Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PLANEJAMENTO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL UNIASSELVI-PÓS Autoria: Dr. Eder Caglioni e Me. Felipe Luiz Braghirolli Indaial - 2020 1ª Edição CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Carlos Fabiano Fistarol Ilana Gunilda Gerber Cavichioli Jóice Gadotti Consatti Norberto Siegel Julia dos Santos Ariana Monique Dalri Marcelo Bucci Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2020 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: C131p Caglioni, Eder Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável. / Eder Cagli- oni; Felipe Luiz Braghirolli. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 168 p.; il. ISBN 978-65-5646-098-7 ISBN Digital 978-65-5646-099-4 1. Meio ambiente. - Brasil. 2. Sustentabilidade. – Brasil. I. Braghirolli, Felipe Luiz. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 628 Sumário APRESENTAÇÃO ............................................................................5 CAPÍTULO 1 Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas Estruturas ...........................................................................7 CAPÍTULO 2 Impactos Ambientais e Indicadores ..........................................57 CAPÍTULO 3 Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e Educação Ambiental ...................................................................................105 APRESENTAÇÃO Olá, acadêmico! Se você está cursando esta pós-graduação já demonstra interesse pela área de sustentabilidade e deve saber que é inegável a preocupação com a área ambiental atualmente, além da necessidade de compreendermos a questão, de forma ampla e urgente em nossa sociedade. Para isso, estamos apresentando neste Livro Didático a disciplina de Desenvolvimento Sustentável e Planejamento Ambiental, a qual tem o objetivo de introduzir conceitos e análises do histórico do desenvolvimento sustentável, bem como as estruturas que envolvem o planejamento ambiental, metodologias para diagnósticos de impactos ambientais e ferramentas de mitigação desses impactos. Além disso, envolveremos a importância da educação nesse processo. Este Livro Didático será dividido em três capítulos e nossos objetivos de aprendizagem serão apresentados com base na metodologia UNIASSELVI de saber-fazer. O saber envolve os conceitos a serem aprendidos e o fazer relaciona às competências que o acadêmico poderá aplicar ao final dos estudos. No Capítulo 1, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas estruturas, trataremos da questão ambiental desde o histórico do desenvolvimento sustentável e do planejamento ambiental − suas características, estruturas utilizadas − até o detalhamento de ações, utilizadas como instrumentos em busca do desenvolvimento sustentável, pautadas no planejamento ambiental. Os objetivos estarão relacionados com a apresentação das terminologias e ações de redução dos impactos ambientais, identificando as formas de planejamento, para que possam ser compreendidas de forma sistêmica. O segundo capítulo, intitulado Impactos Ambientais e Indicadores, irá apresentar como os diagnósticos podem ser utilizados de base para a estruturação de indicadores ambientais de avaliação e quantificação dos impactos, buscando sua prevenção e/ou mitigação. Faremos análises iniciais com relação à legislação vigente para estudos ambientais, passando pelo reconhecimento de impactos ambientais gerados por atividades, definição de indicadores e suas metodologias de quantificação, buscando principalmente a prevenção desses impactos. No Capítulo 3, intitulado Zoneamento Ambiental, Tomada de Decisão e Educação Ambiental, traremos alguns detalhamentos sobre o zoneamento ambiental, sua importância na tomada de decisão e políticas voltadas à educação, bem como todas as suas estruturas. Apresentaremos critérios para a tomada de decisão com base em aspectos técnicos e estudos, visando a estimular a análise crítica com base em informações ambientais e científicas. Além disso, apresentaremos os princípios de educação ambiental e como esses podem auxiliar no desenvolvimento de ações para a sustentabilidade. Em face do elevado nível de exigência por parte de órgãos reguladores e da necessidade de profissionais cada vez mais especializados e com grande leque de atuação, as áreas de meio ambiente e sustentabilidade vêm sendo cada vez mais exigidas no mercado de trabalho. Dessa forma, este material foi desenvolvido com o objetivo de apresentar de forma concisa diversas metodologias e aplicações técnicas utilizadas na área ambiental. Assim, pretendemos atender aos mais diversos públicos e áreas de atuações, visando auxiliar nessa percepção ampla das questões ambientais. Você também poderá aprofundar seus estudos por meio das bibliografias e materiais indicados ao longo do livro. Esperamos que aproveitem o material e bons estudos! CAPÍTULO 1 Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas Estruturas A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes objetivos de aprendizagem: • Introduzir as terminologias utilizadas e a linha histórica que descreve o desenvolvimento sustentável e o planejamento ambiental. • Apresentar as metodologias e novas oportunidades existentes para implantação dos princípios do desenvolvimento sustentável. • Identificar os tipos de planejamento, estruturas, etapas e instrumentos do planejamento ambiental. • Reconhecer a estrutura histórica do desenvolvimento sustentável e do planejamento ambiental. • Estruturar o planejamento ambiental. 8 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 9 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 1 CONTEXTUALIZAÇÃO A sustentabilidade, mais especificamente o termo desenvolvimento sustentável, vem sendo amplamente empregada em ações de diversas esferas e é provável que você já tenha ouvido falar muito nesse tema. No entanto, você sabe onde essa expressão surgiu? Quais teorias incrementaram essa definição? Quais estratégias vêm sendo adotadas ao longo dos anos para frear o avanço significativo de impactos ambientais? Nosso modelo econômico atual é sustentável? Existem novas formas de estruturarmos a nossa economia sem comprometer nossos recursos naturais? Esses são alguns dos assuntos que abordaremos ao longo da nossa trajetória neste capítulo. Além disso, estudaremos as práticas de planejamento, aprofundando nossos esforços na área ambiental, expondo suas características, estruturas e principais instrumentos que visam auxiliar na melhoria da qualidade ambiental e prevenção dos impactos ambientais associados às atividades e ao desenvolvimento de planos, programas e projetos ambientais. Este capítulo tem como principal objetivo apresentar alguns conceitos necessários que utilizaremos em capítulos posteriores do nosso livro e em nossos estudos da disciplina de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável. 2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável é um termo que vem sendo amplamente utilizado em diversos setores da sociedade e, em muitos casos, relacionado com ações voltadas à área ambiental. No entanto, esse termo é muito mais amplo e estabelece conexão com diversos assuntos. Para compreendermos a origem desse termo e como ele se relaciona com as nossas ações nos dias atuais, vamos estabelecer uma linha histórica sobre a questão ambiental descrevendo os principais pontos e documentosrelacionados com esse tema, passando desde a Revolução Industrial e conferências ambientais até o estabelecimento das regulações e como esse tema vem sendo trabalhado atualmente sob diversas óticas. Além disso, aprenderemos como esse termo e suas associações possuem relação com a redução de nossos impactos ambientais. 10 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 2.1 PERSPECTIVA HISTÓRICA O início da nossa caminhada tratará da Revolução Industrial e como essa fase pautou os primeiros debates sobre as questões ambientais em nossa sociedade. A Revolução Industrial teve início no século XVIII na Inglaterra. Essa fase contribuiu fortemente para a mecanização, gerando aumento da escala produtiva, tornando a produção em massa uma oportunidade para o desenvolvimento das indústrias, principalmente por conta da entrada de novas tecnologias e outras formas de energia, como a energia a vapor, que contribuiu no desenvolvimento dos transportes para deslocamento de mercadorias e inclusive avanços na agricultura com novas formas de produção (OLIVEIRA, 2004; POTT; ESTRELA, 2017). Nesse período, houve pleno desenvolvimento das populações das cidades e da indústria. Pott e Estrela (2017) descrevem algumas das características ocorridas nesse momento, como a transição da manufatura para a indústria mecânica e o desenvolvimento de novas tecnologias, gerando o aumento da capacidade produtiva. Os autores ainda destacam que, com esses avanços, as populações começaram a deslocar-se para os grandes centros urbanos em busca de melhores salários nas indústrias, cada vez mais emergentes, gerando maior acesso aos bens. A evolução da medicina também permitiu ampliar a expectativa de vida dessas populações. Apesar do desenvolvimento econômico ocorrido nessa época, alguns episódios agudos de poluição acenderam um alerta sobre como as questões ambientais vinham sendo tratadas. No Quadro 1, descrito por Hogan (2007), alguns dos principais episódios de poluição ambiental ao longo do período Pós- Revolução Industrial trouxeram à tona as discussões e preocupações sobre o meio ambiente. QUADRO 1 − CRISES AMBIENTAIS E SUAS CONSEQUÊNCIAS LOCAL DESCRIÇÃO Vale do Meuse, Bélgica - 1930 A intensa névoa, por conta da concentração dos polu- entes lançados na região, causou a morte de mais de 60 pessoas. Donora, Pensilvânia - 1948 A inversão térmica por conta da poluição represada e concentrada na região durante cinco dias consecutivos resultou na morte de 20 pessoas e milhares de doentes. Após o fato, foi iniciada uma pesquisa na região com o objetivo de relacionar a poluição atmosférica e os im- pactos sobre a saúde. 