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Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável

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PLANEJAMENTO 
AMBIENTAL E 
DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Dr. Eder Caglioni e Me. Felipe Luiz Braghirolli
Indaial - 2020
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Copyright © UNIASSELVI 2020
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
C131p
 Caglioni, Eder
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável. / Eder Cagli-
oni; Felipe Luiz Braghirolli. – Indaial: UNIASSELVI, 2020.
 168 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-098-7
 ISBN Digital 978-65-5646-099-4
1. Meio ambiente. - Brasil. 2. Sustentabilidade. – Brasil. I. Braghirolli, 
Felipe Luiz. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 628
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e 
suas Estruturas ...........................................................................7
CAPÍTULO 2
Impactos Ambientais e Indicadores ..........................................57
CAPÍTULO 3
Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e Educação 
Ambiental ...................................................................................105
APRESENTAÇÃO
Olá, acadêmico! Se você está cursando esta pós-graduação já demonstra 
interesse pela área de sustentabilidade e deve saber que é inegável a preocupação 
com a área ambiental atualmente, além da necessidade de compreendermos 
a questão, de forma ampla e urgente em nossa sociedade. Para isso, estamos 
apresentando neste Livro Didático a disciplina de Desenvolvimento Sustentável 
e Planejamento Ambiental, a qual tem o objetivo de introduzir conceitos e 
análises do histórico do desenvolvimento sustentável, bem como as estruturas 
que envolvem o planejamento ambiental, metodologias para diagnósticos de 
impactos ambientais e ferramentas de mitigação desses impactos. Além disso, 
envolveremos a importância da educação nesse processo. 
Este Livro Didático será dividido em três capítulos e nossos objetivos de 
aprendizagem serão apresentados com base na metodologia UNIASSELVI de 
saber-fazer. O saber envolve os conceitos a serem aprendidos e o fazer relaciona 
às competências que o acadêmico poderá aplicar ao final dos estudos. 
No Capítulo 1, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental 
e suas estruturas, trataremos da questão ambiental desde o histórico do 
desenvolvimento sustentável e do planejamento ambiental − suas características, 
estruturas utilizadas − até o detalhamento de ações, utilizadas como instrumentos 
em busca do desenvolvimento sustentável, pautadas no planejamento ambiental. 
Os objetivos estarão relacionados com a apresentação das terminologias e ações 
de redução dos impactos ambientais, identificando as formas de planejamento, 
para que possam ser compreendidas de forma sistêmica.
O segundo capítulo, intitulado Impactos Ambientais e Indicadores, irá 
apresentar como os diagnósticos podem ser utilizados de base para a estruturação 
de indicadores ambientais de avaliação e quantificação dos impactos, buscando 
sua prevenção e/ou mitigação. Faremos análises iniciais com relação à legislação 
vigente para estudos ambientais, passando pelo reconhecimento de impactos 
ambientais gerados por atividades, definição de indicadores e suas metodologias 
de quantificação, buscando principalmente a prevenção desses impactos.
No Capítulo 3, intitulado Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e 
Educação Ambiental, traremos alguns detalhamentos sobre o zoneamento 
ambiental, sua importância na tomada de decisão e políticas voltadas à educação, 
bem como todas as suas estruturas. Apresentaremos critérios para a tomada 
de decisão com base em aspectos técnicos e estudos, visando a estimular a 
análise crítica com base em informações ambientais e científicas. Além disso, 
apresentaremos os princípios de educação ambiental e como esses podem 
auxiliar no desenvolvimento de ações para a sustentabilidade.
Em face do elevado nível de exigência por parte de órgãos reguladores e da 
necessidade de profissionais cada vez mais especializados e com grande leque de 
atuação, as áreas de meio ambiente e sustentabilidade vêm sendo cada vez mais 
exigidas no mercado de trabalho. Dessa forma, este material foi desenvolvido com 
o objetivo de apresentar de forma concisa diversas metodologias e aplicações 
técnicas utilizadas na área ambiental.
Assim, pretendemos atender aos mais diversos públicos e áreas de atuações, 
visando auxiliar nessa percepção ampla das questões ambientais. Você também 
poderá aprofundar seus estudos por meio das bibliografias e materiais indicados 
ao longo do livro. Esperamos que aproveitem o material e bons estudos!
CAPÍTULO 1
Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas 
Estruturas
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Introduzir as terminologias utilizadas e a linha histórica que descreve o 
desenvolvimento sustentável e o planejamento ambiental.
• Apresentar as metodologias e novas oportunidades existentes para implantação 
dos princípios do desenvolvimento sustentável.
• Identificar os tipos de planejamento, estruturas, etapas e instrumentos do 
planejamento ambiental.
• Reconhecer a estrutura histórica do desenvolvimento sustentável e do 
planejamento ambiental.
• Estruturar o planejamento ambiental.
8
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
9
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A sustentabilidade, mais especificamente o termo desenvolvimento 
sustentável, vem sendo amplamente empregada em ações de diversas esferas 
e é provável que você já tenha ouvido falar muito nesse tema. No entanto, 
você sabe onde essa expressão surgiu? Quais teorias incrementaram essa 
definição? Quais estratégias vêm sendo adotadas ao longo dos anos para frear 
o avanço significativo de impactos ambientais? Nosso modelo econômico atual 
é sustentável? Existem novas formas de estruturarmos a nossa economia sem 
comprometer nossos recursos naturais? Esses são alguns dos assuntos que 
abordaremos ao longo da nossa trajetória neste capítulo.
Além disso, estudaremos as práticas de planejamento, aprofundando nossos 
esforços na área ambiental, expondo suas características, estruturas e principais 
instrumentos que visam auxiliar na melhoria da qualidade ambiental e prevenção 
dos impactos ambientais associados às atividades e ao desenvolvimento de 
planos, programas e projetos ambientais.
Este capítulo tem como principal objetivo apresentar alguns conceitos 
necessários que utilizaremos em capítulos posteriores do nosso livro e em nossos 
estudos da disciplina de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável.
2 DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é um termo que vem sendo amplamente 
utilizado em diversos setores da sociedade e, em muitos casos, relacionado com 
ações voltadas à área ambiental. No entanto, esse termo é muito mais amplo e 
estabelece conexão com diversos assuntos. 
Para compreendermos a origem desse termo e como ele se relaciona com 
as nossas ações nos dias atuais, vamos estabelecer uma linha histórica sobre a 
questão ambiental descrevendo os principais pontos e documentosrelacionados 
com esse tema, passando desde a Revolução Industrial e conferências 
ambientais até o estabelecimento das regulações e como esse tema vem sendo 
trabalhado atualmente sob diversas óticas. Além disso, aprenderemos como esse 
termo e suas associações possuem relação com a redução de nossos impactos 
ambientais.
10
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA
O início da nossa caminhada tratará da Revolução Industrial e como essa 
fase pautou os primeiros debates sobre as questões ambientais em nossa 
sociedade. A Revolução Industrial teve início no século XVIII na Inglaterra. 
Essa fase contribuiu fortemente para a mecanização, gerando aumento da 
escala produtiva, tornando a produção em massa uma oportunidade para o 
desenvolvimento das indústrias, principalmente por conta da entrada de novas 
tecnologias e outras formas de energia, como a energia a vapor, que contribuiu no 
desenvolvimento dos transportes para deslocamento de mercadorias e inclusive 
avanços na agricultura com novas formas de produção (OLIVEIRA, 2004; POTT; 
ESTRELA, 2017).
Nesse período, houve pleno desenvolvimento das populações das cidades 
e da indústria. Pott e Estrela (2017) descrevem algumas das características 
ocorridas nesse momento, como a transição da manufatura para a indústria 
mecânica e o desenvolvimento de novas tecnologias, gerando o aumento da 
capacidade produtiva. Os autores ainda destacam que, com esses avanços, as 
populações começaram a deslocar-se para os grandes centros urbanos em busca 
de melhores salários nas indústrias, cada vez mais emergentes, gerando maior 
acesso aos bens. A evolução da medicina também permitiu ampliar a expectativa 
de vida dessas populações.
Apesar do desenvolvimento econômico ocorrido nessa época, alguns 
episódios agudos de poluição acenderam um alerta sobre como as questões 
ambientais vinham sendo tratadas. No Quadro 1, descrito por Hogan (2007), 
alguns dos principais episódios de poluição ambiental ao longo do período Pós-
Revolução Industrial trouxeram à tona as discussões e preocupações sobre o 
meio ambiente.
QUADRO 1 − CRISES AMBIENTAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS
LOCAL DESCRIÇÃO
Vale do Meuse, Bélgica - 1930
A intensa névoa, por conta da concentração dos polu-
entes lançados na região, causou a morte de mais de 60 
pessoas.
Donora, Pensilvânia - 1948
A inversão térmica por conta da poluição represada e 
concentrada na região durante cinco dias consecutivos 
resultou na morte de 20 pessoas e milhares de doentes. 
Após o fato, foi iniciada uma pesquisa na região com o 
objetivo de relacionar a poluição atmosférica e os im-
pactos sobre a saúde.
