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NOVAS ESPÉCIES 9 
LAURANN DOHNER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PPRROOJJEETTOO RREEVVIISSOORRAA TTRRAADDUUÇÇÕÕ EESS 
Revisão Inicial: Rosa Gabriela 
Revisão Final: Miriam 
Visto Final: Fadinha 
Colaboração: Fidalga 
 
 
 
 
 
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Bela se ressentia em ser rotulada de “Fêmea Presente”. Todos são extremamente 
superprotetores e os machos não tinham sequer permissão para falarem com ela, e até agora, a 
verdadeira liberdade era uma ilusão. Então, um oficial Espécie grande e sensual a confunde com 
o inimigo e a pega — literalmente. 
Shadow está pasmo. Ele tem uma Presente presa debaixo dele — totalmente proibida 
para ele. Mas Bela está fascinada e quer saber muito mais sobre Shadow. Ela está cheia de 
recentes descobertas e de paixão não correspondida, e ele é tudo o que precisa para satisfazer 
sua curiosidade. 
Para Shadow, sexo significa dor e ódio. Para Bela, escravização e zombaria. Duas almas 
solitárias que nunca conheceram um toque amoroso, juntas em uma cabana na floresta. Toda 
carícia, toda descoberta os trazem mais próximos de uma vida que nunca pensaram ser 
possível… além de seus sonhos mais selvagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Prólogo 
 
Liberdade 
 
 
Ela não seria mais chamada de Lixo. Bela. Silenciosamente repetiu o novo nome que a 
mulher lhe deu, determinada a lembrar de responder a Bela em vez de Lixo. Aquela distração a 
ajudou em sua confusa batalha e o choque profundo que sofreu depois de ser tirada de sua jaula 
por uma mulher chamada Jessie. As correntes já eram e escutou seus salvadores dizerem que os 
guardas foram mortos durante a luta para libertá-la. 
Bela teria tropeçado, mas um braço firme ao redor da sua cintura a ajudou a se estabilizar, 
enquanto caminhavam pela casa bem iluminada. Jessie jurou que estava levando-a para algum 
lugar seguro onde havia outros que, como ela, foram presos. O conceito de tal coisa parecia 
completamente irreal. Tinha de ser mentira, algum tipo de jogo perverso e cruel. Bela olhou ao 
redor e viu o sangue no chão, o qual pôde sentir. A evidência de que os guardas estavam 
realmente mortos. 
Uma sensação de esperança a encheu, de que a mulher ruiva pudesse estar dizendo a 
verdade. Ela estava livre do Mestre. A promessa de poder ver a luz do sol novamente parecia 
impossível. Tinha apenas vaga lembrança das raras vezes que lhe foi permitido ir para o lado de 
fora. 
Estrelas pontilhavam o céu e uma lua parcial estava pendurada a sua direita. Um 
maravilhoso ar fresco encheu seus pulmões, e felicidade atingiu-a. Estou do lado de fora! Quase 
tropeçou nos próprios pés, seu corpo estava fraco pela falta de comida, mas a mulher estreitou-a 
ao seu lado. Um grande homem chamado Trey mantinha-se silenciosamente ao lado delas, mas 
recusava-se a olhar para o rosto dele. Podia sentir o olhar dele, mas tentou esconder seu medo. 
Ele não tentou tocá-la. 
Uma grande coisa preta com rodas esperava perto da porta. Empacou de repente, mas 
Jessie continuou persuadindo-a a seguir em frente. 
— É isso que nos levará daqui e então iremos fazer algo muito emocionante. Vamos voar 
no céu para conseguir ajuda médica, e você vai encontrar sua família. Eles ficarão tão felizes em 
vê-la. 
— Você não me deixará? — Bela estava apavorada que a mulher a abandonasse com o 
grupo de homens. 
— Não querida. Vou segurar sua mão o tempo inteiro. — Jessie sorriu. — Não vou deixar 
nada acontecer com você. 
O assento era macio e confortável na grande caixa. Bela não estava certa sobre o cinto que 
Jessie apertou ao redor de seu corpo, mas não lutou. Deveria ser para sua segurança e estava feliz 
apenas em não ser empurrada para o fundo, dentro de um buraco sem luz. Foi assim que a 
removeram para a casa. 
— Eu me sentarei bem ao seu lado e Trey vai nos levar. Ele é uma pessoa muito legal. 
Jessie verificou o cinto, debruçou-se para empurrar o cabelo de Bela para trás da orelha e sorriu 
novamente. — Ele é um bom amigo meu, e você pode confiar nele também. 
 
 
 
 
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Ela encontrou o olhar de Jessie e seu cabelo realmente luminoso, o vermelho brilhava 
pelas luzes da grande casa. Suas características eram delicadas, agradáveis. Uma sensação de paz 
encheu Bela. Confiava nesta mulher. Não sabia por que, mas confiava. 
— Tudo vai ficar bem, Bela. Eu... — Jessie estremeceu violentamente onde se encontrava, 
e sua boca abriu. A expressão de pura dor refletida em seu rosto fez Bela estremecer de terror. 
Gritou, sem saber mais o que fazer. Os olhos azuis de Jessie se arregalaram, antes de lançar seu 
corpo para dentro do veículo. O impacto jogou Bela sobre o assento. 
— Atirador! — Trey gritou o aviso. 
— Peguei você. — Jessie prometeu com os braços dela abraçando Bela firmemente até que 
se sacudiu novamente e seu corpo tenso se tornou mole. 
Bela gritou, assustada demais para fazer qualquer outra coisa. Jessie não estava se 
movendo. O cheiro de sangue deixou-a em completo pânico, pois sabia que não era seu. 
A caixa, onde elas estavam, sacudiu, balançou e a porta fechou. Outra porta foi aberta 
acima de sua cabeça e mãos surgiram entre seu corpo e o de Jessie. O peso suavemente aliviou e 
parou de gritar. Abriu os olhos e observou enquanto outro homem arrastava Jessie para longe de 
seu corpo. Eles desapareceram pelo chão, mas outro homem grande de repente se lançou pela 
abertura. Fechou a porta e subiu no banco da frente, curvando-se para baixo. 
— O vidro nos protegerá. — ele ofegava. — Vai ficar tudo bem, Bela. Ele retirou uma arma. 
— Sou Shane. Nada vai te machucar. Só fique abaixada. 
A porta da frente abriu de repente e outro homem entrou agachado. 
— O atirador está no leste. Não pode atingir este lado. Passe-a para cá. A pessoa que falou 
era mais velha que o resto, mas não tão enrugado como o Mestre. Foi a pessoa que tirou Jessie de 
perto de Bela. 
— Ela está mais segura aqui. — Shane discutiu. — Fico com ela Tim. Cuide de Jessie. O 
quão ruim ela está? 
— Mal. Trey está avaliando-a. — A porta fechou enquanto o homem mais velho 
desaparecia. 
Isso deixou Bela sozinha com Shane. Seu olhar apavorado encontrou o dele, enquanto 
estava abaixado no assento dianteiro. 
— Fique abaixada. — ordenou suavemente. 
Suaves barulhos de balas soaram e ele xingou, de repente subiu no assento de trás onde 
ela estava. Ela gritou quando ele agarrou o outro lado do banco atrás dela, colocando a parte 
superior de seu corpo sobre o dela. Apenas centímetros os separavam e ela se sentiu presa. 
Suspirou para gritar novamente, mas ele largou o assento para apertar uma grande mão em sua 
boca. Silenciou-a, e seu coração parecia que ia explodir, enquanto o rosto dele chegava mais perto. 
— Maldição. — ele falou. — Não olhe para mim desse jeito. — Lançou uma perna sobre o 
banco para elevar-se chegando mais perto. — Não estou atacando. Estou tentando protegê-la. 
Quero que meu corpo fique entre você e uma bala. Precisa parar de gritar, certo? Tenho medo que 
o atirador possa ouvir, e não vai parar de disparar até que esteja morta. Você pode ficar quieta? 
Ela lutou contra o pânico e assentiu. A mão aliviou sua boca. Olhou fixamente para ele com 
medo, enquanto seu grande corpo a cobria. Ele inclinou-se sobre ela, e uma coxa pesada prendeu 
entre a perna dela e o banco. Moveu um braço debaixo dela também, e apoiou o corpo para 
segurar seu peso e evitar esmagá-la. 
 
 
 
 
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— Estou só usando meu corpo para cobrir o seu. — assegurou. — Isso é tudo. Não estou 
certo que tipo de munição o atirador tem, mas é melhor prevenir do que remediar. Tudo o que 
conseguiu fazer até agora foi estourar os espelhos laterais e os pneus. Deve ter percebido que não 
está quebrando o SUV, e pode estar recarregando com balas perfurantes. Prefiro que uma bala me 
atinja a você. 
Surpresa a fez estudar seus olhos. Não viu crueldade dentro deles, eram realmente gentis. 
O medoaliviou um pouco, permitindo que respirasse normalmente, e o cheiro dele encheu seu 
nariz a cada respiração. Ele tinha um cheiro limpo e bom, até agradável. O calor de seu grande 
corpo vazava por sua roupa, e um pouco do frio que a agarrava desapareceu. 
— Eles acharão o atirador e o deterão. Vai dar tudo certo. — Afastou o olhar para longe 
dela, para olhar por acima de sua cabeça pelo vidro. — Tim? Jessie está respirando? Ela está viva? 
Percebeu que falava com outra pessoa, e que deveria ter um daqueles dispositivos de 
escuta na orelha que Jessie mostrou-lhe. Ele fechou os olhos e inclinou a cabeça, até que seus 
lábios quase se roçaram nos dela. Isto fez com que Bela ficasse tensa. Ele suavemente xingou. 
— Entendido. Graças a Deus ela está respirando, mas isso é ruim. Porra. Como isso 
aconteceu? A vítima está segura. Embora muito traumatizada. Estou em cima dela para mantê-la 
abaixada, mas não foi atingida. 
Seus olhos abriram e olhou atentamente para os olhos dela. Ele ajustou seu tronco para 
descansar sobre os cotovelos, e uma grande mão tocou o lado de seu rosto. Permitiu que o virasse 
um pouco, enquanto seu dedo polegar esfregava sua bochecha suavemente. 
— Está tudo bem querida. Calma. Parece muito apavorada, mas está segura comigo. Seu 
rosto está machucado? Você tem um pequeno corte. Acho que Jessie te arranhou com a unha 
quando caiu sobre você. 
Não estava ciente do dano, mas não a surpreendeu. Tudo aconteceu tão rápido, e sabia 
que estava muito assustada para registrar isso tudo. Seu dedo polegar pausou, e ela virou a cabeça 
o suficiente para encontrar seu olhar novamente. Ele olhou para ela com uma expressão que 
nunca viu antes e era um tanto quanto boa. 
— Nunca te machucaria. Não sou nada parecido com os imbecis que a mantiveram em 
cativeiro. Sabe qual é o meu trabalho? Acho pessoas como você e as levo para casa. Vai ser feliz de 
agora em diante. Sem mais correntes, jaulas ou dor. Sua voz aprofundou. — Eu morreria por você. 
Calor se espalhou ainda mais, muito além de sua pele. Pareceu irradiar de dentro de seu 
peito com as palavras dele. Ele falava sério, e por alguma razão incrível acreditou nele. Todo seu 
medo enfraqueceu e ela enrolou as mãos agarrando sua camisa, de tecido estranho. 
— Calma Bela. — ele falou. — Não me arranhe. Sou seu amigo. 
— Eu... — Fechou a boca, com medo que ele ficasse bravo se falasse sem permissão. 
— Você o quê? Converse comigo. 
Nenhuma raiva obscureceu suas características ou relampejou em seu olhar convincente. 
Novamente a encorajou a falar. 
— Quer que eu seja legal com você? — Ela perguntou. 
— Sim. — Ele sorriu. — Somos amigos. — Ele ficou sério. — Matarei qualquer um que vier 
atrás de você. Estou aqui e está totalmente segura comigo. A equipe protege a área. Acharão esse 
atirador e o prenderão. Ninguém vai chegar perto de nós. 
Ele quer me proteger. Ele matará outros se tentarem me machucar. A surpresa que a 
inundou dificultou seu pensamento. Seu cheiro limpo, maravilhoso era realmente bom, seu corpo 
 
