Buscar

Apostila de Medicina Legal



Continue navegando


Prévia do material em texto

Thaís H. Ambrósio T XIV 
1 
 
........................................................................................................................................................................... 2 
 ......................................................................................................................................................... 3 
 ............................................................................................................................................................... 5 
 ........................................................................................................................................................ 10 
 
 
 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
2 
 
 
O histórico da medicina legal vem desde a 
antiguidade, com o Código de Hamurabi na 
Mesopotâmia, a punição do aborto na pérsia e a 
perícia em Júlis Cesar em Roma. 
Na Idade média temos a Constituição de Carlos 
Magno e o Direito canônico. 
Já no renascimento temos os primeiros livros sobre 
medicina legal, em destaque Ambroise Paré (1575) e 
Paolo Zacchi (1621-1635). 
 
A medicina legal entra na parte normativa da 
medicina. É uma área separada da parte curativa e 
preventiva. 
 
Por DEFINIÇÃO a medicina legal é a ciência do 
médico aplicada aos fins da ciência do Direito 
(Buchner). É a arte de fazer relatórios em juízo 
(Ambrósio Pare). É a medicina à serviço das ciências 
jurídicas e sociais (França). É a aplicação dos 
conhecimentos médico-biológicos na elaboração e 
execução das leis que eles carecem (Flamínio Fávero). 
 
O Direito... 
- Penal: lesões corporais, homicídio 
- Civil: paternidade, casamento 
- Administrativo: aposentadorias, licenças 
- Trabalhista: doenças, acidente 
- Penitenciário: livramento condicional 
- Desportivo: doping 
 
Ciências forenses 
Compreende o grande capítulo de conhecimentos 
apoiados por todas as ciências auxiliares à medicina 
legal que se utiliza no desenvolvimento do trabalho 
pericial, como a biologia, física, química, odontologia, 
antropologia, criminologia, e seus diferentes ramos 
técnicos, como a entomologia, bioquímica, biofísica, e 
demais técnicas especializadas. 
 
Atuação 
- Antropologia 
- Traumatologia 
- Sexologia 
- Infortunística 
- Psiquiatria 
- Tanatologia 
- Criminalística 
- Criminologia 
- Asfixiologia 
- Toxicologia 
SVO X IML 
SVO: serviço de verificação de óbito 
- Secretaria de saúde 
- Qualificados 
- Morte natural, morte agônica ou tardia 
IML: instituto médico legal 
- Secretaria de segurança pública 
- Perícias médico-legal: vivo ou morto. 
- Morte violenta, suspeita, súbita, indivíduo sem 
identificação, sob custódia da justiça e cadáver 
decomposto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
3 
 
 
É toda declaração firmada por um médico no 
exercício da profissão, para servir como prova e que 
pode ser utilizada com finalidades jurídicas. 
- Perito: Todo profissional com nível superior expert 
em determinado assunto. Pode ser oficial (quando 
concursado – com fé pública), nomeado ou louvado, 
como delegado, juiz ou promotor. 
 
Classificação 
1. Relatórios: auto e laudo 
2. Pareceres 
3. Atestados 
4. Notificação 
 
Características Principais 
- Elaborado por médico devidamente habilitado 
(mesmo que não seja perito oficial, um médico pode 
ser nomeado e assim ser habilitado). 
- Decorrer de exame que corresponda a ato médico 
específico. 
- Apresentação verbal ou por escrito 
- Objetificar o esclarecimento de questão colocada 
perante a justiça – de linguagem de fácil 
entendimento, para que seja estabelecido o 
entendimento médico pela justiça. 
 
Tipos 
- Relatórios Médico-Legais 
- Pareceres ou Consultas Médico-Legais 
- Depoimento oral 
- Notificação 
- Atestados médicos 
 
Tudo que for feito de perícia, vai ser materializado 
para ser juntada ao processo. O perito faz essa perícia 
em qualquer fase do processo, antes ou até mesmo 
após o julgamento. 
A maioria das perícias que fazemos, principalmente 
as criminais, são feitas no inquérito policial para se 
juntar aos autos do processo. Há perícia que também 
são do foro civil, trabalhista. 
 
1) RELATÓRIOS MÉDICO-LEGAIS 
Dos principais documentos da perícia – tanto na 
perícia civil ou criminal. Descrição minuciosa da 
perícia, feito através de: 
- Laudo: redigido pelo perito e assinado por ele 
- Auto: ditado pelo perito ao escrivão 
Na maior parte dos casos de perícia criminal é feito 
por 2 peritos: perito executor e o revisor. Já nas civis, 
geralmente é só por 1. 
 
