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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM Língua Portuguesa 1º Ano Disciplina: Linguística I Código: Total Horas/1 Ano: 150 Créditos (SNATCA): 6 Número de Temas: 12 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I i Direitos de autor (copyright) Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Almeida Lacerda, No 212 Ponta - Gêa Beira - Moçambique Telefone: +258 23 323501 Cel: +258 82 3055839 Fax: 23323501 E-mail: isced@isced.ac.mz Website: www.isced.ac.mz ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I ii Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direção Académica do ISCED Direção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Elaborado Por: MsC Jane A. Mutsuque ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I iii VISÃO GERAL 1 Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I ................................................................. 1 Objectivos do Módulo....................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ................................................................................ 2 Ícones de Actividades ....................................................................................................... 4 Habilidades de estudo ...................................................................................................... 4 Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 8 Avaliação ........................................................................................................................... 9 TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios 11 Introdução ....................................................................................................................... 11 1.1 A Linguística como Disciplina Científica ................................................................. 11 1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística ............................... 12 1.3 Objecto de Estudo da Linguística ........................................................................... 14 1.4 Ramos da Linguística .............................................................................................. 14 1.5 Matéria e Tarefas da Linguística ............................................................................ 15 1.6 Relação da Linguística com outras Ciências ........................................................... 16 Sumário ........................................................................................................................... 17 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 18 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 18 TEMA II - A GRAMÁTICA 19 Introdução ....................................................................................................................... 19 2.1 Conceito de Gramática ........................................................................................... 19 2.2 Componentes/Classificação da Gramática............................................................. 20 2.3 Áreas de Estudo da Gramática ............................................................................... 21 2.4 Função da Gramática.............................................................................................. 21 2.5 Tipos de Gramáticas ............................................................................................... 21 Síntese ............................................................................................................................. 23 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 23 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 24 TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) 25 Introdução ....................................................................................................................... 25 2.4 Conceito ………………………………. .............................................................................. 25 3.2 Origem e Evolução da Linguagem .......................................................................... 26 3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem ........................................................................... 26 3.4 Tipos de Linguagem ................................................................................................ 28 3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) .............................. 29 Síntese ............................................................................................................................. 30 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 31 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 31 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I iv TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA 32 Introdução ....................................................................................................................... 32 4.1 Conceito de Fonética .............................................................................................. 32 4.2 As Propriedades Articulatórias ............................................................................... 32 4.3 Componente da Fonética ....................................................................................... 33 4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano .................................................... 34 Síntese ............................................................................................................................. 37 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 37 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 37 TEMA V- TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons 38 Introdução ....................................................................................................................... 38 5.1 Alfabeto Fonético Internacional ............................................................................. 38 5.2 Classificação dos Sons Linguísticos......................................................................... 41 Síntese ............................................................................................................................. 45 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 46 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 46 TEMA VI - PRINCÍPIOS DA FONOLOGIA 47 Introdução ....................................................................................................................... 47 6.1 Conceito de Fonologia ............................................................................................ 47 6.2 Fonema, Fones e Alofones ..................................................................................... 47 Síntese ............................................................................................................................. 53 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 53 Exercício de Aplicação ..................................................................................................... 54 TEMA VII - PRINCÍPIOS DA MORFOLOGIA 55 Introdução ....................................................................................................................... 55 7.1 A Concepção de Morfologia ................................................................................... 