11
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Outra obra de igual importância e que ganhou ampla notoriedade 
foi publicada no ano de 1972, pelos autores Donella H. Meadows e 
colaboradores, sob o financiamento do Clube de Roma, chamado de 
The limits to Growth (Os limites do crescimento). Você pode acessar 
à versão original do livro no link: https://clubofrome.org/publication/
the-limits-to-growth/. Esse livro alertou de forma quase apocalíptica 
para a discussão sobre o desenvolvimento industrial e crescimento 
populacional em função da capacidade limite do planeta para 
produção de recursos (LAGO, 2006, p. 29; NASCIMENTO, 2012).
“A névoa matadora”, Londres - 1952
O excesso de poluição proveniente das indústrias, 
veículos e até mesmo da queima de carvão para aquec-
imento das residências foram fatores que contribuíram 
para esse fato que vitimou aproximadamente 4000 pes-
soas e foi agravado pela concentração dos poluentes 
por conta da inversão térmica na região.
Desastre de Minamata - 1956
Em uma comunidade de pescadores (Baia de Minamata 
no Japão) alguns indícios de problemas por conta da 
mortalidade e comportamento anormal em animais, 
como peixes, polvos, aves e gatos. Mais tarde, após di-
versas mortes, pesquisas realizadas no local concluíram 
que os problemas estavam relacionados com a contam-
inação por metais pesados provenientes de uma in-
dústria produtora de fertilizantes, químicos e plásticos.
FONTE: Adaptado de Hogan (2007)
Após essas crises, as discussões sobre os impactos ambientais e suas 
consequências afloraram ainda mais, assim como a preocupação de diversos 
cientistas e especialistas. 
No ano de 1962, a autora e cientista Rachel Carson publicou o 
livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), chamando a atenção para 
a preocupação quanto ao uso de pesticidas químicos (Dicloro-Difenil-
Tricloroetano – DDT) e seus efeitos de longo prazo no meio ambiente 
e na saúde humana (GALLI, 2009).
12
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
As discussões e as preocupações mundiais com a questão ambiental 
continuaram em ascensão e, no ano de 1972, a Organização Mundial das Nações 
Unidas (ONU) convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente 
Humano em Estocolmo (Suécia), conhecida como Conferência de Estocolmo, 
que culminou com a declaração final contendo um guia de 26 princípios para a 
preservação do meio ambiente (Figura 1). Além dos princípios, as proclamações 
contidas nesse documento também serviram de base para as discussões sobre as 
futuras gerações com a definição de ações a serem realizadas, como preconizado 
no parágrafo 6º (CETESB, 2020; NAÇÕES UNIDAS, 2015). 
Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos 
imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual 
dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com 
um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, 
podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade 
condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de 
acordo com as necessidades e aspirações do homem. [...] A 
defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as 
gerações presentes e futuras se converteram na meta imperiosa 
da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em 
que se mantêm as metas fundamentais já estabelecidas, da 
paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo 
[...] (NAÇÕES UNIDAS, 2015, s.p.).
Você pode acessar às informações sobre o relatório original da 
Conferência de Estocolmo no site: https://sustainabledevelopment.
un.org/conferences.
FIGURA 1 − REUNIÃO PREPARATÓRIA PARA A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO.
FONTE: <https://nacoesunidas.org/conferencias-de-meio-ambiente-e-
desenvolvimento-sustentavel-miniguia-da-onu/>. Acesso em: 30 jul. 2020.
13
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
No mesmo ano da conferência de Estocolmo (1972) foi criado o Programa 
das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que busca principalmente 
um diálogo entre diversos setores (público, privado, acadêmico, sociedade 
civil, ONGs etc.), com o objetivo de monitorar possíveis ameaças ambientais, 
garantindo a perpetuação desses recursos, e promover o desenvolvimento 
sustentável (BRASIL, 2012a). 
Ainda em Estocolmo, um termo utilizado ao longo da conferência fez 
crescer as discussões e iniciar o que conhecemos hoje como desenvolvimento 
sustentável, que foi o uso do termo Ecodesenvolvimento citado por Maurice 
Strong durante a conferência. De acordo com Sachs (1973 apud MONTIBELLER 
FILHO, 1993), o termo tem o seguinte significado:
Desenvolvimento endógeno e dependente de suas 
próprias forças, tendo por objetivo responder problemática 
da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do 
desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente 
dos recursos e do meio (SACHS, 1973 apud MONTIBELLER 
FILHO, 1993, p. 132).
Podemos perceber que esse termo ensaia o início de uma discussão ampla 
envolvendo as questões ambientais, sociais e econômicas em nossa sociedade. 
Após as discussões iniciais sobre a preocupação com os impactos ambientaise despontamento do termo Ecodesenvolvimento, no ano de 1983, a ONU faz o 
convite para a médica Gro Harlem Brundtland presidir a comissão mundial sobre 
Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Commission on Environment and 
Development − WCED). O trabalho presidido por ela foi publicado em 1987 e 
resultou na elaboração do conhecido relatório Nosso Futuro Comum (Relatório 
de Brundtland), em que pela primeira vez foi abordado o termo Desenvolvimento 
Sustentável (BRAGA et al., 2005; NAÇÕES UNIDAS, 2015). 
Você pode acessar às informações originais do relatório Nosso 
Futuro Comum no link: https://sustainabledevelopment.un.org/
milestones/wced.
14
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável é descrito no relatório original 
como “Humanity has the ability to make development sustainable to ensure 
that it meets the needs of the present without compromising the ability of future 
generations to meet their own needs” (BRUNDTLAND et al., 1987 p. 16), ou 
segundo traduzido por Braga et al. (2005, p. 216), o desenvolvimento sustentável 
pode ser descrito como: “Atender às necessidades da geração do presente sem 
comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias 
necessidades”.
O desenvolvimento sustentável criou um olhar sobre nossa sociedade e a 
maneira como nos posicionarmos frente a ela. Segundo Montibeller Filho (1993, p. 
135), durante a Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento 
realizada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), em 
Ottawa, Canadá, em 1986, o desenvolvimento sustentável foi colocado como um 
novo modelo e incluía alguns princípios, dentre eles: “integrar conservação da 
natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades humanas fundamentais; 
perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e da 
diversidade cultural; manter a integridade ecológica”. 
Esses princípios demonstraram que a abrangência da discussão sobre as 
questões ambientais ao longo dos anos tomou uma proporção cada vez maior, 
incluindo as visões econômicas e sociais em suas análises.
Como já vimos anteriormente, a emissão de gases na atmosfera gerou 
impactos significativos para o meio ambiente e na saúde humana. Cada vez mais 
ocorre o aumento dessas emissões e consequentemente da temperatura global. 
Por conta da preocupação com esses efeitos, no ano de 1988, a ONU Meio 
Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) criaram em conjunto o 
Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), que tem a função 
de avaliar as informações científicas, fornecendo evidências para pautar ações 
de redução dos efeitos do aquecimento global (BRITEZ et al., 2006; NAÇÕES 
UNIDAS, 2015).
Seguindo a linha histórica, após a criação do IPCC, a expressão 
“Desenvolvimento sustentável” ganhou ainda mais força no ano de 1992, quando 
ocorreu a Conferência do Meio Ambiente, conhecida como Rio 92 ou Eco-92 
(Figura 2). Realizada no Rio de Janeiro, essa conferência discutiu os avanços 
obtidos desde a conferência de Estocolmo e o Relatório de Brundtland. Nessa 
conferência alguns documentos importantes foram elaborados, dentre eles: a 
Convenção das Nações Unidas sobre a diversidade biológica, a Agenda 21, a 
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) 
e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (GALLI, 2009; 
NAÇÕES UNIDAS, 2015).
15
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
FIGURA 2 − LOGO DA CONFERÊNCIA RIO 92
FONTE: <http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/
EMDISCUSSAO/upload/201202%20-%20maio/ed11_imgs/
ed11_p12_imagem.jpg>. Acesso em: 30 jul. 2020.
A Agenda 21 foi um dos documentos resultante da Rio 92 e propôs ações 
com a participação efetiva dos mais diversos setores da sociedade e em vários 
países, direcionando ações de proteção dos recursos naturais (prevenção do 
desmatamento, perda de qualidade dos solos, poluição da água e do ar) e a 
relação dessas com questões sociais (combate à pobreza, padrões de produção e 
consumo) (GALLI, 2009; SILVA, 2015). 
Outro documento resultante da Rio-92 foi a Declaração do Rio sobre Meio 
Ambiente e Desenvolvimento (1992), que inclui um conjunto de 27 princípios 
elaborados a partir da Declaração da Conferência de Estocolmo, estabelecendo 
atuação conjunta entre o Estado e outros setores da sociedade.
Acesse ao artigo indicado no link a seguir para mais informações 
acerca da Declaração do Rio: http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n15/
v6n15a13.pdf.