O Laudo Está Dividido Em 7 Partes 
1. Preâmbulo 
Data, autoridade que pede, médicos, examinado, 
características do examinado, local em que é realizada 
a perícia. É como se fosse uma qualificação do laudo. 
Quem e onde está sendo examinado. 
2. Quesitos 
Perguntas padronizadas. 
Exemplo→ Exame De Perícia Necroscópico 
1º: Houve morte? → tenta qualificar e tipificar isso 
dentro do código, art 121 do código penal: matar 
alguém, tipo de homicídio. 
2º: Qual a causa? 
3º: Qual a natureza do agente, instrumento ou meio 
que a produziu? 
4º: Foi produzida por meio de veneno, fogo, 
explosivo, asfixia ou tortura, ou por outro meio: 
insidioso ou cruel? (Resposta especificada) 
Outro Exemplo→ Lesão Corporal 
Quando há lesão corporal se enquadra no Artigo 129 
1º: Há ofensa à integridade corporal ou à saúde do 
examinada? 
2º: Qual a natureza do agente, instrumento ou meio 
que a produziu? 
3º: Foi produzido por meio de veneno, fogo, 
explosivo, asfixia, tortura ou por outro meio insidioso 
ou cruel? (Resposta especificada) 
4º: Resultará incapacidade para as ocupações 
habituais por mais de 30 dias ou perigo de vida, ou 
debilidade permanente de membro, sentido ou 
função; ou antecipação de parto? 
5º: Resultará incapacidade permanente para o 
trabalho, ou enfermidade incurável, ou perda ou 
inutilização de membro, sentido ou função, ou 
deformidade permanente ou abortamento? 
Outro Exemplo→ Verificação De Embriaguez 
1º: Há sintomas indicativos de que o paciente 
ingeriu bebida alcóolica ou fez uso de substância de 
efeito análogos? 
2º: Em consequência, está ele embriagado? 
3º: Qual a substância que produziu embriaguez? 
4º: No estado em que se encontra o paciente, coloca 
ele em perigo a segurança própria ou alheia? Com 
isso, vemos que para cada perícia, existem perguntas 
diferentes. 
 
 
 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
4 
 
3. Histórico 
Como se fosse uma anamnese de um caso clínico, 
onde se pega todas as informações colhidas da vítima 
ou do indiciado. 
Como aconteceu, o tipo de agressão, a forma, o local 
que foi agredido. Coloca-se “refere... + o que 
aconteceu”. 
No caso de necropsia, transcreve-se exatamente o 
que foi passado no boletim de ocorrência. Não 
escreve nada, só transcreve. 
 
4. Descrição 
É a parte mais importante do relatório. Seria 
semelhante ao exame físico. 
Onde se descreve detalhadamente, desde as vestes 
do indivíduo ou cadáver, todas as características 
físicas do indivíduo. 
Depois passa ao exame físico minucioso e objetivo, 
no sentido crânio caudal, descrevendo todos os tipos 
de lesão, com forma, extensão, coloração (maior 
riqueza de detalhes). 
Visum e Repertum do latim→ não dou diagnóstico 
nesse momento e sim só descrevo o que vejo.Muitas vezes posso deixar anexado fotos, exames 
colhidos como anatomopatológico, coleta de material 
sexológico etc. 
Deve-se atentar muito bem porque a 1ª necropsia 
ou 1º exame no vivo é a mais importante, por isso 
deve ter o máximo de informação, para não se perder 
no tempo. Isso não significa que não se possa fazer a 
2ª perícia, mas sim que a 1ª é a mais importante. 
 
5. Discussão 
Deve-se fazer uma discussão acerca do histórico e da 
descrição, de maneira que se levante hipóteses, 
levando em conta o conhecimento prévio acerca do 
assunto. 
A partir disso, começa-se buscar e guiar um 
diagnóstico, a fim de gerar uma síntese até chegar na 
conclusão que a autoridade quer. 
 