 
 
 
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assustadoramente grande e volumoso, mas não o temia. Ele foi cuidadoso em não esmagá-la 
debaixo dele, roçou sua pele com toques gentis. Ele seria um Mestre amável. 
Ele ergueu a cabeça, olhando ao redor novamente, e mudou um pouco do seu peso, antes 
de olhar para baixo. 
— Vou tirar meu colete e colocá-lo entre a sua cabeça e a porta. O atirador pode ter 
mudado de local para evitar ser descoberto. 
Ela não pronunciou nada, enquanto ele arrancava o revestimento de seu peito. Isto fez 
barulhos altos, enquanto uma de suas mãos rasgava a coisa, e encolhia os ombros para tirar o 
colete. Colocou-o contra a porta acima de sua cabeça. Ela olhou fixamente para a camisa dele, e 
viu os botões descendo pela frente dela. Seu peito era largo e seus braços pareciam realmente 
grossos. Pensou que eles pareciam largos apenas por causa da coisa que acabou de remover. 
Ele tocou a própria orelha. 
— Como Jessie está? — Pausou. — Bom. A que distância está a outra equipe? — Pausou 
novamente. — Estamos bem aqui. Só ache aquele filho da puta. Bateu em sua orelha novamente, 
e seu braço soltou ao longo da extremidade do banco, para apoiar seu tronco em ambos os 
antebraços. Encontrou o olhar dela. 
— Eles não acharam o atirador ainda, mas as equipes estão se movendo, e um helicóptero 
está perto para dar suporte pelo ar. Não deve demorar muito tempo. Como você está Bela? Somos 
amigos, certo? Sabe que não vou machucá-la, não é? Apenas fique calma. 
Ela engoliu seu medo e perguntou novamente. 
— Quer que eu seja legal com você? 
— Isso seria ótimo. — Ele sorriu para ela. 
Ele tinha um rosto atraente e nenhuma linha de “maldade” arruinando sua pele bronzeada. 
Não queria voltar nunca mais para o Mestre. Ele era insensível e a castigava por qualquer ofensa. 
Shane prometeu que não a machucaria e acreditou nele. Ela respirou fundo, sabendo que 
qualquer coisa tinha de ser melhor que voltar para sua antiga vida. Pelo menos Shane deu-lhe a 
esperança de um futuro sem miséria. Nem se importou quando falou sem permissão. Não bateu 
nela, e isso foi suficiente para convencê-la de que era um bom homem. 
— Serei legal com você. 
— Bom. Somos amigos Bela. Apenas relaxe, certo? Está totalmente segura comigo. 
As mãos dela tremiam quando tocou no peito dele. Aquele material era mais suave e podia 
sentir o calor de seu corpo. Em baixo da camisa fina, as pontas de seus dedos encontraram o 
músculo firme. Precisava ficar com ele. Não podia ser pior do que aquilo que sobreviveu no 
passado. Nada podia ser. 
Esperou para ver como reagiria, mas ele não fez nada. Isto a confundiu. Disse que seria 
legal com ele, mas apenas a olhava silenciosamente com seus olhos hipnotizantes. Eles realmente 
eram bonitos e gostou do jeito como olhava fixamente para ela. Era quase como se estivesse 
esperando que fizesse algo. 
Posso fazer isto. Ele deve querer que eu comece. Engoliu em seco, desejou estar limpa e 
desejou que não parecesse tão ruim quanto temia. Suas mãos se moveram, deslizaram pela 
camisa dele, e agarraram a curva espessa de seu ombro, enquanto a outra parou em seu 
estômago. Ele engasgou e empurrou o tronco para longe dela, o suficiente para dar-lhe espaço. 
Ela usou o espaço para roçar a frente de suas calças. 
— Porra! — Seus olhos arregalaram, enquanto ele olhava boquiaberto para ela. — O que 
está fazendo? 
 
 
 
 
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Ela congelou. 
— Você pegou no meu pau. — Sua voz agitou. — Pensei que estávamos sendo bonzinhos. 
Isso vai machucar, mas não vou lutar com você, droga. Você é uma mulher. Por favor, não faça o 
que penso que está fazendo. Sou seu amigo. 
Confusão tomou-a, percebeu que ele pensava que iria atacá-lo. Achou que seu toque era 
uma ameaça para causar-lhe dor. Suavemente o massageou para mostrar-lhe que estava sendo 
legal. Ela disse que seria. 
Ele olhou fixamente para ela, seu olhar ainda arregalado, e engasgou novamente. Sabia 
que tinha feito certo, quando sua parte masculina endureceu contra sua mão. 
— Pare. — ele falou. 
Sua mão congelou. 
— Quer minha boca lá ao invés disso? Eu disse que seria legal com você. 
Ele torceu seus quadris para longe da mão dela. 
— Não! Merda! Não quis dizer “legal” nesse sentido. Ah inferno! — Deslocou seus quadris 
mais para baixo do corpo dela, até a frente de sua calça ficar fora de seu alcance. — Eu… Filho da 
puta. Não quis dizer que queria sexo de você. Apenas quis dizer… merda! 
Ela o desagradou, fez com que não a quisesse, e fez algo errado. O terror encheu-a que não 
a protegesse mais do Mestre. Agarrou a camisa dele com ambas as mãos. 
— Por favor, me dê outra chance. Posso fazer melhor. Farei qualquer coisa que quiser. Só 
me diga o que fazer. Eu farei. 
Ele olhou fixamente para ela com algo similar a horror, e lágrimas encheram seus olhos. 
Falhou deixando-o bravo. Virou a cabeça e tirou as mãos do corpo dele, se abraçando, e esperou 
que não batesse nela. Ele era muito mais forteque o Mestre e provavelmente infligiria mais dor. 
— Sinto muito. — sussurrou. — Farei qualquer coisa. Você parece amável e ficarei melhor 
quando estiver limpa. Ousou olhar para ele, só para vê-lo ainda olhando-a fixamente com aquele 
mesmo olhar horrorizado. — Por favor, decida tomar-me. Quero ser legal com você. Não me deixe 
aqui. 
— Oh inferno, querida. Posso ver que é bonita, apesar da sujeira, mas não é isso. — Sua 
voz suavizou e também sua expressão. — Não tem que oferecer-me sexo para protegê-la. Matarei 
qualquer um que vier atrás de você, mas não quero nada em troca. Quero apenas que seja feliz. 
Sou seu amigo. 
Ela fungou, lutando contra as lágrimas. 
— Você será meu Mestre agora? 
— Não. — Mais horror encheu seus olhos. — Você está livre. Ninguém é seu dono. 
Ela fechou os olhos e virou o rosto. Não falou novamente, achando que fez algo para 
chateá-lo. Seu silêncio esperançosamente o acalmaria, e talvez lhe desse outra chance de provar 
que valia a pena mantê-la. Não conseguiria suportar retornar ao Mestre. 
Quanto mais pensava nesse conceito, mais apavorada ficava. Sua respiração acelerou — 
algo que não conseguiu parar. O homem em cima dela suavemente amaldiçoou, e apalpou algo 
dentro de um de seus bolsos. 
 — Acalme-se. — ordenou, sua voz um pouco severa. — Está hiperventilando. Não vou te 
machucar. 
Queria implorar a ele para não devolvê-la ao Mestre. Só não conseguia dizer as palavras. 
Seus dedos agarraram sua camisa, pronta para implorar que a mantivesse com ele, mas terror 
 
 
 
 
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cego a agarrou, quando chegou tão perto da liberdade só para perdê-la. Um lamento baixo 
encheu o veículo, mas não conseguia parar. 
Ele ergueu algo em sua boca e rasgou uma parte. Era uma seringa. A dor a fez gritar 
quando ele espetou uma agulha no braço dela. Isto foi rápido, enquanto ele puxava e jogava a 
seringa fora. Suas mãos suavemente a seguraram. 
— Calma Bela. Está salva. Olhou fixamente em seus olhos. — Droga, ela está apavorada! — 
Gritou. — Acabei de sedar nossa Presente. Achem esse atirador! 
Uma névoa nublou sua visão, quando a tontura atingiu-a. Tudo ficou preto. 
 
 
 
 
 
 Capítulo Um 
 
O Presente 
 
 
Bela saltou na cama, seus olhos arregalados, descobrindo a escuridão que a cercava. 
Acreditando que ainda estava presa, o pânico a atingiu. Ofegando, cheiros familiares encheram 
seu nariz, sugerindo que foi apenas um sonho. 
Não, uma memória, corrigiu. Virou-se e cegamente foi em direção à mesa do lado da cama. 
As pontas dos dedos apalparam ao longo da madeira, até achar a base do abajur de metal. O 
brilho da luz artificial que encheu o quarto a ajudou a escapar do estado de sonho. 
O pequeno apartamento que lhe foi atribuído dentro do dormitório das mulheres em 
Homeland era sua casa agora. Ela foi libertada e não era mais chamada de Lixo. Empurrou as 
cobertas, esticou as pernas e saiu da cama. Os pesadelos estavam ficando piores e todos os seus 
antigos medos retornaram. 
Passeou pelo carpete enquanto batalhava com a forte emoção da vergonha. Nunca se 
recuperaria da humilhação que sentiu, em ter feito aquilo com o estranho que usou seu corpo 
para protegê-la, quando aquele atirador os emboscou. Shane realmente queria ser seu amigo, 
mas ela não entendeu os motivos. Percebeu o porquê de ele ter ficado horrorizado quando o 
afagou inadequadamente, agora que teve tempo de se ajustar a sua nova vida. 
 Era seu trabalho salvar Novas Espécies. Não estava se oferecendo para se tornar seu novo 
Mestre se concordasse em fazer sexo sem lutar com ele. Apenas não queria que o atacasse e o 
forçasse a contê-la. Gemeu, achando que ele deveria ter pensado que era patética ou louca. Talvez 
um pouco de ambos. 
Um som fraco alcançou seus ouvidos, e ela caminhou para mais perto da parede em 
comum com o apartamento ao lado. Sua orelha apertou contra o gesso frio para escutar, 
enquanto Kit e um homem compartilhavam sexo. Os sons de suas respirações pesadas, grunhidos 
e corpos golpeando sempre penetravam as paredes quando uma das mulheres trazia alguém para 
casa, em ambos os lados do seu apartamento. Isto a fazia ansiar por qualquer conexão que tinham. 
Kit gritou, o homem rosnou mais alto, e sua respiração abrandou. 
 