16
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
Outra ação efetivada durante a Rio 92 foi a Convenção Quadro das Nações 
Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) que busca mitigar os efeitos das 
mudanças climáticas por meio de acordos para a redução das emissões entre 
os países signatários. Sendo assim, desde 1995, os países signatários realizam 
a Conferência das Partes (COP), para que os acordos internacionais sejam 
discutidos e as metas estabelecidas sejam constantemente avaliadas (BRITEZ 
et al., 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015). As reuniões da COP são realizadas 
anualmente e você pode acompanhar o histórico dos encontros no Quadro 2.
QUADRO 2 − LINHA DO TEMPO DA CONFERÊNCIA DAS PARTES
N° ANO LOCAL
COP 1 1995 Berlim
COP 2 1996 Genebra
COP 3 1997 Kyoto
COP 4 1998 Buenos Aires
COP 5 1999 Bonn
COP 6 2000 Haia
COP 7 2001 Marrakesh
COP 8 2002 Nova Delhi
COP 9 2003 Milão
COP 10 2004 Buenos Aires
COP 11 2005 Montreal
COP 12 2006 Nairóbi
COP 13 2007 Bali
COP 14 2008 Paznan
COP 15 2009 Copenhage
COP 16 2010 Cancún
COP 17 2011 Durban
COP 18 2012 Doha
COP 19 2013 Varsóvia
COP 20 2014 Lima
COP 21 2015 Paris
COP 22 2016 Marrakesh
COP 23 2017 Bonn
COP 24 2018 Katowice
COP 25 2019 Madri
FONTE: Adaptado de MMA (2018)
17
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Para definir os instrumentos e mecanismos que seriam utilizados para atingir 
os objetivos definidos da UNFCCC, surgiu o Protocolo de Quioto, ou seja, um 
tratado internacional que estabelecia metas de redução dos gases do efeito estufa 
para 40 países (BRITEZ et al., 2006).
O protocolo de Quioto estabeleceu a redução de 5,2% das emissões 
totais dos grandes geradores entre o período de 2008 a 2012. Além disso, no 
protocolo foram estabelecidos mecanismos para viabilizar o alcance dessas 
metas definidas, sendo eles: implementação conjunta; comércio de emissões; 
mecanismo de desenvolvimento limpo (SCARPINELLA, 2002). Vale destacar 
que o protocolo de Quioto teve seu início efetivo no ano de 1997, porém só foi 
ratificado em 1999, fazendo com que entrasse em vigor no ano de 2005 após o 
aceite de todos os países que representassem 55% das emissões totais (SILVA, 
2015).
Deslocando um pouco a nossa linha do tempo, mas ainda no âmbito da COP, 
podemos destacar o acordo de Paris que foi adotado a partir de 2015, com o 
objetivo de conter os impactos associados ao aquecimento global, mantendo o 
aumento da temperatura da Terra abaixo de 2 °C. No contexto nacional, o Brasil 
se comprometeu a reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) em 37% 
abaixo dos níveis de 2005 até o ano de 2025 e 43% abaixo dos níveis de 2005 até 
2030. Além disso, o país incluiu nos compromissos a restauração de florestas e a 
ampliação do uso de energias renováveis (MMA, 2016).
Os compromissos brasileiros podem ser encontrados neste link: 
http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/BRASIL-iNDC-
portugues.pdf.
Retomando nossa linha histórica, no ano de 2002, dez anos após a Rio 92 
e a implantação da Agenda 21, foi realizada na cidade Johanesburgo (África do 
Sul) a conferência Rio+10 (Figura 3). Essa conferência teve o principal objetivo 
de estabelecer as ações para implementação doscompromissos assumidos 
na Agenda 21, de forma concreta e incluindo a participação mais próxima da 
sociedade civil (LAGO, 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015; SILVA, 2015). 
18
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
FIGURA 3 − CONFERÊNCIA DE JOHANESBURGO (2002)
FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020
As principais ações e discussões ocorridas durante a conferência 
foram destacadas por Silva (2015, p. 167), dando destaque para as ações 
socioambientais:
Novamente foi tratada uma diversidade de temas como água, 
saneamento, energia, saúde, agricultura, biodiversidade 
e gestão de ecossistemas. Como resultado saíram 153 
recomendações para o cumprimento da Agenda 21, no sentido 
de fortalecer e melhorar a implementação do desenvolvimento 
sustentável, dando mais eficiência aos seus resultados. 
Considerada um dos entraves a sua implementação, a pobreza 
foi um dos principais assuntos debatidos, e foi decidida a criação 
de um fundo mundial de solidariedade para sua erradicação.
Em algum momento é possível surgir a hipótese de que, com todas essas 
discussões ao longo das conferências, a educação poderia ter ganho um papel 
de maior importância dentro das conferências. De fato, isso aconteceu a partir 
da definição da Agenda 21, destacando que “a educação é fundamental para 
promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas 
em entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento” (UNESCO, 
2005, s.p.). 
Então, efetivamente, a partir da conferência de Johanesburgo, a educação 
ganhou ainda mais importância na busca pelo desenvolvimento sustentável 
com o lançamento do programa Década de Educação para o Desenvolvimento 
Sustentável para o período de 2004-2014, “enfatizando que educação é um 
elemento indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável” 
(UNESCO, 2005, s.p.).
Após 20 anos desde a Rio 92, a convenção retorna à cidade do Rio de 
Janeiro no ano de 2012, para a realização da conferência Rio+20 (Figura 4). 
19
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Nessa conferência, após a produção do seu relatório final conhecido como O 
Futuro que Queremos, diversos questionamentos começaram a surgir sobre a 
efetividade das discussões ao longo de décadas de conferências. 
Para ter acesso ao relatório O Futuro que Queremos completo 
acesse:
http://www2.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/O-
Futuro-que-queremos1.pdf.
FIGURA 4 − CONFERÊNCIA RIO+20
FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020.
Silva (2015) destaca o avanço ocorrido no campo da educação após a 
Rio+20, mas que a mudança ainda precisa ser profunda. O autor ainda destaca 
a lenta promoção de ações para estabelecer instrumentos globais cooperativos 
e a deficiência do investimento educacional voltado aos tomadores de decisões. 
Ainda assim, a educação teve destaques importantes nessa convenção. 
No ano de 2015, com a realização da Cúpula do Desenvolvimento 
Sustentável na cidade de Nova York (Figura 5), foi lançada a Agenda 2030 para o 
desenvolvimento sustentável, proposta ainda no ano de 2012 durante a Rio+20. 
A Agenda possui 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com 
169 metas e mais de 300 indicadores (UNESCO, 2017). 
20
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
FIGURA 5 − CÚPULA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
FONTE: <https://www.un.org/sustainabledevelopment/wp-content/
uploads/2015/01/SDS_Logo_E.png>. Acesso em: 31 jul. 2020.
É possível que você já tenha visto a identificação dos ODSs. Eles são 
identificados conforme a Figura 6 de acordo com o seu número e o seu objetivo 
associado. As instituições que utilizam os ODSs para realizar suas metas e ações, 
fazem uso dessa imagem para a sua identificação, de acordo com o objetivo 
utilizado.
FIGURA 6 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
FONTE: MRE (2015)
Os ODSs apresentam os maiores desafios globais para a humanidade em 
busca do desenvolvimento sustentável e contam com o envolvimento de diversos 
setores da sociedade (UNESCO, 2017). Você pode verificar os 17 objetivos, 
com as suas proposições e seus principais objetivos individuais, destacados no 
Quadro 3.
21
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Você pode encontrar todas as informações sobre os ODSs no 
link: https://nacoesunidas.org/pos2015/.
QUADRO 3 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
OBJETIVO DESCRIÇÃO
ODS 1
Erradicação da pobreza
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em 
todos os lugares.
ODS 2
Fome zero e agricultura sustentável
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e 
melhoria da nutrição e promover a agricultura 
sustentável.
ODS 3
Saúde e bem-estar
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar 
para todos, em todas as idades.
ODS 4
Educação de qualidade
Assegurar a educação inclusiva e equitativa de quali-
dade, e promover oportunidades de aprendizagem ao 
longo da vida para todos.
ODS 5
Igualdade de gênero
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as 
mulheres e meninas.
ODS 6
Água potável e saneamento
Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água 
e saneamento para todos.
ODS 7
Energia limpa e acessível
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a 
preço acessível à energia para todos.
ODS 8
Trabalho decente e crescimento 
econômico
Promover o crescimento econômico sustentado, inclu-
sivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e tra-
balho decente para todos.
ODS 9
Indústria, inovação e infraestrutura
Construir infraestruturas resilientes, promover a indus-
trialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação.
ODS 10
Redução das desigualdades
Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles.
ODS 11
Cidades e comunidades sustentáveis
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu-
sivos, seguros, resilientes e sustentáveis.
ODS 12
Consumo e produção responsáveis
Assegurar padrões de produção e de consumo suste-
ntáveis.
22
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
ODS 13
Ação contra a mudança global do clima
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do 
clima e seus impactos.
ODS 14
Vida na água
Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os 
mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento 
sustentável.
ODS 15
Vida terrestre
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos 
ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as 
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a 
degradação da terra e deter a perda de biodiversidade.
