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RESUMO FENOMENOLOGIA, EXISTENCIALISMO E HUMANISMO @A U G U S T O N A S C I M E N T O P S I Fenomenologia, existencialismo e humanismo Centro Universitário Barão de Mauá Disciplina: Fenomenologia, existencialismo e humanismo Professora: Profa. Me. Martha Ethel Steytler Contato: martha.steytler@baraodemaua.br E-mail: euaugustonascimento@gmail.com Aula: 05 de agosto de 2021. Leitura e análise: O Espelho, de Machado de Assis ✓ Jacobina defende de início que nós temos duas almas: a interna, que enxerga de dentro pra fora, e a externa, que enxerga de fora pra dentro. O que eu entendi sobre isso é que com uma alma, você formula sua visão de mundo a partir do que você é como ser humano, do que você tem dentro de você, da sua essência. Com a outra, são as coisas externas que fazem com que você formule o que existe dentro, ou seja, é a visão que os outros tem de você que vai fazer com que você construa sua própria imagem. Isso se dá na vida de Jacobina quando ele passa ser o Sr. Alferes ao invés de apenas um ser humano. Ele recebia tratamento especial de todos, mas principalmente da sua tia Marcolina, que por causa do seu novo cargo lhe deu um espelho. Ao ficar sozinho, e consequentemente sem o tratamento especial que antes recebia, Jacobina passou a sofrer uma descaracterização, já não se reconhecia mais. Ao colocar a farda de novo e se olhar no espelho, ele volta a se reconhecer, percebe novamente que existe, mas somente como Sr. Jacobina. Levando em consideração seu modo isento de ser (não discute com ninguém; fala e sai andando para não obter nenhuma resposta), vê-se que durante toda sua vida Jacobina lutou e ainda luta para agradar os outros e aliviar sua alma externa. ✓ A gente pode trazer isso facilmente para nossa vida. Até que ponto a gente é o que realmente é? E até que ponto a gente faz um esforço absurdo para tentar ser o que o outro vê da gente? ✓ Professora, como você interpreta aquela questão da pessoa que muda constantemente. Que muda de acordo com aquilo que se "apega". Ele discorre sobre isso quando fala da mulher. Ser do homem” nós somos por abertura, pura possibilidade, na fenomenologia, não considera a psiquê, o eu. ✓ ✓ Para fenomenologia, nós somos abertura, sempre para fora, sempre possibilidade, não há fundamento em teorias, pois são encurtadoras. Conseguimos conceituar o homem e por um ponto final? A fenomenologia utiliza de possibilidades que estão em fluxo, as pessoas mudam, e a constância irá depender do modo de interpretação, rápido, devagar. O que interessa é a medida da mudança; ✓ Isso em uma pessoa, de mudar muito, assim como pode ser um problema psicológico, pode também simplesmente não ser? Pode ser somente a forma como alguém sente e age perante o mundo? Pode, mas em situações especificas, essa pessoa e as que estão em seu redor se afetam de um modo, e se for prejudicial, é algo que precisa ser cuidado. Cuidado vem em outro sentido, de ocupação, modo de se ocupar das coisas. ✓ Então tipo, pode ser que as mudanças não sejam um problema psicológico mas que podem vir a ser, tanto para si mesmo quanto para quem está ao redor, certo? Qualquer coisa pode ser um entrave na vida da gente, não trabalhamos com psiquismo, na fenomenologia, utiliza-se da compreensão da circunstância, mudar ao tempo todo pode ser algo positivo. Depende muito de qual é o sentido das mudanças. “Não existe ser sem mundo, não existe mundo sem ser.” Determinações; Significados; Alferes foi significado como algo muito incrível, foi significado pelo mundo e não pelo Jacobina. Próprio (não é meu) e impróprio (meu). mailto:martha.steytler@baraodemaua.br mailto:euaugustonascimento@gmail.com Fenomenologia, existencialismo e humanismo Aula: 09 de agosto de 2021. Introdução à Fenomenologia A crise na filosofia no séc. XIX e sua ressonância com a crise do séc. XVI Havia um mundo (ÚNICO); Havia em cima do