Adultos: Fundamentos 
Metodológicos
Autoria: Jany Dilourdes Nascimento
Como citar este documento: NASCIMENTO, Jany Dilourdes. Alfabetização de Jovens e Adultos: Fun-
damentos Metodológicos. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil 05
Unidade 2: Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação 27
Unidade 3: Bases teóricas da Educação Popular e da EJA 44
Unidade 4: Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos 62
Unidade 5: Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro 80
Unidade 6: A Psicogênese da Língua Escrita 96
Unidade 7: Currículo – O que deve ser ensinado na EJA e como? 113
Unidade 8: Avaliação na EJA 132
2/152
3/152
Apresentação da Disciplina
A disciplina Alfabetização de jovens e adul-
tos: fundamentos metodológicos parte de 
uma breve contextualização histórica da 
educação de jovens e adultos (EJA) no Bra-
sil até os nossos dias. Essa contextualização 
abrange desde a abordagem inicial de uma 
educação tradicional baseada no trabalho 
com sílabas até a abordagem da educação 
de jovens e adultos proposta por Paulo 
Freire.
Busca-se o aprofundamento da proposta 
freiriana como uma educação progressista 
baseada em princípios da Educação Popu-
lar, concepção que vê o aluno como sujeito 
histórico e social capaz de problematizar, 
compreender e intervir em sua realidade. 
Para Freire, o ato de educar não é neutro, 
pois propõe a formação de valores ligados a 
que tipo de ser humano e a que o mundo se 
quer construir.
Ainda que de perspectiva revolucionária, a 
proposta de Freire apresenta recursos met-
odológicos restritos à época de sua siste-
matização teórica. Assim, esta disciplina 
traz as contribuições da obra de Emília Fer-
reiro sobre o processo de aquisição da língua 
escrita numa perspectiva socioconstrutiv-
ista. Discute-se questões como o currículo 
da EJA e o papel fundamental do professor 
alfabetizador. 
A disciplina apresenta uma proposta bas-
tante dinâmica: além dos textos e das aulas 
em vídeo, você contará com slides, infor-
mações suplementares, questões para re-
flexão e um estudo de caso a fim de tornar 
possível o aprofundamento teórico sobre o 
4/152
assunto bem como a transposição desses 
conhecimentos teóricos para a prática da 
sala de aula. 
5/152
Unidade 1
Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil
Objetivos
1. Regatar o histórico da educação de jovens e 
adultos no Brasil.
2. Compreender os avanços e retrocessos da EJA ao 
longo dos anos.
3. Perceber preconceitos contra analfabetos.
4. Destacar a mudança de paradigma na concep-
ção de educação e de alfabetização de adultos 
após as contribuições de Paulo Freire.
5. Verificar a coerência entre a garantia do direito a 
EJA e as políticas públicas que buscam efetivá-lo.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil6/152
Introdução 
A primeira aula deste curso visa apresentar 
e discutir a educação de jovens e adultos 
no Brasil a partir de uma contextualização 
histórica e crítica. Esse panorama geral e 
abrangente será de fundamental impor-
tância para o entendimento dos temas que 
virão a seguir.
É impossível discutir a educação de jovens 
e adultos no Brasil sem mencionar as con-
tribuições e as obras de Paulo Freire. O au-
tor desenvolve uma crítica à educação que 
ele denomina de “bancária”, afirma que não 
há neutralidade no processo educativo e 
propõe uma educação libertadora na qual 
o aluno é considerado sujeito ativo de sua 
aprendizagem.
Importante ainda destacar a influência de 
grandes conferências internacionais sobre 
educação, a nova Lei de Diretrizes e Base da 
Educação Nacional (LDB) e questões deter-
minantes à viabilização da EJA, como o seu 
financiamento, por exemplo. 
1. História da Educação de Jo-
vens e Adultos no Brasil 
A Educação no Brasil, durante quatro sécu-
los, foi predominantemente uma educação 
de dominação cultural, seletiva e exclu-
dente. A educação de jovens e adultos ain-
da mais. Em 1882, a Lei Saraiva (Decreto 
nº 3.029/1881) reafirmou a imagem pre-
conceituosa do analfabeto como ser inca-
paz e ignorante. Nesse período, a oferta de 
ensino estava atrelada a interesses políticos 
e eleitorais.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil7/152
A partir dos anos 1930, o Brasil começou a 
consolidar um sistema público de educação 
elementar. Em 1932, grandes transforma-
ções aconteceram na sociedade brasileira. 
O êxodo rural provocou grande concen-
tração populacional nos centros urbanos e 
o processo de industrialização reclamava 
a necessidade da ampliação da educação 
elementar como uma condição para sua ex-
pansão. 
A Constituição Federal de 1934, considera-
da revolucionária, instituiu no Brasil a obrig-
atoriedade e gratuidade do ensino primário 
para todos, mas não demorou muito até ser 
derrubada pelo golpe de Getúlio Vargas e 
ser substituída por outra Constituição, em 
1937. Nesse período, vivemos um dos mo-
mentos mais autoritários de nossa história, 
o chamado Estado Novo, ditadura que du-
rou até 1945.
Para saber mais
O Decreto nº 3.029, de 9 de janeiro de 1881, teve 
como redator final o Deputado Rui Barbosa e ficou 
conhecido como “Lei Saraiva”, homenagem feita 
a José Antônio Saraiva, Ministro do Império, que 
foi o responsável pela primeira reforma eleitoral 
do país. O decreto instituiu o “Título de Eleitor” e 
proibiu o voto de analfabetos.
https://pt.wikipedia.org/wiki/9_de_janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1881
https://pt.wikipedia.org/wiki/Rui_Barbosa
https://pt.wikipedia.org/wiki/Conselheiro_Saraiva
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ministro
https://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Decreto
https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%ADtulo_de_Eleitor
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil8/152
A educação de jovens e adultos passou a ga-
nhar força nesse cenário a partir da década 
de 1940, quando os movimentos de reivin-
dicação da ampliação da educação elemen-
tar passaram a incluir esforços de extensão 
desse direito à EJA. 
Concomitantemente com o término da Se-
gunda Guerra Mundial, a ditadura de Vargas 
chegou ao fim em 1945, iniciando um novo 
período de entusiasmo diante da redemo-
cratização. Nesse mesmo período foi criada 
a Unesco (Organização das Nações Unidas 
para a Educação, Ciência e Cultura), que fez 
pressão mundial em favor da educação de 
adultos analfabetos. Esse cenário voltado 
para a industrialização e para a incremen-
tação de bases eleitorais colaborou para 
que a educação de adultos fosse reconhe-
cida dentro dos esforços voltados para edu-
cação elementar.
Para saber mais
O Estado Novo foi inspirado no fascismo e no sa-
lazarismo, regimes marcados pelo autoritarismo e 
forte intervenção estatal. A justificativa era impe-
dir um “complô comunista”. Nesse período o en-
tão presidente anunciou uma nova Constituição 
(1937), que suspendia todos os direitos políticos, 
abolia os partidos e as organizações civis.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil9/152
Um marco histórico da EJA foi a Campanha 
de Educação de Adolescentes e Adultos 
(CEAA) lançada pelo professor Lourenço Fi-
lho em 1947. A campanha começou a de-
gradar-se por volta da década de 1950, mas 
mesmo assim foi de extrema importância 
por instaurar um campo teórico de pesqui-
sa em torno do tema do analfabetismo e da 
educação de adultos.
1.2 Mudança de Paradigma 
Paulo Freire, educador pernambucano, se 
opôs à ideia vigente nos anos 1960 de que 
o analfabetismo era a causa da situação de 
subdesenvolvimento econômico e social do 
país. Ao contrário, ele subverteu esse pen-
samento, indicando que a desigualdade é 
que causava o analfabetismo.Para saber mais
Manuel Bergström Lourenço Filho (10/03/1897 
a 03/07/1970) foi um educador brasileiro conhe-
cido por sua participação no movimento dos pio-
neiros da Escola Nova. Eugenista, sua obra revela 
preocupação com a modernização da escola, no 
entanto, foi duramente criticado por colaborar 
com o governo de Getúlio Vargas. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/10_de_mar%C3%A7o
https://pt.wikipedia.org/wiki/1897
https://pt.wikipedia.org/wiki/3_de_agosto
https://pt.wikipedia.org/wiki/1970
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educador
https://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Nova
https://pt.wikipedia.org/wiki/Get%C3%BAlio_Vargas
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil10/152
Freire criticou a educação bancária tradi-
cional e recusou-se a aceitar a visão pre-
conceituosa e marginalizada do analfabeto 
como indivíduo sem cultura, incapaz e ig-
norante. Ele propôs uma educação crítica 
conscientizadora, baseada no diálogo; uma 
educação problematizadora da realidade 
existencial dos sujeitos. No início da déca-
da de 1960, Freire inspirou programas de 
alfabetização e de educação popular como 
o Movimento de Educação de Base (MEB), li-
gado à Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB), aos Centros de Cultura Popu-
lar (CPC) ligados à União Nacional dos Estu-
dantes (UNE). A pressão desses movimentos 
sobre o governo federal culminou, no início 
do ano de 1964, no Plano Nacional de Alfa-
betização, proposta que seria orientada por 
ele, mas foi interrompida pelo golpe militar 
de 1964, levando-o ao exílio. 
A proposta de Freire foi substituída pelo Mo-
vimento Brasileiro de Alfabetização (Mo-
bral). O Mobral foi uma política governa-
mental do golpe militar, totalmente despo-
litizada, portanto, desprovida de conteúdo 
crítico. As mensagens serviam para confor-
Para saber mais
O analfabetismo e o analfabeto eram tidos como 
a “chaga” da sociedade brasileira, de acordo com 
o discurso higienista de dominação cultural. Leia 
o artigo Imagens do analfabetismo: a educação na 
perspectiva do olhar médico no Brasil dos anos 20, 
de Heloísa Helena Pimenta Rocha, publicado em 
1995.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil11/152
mar uma visão ingênua da sociedade e para 
incutir a aceitação da Ditadura como uma 
sociedade moderna, ligada ao progresso. O 
Mobral deixou poucas contribuições. Uma 
delas foi o Programa de Educação Integrada 
(PEI), que possibilitava a continuidade dos 
estudos dos recém-alfabetizados.