11 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Outra obra de igual importância e que ganhou ampla notoriedade foi publicada no ano de 1972, pelos autores Donella H. Meadows e colaboradores, sob o financiamento do Clube de Roma, chamado de The limits to Growth (Os limites do crescimento). Você pode acessar à versão original do livro no link: https://clubofrome.org/publication/ the-limits-to-growth/. Esse livro alertou de forma quase apocalíptica para a discussão sobre o desenvolvimento industrial e crescimento populacional em função da capacidade limite do planeta para produção de recursos (LAGO, 2006, p. 29; NASCIMENTO, 2012). “A névoa matadora”, Londres - 1952 O excesso de poluição proveniente das indústrias, veículos e até mesmo da queima de carvão para aquec- imento das residências foram fatores que contribuíram para esse fato que vitimou aproximadamente 4000 pes- soas e foi agravado pela concentração dos poluentes por conta da inversão térmica na região. Desastre de Minamata - 1956 Em uma comunidade de pescadores (Baia de Minamata no Japão) alguns indícios de problemas por conta da mortalidade e comportamento anormal em animais, como peixes, polvos, aves e gatos. Mais tarde, após di- versas mortes, pesquisas realizadas no local concluíram que os problemas estavam relacionados com a contam- inação por metais pesados provenientes de uma in- dústria produtora de fertilizantes, químicos e plásticos. FONTE: Adaptado de Hogan (2007) Após essas crises, as discussões sobre os impactos ambientais e suas consequências afloraram ainda mais, assim como a preocupação de diversos cientistas e especialistas. No ano de 1962, a autora e cientista Rachel Carson publicou o livro Silent Spring (Primavera Silenciosa), chamando a atenção para a preocupação quanto ao uso de pesticidas químicos (Dicloro-Difenil- Tricloroetano – DDT) e seus efeitos de longo prazo no meio ambiente e na saúde humana (GALLI, 2009). 12 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável As discussões e as preocupações mundiais com a questão ambiental continuaram em ascensão e, no ano de 1972, a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU) convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano em Estocolmo (Suécia), conhecida como Conferência de Estocolmo, que culminou com a declaração final contendo um guia de 26 princípios para a preservação do meio ambiente (Figura 1). Além dos princípios, as proclamações contidas nesse documento também serviram de base para as discussões sobre as futuras gerações com a definição de ações a serem realizadas, como preconizado no parágrafo 6º (CETESB, 2020; NAÇÕES UNIDAS, 2015). Por ignorância ou indiferença, podemos causar danos imensos e irreparáveis ao meio ambiente da terra do qual dependem nossa vida e nosso bem-estar. Ao contrário, com um conhecimento mais profundo e uma ação mais prudente, podemos conseguir para nós mesmos e para nossa posteridade condições melhores de vida, em um meio ambiente mais de acordo com as necessidades e aspirações do homem. [...] A defesa e o melhoramento do meio ambiente humano para as gerações presentes e futuras se converteram na meta imperiosa da humanidade, que se deve perseguir, ao mesmo tempo em que se mantêm as metas fundamentais já estabelecidas, da paz e do desenvolvimento econômico e social em todo o mundo [...] (NAÇÕES UNIDAS, 2015, s.p.). Você pode acessar às informações sobre o relatório original da Conferência de Estocolmo no site: https://sustainabledevelopment. un.org/conferences. FIGURA 1 − REUNIÃO PREPARATÓRIA PARA A CONFERÊNCIA DE ESTOCOLMO. FONTE: <https://nacoesunidas.org/conferencias-de-meio-ambiente-e- desenvolvimento-sustentavel-miniguia-da-onu/>. Acesso em: 30 jul. 2020. 13 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 No mesmo ano da conferência de Estocolmo (1972) foi criado o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) que busca principalmente um diálogo entre diversos setores (público, privado, acadêmico, sociedade civil, ONGs etc.), com o objetivo de monitorar possíveis ameaças ambientais, garantindo a perpetuação desses recursos, e promover o desenvolvimento sustentável (BRASIL, 2012a). Ainda em Estocolmo, um termo utilizado ao longo da conferência fez crescer as discussões e iniciar o que conhecemos hoje como desenvolvimento sustentável, que foi o uso do termo Ecodesenvolvimento citado por Maurice Strong durante a conferência. De acordo com Sachs (1973 apud MONTIBELLER FILHO, 1993), o termo tem o seguinte significado: Desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio (SACHS, 1973 apud MONTIBELLER FILHO, 1993, p. 132). Podemos perceber que esse termo ensaia o início de uma discussão ampla envolvendo as questões ambientais, sociais e econômicas em nossa sociedade. Após as discussões iniciais sobre a preocupação com os impactos ambientaise despontamento do termo Ecodesenvolvimento, no ano de 1983, a ONU faz o convite para a médica Gro Harlem Brundtland presidir a comissão mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (World Commission on Environment and Development − WCED). O trabalho presidido por ela foi publicado em 1987 e resultou na elaboração do conhecido relatório Nosso Futuro Comum (Relatório de Brundtland), em que pela primeira vez foi abordado o termo Desenvolvimento Sustentável (BRAGA et al., 2005; NAÇÕES UNIDAS, 2015). Você pode acessar às informações originais do relatório Nosso Futuro Comum no link: https://sustainabledevelopment.un.org/ milestones/wced. 14 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável O conceito de desenvolvimento sustentável é descrito no relatório original como “Humanity has the ability to make development sustainable to ensure that it meets the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs” (BRUNDTLAND et al., 1987 p. 16), ou segundo traduzido por Braga et al. (2005, p. 216), o desenvolvimento sustentável pode ser descrito como: “Atender às necessidades da geração do presente sem comprometer a habilidade das gerações futuras de atenderem suas próprias necessidades”. O desenvolvimento sustentável criou um olhar sobre nossa sociedade e a maneira como nos posicionarmos frente a ela. Segundo Montibeller Filho (1993, p. 135), durante a Conferência Mundial sobre a Conservação e o Desenvolvimento realizada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), em Ottawa, Canadá, em 1986, o desenvolvimento sustentável foi colocado como um novo modelo e incluía alguns princípios, dentre eles: “integrar conservação da natureza e desenvolvimento; satisfazer as necessidades humanas fundamentais; perseguir equidade e justiça social; buscar a autodeterminação social e da diversidade cultural; manter a integridade ecológica”. Esses princípios demonstraram que a abrangência da discussão sobre as questões ambientais ao longo dos anos tomou uma proporção cada vez maior, incluindo as visões econômicas e sociais em suas análises. Como já vimos anteriormente, a emissão de gases na atmosfera gerou impactos significativos para o meio ambiente e na saúde humana. Cada vez mais ocorre o aumento dessas emissões e consequentemente da temperatura global. Por conta da preocupação com esses efeitos, no ano de 1988, a ONU Meio Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) criaram em conjunto o Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), que tem a função de avaliar as informações científicas, fornecendo evidências para pautar ações de redução dos efeitos do aquecimento global (BRITEZ et al., 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015). Seguindo a linha histórica, após a criação do IPCC, a expressão “Desenvolvimento sustentável” ganhou ainda mais força no ano de 1992, quando ocorreu a Conferência do Meio Ambiente, conhecida como Rio 92 ou Eco-92 (Figura 2). Realizada no Rio de Janeiro, essa conferência discutiu os avanços obtidos desde a conferência de Estocolmo e o Relatório de Brundtland. Nessa conferência alguns documentos importantes foram elaborados, dentre eles: a Convenção das Nações Unidas sobre a diversidade biológica, a Agenda 21, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC) e a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (GALLI, 2009; NAÇÕES UNIDAS, 2015). 