mundo; Havia abaixo do mundo (As pessoas determinavam o que havia na Terra, em cima dela e abaixo dela...); Ocupávamos um lugar central. Nicolau Copérnico (1473 - 1543) → É autor da Teoria Heliocêntrica, segundo a qual o Sol é o centro do sistema solar. → A Terra gira em torno do Sol → Somos então a bolinha da bolinha da bolinha... (Indiferentes) → Impacto filosófico existencial enorme na constituição do ser humano. → “pela primeira vez diante de um universo indiferente e frio, o humano cala e sofre” Blaise Pascal (1623 - 1662) →(sensação de insignificância/abalo existencial). • A crise da filosofia no século XVI é a crise da perda do fundamento, da centralidade no Universo. • De repente você se vê assustado com um Universo incontrolável e muito maior do que você. • Você deixa de ocupar um lugar central que te garante uma relevância no Universo. • Medo - há coisas que desconhecemos. • Toda Modernidade a partir de Descartes (1596- 1650) é construída a partir desse medo. • Quem tem medo precisa ter certeza. Como ter certeza? “A única certeza é que, e se tive Aula: 12 de agosto de 2021. Introdução à fenomenologia Raízes históricas Franz Brentano (Foi professor de Rousseau e Freud) É preciso primeiro descrever os atos psíquicos, para então chegarmos às suas explicações. Ato psíquico: andar, pensar, caminhar, todos os atos humanos. • Psicologista – Psicologia como fundamentos para todo o saber (todas as ciências teriam que se submeter à psicologia); “Como todos os atos são atos psíquicos, como pensar é um ato psíquico, julgar é um ato psíquico, compreender é um ato psíquico, construir é um ato psíquico, então é preciso que a ciência magna seja uma ciência que entenda de atos psíquicos. Por isso então, mesmo a lógica, deveria se submeter à Psicologia, porque a lógica é um ato psicológico” Psicologismo • É uma posição que considera que todas as questões epistemológicas e teórico-científicas são fundamentadas na natureza cognitiva do perceber, crer, julgar e conhecer (fenômenos psíquicos), e portanto, que é preciso que seja uma tarefa da psicologia investigar e constatar suas estruturas. Assim, para o psicologismo, mesmo a lógica precisa ser considerada como parte da psicologia, uma vez que enquanto fenômeno psico-lógico, ela precisaria ser validada por meio da investigação empírica. Edmund Husserl (1859-1938) Investigações Lógicas (1900-1901) • Obra inaugural de Husserl em relação a Fenomenologia. Duas partes principais: • Prolegômenos/prefácio/introdução detalhada à lógica pura (crítica ao psicologismo). • As seis investigações sobre fenomenologia e a teoria do conhecimento. Husserl então vai dizer que lógica é lógica e psicologismo é psicologismo. “A lógica tem uma consistência própria e ela se sustenta por si só e a ideia de que porque o pensar é um ato psíquico e portanto tem que se submeter à psicologia, isso não faz sentido, de modo algum. (portanto não é o pensamento que produz a realidade)” Fenomenologia, existencialismo e humanismo Mas se a realidade não é produzida pelo pensamento, como se chega nela e como ela é constituída? Intencionalidade ▪ É vermos as coisas como elas aparecem para nós; ▪ A intencionalidade simplesmente acontece, a aula por exemplo é por intencionalidade, aquilo que se aparece a cada vez que a professora dá aula; ▪ A intencionalidade é singular e a cada vez; ▪ Consciência em fluxo temporal, porque não fazemos as coisas da mesma forma a cada vez que fazemos; ▪ Está sempre em abertura, a caneta tem a possibilidade de escrita ou pode ser uma arma; (para Husserl, toda consciência é consciência de) → Ele faz uma crítica as ciências naturais, não é pelo pensamento que se chega na verdadedas coisas, são ciências encurtadoras, controlando uma variável para medir outra, para ciências humanas trás um encurtamento e mede categorias e não fala do ser humano como um todo. Não conseguimos tirar o ser humano do espaço temporal, não tem como