ODS 16
Paz, justiça e instituições eficazes
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desen-
volvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça 
para todas e todos e construir instituições eficazes, re-
sponsáveis e inclusivas em todos os níveis.
ODS 17
Parcerias e meios de implementação
Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a 
parceria global para o desenvolvimento sustentável.
FONTE: Adaptado de UNESCO (2017)
Acessando o site SDG Compass (Bússola dos ODSs) você 
tem acesso a um guia de orientação para empresas para alinhar 
suas estratégias de negócio e contribuições para os ODSs: www.
sdgcompass.org.
No site a seguir você encontra as Diretrizes para implementação 
dos ODSs na estratégia dos negócios: https://sdgcompass.org/wp-
content/uploads/2016/04/SDG_Compass_Portuguese.pdf.
Você pode perceber que, ao longo dos anos, as conferências de meio 
ambiente passaram por grandes mudanças positivas, ocorrendo a incorporação 
de novas visões sobre o desenvolvimento sustentável, orientando as discussões 
sobre os impactos da nossa sociedade. 
No entanto, na época, os resultados obtidos ao finalde algumas conferências 
não foram satisfatórios, muito por conta de divergências por questões políticas, 
econômicas, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e na definição 
23
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
das metas e objetivos a serem atingidos. Um exemplo disso foram os resultados 
obtidos na conferência do Rio. Inicialmente, houve a diluição do texto da 
Agenda 21, retratando os temas de energia, devido à firme oposição dos países 
que produzem petróleo e que consomem carvão. Outro item criticado foi a 
falta de diálogo e envolvimento nas discussões sobre a influência da questão 
populacional e seus impactos no meio ambiente. Por fim, a perspectiva inicial 
de inserir o desenvolvimento sustentável como paradigma passou por inúmeras 
barreiras impostas pela globalização, como a falta de aderência com os padrões 
de produção e consumo atuais (LAGO, 2006). 
Desenvolvimento sustentável é abordado por alguns autores 
como uma forma utópica de crescimento e que estaria permeada 
por conflitos de interesse e que as realidades regionais são bastante 
distintas sob diversas óticas e influenciam fortemente nas análises, 
tornando a mudança da visão de consumo em nossa sociedade 
ainda mais complexa (SANTOS, 2004).
De qualquer forma, é necessário compreender que a abrangência do 
desenvolvimento sustentável ganhou ampla notoriedade, incorporando a visão 
sistêmica na relação homem versus meio ambiente. Devemos ter em mente que 
essas discussões são importantes para o estabelecimento do conceito. A seguir 
você terá um breve relato sobre como essas questões estão sendo abordadas 
atualmente.
2.2 DESENVOLVIMENTO 
SUSTENTÁVEL NOS DIAS ATUAIS
Ampliando nossa análise quanto ao desenvolvimento sustentável, antes de 
tudo, é importante perceber que diversas terminologias vêm sendo adotadas para 
associar as esferas ambiental, social e econômica ao longo dos anos, assumindo 
um significado próprio e que é importante ser destacado. 
Essa abrangência das discussões sobre meio ambiente, nos trouxe termos 
como sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Os autores 
Feil e Schreiber (2017, p. 678), após uma análise conceitual sobre esses temas, 
detalham as suas concepções:
24
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
SUSTENTÁVEL
[...]o termo é responsável pela geração de uma solução 
em relação à deterioração verificada nas inter-relações do 
sistema global ambiental humano. A ideia de sustentável é 
suportada pelo processo de desenvolvimento sustentável e 
sustentabilidade, ou seja, pode ser considerada um guarda-
chuva.
SUSTENTABILIDADE
A sustentabilidade é um processo que mensura o grau ou nível 
da qualidade do sistema complexo ambiental humano com o 
intuito de avaliar a distância deste em relação ao sustentável. 
Esta avaliação, em especial, é realizada com propriedades 
quantitativas denominadas de indicadores e índices de 
sustentabilidade. Estes, por sua vez, podem identificar quais 
os aspectos − ambiental, social ou econômico 
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
O desenvolvimento sustentável é o processo que entra em 
cena com base em estratégias para aproximar o sistema 
ambiental humano ao nível de sustentabilidade com vistas a 
que a vida deste complexo sistema se harmonize e perpetue 
ao longo do tempo. Esta questão estratégica intenta a ruptura 
de paradigmas por meio de mudanças no entendimento e 
posicionamento cultural da sociedade, ou seja, conscientizar 
sua importância com auxílio de ações e atitudes que 
reposicionem os aspectos negativos identificados pelos 
indicadores em direção à sustentabilidade. Desse modo, com 
a exitosa condução da sustentabilidade e do desenvolvimento 
sustentável, atinge-se o sustentável (FEIL; SCHREIBER, 
2017, p. 678).
O termo sustentabilidade e suas esferas (ambiental, social e econômica) 
vem sendo empregado pelas mais diversas áreas e profissionais, incluindo o 
setor comercial e empresarial, tornando-se hoje um diferencial competitivo para 
algumas empresas.
Algo que contribuiu para a visão da sustentabilidade no meio empresarial 
foi o conceito de Triple bottom line (Três resultados líquidos) descrito por John 
Elkington.
Indicamos o livro Cannibals with forks (Canibais de garfo e faca) 
de John Elkington. 
25
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
O autor destaca a importância de avaliar o tripé da sustentabilidade como 
uma forma de viabilizar os negócios, com “resultados positivos líquidos” em todas 
as esferas sendo economicamente viável (econômico), socialmente justa (social) 
e considerando seus impactos ambientais (ambiental) (ELKINGTON, 2001 apud 
BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 7).
Essa visão tem auxiliado na inserção da sustentabilidade nos mais diversos 
ambientes e ressaltado que ela não deve ser entendida sob uma única perspectiva. 
Outra abordagem dada atualmente para aplicar as questões de sustentabilidade é 
o pensamento do ciclo de vida. 
O pensamento do ciclo de vida trata justamente de perceber a dimensão das 
cadeias produtivas dos produtos e serviços, desde a extração das matérias-primas 
até o seu descarte final. A UNEP (2007 p. 12) define as principais características e 
objetivos do pensamento do ciclo de vida dos produtos:
O pensamento do ciclo de vida é essencial para o 
desenvolvimento sustentável. Trata-se de ir além do foco 
tradicional no local de produção e nos processos de fabricação, 
de modo a incluir o impacto ambiental, social e econômico 
de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. [...] Os 
produtores podem ser responsabilizados por seus produtos 
desde o berço até o túmulo e, portanto, devem desenvolver 
produtos que melhorem o desempenho em todas as etapas do 
ciclo de vida do produto. Os principais objetivos do pensamento 
do ciclo de vida são reduzir o uso de recursos e as emissões 
de um produto para o meio ambiente, além de melhorar seu 
desempenho socioeconômico ao longo do seu ciclo de vida. 
Isso pode facilitar os vínculos entre as dimensões econômica, 
social e ambiental dentro de uma organização e em toda a sua 
cadeia [...].
Essa abordagem de ciclo de vida vem adquirindo importância nos últimos 
anos, tanto que o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia 
(IBICT) elaborou e disponibilizou uma cartilha voltada a crianças e adolescentes, 
apresentando o tema de uma forma lúdica e com aplicação em sala de aula, 
visando ao conhecimento sobre a cadeia produtiva e origem de diferentes 
materiais (IBICT, 2016). 
Você pode acessar à cartilha no link: http://acv.ibict.br/
documentos/publicacoes/1173-o-pensamento-do-ciclo-de-vida-uma-
historia-de-descobertas-2/.
26
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
A lógica da economia circular é dividida entre dois ciclos: 
Biológico e Técnico. No ciclo técnico “os produtos e seus 
componentes podem ser reparados, reutilizados, remanufaturados e 
reciclados de forma a aproveitar novamente suas funcionalidades”. No 
ciclo biológico, “os produtos podem ser utilizados como combustível 
para produção de biogás, como matéria-prima bioquímica, na 
recuperação de nutrientes, na reutilização de recursos biológicos e 
minimização de resíduos” (CNI, 2017, 2018, s.p.).
Então, o conceito de perspectiva do ciclo de vida pretende justamente instigar 
o questionamento sobre a origem dos produtos que consumimos. Ainda veremos 
mais detalhadamente os princípios específicos associados à perspectiva do ciclo 
de vida e sua avaliação no próximo capítulo. 
Partindo dessa análise do contexto da cadeia produtiva, outro exemplo 
de aplicação em sustentabilidade é a Economia Circular. Esse é um conceito 
relativamente novo e tem sido apresentado de forma cada vez mais evidente, se 
opondo ao padrãotradicional de produção e consumo linear (extração, produção 
e descarte) por meio do uso “cíclico” de insumos e processos visando à redução 
do uso de materiais virgens (CNI, 2017; ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 
2013).
FIGURA 7 − CICLO BIOLÓGICO E TÉCNICO ASSOCIADO À ECONOMIA CIRCULAR
FONTE: CNI (2017) 
27
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
1 - Cite as conferências ambientais destacadas ao longo do texto e 
quais os seus principais resultados.