 
 
 
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— Isso foi muito bom. — Kit riu. — Obrigada, Book. 
— O prazer foi meu. — ele falou. — Quer que eu vá ou fique? 
— Vá. — Kit respondeu. 
— Tem certeza? — Ele não soou feliz. — Gostaria de te abraçar. 
— De jeito nenhum. Você não é um macho que eu queira me apegar. É apenas sexo. 
— Está bem. — Seu tom ficou mais áspero. — Da próxima vez podemos usar a cama. 
— Não. — Kit mudou de lugar. — Pois eu ficaria por muito mais tempo do que deveria para 
lavar seu cheiro do meu corpo, e do ar do quarto. Teria que lavar a roupa. 
— Você é fria. — Raiva transformou a voz dele para um pequeno grunhido. — Vou cair fora 
daqui. Boa sorte com o próximo macho que pedir para compartilhar sexo. Pobre bastardo. Uma 
porta abriu e fechou com força dentro de um minuto. 
Bela ergueu a cabeça, escutando as passadas pesadas se moverem por sua porta, no 
corredor. O som da água corrente veio do apartamento de Kit. Tristeza tomou conta de Bela. Se 
um homem quisesse ficar com ela permitiria que dormisse em sua cama, e apreciaria seu cheiro 
em seus lençóis. Não o expulsaria assim que o sexo terminasse. Claro que significaria ter um 
homem dentro de sua casa, mas os homens Espécies a evitavam. Recusavam-se até mesmo a 
encontrar o olhar dela, e mantinham uma longa distância. 
 Fêmea Presente. Aquelas duas palavras asseguravam seu destino singular. Suspirou e 
caminhou para a cozinha, sabendo que o sono não retornaria. Era lei que todos os homens 
evitassem assustar uma Fêmea Presente. Era sabido que foram abusadas, provavelmente temiam 
sexo, e a evitavam. 
Ela abriu a geladeira para pegar um refrigerante, mas uma risada masculina profunda 
assustou-a. Sua cabeça virou naquela direção, e percebeu que vinha de seu outro vizinho. O vento 
soprou sua cortina próxima a pia, onde tinha deixado a janela bem aberta. Chegou mais perto e 
olhou a noite pela janela. 
Rusty e um homem estavam na sacada do apartamento ao lado. Estava perto o suficiente 
para que ouvisse suas palavras enquanto falavam. Bela, depressa, recuou temerosa que a 
descobrissem espionando. Parecia que quase toda mulher no dormitório tinha um visitante. Ela 
estava sempre sozinha. 
Virou-se e apressou-se para a porta da frente, desesperada para escapar. Não era justo e 
isto machucava, as mulheres Espécies que viviam de ambos os lados dela, não tinham nenhuma 
ideia do quão sortudas eram em não saber o profundo desejo que sofria. Kit acabou de expulsar 
um homem farta dele. Rusty provavelmente faria o mesmo depois de compartilhar sexo com 
quem estava rindo. 
Bela ultrapassou o elevador correndo para os degraus, e usou o corredor para sair pelas 
portas laterais do edifício, evitando as principais áreas habitadas. A última coisa que queria era se 
chocar com alguém. Irrompeu do outro lado e pausou, enquanto a porta se fechava atrás dela. O 
céu estava cheio de nuvens, bloqueando as estrelas e a lua. Sentia que uma tempestade se 
preparava. 
Parte dela sabia que precisava retornar ao seu apartamento. O ar parecia pesado e o vento 
um pouco frio em seus braços e pernas nuas. Olhou até perceber que nem se vestiu. A camisola 
branca solta caia apenas acima de seus joelhos, e seus pés nus descansavam no chão frio. Girou e 
tentou abrir a porta, mas descobriu que estava trancada. 
— Droga. 
 
 
 
 
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Teria que ir pela frente do dormitório para entrar. Fugiu sem seu crachá e outra pessoa 
teria que deixá-la entrar. Isso significava que teria que explicar o porquê de estar do lado de fora, 
tarde da noite e vestida com tão pouco. Provavelmente deixaria as mulheres preocupadas sobre 
seu estado mental. Hesitou. 
Uma grossa gota de chuva caiu sobre seuombro nu, e ela levantou o braço para ajustar a 
fina alça de sua camisola. Outra gota molhou seu nariz. Raios relampejavam no céu, iluminando a 
área com uma linha violenta de brilho intenso. Contou até quatro antes do estrondo de outro 
trovão. 
 Prometeram-lhe que a vida seria melhor depois de ser libertada, mas as coisas eram 
apenas diferentes. As correntes que a escravizaram não existiam mais, mas ainda estava sozinha. 
As memórias de ser trancada dentro do porão vieram à tona. Uma vez sonhou em ter deixado essa 
vida para ver o mundo lá fora, mas não estava vivendo naquele mundo. Os fatos não podiam ser 
negados enquanto abraçava o peito, ponderando sua realidade. Era quase mais cruel ver o que 
nunca podia ter. Pelo menos no passado não sabia o que podia ser possível. 
Um raio riscou o céu novamente, ela girou com as mãos em punhos e correu. Suas pernas 
se moviam rápido, enquanto corria pela calçada em direção ao parque. Ela precisava se sentir viva. 
A chuva caía mais rápido, encharcando seus cabelos e a camisola, e o trovão retumbou mais alto. 
O coração acelerou e quase riu. Estava correndo livre e ninguém podia tirar isso dela. Hoje à noite 
podia ir aonde quisesse, quando quisesse, e isso tinha de ser suficiente. 
Ela deixou a calçada e seus pés afundaram na grama suave e encharcada. Evitou as árvores, 
sua vista se ajustando a escuridão, apenas quebrada pelos raios. Era perigoso estar do lado de fora 
em uma tempestade, mas deu boas-vindas a sensação da chuva em seu rosto. 
 
 
* * * * * 
 
Shadow estacionou o carrinho de golfe, e suavemente rosnou de frustração, enquanto 
arrastava-se para o centro do assento para evitar ficar molhado quando o céu desabou. Estava de 
folga e esperava conseguir chegar ao dormitório antes da tempestade. Não teve sucesso. Podia 
continuar dirigindo e estar encharcado quando chegasse em casa, ou podia esperar pacientemente 
o aguaceiro cessar. 
Um movimento pelo canto dos olhos o fez virar a cabeça. O clarão de um raio o cegou, mas 
iluminou a área. Viu algo. O trovão retumbou. Piscou. Sua mente tentando fazer sentido com o que 
acabou de testemunhar. Isto não poderia ser o que parecia. Seus olhos tinham de estar pregando 
peças, caso contrário tinha acabado de ver uma fêmea em um vestido branco, correndo pelo atalho 
em direção à lagoa. 
Um raio relampejou novamente e pegou outro vislumbre dela. A visão de pernas pálidas, 
longos cabelos escuros voando atrás dela e aquele vestido branco era real. Havia uma intrusa em 
Homeland. Lançou-se diretamente do carro para a chuva. A chuva pesada imediatamente o 
encharcou. 
Suas botas afundaram na grama molhada quando saiu da calçada, e um rosnado escapou 
dele, seus instintos imediatamente ficaram acesos. Cace. Ache. Capture. Seus passos largos 
devoravam o chão enquanto a procurava. Precisava achar a humana depressa e forçá-la a dizer-lhe o 
que fez de errado para correr tão rápido. Ela tinha colocado uma bomba que detonaria logo? O 
conceito o motivou a aumentar sua velocidade. 
 
 
 
 
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Estreitou os olhos e avistou uma mancha branca na frente dele. Ela estava definitivamente 
fugindo em direção ao parque. Era um lugar grande o suficiente para um helicóptero aterrissar se 
alcançasse a área próxima à lagoa. Olhou para cima por um segundo para examinar o céu, mas a 
chuva o cegou. Enxugou o rosto com o braço enquanto rosnava novamente. Alguém a ajudou a 
entrar em Homeland para fazer o estrago, mas não escaparia. Ele a pegaria antes que chegasse ao 
ponto de origem e a faria dizer o que fez. 
Esquivou-se pela esquerda atravessando o bosque denso, evitado bater nas árvores e 
atravessou o campo aberto e relvado onde praticavam esportes. Um raio relampejou e a viu sair 
mais ou menos a uns seis metros adiante. Estava de costas para ele e o trovão escondeu seus sons 
de ultraje enquanto fechava a distância. Mais detalhes ficaram aparentes. Não era uma grande 
fêmea e tinha se livrado da maior parte de sua roupa, talvez para ficar mais fácil fugir na chuva. 
Ele mergulhou e a agarrou. A sensação da cintura pequena em suas mãos imediatamente o 
fez reagir. Torceu-se no ar antes que suas costas batessem com força no chão. O corpo dela caiu 
sobre o dele, impulsionando-o a deslizar ao longo da grama escorregadia. No segundo que a 
derrapagem terminou, ele rolou, prendendo-a debaixo de seu corpo. Foi cuidadoso para não 
esmagá-la. Seus cotovelos afundaram na terra encharcada, apoiando seu peito para ter certeza de 
que ela pudesse respirar. Puxou os pulsos dela para cima e a segurou com as mãos. 
— Quem é você? E o que fez? — Sua voz saiu mais animalesca do que pretendia, mas não 
pode evitar. Seu coração martelava pela adrenalina que pulsava em suas veias, e o desejo de rosnar 
novamente era forte. — Diga-me, fêmea. 
Ele não conseguiu distinguir seu rosto. Não havia nenhuma luz naquela seção do parque. Ela 
ofegava fortemente, assegurando-o de que podia respirar e falar se desejasse. 
— Diga-me. — exigiu novamente, rosnando agora. Ele estava enfurecido. A vida de seu povo 
podia estar em jogo. 
Um raio faiscou acima deles e iluminou o chão. Os olhos escuros dela estavam arregalados 
com medo, enquanto encarava-os fixamente. A luz manteve-se apenas por um piscar de olhos, mas 
deu uma olhada em seu rosto. A surpresa o fez praguejar. 
— Merda. — O choque o paralisou por um momento, antes que apressadamente aliviasse 
seu aperto dos pulsos dela. Eles eram pequenos e delicados em suas mãos. A culpa o encheu 
imediatamente, enquanto tentava erguer seu peso dela. 
Ela não disse nada e esperou que não a tivesse ferido. A chuva batia em suas costas com 
mais força, e a tempestade se intensificava. Hesitou em rolar de cima dela completamente. Ela 
estaria à mercê da tempestade. Apenas ele era seu abrigo no momento. 
— Você está machucada? — Forçou seu tom a abaixar para um nível mais tranquilo. — 
Pensei que fosse humana. Uma intrusa. 
— Não estou machucada. — respondeu suavemente. 
— Sinto tanto. — Ficou horrorizado de saber que tinha acabado de atacar uma Fêmea 
Presente. Ele não a conhecia, mas suas características não podiam ser negadas. Imaginou que fosse 
primata pela forma arredondada de seus olhos, e seu delicado narizinho. Isto o deixou ainda pior. As 
fêmeas primatas eram ainda mais frágeis que as caninas ou felinas. — Você está a salvo. Não a 
machucarei. 
Virou a cabeça freneticamente procurando por ajuda. Precisava de uma oficial Espécie no 
local para lidar com a Presente, mas o parque estava vazio. Ninguém estaria correndo na 
tempestade. Eram apenas eles, e tinha que consertar a bagunça ele mesmo. Queria praguejar 
novamente, mas se conteve. 
 