parar alguns para fatores para se medir algo, não paramos a vivência, é necessário um outro modo de acesso às coisas, então ele propõe a redução fenomenológica, para olhar para as coisas como elas são. Ou seja, precisa falar de consciência, a consciência só pode ser ela mesma se estiver relacionada a algo, na intencionalidade. (exemplo: garrafinha de água, cada ser humano tem uma consciência do que é uma garrafinha, e isso pode variar). • Com a intencionalidade Husserl diz que há um processo de autogestão daquilo que se mostra. Aquilo que se mostra já se mostra para mim de um modo a partir dele mesmo. • Não sou eu que decido o que eu vejo e como eu vejo (algo autogerido se mostra para mim). Por que eu vejo uma cadeira? Se chegar um E.T. que nunca viu uma cadeira, vai olhar e ver o que? Um treco? Por que eu vejo cadeira e ele não vê cadeira? Porque cadeira é um conceito. Conceito é uma ideia. Então eu tenho a ideia da cadeira prévia na minha cabeça... Olho para o objeto nomeado cadeira, junto com a ideia da minha cabeça e identifico a cadeira. Mas isso é teórico! E não é isso que experimentamos... A fenomenologia é a Ciência em primeira pessoa. Preocupa com as coisas da maneira que vivemos elas. Não dizemos que a teoria sobre as coisas é mentira. Dizemos que a teoria sobre elas é outra coisa.. Há uma explicação para as coisas? Sim! Mas a explicação NÃO invalida a experiência fenomenológica! Livro five lessons, Hohenberg Reforma de balaústre da cerca: • Sensação de balaústre menor, mas na verdade era do mesmo tamanho... • Sensação do Sol diminuir de tamanho ao meio-dia... A fenomenologia NÃO tem problema com as mensurações, com os cálculos e com as explicações teóricas! Mas a fenomenologia, busca compreender a experiência de quem vive. Para a fenomenologia, quem caminha não experimenta dois quilômetros iguais... Começamos a perceber o que significa “rumo às coisas mesmas” Tudo (FENÔMENO) se mostra, ele mesmo, de um modo! Eu conheço Maria. Maria é minha aluna. Mas isso quer dizer que eu conheço toda a Maria? Não. Mas se isso fosse necessário ninguém conheceria a Maria. Nem a Maria conheceria ela própria. Porque a Maria também não sabe tudo a respeito dela. Mas, as pessoas sabem quem é a Maria. Porque sempre que a Maria é, ela se mostra de um jeito. Maria não se mostra toda, de uma forma em que possamos encerrar nosso conceito de Maria em categorias. Mas a cada vez que encontramos Maria, aquilo que vemos, é verdade. Porque é Maria de um jeito. Se considerarmos que existe uma estrutura de pensamento que pré posiciona a realidade de forma explicativa de tal maneira que eu tenho o controle sobre essa realidade... • Isso seria REDUTIVO e ENCURTADOR em relação às minhas possibilidades existenciais e isso pode gerar SINTOMA. Às coisas mesmas: SÃO as coisas tais como elas aparecem, pois é o único modo de acesso a elas. O campo fenomenológico é esse espaço de encontro da materialidade com o conceito. Onde compreendemos a possibilidade das coisas. Fenomenologia, existencialismo e humanismo Atitude natural SUJEITO → OBJETO ← Campo fenomenológico husserliano Atos de consciência (Intencionalidade categorial) Campos correlatos sintéticos • Atos de consciência: Husserl não pensa a consciência como subjetividade, encapsulada, como se tivesse uma consciência aqui e um mundo lá fora, como se fossem duas coisas separadas. • Consciência para o Husserl é fluxo de consciência (acontecer de atos de consciência/ Feixe de atos de consciência em fluxo...) Pensar, lembrar, recordar, desejar, sonhar, perceber. Aula: 16 de agosto de 2021 Edmund Husserl (1859-1938) • Mas o que eu percebo??? • Campos correlatos sintéticos (modelo neuronal). • A cada nova relação que eu tenho com o objeto, ele vai se complexificando (a cada vez que eu falo com alguém, ele vai se complexificando) e vai se tornando um campo correlato sintético mais complexo. Início século XX • Contraponto coma