R: ____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
2 - Como o termo desenvolvimento sustentável surgiu? Quais os 
princípios associados a esse conceito?
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
Assim, chegamos ao final desta nossa primeira seção, em que abordamos 
o histórico do desenvolvimento sustentável e introduzimos como ele vem 
sendo utilizado de maneira prática para atingir seus princípios definidos desde 
as discussões iniciais. A seguir você encontrará duas atividades de estudos 
relacionadas aos temas abordados até agora.
3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E OS 
TIPOS DE PLANEJAMENTO
Estudamos na seção anterior alguns marcos das discussões ambientais 
ao longo dos anos. Agora, veremos como o planejamento ambiental pode ser 
estruturado, de forma a atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, e 
como essa relação é importante para a execução de atividades visando à redução 
dos impactos ambientais. Iniciaremos com a perspectiva histórica e analisaremos 
como o planejamento é utilizado atualmente, passando pela conceituação do 
tema e chegando aos detalhamentos sobre os tipos de planejamento.
28
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
3.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E 
PERSPECTIVA HISTÓRICA
Antes de iniciarmos com a conceituação do tema, focaremos na perspectiva 
histórica relacionada ao planejamento de maneira mais ampla, chegando ao que 
conhecemos hoje como planejamento ambiental. 
A evolução temporal do planejamento iniciou com aspirações econômicas e, 
posteriormente, incorporou em suas análises as questões sociais e ambientais. 
O planejamento não é uma ferramenta nova utilizada em nossa sociedade e sua 
importância vem crescendo ao longo de muitos anos, seja por meio de ações 
para a implantação de programas ou mais profundamente no ordenamento de 
cidades. No Quadro 4 estão apresentadas as visões e as evoluções históricas do 
planejamento. 
QUADRO 4 − PERSPECTIVA HISTÓRICA DO PLANEJAMENTO
ÉPOCA HISTÓRICA PRINCIPAIS AÇÕES
Mesopotâmia (4000 a.C.) Autoridades religiosas preocupadas com a organização das cidades.
Grécia Antiga
Impactos produzidos pelo homem nos centros urbanos 
demonstrou preocupação nessa época. Aristóteles era um 
desses e ficou conhecido como "grande teórico da cidade".
Século XVIII
Escola francesa com o planejamento de recursos hídricos, 
saneamento e proteção de mananciais, muito estimulada 
pelos novos caminhos traçados por alguns cientistas e suas 
teorias (Ex. Darwin).
Década de 1930 O planejamento sobre recursos hídricos embasou a tomada de decisão sobre critérios para uso desses recursos.
Décadas de 1930 e 1940 A ideia de planejamento de recursos hídricos baseado em bacias hidrográficas começou a se desenvolver.
Décadas de 1950 e 1960
O planejamento econômico ganhou força, pois foi visto 
como forma de impulsionar a economia.
Ainda nessa época, nos EUA, as discussões se aprofundaram 
na necessidade de identificar os impactos ambientais asso-
ciados, pois não eram levados em consideração durante as 
avaliações nessa época.
29
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Décadas de 1970 e 1980
Perspectiva ambiental integrando o homem e o meio am-
biente tomaram maiores proporções, bem como a preocu-
pação com o uso de recursos naturais e o impacto na quali-
dade de vida.
Surgimento da tendência dos planejamentos integrados.
Década de 1980 Implantação de planejamentos regionais integrados por parte de equipes governamentais.
Década de 1990
Implantação do conceito de desenvolvimento sustentável. 
Desde a década de 1950, o conceito de gestão desses re-
cursos naturais foi discutido em forma de mitigação desses 
impactos, ou seja, após a sua ocorrência.
Atualmente
Definições mais recentes de planejamento incorporaram a 
análise histórica da área em estudo, ou seja, vem sendo de-
stacada a importância do vínculo de atividades pretéritas das 
áreas para se estabelecer estimativas para cenários futuros.
FONTE: Adaptado de Santos (2004) e Carvalho (2006)
Se observarmos a evolução histórica do desenvolvimento sustentável e 
do planejamento ambiental, é possível destacar conexões entre alguns fatos 
ocorridos nessas trajetórias.
No quadro anterior, a evolução histórica do planejamento passou a 
incorporar em suas discussões novas temáticas ao longo do tempo, passando de 
uma análise da perspectiva exclusivamente econômica para um enfoque voltado 
às questões ambientais de forma mais abrangente, chegando ao que se discute 
atualmente em torno do desenvolvimento sustentável (SILVA, 2003). 
Assim como no histórico do planejamento, o desenvolvimento sustentável 
também passou por uma evolução na análise e incorporação de conceitos. Por 
conta de nossas atividades, os impactos sobre o meio ambiente se tornaram mais 
evidentes e profundos. Com isso, as análises também precisaram se aprofundar, 
levando em consideração o planejamento de ações para que as atividades e as 
definições ocorridas com o passar dos anos pudessem ser colocadas em prática. 
Como um exemplo dessa relação, podemos citar a Agenda 21 que, conforme 
já vimos na seção anterior, foi implementada na conferência Rio 92 e apresenta 
um conjunto de princípios e diretrizes globais para que fossem implementadas 
em cada país, abrangendo todas as dimensões (social, ambiental e econômica), 
visando à busca pelo desenvolvimento sustentável. Assim, pode-se relacionar a 
implantação da Agenda 21 com: “[...] um programa para o planejamento estatal em 
cascata atingindo todos os níveis com relação ao desenvolvimento e preservação 
ambiental com o objetivo de melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade da 
30
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
civilização como um todo” (FLORIANO, 2004, p. 39). 
Além disso, podemos destacar uma importante ferramenta para aplicação 
prática do planejamento e que ganhou importância com o passar dos anos, 
que são as Normas de Gestão. Floriano (2004) destaca que o lançamento de 
normas como a 9000 (Gestão da Qualidade) e a 14000 (Gestão Ambiental) 
vieram para contribuir e corroborar com a preocupação quanto à execução de 
um planejamento bem estruturado, definindo objetivos e ações de forma clara, 
principalmente pelo fato de ambas as normas apresentarem um item específico 
destinado ao planejamento. 
Tratando especificamente da norma 14000, o item “planejamento” está 
presente como um requisito desde a primeira versão da norma (1996) até a versão 
mais recente (2015). Esse fato reforça a importância do tema, principalmente 
para os setores interessados em aplicar um sistema de gestão ambiental em suas 
atividades. Na próxima seção, veremos mais detalhadamente sobre o item de 
planejamento da norma ISO 14001.
Nesta subseção, fizemos um apanhado histórico sobre os tipos de 
planejamento e as aplicações atuais do planejamento ambiental. A seguir, 
trataremos mais especificamente sobre a conceituação desses temas. 
3.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL
Agora que você já compreendeu os aspectos históricos do planejamento 
e do planejamento ambiental,detalharemos algumas informações sobre suas 
características, definições técnicas e terminologias. Para isso, é fundamental 
iniciarmos com uma definição de planejamento, numa perspectiva mais ampla, 
que vai além das questões ambientais em avaliação conjunta de ações. 
O planejamento vem sendo utilizado e definido por diversos autores da área, 
fazendo com que as discussões em torno dessa questão sejam bastante amplas. 
Faremos uma análise sobre alguns dos autores para que você compreenda o nível 
de abrangência quanto à definição das formas de planejamento. Inicialmente, 
podemos detalhar uma definição de planejamento proposta por Conyers e Hills 
(1984, p. 3 apud SILVA, 2003, p. 5): 
[...] um processo contínuo que envolve decisões ou escolhas, 
sobre modos alternativos de usar os recursos disponíveis, com 
o objetivo de alcançar metas específicas em algum momento 
no futuro. A definição desses autores incorpora os principais 
pontos incluídos em outras definições e expressa os mais 
importantes passos de planejamento: tomada de decisão 
31
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
(escolha) envolvendo as diversas maneiras alternativas, e 
qual a melhor para se alcançar os mesmos objetivos; uso 
ou alocação de recursos, que podem ser naturais, humanos, 
financeiros ou de infraestrutura; caminhos alternativos para 
alcançar as metas traçadas, envolvendo metas realísticas, 
decisões políticas e participação popular [...]; planejando para 
o futuro, que envolve prognóstico ou previsões aproximadas 
do que pode acontecer e, mais especificamente, previsão dos 
resultados das alternativas propostas, que determina qual 
delas deverá ser adotada.
O conceito detalhado pelos autores é bastante importante para a compreensão 
do sentido da ferramenta de planejamento. Por outro lado, uma conceituação 
bastante realista, dada por Santos (2004, p. 24), cita que o planejamento “é um 
processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas 
das informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões 
ou a escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos 
recursos disponíveis”. Para lhe auxiliar ainda mais na compreensão do conceito 
de planejamento, esse autor cita uma descrição bastante simplificada do conceito: 
“[...] o meio sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja 
chegar e qual o melhor caminho para chegar lá” (SANTOS, 2004, p. 23). 
