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Thaís H. Ambrósio T XIV 1 ........................................................................................................................................................................... 2 ......................................................................................................................................................... 3 ............................................................................................................................................................... 5 ........................................................................................................................................................ 10 Thaís H. Ambrósio T XIV 2 O histórico da medicina legal vem desde a antiguidade, com o Código de Hamurabi na Mesopotâmia, a punição do aborto na pérsia e a perícia em Júlis Cesar em Roma. Na Idade média temos a Constituição de Carlos Magno e o Direito canônico. Já no renascimento temos os primeiros livros sobre medicina legal, em destaque Ambroise Paré (1575) e Paolo Zacchi (1621-1635). A medicina legal entra na parte normativa da medicina. É uma área separada da parte curativa e preventiva. Por DEFINIÇÃO a medicina legal é a ciência do médico aplicada aos fins da ciência do Direito (Buchner). É a arte de fazer relatórios em juízo (Ambrósio Pare). É a medicina à serviço das ciências jurídicas e sociais (França). É a aplicação dos conhecimentos médico-biológicos na elaboração e execução das leis que eles carecem (Flamínio Fávero). O Direito... - Penal: lesões corporais, homicídio - Civil: paternidade, casamento - Administrativo: aposentadorias, licenças - Trabalhista: doenças, acidente - Penitenciário: livramento condicional - Desportivo: doping Ciências forenses Compreende o grande capítulo de conhecimentos apoiados por todas as ciências auxiliares à medicina legal que se utiliza no desenvolvimento do trabalho pericial, como a biologia, física, química, odontologia, antropologia, criminologia, e seus diferentes ramos técnicos, como a entomologia, bioquímica, biofísica, e demais técnicas especializadas. Atuação - Antropologia - Traumatologia - Sexologia - Infortunística - Psiquiatria - Tanatologia - Criminalística - Criminologia - Asfixiologia - Toxicologia SVO X IML SVO: serviço de verificação de óbito - Secretaria de saúde - Qualificados - Morte natural, morte agônica ou tardia IML: instituto médico legal - Secretaria de segurança pública - Perícias médico-legal: vivo ou morto. - Morte violenta, suspeita, súbita, indivíduo sem identificação, sob custódia da justiça e cadáver decomposto. Thaís H. Ambrósio T XIV 3 É toda declaração firmada por um médico no exercício da profissão, para servir como prova e que pode ser utilizada com finalidades jurídicas. - Perito: Todo profissional com nível superior expert em determinado assunto. Pode ser oficial (quando concursado – com fé pública), nomeado ou louvado, como delegado, juiz ou promotor. Classificação 1. Relatórios: auto e laudo 2. Pareceres 3. Atestados 4. Notificação Características Principais - Elaborado por médico devidamente habilitado (mesmo que não seja perito oficial, um médico pode ser nomeado e assim ser habilitado). - Decorrer de exame que corresponda a ato médico específico. - Apresentação verbal ou por escrito - Objetificar o esclarecimento de questão colocada perante a justiça – de linguagem de fácil entendimento, para que seja estabelecido o entendimento médico pela justiça. Tipos - Relatórios Médico-Legais - Pareceres ou Consultas Médico-Legais - Depoimento oral - Notificação - Atestados médicos Tudo que for feito de perícia, vai ser materializado para ser juntada ao processo. O perito faz essa perícia em qualquer fase do processo, antes ou até mesmo após o julgamento. A maioria das perícias que fazemos, principalmente as criminais, são feitas no inquérito policial para se juntar aos autos do processo. Há perícia que também são do foro civil, trabalhista. 