O Mobral foi extinto em 1985 e substituído 
pela Fundação Educar (Fundação Nacional 
para Educação de Jovens e Adultos). Esta 
Fundação apoiou algumas iniciativas de 
educação básica de jovens e adultos, con-
duzidas por prefeituras e instituições da so-
ciedade civil. A Fundação Educar também 
foi extinta em 1990, Ano Internacional da 
Alfabetização, ocasião em que o governo 
federal fechou programas de alfabetização 
de jovens e adultos. 
No cenário internacional, no mesmo ano 
aconteceu a Conferência Mundial de Edu-
cação para Todos, em Jomtien, que chamou 
a responsabilidade de todos os países signa-
tários para com o direito à educação de to-
dos, inclusive à educação de jovens e adultos. 
No final da década de 1990 foi promulga-
da no Brasil a nova Lei de Diretrizes e Ba-
ses da Educação Nacional – LDB (Lei n° 
9.394/1996), na qual a EJA passou a ser 
considerada uma modalidade da educação 
básica nas etapas do ensino fundamen-
tal e médio. A Emenda Constitucional n°. 
14/1996 também instituiu a obrigatorie-
dade do poder público em oferecer o Ensino 
Fundamental para aqueles que não tiveram 
acesso na idade própria.
A partir da mesma Emenda, foi criado o 
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil12/152
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento 
do Ensino Fundamental e de Valorização 
do Magistério (FUNDEF), regulamentado 
pela Lei nº 9.424/1996, que vetou a con-
tabilização das matrículas no Ensino Fun-
damental nos cursos de educação de jovens 
e adultos, para fins de repasse de recursos, 
inviabilizando o financiamento da educação 
de jovens e adultos.
Em 2001 foi aprovado o Plano Nacional de 
Educação (PNE). Este plano definiu como 
um dos objetivos a integração de ações do 
poder público para a erradicação do anal-
fabetismo. Já o novo Plano Nacional de Ed-
ucação (PNE 2014/2024) apresenta retro-
cessos relativos à EJA.
Esta breve trajetória histórica nos ajuda a 
reafirmar a luta pela Educação como um Di-
reito Humano de todos em qualquer idade.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil13/152
Glossário
Dominação Cultural: A imposição da visão de mundo dos colonizadores aos povos colonizados 
é chamada de invasão cultural. De acordo com Freire, a invasão cultural convence os invadidos 
de que são inferiores aos invasores e, portanto, devem adquirir seus valores, hábitos, maneira de 
se vestir, falar e pensar. Submetidos a condições concretas de opressão, tornam-se incapazes de 
lutar por sua libertação. Temos como exemplo os jesuítas que vieram catequizar os indígenas.
Educação bancária: Concepção de educação tradicional na qual o professor é o detentor do sa-
ber, portanto, deposita o conhecimento no aluno que nada sabe.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil14/152
Glossário
Eugenia: Termo cunhado na Inglaterra do século XIX por Francis Galton, sobrinho de Charles Da-
rwin, em seu livro Hereditary genius, publicado em 1869. A eugenia tentou fundamentar-se em 
bases supostamente científicas, validando a segregação e limpeza racial. 
Redemocratização: Tornar a democratizar. Em 30 de outubro de 1945, uma ação militar de-
pôs Getúlio Vargas e pôs fim ao Estado Novo. No dia 2 de dezembro de 1945, foram realizadas 
eleições para a presidência da República e para formar uma Assembleia Nacional Constituinte. 
Eurico Dutra foi eleito com 55% dos votos e as eleições foram um passo importante para o resta-
belecimento da democratização do país.
Fonte: <https://static.todamateria.com.br/upload/30/de/30_de_outubro.jpg>. Acesso em: 14 jun. 2017.
http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/AEraVargas2/biografias/Getulio_Vargas.asp
https://static.todamateria.com.br/upload/30/de/30_de_outubro.jpg
Questão
reflexão
?
para
15/152
O Parecer CNE 11/2000, coordenado pelo Relator Conselheiro Car-
los Roberto Jamil Cury, que trata das Diretrizes Curriculares Na-
cionais para a Educação de Jovens e Adultos, é até hoje um dos 
documentos mais importantes sobre a EJA. O documento aborda 
três funções da EJA: função reparadora, função equalizadora e fun-
ção permanente da EJA, que também pode ser chamada de quali-
ficadora. Leia o documento disponível no Portal do Ministério da 
Educação e reflita sobre essas funções e a mudança da concepção 
de educação proposta .
16/152
Considerações Finais (1/2)
• Dominação cultural.
• Preconceito contra o analfabeto. 
• 1932: Início de um sistema público de Educação Elementar.
• Constituição de 1934: instituiu a obrigatoriedade e gratuidade do ensino 
primário para todos.
• Constituição de 1937: suspendeu todos os direitos políticos, aboliu os par-
tidos e as organizações civis.
• Década de 1940: movimentos de reivindicação da ampliação da educação 
elementar incluem a reivindicação do direito à EJA. 
• Redemocratização.
• Fim da 2ª Guerra Mundial, criação da Unesco, pressão mundial para o fim do 
analfabetismo.
• Interesse político na ampliação das bases eleitorais. 
17/152
Considerações Finais (2/2)
• 1947: Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos lançada pelo pro-
fessor Lourenço Filho.
• Paulo Freire e a educação progressista. 
• Movimentos em prol da educação popular: Movimento de Educação de 
Base (MEB), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), aos 
Centros de Cultura Popular (CPC) ligados à União Nacional dos Estudantes 
(UNE).
• 1964: Paulo Freire e o Plano Nacional de Alfabetização.
• Golpe militar de 1964, levando-o ao exílio. 
• A proposta de Freireé substituída pelo Movimento Brasileiro de Alfabetiza-
ção (Mobral). 
• Conferência Mundial de Educação para Todos, em Jomtien.
• Direito à Educação de Todos inclusive à Educação de Jovens e Adultos.
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil18/152
Referências
BRASIL. Decreto nº 3.029, de 9 de janeiro de 1881. Publicação original – Portal da Câmara 
dos Deputados. Rio de Janeiro, 1881. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/
decret/1824-1899/decreto-3029-9-janeiro-1881-546079-publicacaooriginal-59786-pl.html>. 
Acesso em: 21 jun. 2017.
BRASIL. Constituição (1934). Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio 
de Janeiro, 1934. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui-
cao34.htm>. Acesso em: 28 maio 2017.
BRASIL. Constituição (1937). Constituição dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro, 1937. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm>. Acesso 
em: 28 maio 2017.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação 
nacional. Brasília: Diário Oficial da União,1996.
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Parecer 11/2000. Diretrizes 
curriculares nacionais para a educação de jovens e adultos. Brasília: Diário Oficial da União, 
2000.
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3029-9-janeiro-1881-546079-publicacaooriginal-59786-pl.html
http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-3029-9-janeiro-1881-546079-publicacaooriginal-59786-pl.html
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm
Unidade 1 • Breve Histórico da Educação de Jovens e Adultos no Brasil19/152
BRASIL. Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007. Regulamenta o Fundo de Manutenção e Desen-
volvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB, 
de que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias; altera a Lei n. 
10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis n. 9.424, de 24 de dezembro 
de 1996, 10.880, de 9 de junho de 2004, e 10.845, de 5 de março de 2004; e dá outras pro-
vidências. Brasília: Diário Oficial da União, 2007. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm>. Acesso em: 29 jun. 2017.
BRASIL. Lei nº 13.005, de 24 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE 
e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial da União, 2014. Disponível em: <http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm>. Acesso em: 29 jun. 2017.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 42. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
20/152
1. O que é Dominação Cultural?
a) É entender bem a cultura de um povo.
b) É impor a sua cultura a outro povo, como uma forma de cultura superior.
c) Significa uma forma de resistência à dominação.
d) É a imposição do modo de viver dos colonizados.
e) Corresponde à luta pela libertação de um povo.
Questão 1
21/152
2. A Constituição de 1934 foi considerada revolucionária por:
a) Propor a obrigatoriedade do ensino pago para todos.
b) Incentivar o ensino secundário para as zonas urbanas.
c) Instituir a obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário para todos.
d) Provocar a redução da oferta da educação pública gratuita.
e) Instituir a obrigatoriedade do ensino gratuito apenas na zona rural, mais necessitada.
Questão 2
22/152
3. Com o fim da Ditadura de Vargas e a redemocratização, a principal ra-
zão dos investimentos públicos na educação de adultos foi:
a) Erradicar o analfabetismo.
b) Garantir o acesso e a permanência na escola.
c) Ajudar a formar pessoas críticas para votar com consciência.
d) Colaborar com a sociedade em prol de um mundo melhor e mais justo 
e) Formar mão de obra para emergente industrialização e ampliar as bases eleitorais.
Questão 3
23/152
4. As ideias de Paulo Freire são consideradas um divisor de águas na educa-
ção:
a) Por terem proposto uma educação conscientizadora, crítica e dialógica.
b) Por terem proposto uma educação tradicional para adultos.
c) Porque esse educador propôs a educação bancária.
d) Por querer formar mão de obra especializada para o progresso do Brasil.
e) Por terem inspirado o Mobral.