crise da filosofia – a crise europeia das ciências, pois a filosofia ressurge no século XX. (lugar de questionamento de métodos e pressupostos das ciências); • Fenomenologia faz parte desse movimento. • Fenomenologia do Husserl (redução fenomenológica e intencionalidade) + hermenêutica – interpretação histórica do Wilhelm Dilthey). Hermenêutica: questões históricas que se deram no tempo, analisar com um olhar da mesma época. No consultório atentar-se a idade do paciente, precisa haver singularidade, atentar-se a hermenêutica de cada paciente. • Não podemos mais pensar um particular sem colocar no universal e não podemos pensar o universal sem colocá-lo em um âmbito histórico no qual ele acontece. • Dilthey – quando você considera um determinado fenômeno você deve considerar toda a vida do fenômeno. • Vida para Dilthey – toda vida literária, psíquica, linguística e histórica de algo. Ciência do espírito: são as ciências humanas, lado mais humano do ser, aspectos ontológicos, culpa, angústia, tédio, são envoltos na ciência do espírito. Exemplo: despedida de uma pessoa amada aos poucos, mexe o tempo todo com a temporalidade. Como medir a angústia da despedida dos pais com Alzheimer? Precisamos compreender o fenômeno como ele se mostra. Aula: 19 de agosto de 2021 A ciência precisa de um método compreensivo • Dilthey – para a compreensão não devemos pegar algo e entrar no interior desse algo especificamente. Mas para compreender algo devemos reconstruir algo a partir do horizonte que algo aparece para mim. Esse horizonte claramente é marcado por história. • Ciências humanas – problema de método. • De modo geral as ciências naturais têm seu método de acesso que é um método marcado por leis gerais, perspectivas causalísticas, suprimindo a história de algo. Busca encontrar a resposta para algo que seja a-histórico, que seja eterno, que funcione em todos os lugares, em todos os momentos. (é funcional para as ciências naturais) Mas quando você entra nas ciências humanas, isso é problemático... • O método das ciências humanas tem que ser diverso. Não pode ser um método explicativo. • Quando importamos um método das ciências naturais para as ciências humanas, mutilamos o fenômeno a ser estudado nas ciências humanas. Por quê? Porque as ciências naturais são decompositoras do fenômeno – encurtamento, empobrecimento... Não entende o horizonte a partir do qual o fenômeno aparece. Fenomenologia, existencialismo e humanismo • Para as ciências humanas é necessário que a vida do fenômeno (toda vida literária, psíquica, linguística e histórica de algo) seja compreendida. Exemplo: depressão x, tem a ver com a história, não somente com um fator orgânico, não somente como sintomas, mas sobre toda uma vida. • O método fenomenológico é um método compreensivo e é marcado pelo rigor. Será que as ciências estão sendo rigorosas o suficiente no modo de apreensão de seus objetos? A Ciência (ciências naturais) sofre de uma certa miopia – pretensão científica de que o método científico é A verdade e que basta. • A fenomenologia vem como uma desconstrução do método das ciências naturais – adota a atitude antinatural. O que é rigor? ➢ Quando se fala de ciência, se refere a qualquer coisa que é provado cientificamente, foi medido, e encontrado um resultado rigoroso. • Martin Heidegger (1889-1976) – fenomenologia hermenêutica. Estamos sempre fora de si... Não existe ser interno Sempreser-para-fora (fora onde?). ➔ Pra fora do mundo/ser no mundo, que mundo? ➔ Dasein Aula: 30 de agosto de 2021. Martin Heidegger Existência: a expressão latina existentia designinava o que está e sustenta fora da consciência. Ser para fora no mundo O que é mundo? Estamos falando da existência em sua totalidade, sempre existimos numa correção com ele, mundo e ser humano é uma coisa única, fenomenologicamente, somos pura intencionalidade e puro movimento, nós dependemos do mundo para nos relacionarmos, para