15 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 FIGURA 2 − LOGO DA CONFERÊNCIA RIO 92 FONTE: <http://www.senado.gov.br/NOTICIAS/JORNAL/ EMDISCUSSAO/upload/201202%20-%20maio/ed11_imgs/ ed11_p12_imagem.jpg>. Acesso em: 30 jul. 2020. A Agenda 21 foi um dos documentos resultante da Rio 92 e propôs ações com a participação efetiva dos mais diversos setores da sociedade e em vários países, direcionando ações de proteção dos recursos naturais (prevenção do desmatamento, perda de qualidade dos solos, poluição da água e do ar) e a relação dessas com questões sociais (combate à pobreza, padrões de produção e consumo) (GALLI, 2009; SILVA, 2015). Outro documento resultante da Rio-92 foi a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), que inclui um conjunto de 27 princípios elaborados a partir da Declaração da Conferência de Estocolmo, estabelecendo atuação conjunta entre o Estado e outros setores da sociedade. Acesse ao artigo indicado no link a seguir para mais informações acerca da Declaração do Rio: http://www.scielo.br/pdf/ea/v6n15/ v6n15a13.pdf. 16 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável Outra ação efetivada durante a Rio 92 foi a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) que busca mitigar os efeitos das mudanças climáticas por meio de acordos para a redução das emissões entre os países signatários. Sendo assim, desde 1995, os países signatários realizam a Conferência das Partes (COP), para que os acordos internacionais sejam discutidos e as metas estabelecidas sejam constantemente avaliadas (BRITEZ et al., 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015). As reuniões da COP são realizadas anualmente e você pode acompanhar o histórico dos encontros no Quadro 2. QUADRO 2 − LINHA DO TEMPO DA CONFERÊNCIA DAS PARTES N° ANO LOCAL COP 1 1995 Berlim COP 2 1996 Genebra COP 3 1997 Kyoto COP 4 1998 Buenos Aires COP 5 1999 Bonn COP 6 2000 Haia COP 7 2001 Marrakesh COP 8 2002 Nova Delhi COP 9 2003 Milão COP 10 2004 Buenos Aires COP 11 2005 Montreal COP 12 2006 Nairóbi COP 13 2007 Bali COP 14 2008 Paznan COP 15 2009 Copenhage COP 16 2010 Cancún COP 17 2011 Durban COP 18 2012 Doha COP 19 2013 Varsóvia COP 20 2014 Lima COP 21 2015 Paris COP 22 2016 Marrakesh COP 23 2017 Bonn COP 24 2018 Katowice COP 25 2019 Madri FONTE: Adaptado de MMA (2018) 17 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Para definir os instrumentos e mecanismos que seriam utilizados para atingir os objetivos definidos da UNFCCC, surgiu o Protocolo de Quioto, ou seja, um tratado internacional que estabelecia metas de redução dos gases do efeito estufa para 40 países (BRITEZ et al., 2006). O protocolo de Quioto estabeleceu a redução de 5,2% das emissões totais dos grandes geradores entre o período de 2008 a 2012. Além disso, no protocolo foram estabelecidos mecanismos para viabilizar o alcance dessas metas definidas, sendo eles: implementação conjunta; comércio de emissões; mecanismo de desenvolvimento limpo (SCARPINELLA, 2002). Vale destacar que o protocolo de Quioto teve seu início efetivo no ano de 1997, porém só foi ratificado em 1999, fazendo com que entrasse em vigor no ano de 2005 após o aceite de todos os países que representassem 55% das emissões totais (SILVA, 2015). Deslocando um pouco a nossa linha do tempo, mas ainda no âmbito da COP, podemos destacar o acordo de Paris que foi adotado a partir de 2015, com o objetivo de conter os impactos associados ao aquecimento global, mantendo o aumento da temperatura da Terra abaixo de 2 °C. No contexto nacional, o Brasil se comprometeu a reduzir a emissão de Gases do Efeito Estufa (GEE) em 37% abaixo dos níveis de 2005 até o ano de 2025 e 43% abaixo dos níveis de 2005 até 2030. Além disso, o país incluiu nos compromissos a restauração de florestas e a ampliação do uso de energias renováveis (MMA, 2016). Os compromissos brasileiros podem ser encontrados neste link: http://www.itamaraty.gov.br/images/ed_desenvsust/BRASIL-iNDC- portugues.pdf. Retomando nossa linha histórica, no ano de 2002, dez anos após a Rio 92 e a implantação da Agenda 21, foi realizada na cidade Johanesburgo (África do Sul) a conferência Rio+10 (Figura 3). Essa conferência teve o principal objetivo de estabelecer as ações para implementação doscompromissos assumidos na Agenda 21, de forma concreta e incluindo a participação mais próxima da sociedade civil (LAGO, 2006; NAÇÕES UNIDAS, 2015; SILVA, 2015). 18 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável FIGURA 3 − CONFERÊNCIA DE JOHANESBURGO (2002) FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020 As principais ações e discussões ocorridas durante a conferência foram destacadas por Silva (2015, p. 167), dando destaque para as ações socioambientais: Novamente foi tratada uma diversidade de temas como água, saneamento, energia, saúde, agricultura, biodiversidade e gestão de ecossistemas. Como resultado saíram 153 recomendações para o cumprimento da Agenda 21, no sentido de fortalecer e melhorar a implementação do desenvolvimento sustentável, dando mais eficiência aos seus resultados. Considerada um dos entraves a sua implementação, a pobreza foi um dos principais assuntos debatidos, e foi decidida a criação de um fundo mundial de solidariedade para sua erradicação. Em algum momento é possível surgir a hipótese de que, com todas essas discussões ao longo das conferências, a educação poderia ter ganho um papel de maior importância dentro das conferências. De fato, isso aconteceu a partir da definição da Agenda 21, destacando que “a educação é fundamental para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a capacidade das pessoas em entender os problemas do meio ambiente e do desenvolvimento” (UNESCO, 2005, s.p.). Então, efetivamente, a partir da conferência de Johanesburgo, a educação ganhou ainda mais importância na busca pelo desenvolvimento sustentável com o lançamento do programa Década de Educação para o Desenvolvimento Sustentável para o período de 2004-2014, “enfatizando que educação é um elemento indispensável para que se atinja o desenvolvimento sustentável” (UNESCO, 2005, s.p.). Após 20 anos desde a Rio 92, a convenção retorna à cidade do Rio de Janeiro no ano de 2012, para a realização da conferência Rio+20 (Figura 4). 19 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Nessa conferência, após a produção do seu relatório final conhecido como O Futuro que Queremos, diversos questionamentos começaram a surgir sobre a efetividade das discussões ao longo de décadas de conferências. Para ter acesso ao relatório O Futuro que Queremos completo acesse: http://www2.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/O- Futuro-que-queremos1.pdf. FIGURA 4 − CONFERÊNCIA RIO+20 FONTE: <https://sustainabledevelopment.un.org/conferences>. Acesso em: 30 jul. 2020. Silva (2015) destaca o avanço ocorrido no campo da educação após a Rio+20, mas que a mudança ainda precisa ser profunda. O autor ainda destaca a lenta promoção de ações para estabelecer instrumentos globais cooperativos e a deficiência do investimento educacional voltado aos tomadores de decisões. Ainda assim, a educação teve destaques importantes nessa convenção. No ano de 2015, com a realização da Cúpula do Desenvolvimento Sustentável na cidade de Nova York (Figura 5), foi lançada a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, proposta ainda no ano de 2012 durante a Rio+20. A Agenda possui 17 Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável (ODSs), com 169 metas e mais de 300 indicadores (UNESCO, 2017). 20 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável FIGURA 5 − CÚPULA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL FONTE: <https://www.un.org/sustainabledevelopment/wp-content/ uploads/2015/01/SDS_Logo_E.png>. Acesso em: 31 jul. 2020. É possível que você já tenha visto a identificação dos ODSs. Eles são identificados conforme a Figura 6 de acordo com o seu número e o seu objetivo associado. As instituições que utilizam os ODSs para realizar suas metas e ações, fazem uso dessa imagem para a sua identificação, de acordo com o objetivo utilizado. FIGURA 6 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL FONTE: MRE (2015) Os ODSs apresentam os maiores desafios globais para a humanidade em busca do desenvolvimento sustentável e contam com o envolvimento de diversos setores da sociedade (UNESCO, 2017). Você pode verificar os 17 objetivos, com as suas proposições e seus principais objetivos individuais, destacados no Quadro 3. 21 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Você pode encontrar todas as informações sobre os ODSs no link: https://nacoesunidas.org/pos2015/. QUADRO 3 − OBJETIVOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OBJETIVO DESCRIÇÃO ODS 1 Erradicação da pobreza Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. ODS 2 Fome zero e agricultura sustentável Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura sustentável. ODS 3 Saúde e bem-estar Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. ODS 4 Educação de qualidade Assegurar a educação inclusiva e equitativa de quali- dade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. ODS 5 Igualdade de gênero Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. ODS 6 Água potável e saneamento Assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos. ODS 7 Energia limpa e acessível Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos. ODS 8 Trabalho decente e crescimento econômico Promover o crescimento econômico sustentado, inclu- sivo e sustentável, emprego pleno e produtivo, e tra- balho decente para todos. ODS 9 Indústria, inovação e infraestrutura Construir infraestruturas resilientes, promover a indus- trialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. ODS 10 Redução das desigualdades Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. ODS 11 Cidades e comunidades sustentáveis Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclu- sivos, seguros, resilientes e sustentáveis. ODS 12 Consumo e produção responsáveis Assegurar padrões de produção e de consumo suste- ntáveis. 