Questão 4
24/152
5. De acordo com a Lei nº 9.394, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
cional de 20 de dezembro de 1996:
a) A educação de jovens e adultos passa a fazer parte da educação básica nas etapas do ensino 
fundamental e médio.
b) A educação básica só compreende o direito de crianças e adolescentes nas etapas do ensino 
fundamental e médio.
c) O financiamento da EJA é incentivado pelo FUNDEF.
d) O repasse de recursos para EJA colabora com a implementação da EJA em todo território 
nacional.
e) Matrículas da EJA são contabilizadas para o FUNDEF.
Questão 5
25/152
Gabarito
1. Resposta: B.
O conceito de Dominação Cultural está liga-
do à imposição da cultura de um povo colo-
nizador a outro povo colonizado. Refere-se 
a uma dominação ideológica que pretende 
incutir a ideia de que a cultura do coloniza-
dor é superior, convencendo os colonizados 
a um tipo de conversão cultural e obediên-
cia sem resistência.
2. Resposta: C.
A Constituição de 1934 foi considerada re-
volucionária por instituir a obrigatoriedade 
e gratuidade do ensino primário como um 
direito para todos. Não demorou muito até 
ser derrubada pelo golpe de Getúlio Var-
gas e ser substituída por outra Constituição 
(1937), bastante reacionária, que suprimia 
todos os direitos políticos, abolia os parti-
dos e as organizações civis.
3. Resposta: E.
Considerando que o Brasil começava a se 
industrializar, havia necessidade de formar 
mão de obra para o trabalho e o fato de que 
pessoas analfabetas não podiam votar por 
causa da Lei Saraiva, o fim da Ditadura de 
Vargas e a redemocratização fizeram com 
que se investisse na educação de jovens e 
adultos para ampliar as bases eleitorais.
4. Resposta: A.
As ideias de Paulo Freire são consideradas 
um divisor de águas na educação por terem 
26/152
Gabarito
proposto uma educação conscientizadora, 
crítica e dialógica, que apreendia o aluno 
como sujeito de sua própria educação, con-
trária à educação tradicional bancária da 
época, que desconsiderava os conhecimen-
tos prévios dos alunos, vistos como pessoas 
sem cultura.
5. Resposta: A.
De acordo com a Lei nº 9.394, Lei de Dire-
trizes e Base da Educação Nacional, de 20 
de dezembro de 1996, a educação de jovens 
e adultos passa a fazer parte da educação 
básica nas etapas do ensino fundamental 
e médio, embora o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e 
de Valorização do Magistério (FUNDEF) te-
nha vetado a contabilização das matrículas 
da EJA no Ensino Fundamental para fins de 
repasse de recursos, inviabilizando o finan-
ciamento da educação de jovens e adultos.
27/152
Unidade 2
Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação
Objetivos
1. Compreender a concepção de educação tradicio-
nal e educação progressista.
2. Entender a concepção de educação bancária.
3. Compreender a relação Sujeito x Objeto.
4. Refletir sobre a educação como um ato político.
5. Refletir sobre Educação crítica x Educação ingênua.
6. Discutir sobre a importância da dialogicidade na 
educação.
7. Aprofundar o conceito de educação problematiza-
dora e transformadora.
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação28/152
Introdução
Este tema discute um dos principais concei-
tosde Paulo Freire, a concepção “bancária” da 
educação. Esta concepção de educação ajuda 
a definir a educação tradicional e a distingui-
-la da concepção progressista. Na primeira, 
encontramos o educador como sujeito e os 
educandos como objetos nos quais o conhe-
cimento do educador é depositado. Já na con-
cepção progressista, os educandos são sujei-
tos do conhecimento, não objetos.
A concepção progressista concebe a educa-
ção como um ato político, pelo qual nos po-
sicionamos diante do mundo, do lado dos 
fracos e oprimidos ou contra eles. É uma edu-
cação que problematiza o mundo no qual se 
vive, portanto fundamenta-se no diálogo en-
tre as pessoas, sujeitos históricos que enten-
dem seu papel transformador no mundo. 
1. Paulo Freire e a concepção 
“bancária” da educação
No início dos anos 1960, Paulo Freire ques-
tionou a educação tradicional brasileira, pro-
pondo reflexões sobre o distanciamento entre 
a educação e os sujeitos aos quais ela se desti-
nava. Para o autor, aquela educação era alheia 
à experiência existencial dos educandos e o 
educador era considerado o único sujeito da 
educação “cuja tarefa indeclinável é encher os 
educandos dos conteúdos de sua narração” 
(FREIRE, 2005, p. 58).
Para Paulo Freire, não existe neutralidade no 
ato de educar. Educar significa transmitir va-
lores, portanto, deveríamos nos perguntar: 
que tipo de pessoas estamos formando? Que 
tipo de mundo desejamos? Educar envolve 
um projeto de mundo? Formamos sujeitos 
críticos para um mundo mais justo para todos 
ou formamos pessoas conformadas diante da 
realidade?
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação29/152
Para saber mais
Um dos sonhos de Paulo Freire era que seu acervo 
pessoal fosse acessível à população sem custos. 
Uma parceria firmada entre a Brasiliana USP e o 
Instituto Paulo Freire (IPF), possibilita a realização 
de parte desse sonho disponibilizando o acesso 
gratuito a vários trabalhos do pensador. 
Para saber mais
Paulo Freire
Fonte: <http://educacaointegral.org.br/wp-
-content/uploads/2015/04/paulo-freire_
anistiado-17.jpg>. Acesso em: 29 ago. 2017.
http://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2015/04/paulo-freire_anistiado-17.jpg
http://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2015/04/paulo-freire_anistiado-17.jpg
http://educacaointegral.org.br/wp-content/uploads/2015/04/paulo-freire_anistiado-17.jpg
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação30/152
A concepção bancária de educação é feita de narrativas, não sendo dialógica, é arbitrária, impo-
sitiva, opressora e desumanizante.
A narração de que o educador é o sujeito, conduz os educandos à memo-
rização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração os transfor-
ma em “vasilhas”, em recipientes a serem “enchidos” pelo educador. Quan-
to mais vá “enchendo” os recipientes com seus “depósitos”, tanto melhor 
educador será. Quanto mais se deixem docilmente “encher”, tanto melho-
res educandos serão. (FREIRE, 2005, p. 58)
Para saber mais
Paulo Reglus Neves Freire (19/09/1921)
Pernambucano, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Recife, mas não exerceu a profissão. Ga-
nhou notoriedade por sua experiência com alfabetização de adultos em Angicos (RN). Foi exilado. Trabalhou 
como professor em Harvard e foi consultor educacional de vários países na África. Voltou ao Brasil em 1980. 
Lecionou na Unicamp e PUC-SP. Tornou-se Secretário de Educação no Município de São Paulo (1989). Rece-
beu o título de doutor Honoris Causa em vinte e sete universidades no mundo. Disponível no site Paulo Freire .
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação31/152
Daí advém a concepção bancária da educa-
ção. Historicamente as pessoas guardavam 
dinheiro em casa; percebendo uma forma 
lucrativa de investir o dinheiro de outros e 
emprestar a juros, foram criados os primei-
ros bancos. Atualmente os bancos evoluíram 
bastante no objetivo de obter lucros, mas a 
questão aqui é compreender a razão de Freire 
ter usado essa analogia.
Para ele, aquele tipo de educação estava equi-
vocado, os educadores eram os donos do co-
nhecimento e depositavam seus conhecimen-
tos nos alunos que nada sabiam, assim a edu-
cação bancária parte da ideia de que educar é 
um ato de depositar, transferir conhecimento.
Na concepção bancária, os educadores são 
os sujeitos e os educandos são meros obje-
tos, de maneira que nessa visão da educação 
os educandos são acostumados a aceitar in-
formações, não são incentivados a pensar so-
bre elas, mas a aceitá-las passivamente, es-
timulando uma visão ingênua e conformada 
do mundo. Por faltar criticidade, a educação 
bancária atua como prática da dominação, 
tende a estimular a aceitação das situações 
opressoras como sendo naturais e inevitáveis 
determinadas pelo destino, destacando o ca-
ráter mítico e fatalista como mais uma de suas 
características. 
Para saber mais
Determinismo
O termo determinismo origina-se do verbo “deter-
minar”. Refere-se a uma corrente de pensamento 
que defende a ideia de que não há livre-arbítrio, 
tudo depende de relações de causalidade, de acor-
do com o determinismo, todos os fatos e ações hu-
manas são predeterminadas pela natureza, sendo a 
“liberdade de escolha” uma mera ilusão. 
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação32/152
A educação problematizadora proposta por Paulo Freire é comprometida com a desmitificação 
da realidade e com a libertação; por ser crítica, é conscientizadora; e por conceber os educandos 
como sujeitos históricos, carrega em seu cerne a transformação como possibilidade.
Link
Aqui será inserido as referências complementares. Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos 
(MOVA) criado na gestão de Paulo Freire em São Paulo, transformou-se em modelo nacional. Disponível 
no site Paulo Freire ..
Fórum de EJA
Espaço que busca a conexão entre o movimento social pela EJA, envolvendo 27 fóruns estaduais e distri-
tal de EJA e as Tecnologias de Informação. Disponível no site Fórum Eja .
Procure o do seu estado!
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação33/152
Glossário
Analogia: Analogia é estabelecer uma relação de semelhança entre duas ou mais entidades dis-
tintas, assim como Paulo Freire fez com os “Bancos” e as escolas.
Educação dialógica: Educação dialógica é a educação baseada no “diálogo”, não na transmissão 
do conhecimento.
Mitificadora: Que tem qualidades fascinantes, de maneira a ocultar a verdade.
Questão
reflexão
?
para
34/152
Leia o texto a seguir, do próprio Paulo Freire: A concep-
ção “bancária” da educação como instrumento da opressão. 
Seus pressupostos, sua crítica. FREIRE, Paulo – Pedagogia 
do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra. Pp.57-76. 1996. Re-
flita sobre a questão e pense em como seria possível apli-
car a educação libertadora na escola de forma prática .