ser, é onde a dinâmica vai acontecer, pela infinidade de possibilidades. Mundo não é ambiente, o ambiente faz parte do mundo, mas ele não se define enquanto mundo. O mundo é para além disso. ▪ MUNDO é onde a dinâmica existencial acontece num horizonte de possibilidades; ▪ MUNDO não é ambiente; ▪ Quando fala-se de mundo é ser capaz de sustentar a abertura, ou seja, sustentar as decisões; ▪ A partir desse postura tomada é que se faz escolhas; ▪ MUNDO é o que nos possibilita vir-a-ser; ▪ Sou um ente (aquilo que é) historicamente constituído; ▪ Não sou a priori (originalmente); ▪ O ser desse ente é sempre cada vez meu; ▪ O ser desse ente é sempre a cada vez determinado pelas minhas experiências; ▪ O que é o homem para Heidegger então? ▪ Nada! (força de expressão) ▪ Porque não existe homem a priori; ▪ Somos seres bio-psico-social-espiritual, o Mundo passa por todos os contextos. ▪ A palavra conceito homem traz consigo toda uma sedimentação histórica, tradições e determinações categoriais; ▪ O que significa que originalmente, a priori, ele é determinado (eu não sou); ▪ Explicação professora sobre o homem para Heidegger: sempre numa relação a partir de uma coexistência, o homem está sempre na relação com o mundo e com as coisas. Todo objeto é chamado de “ente”, nós nos relacionamos com os utensílios, através de conceitos, representações e ideias. Não somos determinados, mas estamos num mundo que vive nos determinando e que nós respondamos à elas. A nossa existência precisa ser além dessas determinações. Já chegamos ao mundo dentro de uma história. ▪ Dasein não é o conceito de homem; ▪ Dasein é um modo de ser; ▪ Dasein é aquele que é originalmente indeterminado, mas sempre determinado cada vez pelo mundo; ▪ Dasein é alguém que se movimenta por significados; ▪ “gatos fazem coisas de gatos, igualmente as tartarugas, sabem o que fazer da vida, ser tartaruga não é uma questão para ela mesma.” ▪ As determinações primeiras não estão grudadas em mim. Significa que eu estou sempre em jogo. ▪ O meu ser está sempre em jogo; ▪ Eu não sou nada, estou sempre sendo; Fenomenologia, existencialismo e humanismo ▪ A experiência da existência é uma experiência sem garantias. Por isso, neurotismos. (neurose enquanto buscar garantia de maneira ferrenha, em um espaço onde essa garantia não me pode ser dada). ▪ Quando eu sou pura intencionalidade significa que eu não sou anteriormente, que eu não tenho uma determinação. ▪ Indeterminação: não ser previamente, poder-ser, estranheza, estrangeireidade, negatividade. ▪ Não poder afirmar algo positivamente no sentido de dizer “o homem é assim”. ▪ Porém, toda e qualquer determinação que o mundo te oferece originalmente é sua; Mas não as últimas consequências; As determinações não são propriedades, características, formam um modo de ser pois radicalmente estão em jogo, na sua experiência de vida (vivências) a cada vez. ▪ Existencialmente tudo é um modo de ser que a cada vez está carregado de significado que radicalmente afeta sua experiência. ▪ Existência para Heidegger: é a radicalização da intencionalidade a partir da proposta de Husserl. ▪ Para Husserl, a consciência não é encerrada em si, consciência é movimento, direcionamento; ▪ Heidegger vai além, a partir do termo existência. Ela aprimora a ideia de consciência/intencionalidade (atos de consciência e campos correlatos acontecendo simultaneamente) e coloca então o termo existir, o fato de que eu sou para fora; ▪ Já estou sempre para fora, já estou sempre nesse espaço aberto. ▪ Por esse espaço aberto, o ser aí, o dasein, o existente, não pode ter nenhuma determinação (própria), a priori. Pois conquistamos nossas determinações sempre na relação, na medida em que sou, a cada vez que sou. ▪ Sou sempre determinado a partir do desdobramento da minha existência. Aula: 02 de setembro de 2021. Indeterminações: Não ser previamente; Poder-ser; Estranheza; Estrangeireidade; Negatividade; “Não