22 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável ODS 13 Ação contra a mudança global do clima Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos. ODS 14 Vida na água Conservar e usar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. ODS 15 Vida terrestre Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade. ODS 16 Paz, justiça e instituições eficazes Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desen- volvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todas e todos e construir instituições eficazes, re- sponsáveis e inclusivas em todos os níveis. ODS 17 Parcerias e meios de implementação Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. FONTE: Adaptado de UNESCO (2017) Acessando o site SDG Compass (Bússola dos ODSs) você tem acesso a um guia de orientação para empresas para alinhar suas estratégias de negócio e contribuições para os ODSs: www. sdgcompass.org. No site a seguir você encontra as Diretrizes para implementação dos ODSs na estratégia dos negócios: https://sdgcompass.org/wp- content/uploads/2016/04/SDG_Compass_Portuguese.pdf. Você pode perceber que, ao longo dos anos, as conferências de meio ambiente passaram por grandes mudanças positivas, ocorrendo a incorporação de novas visões sobre o desenvolvimento sustentável, orientando as discussões sobre os impactos da nossa sociedade. No entanto, na época, os resultados obtidos ao finalde algumas conferências não foram satisfatórios, muito por conta de divergências por questões políticas, econômicas, entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, e na definição 23 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 das metas e objetivos a serem atingidos. Um exemplo disso foram os resultados obtidos na conferência do Rio. Inicialmente, houve a diluição do texto da Agenda 21, retratando os temas de energia, devido à firme oposição dos países que produzem petróleo e que consomem carvão. Outro item criticado foi a falta de diálogo e envolvimento nas discussões sobre a influência da questão populacional e seus impactos no meio ambiente. Por fim, a perspectiva inicial de inserir o desenvolvimento sustentável como paradigma passou por inúmeras barreiras impostas pela globalização, como a falta de aderência com os padrões de produção e consumo atuais (LAGO, 2006). Desenvolvimento sustentável é abordado por alguns autores como uma forma utópica de crescimento e que estaria permeada por conflitos de interesse e que as realidades regionais são bastante distintas sob diversas óticas e influenciam fortemente nas análises, tornando a mudança da visão de consumo em nossa sociedade ainda mais complexa (SANTOS, 2004). De qualquer forma, é necessário compreender que a abrangência do desenvolvimento sustentável ganhou ampla notoriedade, incorporando a visão sistêmica na relação homem versus meio ambiente. Devemos ter em mente que essas discussões são importantes para o estabelecimento do conceito. A seguir você terá um breve relato sobre como essas questões estão sendo abordadas atualmente. 2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NOS DIAS ATUAIS Ampliando nossa análise quanto ao desenvolvimento sustentável, antes de tudo, é importante perceber que diversas terminologias vêm sendo adotadas para associar as esferas ambiental, social e econômica ao longo dos anos, assumindo um significado próprio e que é importante ser destacado. Essa abrangência das discussões sobre meio ambiente, nos trouxe termos como sustentável, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável. Os autores Feil e Schreiber (2017, p. 678), após uma análise conceitual sobre esses temas, detalham as suas concepções: 24 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável SUSTENTÁVEL [...]o termo é responsável pela geração de uma solução em relação à deterioração verificada nas inter-relações do sistema global ambiental humano. A ideia de sustentável é suportada pelo processo de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade, ou seja, pode ser considerada um guarda- chuva. SUSTENTABILIDADE A sustentabilidade é um processo que mensura o grau ou nível da qualidade do sistema complexo ambiental humano com o intuito de avaliar a distância deste em relação ao sustentável. Esta avaliação, em especial, é realizada com propriedades quantitativas denominadas de indicadores e índices de sustentabilidade. Estes, por sua vez, podem identificar quais os aspectos − ambiental, social ou econômico DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL O desenvolvimento sustentável é o processo que entra em cena com base em estratégias para aproximar o sistema ambiental humano ao nível de sustentabilidade com vistas a que a vida deste complexo sistema se harmonize e perpetue ao longo do tempo. Esta questão estratégica intenta a ruptura de paradigmas por meio de mudanças no entendimento e posicionamento cultural da sociedade, ou seja, conscientizar sua importância com auxílio de ações e atitudes que reposicionem os aspectos negativos identificados pelos indicadores em direção à sustentabilidade. Desse modo, com a exitosa condução da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável, atinge-se o sustentável (FEIL; SCHREIBER, 2017, p. 678). O termo sustentabilidade e suas esferas (ambiental, social e econômica) vem sendo empregado pelas mais diversas áreas e profissionais, incluindo o setor comercial e empresarial, tornando-se hoje um diferencial competitivo para algumas empresas. Algo que contribuiu para a visão da sustentabilidade no meio empresarial foi o conceito de Triple bottom line (Três resultados líquidos) descrito por John Elkington. Indicamos o livro Cannibals with forks (Canibais de garfo e faca) de John Elkington. 25 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 O autor destaca a importância de avaliar o tripé da sustentabilidade como uma forma de viabilizar os negócios, com “resultados positivos líquidos” em todas as esferas sendo economicamente viável (econômico), socialmente justa (social) e considerando seus impactos ambientais (ambiental) (ELKINGTON, 2001 apud BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 7). Essa visão tem auxiliado na inserção da sustentabilidade nos mais diversos ambientes e ressaltado que ela não deve ser entendida sob uma única perspectiva. Outra abordagem dada atualmente para aplicar as questões de sustentabilidade é o pensamento do ciclo de vida. O pensamento do ciclo de vida trata justamente de perceber a dimensão das cadeias produtivas dos produtos e serviços, desde a extração das matérias-primas até o seu descarte final. A UNEP (2007 p. 12) define as principais características e objetivos do pensamento do ciclo de vida dos produtos: O pensamento do ciclo de vida é essencial para o desenvolvimento sustentável. Trata-se de ir além do foco tradicional no local de produção e nos processos de fabricação, de modo a incluir o impacto ambiental, social e econômico de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. [...] Os produtores podem ser responsabilizados por seus produtos desde o berço até o túmulo e, portanto, devem desenvolver produtos que melhorem o desempenho em todas as etapas do ciclo de vida do produto. Os principais objetivos do pensamento do ciclo de vida são reduzir o uso de recursos e as emissões de um produto para o meio ambiente, além de melhorar seu desempenho socioeconômico ao longo do seu ciclo de vida. Isso pode facilitar os vínculos entre as dimensões econômica, social e ambiental dentro de uma organização e em toda a sua cadeia [...]. Essa abordagem de ciclo de vida vem adquirindo importância nos últimos anos, tanto que o Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) elaborou e disponibilizou uma cartilha voltada a crianças e adolescentes, apresentando o tema de uma forma lúdica e com aplicação em sala de aula, visando ao conhecimento sobre a cadeia produtiva e origem de diferentes materiais (IBICT, 2016). Você pode acessar à cartilha no link: http://acv.ibict.br/ documentos/publicacoes/1173-o-pensamento-do-ciclo-de-vida-uma- historia-de-descobertas-2/. 26 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável A lógica da economia circular é dividida entre dois ciclos: Biológico e Técnico. No ciclo técnico “os produtos e seus componentes podem ser reparados, reutilizados, remanufaturados e reciclados de forma a aproveitar novamente suas funcionalidades”. No ciclo biológico, “os produtos podem ser utilizados como combustível para produção de biogás, como matéria-prima bioquímica, na recuperação de nutrientes, na reutilização de recursos biológicos e minimização de resíduos” (CNI, 2017, 2018, s.p.). Então, o conceito de perspectiva do ciclo de vida pretende justamente instigar o questionamento sobre a origem dos produtos que consumimos. Ainda veremos mais detalhadamente os princípios específicos associados à perspectiva do ciclo de vida e sua avaliação no próximo capítulo. Partindo dessa análise do contexto da cadeia produtiva, outro exemplo de aplicação em sustentabilidade é a Economia Circular. Esse é um conceito relativamente novo e tem sido apresentado de forma cada vez mais evidente, se opondo ao padrãotradicional de produção e consumo linear (extração, produção e descarte) por meio do uso “cíclico” de insumos e processos visando à redução do uso de materiais virgens (CNI, 2017; ELLEN MACARTHUR FOUNDATION, 2013). FIGURA 7 − CICLO BIOLÓGICO E TÉCNICO ASSOCIADO À ECONOMIA CIRCULAR FONTE: CNI (2017) 27 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 1 - Cite as conferências ambientais destacadas ao longo do texto e quais os seus principais resultados. R: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2 - Como o termo desenvolvimento sustentável surgiu? Quais os princípios associados a esse conceito? R.: ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Assim, chegamos ao final desta nossa primeira seção, em que abordamos o histórico do desenvolvimento sustentável e introduzimos como ele vem sendo utilizado de maneira prática para atingir seus princípios definidos desde as discussões iniciais. A seguir você encontrará duas atividades de estudos relacionadas aos temas abordados até agora. 