1) RELATÓRIOS MÉDICO-LEGAIS Dos principais documentos da perícia – tanto na perícia civil ou criminal. Descrição minuciosa da perícia, feito através de: - Laudo: redigido pelo perito e assinado por ele - Auto: ditado pelo perito ao escrivão Na maior parte dos casos de perícia criminal é feito por 2 peritos: perito executor e o revisor. Já nas civis, geralmente é só por 1. O Laudo Está Dividido Em 7 Partes 1. Preâmbulo Data, autoridade que pede, médicos, examinado, características do examinado, local em que é realizada a perícia. É como se fosse uma qualificação do laudo. Quem e onde está sendo examinado. 2. Quesitos Perguntas padronizadas. Exemplo→ Exame De Perícia Necroscópico 1º: Houve morte? → tenta qualificar e tipificar isso dentro do código, art 121 do código penal: matar alguém, tipo de homicídio. 2º: Qual a causa? 3º: Qual a natureza do agente, instrumento ou meio que a produziu? 4º: Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio: insidioso ou cruel? (Resposta especificada) Outro Exemplo→ Lesão Corporal Quando há lesão corporal se enquadra no Artigo 129 1º: Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do examinada? 2º: Qual a natureza do agente, instrumento ou meio que a produziu? 3º: Foi produzido por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou por outro meio insidioso ou cruel? (Resposta especificada) 4º: Resultará incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias ou perigo de vida, ou debilidade permanente de membro, sentido ou função; ou antecipação de parto? 5º: Resultará incapacidade permanente para o trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função, ou deformidade permanente ou abortamento? Outro Exemplo→ Verificação De Embriaguez 1º: Há sintomas indicativos de que o paciente ingeriu bebida alcóolica ou fez uso de substância de efeito análogos? 2º: Em consequência, está ele embriagado? 3º: Qual a substância que produziu embriaguez? 4º: No estado em que se encontra o paciente, coloca ele em perigo a segurança própria ou alheia? Com isso, vemos que para cada perícia, existem perguntas diferentes. Thaís H. Ambrósio T XIV 4 3. Histórico Como se fosse uma anamnese de um caso clínico, onde se pega todas as informações colhidas da vítima ou do indiciado. Como aconteceu, o tipo de agressão, a forma, o local que foi agredido. Coloca-se “refere... + o que aconteceu”. No caso de necropsia, transcreve-se exatamente o que foi passado no boletim de ocorrência. Não escreve nada, só transcreve. 4. Descrição É a parte mais importante do relatório. Seria semelhante ao exame físico. Onde se descreve detalhadamente, desde as vestes do indivíduo ou cadáver, todas as características físicas do indivíduo. Depois passa ao exame físico minucioso e objetivo, no sentido crânio caudal, descrevendo todos os tipos de lesão, com forma, extensão, coloração (maior riqueza de detalhes). Visum e Repertum do latim→ não dou diagnóstico nesse momento e sim só descrevo o que vejo.Muitas vezes posso deixar anexado fotos, exames colhidos como anatomopatológico, coleta de material sexológico etc. Deve-se atentar muito bem porque a 1ª necropsia ou 1º exame no vivo é a mais importante, por isso deve ter o máximo de informação, para não se perder no tempo. Isso não significa que não se possa fazer a 2ª perícia, mas sim que a 1ª é a mais importante. 5. Discussão Deve-se fazer uma discussão acerca do histórico e da descrição, de maneira que se levante hipóteses, levando em conta o conhecimento prévio acerca do assunto. A partir disso, começa-se buscar e guiar um diagnóstico, a fim de gerar uma síntese até chegar na conclusão que a autoridade quer. 6. Conclusão Tem como base o que vem na discussão, como uma síntese. 7. Respostas aos Quesitos Tudo que foi escrito no relatório, é ilustrado com essas imagens do laudo. 2) PARECER MÉDICO-LEGAL São documentos oficiosos, particulares, geralmente encomendados pelas partes quando há dúvidas sobre o relatório de laudo médico-legal. Resposta escrita pela autoridade médica (profissionais de reconhecido renome) ou comissão de profissionais. Esclarecer questões jurídicas. São dúvidas não padronizadas, dúvidas pontuais. Pela legislação tem 10 dias para devolver, mas pode se solicitar um período maior. O Parecer Está Dividido Em 4 Partes 1. Preâmbulo Apresentação de quem está realizando, seus títulos, se é um profissional renomado. Coloca sob qual laudo está realizando esse parecer. Dados sob o indivíduo. 