 
 
 
12 
 
— Sou Shadow. — Sussurrou, esperando que a fizesse se sentir menos ameaçada. — Juro 
que está segura. Eu me moveria, entretanto você ficaria na chuva. Está realmente forte. Estou 
esmagando-a? 
— Não. 
Ela não moveu seus braços quando os largou, e ajustou seu peito um pouco mais alto acima 
dela para certificar-se de que estava protegida do tempo. Precisava apenas impedi-la de entrar em 
pânico até a chuva diminuir o suficiente para movê-la. Seu carro e o rádio não estavam muito longe. 
Teria que pedir assistência emergencial. 
Fury e Justice iriam acabar com ele. Inferno, todos os machos iriam. Ele caçou uma Fêmea 
Presente. Não apenas isso, agarrou-a como se fosse um cervo. Pelo menos estava agradecido que 
reconheceu que era uma fêmea pequena, e certificou-se de fazer seu melhor para receber o 
impacto do choque com o chão quando a agarrou. 
— Sou Bela. 
As palavras sussurradas da fêmea o fizeram olhar para ela. Ele mal conseguia distinguir a 
forma de seu rosto na escuridão. 
— O que estava fazendo aqui, Bela? Algo a assustou? — Tentou compreender por que corria 
com pouca roupa. Um pensamento ruim o atingiu e lançou um olhar perscrutador ao redor deles. —
Alguém estava perseguindo você? — Sua voz intensificou com apenas o pensamento de alguém 
tentando machucá-la.Seus instintos protetores vieram completamente à tona. 
— Não. Queria apenas me sentir viva. 
A resposta o surpreendeu e chamou toda a sua atenção para ela novamente. Desejou que 
pudesse ver seu rosto. Um trovão agitou o chão debaixo deles. A tempestade parecia estar 
chegando mais perto. Sabia que assim seria mais seguro movê-la apesar do aguaceiro. Estavam ao 
ar livre. Relâmpagos brilhantes iluminavam acima deles, e ele levantou a cabeça para vê-los. Estava 
muito perto. O trovão veio em seguida, quase imediatamente. 
— Estou movendo-a. Apenas permaneça calma. Tem minha palavra como um oficial Espécie 
que nunca a machucaria, Bela. Sei que deve estar apavorada, mas não há razão. Não sou um 
humano. 
Odiou expô-la a chuva, mas não viu nenhuma outra escolha. Levantou-se depressa 
ajoelhando, as mãos deslizaram pela grama lisa debaixo dos braços dela, para agarrar suas costelas 
e suavemente erguê-la. Ela não pesava muito quando se levantou segurando-a firmemente contra 
seu corpo. Debruçou-se e dobrou a cabeça para manter a chuva afastada dela tanto quanto possível. 
Virou e apressou-se em direção ao carro. As pernas dela roçaram nas dele. 
— Não estou com medo. 
Ele ouviu suas palavras e respirou mais facilmente. 
— Bom. Você é muito corajosa. — As Fêmeas Presente tinham horror a todos os machos, 
depois de serem abusadas por humanos. 
Passou os braços ao redor do pescoço dele, e um segundo mais tarde as pernas dela 
ergueram-se para se envolverem ao redor de sua cintura. Deixou mais fácil que a levasse, e apreciou 
que confiasse nele o suficiente para se agarrar a ele. Aumentou o ritmo e chegou até as árvores 
espessas. Tinham acabado de adentrá-las quando um barulho soou alto, colocando-o 
completamente em alerta. Pausou antes de virar em uma nova direção e correr para a segurança. 
— Espere. Isto é granizo. 
Ele evadiu os troncos das árvores e os clarões dos raios mostraram-lhe o caminho, enquanto 
ia para o prédio de equipamentos de esportes. Mal parou antes de erguer a perna e lançar sua bota 
 
 
 
 
13 
 
na porta. A fechadura abriu facilmente com o poder de seu chute. Entrou na mesma hora que os 
pedaços de gelo bombardearam o telhado. Soltou sua cintura com um dos braços, para cegamente 
procurar pela porta e fechá-la. 
Estava barulhento dentro do pequeno edifício — mais para uma cabana — enquanto o 
exterior era martelado pelo granizo. Sua mão explorou a parede até que achou o interruptor. A 
lâmpada no teto não era muito brilhante, mas estava agradecido por isto enquanto olhava ao redor 
do espaço limitado. 
— Estamos seguros aqui. Inclinou-se para trás o suficiente para ver seu rosto, procurando 
por danos. 
Os grandes olhos estavam mais curiosos do que com medo, enquanto o estudava tão 
atentamente quanto ele a estudava. A cor deles era um suave marrom e tinha cílios muito longos e 
escuros. Todas as suas características eram delicadas e o assegurou uma vez mais que era Espécie 
primata. 
— Você está bem? 
— Sim. 
Ele olhou para frente da sua camisola fina e esqueceu como respirar. O tecido estava 
molhado, grudado nela como se fosse uma segunda pele, e transparente o suficiente para que visse 
exatamente como ela era nua. As pontas escuras e tensas de seus mamilos estavam claramente 
visíveis. Eram tentações bonitas que imediatamente quis tocar e explorar. 
Mal. Muito mal, puniu a si mesmo, virando o olhar para outro lugar, exceto nela. Odiou como 
seu corpo reagiu muito facilmente com a visão de seus seios. Seu pau encheu de sangue e teve de 
engolir, já que estava quase salivando por sugar um deles em sua boca para prová-lo. 
Permitiu que seus instintos assumissem o comando enquanto a perseguia, e ainda estavam 
muito perto da superfície para que pudesse facilmente recuperar o controle de suas respostas. 
Freneticamente procurou por um lugar seguro para colocá-la no chão, e sua atenção se prendeu no 
grande banco-baú alojando o equipamento de beisebol. Ele avançou e a abaixou. 
— Sente-se. 
Os braços e as pernas dela o largaram, e ele a soltou no segundo que soube que não cairia. 
Shadow girou, procurando por um rádio de emergência, mas não achou nenhum. Olhou fixamente 
para a porta. O barulho da tempestade intensificou e o vento batia nas paredes. 
— Você está bem? 
Sua voz era tão suave que mal se ouvia. Não. Seu pau estava duro e não podia arriscar que 
notasse. Ela provavelmente gritaria, temendo que a atacasse. 
— Estou bem. — Mentiu, mantendo-se de costas para ela. — Vou lá fora e tentar pedir ajuda 
pelo rádio. 
— Você não pode. — Sua voz ficou mais alta, menos tímida. — Isso parece perigoso. 
Ele girou a cabeça tentando explicar o porquê que precisava partir. Inocência olhava 
fixamente de volta para ele, quando encontrou seu olhar. 
— Meu carro não está muito longe daqui. Preciso contatar a Segurança e informá-los do que 
aconteceu. Precisamos de uma oficial em cena. 
— Por quê? 
Ele hesitou. 
— Você é uma Presente. 
Ela piscou e sua boca fechou como se não entendesse. 
— É procedimento chamar outra fêmea para cuidar de você. — ele explicou. 
 
 
 
 
14 
 
— Estou bem. 
Seus braços se ergueram para abraçar o peito e esconder os mamilos, mas os montes ainda 
eram numa visão tentadora. Seus pulsos eram muito pequenos para cobrir muito. Shadow 
experimentou culpa em notar aquele fato, e ergueu o olhar para seu rosto. Ela era uma fêmea 
bonita com características pálidas. Alguns fios de seu cabelo estavam presos em sua bochecha. 
— Você está molhada e não é tão forte quanto outra Espécie. Você precisa de cuidados 
médicos. 
— Não posso negar a parte de estar molhada. Agarrou um punhado de cabelo gotejando que 
caia em sua cintura, e depois olhou para ele. Um sorrisinho apareceu. — É uma boa coisa eu não ser 
parte rato. 
Shadow olhou fixamente para ela, surpreso que estivesse tão calma. Quase pareceu 
divertida pela situação. 
— Sabe, como “rato afogado”? Foi uma piada. Embora tenha ouvido que macacos não 
podiam nadar. Pergunto-me se isso é verdade. Nunca tentei antes. 
Isto não estava indo como imaginou. Pensou que ela estaria gritando, talvez explodindo em 
lágrimas, mas apenas jogou seu cabelo para olhar em torno do quarto apertado. 
— O que é este lugar? 
— Armazenamos equipamento de esporte aqui. 
— Oh. Eles são divertidos de jogar? Não tenho permissão. Eu os assisti e parece agradável. 
— Depende do esporte. — Quase se virou, mas lembrou do por que se mantinha de costas 
para ela. Seu pau recusava-se a concordar com seu cérebro que estava ordenando para não ficar 
interessado na Fêmea Presente. 
Um calafrio percorreu o pequeno corpo e Shadow suavemente rosnou. Ela olhou para ele e 
arregalou os olhos. Um indício de medo finalmente apareceu em seus olhos. 
— Desculpe. — ele falou. — Não estou bravo ou qualquer coisa. Só odeio que esteja com frio. 
Preciso conseguir ajuda para você. — Ele agarrou a porta. 
— Pare! 
Sua mão pairou em cima da maçaneta enquanto olhava para trás. Ela estava parada. A 
camisola branca abraçava todas as curvas de seu corpo, e o deixou ciente de que não era 
semelhante às fêmeas Espécies que estava acostumado. Seus quadris eram mais cheios, sua barriga 
mais suave e era pequena. Achou que não deveria ter mais do que um metro e meio. Uma coisa era 
certa, não estava vestindo roupa íntima. Seu olhar pausou no material fino grudado em sua cintura, 
antes dele olhar fixamente para o chão. 
— Por favor, não arrisque sua vida saindo nessa tempestade. Apenas espere passar. Isso é 
minha culpa. Não devia ter deixado o dormitório, mas não estava pensando racionalmente no 
momento. Nunca me perdoaria se algo acontecesse com você. 
— Ficarei bem. — Seu peito inchou um pouco, o orgulho ferido. — Sou mais durão do que 
um pequeno granizo. 
— Não duvido disso. Parece feroz em seu uniforme e é muito grande. 
Ele olhou para o rosto dela, preocupado que pudesse ter medo se notasse essas coisas. 
Nenhum medo apareceu em seu olhar enquanto examinavamum ao outro. Não estava certo do 
que fazer. 
— Por favor, não vá. — Ela chegou mais perto. — Seria tão ruim esperar a tempestade passar 
comigo? 
Ele conteve um gemido. 
 