3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E OS TIPOS DE PLANEJAMENTO Estudamos na seção anterior alguns marcos das discussões ambientais ao longo dos anos. Agora, veremos como o planejamento ambiental pode ser estruturado, de forma a atender aos princípios do desenvolvimento sustentável, e como essa relação é importante para a execução de atividades visando à redução dos impactos ambientais. Iniciaremos com a perspectiva histórica e analisaremos como o planejamento é utilizado atualmente, passando pela conceituação do tema e chegando aos detalhamentos sobre os tipos de planejamento. 28 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 3.1 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E PERSPECTIVA HISTÓRICA Antes de iniciarmos com a conceituação do tema, focaremos na perspectiva histórica relacionada ao planejamento de maneira mais ampla, chegando ao que conhecemos hoje como planejamento ambiental. A evolução temporal do planejamento iniciou com aspirações econômicas e, posteriormente, incorporou em suas análises as questões sociais e ambientais. O planejamento não é uma ferramenta nova utilizada em nossa sociedade e sua importância vem crescendo ao longo de muitos anos, seja por meio de ações para a implantação de programas ou mais profundamente no ordenamento de cidades. No Quadro 4 estão apresentadas as visões e as evoluções históricas do planejamento. QUADRO 4 − PERSPECTIVA HISTÓRICA DO PLANEJAMENTO ÉPOCA HISTÓRICA PRINCIPAIS AÇÕES Mesopotâmia (4000 a.C.) Autoridades religiosas preocupadas com a organização das cidades. Grécia Antiga Impactos produzidos pelo homem nos centros urbanos demonstrou preocupação nessa época. Aristóteles era um desses e ficou conhecido como "grande teórico da cidade". Século XVIII Escola francesa com o planejamento de recursos hídricos, saneamento e proteção de mananciais, muito estimulada pelos novos caminhos traçados por alguns cientistas e suas teorias (Ex. Darwin). Década de 1930 O planejamento sobre recursos hídricos embasou a tomada de decisão sobre critérios para uso desses recursos. Décadas de 1930 e 1940 A ideia de planejamento de recursos hídricos baseado em bacias hidrográficas começou a se desenvolver. Décadas de 1950 e 1960 O planejamento econômico ganhou força, pois foi visto como forma de impulsionar a economia. Ainda nessa época, nos EUA, as discussões se aprofundaram na necessidade de identificar os impactos ambientais asso- ciados, pois não eram levados em consideração durante as avaliações nessa época. 29 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Décadas de 1970 e 1980 Perspectiva ambiental integrando o homem e o meio am- biente tomaram maiores proporções, bem como a preocu- pação com o uso de recursos naturais e o impacto na quali- dade de vida. Surgimento da tendência dos planejamentos integrados. Década de 1980 Implantação de planejamentos regionais integrados por parte de equipes governamentais. Década de 1990 Implantação do conceito de desenvolvimento sustentável. Desde a década de 1950, o conceito de gestão desses re- cursos naturais foi discutido em forma de mitigação desses impactos, ou seja, após a sua ocorrência. Atualmente Definições mais recentes de planejamento incorporaram a análise histórica da área em estudo, ou seja, vem sendo de- stacada a importância do vínculo de atividades pretéritas das áreas para se estabelecer estimativas para cenários futuros. FONTE: Adaptado de Santos (2004) e Carvalho (2006) Se observarmos a evolução histórica do desenvolvimento sustentável e do planejamento ambiental, é possível destacar conexões entre alguns fatos ocorridos nessas trajetórias. No quadro anterior, a evolução histórica do planejamento passou a incorporar em suas discussões novas temáticas ao longo do tempo, passando de uma análise da perspectiva exclusivamente econômica para um enfoque voltado às questões ambientais de forma mais abrangente, chegando ao que se discute atualmente em torno do desenvolvimento sustentável (SILVA, 2003). Assim como no histórico do planejamento, o desenvolvimento sustentável também passou por uma evolução na análise e incorporação de conceitos. Por conta de nossas atividades, os impactos sobre o meio ambiente se tornaram mais evidentes e profundos. Com isso, as análises também precisaram se aprofundar, levando em consideração o planejamento de ações para que as atividades e as definições ocorridas com o passar dos anos pudessem ser colocadas em prática. Como um exemplo dessa relação, podemos citar a Agenda 21 que, conforme já vimos na seção anterior, foi implementada na conferência Rio 92 e apresenta um conjunto de princípios e diretrizes globais para que fossem implementadas em cada país, abrangendo todas as dimensões (social, ambiental e econômica), visando à busca pelo desenvolvimento sustentável. Assim, pode-se relacionar a implantação da Agenda 21 com: “[...] um programa para o planejamento estatal em cascata atingindo todos os níveis com relação ao desenvolvimento e preservação ambiental com o objetivo de melhoria da qualidade de vida e sustentabilidade da 30 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável civilização como um todo” (FLORIANO, 2004, p. 39). Além disso, podemos destacar uma importante ferramenta para aplicação prática do planejamento e que ganhou importância com o passar dos anos, que são as Normas de Gestão. Floriano (2004) destaca que o lançamento de normas como a 9000 (Gestão da Qualidade) e a 14000 (Gestão Ambiental) vieram para contribuir e corroborar com a preocupação quanto à execução de um planejamento bem estruturado, definindo objetivos e ações de forma clara, principalmente pelo fato de ambas as normas apresentarem um item específico destinado ao planejamento. Tratando especificamente da norma 14000, o item “planejamento” está presente como um requisito desde a primeira versão da norma (1996) até a versão mais recente (2015). Esse fato reforça a importância do tema, principalmente para os setores interessados em aplicar um sistema de gestão ambiental em suas atividades. Na próxima seção, veremos mais detalhadamente sobre o item de planejamento da norma ISO 14001. Nesta subseção, fizemos um apanhado histórico sobre os tipos de planejamento e as aplicações atuais do planejamento ambiental. A seguir, trataremos mais especificamente sobre a conceituação desses temas. 3.2 PLANEJAMENTO AMBIENTAL Agora que você já compreendeu os aspectos históricos do planejamento e do planejamento ambiental,detalharemos algumas informações sobre suas características, definições técnicas e terminologias. Para isso, é fundamental iniciarmos com uma definição de planejamento, numa perspectiva mais ampla, que vai além das questões ambientais em avaliação conjunta de ações. O planejamento vem sendo utilizado e definido por diversos autores da área, fazendo com que as discussões em torno dessa questão sejam bastante amplas. Faremos uma análise sobre alguns dos autores para que você compreenda o nível de abrangência quanto à definição das formas de planejamento. Inicialmente, podemos detalhar uma definição de planejamento proposta por Conyers e Hills (1984, p. 3 apud SILVA, 2003, p. 5): [...] um processo contínuo que envolve decisões ou escolhas, sobre modos alternativos de usar os recursos disponíveis, com o objetivo de alcançar metas específicas em algum momento no futuro. A definição desses autores incorpora os principais pontos incluídos em outras definições e expressa os mais importantes passos de planejamento: tomada de decisão 31 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 (escolha) envolvendo as diversas maneiras alternativas, e qual a melhor para se alcançar os mesmos objetivos; uso ou alocação de recursos, que podem ser naturais, humanos, financeiros ou de infraestrutura; caminhos alternativos para alcançar as metas traçadas, envolvendo metas realísticas, decisões políticas e participação popular [...]; planejando para o futuro, que envolve prognóstico ou previsões aproximadas do que pode acontecer e, mais especificamente, previsão dos resultados das alternativas propostas, que determina qual delas deverá ser adotada. O conceito detalhado pelos autores é bastante importante para a compreensão do sentido da ferramenta de planejamento. Por outro lado, uma conceituação bastante realista, dada por Santos (2004, p. 24), cita que o planejamento “é um processo contínuo que envolve a coleta, organização e análise sistematizadas das informações, por meio de procedimentos e métodos, para chegar a decisões ou a escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis”. Para lhe auxiliar ainda mais na compreensão do conceito de planejamento, esse autor cita uma descrição bastante simplificada do conceito: “[...] o meio sistemático de determinar o estágio em que você