2. Exposição São colocados os quesitos a mais que querem saber. 3. Discussão (parte mais importante) Não há descrição, porque é uma perícia em cima de uma perícia. Pode ser que ele discorde do outro relatório, então discute aqui e verifica se vai contra ou não. Esse é o ponto mais importante. 4. Conclusão 3) NOTIFICAÇÃO Comunicações obrigatórias feitas pelo médico às autoridades competentes, por razões sanitárias ou sociais: - Comunicação compulsória - Impresso próprio • Acidente de trabalho (CAT) - Ocorrência de morte encefálica (para controle da central de transplantes) - Violência contra a mulher: (atendida em serviços de saúde públicos e privados) - Maus tratos contra a criança, adolescentes ou idosos - Doenças infectocontagiosas (como dengue, COVID) - Substâncias entorpecentes - Tortura Não é quebra de sigilo, você está buscando tratamentos, por exemplo, em prol da comunidade. Pelo código penal, você pode ser punido caso não notifique → artigo 269. É exclusivamente de responsabilidade médica. 4) ATESTADOS Declaração de fato médico Documento elementar - Oficiosos: receituário (ausência em aulas, de saúde, de falta no trabalho, piscinas, etc). Thaís H. Ambrósio T XIV 5 São os mais utilizados. Deve-se colocar todos os detalhes por extenso, como o tempo que está se afastando esse paciente. - Oficiosos: receituário (ausência em aulas, de saúde, de falta no trabalho, piscinas etc.) - Administrativos: serviço público (licenças, aposentadoria, abono de férias). - Judiciários: pedido de juízes → essa é considerado um documento médico legal, mas os outros também devem ser feitos certinhos, porque são documentos de fé pública. Diagnóstico De Atestados e C.I.D: precisa colocar C.I.D ou não? A lei atual do código de ética é de que não se deve colocar e quebrar o sigilo médico, salvo esses casos abaixo: - Por justa causa: são situações sobre o bem da comunidade prevalece o bem individual, exemplo: motorista de ônibus que tem problema na visão→ deve-se colocar isso, pois pode causar prejuízo a terceiros. Ou até mesmo um paciente com transtorno psíquico que relata querer cometer homicídio. - Dever legal: naquelas situações de doenças compulsórias, maus tratos, violência doméstica → porque o bem maior prevalece sobre o bem individual. Obs.: Permissão do paciente ou seu responsável ser legal. Algumas partes de exemplo de laudo IDENTIDADE Soma de caracteres que individualizam uma pessoa ou uma coisa, distinguindo-a das demais. É uma série de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual apenas a si próprio. Identidade Objetiva Permite afirmar tecnicamente que uma determinada pessoa é ela mesma (que a faz distinta das demais). Por apresentar um elenco de elementos positivos e perenes. Identidade Subjetiva Sensação que cada indivíduo tem de que “foi, é, será ele mesmo”. A consciência de sua própria identidade (seu “eu”). Questão ligada a estrutura de personalidade. IDENTIFICAÇÃO Processo (sempre comparativo) pelo qual se determina a identidade de uma pessoa ou coisa. É um conjunto de diligências para se levantar uma identidade. Os processos de identificação podem efetivar-se no vivo, morto ou esqueleto. Reconhecimento X Identidade Reconhecimento é a identificação empírica. Identificação é o reconhecimento científico, há todo um processo, como a datiloscopia e o DNA. Art 226 do CPP Tipos De Identificação - Médico e odonto-legal (antropologia): feita apenas por peritos médicos - Judiciária (policial): feita por peritos não médicos. Identificação Física 1. Espécie 2. Raça 3. Sexo 4. Idade 5. Estatura 6. Malformações 7. Cicatrizes 8. Tatuagens 9. Sinais profissionais 10. Sinais individuais 11. Biotipo Thaís H. Ambrósio T XIV 6 Identificação Funcional 1. Atitude 2. Mímica 3. Gestos 4. Andar 5. Funções sensoriais 6. Voz 7. Escrita Identificação Psíquica Baseia-se nas atividades psíquicas desde a infância até a velhice. Inclui: - Feitio de personalidade - Traços de personalidade - Temperamento inteligência CRITÉRIOS BÁSICOS PARA IDENTIFICAÇÃO Biológicos 1. Variabilidade (a característica escolhida é única) - Unicidade (distinção precisa) - Irreprodutibilidade 2. Imutabilidade (sem alterações com o passar do tempo) 3. Perenidade (característica escolhida não é transitória – perdura pela vida