 
 
 
15 
 
— Você é uma Presente e precisa da ajuda de outra fêmea. 
O queixo dela ergueu e raiva relampejou em seus olhos. 
— Conheço as regras, mas não tenho medo de você. É uma grande burrice sair daqui para 
conseguir ajuda quando não preciso. 
— Sou um macho. 
— Estou vendo isto. 
Ele tentou uma nova linha de raciocínio. 
— Não devia estar sozinha com um. 
Seus braços abraçaram o peito novamente. 
— Você vai me machucar? 
— Nunca. 
— Exatamente o que quero dizer. — Ela olhou ao redor. — Precisamos ficar aquecidos 
primeiro. Leio muito e é isso o que os livros dizem. Devíamos tirar nossas roupas molhadas e achar 
algo seco para vestir. 
A boca dele escancarou. 
— O que? 
Ela olhou fixamente para algo acima da cabeça dele à esquerda e apontou. 
— O que é aquilo lá em cima? 
Ele seguiu a direção de seu dedo. 
— São bandeiras. 
 
Bela se preocupou que o grande homem fugisse. Ele parecia pronto para isso enquanto 
encarava a porta mais uma vez. Shadow era realmente alto e seu cabelo muito curto. Era esquisito 
ver um Espécie com o corte tão rente à cabeça. Seus olhos azuis eram verdadeiramente bonitos e 
estava certa de que era canino pelo modo como rosnou e grunhiu. 
— Bandeiras? 
Ele suspirou ruidosamente e virou-se parcialmente em sua direção, olhando para ela 
calmamente. 
— Bandeiras. Nós temos times e alguém achou que seria legal pô-las nos bancos quando 
jogamos. 
— Você pode me dar uma? 
Lentamente alcançou o material dobrado e o puxou. Ela chegou mais perto. Ele erguia-se 
sobre ela quase meio metro. Sua cabeça nem alcançava os ombros largos. Shadow foi cuidadoso em 
não tocá-la quando entregou. O material macio e sedoso estava seco e era mais grosso do que 
esperava. Ela o desdobrou para olhar o tecido branco com a cabeça laranja de um leão impressa no 
centro. 
— Parece como se fosse feito de chamas. É bonito. 
— Eu acho. Ele mudou de posição. — A outra tem o rosto de um lobo. Ou um cachorro. Não 
estou certo qual era a intenção. 
— Existe uma terceira para os primatas? 
— Não. Apenas as duas. Não sei por que, mas provavelmente deveria existir uma. — Ele 
pareceu desconfortável. 
— Estas são grandes. O que você acha? Talvez um metro e meio por cinquenta centímetros? 
— Não estou certo. 
— Nós devíamos vesti-las. 
 
 
 
 
16 
 
Sua boca fechou em uma linha apertada. 
— Não. 
— Você poderia amarrá-la ao redor da sua cintura como se fosse uma toalha, e esta aqui 
caberá em mim se enrolá-la ao redor do meu corpo como um vestido. 
— Não. — Sua voz aprofundou. — Irei dizer sua localização pelo rádio para a Segurança e 
enviarão uma oficial. 
O vento ainda batia dos lados do pequeno prédio, mas o granizo parou. 
— A chuva ainda está muito forte. Não devia ir lá fora. 
— Eu devo. — Agarrou a maçaneta. 
— Não! — Odiou o modo como quase suplicou para ele, mas a verdade era que não queria 
que partisse. Nunca esteve sozinha com um homem Espécie antes, mas ele não a assustava. 
Curiosidade levou a vantagem e só queria passar algum tempo com ele. — Por favor? 
Sua cabeça virou ao redor e seus olhos estreitaram. 
— Você tem medo de ser deixada sozinha? — Sua expressão suavizou. — Vou avisar pelo 
radio e retornarei imediatamente. 
A culpa devorava Bela enquanto mentia. Era errado fazer isso, mas não queria que se fosse 
ainda. 
— Ficaria apavorada. Fique comigo. 
Ele fechou a porta. 
— Este edifício é bem construído e é seguro. 
— Não me deixe. 
Ele cedeu. 
— Ficarei. 
— Obrigada. — Ela percebeu que sobreviveria a culpa e a decepção. — Colocarei isso e você 
pode pegar a outra. Ficaremos secos para esperar a tempestade passar. 
— Estou bem. — Ele olhou para longe. — Troque de roupa. Você está com frio. 
Afastou-se dele e soltou a bandeira na caixa onde estava sentada. A camisola grudava em 
seu corpo enquanto a tirava por cima da cabeça. Um frio transpassou por ela enquanto o ar tocava 
sua pele nua. Estava frio. Espremeu o cabelo o quanto pôde antes de pegar a bandeira. Não era 
muita proteção contra a temperatura fria, mas estava seca enquanto a prendia ao redor de seu 
corpo. Aquilo a cobriu apenas da altura dos seios até os joelhos. 
 — Estou decente. — Sua atenção focada nele. — Fecharei meus olhos. Precisa realmente 
remover essas roupas molhadas. Por favor? Sei que é durão, mas me preocuparei. 
Ele virou a cabeça para olhar fixamente para ela. 
— Não é uma boa ideia. 
— Por que não? 
Seu peito expandiu enquanto dava algumas respirações profundas. 
— Deixa pra lá. 
Diversão faiscou. Ela não era estúpida. 
— Acha que ficarei apavorada se ficar parcialmente despido comigo? Não ficarei. Você é 
Espécie. 
O cintilar em seus olhos se tornou quase severo. 
— Sou macho. 
Ele lentamente abaixou seu olhar pelo corpo dela. O interesse acelerou as batidas do 
coração de Bela. Ele não precisava dizer mais. Ouviu que homens eram sempre ávidos para 
 
 
 
 
17 
 
compartilhar sexo com uma mulher. A ideia dele tocá-la não a deixou em pânico. Os sons que suas 
vizinhas faziam quando tinham companhia, quase asseguravam que sexo consensual não era uma 
coisa ruim. 
— Por favor, tire suas roupas molhadas e vista a bandeira? — Propositalmente ficou de 
costas para dar-lhe privacidade, do jeito que fez com ela. 
Um grunhido suave foi a resposta, mas sua roupa farfalhou. Estava tirando-a. Bela abraçou 
sua cintura para manter o material sedoso no lugar e sorriu para a parede. Ele não estava indo 
embora, e ficariam apenas os dois juntos até a tempestade passar. Finalmente conheceria um 
homem. 
 
 
 
 
Capítulo Dois 
 
 
— Estou coberto. 
Bela resistiu a rir do tom áspero de Shadow. Virou-se para encontrá-lo ainda de costas para 
ela, mas tinha removido suas botas, calça, camisa e colete. Estavam dispostas ordenadamente em 
frente à porta. A bandeira azul amarrada ao redor da cintura mostrava uma parte da cabeça de lobo 
cobrindo sua coxa, no lado oposto de onde amarrou o material em seu quadril para mantê-lo no 
lugar. 
— Realmente gosto dos padrões da chama. 
— Você está mais aquecida? 
— Não. — Isso não era uma mentira. — Está tão frio. 
— O que você estava fazendo lá fora na tempestade? — Ele olhou ao redor do quarto, 
parecendo estudar tudo menos ela. — Poderia ter se machucado. 
— Tive um pesadelo e só quis um pouco de ar fresco. 
Seu olhar azul fixou-se nela imediatamente. 
— No meio de uma tempestade? 
— Pareceu a coisa certa a fazer no momento. Não foi inteligente, não é? 
Seus lábios apertaram e olhou para a longa caixa em que ela estava sentada. Deu um passo 
hesitante chegando mais perto, mas pausou. 
— Está tremendo. Não fique alarmada. Posso me sentar e você pode se encostar em mim. 
Provavelmente tenho mais calor corporal do que você. 
A ideia de chegar perto dele não a alarmou, mas ao invés disso era um pouco excitante. 
— Certo. 
Ele moveu-se devagar, como se temesse que ela corresse, até que avançou e se sentou no 
centro da caixa. A bandeira cobria seu colo e o topo de uma coxa, a outra abertura lateral corria até 
o laço no quadril. Seu olhar preso no dela. 
— Não há nenhuma razão para me temer. 
— Você pode usar meu nome. É Bela. 
 
 
 
 
18 
 
— Eu lembro. — Seu corpo parecia duro e musculoso — inflexível — quando os braços se 
separavam como se para expor todo o peito à sua visão. — Permita-me te aquecer. Não farei mais 
do que me sentar aqui. Aconchegue-se a mim. Não a tocarei. 
Não estava certa do que fazer, mas indecisamente se aproximou. Ele era tão grande e sua 
pele bronzeada a hipnotizava. As pernas se fecharam até que suas coxas ficaram juntas e ele 
quebrou o contato visual. 
— Sente-se de lado em meu colo e se incline contra mim. 
Posso fazer isto. Sentou-se nele do jeito que disse, e olhou para seu rosto.Ele fechou os 
olhos e evitou olhá-la novamente. O calor vazou pelas bandeiras em segundos e ela arrastou seu 
cabelo molhado sobre o outro ombro, para evitar que esfregasse no peito em que se debruçava. Ele 
era sólido e firme. Sua mão abriu e tremia enquanto apertava contra os abdominais de sua barriga. 
Ele ofegou, mas não abriu os olhos enquanto ela sentia o feixe de músculos debaixo de sua 
palma. 
— Você é muito quente. 
— Bom. — A voz de Shadow saiu excepcionalmente profunda. — Seu pesadelo foi sobre o 
que? Devíamos passar o tempo conversando. Está segura em Homeland. Não há nada a temer. 
Bela ficou mais valente e se ajustou um pouco em seu colo. Era confortável sentar-se nele, e 
descansou sua bochecha fria contra o peito com mais firmeza. O cheiro encheu o nariz dela à 
medida que respirava fundo. Era um agradável perfume masculino, misturado com um toque de 
tempestade. 
— Era, na verdade, uma memória de algo real que aconteceu. Queria que fosse apenas parte 
da minha imaginação. 
Achou que ele ficou tenso, mas o movimento foi tão suave que não teve certeza se apenas 
ajustou-se, ou se foi uma reação as suas palavras. Ele respirou e seu peito esfregou um pouco mais 
contra ela. Gostou de senti-lo e relaxou contra seu corpo. 
— Você quer conversar sobre isto? Todos nós temos coisas que aconteceram conosco que 
nos seguem em nossos sonhos. 
— Fiz algo mal quando fui salva. 
— Não acreditou que estavam realmente lá para libertá-la? É um engano que muitos de nós 
cometemos. Não é culpa sua. Quem pensou que poderíamos confiar em humanos? 
— Foi um homem. — admitiu. — Pediu-me para ser legal com ele. Temia que o atacasse e 
eu… — Sua voz sumiu. Tinha vergonha de admitir o que fez. 
Uma das mãos timidamente afagou suas costas duas vezes antes de parar. O toque foi tão 
suave que quase não sentiu. 
— É compreensível se tentou machucá-lo. 
— Fiz pior. 
— Humanos nos prejudicaram. Não é sua culpa, Bela. 
Seu coração fez coisas engraçadas, quando ouviu o jeito rouco como disse seu nome. 
Escutou a batida de seu coração. Era alto e forte em sua orelha. Estável. Era suave e agradável. 
— Pensei que… — Mordeu o lábio. — Nem quero dizer isso. 
— Que ele a machucaria? Foi isso que os humanos fizeram conosco. 
Ela se afastou dele um pouco para olhar em seu rosto. Seu queixo abaixou e ele olhou de 
volta para ela. Compaixão e aceitação os suavizavam e a encorajaram a falar. Queria confessar a 
Shadow por alguma razão. 
 