poder afirmar algo positivamente no sentido de dizer “o homem é assim” Dasein é diferente de vorhandeinsein Tradução da Márcia: Marcia de Sá Cavalcante Schuback → aquilo que é simplesmente dado; (as próprias determinações do mundo, exemplo, ser médico, ser advogado, perguntar “o que você faz? Onde você trabalha?). Tradução do fausto – Fausto Castilho – aquilo que é subsistente. Mas que normalmente usamos presente à vista (entes intramundanos); Dasein (existe) → existência Vorhandeinsein → presente à vista In der welt sein → ser no mundo Estrutura uma, que não pode ser decomposta, a não ser única exclusivamente de maneira didática, ser em/mundo. Ser em Mundo é o correlato intencional de existir (não existo sem o mundo que me orienta, quando eu existo o mundo se dá); Não há existente sem mundo! Não há dasein sem mundo; Não mundo sem dasein; Mundo é uma rede remissiva, um horizonte de sentidos e significados historicamente constituídos. Aula: 09 de setembro de 2021. • Eu não estou dentro do mundo. A minha relação com o mundo é existencial. Eu habito o mundo, o mundo é minha morada. Morada = familiaridade. • Mundo é o que me dá base e que possibilita que eu me comporte. Ser-em; Ser-no-mundo; Mundo é um horizonte transcendente, histórico e poético por ser um espaço de significados. Fenomenologia, existencialismo e humanismo Estamos sempre em uma relação de estranheza e familiaridade com o mundo (dinâmica existencial). A familiaridade é conquistada. Pode ser encurtada ou expandida. Eu conquisto quem eu sou a cada vez que sou. Eu sou a minha circunstância. O ser-aí é seu aí O que condiciona as minhas experiências são os meus modos de ser... (baixa, magra, manca, oriental...). Me relaciono com isso radicalmente a cada vez, pois são significados que estão em jogo a cada vez. No ser-em (ser-no-mundo) temos modo de ocupação, modos de estar ocupado. (Cuidar, produzir, perguntar, se interessar, Renunciar, negar, distanciar...) Modo de nos ocuparmos dos entes intramundanos (coisas, animais, meio-ambiente), dos entes presentes à vista e dos outros seres-aí. Sorge: preocupação/cura/cuidado • Em toda a minha ocupação com os entes intramundanos ou com os outros seres-aí, é sempre um modo de cuidado comigo mesmo. • Em tudo aquilo que eu faço eu cuido da minha existência (cuido do fato que eu estou sempre em jogo/tenho de ser). Em cada uma das minhas ações eu cuido de mim. Em cada uma das minhas ações eu dou um rumo para a minha existência. Estou sempre cuidando do meu problema existencial (o fato que eu não tenho um direcionamento prévio), quando cuido de qualquer coisa. Qualquer modo de me comportar é um modo de cuidar de mim. O meu relacionamento com os outros é sempre um relacionamento comigo, um cuidado comigo. Aula: 13 de setembro de 2021. Campo fenomenológico heideggeriano Abertura de mundo, por ela vamos experimentar a nossa existência. • Ser-aí • Ser-no-mundo • Ser-em • Ser-com • Abertura de mundo Compreensão/afetividade/discurso (instituto dasen) ou Disposição/interpretação/ compreensão (ifen) • Projeto de sentido • Tonalidades afetivas Cotidianas/fundamentais “Nossa primeira entradano mundo e a nossa entrada no mundo a cada vez, claramente não é uma entrada intelectual” Dinâmica de ente dotado do caráter de ser-aí: • Existenciais (Existencial); • Espacialidade/temporalidade de/corporeidade; • Cuidado (Sorge) – o ser do ser -aí (tenho que ser, para ser – tarefa de a cada vez ser); • Ocupação (Besorgen) – o ser de um possível ser -no – mundo; • Preocupação (Fürsoge) – o ser de um ser -para - o - outro (constituição do ser -com – eu já sou de início no mundo ocupado com as coisas e com os outros) Aí “no que a cada vez importa” Entes intramundanos: • Categorias; • Propriedades – facticidade; • Caráter hermenêutico; • Depende da constituição de mundo para se mostrar; • Mundo é um caráter do ser -aí; • Para que o ente venha ao encontro o mundo precisa já