35/152
Considerações Finais 
• Conceito de Educação como ato político não partidário, afirmação de que 
não há neutralidade na educação.
• Educação tradicional bancária na qual os educandos não são sujeitos, são 
objetos receptores de conhecimento.
• A educação tradicional baseia-se em narrativas feitas pelos professores a 
seus alunos, enquanto que a educação libertadora se baseia no diálogo en-
tre ambos.
• A educação tradicional apoia-se na consciência ingênua mitificadora, en-
quanto a educação libertadora incentiva a consciência crítica.
• A educação tradicional trabalha a favor da manutenção da opressão, en-
quanto a educação libertadora trabalha para sua emancipação e para a 
transformação da sua realidade como uma possibilidade.
Unidade 2 • Paulo Freire e as concepções: bancária e libertadora da educação36/152
Referências 
FREIRE, Paulo. Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. 
______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
______. Educação e mudança.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. Ideologia e educação: reflexões sobre a não neutralidade da educação. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1981.
______. Pedagogia do oprimido. 42. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
http://books.google.com/books?id=0LrGAAAACAAJ
37/152
1. As concepções de Educação Tradicional e Progressista são, respectiva-
mente:
a) Conservadora e libertadora.
b) Libertadora e crítica.
c) Autoritária e alienante.
d) Transformadora e problematizadora.
e) Dialógica e conservadora.
Questão 1
38/152
2. A concepção da “educação bancária” baseia-se em ideias que:
Questão 2
a) Consideram os alunos sujeitos históricos.
b) Comparam a educação a um Banco pela analogia do investimento em seus clientes.
c) Partem do princípio da transmissão de conhecimentos do professor para o aluno, conside-
rando este último como mero objeto recipiente.
d) Difundem a dialogicidade da educação.
e) Apresentam a educação como um ato político.
39/152
3. A respeito da educação como um ato político, podemos afirmar que:
Questão 3
a) Toda educação deve ter um partido.
b) Que a educação é neutra.
c) Que a educação transmite valores e uma concepção de mundo, por isso não é neutra.
d) Política nada tem a ver com educação e não devemos misturá-las.
e) Ao considerarmos a educação como um ato político, trabalhamos para a conservação da 
ordem social.
40/152
4. Paulo Freire foi um educador renomado no mundo todo por suas ideias:
Questão 4
a) Sobre educação em geral.
b) Apenas sobre educação de adultos.
c) Sobre educação tradicional.
d) A respeito das injustiças que os opressores sofrem.
e) Por defender a educação bancária.
41/152
5. Está correto afirmar que a concepção de Educação progressista é:
Questão 5
a) A concepção da Educação que visa o progresso nacional e o desenvolvimento econômico e 
social.
b) Ingênua em defender a transformação do mundo.
c) Tem como objetivo a aceitação das coisas como são, pois não podemos mudá-las.
d) Passiva diante da realidade do mundo, pois baseia-se em noções deterministas.
e) Problematiza a realidade do sujeito para que possa compreender-se como sujeito histórico 
e assim agir para transformar o mundo.
42/152
Gabarito
1. Resposta: A.
A primeira concepção de educação é a Tra-
dicional, portanto, conservadora; a segun-
da concepção de educação apresentada é a 
Progressista, que se opõe à primeira, sendo 
libertadora. Então, respectivamente, temos:
Concepção de Educação Tradicional = Con-
servadora.
Concepção de Educação Progressista = Li-
bertadora.
2. Resposta: C.
A concepção “bancária” de educação parte 
do princípio de que só o professor detém o 
conhecimento, portanto ele transmite seus 
conhecimentos para os alunos. Nessa rela-
ção, somente o professor é sujeito, os alu-
nos são objetos recipientes do conhecimen-
to depositado por eles.
3. Resposta: C.
A educação não é político-partidária, e nem 
deve ser. Mas é um ato político porque es-
colhemos de que lado estamos: dos fracos 
e oprimidos ou dos fortes e opressores. Ao 
transmitir valores sobre o tipo de pessoas 
que formamos e o tipo de mundo que que-
remos, estamos tomando uma posição po-
lítica, não neutra.
4. Resposta: A.
Algumas pessoas costumam relacionar 
Paulo Freire apenas à educação de adultos, 
43/152
Gabarito
no entanto, sua proposta de educação é ge-
ral, para todas as idades e em todos os seg-
mentos da educação.
5. Resposta: E.
A concepção progressista problematiza a 
realidade do sujeito para que possa refle-
tir criticamente sobre as injustiças sociais 
e compreender-se como sujeito histórico, 
posicionar-se diante delas, ao contrário de 
uma educação ingênua para a aceitação da 
realidade como se fosse por causas mágicas 
determinadas e inquestionáveis. Só como 
sujeitos podemos agir para transformar o 
mundo.
44/152
Unidade 3
Bases teóricas da Educação Popular e da EJA
Objetivos
1. Apresentar o entrelaçamento dos temas.
2. Desmitificar o fracasso escolar, como o fracasso da 
escola em receber as crianças das camadas populares.
3. Verificar a influência das ideias de Paulo Freire nos 
movimentos sociais.
4. Fundamentar a Educação Popular e os princípios de-
mocráticos como base da Educação de Jovens e Adul-
tos.
5. Compreender a gestão democrática como a educação 
feita com o povo, para o povo.
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA45/152
Introdução
Este tema propõe expor as bases teóricas 
que sustentam a Educação Popular e a EJA. 
Os princípios democráticos, éticos e de par-
ticipação política tratam de uma educação 
emancipadora e crítica que assume seu po-
sicionamento político em defesa da justiça 
social e de melhores condições de vida. 
Também discutiremos a transformação do 
conceito de Educação Popular e esclarece-
remos a forma como foi apropriado pelos 
movimentos sociais que compartilhavam 
das ideias de Paulo Freire. A educação popu-
lar passa a ser a educação feita com o povo 
e não só para o povo, princípio que orientou 
a gestão de Freire à frente da Secretaria da 
Educação do município de São Paulo. Freire 
recusava-se a entregar políticas prontas à 
população, recebia e dialogava com os mo-
vimentos, e juntos elaboravam políticas pú-
blicas.
Os conceitos apresentados ao longo deste 
tema serão de máxima importância para 
compreensão dos seguintes.
1. Bases teóricas da Educação 
Popular e da EJA
Durante alguns temas retomaremos alguns 
assuntos tratados anteriormente, afinal, os 
temas não são isolados, encontram-se en-
trelaçados entre si e ajudam a esclarecer e 
aprofundar outros novos. 
Historicamente, no Brasil, as escolas públi-
cas eram frequentadas pela elite, a maior 
parte da população era excluída do direi-
to à educação e quando, finalmente, con-
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA46/152
seguiam entrar na escola, sofriam um tipo 
“expulsão encoberta” que demonstrava o 
despreparo da escola para lidar com a po-
pulação pobre.
Embora houvesse uma grande desigualda-
de social, o analfabetismo era considerado a 
causa, não o efeito da situação econômica. Na 
contramão dessa visão encontramos Paulo 
Freire e os movimentos sociais que lutavam 
pela democratização da escola pública, ou 
seja, pelo direito de todos à educação.
Para saber mais
Expulsão encoberta
Em sua obra A psicogênese da língua escrita, Emí-
lia Ferreiro (1999, p. 20) afirma que chamar de 
“deserção” social o abandono da escola não é 
apropriado pois trata-se mais de um problema 
de dimensões sociais. Por essa razão, em lugar 
de chamar de “deserção” teríamos de chamar o 
fenômeno de “expulsão encoberta”, pois a desi-
gualdade social e econômica acaba significando 
desigualdades educacionais.
Para saber mais
Explicações sobre o fracasso escolar como res-
ponsabilidade do indivíduo fazem parte de mitos 
da educação que há tempos foram superados 
na literatura, porém permanecem nas práticas 
educativas. Veja o texto Fracasso escolar no con-
texto da escola pública: entre mitos e realidades, 
de Solange Aparecida Bianchini Forgiarini e João 
Carlos da Silva. 
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA47/152
Para saber mais
Movimentos Sociais
Os movimentos são difíceis de definir conceitualmente e há várias abordagens 
que são difíceis de comparar. Os vários autores tentam isolar alguns aspectos 
empíricos dos fenômenos coletivos, mas como cada autor acentua elemen-
tos diferentes, dificilmente se pode comparar definições. Infelizmente, estas 
são mais definições empíricas do que conceitos analíticos. [...] O que é em-
piricamente chamado de “movimento social” é um sistema de ação que liga 
orientações e significados plurais. Uma ação coletiva singular ou um evento de 
protesto, além disso, contêm tipos diferentes de comportamento e as análises 
têm de romper sua aparente unidade e descobrir os vários elementos nela con-
vergentes e possivelmente tendo diferentes consequências. [...] 
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e daEJA48/152
Desde a década de 1960, mais efetivamente, a luta por uma educação pública de qualidade 
para todos permeia a luta de movimentos sociais, porém a educação reivindicada estava forte-
mente ligada aos ideais desses movimentos, que buscavam princípios democráticos, éticos e de 
participação política, incluindo melhores condições de vida, portanto, tratava-se de uma edu-
cação emancipadora e crítica, educação que assume seu posicionamento político em defesa da 
maioria oprimida.
Para saber mais
Eu defino analiticamente um movimento social como uma forma de ação cole-
tiva (a) baseada na solidariedade, (b) desenvolvendo um conflito, (c) rompendo 
os limites do sistema em que ocorre a ação. Estas dimensões permitem que os 
movimentos sociais sejam separados dos outros fenômenos coletivos (delin-
quência, reivindicações organizadas, comportamento agregado de massa) que 
são, com muita frequência, empiricamente associados com “movimentos” e 
“protesto”. (MELUCCI, 1989, p. 54-57)
Fonte: MELUCCI, Alberto. Um objetivo para os movimentos sociais? Lua Nova, n. 17, p. 49-66, jun. 1989.