toda) Técnicos 1. Classificabilidade (permite a comparação entre dados de forma sistemática e precisa) 2. Praticabilidade (método seguro, prático e rápido) IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 1. Espécie Pelo estudo dos: - Ossos: análise da disposição dos canais de Havers. - Sangue: . Se é sangue: Cristais de Teichmann (hematina) . Se é sangue humano: Processo de Uhlenhuth (soros anti-espécie) 2. Raça Tipos - Caucásico: pele branca, cabelos lisos ou crespos, íris azuis ou castanhas. - Mongólico: pele amarela, cabelos lisos. - Negroide: pele negra, cabelos em tufos... - Indiano: estatura alta, pele amarela – tendente a avermelhado, cabelos pretos – lisos espessos e íris castanhas. - Australoide: Estatura alta, pele trigueira, nariz curto e largo. Elementos De Caracterização Racial - Forma do crânio - Índice cefálico - Índice tíbio-femural - Índice rádioumeral - Ângulo facial (Jacquart, Cloquet e Curvier) 3. Sexo Existem Oito Tipos De Sexo - Sexo cromossomial: XX e XY - Sexo gonadal: Testículos e ovários - Sexo cromatínico: corpúsculos de Barr (presentes no núcleo nas células femininas) - Sexo de genitália interna: Masculino (ductos de Wolff) e feminino (ductos de Müller) - Sexo de genitália externa: Masculino (pênis e escroto) e feminino (vulva, vagina e mamas desenvolvidas) - Sexo jurídico: designado no registro civil ou quando a autoridadelegal determina que se registre uma pessoa num ou noutro sexo, após suas convicções médico-legais, morais ou doutrinárias. - Sexo de identificação ou psíquico ou comportamental: Identificação o indivíduo faz de si próprio e que se reflete no comportamento. - Sexo médico-legal: Constatado através de uma perícia médica e em esqueleto através do estudo da bacia pélvica. 4. Idade Através Do Estudo De: - Arco senil (anel branco, frequente nos velhos, que circunda a córnea = gerotoxo) Thaís H. Ambrósio T XIV 7 - Aparência - Pele: rugas - Pelos - Globo ocular - Dentes - Radiografia dos ossos (metacarpo = punho) - Pontos de ossificação 5. Estatura Avaliada: - Através da medição direta no vivo ou no cadáver - Através de tábuas ou tabelas osteométricas: Broca, Etienne-Rollet, Lacassagne e Martin. Pelo exame do esqueleto de um indivíduo, o médico legista não pode verificar ou estimar o peso do “de cujus”. 6. Sinais Individuais Todo e qualquer sinal útil para identificação (nevus, manchas e verrugas). Outros 7. Malformações 8. Sinais Profissionais 9. Tatuagem 10. Cicatrizes 11. Identificação Dentária 12. Sobreposição De Imagens (Prosopografia) 13. Palatoscopia 14. Pelo Pavilhão Auricular 15. Por Radiografias 16. Superposição Crânio-Facial Por Vídeo 17. Pelo DNA IDENTIFICAÇÃO POLICIAL OU JUDICIÁRIA Processos Antigos: estigmatização dos criminosos → ferro em brasa, tatuagens, amputações Assinalamento Sucinto: anotação das principais características dos criminosos (raça, estatura, peso e outras) feita pelos próprios carcereiros. Fotografia: Ordinária ou Sinaléptica (de frente e de perfil esquerdo, sempre do mesmo tamanho, para posterior comparação). Desvantagem: modificações que o indivíduo pode apresentar de forma natural ou dolosa - não preenche o critério da imutabilidade. Retrato Falado: feito pelos desenhos dos traços fisionômicos e usados por várias organizações policiais no mundo todo. Processo de Bertillon ou Bertillonagem: tomada de sinais particulares e de algumas medidas e medidas e sinais eram classificados e arquivados para posterior comparação. Datiloscopia (Papiloscopia): É um método de identificação reconhecido, aceito e adotado pelas polícias de todo o mundo. A polpa dos dedos, a palma das mãos e as plantas dos pés têm linhas e saliências papilares de disposição variável. OBS: o turbilhonamento do líquido amniótico dentro do útero gera as impressões digitais e como as posições dos bebês não são as mesmas, as digitais são diferentes. Estes desenhos: - Aparecem em torno do 6.