está, onde deseja chegar e qual o melhor caminho para chegar lá” (SANTOS, 2004, p. 23). Quando pensamos em planejamento é sempre importante relacionar que, se há a necessidade de se atingir qualquer objetivo, o meio de fazermos isso de uma forma organizada é planejando as nossas ações. Então, uma das principais finalidades de utilizarmos as ferramentas de planejamento é a possibilidade da definição de ações de forma sistemática e organizadas para se atingir um objetivo. Dessa forma, podemos destacar que o planejamento é considerado uma ferramenta que integra diversos aspectos e áreas do conhecimento e que tem por objetivo avaliar qual a capacidade do meio (local em que uma determinada atividade está inserida) de suportar essas atividades e até mesmo suas ampliações, ou seja, por meio de um uso sustentável (OREA, 1994 apud SILVA, 2003). Os autores Paula, Silva e Gorayeb (2014) também destacam a importância do planejamento das atividades que gerem pressão sobre o meio ambiente, buscando intervenções sustentáveis dentro dos limites ambientais para que o uso desses recursos seja realizado de forma a reduzir os seus impactos. Então, nesse momento, começamos a traçar uma relação direta entre as ferramentas de planejamento, o planejamento ambiental e qual será a sua aplicação em nossas atividades futuras. Essas relações surgiram principalmente da necessidade de equilibrar o desenvolvimento com as restrições ambientais para garantir a renovação dos recursos naturais. Dessa forma, a ideia de 32 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável planejamento ambiental entra em cena, se tornando mais presente com o passar dos anos e com o objetivo de minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos das ações (SILVA, 2003). Alguns autores traçam paralelos importantes quando se trata das funções e definições do planejamento ambiental. Por exemplo, Santos (2004, p. 28) descreve que as funções do planejamento ambiental se fundamentam: [...] na interação e integração dos sistemas que compõem o ambiente. Tem o papel de estabelecer as relações entre os sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das necessidades socioculturais e atividades de interesses econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível dos seus elementos componentes. A descrição proposta ainda pode ser complementada quando se trata o planejamento ambiental como um meio para auxiliar nas tomadas de decisões relacionadas à gestão ambiental, por se tratar de um modelo sistêmico, ou seja, que abrange diversas visões e suas interações (VAINER, 1995 apud RODRIGUEZ; SILVA; CAVALCANTI, 2017). Então, de forma mais direcionada, o conceito de planejamento ambiental pode ser descrito como: Planejamento ambiental é um processo contínuo que envolve coleta, organização e análise sistematizada das informações, por meio de procedimentos e métodos, para se chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de suas potencialidades, e com a finalidade de atingir metas específicas no futuro, tanto com relação a recursos naturais quanto à sociedade (SILVA; SANTOS, 2004, p. 223). Apesar das diversas definições existentes para o planejamento ambiental, pode-se perceber que, de maneira geral, os autores apresentam em suas análises a ação que se deseja realizar (desenvolver, ordenar), o elemento da ação proposta (recursos naturais), os objetivos (conservar, proteger, preservar) visando seu objetivo final (desenvolvimento sustentável) (CARVALHO, 2006). Quando se trata de desenvolvimento sustentável, o planejamento ambiental deve permitir que as questões ambientais, sociais, econômicas e culturais da nossa sociedade interajam, incluindo os profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de planos, programas e projetos (CARVALHO, 2006). Na prática, vale destacar que a aplicação do planejamento organizacional em empresas também é multidisciplinar, podendo ser utilizado no detalhamento de suas ações futuras e objetivos, também conhecido como planejamento 33 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 • Diretrizes: são os conjuntos de instruções gerais que pautam o estabelecimento dos planos e que posteriormente embasarão os programas e, consequentemente, os projetos (SANTOS, 2004). • Planos: é o documento escrito, resultante de um planejamento, delineando seus rumos, estratégias e diretrizes. No plano deve estar estruturado os referenciais que pautarão a elaboração dos programas e projetos. Além disso, são definidas as prioridades, os objetivos, as metas e a abrangência do plano. Por exemplo: Planos municipais de Desenvolvimento Rural (PMDR) (FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018). • Programas: as prioridades detalhadas no plano serão utilizadas como objetivos dos programas. Pode também ser detalhado como um grupo de projetos que possuem um mesmo nível de detalhamento, ou em níveis hierárquicos encadeados. Por exemplo: Programa Microbacias (FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018). • Projetos: o projeto é a parte individual do planejamento e que possui objetivos, cronograma e orçamento próprios para sua execução (FLORIANO, 2004; NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018). O projeto destaca “o momento mais operativo do processo de planejamento, uma vez que é através dele que se penetrana realidade para executar ações que sejam eficientes na transformação dessa realidade” (NETO; GEHLEN; OLIVEIRA, 2018, p. 23). estratégico. O planejamento ambiental, alvo das nossas discussões nesse momento, tem aplicabilidade em diversas áreas do conhecimento, e possui instrumentos importantes para sua execução, por exemplo: licenciamentos ambientais; elaboração e execução de estudos ambientais para fins de licenciamento; criação de unidades de conservação; estudos para melhoria de processos produtivos e redução de impactos ambientais; zoneamento ambiental; sistema de gestão ambiental (14001); desenvolvimento de políticas públicas para defesa do meio ambiente; uso e ocupação do solo; plano de manejo etc. Antes de nos aprofundarmos nos detalhes do planejamento, é importante detalharmos os conceitos de Diretrizes, Planos, Programas e Projetos. Esses itens estão associados à estrutura do planejamento que passaremos a utilizar em nossas análises. 34 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável Então, conforme já comentamos anteriormente, a abordagem integrada ou multidisciplinar para a tomada de decisões é importante. Para isso, fazer uso de informações sistemáticas de dados sociais, econômicos e ambientais permite a análise das interações entre esses dados (SILVA, 2003). Vimos anteriormente alguns exemplos de áreas em que o planejamento ambiental pode ser utilizado. A seguir, veremos alguns exemplos de como o planejamento ambiental pode se relacionar com outras áreas do conhecimento, abordando questões importantes do nosso cotidiano, como o crescimento populacional (exemplificado na Figura 8). Analisaremos alguns itens relacionados ao crescimento populacional e como a análise conjunta é importante para obtermos uma visão ampla dos fatos. FIGURA 8 − USO DO SOLO E ÁREA URBANA EM JOÃO PESSOA (PB) NOS ANOS DE 1991 (A), 2006 (B) E 2010 (C) FONTE: Souza, Silva e Silva (2016) Sabemos que, com o passar dos anos, apesar do desenvolvimento da nossa sociedade, o crescimento e a expansão das cidades sem a devida organização vêm acarretando problemas (ambientais, sociais e econômicos) em diversos níveis (BRAGA et al., 2005). Um exemplo desses problemas associados à expansão populacional é a estrutura de saneamento (tratamento de esgoto, água potável, limpeza pública etc.) que é necessária para a manutenção dessas populações locais e que também deve acompanhar o desenvolvimento nos espaços já utilizados e em processo de expansão. Além disso, a expansão e a concentração da população ao longo dos últimos anos têm trazido à tona algumas discussões sobre a forma como estamos utilizando esses espaços, os recursos naturais disponíveis e de que forma os problemas associados a isso podem ser prevenidos ou mitigados no processo de uso e ocupação do solo. Dessa forma, o planejamento poderá, no sentido 35 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 mais amplo, auxiliar em muitos aspectos, como ordenamento e execução dessas atividades. Quando tratamos sobre as formas de uso e ocupação do solo, vários instrumentos podem ser aplicáveis. Dentre eles o planejamento de recursos hídricos que é fundamental para a gestão das águas em uma bacia hidrográfica, disciplinando o acesso ao uso da água na bacia. Essa gestão hídrica deve ser considerada de forma ampla, ou seja, compatibilizando os processos naturais, as questões sociais e econômicas, garantindo assim a disponibilidade de recursos hídricos (LEAL, 2012). Como você pôde perceber, detalhamos anteriormente alguns exemplos de como uma questão específica, nesse caso a populacional (pressão demográfica), pode nos apresentar uma análise mais ampla com relação aos impactos ambientais. Perceba que evidenciamos desde a questão do saneamento e uso do solo até o gerenciamento de recursos hídricos na bacia hidrográfica. Assim, quando tratamos do planejamento ambiental, as análises devem ser construídas sob várias perspectivas, visando ao embasamento de forma que todas as previsões de investimentos sejam realizadas com base em avaliações de equipes multidisciplinares. Sobre isso, Silva (2003, p. 1) detalha que o planejamento requer estudos multidisciplinares para identificar os impactos existentes. Além disso, a autora cita que a mitigação desses impactos deve ocorrer evidenciando uma necessidade de realização de “abordagens integradas sobre o meio ambiente e ações conjuntas envolvendo diferentes áreas do conhecimento para um melhor entendimento e conservação da natureza”, levando em consideração a relação entre todos os seus aspectos (físicos, bióticos e socioeconômicos). A avaliação multidisciplinar é um ponto importante e inerente ao processo de planejamento. Sendo que a forma como essas informações serão tratadas estarão embasadas em diagnósticos prévios, auxiliando no processo de tomada de decisão, levando em consideração os recursos disponíveis. Nesse momento você já possui um arcabouço teórico para compreender a importância do planejamento e de que forma ele pode abranger as diversas atividades que exercemos, bem como sua contextualização e importância ao longo da história. Agora, iniciaremos com algumas informações técnicas sobre a contextualização do planejamento ambiental e sua aplicabilidade em nossas atividades, quais suas características e os tipos de planejamento existentes. 