 
 
 
19 
 
— Eu pertencia a um homem muito velho, seu cabelo era branco e sua pele era enrugada. 
Ele gritava comigo às vezes quando era criança, e não sabia por que parecia tão bravo. Não até que 
cresci e as coisas ficaram piores. Ele estava esperando até que ficasse adulta para conseguir o que 
queria de mim. 
De repente Shadow rosnou e sua expressão facial mudou. Um clarão de medo atravessou-a, 
e seus instintos a fizeram querer fugir. Ele deve ter sentido isto, porque seus braços a envolveram 
suavemente. 
— Calma. — ele ordenou suavemente. — Nunca a machucaria. Não é de você que sinto raiva. 
Ouvi as histórias do que faziam com as Fêmeas Presente. Não há necessidade de reviver o trauma 
que sofreu. 
— Preciso conversar sobre isto. — Queria conhecer Shadow e ouvir sua história. Esperava 
que compartilhando a sua o fizesse se abrir. — Ele nunca me machucou fisicamente enquanto eu 
estava crescendo. Ouvi algumas das histórias também. Não me molestou quando era criança. 
Um pouco da raiva se dissipou de suas características. 
— Estou contente por ouvir isto. 
— Ele esperou que eu amadurecesse. 
O peito debaixo de sua mão vibrou, meio segundo antes de um grunhido ser abafado atrás 
de seus lábios fechados. Entendeu que não era dirigido a ela. Seu olhar deixou o dele para focar em 
seu peito. Era mais fácil conversar enquanto não olhava em seus olhos. 
— Ele não era fisicamente muito abusivo, era mais mental. Não gostava quando ele me 
tocava, mas ouvi histórias piores. Até nem durava muito. 
— Pare. — Shadow sussurrou. — Por favor! 
Ela olhou no rosto dele e surpreendeu-se por ver lágrimas em seus olhos. Ele sentia por ela e 
isso a chocou, que um estranho sentisse tal emoção por algo que aconteceu em seu passado. 
— Ele tinha câncer. É uma doença que o deixou fraco e doente. 
— Espero que tenha morrido dolorosamente. — A mandíbula de Shadow cerrou. 
— Ele sobreviveu, mas não podia mais me tocar. O deixou em uma cadeira de rodas e 
incapaz de me machucar. 
— Bom. — Ele rosnou. 
Ela assentiu e se aconchegou de volta contra ele, fechando os olhos. A batida do coração 
dele aumentou, martelando dentro do tórax. 
— Os guardas nunca ousaram me tocar. Diziam coisas. Sabia o que queriam de mim. 
Ofereciam-me mais comida e me tratavam melhor se fizesse coisas para eles e com eles. 
Os braços ao redor dela apertaram o suficiente para que se sentisse segura em seu aperto. 
 — Nós fizemos o que devíamos para sobreviver. 
— Nunca fiz isto. — Tremendo, lembrando como a insultavam comendo na frente dela, e 
dizendo coisas rudes. — Nunca fui legal com eles. Eles me assustavam, mas sabia que se dissesse ao 
Mestre, os demitiria. Ele deixou claro que nenhum deles tinha permissão para colocar suas mãos 
em mim. Questionava-me sempre sobre isso, e me fez prometer dizer se alguém tentasse entrar no 
porão, sem que mandasse que fossem para lá para me buscar para visitá-lo. 
— Lembrou-se disso e teve um pesadelo. 
Ela assentiu. 
— Estava assustada quando fui salva. Não sabia disso na época, mas o Mestre ouviu que sua 
associação com as Indústrias Mercile foi descoberta e fugiu do país. Deve ter temido que 
descobrissem que me possuía. Deixou-me com aqueles homens. Eles estavam sempre me dizendo 
 
 
 
 
20 
 
para ser boazinha com eles, pedindo para que fizesse coisas sexuais com eles. Tinham olhos cruéis e 
lidavam comigo de uma forma agressiva, quando me levavam a um novo local para me esconderem. 
Odiava o modo como me olhavam tomar banho. — Tremeu com a memória, lembrando-se do 
terror de que fosse atacada. — Frequentemente eu os deixava com raiva, assim eles me castigavam, 
não permitindo me limpar. 
Os braços ao redor dela apertaram, e Shadow a abraçou contra seu corpo. Gostou do quão 
aquecida e segura sentia-se. 
— Acho que o Mestre esperava que ninguém descobrisse que me possuía, e ameaçou os 
homens para me manterem viva, caso pudesse ter-me de volta. Pensei muito sobre isso. Ele deve 
ter ordenado para não me tocarem. Era a única coisa que podia tê-los mantidos afastados de 
apenas pegar o que queriam. 
— Não o chame assim. Ninguém a possui. 
— É o único nome que tenho para ele. Era uma regra. 
— Não existe mais regra. 
Ela assentiu. 
— Não com ele. 
— Você está livre e nunca mais vai voltar. Não há necessidade de ter pesadelos. 
— O homem que ajudou a salvar-me, pediu para que fosse legal com ele. Pensei que 
quisesse que eu fizesse coisas com ele. — suavemente admitiu. — Era com isto que estava 
sonhando. Ele foi muito gentil e tive medo por tanto tempo. Eles me deixaram faminta e presa com 
correntes na escuridão. Diziam coisas que fariam comigo se o Mestre dissesse para me matar. 
Estavam planejando machucar-me primeiro. — A voz dela engasgou. — O homem que me salvou foi 
tão gentil. Achei que se fosse boa para ele, me manteria segura. Nunca cedi a alguém antes, mas 
cedi para ele. Pensei que se lhe permitisse ter meu corpo, ele me protegeria da minha antiga vida. 
— Qual é o nome dele? — Shadow rosnou. — Um macho membro da força tarefa 
compartilhou sexo com você? Eu o matarei. 
A cabeça dela se ergueu e o rosto dele demonstrava a raiva. 
— Não. Ele parou-me imediatamente. É por isso que sinto vergonha e sonho com isto. Ele 
ficou horrorizado. Não entendi e o toquei errado. Nada aconteceu entre nós. 
Ele se debruçou mais perto, olhando profundamente em seus olhos. 
— É verdade? Pode me dizer qualquer coisa. Farei com que pague se ele se aproveitou de 
você. 
— Elenão se aproveitou de mim. Essa é minha vergonha. 
— Estava confusa e assustada. — Um de seus braços deslizou ao redor da cintura, e uma 
grande mão suavemente agarrou seu rosto. — Estava tentando sobreviver o melhor que podia. Não 
há nenhuma vergonha nisso. Tem certeza de que ele não se aproveitou de você? Tocou-a? Talvez 
pediu que o tocasse? 
— Ele imediatamente me parou. Nunca esquecerei o olhar nos olhos dele. Estava 
horrorizado. 
— Você contou isso às fêmeas? 
— Não. 
— Por que não? 
Ela piscou de volta as lágrimas. 
— Ele foi honesto comigo. Olhou-me de um modo que ninguém jamais olhou. Eu importava 
e era uma pessoa para ele. Teria que admitir para as mulheres que toquei a frente das calças dele. 
 
 
 
 
21 
 
Ele jurou que ninguém nunca me machucaria novamente, e eu queria isso. Estava disposto a morrer 
para me proteger. Estávamos sendo atacados por um atirador e usou seu corpo para me proteger. 
Os olhos de Shadow suavizaram. 
— Todo macho em Homeland daria sua vida para protegê-la. Essa é a verdade. Nunca terá 
que compartilhar sexo para estar segura. Você é importante e preciosa. Sabe disso agora? 
— Sei. 
— Bom. — Ele olhou para longe. — Foi um engano honesto, Bela. Não se atormente mais 
com os pesadelos. Sua mão soltou do rosto dela para retornar às pequenas costas onde esfregava. 
Ela se aconchegou contra ele. Era morno e tão forte que realmente pareceu estar segura 
sendo abraçada por ele. A batida do coração diminuiu. Ele tinha mãos grandes, mas eram 
incrivelmente gentis e a suave caricia em suas costas eram bem-vindas. 
— Conte-me sobre você. — ela encorajou. 
A carícia parou. 
— Fui criado na Mercile. Eles nos mantinham acorrentados dentro de salas e faziam 
experimentos em nós. 
— Como foram libertados? 
Seu corpo ficou tenso. Todos os seus músculos pareceram endurecer contra ela, antes que 
soltasse uma respiração e relaxasse novamente. 
— Fui levado para um novo lugar onde fizeram outras coisas conosco. Não quero discutir isto. 
Não é uma boa história. 
— Será que todos nós temos essas histórias em nosso passado? 
Sua risada a surpreendeu. 
— Não. 
— Por favor, conte-me? 
 
Shadow segurava a pequena fêmea em seus braços. Ela era delicada e ele tinha medo de 
assustá-la se fosse se mover muito rápido. Sua pele estava gelada antes, quando descansou sua 
bochecha contra ele, mas esquentou depressa. Estava contente por isso, apesar de ser uma tortura 
segurá-la muito perto, quando tinha que prender o pau duro entre suas coxas para escondê-lo. 
— Os empregados da Mercile souberam que outras instalações foram invadidas pela polícia. 
Estavam sendo caçados e conseguiram nos drogar e nos mover para um novo local. Estavam 
desesperados por dinheiro, e éramos a única forma que tinham de conseguirem dinheiro suficiente 
para tentar fugir do país e evitar um processo. — Ele pausou, não querendo contar-lhe o resto. 
— Como fizeram isso? Eles pediram um resgate por você para a ONE? 
— Não. — Ele conseguiu conter a raiva que ainda sentia. 
— Parece que há um grupo de humanos ricos que adorariam possuir um bebê Espécie. — A 
ideia o enfureceu e o enojava que alguma criança pudesse ser tratada como se fosse um animal de 
estimação. — Não é uma boa história. 
A mão dela se moveu em seu peito, o acariciando suavemente, e odiou o modo como seu 
pau pulsou. Ela não tinha mãos de Espécies. Suas palmas e pontas dos dedos eram mais humanas 
que Espécie, a textura suave. Bela passou por muita coisa, e o fato de que confiava nele o suficiente 
para se sentar em seu colo, o deixou admirado por sua coragem. 
— Por favor, conte-me? Eu compartilhei a minha com você. 
Sim ela o fez. O pensamento do que fizeram com ela pareceu diminuir seu próprio trauma. 
Era tão pequena que não teria chance de se defender. Pelo menos as grandes fêmeas eram fortes, e 
 
 
 