6. Conclusão 
Tem como base o que vem na discussão, como uma 
síntese. 
 
7. Respostas aos Quesitos 
Tudo que foi escrito no relatório, é ilustrado com 
essas imagens do laudo. 
 
 
 
 
2) PARECER MÉDICO-LEGAL 
São documentos oficiosos, particulares, geralmente 
encomendados pelas partes quando há dúvidas sobre 
o relatório de laudo médico-legal. 
Resposta escrita pela autoridade médica 
(profissionais de reconhecido renome) ou comissão de 
profissionais. Esclarecer questões jurídicas. São 
dúvidas não padronizadas, dúvidas pontuais. Pela 
legislação tem 10 dias para devolver, mas pode se 
solicitar um período maior. 
 
O Parecer Está Dividido Em 4 Partes 
1. Preâmbulo 
Apresentação de quem está realizando, seus títulos, 
se é um profissional renomado. 
Coloca sob qual laudo está realizando esse parecer. 
Dados sob o indivíduo. 
2. Exposição São colocados os quesitos a mais que 
querem saber. 
3. Discussão (parte mais importante) Não há 
descrição, porque é uma perícia em cima de uma 
perícia. Pode ser que ele discorde do outro relatório, 
então discute aqui e verifica se vai contra ou não. Esse 
é o ponto mais importante. 
4. Conclusão 
 
3) NOTIFICAÇÃO 
Comunicações obrigatórias feitas pelo médico às 
autoridades competentes, por razões sanitárias ou 
sociais: 
- Comunicação compulsória 
- Impresso próprio • Acidente de trabalho (CAT) 
- Ocorrência de morte encefálica (para controle da 
central de transplantes) 
- Violência contra a mulher: (atendida em serviços 
de saúde públicos e privados) 
- Maus tratos contra a criança, adolescentes ou 
idosos 
- Doenças infectocontagiosas (como dengue, COVID) 
- Substâncias entorpecentes 
- Tortura 
Não é quebra de sigilo, você está buscando 
tratamentos, por exemplo, em prol da comunidade. 
Pelo código penal, você pode ser punido caso não 
notifique → artigo 269. É exclusivamente de 
responsabilidade médica. 
 
4) ATESTADOS 
Declaração de fato médico 
Documento elementar 
- Oficiosos: receituário (ausência em aulas, de saúde, 
de falta no trabalho, piscinas, etc). 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
5 
 
São os mais utilizados. Deve-se colocar todos os 
detalhes por extenso, como o tempo que está se 
afastando esse paciente. 
- Oficiosos: receituário (ausência em aulas, de saúde, 
de falta no trabalho, piscinas etc.) 
- Administrativos: serviço público (licenças, 
aposentadoria, abono de férias). 
- Judiciários: pedido de juízes → essa é considerado 
um documento médico legal, mas os outros também 
devem ser feitos certinhos, porque são documentos 
de fé pública. 
 
Diagnóstico De Atestados e C.I.D: precisa colocar 
C.I.D ou não? 
A lei atual do código de ética é de que não se deve 
colocar e quebrar o sigilo médico, salvo esses casos 
abaixo: 
- Por justa causa: são situações sobre o bem da 
comunidade prevalece o bem individual, exemplo: 
motorista de ônibus que tem problema na visão→ 
deve-se colocar isso, pois pode causar prejuízo a 
terceiros. Ou até mesmo um paciente com transtorno 
psíquico que relata querer cometer homicídio. 
- Dever legal: naquelas situações de doenças 
compulsórias, maus tratos, violência doméstica → 
porque o bem maior prevalece sobre o bem 
individual. 
 
Obs.: Permissão do paciente ou seu responsável ser 
legal. 
 
Algumas partes de exemplo de laudo 
 
 
 
 
 
 
IDENTIDADE 
Soma de caracteres que individualizam uma pessoa 
ou uma coisa, distinguindo-a das demais. É uma série 
de atributos que torna alguém ou alguma coisa igual 
apenas a si próprio. 
 
Identidade Objetiva 
Permite afirmar tecnicamente que uma determinada 
pessoa é ela mesma (que a faz distinta das demais). 
Por apresentar um elenco de elementos positivos e 
perenes. 
 
 Identidade Subjetiva 
Sensação que cada indivíduo tem de que “foi, é, será 
ele mesmo”. A consciência de sua própria identidade 
(seu “eu”). 
Questão ligada a estrutura de personalidade. 
 
IDENTIFICAÇÃO 
Processo (sempre comparativo) pelo qual se 
determina a identidade de uma pessoa ou coisa. 
É um conjunto de diligências para se levantar uma 
identidade. 
Os processos de identificação podem efetivar-se no 
vivo, morto ou esqueleto. 
 