Quando pensamos em planejamento é sempre importante relacionar que, 
se há a necessidade de se atingir qualquer objetivo, o meio de fazermos isso de 
uma forma organizada é planejando as nossas ações. Então, uma das principais 
finalidades de utilizarmos as ferramentas de planejamento é a possibilidade da 
definição de ações de forma sistemática e organizadas para se atingir um objetivo. 
Dessa forma, podemos destacar que o planejamento é considerado uma 
ferramenta que integra diversos aspectos e áreas do conhecimento e que tem 
por objetivo avaliar qual a capacidade do meio (local em que uma determinada 
atividade está inserida) de suportar essas atividades e até mesmo suas 
ampliações, ou seja, por meio de um uso sustentável (OREA, 1994 apud SILVA, 
2003). 
Os autores Paula, Silva e Gorayeb (2014) também destacam a importância 
do planejamento das atividades que gerem pressão sobre o meio ambiente, 
buscando intervenções sustentáveis dentro dos limites ambientais para que o uso 
desses recursos seja realizado de forma a reduzir os seus impactos.
Então, nesse momento, começamos a traçar uma relação direta entre 
as ferramentas de planejamento, o planejamento ambiental e qual será a sua 
aplicação em nossas atividades futuras. Essas relações surgiram principalmente 
da necessidade de equilibrar o desenvolvimento com as restrições ambientais 
para garantir a renovação dos recursos naturais. Dessa forma, a ideia de 
32
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
planejamento ambiental entra em cena, se tornando mais presente com o passar 
dos anos e com o objetivo de minimizar os impactos negativos e potencializar os 
impactos positivos das ações (SILVA, 2003).
Alguns autores traçam paralelos importantes quando se trata das funções 
e definições do planejamento ambiental. Por exemplo, Santos (2004, p. 28) 
descreve que as funções do planejamento ambiental se fundamentam:
[...] na interação e integração dos sistemas que compõem 
o ambiente. Tem o papel de estabelecer as relações entre 
os sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das 
necessidades socioculturais e atividades de interesses 
econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível 
dos seus elementos componentes.
A descrição proposta ainda pode ser complementada quando se trata o 
planejamento ambiental como um meio para auxiliar nas tomadas de decisões 
relacionadas à gestão ambiental, por se tratar de um modelo sistêmico, ou 
seja, que abrange diversas visões e suas interações (VAINER, 1995 apud 
RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2017).
Então, de forma mais direcionada, o conceito de planejamento ambiental 
pode ser descrito como:
Planejamento ambiental é um processo contínuo que envolve 
coleta, organização e análise sistematizada das informações, 
por meio de procedimentos e métodos, para se chegar a 
decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para 
o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de 
suas potencialidades, e com a finalidade de atingir metas 
específicas no futuro, tanto com relação a recursos naturais 
quanto à sociedade (SILVA; SANTOS, 2004, p. 223).
Apesar das diversas definições existentes para o planejamento ambiental, 
pode-se perceber que, de maneira geral, os autores apresentam em suas 
análises a ação que se deseja realizar (desenvolver, ordenar), o elemento da 
ação proposta (recursos naturais), os objetivos (conservar, proteger, preservar) 
visando seu objetivo final (desenvolvimento sustentável) (CARVALHO, 2006). 
Quando se trata de desenvolvimento sustentável, o planejamento ambiental 
deve permitir que as questões ambientais, sociais, econômicas e culturais 
da nossa sociedade interajam, incluindo os profissionais responsáveis pelo 
desenvolvimento de planos, programas e projetos (CARVALHO, 2006).
Na prática, vale destacar que a aplicação do planejamento organizacional 
em empresas também é multidisciplinar, podendo ser utilizado no detalhamento 
de suas ações futuras e objetivos, também conhecido como planejamento 
33
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
• Diretrizes: são os conjuntos de instruções gerais que 
pautam o estabelecimento dos planos e que posteriormente 
embasarão os programas e, consequentemente, os projetos 
(SANTOS, 2004).
• Planos: é o documento escrito, resultante de um 
planejamento, delineando seus rumos, estratégias e diretrizes. 
No plano deve estar estruturado os referenciais que pautarão a 
elaboração dos programas e projetos. Além disso, são definidas as 
prioridades, os objetivos, as metas e a abrangência do plano. Por 
exemplo: Planos municipais de Desenvolvimento Rural (PMDR) 
(FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018).
• Programas: as prioridades detalhadas no plano serão 
utilizadas como objetivos dos programas. Pode também ser 
detalhado como um grupo de projetos que possuem um mesmo 
nível de detalhamento, ou em níveis hierárquicos encadeados. 
Por exemplo: Programa Microbacias (FLORIANO, 2004; NETO; 
GEHLEN; OLIVEIRA, 2018).
• Projetos: o projeto é a parte individual do planejamento 
e que possui objetivos, cronograma e orçamento próprios para 
sua execução (FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 
2018). O projeto destaca “o momento mais operativo do processo 
de planejamento, uma vez que é através dele que se penetrana 
realidade para executar ações que sejam eficientes na transformação 
dessa realidade” (NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018, p. 23).
estratégico. O planejamento ambiental, alvo das nossas discussões nesse 
momento, tem aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento, e possui 
instrumentos importantes para sua execução, por exemplo: licenciamentos 
ambientais; elaboração e execução de estudos ambientais para fins de 
licenciamento; criação de unidades de conservação; estudos para melhoria de 
processos produtivos e redução de impactos ambientais; zoneamento ambiental; 
sistema de gestão ambiental (14001); desenvolvimento de políticas públicas para 
defesa do meio ambiente; uso e ocupação do solo; plano de manejo etc. 
Antes de nos aprofundarmos nos detalhes do planejamento, é importante 
detalharmos os conceitos de Diretrizes, Planos, Programas e Projetos. Esses 
itens estão associados à estrutura do planejamento que passaremos a utilizar em 
nossas análises.
34
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
Então, conforme já comentamos anteriormente, a abordagem integrada ou 
multidisciplinar para a tomada de decisões é importante. Para isso, fazer uso de 
informações sistemáticas de dados sociais, econômicos e ambientais permite a 
análise das interações entre esses dados (SILVA, 2003).
Vimos anteriormente alguns exemplos de áreas em que o planejamento 
ambiental pode ser utilizado. A seguir, veremos alguns exemplos de como o 
planejamento ambiental pode se relacionar com outras áreas do conhecimento, 
abordando questões importantes do nosso cotidiano, como o crescimento 
populacional (exemplificado na Figura 8). Analisaremos alguns itens relacionados 
ao crescimento populacional e como a análise conjunta é importante para 
obtermos uma visão ampla dos fatos. 
FIGURA 8 − USO DO SOLO E ÁREA URBANA EM JOÃO PESSOA 
(PB) NOS ANOS DE 1991 (A), 2006 (B) E 2010 (C)
FONTE: Souza, Silva e Silva (2016)
Sabemos que, com o passar dos anos, apesar do desenvolvimento da nossa 
sociedade, o crescimento e a expansão das cidades sem a devida organização 
vêm acarretando problemas (ambientais, sociais e econômicos) em diversos 
níveis (BRAGA et al., 2005). Um exemplo desses problemas associados à 
expansão populacional é a estrutura de saneamento (tratamento de esgoto, 
água potável, limpeza pública etc.) que é necessária para a manutenção dessas 
populações locais e que também deve acompanhar o desenvolvimento nos 
espaços já utilizados e em processo de expansão.
Além disso, a expansão e a concentração da população ao longo dos 
últimos anos têm trazido à tona algumas discussões sobre a forma como estamos 
utilizando esses espaços, os recursos naturais disponíveis e de que forma os 
problemas associados a isso podem ser prevenidos ou mitigados no processo 
de uso e ocupação do solo. Dessa forma, o planejamento poderá, no sentido 
35
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
mais amplo, auxiliar em muitos aspectos, como ordenamento e execução dessas 
atividades. 
Quando tratamos sobre as formas de uso e ocupação do solo, vários 
instrumentos podem ser aplicáveis. Dentre eles o planejamento de recursos 
hídricos que é fundamental para a gestão das águas em uma bacia hidrográfica, 
disciplinando o acesso ao uso da água na bacia. Essa gestão hídrica deve ser 
considerada de forma ampla, ou seja, compatibilizando os processos naturais, as 
questões sociais e econômicas, garantindo assim a disponibilidade de recursos 
hídricos (LEAL, 2012). 
Como você pôde perceber, detalhamos anteriormente alguns exemplos de 
como uma questão específica, nesse caso a populacional (pressão demográfica), 
pode nos apresentar uma análise mais ampla com relação aos impactos 
ambientais. Perceba que evidenciamos desde a questão do saneamento e uso do 
solo até o gerenciamento de recursos hídricos na bacia hidrográfica. 
Assim, quando tratamos do planejamento ambiental, as análises devem ser 
construídas sob várias perspectivas, visando ao embasamento de forma que 
todas as previsões de investimentos sejam realizadas com base em avaliações 
de equipes multidisciplinares.