º mês de vida intrauterina. - Permanecem durante toda a vida do indivíduo e até algum tempo após a morte (são eliminadas pelo fenômeno putrefativo). - Diferem de um indivíduo a outro (mesmo em gêmeos univitelinos). Em resumo prático: Papiloscopia: processo de identificação humana baseado no estudo dos desenhos das cristas papilares dos dedos, impressos em um suporte qualquer. HISTÓRICO DA PAPILOSCOPIA Período pré-científico Japoneses já utilizava a impressão digital em documentos como símbolo de autenticidade Período científico - Malpighi – análise das linhas - Purkinje - estudo dos desenhos Período judiciário Aplicação da papiloscopia na identificação humana Sistema de Francis Galton (1888) - aplicado - Na Índia desde 1897 - Na Inglaterra e EUA desde 1901 Sistema de Juan Vucetich (1891) adotado - Na Argentina desde 1905 - No Brasil desde 1903 SISTEMA DACTILOSCÓPICO DE VUCETICH Baseia-se nas características dos 10 dedos da mão (decadactilar). Principais elementos das impressões digitais. - Cristas papilares (linhas pretas) - Sulcos papilares (linhas brancas) Thaís H. Ambrósio T XIV 8 - Deltas (utilizados para a classificação dos vários desenhos) - Pontos característicos (ponto, ilhota, cortada etc) Delta Pequenos ângulos ou triângulos formados pelas cristas papilares. A partir do delta ou deltas se define o que se convencionou chamar de SISTEMAS PRINCIPAIS DE LINHAS. Classificação Dos Sistemas De Linhas - Nuclear ou central - Basal - Marginal Tipos Fundamentais De Vucetich - Verticilo = 2 deltas - Presilha externa = delta à esquerda - Presilha interna = delta à direita - Arco = delta ausente Tipos Fundamentais Arco (ausência do delta) As cristas se dispõem de um lado ao outro Símbolos: A ou 1 Presilha Interna (presença do delta à direita do observador) Símbolos: I ou 2 Presilha Externa (presença do delta à esquerda do observador) Símbolos: E ou 3 Verticilo (presença de 2 deltas, um à direita e outro à esquerda do observador) Símbolos: V ou 4 Fórmula Dactiloscópica Seu objetivo é facilitar o arquivamento Sucessão de letras e algarismos que configuram os tipos fundamentais a partir do polegar direito ao dedo mínimo (numerador). Depois a mão esquerda (denominador). Atribuindo-se um número e uma letra a cada tipo pode-se compor uma fórmula dactiloscópica. Estrutura Da Fórmula Dactiloscópica a) Numerador (série) - Dedos da mão direita - Começando pelo polegar (representado por uma letra) - Demais dedos (indicador, médio, anular e mínimo): representados por números Thaís H. Ambrósio T XIV 9 b) Denominador (secção) - Os dedos da mão esquerda - Na mesma sequência da mão direita OBS: dedos defeituosos (ex: trabalho constante com soda cáustica) Para a identificação das pessoas a fórmula dactiloscópica não é suficiente, pois existem apenas 1.048.576 FÓRMULAS FUNDAMENTAIS. É necessário pesquisar os pontos característicos. Pontos Característicos São os acidentes encontrados nas cristas papilares. São os elementos individualizadores de impressão digital. A evidenciação de 12 pontos característicos permite o estabelecimento da identidade de uma pessoa (Brasil). A leitura da impressão digital se faz em sentido horário, sendo iniciada na posição 12h. Fases De Um Processo De Identificação 1ª Registro Dados prévios - planilha dactiloscópica (Instituto de Identificação) 2ª Registro Planilha dactiloscópica obtida quando do levantamento pericial ou impressão digital deixada em local de crime (exame de local de crime, necroscópico). 3ª Comparação Busca de pontos característicos correspondentes (planilha do Instituto de Identificação com impressão digital deixada no local dos fatos ou coletada do cadáver. Tipos De Impressão Digital 1. Moldada Impressão se faz sobre superfícies plásticas, tornando a impressão em relevo. 2. Latentes Para ficar evidente, a impressão precisa ser revelada com reveladores próprios (carbonato de chumbo, negro de fumo e outros métodos mais modernos). 3. Reveladas ou Normais A impressão impregnada de qualquer sujidade (gordura, sangue, tinta, graxa, carvão etc.) marca a superfície de contato. Thaís H. Ambrósio T XIV 10 A lesão corporal é conceituada como qualquer espécie de dano ou prejuízo à integridade corporal ou à saúde física ou mental de alguém causada poroutrem, por uma ação violenta de forma proposital ou não, direta ou indiretamente. Entendida como alteração objetiva, mensurável observável, ainda que fugaz. - A ideia de prejuízo deve estar presente. - O vínculo ou nexo causal entre a ação praticada pelo agressor e a lesão produzida na vítima. - Condições necessárias para caracterização