Reconhecimento X Identidade 
Reconhecimento é a identificação empírica. 
Identificação é o reconhecimento científico, há todo 
um processo, como a datiloscopia e o DNA. 
Art 226 do CPP 
 
Tipos De Identificação 
- Médico e odonto-legal (antropologia): feita apenas 
por peritos médicos 
- Judiciária (policial): feita por peritos não médicos. 
 
Identificação Física 
1. Espécie 
2. Raça 
3. Sexo 
4. Idade 
5. Estatura 
6. Malformações 
7. Cicatrizes 
8. Tatuagens 
9. Sinais profissionais 
10. Sinais individuais 
11. Biotipo 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
6 
 
Identificação Funcional 
1. Atitude 
2. Mímica 
3. Gestos 
4. Andar 
5. Funções sensoriais 
6. Voz 
7. Escrita 
 
Identificação Psíquica 
Baseia-se nas atividades psíquicas desde a infância 
até a velhice. 
Inclui: 
- Feitio de personalidade 
- Traços de personalidade 
- Temperamento inteligência 
 
CRITÉRIOS BÁSICOS PARA IDENTIFICAÇÃO 
 
Biológicos 
1. Variabilidade (a característica escolhida é única) 
- Unicidade (distinção precisa) 
- Irreprodutibilidade 
2. Imutabilidade (sem alterações com o passar do 
tempo) 
3. Perenidade (característica escolhida não é 
transitória – perdura pela vida toda) 
 
Técnicos 
1. Classificabilidade (permite a comparação entre 
dados de forma sistemática e precisa) 
2. Praticabilidade (método seguro, prático e rápido) 
 
IDENTIFICAÇÃO MÉDICO-LEGAL 
 
1. Espécie 
Pelo estudo dos: 
- Ossos: análise da disposição dos canais de Havers. 
- Sangue: 
 . Se é sangue: Cristais de Teichmann (hematina) 
 . Se é sangue humano: Processo de Uhlenhuth 
(soros anti-espécie) 
 
2. Raça 
Tipos 
- Caucásico: pele branca, cabelos lisos ou crespos, 
íris azuis ou castanhas. 
- Mongólico: pele amarela, cabelos lisos. 
- Negroide: pele negra, cabelos em tufos... 
- Indiano: estatura alta, pele amarela – tendente a 
avermelhado, cabelos pretos – lisos espessos e íris 
castanhas. 
- Australoide: Estatura alta, pele trigueira, nariz 
curto e largo. 
Elementos De Caracterização Racial 
- Forma do crânio 
- Índice cefálico 
- Índice tíbio-femural 
- Índice rádioumeral 
- Ângulo facial (Jacquart, Cloquet e Curvier) 
 
 
3. Sexo 
Existem Oito Tipos De Sexo 
- Sexo cromossomial: XX e XY 
- Sexo gonadal: Testículos e ovários 
- Sexo cromatínico: corpúsculos de Barr (presentes 
no núcleo nas células femininas) 
- Sexo de genitália interna: Masculino (ductos de 
Wolff) e feminino (ductos de Müller) 
- Sexo de genitália externa: Masculino (pênis e 
escroto) e feminino (vulva, vagina e mamas 
desenvolvidas) 
- Sexo jurídico: designado no registro civil ou quando 
a autoridadelegal determina que se registre uma 
pessoa num ou noutro sexo, após suas convicções 
médico-legais, morais ou doutrinárias. 
- Sexo de identificação ou psíquico ou 
comportamental: Identificação o indivíduo faz de si 
próprio e que se reflete no comportamento. 
- Sexo médico-legal: Constatado através de uma 
perícia médica e em esqueleto através do estudo da 
bacia pélvica. 
 
4. Idade 
Através Do Estudo De: 
- Arco senil (anel branco, frequente nos velhos, que 
circunda a córnea = gerotoxo) 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
7 
 
- Aparência 
- Pele: rugas 
- Pelos 
- Globo ocular 
- Dentes 
- Radiografia dos ossos (metacarpo = punho) 
- Pontos de ossificação 
 
 
5. Estatura 
Avaliada: 
- Através da medição direta no vivo ou no cadáver 
- Através de tábuas ou tabelas osteométricas: Broca, 
Etienne-Rollet, Lacassagne e Martin. 
Pelo exame do esqueleto de um indivíduo, o médico 
legista não pode verificar ou estimar o peso do “de 
cujus”. 
 