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA49/152
Para saber mais
Educação de qualidade
Fala-se muito em educação de qualidade, mas 
o que define a qualidade na educação além do 
acesso e da permanência? Podemos falar de vá-
rios indicadores, porém o mais importante é a ga-
rantia da aprendizagem. Disponível no Portal do 
Ministério da Educação .
1.1 A Educação Popular 
O conceito de Educação Popular surgiu na 
América Latina durante o século XIX, na Ar-
gentina, a partir da obra De la educación po-
pular, escrita pelo então presidente General 
Domingo Faustino Sarmiento. Para ele, Edu-
cação Popular era a oferta da educação es-
tatal primária para todos.
Porém, no século XX, o movimento sindical 
operário se apropria do conceito de Edu-
cação Popular e o ressignifica, tomando-o 
como educação voltada para os interesses 
do povo. Paulo Freire inspirou os principais 
programas de Educação Popular, como o 
Movimento de Educação de Base (MEB), li-
gado à Conferência Nacional dos Bispos do 
Brasil (CNBB).
A Educação Popular surge no Brasil dentro 
dos movimentos populares, fora das esco-
las, como contraponto à ideologia domi-
nante. Freire assume essa concepção de 
“Educação Popular”, cidadã e democrática, 
feita com o povo, para o povo. Enquanto 
http://numeracaoromana.babuo.com/XIX-numero-romano
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA50/152
Freire foi Secretário da Educação da cidade de São Paulo, tentou implantar uma gestão demo-
crática da educação na rede púbica de ensino.
No entanto, ainda hoje restam alguns equívocos quando falamos de Educação Popular. Normal-
mente, esta é associada à educação de jovens e adultos. Porém, como educação para todos, não 
é a faixa etária que a define, e sim sua concepção de educação voltada para a mobilização e a 
organização das classes populares, com o objetivo de sua emancipação e empoderamento. 
Para saber mais
Um dos mais renomados professores da Universidade de São Paulo, o professor Vitor Paro, possui um 
site que, além de divulgar seu trabalho, possibilita acesso gratuito a alguns textos disponíveis que po-
dem ser baixados. Dentre os artigos e capítulos de livro, encontramos A qualidade da escola pública: a 
importância da gestão escolar.
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA51/152
Glossário
Democratização: A democratização da gestão na escola pública é um indicador de qualidade da 
educação. Democratizar significa diminuir a centralização das decisões, tornando-as democrá-
ticas e participativas. 
Educação primária: Até 1971 no Brasil, o ensino primário constituía o primeiro estágio da edu-
cação escolar que era composto por quatro séries anuais e poderia prolongar-se por até mais 
duas séries complementares. A conclusão do ensino primário era condição para o ingresso no 
ensino ginasial. No mesmo ano, o ensino primário fundiu-se com os quatro anos do ensino gina-
sial, dando origem ao ensino de 1º grau, de 8 anos. Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, 
de 1996, o ensino de 1º grau foi substituído pelo ensino fundamental.
Emancipação: Termo que se refere à libertação de qualquer tipo de opressão ou privação; alfor-
ria, independência.
https://pt.wikipedia.org/wiki/1971
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_escolar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_escolar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Gin%C3%A1sio_(escola)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_de_Diretrizes_e_Bases_da_Educa%C3%A7%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/1996
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ensino_fundamental
Questão
reflexão
?
para
52/152
Leia o documento Marco de referência da educação po-
pular para as políticas públicas, disponível no Portal do 
Ministério da Educação/Conae2014, e responda se ges-
tões democráticas como a de Paulo Freire na cidade de 
São Paulo podem servir de exemplo para outros municí-
pios. 
53/152
Considerações Finais
• Entendimento da concepção de educação bancária para compreender a 
educação democrática como seu oposto. 
• O conceito de fracasso escolar culpabilizou o educando e criou um mito 
ideológico a respeito do assunto. Freire e outros autores mostraram que as 
condições sociais perversas de pobreza restringiam a construção de conhe-
cimentos prévios exigidos pela escola, de maneira que a escola feita para a 
elite fracassou ao ensinar essas crianças.
• Análise da importância das ideias de Paulo Freire nos movimentos sociais 
e na formação da concepção de educação progressista que temos hoje em 
contraposição à educação tradicional.
• A Educação Popular e os princípios democráticos fundamentam a educação 
de jovens e adultos.
• A gestão democrática é a educação feita com o povo, para o povo.
Unidade 3 • Bases teóricas da Educação Popular e da EJA54/152
Referências 
BRANDÃO, Carlos Rodrigues. Educação popular na escola cidadã. Petrópolis/RJ: Vozes, 2000.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 1999.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2000.
______. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. Pedagogia da esperança: um reencontro com a pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: 
Paz e Terra, 1997.
MELUCCI, Alberto. Um objetivo para os movimentos sociais? Lua Nova, [s.l.], n. 17, p. 49-66, jun. 
1989.
PARO, Vitor Henrique. PARO, Vitor H. Gestão democrática da escola pública. São Paulo: Ática, 
2001.
http://books.google.com/books?id=0LrGAAAACAAJ
http://books.google.com/books?id=vde5QwAACAAJ
55/152
1. O acesso e permanência do aluno na escola é um dos indicadores de qua-
lidade da educação. Considerando os altos níveis de repetência escolar nos 
primeiros anos de escolaridade nas décadas de 1970, podemos afirmar que:
a) Os alunos das classes populares fracassavam por não conseguirem aprender a ler e escrever.
b) A escola era exigente demais para que os alunos pobres pudessem acompanhar e precisava 
se adaptar, rebaixando os níveis de exigência.
c) Os alunos das classes populares possuíam um déficit cultural.
d) A escola fracassou ao receber as crianças das camadas populares, pois era uma escola feita 
para a elite e, por isso, praticou a “expulsão” desses alunos de forma velada.
e) A culpa do fracasso escolar era da evasão em massa.
Questão 1
56/152
2. Durante algum tempo o analfabetismo foi considerado a causa, e não o 
efeito, da situação econômica do país.
a) Esta visão está correta, pois o analfabetismo atrasava o desenvolvimento do país.
b) O analfabetismo era uma praga nacional e precisava ser erradicado para o país progredir 
economicamente.
c) Paulo Freire inverte esse pensamento ao afirmar que o analfabetismo é resultado da desi-
gualdade social, não sua causa.
d) Paulo Freire concorda com a afirmação e propõe a superação dessa condição.
e) Esta é uma visão crítica da sociedade que apontava o problema para queuma solução fosse 
apresentada.
Questão 2
57/152
3. Aponte a definição correta de Educação Popular:
a) Educação Popular pode ser definida como a educação de jovens e adultos.
b) A Educação Popular nasceu na Argentina e foi adotada pelo Brasil nos mesmos moldes, como 
política educacional do estado.
c) A Educação Popular foi reinventada no Brasil pelos movimentos populares que cobravam do 
governo uma educação formal e elitista.
d) Os movimentos populares reivindicavam apenas o direito à educação, entendido como a 
ampliação de vagas.
e) A Educação Popular foi ressignificada no Brasil pelos movimentos sociais, inspirada pelas 
ideias de Paulo Freire, e lutava por uma educação democrática feita com a participação do 
povo.
Questão 3
58/152
4. Qualidade da educação significa:
a) Acesso e permanência na escola. 
b) Acesso, permanência, garantia de aprendizagem e participação democrática nas decisões.
c) Bom desempenho nas avaliações institucionais internas e externas.
d) Que a escola deve oferecer merenda, material escolar e uniforme.
e) Aumentar os anos de escolaridade e exigir a frequência escolar.
Questão 4
59/152
5. Encontre a melhor definição para Gestão Democrática:
a) Significa que os políticos devem elaborar planos democráticos e entregar à população.
b) Está intimamente ligada à participação social, numa gestão feita com o povo, para o povo.
c) Gestão democrática significa que o partido político escolhido deve tomar as decisões, já que 
foi eleito pelo povo, que não sabe decidir adequadamente.
d) Na gestão democrática o povo deve, exclusivamente, participar votando e escolhendo um 
representante.
e) A gestão democrática se contrapõe à ideologia dominante, reafirmando o poder da elite em 
escolher seus governantes.
Questão 5
60/152
Gabarito
1. Resposta: D.
A visão de que os alunos fracassavam já foi 
superada na literatura. Quem fracassou foi 
a escola, que, acostumada a receber a elite, 
não se preparou para receber as crianças das 
camadas populares que traziam conheci-
mentos não escolarizados, com isso promo-
veu a “expulsão encoberta” desses alunos.
2. Resposta: C. 
Realmente, durante um período da história 
do Brasil o analfabetismo foi considerado 
uma espécie de câncer da sociedade. Pau-
lo Freire, afirma que esse modo de pensar é 
ingênuo e o inverte ao afirmar que o analfa-
betismo era resultado da desigualdade so-
cial, e não sua causa.
3. Resposta: E.
O termo “Educação Popular” realmente tem 
sua origem na Argentina, no entanto, os mo-
vimentos sociais brasileiros ressignificaram 
sua definição, que, inspirada pelas ideias de 
Paulo Freire, passou a ser entendida como 
uma forma de educação democrática para 
todos, feita com a participação do povo.
4. Resposta: B.
Qualidade da educação significa acesso e 
permanência, mas não só, também deve 
garantir que os educandos aprendam. Con-
cluir uma etapa escolar sem garantir pro-
ficiência em leitura, escrita e no raciocínio 
lógico matemático não atrela qualidade ao 
ensino. E por último, uma educação de qua-
61/152
Gabarito
lidade deve estar relacionada à participação 
democrática e cidadã.
