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A importância dos jogos segundo Vygotsky e piaget

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A importância dos jogos segundo Vygotsky
Para Vygotsky, os jogos e brincadeiras têm funções efetivas no desenvolvimento da criança
Para Vygotsky, a brincadeira pode ter papel fundamental no desenvolvimento da criança. Seguindo a idéia de que o aprendizado se dá por interações, o jogo lúdico e o jogo de papéis, como brincar de “mamãe e filhinha” permite que haja uma atuação na zona de desenvolvimento proximal do indivíduo, ou seja, cria-se condições para que determinados conhecimentos e/ou valores sejam consolidados ao exercitar no plano imaginativo capacidades de imaginar situações, representar papéis, seguir regras de conduta de sua cultura (só a mamãe que pode colocar a filhinha de castigo), etc.
Assim, a criança se projeta no mundo dos adultos, ensaiando atividades, comportamentos e hábitos nos quais ainda não está preparada para tal, mas que na brincadeira permite com que sejam criados processos de desenvolvimento, internalizando o real e promovendo o desenvolvimento cognitivo.
Podemos considerar jogos voltados às atividades reprodutoras - com certa relação com a memória - e voltados às atividades criadoras, relacionadas à imaginação. Segundo Vygotsky, “O jogo da criança não é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das impressões para a formação de uma nova realidade que responda às exigências e inclinações dela mesma”.
Assim, no espaço escolar, o jogo pode ser um veículo para o desenvolvimento social, emocional e intelectual dos alunos. O professor das fases iniciais pode – e deve -permitir a brincadeira. Entretanto, mais importante que isso é definir os objetivos que se deseja alcançar, para que este momento seja, de fato, significativo. “Ensinar a brincar”, de forma a mediar ações na zona de desenvolvimento proximal é uma forma de promover o crescimento de seu aluno.
Concepção do Brincar e Aprender na Visão de Piaget e Vygotsky
PEDAGOGIA
“A reinvenção das linguagens ocorre não só na turbulência de nossos universos particulares, no campo de nossas angustiadas batalhas e de nossos momentâneos apaziguamentos, mas também na alegria do lúdico inerente aos desafios a que nos propomos ao inventarmos realidades” (HUMBERTO, 2000, p. 18).
Ao longo de sua extensa obra, Piaget utilizou-se de jogos para investigar diferentes questões. Piaget (1974) mostra claramente em suas obras que os jogos não são apenas uma forma de desafogo ou entretenimento para gastar energia das crianças, mas meios que contribuem e enriquecem o desenvolvimento intelectual. Segundo Kishimoto (1996) a teoria piagetiana adota a brincadeira como conduta livre, espontânea, que a criança expressa por sua vontade e pelo prazer que lhe dá.
Considerando Piaget (1974) apud Friedmann (1992) a criança se desenvolve de forma integral nos aspectos cognitivos, afetivos, físico-motores, morais, linguisticos e sociais.
Este processo de desenvolvimento se dá a partir do qual a criança vai conhecendo o mundo e agindo sobre ele. Nessa interação sujeito objeto, a criança vai assimilando determinadas informações, segundo o seu estágio de desenvolvimento.
Para Friedmann (1992), a criança ao manifestar condutas lúdicas demonstra o nível de seu estágio cognitivo e constrói conhecimentos, no qual o desenvolvimento cognitivo da criança passa por quatro períodos distintos: sensório- motor, pré-operatório, operatório concreto e o operatório formal. Neste sentido, é fundamental o conhecimento dos estágios do desenvolvimento infantil enquanto componentes do desenvolvimento integral do homem descritos por Piaget (1974) apud Friedmann (1992)
Ainda na perspectiva de Piaget (1974) apud Friedmann (1992), coloca que o jogo pode ser estruturado de três formas: de exercício, simbólico, construção e regra e, neste sentido as brincadeiras evoluem conforme a faixa etária.
De um ano e meio até dois anos, fase em que aparece a linguagem, a atividade lúdica tem como característica essencial o exercício que consiste em qualquer situação ou objeto colocado à sua frente, no qual a criança se exercita na sua atividade de brincar pelo simples prazer de fazer rolar uma bola, produzir sons ou bater com um martelo, repetindo essas ações e observando seus efeitos e resultados.