36 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 3.3 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E OS TIPOS DE PLANEJAMENTOS Ao chegar até aqui, já compreendemos as conceituações em torno do planejamento. Nesse momento, adentraremos de forma mais aprofundada nos tipos de planejamento e de que forma podem ser aplicáveis em nossas atividades. O planejamento é estabelecido por meio de classes ou tipos de planejamento que permitem caracterizá-lo conforme sua aplicação. Por isso, é importante destacar uma relação direta entre o planejamento tradicional e o planejamento ambiental. No tradicional, as análises são realizadas com base nas comunidades, no uso do solo, na economia, na infraestrutura existente, considerando um processo de definição e readequação de metas, na elaboração de planos e regulamentos. No planejamento ambiental, o enfoque é dado ao ambiente em que essas pessoas vivem e quais os efeitos das atividades exercidas por elas nesses locais (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO, 2006). Carvalho (2006) ainda destaca que a integração entre esses tipos de planejamento (tradicional e ambiental) pode fornecer ganhos positivos para as análises, pois o modelo tradicional fornece o embasamento para sistematizar os procedimentos a serem utilizados e o ambiental faz a avaliação sistêmica sobre do planejamento. Essa integração deve conter alguns elementos que permitam caracterizá-la, como: [...] ser interdisciplinar; utilizar uma abordagem sistêmica para descrever a estrutura, o processo e a dinâmica do ambiente; utilizar múltiplas teorias e métodos; ser participativa; ser dinâmica; definir-se e orientar-se pelas metas; facilitar a disseminação e o uso da informação; trabalhar sob a perspectiva de longo prazo; utilizar o monitoramento para avaliação constante (SLOCOMBE, 1993 apud CARVALHO, 2006, p. 13-14). O planejamento pode ser divido de acordo com características e dimensões. As características do planejamento são importantes e devem ser definidas de forma que os objetivos sejam atingidos ao seu final ou avaliados continuamente. De acordo com Floriano (2004), essas características do planejamento são definidas por: complexidade (nível de detalhamento); qualidade (qualidade do propósito do planejamento); quantidade (refere-se aos recursos e processos 37 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 pararealizar o planejamento), que deve ser priorizada; assunto (ou objeto), que descrevem o propósito do planejamento e orienta a sua temática central (por exemplo: Bacia Hidrográfica, Unidade de Conservação, Educação Ambiental etc.); unidade organizacional, em que se aplicará o planejamento (por exemplo: corporativa − toda a instituição; operação − envolve a produção de um produto ou serviço; projeto − execução de um projeto específico com cronograma, orçamento e equipe própria etc.). O direcionamento das ações do planejamento deve ser orientado visando ao alcance dos objetivos propostos, e relacionadas por meio de nove itens a serem observados (FLORIANO, 2004, p. 8): • Propósitos − o que fazer. • Objetivos − por que fazer. • Prazos − em quanto tempo. • Políticas − que regras seguir. • Critérios − como julgar. • Procedimentos − como fazer, que passos seguir (plano de ação). • Recursos (tecnológicas e financeiros) − o que utilizar. • Monitoramento − o que medir. • Controle − como analisar e revisar o que se fez. A norma ABNT NBR ISO 14001:2015, que é voltada à estruturação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), possui um requisito específico que trata do tema planejamento. Essa é uma oportunidade de verificarmos a aplicação prática de alguns termos associados ao planejamento ambiental. No Quadro 5 estão destacadas as informações referentes ao Item 6 dessa norma. QUADRO 5 − DESCRIÇÃO DO ITEM 6 PLANEJAMENTO DA NORMA ABNT NBR ISO 14001:2015. ITEM REQUISITO DESCRIÇÃO 6.1 Ações para riscos e opor-tunidades Esse requisito tem o objetivo de assegurar que a organização seja capaz de alcançar os resultados pretendidos do seu SGA, prevenindo ou reduzindo efeitos indesejados, buscan- do a melhoria contínua. A organização deve considerar os seus riscos e oportunidades (servem de base para o planeja- mento das ações) que precisam ser abordadas e planejando ações para abordá-los (ex.: escassez de água durante perío- dos de seca podendo afetar a operação). 6.1.1 Generalidades 6.1.2 Aspectos Ambientais Determinar seus aspectos e impactos associados a ativi- dades. Os aspectos ambientais são elementos de atividades que interagem com o meio ambiente. Para determinar os aspectos ambientais, a organização pode considerar, por exemplo, emissões para o ar, lançamento para a água etc. As alterações para o meio ambiente, adversas ou benéficas, que resultam dos aspectos ambientais, são chamados de impactos ambientais. 38 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 6.1.3 Requisitos legais e outros requisitos A organização determina os requisitos legais e outros requi- sitos aplicáveis aos seus aspectos ambientais e que devem ser cumpridos (leis, regulamentos, licenças, sentenças de tribunais etc.). 6.1.4 Planejamento de ações A organização planeja as ações que têm de ser tomadas dentro do sistema de gestão ambiental para abordar seus aspectos ambientais, seus requisitos legais, riscos e opor- tunidades para atingir aos resultados do seu SGA, podendo fazer isso por meio de estabelecimento de objetivos ambi- entais. 6.2 Objetivos ambientais e planejamento para alca- nçá-los A alta direção pode estabelecer objetivos ambientais ao nível estratégico (níveis mais altos da empresa), tático e operacional (objetivos ambientais para unidades ou funções específicas dentro da organização). Nesse item, indicadores são selecionados para avaliar o alcance de objetivos ambi- entais mensuráveis. FONTE: Adaptado de ABNT (2015) Avaliando o quadro, é possível detalhar alguns dos requisitos já abordados em seções anteriores do nosso material e destacados entre os nove itens descritos. Os requisitos em destaque no quadro demonstram informações importantes a serem observadas, como a necessidade de uma definição dos objetivos, a estruturação de um planejamento baseado em informações prévias (identificação de impactos ambientais e suas consequências) e a estruturação do planejamento para acompanhar essas informações. É importante observar a relação entre o acompanhamento de informações dentro de um planejamento e o item de melhoria contínua existente em um SGA. O monitoramento (medições) e controle (analisar e revisar a informação medida) de informações buscando a melhoria contínua é baseado no conceito do ciclo PDCA (Plan - Do - Check - Act) e melhor detalhado a seguir (ABNT, 2015, p. 9): • Plan (planejar): estabelecer os objetos ambientais e os processos necessários para entregar resultados de acordo com a política ambiental da organização. • Do (fazer): implementar os processos conforme planejado. • Check (checar): monitorar e medir os processos com relação à política ambiental, incluindo seus compromissos, objetivos ambientais e critérios operacionais, e reportar os resultados. • Act (agir): tomar ações para melhoria contínua. No próximo capítulo, quando tratarmos novamente sobre a norma 14001, abordaremos os impactos ambientais e os indicadores ambientais. Agora que visualizamos uma das aplicações práticas do planejamento (norma 14001), retomaremos o assunto sobre os tipos de planejamento. 