5. Resposta: B.
A melhor definição para Gestão Democrá-
tica é a da participação social, numa gestão 
não vertical, que ouve o povo e assim traba-
lha na construção de propostas feitas com 
ele, não para ele de forma impositiva e sem 
diálogo.
62/152
Unidade 4
Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos
Objetivos
1. Explicitar os pressupostos filosóficos e metodológicos da 
educação de jovens e adultos.
2. Entender a proposta de gestão democrática de governo e da 
educação de Paulo Freire.
3. Estudar o Movimento de Educação de Adultos (MOVA).
4. Esclarecer que o método utilizado em Angicos foi ultrapassa-
do, mas não os pressupostos da sua concepção de Educação.
5. Compreender as proposições sobre o fazer pedagógico de 
Paulo Freire.
6. Aprofundar o conhecimento sobre os princípios orientado-
res da proposta de Paulo Freire.
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos63/152
Introdução
Após compreendermos as bases teóricas 
que sustentam a concepção de Educação 
proposta por Paulo Freire, iniciamos a com-
preensão de outro aspecto importantíssimo 
de sua obra: a sua metodologia. Em primei-
ro lugar, cabe ressaltar que Freire não foi um 
metodólogo, mas um pensador da educa-
ção, portanto construiu uma teoria do co-
nhecimento.
Frequentemente o autor é lembrado pelo 
“método” Paulo Freire, no entanto, ele mes-
mo reconheceu as limitações desse méto-
do, tanto por sua origem acadêmica não es-
tar ligada à alfabetização quanto por causa 
do contexto histórico-educacional da épo-
ca. De lá para cá muitas pesquisas foram 
realizadas na área da alfabetização, dentre 
elas destacam-se as contribuições de Emí-
lia Ferreiro, que trataremos em temas ainda 
por vir. No momento, nos restringiremos a 
entender o legado de Paulo Freire, que nos 
deixou pressupostos filosóficos e proposi-
ções sobre o fazer pedagógico que vão mui-
to além de um método. 
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos64/152
Link
Paulo Freire utilizava muitas imagens para alfabetizar
Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipe-
dia/commons/6/60/Method_Paulo_Freire.
jpg>. Acesso em: 19 jun. 2017.
1. Pressupostos filosóficos e 
metodológicos da alfabetização 
na educação de jovens e adultos
Os pressupostos filosóficos e metodológicos 
da concepção de educação de Paulo Freire 
nasceram inicialmente da experiência em 
Angicos e foram atualizados em sua gestão 
como Secretário da Educação da cidade de 
São Paulo, durante a gestão de Luiza Erun-
dina como prefeita (1989).
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/60/Method_Paulo_Freire.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/60/Method_Paulo_Freire.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/60/Method_Paulo_Freire.jpg
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos65/152
Após a experiência de Angicos e anos de 
exílio, ao assumir a Secretaria da Educação 
Paulo Freire cria a primeira experiência do 
Movimento de Alfabetização (MOVA), jun-
tamente com os movimentos sociais com os 
quais mantinha diálogo constante, de modo 
que a concepção pedagógica do programa 
foi se construindo no processo. 
Como para Freire a educação não é neutra, 
ele opta por pedagogias emancipadoras, 
não tradicionais, de maneira que o proces-
so de alfabetização começa pelo “Estudo da 
Realidade” do sujeito, ou “Leitura do Mun-
do” que corresponde à leitura da realidade 
local. Estudo que educandos e educadores 
realizam juntos em busca de “Temas Gera-
dores” que serão o ponto de partida para a 
construção do Projeto Político Pedagógico 
(PPP).
Link
As contribuições de Paulo Freire para a alfabetiza-
ção de jovens e adultos.
O vídeo do Programa de Formação de Professores 
Alfabetizadores (Profa) do MEC traz depoimentos 
de Emília Ferreiro, Vera Barreto e Vera Masagão so-
bre as contribuições de Paulo Freire.
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos66/152
Para saber mais
Projeto Político Pedagógico (PPP)
Você sabia que foi na gestão de Luiza Erundina e Paulo Freire em São Paulo que as delegacias regionais 
de ensino municipal foram transformadas em Núcleos de Ação Educativa (NAEs), visando acabar com a 
visão fiscalizadora e destacar o aspecto pedagógico? Disponível no site Paulo Freire .
Após a realização da leitura do mundo, esta deve ser compartilhada com o grupo, pois nenhuma 
pessoa sozinha é capaz de captar toda a realidade, de maneira que o diálogo não é apenas uma 
estratégia, mas uma forma de aproximação mais abrangente dessa realidade.
O estudo dos temas levantados não é usado para acumular informações, mas para problemati-
zação existencial e da realidade social na qual se vive. A educação consiste na práxis, portanto 
aeducação é conscientizadora e utópica por restaurar a busca da esperança. Ler o mundo para 
Freire não é apenas constatar a realidade, mas poder intervir nela e transformá-la em busca de 
um mundo mais justo e solidário.
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos67/152
Todos esses pressupostos filosóficos já esta-
vam presentes desde a experiência em An-
gicos, quando ele utilizou famílias silábicas 
retiradas das palavras geradoras tal como a 
palavra “TIJOLO”, no entanto, o “Estado da 
Arte” sobre o tema alfabetização era bas-
tante limitado, ainda mais no que se referia 
à educação de adultos.
Mais tarde, Freire reconheceu as limitações 
de seu método no aspecto do trabalho com 
sílabas, não quanto aos pressupostos liga-
dos a elas: a “investigação”, “tematização” e 
“problematização”, e afirmou a necessida-
de de atualização do processo de aquisição 
da língua escrita, recomendando estudos 
como os de Emília Ferreiro. É importante 
ressaltar que a utilização de famílias silábi-
cas, método totalmente ultrapassado hoje e 
abandonado pelo próprio Freire, não invali-
da nenhuma de suas contribuições filosófi-
cas e metodológicas.
Na perspectiva freiriana, as “classes” são 
substituídas pelos Círculos de Cultura, alu-
nos são substituídos por participantes e 
professores são os coordenadores do de-
bate. A base do círculo de cultura é o diá-
Para saber mais
É bom lembrar que Freire formou-se em Direi-
to e não possuía experiência com alfabetização, 
por isso recorreu à sua esposa, Elza Maria Costa 
de Oliveira, professora primária, para ajudá-lo no 
aspecto da alfabetização. Elza utilizou os recursos 
pedagógicos de seu tempo.
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos68/152
logo, assim, as pessoas não se sentam de 
costas umas para as outras.
A leitura do mundo não é realizada apenas 
no início do processo, mas durante toda a 
trajetória, a cada círculo de cultura. O círcu-
lo de cultura parte do princípio de que todas 
as pessoas possuem conhecimentos e que 
estes devem ser valorizados. 
O passo seguinte é a problematização do 
contexto apurado na leitura do mundo por 
meio da pedagogia da pergunta que pre-
tende desestabilizar certezas construídas 
e criar novas possibilidades. Em seguida, 
propõe-se o aprofundamento teórico e a 
avaliação dialógica, processual e formativa, 
que implicam em registro e sistematização.
Link
O Centro de Estudos Vereda, que foi dirigido por 
Vera Barreto, junto com o Movimento de Educa-
ção de Base (MEB), produziu um material bem in-
teressante, baseado em textos, não em sílabas, 
para o trabalho com jovens e adultos.
 Fonte: <https://acervo.fe.ufg.br/index.php/
composicao-com-as-capas-dos-livros-da-
-colecao-poetizando-historiando-e-confa-
bulando>. Acesso em: 21 jun. 2017.
https://acervo.fe.ufg.br/index.php/composicao-com-as-capas-dos-livros-da-colecao-poetizando-historiando-e-confabulando
https://acervo.fe.ufg.br/index.php/composicao-com-as-capas-dos-livros-da-colecao-poetizando-historiando-e-confabulando
https://acervo.fe.ufg.br/index.php/composicao-com-as-capas-dos-livros-da-colecao-poetizando-historiando-e-confabulando
https://acervo.fe.ufg.br/index.php/composicao-com-as-capas-dos-livros-da-colecao-poetizando-historiando-e-confabulando
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos69/152
Glossário
Conceito antropológico de cultura: Nós, que vivemos num mundo letrado, tendemos a super-
valorizar a cultura escrita. Em determinados tempos históricos foi dito equivocadamente que 
algumas pessoas não possuíam cultura, no entanto, Paulo Freire já se preocupava com isso ao 
defender que a cultura é um traço humano e que todos os povos têm cultura. Para ele, tudo o 
que resulta da ação humana sobre o que é natural é cultura, portanto, arar a terra, limpar os lixos, 
assim como produzir um texto literário ou pintar um quadro é produção cultural. 
Esperança: A definição de esperança freiriana é diferente do sentido atribuído no senso comum. 
Para Freire, esperança é verbo (esperançar), indica ação. Esperança, no sentido freiriano, signi-
fica esperança ativa, não esperança vã, mas esperança que se espera na construção do por vir.
Práxis: Práxis é a capacidade de ação-reflexão-ação e por meio deste movimento transformar a 
realidade. 
Questão
reflexão
?
para
70/152
Analise o trabalho a seguir. Fundamentando-se no que já 
aprendeu até agora a respeito da EJA e da importância da re-
flexão sobre a realidade dos alunos adultos, verifique se um 
trabalho voltado às crianças parece apropriado para a edu-
cação de jovens e adultos. 
Monografia “Caprichem nas folhinhas”: a infantilização das 
práticas pedagógicas e a docência da EJA, de Márjorie Béz Réus. 
71/152
Considerações Finais
• Os pressupostos filosóficos e metodológicos da educação de jovens e adul-
tos, defendidos por Paulo Freire, são importantes para a EJA.
• Há coerência entre a proposta de gestão democrática de governo e da edu-
cação de Paulo Freire.