Essas brincadeiras se prolongam, muitas vezes, até a idade adulta, mas com o passar dos anos, diminuem sua intensidade e importância (SOUSA, 2002).
Entre os dois e os seis/sete anos aproximadamente, a atividade lúdica adquire o caráter simbólico: a criança representa seu mundo e o símbolo serve para evocar a realidade. O jogo simbólico permite não só a entrada no imaginário, mas as expressões de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras (KISHIMOTO, 2008).
Conversar com a boneca, brincar de médico, imitar bichos, se fantasiar, são brincadeiras de grande intensidade afetiva. Assim que as brincadeiras vão se aproximando mais do real (a partir de quatro anos), o símbolo começa a representar a realidade, imitando-a: a criança cria histórias nas quais há grande preocupação em seguir a sequência que ela conhece na sua realidade. Por exemplo: a boneca acorda, vai pôr roupa e vai para a escola. Depois vai almoçar, descansar, brincar (SOUZA, 2002).
Os chamados jogos de construção constituem uma espécie de transição entre o jogo simbólico e o jogo de regras, são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades das crianças. Esta é uma fase de passagem da fantasia para a realidade.
Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual.
Dessa forma, quando está construindo, a criança está expressando suas representações mentais, além de manipular objetos (KISHIMOTO, 2008).
A partir dos seis anos que surgem os jogos de regras, que supõe relações sociais, na medida em que são transmitidos de geração a geração e suas características são independentes da vontade dos indivíduos que participam deles. A regra é uma regularidade imposta pelo grupo e violá-la representa uma falta.
Os jogos de regras caracterizam-se por ser uma combinação sensório-motora (corrida, jogo de bola, dentre outras) ou intelectual (cartas, xadrez), com competição dos indivíduos regulamentado por um código (CÓRIA_SABINI, LUCENA, 2004).
Nestes contextos o professor deverá ser o facilitador do processo ensino-aprendizagem desenvolvido no contexto de sala de aula.
Já as ideias de Lev Semenovich Vygotsky apesar de terem sido escritas nos anos 20 têm ainda hoje, grande importância para área de educação uma vez que sua visão sociointeracionista apoia-se na ideia de interação entre o homem e o meio ambiente e essa interação acarreta mudanças sobre o indivíduo, pois quando o homem modifica o ambiente por meio de seus comportamentos, essas modificações irão influenciar suas atitudes futuras (SOUZA, 2002).
Freitas apud Lopes (1996) nos diz: nenhum conhecimento é construído pela pessoa sozinha, mas sim em parceria com as outras, que são os mediadores.
Portanto deverá ser levado em consideração a importância da intervenção do educador, que tem o papel de mediador do processo, provocando avanços que não ocorrerão espontaneamente. A criança, por meio da brincadeira, reproduz o discurso externo e o internaliza, construindo seu próprio pensamento. A linguagem, segundo Vygotsky (1984), tem importante papel no desenvolvimento cognitivo da criança à medida que sistematiza suas experiências e ainda colabora na organização dos processos em andamento.
De acordo com Vygotsky (1984, p. 97):
“A brincadeira cria para as crianças uma “zona de desenvolvimento proximal” que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível atual de desenvolvimento potencial, determinado por meio da resolução de um problema sob a orientação de um adultoou com a colaboração de um companheiro mais capaz”.
As teorias das zonas de desenvolvimento são demonstradas da seguinte forma.
Para Vygotsky (1999):
“Se ignoramos as necessidades da criança e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, nunca seremos capazes de entender seu avanço de um estágio de desenvolvimento para outro, porque todo avanço está conectado com uma mudança mais acentuada nas motivações, tendências e incentivos”.
Vygotsky (1999) faz referências a diversos tipos de brincadeiras, porém, discute o papel do brinquedo referindo-se especificamente ao jogo de papéis ou à brincadeiras de “faz de conta”, como brincar de casinha, brincar de escolinha, pois numa situação imaginária como a que ocorre na brincadeira de faz de conta.
Ao brincar com um cabo de vassoura como se fosse um cavalo, por exemplo, a criança se relaciona com o significado em questão, ou seja, a ideia de “cavalo” e não com o objeto concreto, cabo de vassoura, que tem em suas mãos. A criança é levada a agir num mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido pela brincadeira e não pelos elementos reais concretamente presentes.