Sobre isso, Silva (2003, p. 1) detalha que o planejamento requer estudos 
multidisciplinares para identificar os impactos existentes. Além disso, a autora cita 
que a mitigação desses impactos deve ocorrer evidenciando uma necessidade de 
realização de “abordagens integradas sobre o meio ambiente e ações conjuntas 
envolvendo diferentes áreas do conhecimento para um melhor entendimento e 
conservação da natureza”, levando em consideração a relação entre todos os 
seus aspectos (físicos, bióticos e socioeconômicos).
A avaliação multidisciplinar é um ponto importante e inerente ao processo 
de planejamento. Sendo que a forma como essas informações serão tratadas 
estarão embasadas em diagnósticos prévios, auxiliando no processo de tomada 
de decisão, levando em consideração os recursos disponíveis. 
Nesse momento você já possui um arcabouço teórico para compreender 
a importância do planejamento e de que forma ele pode abranger as diversas 
atividades que exercemos, bem como sua contextualização e importância ao 
longo da história. Agora, iniciaremos com algumas informações técnicas sobre 
a contextualização do planejamento ambiental e sua aplicabilidade em nossas 
atividades, quais suas características e os tipos de planejamento existentes.
36
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
3.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E 
OS TIPOS DE PLANEJAMENTOS
Ao chegar até aqui, já compreendemos as conceituações em torno do 
planejamento. Nesse momento, adentraremos de forma mais aprofundada nos 
tipos de planejamento e de que forma podem ser aplicáveis em nossas atividades. 
O planejamento é estabelecido por meio de classes ou tipos de planejamento que 
permitem caracterizá-lo conforme sua aplicação.
Por isso, é importante destacar uma relação direta entre o planejamento 
tradicional e o planejamento ambiental. No tradicional, as análises são realizadas 
com base nas comunidades, no uso do solo, na economia, na infraestrutura 
existente, considerando um processo de definição e readequação de metas, na 
elaboração de planos e regulamentos. No planejamento ambiental, o enfoque é 
dado ao ambiente em que essas pessoas vivem e quais os efeitos das atividades 
exercidas por elas nesses locais (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO, 2006). 
Carvalho (2006) ainda destaca que a integração entre esses tipos de 
planejamento (tradicional e ambiental) pode fornecer ganhos positivos para as 
análises, pois o modelo tradicional fornece o embasamento para sistematizar os 
procedimentos a serem utilizados e o ambiental faz a avaliação sistêmica sobre 
do planejamento. 
Essa integração deve conter alguns elementos que permitam caracterizá-la, 
como:
[...] ser interdisciplinar; utilizar uma abordagem sistêmica 
para descrever a estrutura, o processo e a dinâmica do 
ambiente; utilizar múltiplas teorias e métodos; ser participativa; 
ser dinâmica; definir-se e orientar-se pelas metas; facilitar 
a disseminação e o uso da informação; trabalhar sob a 
perspectiva de longo prazo; utilizar o monitoramento para 
avaliação constante (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO, 
2006, p. 13-14).
O planejamento pode ser divido de acordo com características e dimensões. 
As características do planejamento são importantes e devem ser definidas de 
forma que os objetivos sejam atingidos ao seu final ou avaliados continuamente.
De acordo com Floriano (2004), essas características do planejamento são 
definidas por: complexidade (nível de detalhamento); qualidade (qualidade do 
propósito do planejamento); quantidade (refere-se aos recursos e processos 
37
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
pararealizar o planejamento), que deve ser priorizada; assunto (ou objeto), 
que descrevem o propósito do planejamento e orienta a sua temática central 
(por exemplo: Bacia Hidrográfica, Unidade de Conservação, Educação Ambiental 
etc.); unidade organizacional, em que se aplicará o planejamento (por exemplo: 
corporativa − toda a instituição; operação − envolve a produção de um produto ou 
serviço; projeto − execução de um projeto específico com cronograma, orçamento 
e equipe própria etc.). 
O direcionamento das ações do planejamento deve ser orientado visando ao 
alcance dos objetivos propostos, e relacionadas por meio de nove itens a serem 
observados (FLORIANO, 2004, p. 8):
• Propósitos − o que fazer. 
• Objetivos − por que fazer.
• Prazos − em quanto tempo.
• Políticas − que regras seguir.
• Critérios − como julgar.
• Procedimentos − como fazer, que passos seguir (plano de 
ação).
• Recursos (tecnológicas e financeiros) − o que utilizar.
• Monitoramento − o que medir.
• Controle − como analisar e revisar o que se fez.
A norma ABNT NBR ISO 14001:2015, que é voltada à estruturação de um 
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), possui um requisito específico que trata do 
tema planejamento. Essa é uma oportunidade de verificarmos a aplicação prática 
de alguns termos associados ao planejamento ambiental. No Quadro 5 estão 
destacadas as informações referentes ao Item 6 dessa norma.
 
QUADRO 5 − DESCRIÇÃO DO ITEM 6 PLANEJAMENTO 
DA NORMA ABNT NBR ISO 14001:2015.
ITEM REQUISITO DESCRIÇÃO
6.1 Ações para riscos e opor-tunidades
Esse requisito tem o objetivo de assegurar que a organização 
seja capaz de alcançar os resultados pretendidos do seu 
SGA, prevenindo ou reduzindo efeitos indesejados, buscan-
do a melhoria contínua. A organização deve considerar os 
seus riscos e oportunidades (servem de base para o planeja-
mento das ações) que precisam ser abordadas e planejando 
ações para abordá-los (ex.: escassez de água durante perío-
dos de seca podendo afetar a operação).
6.1.1 Generalidades
6.1.2 Aspectos Ambientais
Determinar seus aspectos e impactos associados a ativi-
dades. Os aspectos ambientais são elementos de atividades 
que interagem com o meio ambiente. Para determinar os 
aspectos ambientais, a organização pode considerar, por 
exemplo, emissões para o ar, lançamento para a água etc. 
As alterações para o meio ambiente, adversas ou benéficas, 
que resultam dos aspectos ambientais, são chamados de 
impactos ambientais.
38
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos
A organização determina os requisitos legais e outros requi-
sitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais e que devem 
ser cumpridos (leis, regulamentos, licenças, sentenças de 
tribunais etc.).
6.1.4 Planejamento de ações
A organização planeja as ações que têm de ser tomadas 
dentro do sistema de gestão ambiental para abordar seus 
aspectos ambientais, seus requisitos legais, riscos e opor-
tunidades para atingir aos resultados do seu SGA, podendo 
fazer isso por meio de estabelecimento de objetivos ambi-
entais.
6.2
Objetivos ambientais e 
planejamento para alca-
nçá-los
A alta direção pode estabelecer objetivos ambientais ao 
nível estratégico (níveis mais altos da empresa), tático e 
operacional (objetivos ambientais para unidades ou funções 
específicas dentro da organização). Nesse item, indicadores 
são selecionados para avaliar o alcance de objetivos ambi-
entais mensuráveis.
FONTE: Adaptado de ABNT (2015)
Avaliando o quadro, é possível detalhar alguns dos requisitos já abordados 
em seções anteriores do nosso material e destacados entre os nove itens 
descritos.
Os requisitos em destaque no quadro demonstram informações importantes 
a serem observadas, como a necessidade de uma definição dos objetivos, a 
estruturação de um planejamento baseado em informações prévias (identificação 
de impactos ambientais e suas consequências) e a estruturação do planejamento 
para acompanhar essas informações. 
É importante observar a relação entre o acompanhamento de informações 
dentro de um planejamento e o item de melhoria contínua existente em um SGA. 
O monitoramento (medições) e controle (analisar e revisar a informação medida) 
de informações buscando a melhoria contínua é baseado no conceito do ciclo 
PDCA (Plan - Do - Check - Act) e melhor detalhado a seguir (ABNT, 2015, p. 9):
• Plan (planejar): estabelecer os objetos ambientais e os 
processos necessários para entregar resultados de acordo 
com a política ambiental da organização.
• Do (fazer): implementar os processos conforme planejado.
• Check (checar): monitorar e medir os processos com relação 
à política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos 
ambientais e critérios operacionais, e reportar os resultados.
• Act (agir): tomar ações para melhoria contínua.
No próximo capítulo, quando tratarmos novamente sobre a norma 14001, 
abordaremos os impactos ambientais e os indicadores ambientais. Agora que 
visualizamos uma das aplicações práticas do planejamento (norma 14001), 
retomaremos o assunto sobre os tipos de planejamento. 
39
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Os planejamentos podem ser divididos de acordo com seus objetivos e níveis 
de atuação. A seguir estão descritos cinco tipos de planejamentos de acordo com 
subdivisões e requisitos específicos, propostos por Floriano (2004): objeto do 
planejamento; nível de detalhamento; prazos; territórios; critérios.