 
22 
 
atacavam seus captores sempre que possível. Estava aliviado que não foi molestada quando criança, 
mas o deixou bravo saber que foi machucada mesmo assim. 
— Eles me drogaram. — Não podia recusar contar sua história. — As drogas de procriação. 
— O que são? 
Ela não veio da Mercile. Foi poupada dos testes, foi dada para um investidor — uma 
experiência mais pessoal e infernal pensou. As fêmeas Presente foram isoladas de todos os outros 
de sua espécie, e a maior parte delas foram assassinadas nas mãos de seus molestadores. 
— A Mercile inventou uma droga que aumentava nossa vontade de fazer sexo quase perto 
da loucura. — O encheu de vergonha ter sido usado desse jeito. — Fizeram coisas conosco para 
forçar nosso sêmen a sair para ser vendido. 
— Por que fariam isso? 
— Eles queriam congelar e vender para outros humanos que acreditavam que podiam usar 
fêmeas humanas para carregarem nossos bebês dentro de seus úteros. Eles planejavam vender as 
crianças. 
Bela se aconchegou mais contra ele. 
— Sinto muito. Eles conseguiram fazer isso? Você tem algum bebê lá fora? 
— Os doutores não acham que funcionou. Quero desesperadamente acreditar que isso é 
verdade. Tenho pesadelos sobre crianças impotentes nas mãos daqueles monstros. Minha prole. — 
Sua voz se aprofundou, mas tentou impedir-se de rosnar. — Eu os rastrearia e os salvaria nem que 
fosse a última coisa que fizesse, mesmo sabendo que morreria. 
Ela continuou a acariciar seu peito, e ele gostou do conforto que tentou lhe dar. 
— Os médicos são inteligentes. Estou certa que não diriam, a menos que acreditassem nisso. 
Conheço a Dra. Trisha e a Dra. Alli muito bem, e elas não mentiriam para nós. 
— Eu sei. Confio nelas também. Nosso esperma morre depressa, e disseram que não teria 
sobrevivido ao processo de congelamento que usaram para transportá-lo para outro país. Lá é onde 
os compradores estavam localizados. 
— Você devia parar de se preocupar sobre isso então. 
Odiou fazer isso, mas se mexeu um pouco. Sua bunda estava começando a doer de ficar 
sentado por muito tempo no mesmo lugar sobre a madeira dura debaixo dele. Bela não pareceu se 
importar ou não notou, já que não protestou de forma alguma. 
— A tempestade está passando. Devia pedir ajuda. 
— Ainda está chovendo. — Ela se afastou dele o suficiente para olhar fixamente em seus 
olhos. Ele os adorava. Eram de um marrom suave, e tão amáveis que o espantou que pudesse 
confiar em alguém depois do que fizeram com ela. 
 — Fique comigo. Por favor? 
Também não queria deixá-la. 
— Ficarei mais um pouco, mas devo chamar uma oficial. Você precisa ser levada ao 
dormitório das mulheres. 
Ela sorriu. 
— Isso não é engraçado? 
— O que? 
— Que usemos esses termos. Você sabe o que foi mais difícil para eu aprender desde que 
vim para cá? 
— O que? — Estava curioso e gostava quando ela parecia divertida. 
 
 
 
 
23 
 
— Fui criada ao redor de vários humanos e nunca usaram os termos fêmea ou macho. Tive 
que tentar aprender a usar essas palavras. E há toda essa coisa de “humano”. Eram apenas pessoas 
para mim. Por que é dormitório das fêmeas em vez de dormitório das mulheres? 
Ele não conseguiu evitar de apenas sorrir de volta. 
— Não sei ao certo. Acho que é como o edifício foi chamado quando fomos trazidos para cá 
e pegou. 
— Por que Espécies são chamadas de fêmeas ou macho em vez de mulheres ou homens? 
— A Mercile se referia a nós somente assim. Eles eram os homens e nós éramos inferiores. 
Apenas machos. 
Odiou ver o humor enfraquecer enquanto a tristeza invadiu seu olhar. 
— Oh. Sei como é ser tratado como inferior. — O queixo dela se ergueu. — Os guardas me 
deram nomes feios. 
Ele nem quis saber do que ela era chamada. O irritaria. 
— Gosto do nome que ganhou. 
— A equipe de salvamento escolheu esse para mim e o mantive. 
— Combina com você. 
Ela sorriu novamente. 
— Você acha que sou atraente? 
Bela o deixou sem fôlego, e prendeu a respiração até que forçou seus pulmões a funcionar 
novamente. 
— Sim. 
— Bem. Acho que é atraente também. — Sua mão deixouo peito e timidamente subiu até o 
cabelo, as pontas dos dedos escovando os fios. — Por que é tão curto? 
— Trabalhei com a força tarefa de humanos que trabalham para a ONE. Acabei de retornar 
para Homeland dias atrás. Vivi no porão na sede da unidade. Cortamos nosso cabelos para nos 
encaixar com os outros. 
— Odeio porões. — Sua mão abaixou para curvar-se ao redor do ombro, e o deixou muito 
ciente de seu leve toque. — Tinha janelas? 
— Não. 
— Eu também não tinha. — admitiu. — Lembro-me das vezes que fui levada para o sol. — 
Seus olhos se fecharam como se estivesse agarrando uma memória, assim podia imaginar 
vivamente em sua mente. Sua expressão validou sua suposição quando ela sorriu. — Aquilo era tão 
morno e brilhante. — Essas são algumas das minhas melhores lembranças de quando estava 
crescendo. 
— Estou contente que tenha tido algumas boas lembranças. 
Os olhos dela se abriram e ela sorriu. 
— Havia um pequeno pátio com grama e uma fonte de água. Uma vez por semana eu tinha 
permissão para ficar do lado de fora por uma hora ou duas. O Mestre não gostava de quão pálida 
minha pele ficava, e dizia que precisava de um pouco de cor. 
Shadow queria enrolar os dedos ao redor da garganta daquele humano, e sufocar a pessoa 
que abusou de Bela. Estava agradecida de que alguém lhe permitiu passar um tempo fora de sua 
cela, porque não gostavam do modo como parecia. Também explicava o porquê dela ter corrido do 
lado de fora durante uma tempestade. Ela não tinha nenhuma ideia do quão perigoso poderia ser. 
— Prometa-me algo, Bela. 
 
 
 
 
24 
 
— Ok. — A imediata concordância o surpreendeu um pouco. Ela nem sabia o que ele queira, 
mas concedeu seu pedido. Isto reforçava sua inocência. 
— Fique em um lugar fechado quando houver uma tempestade. Poderia ter sido atingida 
por um raio ou uma árvore que podia ter caído por causa do vento e da chuva. É perigoso sair assim. 
— Eu sei. 
— Então por que fez isto? — Ele franziu a testa, mostrando sua desaprovação. 
— Apenas queria fazer algo, qualquer coisa, estar livre acho. 
— Você é livre. 
Sua mão deslizou de seu ombro até o centro do peito dele, e ela abaixou a cabeça, 
encostando a bochecha contra ele. 
— Não sou realmente Shadow. 
Suas palavras o alarmaram. 
— O que quer dizer? Você é livre. Alguém está dizendo o contrário? Olhe para mim. Diga-me. 
Ela hesitou. Alguém em Homeland abusou dela? Assustou-a? Alguém a estava assediando e 
ordenando-lhe que fizesse coisas que não queria? Conseguiria que ela falasse e imediatamente 
lidaria com a situação. Bateria em qualquer um que a intimidou. 
— Sou uma Fêmea Presente. — sussurrou. 
— Sim. Quem a assustou? Quem te dá ordens? 
Ela finalmente encontrou e segurou seu olhar. 
— Nenhum homem tem permissão de se aproximar ou conversar comigo. Não tenho 
permissão de trabalhar com eles do jeito que as grandes mulheres têm. Nunca deixamos Homeland 
para visitar a Reserva. — Lágrimas brilhavam em seus olhos e isso imediatamente tocou seu coração. 
— É para sua proteção. 
— Contra o que? Você? Você me machucaria? 
— Nunca! 
— Exatamente. Outros homens Espécies iriam me machucar? 
— Não. Eles nunca ousariam. 
— Eu sou… — Sua voz morreu. 
 — Você é o que? 
 — Sou solitária. 
As lágrimas dela se derramaram e deslizaram sobre as bochechas. Não pôde resistir de 
enxugá-las com o polegar. Machucava-o vê-las. 
— Você está cercada por fêmeas. Conversarei com elas e passarão mais tempo com você. Só 
diga-me o que precisa para ter certeza de que tenha isso. 
— Você é o primeiro homem que me abraçou, Shadow. 
Suas palavras lentamente penetraram em sua mente atordoada. 
— Macho. Desculpe. 
Ela fungou. 
— Você está me abraçando. Não quer nada mais do que me manter aquecida e me confortar. 
Nunca me sentei no colo de alguém antes, ou cheguei a escutar as batidas de seus corações. Até 
tocar em seus cabelos. 
Ele estava mudo, surpreso. 
— Escuto quando homens visitam minhas amigas, mas isso nunca vai acontecer comigo. 
Nunca chegaria a falar com você se não tivesse me achando na tempestade e me trazido até aqui 
em segurança. Ser uma Fêmea Presente é uma espécie de prisão. O Mestre fez sexo comigo há 
 
 
 
 
25 
 
muito tempo, mas nunca me abraçou ou conversou. Apenas fazia o que fazia e nem sequer removia 
todas as minhas roupas. Nunca fui beijada. As outras mulheres sabem tudo sobre isso, mas nunca 
saberei como é. — Sua atenção caiu no peito dele. — Posso te dizer o que mais queria saber? 
— O que? — Ele conseguiu que uma palavra saísse apesar do nó em sua garganta. 
— Imagino como seria dormir com alguém me abraçando e tê-lo lá no caso de despertar de 
um pesadelo. 
Shadow nunca considerou como era a vida de uma Fêmea Presente. Elas tinham apenas 
fêmeas para confortá-las, e não podia imaginar ser segregado de mais da metade de sua própria 
espécie depois de conhecer a liberdade. Existiam menos fêmeas que machos. As fêmeas oficiais 
com quem tratou eram calorosas e sempre apreciaram seus toques quando as abraçava, ou dava 
tapinhas em seu braço quando trabalhava lado a lado com elas. 
— Eu a abraçarei por quanto tempo quiser Bela. 
Ela fungou. 
— Você dormirá comigo? 
Ele entraria em um grande problema de manhã, quando a devolvesse ao dormitório das 
fêmeas, e teria que responder perguntas. As Fêmeas Presente estavam fora dos limites. Passar uma 
noite sozinho com uma, seria contra as regras. Sabia disso, mas não podia negar-lhe. Ela olhava para 
ele com esperança e desejo. 
— Sim. 
— Obrigada. 
Seu pau suavizou, todo interesse em sexo acabou com as admissões dela. Estava agradecido 
por isso. Afastou o olhar. O chão era mais duro que a longa caixa de madeira que se sentava. Não 
iria ser confortável para ele, mas ela era tudo o que importava. 
— Dormiremos aqui até o amanhecer, e então a levarei para casa. — Empurrou para longe o 
pensamento do que enfrentaria. Tiger ou Fury desejariam falar com ele. Pior, podia ser levado para 
Justice. Não estava livre por tanto tempo quanto eles, e seus motivos poderiam ficar sob suspeita. 
— Você pode dormir em cima de mim. Estará segura. 
— Eu sei. Obrigada. — Ela sorriu. 
As consequências que se danem, ele pensou, olhando fixamente para ela. 
— Manterei você aquecida e poderá escutar as batidas do meu coração se desejar. — Olhou 
para a luz. — Quer ligada ou desligada? 
— Não me importo. 
Ele apenas virou-se — ela pesava quase nada e se esticou de costas no banco. Seus pés 
ficaram pendurados no final, mas Bela se acomodou em cima dele, espalhada encarando-o. Suas 
mãos curvadas no topo de seus ombros, e ela descansou a bochecha em cima de seu coração. Ele 
lentamente envolveu os braços ao redor de sua cintura, para impedi-la de escorregar por ele para o 
chão. 
— Confortável? 
— Sim. Você está? 
— Sim. — mentiu. 
— Obrigada, Shadow. 
— Não me agradeça por isso. Estarei aqui se tiver um pesadelo. Está protegida. 
Ele fechou os olhos para bloquear a luz suave acima dele, e forçou seu corpo a permanecer 
relaxado. A respiração dela contra sua pele era morna, e soube quanto tempo levou para que 
 
 
 
 
26 
 
adormecesse, quando as batidas do coração dela diminuíram. Duvidou que dormisse de tão 
preocupado que pudesse se virar, ou tocá-la de um modo errado em seu sono. 
 