55 7.2 Critérios da Definição da Palavra ........................................................................... 55 7.3 Tipos de Morfemas ................................................................................................. 57 7.4 Estrutura Interna da Palavra .................................................................................. 59 7.5 Palavras Simples e Complexas................................................................................ 61 Síntese ............................................................................................................................. 63 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 63 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 64 TEMA VIII - A SINTAXE (NOÇÃO E ESTRUTURA DOS CONSTITUINTES) 65 Introdução ....................................................................................................................... 65 8.1 Conceito de Sintaxe ................................................................................................ 65 8.2 Estrutura dos Constituintes (constituintes imediatos) .......................................... 66 8.3 Frase, Oração e Período ......................................................................................... 74 Síntese ............................................................................................................................. 77 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 78 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 78 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I v TEMA IX - INTRODUÇÃO À SEMÂNTICA 79 Introdução ....................................................................................................................... 79 9.1 Conceito da Semântica ........................................................................................... 79 9.2 Noção de Sema ....................................................................................................... 80 9.3 Relações de Sentido (identidade ou igualdade de sentido) ................................... 81 9.4 Relações de Oposição ou Dissemelhança de Sentido ............................................ 82 9.5 Distinção entre Conotação e Denotação: .............................................................. 85 Síntese ............................................................................................................................. 85 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 86 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 86 TEMA X - INTRODUÇÃO À PRAGMÁTICA 88 Introdução ....................................................................................................................... 88 10.1 Conceito de Pragmática ....................................................................................... 88 10.2 Princípios da Pragmática: Actos Ilocutórios ......................................................... 89 Síntese ............................................................................................................................. 91 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 92 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 92 TEMA XI - LÍNGUA: Falada e Escrita 93 Introdução ....................................................................................................................... 93 11.1 Acepções sobre o Conceito de Língua. ................................................................. 93 11.2 Diferenças entre a Língua e Fala .......................................................................... 96 11.3 Relação das Línguas com a Escrita ....................................................................... 96 Síntese ............................................................................................................................. 97 Auto-Avaliação ................................................................................................................ 98 Exercícios de Aplicação ................................................................................................... 98 TEMA XII - NOÇÕES DE SOCIOLINGUÍSTICA E PSICOLINGUÍSTICA 99 Introdução ....................................................................................................................... 99 12.1 Sociolinguística ..................................................................................................... 99 12.2 Conceito de Psicolinguística ............................................................................... 106 Síntese ........................................................................................................................... 107 Auto-Avaliação .............................................................................................................. 108 Exercícios de Aplicação ................................................................................................. 108 RESOLUÇÃO DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO 110 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 114 ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 1 VISÃO GERAL Benvindo à Disciplina/Módulo de Linguística I Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Linguística I deverá ser capaz de: conhecer os conceitos básicos da linguística, destacando seus objectivos, sua sistematização, seus procedimentosconcebidos para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenómenos que afectam as situações linguísticas numa perspectiva geral. Objectivos Específicos Definir Linguística e suas importância. Fazer um breve percurso histórico da disciplina. Conhecer as diferentes formas manifestação da linguagem; Conhecer a gramática e seus componentes. Saber reconhecer os fenómenos de variação linguística. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 1º ano do Curso de Licenciatura em Língua Portuguesa do ISCED. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 2 Como está estruturado este módulo Este módulo, à semelhança dos restantes do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os exercícios de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e actividades prátilcas, sendo algumas de estudo de caso. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 3 Outros recursos A equipa dos acadêmicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, num cantinho recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 4 Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza diadáctico- Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de confiança, classificamo-las de úteis, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de Actividades Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 5 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 6 juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos os conteúdo de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimento, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistemáticamente), não estudar apenas para responder a questões de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto temposerá dedicado ao estudo e a outras actividades. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 7 É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar. Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Daí a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 8 As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as suas sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver habito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 9 Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamentada de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 10 Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 11 TEMA I - CONSIDERAÇÕES GERAIS À DISCIPLINA: Natureza, objectivos e Princípios Introdução Caro estudante, vais iniciar os seus estudos na disciplina de Linguística com um tema que faz uma breve introdução à cadeira. As informações que aqui são vinculadas irão permitir que você tenha uma visão geral da linguística como disciplina científica; sobre o panorama histórico, o objecto de estudo da disciplina; os ramos da disciplina e a relação da linguística com outras ciências. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Definir linguística; Descrever todos o processo histórico do surgimento da Linguística; Indicar as fases porque a Linguística passou; Descrever os ramos da linguística; Identificar o principal objecto de estudo da Linguística; Relacionar a linguística com outras ciências. 1.1 A Linguística como Disciplina Científica As questões teóricas relativas à linguagem e às línguas, e as análises decorrentes da investigação integrada em quadros teóricos, ainda que possam constituir o conteúdo de gramáticas gerais ou particulares pertencem, na realidade, à ciência da linguagem denominada Linguística. Este termo foi utilizado pela primeira vez em alemão – Sprachwissenschaft – numa obra de 1833, indica o estudo das línguas “por si mesma” e não como reflexo de uma lógica filosófica ou como uma arte de bem falar. A linguística é um estudo científico porque assenta em pressupostos teóricos coerentes, utiliza objectividade e rigor na descrição dos dados e apresenta hipóteses de explicação com base nos pressupostos ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 12 teóricos, hipóteses que podem ser confirmadas ou refutadas perante os dados das línguas em análise. 1.2 Fases da Linguística - Histórico do Surgimento da Linguística Há relatos por parte de vários linguistas que a Linguística enquanto disciplina cientifica o surgiu com aLinguística Moderna no final do século XIX. Aqui vamos avançar até chegar ao início de século XXI, apresentando um amplo painel das escolas linguísticas modernas e contemporâneas, sem descuidar da influência exercida por estudiosos de outras áreas sobre as investigações da linguagem humana. Partindo de Platão, Aristóteles, dos estóicos e dos primeiros gramáticos da Antiguidade, a linguística vai além de Saussure, Bakhtin e Chomsky, elencando os principais nomes e vertentes deste campo e projectando luzes sobre as tendências teóricas que vieram a se tornar dominantes na Linguística no século que terminou e no actual século. Os estudos da língua passaram por três fases sucessivas e distintas: a Gramática, que visava unicamente a formular regras para definir o que é certo e o que é errado; a Filologia, que se preocupou em comparar textos de épocas diferentes para determinar as peculiaridades de cada autor, antecedendo a Linguística Histórica; e a Gramática Comparada, que, ao justapor línguas diferentes, como o sânscrito, o grego e o latim, concluiu que todas pertenciam à mesma família, sendo possível, por exemplo, explicar as formas de uma língua pelas formas de outra. A fase da Gramática Comparada descobriu-se aspectos ligados a existência de uma relação entre os paradigmas gregos e latinos. Estes estudos foram desenvolvidos por Franz BOPP. Ele observou que o ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 13 paradigma sânscrito deixa clara a noção de radical, elemento determinável e fixo numa série de palavras da mesma família. Assim, o sânscrito ajudou muito as pesquisas linguísticas, pois acabou esclarecendo outras línguas. Muitos foram os linguistas que se evidenciaram na genesse dos estudos linguísticos: Jacob Grimm, Pott, Kuhn, Aufrecht, Max Müller, Curtius e Schleicher. Alguns deles se aprofundaram nos estudos comparativos, conciliando a Gramática Comparativa com a Filologia, fases que, como vimos, antecederam a Linguística, fazendo surgir, assim, a escola comparatista. Porém, tal escola nunca se preocupou em determinar a natureza das línguas. Sem essa preocupação, ela não se constituiu em uma ciência, já que não estabeleceu métodos. Nota-se que a condição básica para o surgimento de uma ciência é o estabelecimento de métodos. Essa escola foi exclusivamente comparativa, em vez de histórica. Além disso, ela nunca se questiona os motivos de fazer tais comparações, portanto, dela nada se pode concluir. Os estudos comparativos acabaram por não corresponder à realidade, portanto, passaram a ser estranhos às condições da linguagem, por isso foram considerados excêntricos e erróneos. Porém, esses erros acabaram sendo importantes, pois originaram as pesquisas científicas e os estudos de Linguística propriamente ditos. Isso está bem claro: os erros de uma teoria levam ao surgimento de outras. A comparação é apenas um método. É assim que se dá o início a Linguística como uma ciência da linguagem. Ela nasceu do estudo das línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem. As pesquisas linguísticas tornaram- se concretas, já que contaram com a ajuda de numerosos documentos que perduraram durante séculos. Tais documentos permitiam acompanhar a evolução dos idiomas, em especial do latim, protótipo ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 14 das línguas românicas; e do germânico, protótipo das línguas indo- européias. Com o fracasso dos estudos comparativos formou-se a escola dos neogramáticos, fundada por alemães. Essa escola consistiu em colocar numa perspectiva histórica todos os resultados do método comparativo. Graças a esses estudos, não se considerou mais a língua como um organismo autónomo, mas sim como um produto colectivo de grupos linguísticos. Esse fato acabou se transformando em algo de grande importância para o campo da Linguística Geral, embora esta ainda tenha algumas questões a serem esclarecidas. Sem dúvida, esse campo é por demais abrangente, o que impede de se encerrarem ou de se concluírem seus estudos. 1.3 Objecto de Estudo da Linguística A Linguística, tal como qualquer outra ciência detentora de qualquer que seja o método de investigação. No caso, o objecto de estudo da Linguística é a linguagem humana. Daí podemos definir a Linguística como sendo o estudo científico da linguagem humana em suas diversas manifestações. Estudar a linguagem humana em suas realizações é estudar as componentes da gramática, que são: fonética, fonologia, morfologia, sintaxe, semântica e pragmática, estilística, terminologia e filologia. 1.4 Ramos da Linguística A Linguística enquanto disciplina científica abarca dois ramos: a descritiva e a aplicada. Para compreenderes melhor, leia atentamente o trecho que se segue. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 15 Linguística Descritiva A Linguística Descritiva tem o trabalho de analisar e de descrever como língua é falada (ou como foi falada no passado) por um grupo de povos em uma comunidade do discurso. A linguística descritiva moderna é baseada em uma aproximação estrutural à língua. A descrição linguística é contrastada frequentemente com prescrição linguística. A prescrição procura definir formulários da língua padrão e dar o conselho no uso da língua eficaz, e pode ser pensada como tentativa de apresentar as frutas da pesquisa descritiva em um formulário, embora extrai também em uns aspectos mais subjectivos da estética da língua. A prescrição e a descrição são essencialmente complementares, mas têm prioridades diferentes e são vistas às vezes para estar no conflito. A descrição exacta do discurso real é um problema difícil, e os linguistas foram reduzidos frequentemente às aproximações. Quase toda a teoria linguística tem sua origem em problemas práticos da linguística descritiva. Fonologia (e seus desenvolvimentos teóricos, tais como fonema) trata da função e da interpretação do som na língua. Sintaxe tornou-se para descrever as réguas a respeito de como as palavras relacionam-se a fim dar forma a sentenças. Lexicologia, colecta de “palavras” e suas derivações e transformações: não causou a teoria muito generalizada. 1.5 Matéria e Tarefas da Linguística Todas as manifestações da linguagem humana, seja de povos selvagens ou civilizados, arcaicos ou contemporâneos, constituem a matéria da Linguística. Porém, a linguagem escapa, muitas vezes, da observação, por isso os linguistas devem levar em conta os textos orais e escritos, que servirão de base para seus estudos. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 16 A Linguística tem três tarefas básicas: Descrever a história das línguas; Determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos da língua; e Definir a si própria. Pode-se dizer que poucas pessoas têm a respeito ideias claras; porém e evidente, por exemplo que as questões linguísticas interessam a todos como: historiadores, filólogos, etc. A sua importância está vidada para a cultura geral, ou seja na vida dos indivíduo as e das sociedades. Recordemos que a linguagem constitui o factor mais importante que qualquer outro. Resumindo podemos dizer que o estudo da linguagem não é exclusividade de especialistas, todos se interessam pelos estudos da língua, em maior ou menor proporção. Porém, em última análise cabe ao linguista a tarefa de denunciar e dissipar os erros cometidos ao se estudar uma determinada língua. Até aqui já fizemos uma resenha histórica da linguística enquanto disciplina científica, falamos do conceito, do seu objecto de estudo,das componentes, dos ramos e da matéria e da tarefa da linguística. Para terminarmos esta unidade, vamos falar da importância e relação que a linguística estabelece com outras disciplinas científicas. 1.6 Relação da Linguística com outras Ciências A Linguística estabelece uma estreita relação com outras ciências, como a Antropologia, a Psicologia e a Sociologia. Ora, se a linguagem é social, obviamente a Linguística se relaciona com a Sociologia. Pode-se afirmar, também, que na língua tudo é psicológico. Daí sua relação com a Psicologia. E por fim, como a língua é objecto humano, a Linguística ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 17 relaciona-se com a Antropologia. Convém deixar claro que, embora se relacionem, há muitos pontos que diferem a Linguística dessas outras ciências. Ademais, é certo que tudo o que se refere ao estudo da linguagem desperta o interesse de especialistas e estudiosos de outras áreas, como historiadores e filólogos, pois eles precisam trabalhar com textos. Sem contar a importância dada à Linguística para a cultura geral, tanto do indivíduo quanto da sociedade. Sumário Linguística é uma área de estudo científico sobre a linguagem humana em suas diversas manifestações. O estudo da linguística é feito através dos vários componentes da gramática, a saber: a fonética, a fonologia, a morfologia, a sintaxe, semântica e pragmática, estilística, terminologia, a filologia, a psicolinguística e a sociolinguística. A Linguística enquanto ciência da linguagem nasceu do estudo das línguas românicas e das germânicas. Esse estudo aproximou a ciência de seu objecto de estudo, ou seja, a Linguística da linguagem. Os principais ramos da linguística são: linguística descritiva que trabalha na análise e descrição da língua e linguística aplicada que é um campo interdisciplinar de estudo que identifica, investiga e oferece soluções para os problemas relacionados com a linguagem da vida real. A linguística tem três principais tarefas: a de descrever a história das línguas, determinar as leis gerais a que possam se referir os fenómenos da língua e definir a si própria. Ela relaciona-se com a com outras ciências, tais como a Antropologia, a Psicologia, Filosofia, História, Filologia, Sociologia, entre outras. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 18 Auto-Avaliação Exercícios de Aplicação 1. Distinga, com exemplos práticos, a linguística aplicada da linguística descritiva. 2. Qual é a relação da linguística com a literatura e a filosofia? 3. Porque é que se considera a linguagem humana como objecto de estudo da linguística? 1. Apresente uma definição válida para a linguística. 2. Qual era o fundamento da escola dos neogramáticos? 3. Quais são os ramos da linguística? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 19 TEMA II - A GRAMÁTICA Introdução No tema hora sugerido vais poder compreender os fenómenos por detrais da origem e evolução da Gramática. É importante compreenderes que a gramática é o principal instrumento orientador dos estudos linguísticos. Entre outros tópicos, terás a possibilidade de compreender as componentes da gramática, as áreas de estudo da gramática, as função da gramática e os tipos de gramáticas existentes. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos Específicos Definir o conceito de gramática; Indicar as componentes da gramática; Distinguir os diferentes tipos da gramática; e Reconhecer as diferentes funcionalidades da gramática. 2.1 Conceito de Gramática Gramática (do grego: γραμματική, transl. grammatiké, feminino substantivado de grammatikós) é o conjunto de regras individuais usadas para um determinado uso de uma língua, não somente da norma culta, mas também de variantes não padrão. É ramo da Linguística que tem por objetivo estudar a forma, a composição e todas as questões adicionais de uma determinada Língua. A partir deste conceito, pode-se definir que cada língua tem sua própria gramática, mas nem toda língua tem sua própria linguística. A linguística é única para todas as línguas existentes, já a gramática é única para cada língua. Normalmente o conceito de gramática inclui a ortografia. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 20 2.2 Componentes/Classificação da Gramática Para compreenderes melhor acerca das componentes da gramáticas, que na verdade serão os objectos dos seus estudos ao longo do curso, vamos apresentar sinteticamente conceitos gerais das respectivas componentes: Morfologia preocupa-se com estudo da palavra e a sua estrutura interna, olhando para o seu elemento mínimo de análise, o morfema. Sintaxe estuda a estrutura da frase numa determinada língua, bem como as relações entre as palavras dentro da frase. Fonética dedica-se ao estudo dos sons da fala desde a produção à percepção, tendo como elemento mínimo de análise o fone. Fonologia preocupa-se com a organização dos sons fornecidos pela fonética em sistemas e modelos sonoros numa língua particular, tendo como elemento mínimo de análise o fonema. Lexicologia estuda o conjunto das palavras de um idioma, ramo de estudo que contribui para a lexicografia, área de actuação dedicada à elaboração de dicionários, enciclopédias e outras obras que descrevem o uso ou o sentido do léxico. Terminologia dedicada seus estudos ao conhecimento e análise dos léxicos especializados das ciências e das técnicas. Estilística estuda o estilo na linguagem. Semântica debruça sobre o significado das palavras, bem como o sentido que elas têm entre si dentro da frase. Pragmática estuda os princípios que regulam a actividade verbal, isto é, estuda o funcionamento da língua segundo os contextos diferentes. Filologia é o estudo dos textos e das linguagens antigas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 21 2.3 Áreas de Estudo da Gramática Para além das componentes acima mencionadas, a linguística comporta as seguintes áreas: Sociolinguística, que se preocupa com o estudo da língua como um factor social. Psicolinguística, que estuda a relação entre a linguagem e o cérebro humano. 2.4 Função da Gramática A Gramática tem como principal função regular a linguagem e estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. Graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua portuguesa. Uma boa Gramática deve ser capaz de extrapolar a visão reducionista que faz da língua um amontoado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. A Gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável somos nós, agentes da comunicação. 2.5 Tipos de Gramáticas Por ser um sistema complexo e passível de diversas concepções, a Gramática apresenta abordagens diversas, sendo dividida, então, em tipos distintos: Gramática Normativa ou Prescritiva Bastante utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos, a Gramática Normativa busca a padronização da língua, indicando através ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 22 de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Aqui a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos os falantes da língua. Gramática Histórica Investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos. Gramática Descritiva A Gramática Descritiva analisa um conjunto de regras que são seguidas, considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso sistema linguístico. Gramática Comparativa Estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas. A língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Entretanto, não devemos desconsiderar a importância das regras que preservam este que é nosso maior patrimônio cultural: nossa língua portuguesa. Façamos então um bom proveito da Gramática! ATENÇÃO: Uma gramática assim concebida diferencia-se da gramática normativa que procura regular o bom uso da língua, motivo pelo qual apresenta graves lacunas relativamente à descrição da linguagem que os falantes ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 23 realmente utiliza (por se reportar sempre a um modelo conservador) e não toma em consideração as análises explicativas do funcionamento das estruturas linguísticas. Síntese Auto-Avaliação Questões: Em síntese, a gramática é a descrição estrutural do funcionamento dos sistemas de elementos de uma linguagem particular, portanto, beneficia da investigação linguística, abrange as grandes da língua e deve permitir uma difusão adequada dos conhecimentos alcançados no campo teórico e na aplicação a essa língua. Sobre os tipos de gramática é importante reter que existem três tipos: gramática tradicional, gramática prescritiva ou normativa e a gramática descritiva e gramática interiorizada (que tem muito a ver com competência). 1. Atribua o valor de falso [F] e verdadeiro [V] para as afirmações abaixo e justifica cada escolha feita. a) Quando um indivíduo de classe intelectual mantém seu nível de linguagem perante um indivíduo de classe baixa trata-se de competência linguística. [ ] b) Quando fazemos o uso adequado dos vários recursos linguísticos estamos perante metalinguística. [ ] c) A habilidade de compreender e interpretar textos tendo em conta a maneira de falar da comunidade linguística tem a ver com a competência textual. [ ] ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 24 Auto-Avaliação 1. Explique conceito de universais linguístico. Dê exemplo prático. 2. Faça uma breve síntese sobre os tipos de gramática existente. 3. Da lista que se segue indique os que pensa que não constituem universais linguísticos. Justifique. a) Prefixos; b) Palavras que referem grau de parentesco (pais, irmãos, sogros, cunhados, etc.). c) Pronomes; d) Sistemas escritos; e) Formas arbitrariamente associadas e significados; ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 25 TEMA III - A LINGUAGEM (HUMANA) Introdução Como já pudeste estudar nas unidades anteriores, a linguagem humana é o principal objecto de estudo da linguística. Nesta vertente vais poder compreender os diferentes conceitos em torno da linguagem; a gênese do surgimento desta que é a principal distinção entre os homens e os animais. Vais estudar igualmente as diferentes teorias filosóficas que definem a origem da linguagem humana. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir o conceito de linguagem; Reconhecer as diferentes teorias filosóficas da linguagem; Distinguir os diferentes tipos de Linguagem; Compreender a diferença entre a linguagem humana e a não humana. 2.4 Conceito Linguagem é a capacidade que possuímos de expressar nossos pensamentos, ideias, opiniões e sentimentos. A Linguagem está relacionada a fenómenos comunicativos; onde há comunicação, há linguagem. Podemos usar inúmeros tipos de linguagens para estabelecermos actos de comunicação, tais como: sinais, símbolos, sons, gestos e regras com sinais convencionais (linguagem escrita e linguagem mímica, por exemplo). Num sentido mais genérico, a Linguagem pode ser classificada como qualquer sistema de sinais que se valem os indivíduos para comunicar-se. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 26 3.2 Origem e Evolução da Linguagem A curiosidade sobre nós próprios e sobre o nosso dom mais invulgar – a linguagem – tem-nos também conduzido a inúmeras teorias sobre a origem e evolução da linguagem. Nada nos permite “aprovar” ou “negar” essas hipóteses embora possam contribuir para a descoberta da natureza da linguagem. Biológicos e linguistas mostram hoje em dia um interesse renovado na questão da origem da linguagem. Várias teorias evolucionistas propostas recentemente opõem-se quer à teoria da origem divina quer à da invenção. Sugere-se, de facto, que no decurso da evolução tanto as espécies humanas como a linguagem desenvolveram-se. Alguns estudiosos defendem a ideia que esse desenvolvimento ocorreu simultaneamente e que, desde o início, o animal humano estava preparado para aprender a linguagem. Na realidade, há quem acredite que é a linguagem que torna humana a natureza humana. Estudos sobre o desenvolvimento evolucionário do cérebro apontam no sentido da existência de condições prévias de carácter fisiológico, anatómico e “mental” que permitem o desenvolvimento linguístico. 