39 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Os planejamentos podem ser divididos de acordo com seus objetivos e níveis de atuação. A seguir estão descritos cinco tipos de planejamentos de acordo com subdivisões e requisitos específicos, propostos por Floriano (2004): objeto do planejamento; nível de detalhamento; prazos; territórios; critérios. • Objeto do planejamento (organizações; projetos; operações; comissões): quando se trata de uma organização, o objeto do planejamento geralmente ocorre em níveis, sendo tratado inicialmente pelo nível estratégico, definindo a política e a missão organizacional de acordo com as atividades realizadas. Posteriormente, é realizado seu planejamento tático e operacional. Quando se trata de projeto, normalmente está associado ao nível tático-operacional, abordando detalhes relacionados aos processos, recursos e técnicas, mas sempre alinhado ao planejamento institucional. O projeto também pode ser realizado de forma isolada, resultando na entrega de um documento único ao final. A operação é uma sequência de ações para a produção de um bem ou serviço e seu planejamento está no máximo nível de detalhamento quanto a recursos e processos, sendo relacionado, principalmente, à área técnica. Uma comissão descreve uma equipe, grupo técnico ou comissão especial, formados com um determinado propósito e objetivo, é objeto de planejamento em qualquer nível, assim como os diversos níveis de uma organização (FLORIANO, 2004). • Nível de detalhamento (estratégico; tático; operacional): a junção entre os planos estratégico, tático e operacional formam o programa organizacional (FLORIANO, 2004). Quando se trata de nível estratégico busca-se atingir os macros objetivos da organização, em que as decisões são de longo prazo e decididas pelos níveis mais altos da empresa. No nível tático, as ações são de médio prazo e devem estar coordenadas com as ações estratégicas da empresa. Nesse nível, ocorrem as definições de estratégias, planos e projetos que serão executadas pelo nível operacional. O nível operacional da organização demonstra projetos com prazos mais curtos. As decisões são técnicas e relacionadas ao controle operacional das atividades (BARRETO, 2017). • Prazos (curto; médio; longo): os planejamentos de curto prazo normalmente estão relacionados à área operacional (1-2 anos). Planejamentos táticos normalmente são de média duração (2-5 anos). Planejamentos estratégicos são de longo prazo e envolvem diversos programas (FLORIANO, 2004). • Território (global; continental; nacional; estadual; municipal; urbano; rural): o planejamento territorial pode abranger diversas escalas e quanto maior a sua escala o tempo também pode ser mais maior. Por exemplo,“os planos envolvendo todo o território de um país ou de grandes regiões nos casos de países extensos, como o Brasil, 40 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável 1 - Descreva, de acordo com as informações apresentadas, o conceito de planejamento ambiental. R.: ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2 - Planos, programas e projetos são atividades resultantes de um planejamento e importantes de serem compreendidas. Descreva o conceito de cada um desses itens. R.: ___________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ quase sempre são estratégicos, deixando-se as táticas para os estados e municípios” (FLORIANO, 2004, p. 14). • Critérios (monocritério; multicritério): os critérios são os limites (qualitativos ou quantitativos) que permitem analisar as características e objetivos para a realização de ações. Apesar de não serem muito frequentes, quando tratamos de planejamentos monocritérios, esses estão principalmente relacionados ao nível de planejamento operacional quando visam ao cumprimento de uma diretriz, por exemplo. O planejamento multicritério associa a execução simultânea de mais de uma alternativa para se cumprir um objetivo determinado. Quando existe mais de uma alternativa para atingir um objetivo, são estabelecidas prioridades por meio de critérios para se definir as melhores alternativas (FLORIANO, 2004). Nesse momento, chegamos ao final desta seção e passamos pelas informações iniciais do planejamento, envolvendo a sua caracterização histórica e sua evolução ao longo dos anos, tipos de planejamento (tradicional e ambiental) suas definições e relações. Agora, você já possui as informações iniciais sobre o planejamento e em nossa próxima seção passaremos a analisar as estruturas do planejamento ambiental. 41 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 4 PLANEJAMENTO AMBIENTAL E SUAS ESTRUTURAS Nesta seção, iniciaremos a abordagem quanto à estruturação do planejamento ambiental, detalhando as suas fases, as etapas associadas e os instrumentos utilizados para a realização dos planejamentos ambientais. A primeira abordagem tratará sobre as fases do planejamento, suas estruturas e instrumentos, descrevendo a organização e a aplicação na realização de atividades técnicas. 4.1 FASES E ESTRUTURAS DO PLANEJAMENTO AMBIENTAL É importante que você tenha em mente que na definição e organização de qualquer atividade o planejamento é fundamental. Para isso, as ações iniciais são a organização, a definição das etapas a serem seguidas e a identificação das fases. Retomando e resumindo um conceito que vimos anteriormente, o planejamento busca auxiliar nas definições de ações futuras com base em informações coletadas, organizadas e analisadas sistematicamente de acordo com os cenários e recursos disponíveis. Contudo, para isso, é importante que você observe algumas fases que auxiliam na execução dos planejamentos, observando principalmente o tempo, o espaço e os objetivos a serem atingidos. O planejamento institucional pode ser inicialmente dividido em algumas fases, conforme descrito na Figura 9 (SANTOS, 2004). Nessas fases, é importante observar que ocorre um processo de alimentação da informação, ou seja, um processo gera informação para o processo seguinte. Por exemplo, de acordo com o objetivo a ser alcançado, o diagnóstico da situação será elaborado e embasará a definição das prioridades para que posteriormente os recursos possam ser alocados de acordo com as alternativas existentes. Isso pautará a análise de riscos e a previsão das ações, retornando o ciclo de verificação dos objetivos iniciais. 42 Planejamento ambiental e desenvolvimento sustentável FIGURA 9 − FASES DO PLANEJAMENTO FONTE: Santos (2004) É importante destacar que os conceitos descritos em cada uma das fases do planejamento também podem ser associados ao ciclo PDCA (Planejar, executar, avaliar e corrigir) que vimos na seção anterior. Assim como nas fases do planejamento descritas, no ciclo PDCA ocorre uma fase inicial de planejamento das ações, em seguida ocorre a execução das atividades e sua efetividade é avaliada, permitindo, assim, possíveis correções no processo, gerando um ciclo de melhoria contínua. Na prática, as fases descritas estão otimizadas e, dependendo da aplicação pretendida do planejamento, podem ser ampliadas em diversas escalas, incluindo, ainda, as questões metodológicas em cada fase. Essas questões são importantes quando tratamos de planejamento ambiental, pois a descrição da metodologia e procedimentos utilizados dirão como as análises multidisciplinares serão realizadas. As definições das fases do planejamento ambiental são abordadas por diversos autores que descrevem sobre suas etapas e, de fato, essas diferenças ocorrem muito por conta da necessidade de atender a diferentes critérios conforme os objetivos definidos. Nesse momento, iniciaremos com uma breve discussão sobre a aplicação de metodologias, sendo que esse item será aprofundado no próximo capítulo. Dessa forma, algumas fases do planejamento ambiental são importantes para que você compreenda a execução de ações e objetivos pretendidos. 43 Desenvolvimento Sustentável, Desenvolvimento Sustentável, Planejamento Ambiental e suas EstruturasPlanejamento Ambiental e suas Estruturas Capítulo 1 Ao tratarmos do planejamento ambiental e focar na abordagem de um determinado problema ou uma meta que se pretende atingir, algumas etapas são importantes de serem analisadas, seguindo alguns critérios na busca pela solução do problema. Dentre esses critérios, a identificação das informações, a análise da situação, a análise de problemas, a análise da decisão, a análise de problemas potenciais e a elaboração do plano podem ser destacadas como algumas das fases a serem abordadas durante o planejamento. Conforme descreve Floriano (2004): • Identificação e levantamento de informações: o tema central de um planejamento é o seu propósito maior, é o objeto do planejamento ou assunto principal. Por exemplo, os resíduos gerados em processo de fabricação, em que o objetivo pode ser a redução dos resíduos gerados e do seu planejamento, resultará em um plano de redução de resíduos no processo de fabricação. Há a possibilidade da elaboração de planos paralelos caso objetivos distintos sejam analisados. • Análise de situação: para o reconhecimento da situação, inicialmente, deve-se definir os objetivos de acordo com o assunto abordado para o planejamento e quais desses objetivos serão prioritários. Um exemplo de metodologia para a definição de impactos prioritários é o método 5i, em que ocorre a soma da pontuação de cada requisito − cada i −, que resultará no índice para comparação. 1. Importância: descreve qual o valor relativo de um fato com relação ao valor global do todo. É o risco de dano estimado com base no que já ocorreu. 2. Iminência: descreve a situação temporal de um fato em si, ou seja, se o fato já ocorreu, se está ocorrendo, se vai ocorrer ou se poderá ocorrer. 3. Intensidade: grau com que determinado fato ocorre em relação ao seu padrão. A intensidade é calculada pelo grau de agressão próprio de uma substância, energia, fenômeno etc. em relação aos níveis normais. 4. Incidência: número de vezes com que um fato ocorre por unidade de tempo (frequência). 5. Inclinação: é o risco de dano futuro caso nada seja feito (se manter no mesmo, melhorar ou piorar com o passar do tempo). Outro exemplo é a metodologia da matriz GUT (Gravidade, Urgência e Tendência). • Análise de problemas: problemas ambientais são os impactos negativos
Compartilhar