• Objeto do planejamento (organizações; projetos; operações; 
comissões): quando se trata de uma organização, o objeto do 
planejamento geralmente ocorre em níveis, sendo tratado inicialmente 
pelo nível estratégico, definindo a política e a missão organizacional 
de acordo com as atividades realizadas. Posteriormente, é realizado 
seu planejamento tático e operacional. Quando se trata de projeto, 
normalmente está associado ao nível tático-operacional, abordando 
detalhes relacionados aos processos, recursos e técnicas, mas sempre 
alinhado ao planejamento institucional. O projeto também pode ser 
realizado de forma isolada, resultando na entrega de um documento 
único ao final. A operação é uma sequência de ações para a produção 
de um bem ou serviço e seu planejamento está no máximo nível de 
detalhamento quanto a recursos e processos, sendo relacionado, 
principalmente, à área técnica. Uma comissão descreve uma equipe, 
grupo técnico ou comissão especial, formados com um determinado 
propósito e objetivo, é objeto de planejamento em qualquer nível, assim 
como os diversos níveis de uma organização (FLORIANO, 2004).
• Nível de detalhamento (estratégico; tático; operacional): a junção 
entre os planos estratégico, tático e operacional formam o programa 
organizacional (FLORIANO, 2004). Quando se trata de nível estratégico 
busca-se atingir os macros objetivos da organização, em que as 
decisões são de longo prazo e decididas pelos níveis mais altos da 
empresa. No nível tático, as ações são de médio prazo e devem estar 
coordenadas com as ações estratégicas da empresa. Nesse nível, 
ocorrem as definições de estratégias, planos e projetos que serão 
executadas pelo nível operacional. O nível operacional da organização 
demonstra projetos com prazos mais curtos. As decisões são técnicas e 
relacionadas ao controle operacional das atividades (BARRETO, 2017).
• Prazos (curto; médio; longo): os planejamentos de curto prazo 
normalmente estão relacionados à área operacional (1-2 anos). 
Planejamentos táticos normalmente são de média duração (2-5 anos). 
Planejamentos estratégicos são de longo prazo e envolvem diversos 
programas (FLORIANO, 2004).
• Território (global; continental; nacional; estadual; municipal; 
urbano; rural): o planejamento territorial pode abranger diversas 
escalas e quanto maior a sua escala o tempo também pode ser mais 
maior. Por exemplo,“os planos envolvendo todo o território de um país 
ou de grandes regiões nos casos de países extensos, como o Brasil, 
40
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
1 - Descreva, de acordo com as informações apresentadas, o 
conceito de planejamento ambiental.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
 
2 - Planos, programas e projetos são atividades resultantes de 
um planejamento e importantes de serem compreendidas. 
Descreva o conceito de cada um desses itens.
R.: ___________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
quase sempre são estratégicos, deixando-se as táticas para os estados 
e municípios” (FLORIANO, 2004, p. 14).
• Critérios (monocritério; multicritério): os critérios são os limites 
(qualitativos ou quantitativos) que permitem analisar as características 
e objetivos para a realização de ações. Apesar de não serem muito 
frequentes, quando tratamos de planejamentos monocritérios, esses 
estão principalmente relacionados ao nível de planejamento operacional 
quando visam ao cumprimento de uma diretriz, por exemplo. O 
planejamento multicritério associa a execução simultânea de mais de 
uma alternativa para se cumprir um objetivo determinado. Quando existe 
mais de uma alternativa para atingir um objetivo, são estabelecidas 
prioridades por meio de critérios para se definir as melhores alternativas 
(FLORIANO, 2004).
Nesse momento, chegamos ao final desta seção e passamos pelas 
informações iniciais do planejamento, envolvendo a sua caracterização histórica e 
sua evolução ao longo dos anos, tipos de planejamento (tradicional e ambiental) 
suas definições e relações. Agora, você já possui as informações iniciais sobre o 
planejamento e em nossa próxima seção passaremos a analisar as estruturas do 
planejamento ambiental. 
41
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
4 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E 
SUAS ESTRUTURAS
Nesta seção, iniciaremos a abordagem quanto à estruturação do 
planejamento ambiental, detalhando as suas fases, as etapas associadas e 
os instrumentos utilizados para a realização dos planejamentos ambientais. 
A primeira abordagem tratará sobre as fases do planejamento, suas estruturas 
e instrumentos, descrevendo a organização e a aplicação na realização de 
atividades técnicas. 
4.1 FASES E ESTRUTURAS DO 
PLANEJAMENTO AMBIENTAL
É importante que você tenha em mente que na definição e organização de 
qualquer atividade o planejamento é fundamental. Para isso, as ações iniciais são 
a organização, a definição das etapas a serem seguidas e a identificação das 
fases. 
Retomando e resumindo um conceito que vimos anteriormente, o 
planejamento busca auxiliar nas definições de ações futuras com base 
em informações coletadas, organizadas e analisadas sistematicamente 
de acordo com os cenários e recursos disponíveis. Contudo, para isso, é 
importante que você observe algumas fases que auxiliam na execução dos 
planejamentos, observando principalmente o tempo, o espaço e os objetivos a 
serem atingidos. O planejamento institucional pode ser inicialmente dividido em 
algumas fases, conforme descrito na Figura 9 (SANTOS, 2004).
Nessas fases, é importante observar que ocorre um processo de alimentação 
da informação, ou seja, um processo gera informação para o processo seguinte. 
Por exemplo, de acordo com o objetivo a ser alcançado, o diagnóstico da situação 
será elaborado e embasará a definição das prioridades para que posteriormente 
os recursos possam ser alocados de acordo com as alternativas existentes. 
Isso pautará a análise de riscos e a previsão das ações, retornando o ciclo de 
verificação dos objetivos iniciais. 
42
 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável
FIGURA 9 − FASES DO PLANEJAMENTO
FONTE: Santos (2004)
É importante destacar que os conceitos descritos em cada uma das fases do 
planejamento também podem ser associados ao ciclo PDCA (Planejar, executar, 
avaliar e corrigir) que vimos na seção anterior. 
Assim como nas fases do planejamento descritas, no ciclo PDCA ocorre 
uma fase inicial de planejamento das ações, em seguida ocorre a execução das 
atividades e sua efetividade é avaliada, permitindo, assim, possíveis correções no 
processo, gerando um ciclo de melhoria contínua. 
Na prática, as fases descritas estão otimizadas e, dependendo da aplicação 
pretendida do planejamento, podem ser ampliadas em diversas escalas, incluindo, 
ainda, as questões metodológicas em cada fase. Essas questões são importantes 
quando tratamos de planejamento ambiental, pois a descrição da metodologia 
e procedimentos utilizados dirão como as análises multidisciplinares serão 
realizadas. 
As definições das fases do planejamento ambiental são abordadas por 
diversos autores que descrevem sobre suas etapas e, de fato, essas diferenças 
ocorrem muito por conta da necessidade de atender a diferentes critérios conforme 
os objetivos definidos.
Nesse momento, iniciaremos com uma breve discussão sobre a aplicação de 
metodologias, sendo que esse item será aprofundado no próximo capítulo. Dessa 
forma, algumas fases do planejamento ambiental são importantes para que você 
compreenda a execução de ações e objetivos pretendidos.
43
Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, 
Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas
 Capítulo 1 
Ao tratarmos do planejamento ambiental e focar na abordagem de um 
determinado problema ou uma meta que se pretende atingir, algumas etapas são 
importantes de serem analisadas, seguindo alguns critérios na busca pela solução 
do problema. Dentre esses critérios, a identificação das informações, a análise da 
situação, a análise de problemas, a análise da decisão, a análise de problemas 
potenciais e a elaboração do plano podem ser destacadas como algumas das 
fases a serem abordadas durante o planejamento. Conforme descreve Floriano 
(2004):
• Identificação e levantamento de informações: o tema central de um 
planejamento é o seu propósito maior, é o objeto do planejamento ou 
assunto principal. Por exemplo, os resíduos gerados em processo de 
fabricação, em que o objetivo pode ser a redução dos resíduos gerados 
e do seu planejamento, resultará em um plano de redução de resíduos 
no processo de fabricação. Há a possibilidade da elaboração de planos 
paralelos caso objetivos distintos sejam analisados.
• Análise de situação: para o reconhecimento da situação, inicialmente, 
deve-se definir os objetivos de acordo com o assunto abordado para o 
planejamento e quais desses objetivos serão prioritários. Um exemplo 
de metodologia para a definição de impactos prioritários é o método 5i, 
em que ocorre a soma da pontuação de cada requisito − cada i −, que 
resultará no índice para comparação. 1. Importância: descreve qual o 
valor relativo de um fato com relação ao valor global do todo. É o risco 
de dano estimado com base no que já ocorreu. 2. Iminência: descreve a 
situação temporal de um fato em si, ou seja, se o fato já ocorreu, se está 
ocorrendo, se vai ocorrer ou se poderá ocorrer. 3. Intensidade: grau com 
que determinado fato ocorre em relação ao seu padrão. A intensidade 
é calculada pelo grau de agressão próprio de uma substância, energia, 
fenômeno etc. em relação aos níveis normais. 4. Incidência: número de 
vezes com que um fato ocorre por unidade de tempo (frequência). 5. 
Inclinação: é o risco de dano futuro caso nada seja feito (se manter no 
mesmo, melhorar ou piorar com o passar do tempo). Outro exemplo é a 
metodologia da matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência).
• Análise de problemas: problemas ambientais são os impactos 
negativos

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