6. Sinais Individuais 
Todo e qualquer sinal útil para identificação (nevus, 
manchas e verrugas). 
 
Outros 
7. Malformações 
8. Sinais Profissionais 
9. Tatuagem 
10. Cicatrizes 
11. Identificação Dentária 
12. Sobreposição De Imagens (Prosopografia) 
13. Palatoscopia 
14. Pelo Pavilhão Auricular 
15. Por Radiografias 
16. Superposição Crânio-Facial Por Vídeo 
17. Pelo DNA 
 
IDENTIFICAÇÃO POLICIAL OU JUDICIÁRIA 
 
Processos Antigos: estigmatização dos criminosos → 
ferro em brasa, tatuagens, amputações 
Assinalamento Sucinto: anotação das principais 
características dos criminosos (raça, estatura, peso e 
outras) feita pelos próprios carcereiros. 
Fotografia: Ordinária ou Sinaléptica (de frente e de 
perfil esquerdo, sempre do mesmo tamanho, para 
posterior comparação). Desvantagem: modificações 
que o indivíduo pode apresentar de forma natural ou 
dolosa - não preenche o critério da imutabilidade. 
Retrato Falado: feito pelos desenhos dos traços 
fisionômicos e usados por várias organizações policiais 
no mundo todo. 
Processo de Bertillon ou Bertillonagem: tomada de 
sinais particulares e de algumas medidas e medidas e 
sinais eram classificados e arquivados para posterior 
comparação. 
Datiloscopia (Papiloscopia): É um método de 
identificação reconhecido, aceito e adotado pelas 
polícias de todo o mundo. A polpa dos dedos, a palma 
das mãos e as plantas dos pés têm linhas e saliências 
papilares de disposição variável. 
OBS: o turbilhonamento do líquido amniótico dentro 
do útero gera as impressões digitais e como as 
posições dos bebês não são as mesmas, as digitais são 
diferentes. 
Estes desenhos: 
- Aparecem em torno do 6.º mês de vida 
intrauterina. 
- Permanecem durante toda a vida do indivíduo e 
até algum tempo após a morte (são eliminadas pelo 
fenômeno putrefativo). 
- Diferem de um indivíduo a outro (mesmo em 
gêmeos univitelinos). 
 
Em resumo prático: 
Papiloscopia: processo de identificação humana 
baseado no estudo dos desenhos das cristas papilares 
dos dedos, impressos em um suporte qualquer. 
 
HISTÓRICO DA PAPILOSCOPIA 
Período pré-científico 
Japoneses já utilizava a impressão digital em 
documentos como símbolo de autenticidade 
Período científico 
- Malpighi – análise das linhas 
- Purkinje - estudo dos desenhos 
Período judiciário 
Aplicação da papiloscopia na identificação humana 
Sistema de Francis Galton (1888) - aplicado 
- Na Índia desde 1897 
- Na Inglaterra e EUA desde 1901 
Sistema de Juan Vucetich (1891) adotado 
- Na Argentina desde 1905 
- No Brasil desde 1903 
 
SISTEMA DACTILOSCÓPICO DE VUCETICH 
Baseia-se nas características dos 10 dedos da mão 
(decadactilar). 
Principais elementos das impressões digitais. 
- Cristas papilares (linhas pretas) 
- Sulcos papilares (linhas brancas) 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
8 
 
- Deltas (utilizados para a classificação dos vários 
desenhos) 
- Pontos característicos (ponto, ilhota, cortada etc) 
 
Delta 
Pequenos ângulos ou triângulos 
formados pelas cristas papilares. 
A partir do delta ou deltas se 
define o que se convencionou 
chamar de SISTEMAS PRINCIPAIS DE 
LINHAS. 
 
Classificação Dos Sistemas De Linhas 
- Nuclear ou central 
- Basal 
- Marginal 
 
 
Tipos Fundamentais De Vucetich 
- Verticilo = 2 deltas 
- Presilha externa = delta à esquerda 
- Presilha interna = delta à direita 
- Arco = delta ausente 
 
Tipos Fundamentais 
Arco (ausência do delta) 
 
 As cristas se dispõem de um lado 
ao outro 
Símbolos: A ou 1 
 
 
Presilha Interna (presença do delta à direita do 
observador) 
 
Símbolos: I ou 2 
 
Presilha Externa (presença do delta à esquerda do 
observador) 
 
Símbolos: E ou 3 
 
Verticilo (presença de 2 deltas, um à direita e outro 
à esquerda do observador) 
 
Símbolos: V ou 4 
 
Fórmula Dactiloscópica 
Seu objetivo é facilitar o arquivamento Sucessão de 
letras e algarismos que configuram os tipos 
fundamentais a partir do polegar direito ao dedo 
mínimo (numerador). Depois a mão esquerda 
(denominador). 
Atribuindo-se um número e uma letra a cada tipo 
pode-se compor uma fórmula dactiloscópica. 
 