3.3 Teorias Filosóficas da Linguagem As reflexões sobre a origem da linguagem verbal são controversas, visto que tem levado debates e propostas de muitos linguistas sem no entanto chegarem a um consenso comum. Existem diversas teorias filosóficas sobre a origem da linguagem verbal, a destacar: a) Teoria monogenética, dizia que, assim como o homem nasceu de um só, as línguas também surgiram duma única, que depois sucedeu famílias linguísticas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 27 b) A linguagem é de invenção humana, cujo defensor é o filósofo grego Platão, dizia que não foi Deus que atribuiu a faculdade de falar aos homens, mas sim o “legislador” que atribuiu nomes verdadeiros a todas as coisas. Mais adiante dizia que, não é todo homem que pode dar nome, mas sim o criador de nomes que é o Legislador. c) A linguagem é de origem divina (dom de Deus), que defende que "ainda não foi proposta nenhuma teoria aceitável que explica satisfatoriamente a faculdade que o homem tem de falar, ou seja a linguagem sem a existência de um criador." Houve “experiências” lendárias em que se isolaram crianças na esperança de as primeiras palavras que articulassem revelariam a língua original. As crianças aprenderam a língua que se lhes fala; se não ouvirem falar, também não falarão. Casos concretos de crianças socialmente isoladas mostram que a linguagem se desenvolve apenas quando se verifica contacto linguístico suficiente. d) A linguagem como um conhecimento natural, que dizia que o homem tem a capacidade para aprender (adquirir) a língua e já nasce com esta capacidade inata, o que significa que a capacidade para falar uma língua é inata. Noam Chomsky, defende que ninguém ensina uma criança a falar, ela nasce com uma capacidade para por si só, poder falar. Chomsky, diz ainda que a criança nasce com LAD (Language Acquisition Device), que é o mecanismo de aquisição de linguagem, que faz com que ela fale. Herder considerou que a linguagem e o pensamento são inseparáveis e que, o homem nasce com uma capacidade para desenvolvero pensamento e a fala. ATENÇÃO: Não existe uma teoria aceitável que explique satisfatoriamente sobre a origem do homem, do universo também não existe uma teoria que explique satisfatoriamente sobre a origem da linguagem. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 28 3.4 Tipos de Linguagem A linguagem pode ser: Verbal: a Linguagem Verbal é aquela que faz uso das palavras para comunicar algo. Figura 1 – Exemplos de Linguagem Verbal As figuras acima nos comunicam sua mensagem através da linguagem verbal (usa palavras para transmitir a informação). Não Verbal: é aquela que utiliza outros métodos de comunicação, que não são as palavras. Dentre elas estão a linguagem de sinais, as placas e sinais de trânsito, a linguagem corporal, uma figura, a expressão facial, um gesto, etc. Figura 2 – Exemplos de Linguagem Não Verbal Essas figuras fazem uso apenas de imagens para comunicar o que representam. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 29 3.5 Linguagem humana vs. Linguagem Não-humana (diferenças) Para compreenderes com alguma facilidade as diferenças que existem entre a linguagem humana e da linguagem não-humana deves ter na mente que existem uma certa semelhante destes conceitos com os códigos linguísticos e não-linguísticos. Por exemplo, os códigos linguísticos são usados pelos humanos – usam a palavra articulada, quer por via escrita, quer por via oral, e os códigos não-linguísticos, que também são usadas pelos humanos e não humanos, não usam a palavra articulada: são os casos de sinais, sons, desenhos, para os humanos e para os não-humanos, as "linguagens" dos animais (dança das abelhas, etc.). Algumas Componentes da Linguagem Humana A linguagem humana compõe-se por: linguagem verbal, que se manifesta através da escrita e fala e linguagem não-verbal, que se manifesta através de símbolos, de gestos e pelos códigos não- linguísticos. O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua. Códigos conjunto de sinais vocais ou visuais que permitem a comunicação dos membros duma dada sociedade. Ex: linguagem da estrada; dos autistas; linguagem jurídica, médica e científica. Os códigos pela sua natureza, dividem-se em sinais e índices. Sinais, factos produzidos artificialmente que têm como objectivo a intenção de comunicar. Ex: A bandeira vermelha numa praia, franzir a testa, placas de sinalização nas estradas. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 30 Índices, factos perceptíveis que transmitem alguma mensagem, embora não tenham intenção de comunicar. Ex: nuvens negras no céu; as pegadas. A diferença que existe entre os termos acima, é que enquanto os sinais, são factos artificiais (produzidos pelo homem), os índices em algum momento são naturais. Todos estes elementos fazem parte de um código. A principal característica das linguagens humana e animal é o aspecto criativo, enquanto o homem pode criar o animal não pode. O alfabeto grego contem vinte e seis sons, que a partir dos quais podemos formar palavras obedecendo certas regras, e daí podemos formar as unidades maiores (frases). Sendo assim, admite-se que o homem tem o conhecimento linguístico2. Síntese 2 Conhecimento linguístico, consiste no conhecimento de um gama finita de palavras e na capacidade de juntá-las para produzir um número infinito de frases. A este processo que o Homem tem de combinar uma gama finita de palavras para formar frases segundo certas regras denomina-se dupla articulação. A linguagem humana utiliza os códigos linguísticos (palavras escrita e oral). A linguagem não-humana recorre somente aos sinais, sons, desenhos para a comunicação. O homem também usa a linguagem não- humana. O Homem quando usa a língua para se comunicar está usando os códigos pertencentes à sociedade na qual se insere, usa sinais, índices e necessita de certo conhecimento da língua. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 31 Auto-Avaliação 1. Qual é a teoria filosófica que melhor explica a origem da linguagem humana? 2. Explicite a principal diferença existente entre o processo de comunicação nos homens e nos animais. De exemplos concretos. Exercícios de Aplicação 1. Conceptualize os termos, códigos, sinais e índice, e de seguida apresente um exemplo para cada termo. 2. Identifique os tipos de comunicação efectuadas entre as abelhas e de seguida estabeleça a(s) diferença(s) entre as mesmas. 3. Faça uma breve síntese sobre a evolução da linguagem humana. 4. Qual foi a influência de Chomsky para os estudos da linguagem humana? 5. Invente a sua própria teoria sobre a origem da linguagem humana. Poderá por exemplo sugerir que a linguagem nasceu quando criaturas extra-terrestres que já tinham linguagem possuíram os corpos das mulheres das cavernas… 6. Identifique os tipos de linguagem que conheces. 7. Considerando as teorias: origem divina, invenção humana, conhecimento natural e a teoria monogenética, qual é o que satisfaz a sua convicção individual? Explique-se. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 32 TEMA IV - PRINCÍPIOS DA FONÉTICA Introdução Na construção de uma língua é preciso, em primeiro lugar, pensar em fonologia e fonética. Bom, a fonologia estuda o comportamento dos sons e dos fonemas numa língua, enquanto a fonética estuda os sons e ecos fonemas (incluindo a sua evolução) ou por outra, é o estudo dos sons da fala desde a sua produção da parte do emissor e da sua percepção, da parte do receptor. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Definir o conceito de fonética; Reconhecer as principais propriedades articulatórias da fonética; Reconhecer os principais órgãos do funcionamento do aparelho fonador humano. 