estar aberto. Sobre o ôntico e ontológico Ôntico • Diz respeito a dimensão dos entes intramundanos. • Das categorias. • Das coisas compreendidas a partir, das suas propriedades. • A partir do contexto hermenêutico, onde os sentidos e significados das coisas são atribuídas pelo mundo histórico. Ontológico • Não é histórico é atemporal. • Não é algo que muda. • Nossa constituição ontológica é estrutural. O que muda é o contexto ôntico no qual essa estrutura ontológica vai, a cada vez, estar absorvida. Fenomenologia, existencialismo e humanismo • A estrutura ontológica é definida pelos nossos existenciais (dasein) A ontologia, na filosofia Heideggeriana, reflete a respeito do sentido do ser, como os “modos de ser possíveis”, como aquilo que torna possível as múltiplas existências. • Nossos existenciais mais importantes: Abertura, afinação, espaço, tempo, corpo, coexistência, liberdade, finitude. Campo fenomenológico heideggeriano Abertura de mundo (originário/se arma a cada vez) (plano ontológico) • Compreensão • Afetividade • Discurso Projeto de sentido O aí cotidiano (plano ôntico) • falatório • Curiosidade • Ambiguidade Identidade Estrutura pré-reflexiva (que queremos compreender) • Espaço fenomenológico (como experimentamos) • Não muda a partir do pensamento ou vontade • Estrutura que “se arma a cada vez antes de eu chegar” • Psicoterapia fenomenológico-existencial – Daseinsanálise (trabalho de desaprendizado de estruturas que são anteriores à vontade) Estrutura reflexiva • Espaço empírico (objetivo) • Terapias comportamentais/ treinamentos/coaching Compreensão • Malha de sentidos e significados (tudo que sabemos) do mundo que é o nosso e que pode ser acessada a cada vez. Interpretação • A partir da malha de sentidos e significados, uma possibilidade me solicita (correspondemos ou não - escolha). O método clínico trabalha no campo das solicitações e das correspondências. Reflexão: modos de solicitações interpretativas... • Estresse – alguém é solicitado demais e não consegue fazer nada. • Depressão – alguém não é solicitado para nada. • Obsessão – alguém só é solicitado para algo específico. • Fobia – o espaço existencial oprime e solicita o tempo inteiro. Afetividade/disposição (fundamental/cotidiana) • Diz respeito ao modo como, a cada vez que estou nesse horizonte histórico, ou seja, nessa malha compreensiva de sentidos e significados históricos, que se articula a cada vez a partir de interpretações que me solicitam para isso ou aquilo. Para a fenomenologia a angústia não é ruim, servirá para olhar para aquilo que nos cerca. Cada vez que eu estou nessa condição, eu sou tocado por essa condição de um modo. Eu me sinto a cada vez de um modo. A cada possibilidade interpretativa eu me sinto de um jeito. Afinação... Não existe neutralidade. Existe sempre sentimentos que abrem os fenômenos de um modo. O modo como me sinto posiciona toda a compreensão e interpretação/ corporeidade e espacialidade. Discurso – não é natural (hede – toda a forma de gestualidade possível para além de qualquer linguagem verbal) • Na abertura de mundo não só se abre uma possibilidade de sentidos e significados articuladas em possibilidades interpretativas concretas que me solicitam desse ou daquele modo; • Não só essa solicitação se dá em meio a uma tonalidade afetiva, me tocando de um modo e posicionando minha compreensibilidade acerca do que está em jogo a cada vez; Mas está em toda a forma como eu me comporto (andar, sentar, respirar, roupas, utensílios. Revisão: Intencionalidade: ▪ Toda consciência é consciência de; ▪ O sonhado sem aquele que sonha, não é uma relação; ▪ Movimento dentro do fluxo temporal, é a intencionalidade; Fenomenologia, existencialismo e humanismo ▪ Existência pra Heiddeger é a intencionalidade de Husserl; ▪ Todo ser aí é um ente; ▪ Indeterminação originária → dasein; ▪ @augustonascimentopsi
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