Estrutura Da Fórmula Dactiloscópica 
a) Numerador (série) 
- Dedos da mão direita 
- Começando pelo polegar (representado por uma 
letra) 
- Demais dedos (indicador, médio, anular e mínimo): 
representados por números 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
9 
 
b) Denominador (secção) 
- Os dedos da mão esquerda 
- Na mesma sequência da mão direita 
 
OBS: dedos defeituosos (ex: trabalho constante com 
soda cáustica) 
 
 
Para a identificação das pessoas a fórmula 
dactiloscópica não é suficiente, pois existem apenas 
1.048.576 FÓRMULAS FUNDAMENTAIS. 
É necessário pesquisar os pontos característicos. 
 
 
 
 
Pontos Característicos 
 
São os acidentes encontrados nas cristas papilares. 
São os elementos individualizadores de impressão 
digital. 
A evidenciação de 12 pontos característicos permite 
o estabelecimento da identidade de uma pessoa 
(Brasil). 
A leitura da impressão digital se faz em sentido 
horário, sendo iniciada na posição 12h. 
 
Fases De Um Processo De Identificação 
1ª Registro 
Dados prévios - planilha dactiloscópica (Instituto de 
Identificação) 
2ª Registro 
Planilha dactiloscópica obtida quando do 
levantamento pericial ou impressão digital deixada 
em local de crime (exame de local de crime, 
necroscópico). 
3ª Comparação 
Busca de pontos característicos correspondentes 
(planilha do Instituto de Identificação com impressão 
digital deixada no local dos fatos ou coletada do 
cadáver. 
 
Tipos De Impressão Digital 
1. Moldada 
Impressão se faz sobre superfícies plásticas, 
tornando a impressão em relevo. 
2. Latentes 
Para ficar evidente, a impressão precisa ser revelada 
com reveladores próprios (carbonato de chumbo, 
negro de fumo e outros métodos mais modernos). 
3. Reveladas ou Normais 
A impressão impregnada de qualquer sujidade 
(gordura, sangue, tinta, graxa, carvão etc.) marca a 
superfície de contato. 
 
 
 
 
 
 
 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
10 
 
 
A lesão corporal é conceituada como qualquer 
espécie de dano ou prejuízo à integridade corporal ou 
à saúde física ou mental de alguém causada poroutrem, por uma ação violenta de forma proposital ou 
não, direta ou indiretamente. Entendida como 
alteração objetiva, mensurável observável, ainda que 
fugaz. 
- A ideia de prejuízo deve estar presente. 
- O vínculo ou nexo causal entre a ação praticada 
pelo agressor e a lesão produzida na vítima. 
- Condições necessárias para caracterização do 
crime de lesão corporal. 
 
Objetivo médico pericial das lesões corporais 
- Caracterização da extensão da lesão: quantificação 
da lesão, com a extensão e inclusive a perenidade 
(quanto tempo demorou para cicatrizar – acima de 1 
ano para a justiça já é considerado definitivo) 
- Caracterização da gravidade 
- Perenidade da lesão 
 
“Quando a infração deixar vestígios será 
indispensável o exame de corpo de delito direto ou 
indireto, não podendo supri-lo nem mesmo a 
confissão do acusado ou suspeito”. (Art. 158, CPP) 
Obs.: corpo de delito é o conjunto de vestígios 
deixado pelo crime. O direto é aquele que eu vejo, o 
indireto aparece depois. 
 