• O Movimento de Educação de Adultos (MOVA) serviu como modelo de edu-
cação de jovens e adultos para o Brasil inteiro.
• O método de silábico de alfabetização utilizado em Angicos tornou-se ul-
trapassado, mas não os pressupostos filosóficos e metodológicos de Freire.
• Proposições sobre o fazer pedagógico de Freire: Leitura do Mundo, Temas 
Geradores, Projeto Político Pedagógico, Círculos de Cultura.
Unidade 4 • Pressupostos filosóficos e metodológicos da alfabetização de jovens e adultos72/152
Referências
BEISIEGEL, Celso R. Paulo Freire. Recife/PE: Fundação Joaquim Nabuco; Editora Massangana, 
2010. (Coleção Educadores.)
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
______. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 7. ed. São Paulo: Paz 
e Terra, 1996.
______. Paulo. Pedagogia do oprimido. 42. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
73/152
1. Os pressupostos filosóficos e metodológicos da concepção de educação 
de Paulo Freire nasceram inicialmente da experiência em Angicos. Encontre 
a afirmação correta sobre esse assunto:
a) Paulo Freire abandonou a experiência de Angicos e tomou outros rumos na educação.
b) A experiência de Angicos utilizou o método silábico de alfabetização, recurso disponível na 
época; depois dos estudos de Emília Ferreiro, Paulo Freire propôs a atualização do método, 
porém nunca abandonou seus próprios pressupostos filosóficos e metodológicos.
c) Na gestão de Luiza Erundina em São Paulo, como Secretário da Educação, Paulo Freire aban-
donou seus pressupostos filosóficos e pedagógicos e propôs uma gestão tradicional e auto-
ritária.
d) A proposta de educação de Freire em Angicos foi interrompida pelo golpe militar de 1964, e 
Freire nunca mais retomou seu projeto de educação de adultos.
e) Angicos pouco contribuiu para Freire elaborar seus pensamentos.
Questão 1
74/152
2. Como foi criado o MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adul-
tos) durante a gestão de Paulo Freire à frente da Secretaria Municipal de 
São Paulo?
a) A prefeita Luiza Erundina foi quem solicitou a Freire que providenciasse um programa de EJA.
b) Ele instituiu um concurso público para chamar a todos que quisessem participar de forma 
democrática.
c) Freire propôs uma gestão democrática e ouviu os movimentos que reivindicavam a educa-
ção de jovens e adultos e, juntos, construíram o MOVA.
d) O MOVA já possuía uma orientação política pedagógica e recusou-se a trabalhar com Freire.
e) Paulo Freire, que já possuía experiência com a EJA, criou o MOVA sozinho e depois só mandou 
executar.
Questão 2
75/152
3. De acordo com pressupostos freirianos, defina “Leitura do Mundo”:
a) A “Leitura do Mundo” é o processo de sonho e encantamento do educando pelo mundo.
b) Para realizar a “Leitura do Mundo”, antes é preciso aprender a ler as palavras.
c) A concepção de “Leitura do Mundo” é idealista por propor que todostêm as mesmas chan-
ces, porém uns são mais esforçados que outros.
d) “Leitura do Mundo” corresponde à leitura da realidade local do educando.
e) A realidade do mundo dos educandos deve ser escrita e lida pelos professores nos livros que 
irão fornecer aos alunos.
Questão 3
76/152
4. De acordo com as ideias de Freire, qual a relação entre “Leitura do Mun-
do”, “Temas Geradores” e “Projeto Político Pedagógico” (PPP)?
a) Para Freire, o Projeto Político Pedagógico é fundamental. Deve ser escrito antes da “Leitura 
do Mundo”.
b) Os “Temas Geradores” devem ser escritos primeiro, para ajudar a compor o Projeto Político e 
Pedagógico para ter elementos para a “Leitura do Mundo”.
c) A “Leitura do Mundo” precede à “Leitura da Palavra”, portanto, a primeira ação deve ser 
a pesquisa da realidade dos educandos, pesquisa que revelará os “Temas Geradores” que 
comporão o “Projeto Político Pedagógico”.
d) Como os alunos são analfabetos, eles ainda nãos sabem ler o mundo, por isso os educadores 
realizam a Leitura do Mundo e a problematizam para os educandos.
e) O Projeto Político Pedagógico envolve compromisso, toda escola deve ter o seu e deve ser 
feito pelos educadores, para os educandos.
Questão 4
77/152
5. A práxis é um conceito muito importante para Paulo Freire, no universo 
pedagógico ela significa:
a) A capacidade de abstrair a realidade.
b) O movimento constante de ação-reflexão-ação que possibilita transformação da realidade.
c) O movimento de reflexão sobre a ação como forma de conscientização.
d) Práxis é a capacidade de atuar e refletir por meio de intervenções alheias.
e) A educação está sempre em constante reformulação, por isso precisamos da práxis para re-
flexão, como movimento abstrato de distanciamento da realidade.
Questão 5
78/152
Gabarito
1. Resposta: B.
A experiência de Angicos utilizou o método 
silábico de alfabetização, recurso disponível 
na época. Na ocasião, Emília Ferreiro ainda 
trabalhava em sua pesquisa, que revolucio-
nou o modo de pensar o processo de aqui-
sição da língua escrita. Freire propôs a atu-
alização do método silábico, porém nunca 
abandonou seus pressupostos filosóficos e 
metodológicos ligados à “Leitura do Mun-
do”, aos “Temas Geradores” e ao PPP. Tanto 
que quando voltou ao Brasil, após os anos 
de exílio, continuou seu legado.
2. Resposta: C.
Ao assumir a Secretaria da Educação do mu-
nicípio de São Paulo, Freire apresentou uma 
proposta de governo democrática, coerente 
com suas ideias. Ele não praticou um gover-
no de gabinete, no qual, fechado em si mes-
mo, escrevia ao povo o que e como deveria 
agir e pensar; antes, ouviu os movimentos 
que reivindicavam a educação de jovens e 
adultos e, juntos, construíram o MOVA (Mo-
vimento de Alfabetização de Jovens e Adul-
tos), experiência que posteriormente espa-
lhou-se por todo o Brasil.
3. Resposta: D.
Segundo Freire, a “Leitura do Mundo” cor-
responde à leitura da realidade local do 
educando. É a pesquisa que deve ser feita 
antes de iniciar o processo de alfabetização, 
para descobrir como pensam, o que fazem, 
79/152
Gabarito
o que é importante para aqueles educandos 
e, assim, levantar os Temas Geradores.
4. Resposta: C.
Para Feire, a Leitura do Mundo, ou leitura da 
realidade, deve ser a primeira ação a ser re-
alizada pelos educandos e com eles, na bus-
ca dos “Temas Geradores” necessários para 
iniciar o processo de problematização da 
realidade e fundamentar o Projeto Político 
Pedagógico.
5. Resposta: B.
A práxis pedagógica é o movimento cons-
tante de ação-reflexão-ação sobre a práti-
ca. Não se trata só de reflexão no campo das 
ideias e nem só de prática, mas de ambas, 
num processo de contínuo, um movimento 
que possibilita transformação da realidade.
80/152
Unidade 5
Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro
Objetivos
1. Compreender as contribuições de 
Emília Ferreiro.
2. Conhecer a perspectiva socioconstru-
tivista.
3. Diferenciar a perspectiva tradicional 
da construtivista.
4. Definir os conceitos de alfabetização 
e letramento.
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro81/152
Introdução
Emília Ferreiro iniciou seus estudos a partir 
da problemática dos altos níveis de reprova-
ção e evasão escolar na América Latina. Ela 
queria entender a razão de algumas crian-
ças irem bem e outras irem mal no que diz 
respeito à aprendizagem da língua escrita.
Assim, a autora desenvolveu uma teoria do 
conhecimento sobre o processo de aquisi-
ção da leitura e da escrita sob um novo pa-
radigma nunca antes explorado. 
1. As contribuições de Emília 
Ferreiro para a alfabetização
Relembrando o histórico da educação brasi-
leira, especialmente a educação de jovens e 
adultos, vimos que embora houvesse pres-
são popular em prol do direito à educação 
para todos, essa questão era incipiente. 
Historicamente, a concepção de educação 
bancária fez uso de cartilhas como manu-
ais de instrução orientadores de um plano 
didático e metodológico que se iniciava por 
meio do modelo sintético de ensino, co-
meçando por letras isoladas, primeiro pelas 
vogais, depois as consoantes, a fim de for-
mar sílabas simples. Posteriormente, eram 
incluídas sílabas complexas, palavras e tex-
tos curtos sem sentido, com frases isoladas.
Segundo Aranha (2006), as teorias cogniti-
vas surgiram no bojo da psicologia cogni-
tiva e de pesquisas linguísticas voltadas a 
compreender as estruturas do pensamento.
Emília Ferreiro foi aluna de Jean Piaget, por-
tanto, foi fortemente influenciada por ele. 
A autora adota a teoria construtivista, na 
qual prevalece a orientação antropológica 
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro82/152
histórico-social, pela qual os seres humanos 
se fazem por meio das relações sociais e pela 
ação humana que exercem sobre o mundo.
Para o construtivismo, o conhecimento 
não é inato e nem transmitido, não nasce 
com o sujeito, é construído pela interação 
entre os sujeitos e destes com o objeto. 
Nesse modelo epistemológico, a aprendi-
zagem se dá por etapas sucessivas dentro 
de um processo.
Na década de 1970, a autora interessou-se 
pela situação educacional da América La-
tina, principalmente pelos altos índices de 
“repetência” das séries iniciais, sabendo que 
o “fracasso escolar” normalmente levava ao 
abandono da escola. Os estudos de Emília 
Ferreiro mostraram que crianças, jovens e 
adultos formulam ideias sobre como se lê e 
como se escreve, mesmo antes de saber ler 
convencionalmente. 