do crime de lesão corporal. Objetivo médico pericial das lesões corporais - Caracterização da extensão da lesão: quantificação da lesão, com a extensão e inclusive a perenidade (quanto tempo demorou para cicatrizar – acima de 1 ano para a justiça já é considerado definitivo) - Caracterização da gravidade - Perenidade da lesão “Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito direto ou indireto, não podendo supri-lo nem mesmo a confissão do acusado ou suspeito”. (Art. 158, CPP) Obs.: corpo de delito é o conjunto de vestígios deixado pelo crime. O direto é aquele que eu vejo, o indireto aparece depois. LAUDO DO EXAME DE LESÃO CORPORAL Quesitos oficiais 1. Há ofensa a integridade corporal ou à saúde do examinado? 2. Qual natureza do agente, instrumento ou meio que produziu? 3. Foi produzida por meio de veneno, fogo, explosivo, asfixia ou tortura, ou por meio insidioso ou cruel? (Resposta especificada) 4. Resultará incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias, ou perigo de vida ou debilidade permanente de membro, sentido ou função, ou antecipação de parto? → Se sim, é uma lesão corporal grave. 5. Resultará incapacidade permanente para o trabalho ou enfermidade incurável; ou perda ou inutilização de membro, sentido ou função; ou deformidade permanente; ou abortamento? → Se sim, caracteriza lesão gravíssima Art. 129 “Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. Lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado a normalidade do corpo humano, quer do ponto de vista anatômico, fisiológico ou mental. Qualquer espécie de dano ou prejuízo à integridade corporal ou à saúde física ou mental de alguém causada por outrem, por uma ação violenta de forma proposital ou não, direta ou indiretamente. - Ausência de animus necandi (sem a intenção de matar). - Forma dolosa/intencional (animus laedendi) e culposa (negligência, imperícia e imprudência). - É necessário que o dano ao corpo ou à saúde não seja insignificante. - Pena: 3 meses a 1 ano. Classificação das lesões corporais (Conforme o dano): ART 129 CP 1. Leves: Art 129 CAPUT → é por exclusão das graves e gravíssimas. 2. Graves: Art 129 1º § 3. Gravíssimas: Art 129 2º § 1º § se resulta: (lesão corporal GRAVE) - Incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias - Perigo de vida - Debilidade de membro, sentido ou função - Aceleração/Antecipação do trabalho de parto - Pena: reclusão de 1 a 5 anos 2º § se resulta: (lesão corporal GRAVÍSSIMA) - Incapacidade permanente para o trabalho - Enfermidade incurável - Perda ou inutilização de membro, sentido ou função - Deformidade permanente - Aborto - Pena: reclusão de 4 a 8 anos 3º § lesão corporal seguida de morte Se resulta morte e as circunstâncias evidencia que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo – não queria que ia causar morte, a intenção era causar lesão e não morte. Pena: reclusão de 4 a 12 anos. Obs.: necessito de uma avaliação complementar após 30 dias do trauma se eu não tenho certeza da classificação de uma lesão como grave ou gravíssima. Thaís H. Ambrósio T XIV 11 LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE Primeiro parágrafo: I. Incapacidade para as funções habituais por mais de 30 dias - Qualquer atividade, mesmo que parcialmente. - Incapacidade real, não resumida - Cura médico legal: cura funcional *Exame pericial complementar (após 30 dias de fato, isto é, a partir do 31º dia do delito). Se ultrapassar esse período de 30 dias dizemos que é grave. II. Debilidade permanente de membro, sentido (os 5) ou função - Apêndices de tronco - Pode ser apenas um dos segmentos para caracterizá-la. - Sentidos: visão, audição, olfato, paladar, tato - Função: é a atividade de um órgão ou aparelho - Redução parcial da força, fraqueza, enfraquecimento, diminuição da capacidade funcional. - Há de ser evidente e detectável, gerando prejuízo efetivo para a vítima. - A debilidade deve ser permanente – avaliar até 1 ano, se passar 1 ano e continua com a debilidade classifica como debilidade. - (Perda funcional ou anatômica de um órgão duplo, como rim, testículo, olhos – se há perda função de um, o outro tenta compensar, mas há diminuição da capacidade funcional). III. Perigo de vida - Perigo de vida: probabilidade