LAUDO DO EXAME DE LESÃO CORPORAL 
 
Quesitos oficiais 
1. Há ofensa a integridade corporal ou à saúde do 
examinado? 
2. Qual natureza do agente, instrumento ou meio 
que produziu? 
3. Foi produzida por meio de veneno, fogo, 
explosivo, asfixia ou tortura, ou por meio insidioso ou 
cruel? (Resposta especificada) 
4. Resultará incapacidade para as ocupações 
habituais por mais de 30 dias, ou perigo de vida ou 
debilidade permanente de membro, sentido ou 
função, ou antecipação de parto? → Se sim, é uma 
lesão corporal grave. 
5. Resultará incapacidade permanente para o 
trabalho ou enfermidade incurável; ou perda ou 
inutilização de membro, sentido ou função; ou 
deformidade permanente; ou abortamento? → Se 
sim, caracteriza lesão gravíssima 
Art. 129 
“Ofender a integridade corporal ou a saúde de 
outrem”. 
Lesão corporal é todo e qualquer dano ocasionado a 
normalidade do corpo humano, quer do ponto de 
vista anatômico, fisiológico ou mental. 
Qualquer espécie de dano ou prejuízo à integridade 
corporal ou à saúde física ou mental de alguém 
causada por outrem, por uma ação violenta de forma 
proposital ou não, direta ou indiretamente. 
- Ausência de animus necandi (sem a intenção de 
matar). 
- Forma dolosa/intencional (animus laedendi) e 
culposa (negligência, imperícia e imprudência). 
- É necessário que o dano ao corpo ou à saúde não 
seja insignificante. 
- Pena: 3 meses a 1 ano. 
 
Classificação das lesões corporais 
(Conforme o dano): ART 129 CP 
1. Leves: Art 129 CAPUT → é por exclusão das graves 
e gravíssimas. 
2. Graves: Art 129 1º § 
3. Gravíssimas: Art 129 2º § 
 
1º § se resulta: (lesão corporal GRAVE) 
- Incapacidade para as ocupações habituais por mais 
de 30 dias 
- Perigo de vida 
- Debilidade de membro, sentido ou função 
- Aceleração/Antecipação do trabalho de parto 
- Pena: reclusão de 1 a 5 anos 
 
2º § se resulta: (lesão corporal GRAVÍSSIMA) 
- Incapacidade permanente para o trabalho 
- Enfermidade incurável 
- Perda ou inutilização de membro, sentido ou 
função 
- Deformidade permanente 
- Aborto 
- Pena: reclusão de 4 a 8 anos 
 
3º § lesão corporal seguida de morte 
Se resulta morte e as circunstâncias evidencia que o 
agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de 
produzi-lo – não queria que ia causar morte, a 
intenção era causar lesão e não morte. 
Pena: reclusão de 4 a 12 anos. 
 
Obs.: necessito de uma avaliação complementar 
após 30 dias do trauma se eu não tenho certeza da 
classificação de uma lesão como grave ou gravíssima. 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
11 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVE 
Primeiro parágrafo: 
 
I. Incapacidade para as funções habituais por mais 
de 30 dias 
- Qualquer atividade, mesmo que parcialmente. 
- Incapacidade real, não resumida 
- Cura médico legal: cura funcional 
*Exame pericial complementar (após 30 dias de fato, 
isto é, a partir do 31º dia do delito). Se ultrapassar 
esse período de 30 dias dizemos que é grave. 
 
II. Debilidade permanente de membro, sentido (os 
5) ou função 
- Apêndices de tronco 
- Pode ser apenas um dos segmentos para 
caracterizá-la. 
- Sentidos: visão, audição, olfato, paladar, tato 
- Função: é a atividade de um órgão ou aparelho 
- Redução parcial da força, fraqueza, 
enfraquecimento, diminuição da capacidade 
funcional. 
- Há de ser evidente e detectável, gerando prejuízo 
efetivo para a vítima. 
- A debilidade deve ser permanente – avaliar até 1 
ano, se passar 1 ano e continua com a debilidade 
classifica como debilidade. 
- (Perda funcional ou anatômica de um órgão duplo, 
como rim, testículo, olhos – se há perda função de 
um, o outro tenta compensar, mas há diminuição da 
capacidade funcional). 
 
III. Perigo de vida 
- Perigo de vida: probabilidade real e objetiva do 
evento de morte – se não tiver intervenção imediata o 
paciente morre. 
- Risco de vida: mera possibilidade de lesão mortal 
em determinada situação. 
Situação diagnosticada e real, não mera 
possibilidade nem mero prognóstico desfavorável. 
Deve existir o perigo iminente de morte que só não 
ocorre devido uma intervenção de socorro. 
Só o fato de a localização da lesão ser em tórax ou 
abdome não caracteriza por si só a lesão como grave. 
 