Ferreiro opõe-se à educação tradicional e 
artificial e ao uso de cartilhas, sendo res-
ponsável pela mudança radical na forma de 
perceber o ensino e a aprendizagem como 
complementares, e não como dissociados. 
Ela destaca a importância de saber o que o 
aluno já conhecer sobre a leitura e a escrita 
por meio de diagnósticos. Valoriza o papel 
do professor como mediador do conheci-
mento e o papel do aluno como sujeito do 
seu próprio processo de aprendizagem. Sua 
teoria do conhecimento joga por terra a 
concepção tradicional baseada em sílabas 
como um método eficiente e mais fácil, pois 
comprova porque as ideias que os alunos 
formulam sobre como se escreve são in-
compatíveis com o uso de cartilhas, ressal-
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro83/152
tando a importância do uso social da leitu-
ra e da escrita nas salas de aula.
1.1 Alfabetização e Letramento
No Brasil, encontramos muitos autores que 
defendem a alfabetização sob a perspec-
tiva do letramento, dentre eles está a obra 
de referência de Magda Becker Soares. A 
autora entende letramento como forma de 
alfabetizar por meio do uso social da leitura 
e da escrita, criando uma oposição entre al-
fabetizar e letrar. No entanto, para Ferreiro, 
só se pode alfabetizar por meio do uso so-
cial da leitura e da escrita. Assim, a autora 
recusa-se a aceitar o termo letramento.
Para saber mais
O professor construtivista assume papel im-
portantíssimona alfabetização de seus alunos; 
aquele que assume a concepção construtivista é 
um professor pesquisador, que investiga o que os 
alunos pensam sobre a leitura e a escrita e propõe 
problematizações dessas ideias para que o co-
nhecimento possa avançar. A ideia de que o pro-
fessor construtivista não interfere é equivocada e 
preconceituosa. 
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro84/152
Para saber mais
Magda Becker Soares foi a autora que instaurou o uso do termo Letramento no Brasil. Veja a obra a seguir, 
referência na discussão desse tema.
SOARES, Magda. Letramento: um tema em três gêneros. São Paulo: Autêntica, 1999.
Fonte: <http://educere1.webnode.com/news/resenha%3A-letramento%3A-um-tema-em-tr%-
C3%AAs-g%C3%AAneros/>. Acesso em: 7 jun. 2017.
http://educere1.webnode.com/news/resenha%3A-letramento%3A-um-tema-em-tr%C3%AAs-g%C3%AAneros/
http://educere1.webnode.com/news/resenha%3A-letramento%3A-um-tema-em-tr%C3%AAs-g%C3%AAneros/
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro85/152
Glossário
Epistemologia: A epistemologia é uma área da filosofia que se propõe a estudar a Teoria do Co-
nhecimento. 
Método Sintético ou Modelo Sintético: É um método de alfabetização baseado no ensino das 
letras isoladas, depois das sílabas até chegar à palavra, e depois à frase; utiliza textos artificiais 
e os alunos demonstram dificuldades para compreender o que leem e para produzir textos com 
sentido. 
Uso social da leitura e da escrita: Este termo refere-se a situações comunicativas reais de lei-
tura e de escrita. 
Questão
reflexão
?
para
86/152
Com base no texto A concepção “bancária” da educação 
como instrumento da opressão. Seus pressupostos. Sua 
crítica (Fragmento), de Paulo Freire, produza um comen-
tário sobre a crítica que se faz ao uso de cartilhas.
Disponível no Portal do Ministério da Educação .
87/152
Considerações Finais
• Emília Ferreiro é autora de grande importância para a compreensão da con-
cepção de alfabetização que temos hoje. Adepta da concepção antropoló-
gica histórico-social, ela esclarece que o conhecimento não é nato, ele é 
construído na relação entre as pessoas e na ação destas sobre o mundo.
• Sob influência de Piaget, seu mestre, Ferreiro também define o conheci-
mento como etapas dentro de um processo, destaca que o ensino e a apren-
dizagem não são dissociados como se acreditava. Ela valoriza o papel do 
professor mediador e o do aluno como sujeito do processo de construção do 
conhecimento.
• Ferreiro, comprova que mesmo pessoas que ainda não sabem ler e escrever 
possuem ideias sobre a escrita que vão de encontro ao uso de famílias silá-
bicas utilizado por cartilhas de alfabetização. Também se opõe ao conceito 
de letramento em oposição à alfabetização, pois entende que alfabetizar 
significa letrar.
Unidade 5 • Alfabetização e letramento – As contribuições de Emília Ferreiro88/152
Referências
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Filosofia da educação. São Paulo: Moderna, 2006.
FERREIRO, Emília; TEBEROSKY, Ana. A psicogênese da língua escrita. Porto Alegre: Artmed, 
1999.
89/152
1. O que levou Emília Ferreiro a estudar o processo de aquisição da leitura e 
da escrita?
a) O incentivo de seu mestre, Piaget.
b) Os altos níveis de reprovação escolar na América Latina.
c) O bom desempenho da maior parte dos estudantes.
d) O interesse em comprovar que a classe social mais favorecida era mais inteligente que a me-
nos favorecida.
e) A constatação de que alguns tinham dom para estudar e outros não.
Questão 1
90/152
2. Qual a concepção de Emília Ferreiro a respeito do uso de cartilhas?
Questão 2
a) Ela desaprova, por se basear em atividades artificiais que desconsideram o conhecimento 
dos alunos.
b) Ela aprova, pois considera a cartilha como apoio para a aprendizagem.
c) A autora desaprova, pois na época nem todos podiam comprar.
d) Ferreiro é adepta do uso de cartilhas, pois defende o trabalho com famílias silábicas.
e) Ela acredita que a cartilha deve ser usada, pois apresenta níveis de conhecimento evolutivos 
partindo das letras até a formação da palavra e da frase.
91/152
3. Para que servem as avaliações diagnósticas da leitura e da escrita?
Questão 3
a) Para mapear os problemas de aprendizagem.
b) Para mostrar os erros dos alunos.
c) Para evidenciar o que o aluno já sabe sobre a escrita.
d) Para classificar os alunos mais inteligentes e os mais atrasados.
e) Para registrar as dificuldades dos alunos a fim de mostrar para os pais.
92/152
4. A concepção de educação de Emília Ferreiro é denominada de construti-
vismo por:
Questão 4
a) Acreditar que as crianças devem construir suas ideias sem interferência de adultos.
b) Reconhecer que o professor constrói o conhecimento e depois ensina o aluno a fazer o mes-
mo.
c) Saber que o conhecimento é construído pela humanidade, depois transmitido pela escola.
d) Defender que o aluno é sujeito de sua própria aprendizagem e, ao aprender a ler e escrever, 
ele reinventa a escrita.
e) Ser uma concepção tradicional de educação e defender a construção silábica.
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5. Qual a concepção de Emília Ferreiro sobre alfabetização e letramento?
Questão 5
a) Ferreiro defende as duas concepções como complementares.
b) Ferreiro concorda com Magda Becker Soares, que defende a distinção entre as duas concep-
ções.
c) A autora se opõe à ideia de letramento, já que concebe a alfabetização como forma de ensi-
no baseada no uso social dos textos.
d) Ela considera a criação do termo em língua portuguesa desnecessária, mas o assimila em 
sua obra.
e) Emília Ferreiro aprova o uso das duas concepções.
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Gabarito
1. Resposta: B.
Ferreiro estava muito incomodada com a 
reprovação em massa, especialmente das 
crianças das classes sociais desfavorecidas. 
Ela não aceitava a explicação de que crian-
ças mais ricas eram mais inteligentes, então 
iniciou uma série de experimentos que mos-
traram que o contato com o mundo letrado 
favorecia a aquisição de conhecimentos so-
bre a leitura e a escrita.
2. Resposta: A.
A autora desaprova totalmente, pois a car-
tilha traz textos descontextualizados e ar-
tificiais que subestimam a inteligência das 
crianças, além valorizar a memorização e a 
cópia ao invés da produção e revisão de tex-
tos como é na vida real.
3. Resposta: C.
As avaliações diagnósticas servem para o 
professor saber o que o aluno já sabe sobre 
a escrita e o que ele ainda não sabe e preci-
sa descobrir, servindo assim de instrumento 
orientador do planejamento do professor.
4. Resposta: D.
A concepção de educação denominada de 
construtivismo é definida por ideias que de-
fendem o aluno como sujeito de sua própria 
aprendizagem, e como tal ele não absorve 
o conhecimento como uma esponja, mas o 
constrói.
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Gabarito
5. Resposta: C.
Emília Ferreiro se opõe à ideia de letramen-
to, considera a terminologia desnecessária 
já que só concebe o ensino da leitura e da 
escrita como um processo que se utiliza de 
textos reais em contextos de uso social.
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Unidade 6
A Psicogênese da Língua Escrita
Objetivos
1. Compreender a teoria de Emília Fer-
reiro sobre o processo de aquisição da 
língua escrita.
2. Diferenciar hipóteses ligadas à quan-
tidade e à qualidade do escrito.
3. Verificar que a associação da fala com 
a escrita não é óbvia para quem inicia 
o processo de aprendizagem.
4. Explicitar os níveis do desenvolvimen-
to da escrita na EJA.
Unidade 6 • A Psicogênese da Língua Escrita97/152
Introdução
A obra Psicogênese da língua escrita (FER-
REIRO; TEBEROSKY, 1999) mostra que a 
aprendizagem é um processo composto 
por etapas e que o conhecimento é cons-
truído pelo aluno, que não é passivo, é su-
jeito do seu próprio processo de aprendi-
zagem.
É de extrema importância para os profes-
sores conhecerem como se dá o processo 
de aquisição da língua escrita. Se estive-
rem alienados desse processo, não con-
seguirão compreender as manifestações 
dos alunos e

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