real e objetiva do evento de morte – se não tiver intervenção imediata o paciente morre. - Risco de vida: mera possibilidade de lesão mortal em determinada situação. Situação diagnosticada e real, não mera possibilidade nem mero prognóstico desfavorável. Deve existir o perigo iminente de morte que só não ocorre devido uma intervenção de socorro. Só o fato de a localização da lesão ser em tórax ou abdome não caracteriza por si só a lesão como grave. Situações que configuram perigo de vida - Lesões penetrantes em cavidades levando a hemorragias e infecções; - Lesões de grandes vasos com hemorragias importantes e choque hipovolêmico; - Choque anafilático, neurogênico, cardiogênico e séptico; - Colapso pulmonar com insuficiência respiratória grave - TCE - Coma - Grandes queimados - TRM com alterações cardiorrespiratórias - Arritmias ou IC aguda - Graves septicemias e infecções graves IV. Aceleração do parto Sujeito passivo: mulher grávida de feto vivo. Feto expulso com vida, antes do tempo normal, motivada por agressão física ou psíquica à parturiente, continuando com vida após o parto. Isso só não se encaixa se o acusado conseguir provar que não sabia que a paciente estava grávida. LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA Segundo parágrafo: I. Incapacidade permanente ao trabalho Situação definitiva em que o indivíduo fica privado de exercer qualquer atividade lucrativa. Perda da capacidade de duração incalculável, mas não necessariamente perpétua para o trabalho genérico. É a invalidez total e permanente. O ofendido deve ficar privado da possibilidade física ou psíquica, de aplicar a qualquer atividade lucrativa. II. Enfermidade incurável Enfermidade incurável (perturbação permanente da saúde, sequela de estado patológico consolidado). Qualquer forma de alteração de determinadas funções orgânicas ou psíquicas de natureza adquirida, que reduz a potencialidade do indivíduo, mas é compatível com um relativo bom estado de saúde. Exemplo: cegueira, AIDS, paralisias, osteomielites crônicas, demência, pseudoartroses. Obs.: quando em dúvida, sempre escolher a situação mais grave. III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou função Corresponde ao grau máximo da debilidade permanente. Perda: ausência anatômica Inutilização: presença anatômica, mas destituída total ou quase totalmente de capacidade funcional (se a debilidade exceder 70% de sua capacidade funcional). A amputação quando eliminar a parte essencial do membro: mão ou pé. Thaís H. Ambrósio T XIV 12 Perda de um órgão duplo com comprometimento do outro. IV. Deformidade permanente Dano estético irreparável por si mesmo, que cause complexo ou interfiranegativamente na vida social e econômica do indivíduo. Dano estético de certo vulto aparente, que gera afetação ou repulsa em quem observa, e atinge a autoestima da vítima, causando-lhe vergonha ou prejudicando sua sociabilidade, sem necessariamente atingir os limites da monstruosidade. Qualquer parte do corpo (permanência): a lesão deformante há atingiu sua evolução natural final no momento de a caracterização na análise da deformidade avaliar os seguintes aspectos: Localização, extensão, aspecto, correlação, desvios da normalidade anatômica, sexo, idade, cor da pele, atividade laborativa. Exemplos: paralisia facial traumática, mutilação da orelha externa do apêndice nasal, dos membros, das mamas, queimaduras extensas, cicatrizes extensas e deformantes. V. Aborto “Empregar violência contra mulher cuja gravidez não ignora ou é manifesta, causando-lhe aborto”. Perícia: estabelecer a existência da gravidez; do aborto; das condições anteriores do produto da concepção. Nexo de causalidade entre a lesão e o resultado; as condições da gestante, se possível, a intenção do agente. Sinais de certeza de gravidez + conhecimento do acusado + nexo causal: lesão corporal dolosa. LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE Terceiro parágrafo: A qualificadora só tem sentido, se ao menos previsível pelo agente. Perícia - Provar causalidade - Provar sua previsibilidade Exemplos - Soco e queda da vítima com fratura craniana; - Facada ou tiro em região não fatal e lesão de vaso calibroso. - Paulada na cabeça ou tronco com hemorragia interna.