Situações que configuram perigo de vida 
- Lesões penetrantes em cavidades levando a 
hemorragias e infecções; 
- Lesões de grandes vasos com hemorragias 
importantes e choque hipovolêmico; 
- Choque anafilático, neurogênico, cardiogênico e 
séptico; 
- Colapso pulmonar com insuficiência respiratória 
grave 
- TCE 
- Coma 
- Grandes queimados 
- TRM com alterações cardiorrespiratórias 
- Arritmias ou IC aguda 
- Graves septicemias e infecções graves 
 
IV. Aceleração do parto 
Sujeito passivo: mulher grávida de feto vivo. Feto 
expulso com vida, antes do tempo normal, motivada 
por agressão física ou psíquica à parturiente, 
continuando com vida após o parto. 
Isso só não se encaixa se o acusado conseguir provar 
que não sabia que a paciente estava grávida. 
 
LESÃO CORPORAL DE NATUREZA GRAVÍSSIMA 
Segundo parágrafo: 
 
I. Incapacidade permanente ao trabalho 
Situação definitiva em que o indivíduo fica privado 
de exercer qualquer atividade lucrativa. 
Perda da capacidade de duração incalculável, mas 
não necessariamente perpétua para o trabalho 
genérico. É a invalidez total e permanente. 
O ofendido deve ficar privado da possibilidade física 
ou psíquica, de aplicar a qualquer atividade lucrativa. 
 
II. Enfermidade incurável 
Enfermidade incurável (perturbação permanente da 
saúde, sequela de estado patológico consolidado). 
Qualquer forma de alteração de determinadas 
funções orgânicas ou psíquicas de natureza adquirida, 
que reduz a potencialidade do indivíduo, mas é 
compatível com um relativo bom estado de saúde. 
Exemplo: cegueira, AIDS, paralisias, osteomielites 
crônicas, demência, pseudoartroses. 
Obs.: quando em dúvida, sempre escolher a situação 
mais grave. 
 
III. Perda ou inutilização do membro, sentido ou 
função 
Corresponde ao grau máximo da debilidade 
permanente. 
Perda: ausência anatômica 
Inutilização: presença anatômica, mas destituída 
total ou quase totalmente de capacidade funcional (se 
a debilidade exceder 70% de sua capacidade 
funcional). 
A amputação quando eliminar a parte essencial do 
membro: mão ou pé. 
 Thaís H. Ambrósio T XIV 
12 
 
Perda de um órgão duplo com comprometimento do 
outro. 
IV. Deformidade permanente 
Dano estético irreparável por si mesmo, que cause 
complexo ou interfiranegativamente na vida social e 
econômica do indivíduo. 
Dano estético de certo vulto aparente, que gera 
afetação ou repulsa em quem observa, e atinge a 
autoestima da vítima, causando-lhe vergonha ou 
prejudicando sua sociabilidade, sem necessariamente 
atingir os limites da monstruosidade. 
Qualquer parte do corpo (permanência): a lesão 
deformante há atingiu sua evolução natural final no 
momento de a caracterização na análise da 
deformidade avaliar os seguintes aspectos: 
Localização, extensão, aspecto, correlação, desvios 
da normalidade anatômica, sexo, idade, cor da pele, 
atividade laborativa. 
Exemplos: paralisia facial traumática, mutilação da 
orelha externa do apêndice nasal, dos membros, das 
mamas, queimaduras extensas, cicatrizes extensas e 
deformantes. 
 
V. Aborto 
“Empregar violência contra mulher cuja gravidez não 
ignora ou é manifesta, causando-lhe aborto”. 
Perícia: estabelecer a existência da gravidez; do 
aborto; das condições anteriores do produto da 
concepção. Nexo de causalidade entre a lesão e o 
resultado; as condições da gestante, se possível, a 
intenção do agente. 
Sinais de certeza de gravidez + conhecimento do 
acusado + nexo causal: lesão corporal dolosa. 
 
LESÃO CORPORAL SEGUIDA DE MORTE 
Terceiro parágrafo: 
 
A qualificadora só tem sentido, se ao menos 
previsível pelo agente. 
Perícia 
- Provar causalidade 
- Provar sua previsibilidade 
Exemplos 
- Soco e queda da vítima com fratura craniana; 
- Facada ou tiro em região não fatal e lesão de vaso 
calibroso. 
- Paulada na cabeça ou tronco com hemorragia 
interna.