 
 
 
 
 
Capítulo Três 
 
 
 
 Bela despertou devagar, apreciando o calor de sua cama e o barulho estranho que de 
alguma maneira pareceu reconfortante. Seus olhos se abriram para olhar para algo estranho 
pendurado em uma parede a poucos centímetros de distância. Lentamente percebeu que estava 
olhando para uma sacola cheia de bolas. 
 Congelou confusa, entretanto percebeu que o barulho que ouvia era a batida de um 
coração. Shadow. A lembrança retornou imediatamente, enquanto seus dedos suavemente 
tocavam na carne quente e firme. Enquanto dormia suas mãos se abaixaram para os lados dele para 
ficarem presas entre seus bíceps e costelas. 
Era uma sensaçãoboa estar tão morna e aquecida em cima de um homem. Ela respirou seu 
cheiro, apreciando isso. A pele lisa debaixo das pontas dos dedos tentava-a a explorar. O 
pensamento de passar suas mãos por toda parte do corpo dele era difícil de resistir. A única razão 
de não fazer isso era a incerteza se o despertaria. Ele poderia ficar bravo. Isso não era algo que 
queria testar. Arruinaria o momento incomparável, de despertar com alguém pela primeira vez que 
em sua vida. 
 O quarto estava mais claro do que na noite anterior, enquanto suavemente erguia a cabeça 
para achar a fonte. Uma janela pequena na parte de trás da sala permitia a luz solar entrar. Seu foco 
mudou para o rosto bonito de Shadow. Ele dormia pacificamente, parecendo muito mais jovem. 
Seus braços descansavam em cima das costas dela, um peso que apreciou. As pernas dela 
estavam esticadas abaixo das dele, enquanto ficava ciente de outra coisa. Um objeto firme estava 
aconchegado entre as pernas entreabertas dela. O material sedoso das bandeiras que vestiam 
preveniu que um tanto de sua pele tocasse na dele, mas outra coisa estava definitivamente entre 
suas coxas. 
Bela suavemente virou a cabeça e olhou por cima do ombro para achar a fonte. Seus lábios 
se separaram quando percebeu o que a estava cutucando. O medo a agarrou por alguns segundos, 
mas se acalmou. Shadow estava excitado e era uma visão assustadora. Seu pênis estava para cima 
entre suas coxas. O material cobria a forma espessa, arredondada, mas sabia o que era. 
Suas pernas ficaram tensas, e sem querer apertou o sexo dele com suas coxas. Ele ofegou, 
seu peito embaixo dela se expandiu, e ela virou a cabeça a tempo de olhar em seus olhos azuis. 
Estavam confusos a princípio enquanto piscava, mas durou apenas um piscar de olhos, antes da 
memória dele voltar. Seu nariz alargou e um estrondo suave veio de sua garganta. Era quase um 
rosnado suave ou talvez um gemido. Não estava certa de qual fosse, mas ficou fascinada por ele. 
 
 
 
 
27 
 
Os braços em volta da sua cintura apertaram, depois relaxaram. Suas mãos esfregaram 
suavemente, quase um afagar para assegurar-lhe que estava segura. Ela continuou a olhar 
fixamente em seus olhos sensuais. Eles eram muito atraentes e não queria desviar o olhar. O desejo 
de explorar seu corpo com as mãos vieram novamente. Ele se importaria? Ficaria bravo? Impediria-
a? Abriu a boca para pedir permissão, mas nunca conseguiu dizer as palavras. 
Um som fraco vindo de fora chamou sua atenção para a porta. O corpo debaixo dela pareceu 
endurecer e ela ofegou, quando os braços apertaram ao redor de sua cintura. Shadow se movia 
rápido para alguém que acabou de acordar. Moveu-a depressa, ergueu-a para o lado, e observou 
com olhos arregalados, enquanto ele se agachava no chão próximo a ela. Um rosnado profundo 
estourou de sua garganta, e suas mãos agarraram contra o solo de concreto em preparação para se 
lançar em ataque. Podia ver seus lábios separados e ele mostrava suas presas. 
A porta foi arrombada e Bela soluçou, apavorada com a visão de dois grandes homens 
preenchendo a entrada. Quase deslizou da longa caixa em sua pressa de fugir. Ao invés disso acabou 
encolhida nela. Sua atenção mudou para Shadow. Ele era grande e a estava defendendo contra o 
perigo. Um pouco do seu medo aliviou. 
Os dois homens que entraram estavam de uniforme. Shadow se levantou devagar. 
— Oi. Desculpe-me. Ouvi alguém se aproximar e não percebi que eram vocês. 
Bela olhou fixamente para os dois oficiais enquanto eles a olhavam. Notou que os dois 
empalideceram. O da esquerda rosnou e raiva mudou suas características para algo assustador, 
enquanto olhava para Shadow. 
— Ela é uma Presente. O que você está fazendo com ela? 
— Posso explicar. — Shadow rosnou de volta. 
— Sério? — O outro homem olhou para a cintura de Shadow. — Vejo o que estava fazendo. 
Bela percebeu qual era o pensamento dos homens. Shadow estava definitivamente excitado, 
e a bandeira amarrada ao redor de sua cintura não fazia nada para abaixar seu membro ereto. Ela 
arrancou sua atenção dele e lentamente desenrolou seu corpo para deslizar da caixa e se levantar. 
— Não é assim. — Shadow protestou. — Eu a achei correndo na tempestade. 
— Achou que poderia se aproveitar dela? — Um dos homens agarrou o rádio preso em seu 
cinto, depressa o usou para chamar ajuda. — Quem está falando é Book. Traga uma oficial para o 
parque agora. Nós temos uma Fêmea Presente na cena com um macho Espécie, dentro do prédio 
de equipamentos esportivos. Código vermelho. 
— Não. — Shadow recuou, suas mãos se levantaram, as palmas aberta. — Não é um código 
vermelho. 
— Afaste-se da Fêmea Presente. — o homem ordenou. 
— Espere! — Bela chegou mais perto para o lado de Shadow. 
Os dois oficiais a ignoraram. 
— Caminhe para fora e não resista. Estamos levando-o para a Segurança. 
— Eu disse espere! — Ela falou mais alto. 
— Jericho, você me conhece. — Shadow silvou. — Isso não é o que parece. Sinta o cheiro. 
Não compartilhei sexo com ela. 
— Não importa. Estava sozinho com ela e nenhum de vocês está vestido. Localizamos seu 
carro abandonado e estávamos lhe procurando. Você obviamente passou o tempo com ela. Precisa 
explicar isto. 
— Parem! — Bela gritou, entrando na frente de Shadow para ficar entre ele e os oficiais. — 
Isso não é… ele não... Apenas parem! 
 
 
 
 
28 
 
— Estou tentando te dizer o que aconteceu. — Shadow falou ao mesmo tempo. 
Um dos oficiais finalmente abaixou seu olhar acusador, e este se suavizou quando encontrou 
o dela. 
— Você está salva. Uma fêmea está a caminho. Permaneça calma e, por favor, se afaste do 
macho. 
— Não. Não me afastarei. — Ela abriu seus braços e se certificou de que ninguém viesse ao 
redor dela para alcançar Shadow. — Ele não fez nada comigo. 
— Bela. — Shadow falou por trás dela. — Saia do caminho. Irei para fora com eles. 
Ela virou sua cabeça para olhar fixamente para ele, chateada que parecesse estar em apuros 
por passar a noite sozinho com ela. 
— Não. Você não fez nada. 
Sua expressão se fechou. 
— Quebrei as regras quando não informei imediatamente a situação pelo rádio. Você não 
está me ajudando. Por favor, vá para o lado e espere uma fêmea chegar. Tudo ficará bem. 
Ela o estudou de perto, mas não conseguiu dizer se estava sendo honesto ou não. Seus 
braços caíram para os lados e o enfrentou, notando que não estava mais excitado, já que a bandeira 
cobria suavemente suas coxas. 
— Tudo ficará bem. — ele assegurou-lhe uma segunda vez. — Piorará as coisas se não 
permitir que eu saía. 
— Certo. 
Não sabia o que fazer enquanto ele se curvava para recuperar suas roupas e botas 
descartadas. Os oficiais saíram com ele e a porta se fechou, deixando-a sozinha dentro do prédio 
dos equipamentos. Bela foi atrás de sua camisola descartada, mas ainda estava molhada. Largou-a e 
olhou fixamente para a porta, tentando captar qualquer conversa. 
Estava muito quieto e queria ir para o lado de fora para ter certeza que Shadow não estava 
em apuros, mas hesitou. Os outros homens pareciam realmente bravos e assustaram-na um pouco. 
Odiava não ter a coragem de marchar para lá, e declarar novamente que não foi machucada. 
Minutos se passaram antes da porta abrir e o medo a agarrou quando Kit entrou com raiva 
formando rugas ao redor de sua boca e de seus olhos. A alta mulher Espécie vestia o uniforme de 
trabalho. Ela sempre intimidou um pouco Bela. 
A felina cheirou ruidosamente antes de seu olhar varrer o quarto e parar em Bela. 
— Você está machucada? Aquele macho fez alguma coisa com você? 
— Não. 
— Como ele a tirou do dormitório? 
— Ele não tirou. Fui dar uma caminhada na tempestade e ele me achou. 
— Aposto que sim. 
— Ele queria chamar alguém imediatamente, mas pedi para que ficasse comigo. Ele não fez 
nada errado. 
— Sente-se. 
Bela imediatamente sentou-se na extremidade da caixa, o tom da outra Espécie foi tão rude 
que deixou seus joelhos fracos. 
— Não cheiro

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