4.1 Conceito de Fonética O estudo da Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos sons da fala, dividindo-se, de acordo com o seu objecto, em fonética articulatória, acústica e perceptiva. Nesta apresentação são consideradas apenas as propriedades articulatórias e as propriedades acústicas dos sons. 4.2 As Propriedades Articulatórias Quando o estudo dos sons tem em conta a posição e o movimento dos articuladores estamos no domínio da fonética articulatória. Deste ponto de vista, devem considerar-se os seguintes aspectos: ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 33 a. O som é produzido pela pressão exercida pelos pulmões que são uma fonte de energia e colocam em movimento as partículas do ar neles contido. O ar passa então pela laringe, na qual se encontra um orifício, a glote, onde se localizam as cordas vocais que, ao vibrarem, actuam como uma fonte sonora. Os sons produzidos com vibração das cordas vocais são vozeados (ou sonoros) – as obstruintes sonoras (oclusivas e fricativas), todas as vogais e as consoantes nasais e líquidas (laterais e vibrantes). b. Em seguida, o ar entra na cavidade bucal que actua como uma caixa de ressonância. Nesta cavidade, os articuladores activos, com mobilidade – lábios, língua, palato mole ou véu palatino, e a úvula – e passivos, sem mobilidade – palato duro, alvéolos dentários e maxilar inferior –– têm funções na definição do som que o falante pretende produzir (vogais, semivogais e consoantes). Se o ar passar também pela cavidade nasal por abaixamentodo véu palatino produz-se um som nasal, quer consoante (como [m] ou [n]) quer vogal (como [õ] ou [ɐ͂]). O conjunto dos órgãos do aparelho fonador que se encontram acima da laringe constitui o tracto vocal. 4.3 Componente da Fonética A fonética sendo o estudo dos sons da fala, divide-se em três componentes, que são: Fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador); Fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos físicos; e Fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das reacções do som ao ouvido do receptor. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 34 4.4 Funcionamento do Aparelho Fonador Humano Para que se produzam os sons que caracterizam a fala humana são necessárias três condições: Corrente de ar; Obstáculo à corrente de ar; Caixa de ressonância; O que se traduz no aparelho fonador humano: Os órgãos do aparelho fonador são os seguintes: Pulmões Traqueia Laringe (cordas vocais e glote) Lábios Dentes Alvéolos Palato duro Palato mole (véu palatino e úvula) Parede rinofaríngea Ápice da língua Raiz da língua A figura abaixo ilustra detalhadamente os componentes do aparelho fonador humano. Figura 3 – Órgãos do Aparelho Fonador Humano ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 35 Os pulmões, brônquios e traqueia - são os órgãos respiratórios que permitem a corrente de ar, sem a qual não existiriam sons. A maior parte dos sons que conhecemos são produzidos na expiração, servindo a inspiração como um momento de pausa; no entanto, há línguas que produzem sons na inspiração, como o Zulo e o Boximane - são os chamados cliques. A laringe onde ficam as cordas vocais determina a sonoridade (a vibração das cordas vocais) dos sons. A faringe, boca (e língua) e as fossas nasais - formam a caixa de ressonância responsável por grande parte da variedade de sons. Olhemos por um momento para o esquema do aparelho fonador antes de seguir o percurso do ar na produção de sons. Figura 4 – Esquema do Aparelho Fonador Humano Ao expirar, os pulmões libertam ar que passa pelos brônquios para entrar na traqueia e chegar à laringe. Na laringe o ar encontra o seu ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 36 primeiro obstáculo: a glote (mais ao menos ao nível da maçã-de-adão3), mais conhecida como cordas vocais. Semelhantes a duas pregas musculares, as cordas vocais podem estar fechadas ou abertas: se estiverem abertas, o ar passa sem real obstáculo, dando origem a um som surdo; se estiverem fechadas, o ar força a passagem fazendo as pregas muscular vibrar, o que dá origem a um som sonoro. Para se perceber melhor a diferença, experimente-se dizer "k" e "g" (não "kê" ou "kapa", nem "gê" ou "jê"; só os sons [k] e [g]) mantendo os dedos na maçã-de-adão. No primeiro caso não se sentirá vibração, mas com o "g" sentir-se-á uma ligeira vibração - cuidado apenas para não se dizerem vogais, pois são todas sonoras. A distinção entre surda e sonora pode ser muito bem percebida na pronúncia de duas consoantes que no mais se identificam. Assim: /p/ pé (= surdo); /b/ bé (= sonoro) /t/ tê (= surdo); /d/ dé (= sonoro). Depois de sair da laringe, o ar entra na faringe onde encontra uma encruzilhada: primeiro a entrada para a boca e depois a para as fossas nasais. No meio está o véu palatino que permite que o ar passe livremente pelas duas cavidades, originando um som nasal; ou que impede a passagem pela cavidade nasal, obrigando o ar a passar apenas pela cavidade bucal - resultando num som oral. A corrente expiratória, ao sair da laringe, entra na cavidade da faringe que lhe oferece duas vias de acesso ao exterior o canal bucal e o nasal com a finalidade de determinar o som oral (= bucal) e o som nasal (= 3 Também chamada de gogó no Brasil, é uma saliência da cartilagem tiróide, existente abaixo do osso hióide, junto à laringe, no pescoço humano, um dos órgãos envolvidos no processo de fala. Esse crescimento é maior nos indivíduos do sexo masculino, pela maior presença de hormónios masculinos, principalmente a testosterona. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 37 nasal). Veja a pronúncia das vogais: /a/ (oral), /ã/ (nasal) Conforme as palavras: /a/ lá (oral), /ã/ lã (nasal) /a/ mato (oral), /ã/ manto (nasal). A diferença é óbvia: compare-se o primeiro "a" em "Ana" com o de "manta". A primeira vogal é oral e a segunda é nasal. Por fim, o ar está na cavidade bucal (a boca) que funciona como uma caixa de ressonância onde, usando os maxilares (8), as bochechas e, especialmente, a língua (9) e os lábios (10), podem modular-se uma infinidade de sons. Síntese Fonética ocupa-se da produção, da transmissão e da percepção dos sons da fala humana. Sendo a fonética o estudo dos sons da fala, divide- se em três componentes: fonética articulatória, que se dedica a parte articulatória, envolvendo os articuladores (órgãos do aparelho fonador); fonética física, que estuda os sons da fala como fenómenos físicos e fonética auditiva ou perceptiva, que se dedica ao estudo das reacções do som ao ouvido do receptor. Apesar das limitações, o AFI (Alfabeto Fonético Internacional) constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. Auto-Avaliação 1. Quais são as principais componentes da fonética? Exercícios de Aplicação 1. Como é que os sons da fala humana são produzidos? 2. Como os sons da fala são transmitidos? 3. Como os sons da fala são entendidos? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 38 TEMA V - TRANSCRIÇÃO FONÉTICA: Classificação dos Sons Introdução Os estudos linguísticos são maioritariamente sustentados pela transcrição fonética. Neste capitulo vais poder compreender o contexto de surgimento do Alfabeto Fonético Internacional e sua funcionalidade. Nesta mesma linha terás a oportunidade de reconhecer as diferentes classificação dos sons da fala. Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de: Objectivos específicos Compreender a importância do Alfabeto Fonético Internacional para os estudos linguísticos; Reconhecer os vários símbolos e diacríticos do AFI; Reconhecer a classificação dos sons da fala: sons vocálicos e consonânticos. 5.1 Alfabeto Fonético Internacional A consciência da necessidade do estabelecimento de um sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade científica levou, no fim século antepassado, à proposta de um alfabeto fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês International Phonetic Alphabet). Apesar das limitações, o IPA constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar que uma transcrição4 fonética é sempre uma representação simbólica, 4 Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 39 necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades que as caracterizam. Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações secundárias. No fim do século antepassado, surgiu a necessidade de estabeler-se um sistema notacional que obtivesse a aceitação geral por parte da comunidade científica. Isso levou à proposta de um alfabeto fonético único, por parte da Associação Internacional de Fonética: o Alfabeto Fonético Internacional (AFI ou, mais vulgarmente, IPA, do Inglês International Phonetic Alphabet). Apesar das limitações, o AFI constitui hoje uma ferramenta básica para qualquer estudo dos sons da linguagem, quer como sistema de notação propriamente dito quer sistema de referência. É importante sublinhar que uma transcrição fonética é sempre uma representação simbólica, necessariamente abstracta, que não se substitui às realizações sonoras propriamente ditas, mas apenas descreve um conjunto de propriedades que as caracterizam. Existem duas maneiras de utilizar os caracteres do alfabeto fonético internacional para transcrever um determinado idioma: pode-se representar os fonemas, através da transcrição fonológica (que transcreve os caracteres entre barras) e a transcrição fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres entre colchetes). fonética, que representa os sons dos fonemas (e costuma transcrever os caracteres entre colchetes). http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Transcri%C3%A7%C3%A3o_fonol%C3%B3gica&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Barra_%28caractere%29 http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete http://pt.wikipedia.org/wiki/Transcri%C3%A7%C3%A3o_fon%C3%A9tica http://pt.wikipedia.org/wiki/Colchete ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 40 Além das próprias letras, existe uma grande variedade de símbolos secundários que auxiliam na transcrição. Os sinais diacríticos podem ser combinados às letras do AFI de maneira a transcrever os valores fonéticos modificados, ou articulações secundárias. Existem também símbolos especiais para características supra-segmentais, como tonicidade e entonação, que são utilizados com frequência. Símbolos e Diacríticos do AFI (exemplo do Português) AFI (IPA) ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA ACENTO PRINCIPAL ACENTO SECUNDÁRIO NASALIZAÇÃO VELARIZAÇÃO DESVOZEAMENTO ' ˌ ~ ̴ ̥ café cafezinho fim; menta sal; salta, Elvas pato [kɐ'fɛ] [kɐˌfɛ'ziɲu] [fĩ]; ['m tɐ] [saɫ]; ['saɫtɐ]; ['ɛɫvɐ] ['patu̥] Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.125. Alfabeto Fonético Internacional AFI (IPA) ORTOGRAFIA TRANSCRIÇÃO FONÉTICA VOGAIS i e ɛ a ɐ i ɔ o u Fita pela seta cara cama que; se corda mofo mudo ['fitɐ] ['perɐ] ['sɛtɐ] ['karɐ] ['kɐmɐ] [ki]; [si] ['kordɐ] ['mofu] ['mudu] ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 41 SEMI-VOGAIS j w pai, piada pau, soalho [paj]; ['pjadɐ] [paw]; ['swaʎu] CONSOANTES p t k b d g f s ʃ v z ʒ l ʎ r R m n ɲ papo tia; fato casa; baque barba data; arde gato; mago férias; bafo selo; caça; passa chave; festas vaca; cava asa; azul; exacto jacto; agir; asma lado; sala folha; alho caro; parva raiva; palra; carro marca; turma neta; cena unha; pinha ['papu] ['tiɐ]; ['fatu] ['kazɐ]; ['baki] ['barbɐ] ['datɐ]; ['ardi] ['gatu]; ['magu] ['fɛrjɐʃ]; ['bafu] ['selu]; ['kasɐ]; ['pasɐ] ['ʃavi]; ['fɛʃtɐ] ['vakɐ]; ['kavɐ] ['azɐ]; [ɐ'zul]; [i'zatu] ['ʒatu]; [ɐ'ʒir]; ['aʒmɐ] ['ladu]; ['salɐ] ['foʎɐ]; ['aʎu] ['karu]; ['parvɐ] ['Rajvɐ]; ['palRɐ]; ['kaRu] ['markɐ]; ['turmɐ] ['nɛtɐ]; ['senɐ] ['uɲɐ]; ['piɲɐ] Fonte: Faria, Introdução à Linguística Geral e Portuguesa, p.124. 5.2 Classificação dos Sons Linguísticos Para a classificação dos sons é preciso ter em mente três questões importantes: Como é que os sons são produzidos? Como são transmitidos? Como são entendidos? ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 42 Tradicionalmente, devido à complexidade óbvia na classificação segundo a transmissão e a compreensão, a classificação dos sons baseia-se essencialmente no modo como os sons são produzidos, ou seja, na sua articulação. No entanto, em alguns pontos classificatórios também se baseia no modo como são transmitidos, ou seja, na acústica. Como este capítulo não pretende ser exaustivo, mas ajudar quem não tem conhecimentos neste campo, tentarei ser o mais simples e clara que for possível (mesmo que, para isso, simplifique demais a gramática). Os sons classificam-se segundo três categorias: Vogais – os sons produzidos sem obstáculo à passagem do ar na cavidade bucal (apenas varia a abertura à passagem do ar causada pelos maxilares, língua e lábios), e com vibração das cordas vocais. Consoantes – os sons produzidos com obstáculo à passagem do ar na cavidade bucal. Semivogais – dois sons, por exemplo, [j] e [w], que formam uma sílaba com uma vogal - ditongos e tritongos. Pode-se dizer que são quase "formas fracas" de [i] e [u], estando a meio-caminho entre vogais e consoantes. 5.2.1 Classificação das Vogais As vogais da língua portuguesa podem ser classificadas quanto: À região de articulação Palatais ou anteriores (língua elevada na zona do palato duro) Centrais ou médias (língua na posição de descanso) Velares ou posteriores (língua elevada na zona do véu palatino) ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 43 Ao grau de abertura (elevação do dorso da língua em direcção ao palato) Abertas (o maior grau de abertura à passagem do ar) Semi-abertas Semi-fechadas Fechadas (o menor grau de abertura à passagem do ar) Ao arredondamento ou não dos lábios Arredondadas Não-arredondadas Ao papel das cavidades bucal e nasal Orais Nasais 5.2.2 Classificação das Consoantes As dezanove consoantes da língua portuguesa podem ser classificadas quanto: Ao Modo de Articulação - o ar encontra sempre obstáculo à sua passagem: Oclusivas - quando os sons são retidos completamente na cavidade bucal por certo período (o ar é interrompido momentaneamente). Exemplo, na realização das consoantes [p]; [t]; [b]; [k]; [d]. Constritivas - passagem do ar parcialmente obstruída, por exemplo, na consoante [g]. Fricativas - passagem do ar por uma fenda estreita no meio da via bucal; som que lembra o de fricção. Ex: [f]; [v];[s];[z]; [ʃ] e [ʒ]. Laterais - passagem do ar pelos dois lados da cavidade bucal, pois o meio encontra-se obstruído de algum modo. ISCED CURSO: 10 Ano Disciplina/Módulo: Linguística I 44 Vibrantes - caracterizadas pelo movimento vibratório rápido da língua ou do véu palatino. Sibilantes - quando são articulados produzem um ruído parecido com assobio. Ex: [ʒw] e [ʃ]. Sons Retroflexos, acontece quando o ápice da língua se enrola para
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