“Assim, ao destacar critérios para distinguir o brincar da criança de outras formas de atividade, concluímos que no brinquedo a criança cria uma situação imaginária. Esta não é uma ideia nova, na medida em que as situações imaginárias no brinquedo foram reconhecidas, no entanto, sempre foram vistas somente como um tipo de brincadeira.
A situação imaginária não era considerada como uma característica definidora do brinquedo em geral, mas era tratada como um atributo de subcategorias específicas do brinquedo” (VYGOTSKY, 1999, p. 123).
De acordo com Vygotsky (1999), a brincadeira exerce uma forte influência no desenvolvimento infantil uma vez que é utilizada pela criança, de um lado pela necessidade de ação e por outra para satisfazer suas impossibilidades de executar determinadas ações. No entanto a brincadeira não é apenas uma atividade simbólica, uma vez que mesmo envolvendo situações imaginárias, ela baseia-se em regras de comportamento condizentes com aquilo que está sendo representado o que fará com que a criança internalize regras de conduta, valores, modo de agir e de pensar de seu grupo social, que passará a orientar o seu comportamento e desenvolvimento cognitivo.
“No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário, no brinquedo é como se ela fosse maior do que na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo, uma grande fonte de desenvolvimento” (VYGOTSKY, 1999, p. 134-135).
Vygotsky (1984) atribui relevante papel ao ato de brincar na constituição do pensamento infantil. É brincando, jogando, que a criança revela seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, seu modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo de eventos, pessoas, coisas e símbolos.
Vygotsky (1989), diferentemente de Piaget, considera que o desenvolvimento ocorre ao longo da vida e que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo dela. Ele não estabelece fases para explicar o desenvolvimento como Piaget e para ele o sujeito é um ser interativo, ou seja, não é nem ativo, nem passivo. Segundo ele, a criança usa as interações sociais como formas de acesso a informações, por exemplo: aprendem à regra do jogo, por intermédio dos outros e não como o resultado de um engajamento individual na solução de problemas. Desta maneira, aprende a regular seu comportamento pelas reações, quer elas pareçam agradáveis ou não.
Enquanto Vygotsky fala do faz de conta, Piaget fala do jogo simbólico, e pode-se dizer segundo Oliveira (1990), que são correspondentes. As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo, aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e moralidade (VYGOTSKY, 1989). Piaget (1998) diz que a atividade lúdica é o berço obrigatório das atividades intelectuais da criança, sendo, por isso, indispensável à prática educativa.
Negrine (1994), em estudos realizados sobre aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas por meio da atividade lúdica, sendo fundamental que os professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu na interação com o ambiente familiar e sociocultural, para formular sua proposta pedagógica.
Conforme Piaget (1998), a primeira linguagem que a criança compreende é a linguagem do corpo, a linguagem da ação. É por meio do corpo que a criança interage com o meio. Já Vygotsky (1978) define o brinquedo como algo que preenche as necessidades da criança, o que significa entendê-lo como algo que motiva para a ação.
Em toda fase do desenvolvimento, a criança tem desejos que não consegue realizar, deixando-a tensa. Para resolver essa tensão, a criança em idade pré-escolar envolve-se num mundo ilusório e imaginário onde os desejos não realizáveis podem ser realizáveis (VYGOTSKY, 1989).
Como afirma Palangana (1994) as concepções de Vygotsky e Piaget quanto ao papel do jogo no desenvolvimento cognitivo diferem radicalmente. Para Piaget (1975) no jogo prepondera a assimilação, ou seja, a criança assimila no jogo o que percebe da realidade às estruturas que já construiu e neste sentido o jogo não é determinante nas modificações das estruturas. Para Vygotsky o jogo proporciona alteração das estruturas. No qual Vygotsky confere funções pedagógicas às atividades lúdicas, nomeadamente nos jogos, as brincadeiras e o faz de conta. Enquanto que Piaget confere maior relevo a uma tendência natural dos jogos, constituindo-se na expressão e na condição para o desenvolvimento, no qual as crianças quando jogam, assimilam e podem transformar a realidade.

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