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5. Sigilo Médico

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1 Lahyse Oliveira 2020.1 
Sigilo Médico 
CONSIDERAÇÕES 
Admite-se, hoje, que o segredo médico tolerar certas limitações, pois 
prevalece o interesse coletivo sobre o interesse particular. Dessa 
forma, há um pensamento de relativização: quando o sigilo pode 
prejudicar outra ou outras pessoas, ele não será mais respeitado. 
 Doenças Transmissíveis. Exemplo: se uma pessoa trabalha em 
uma fábrica, e tem uma doença que pode espalhar para todos 
os funcionários, é obrigatório tomar medidas para que outros 
funcionários não sejam atingidos. 
RELATIVIZAÇÃO: 
É uma pratica os princípios éticos, que apresenta um limite impreciso 
– delito. Por isso, acontecem algumas dúvidas: 
 Quando romper ou conservar o segredo 
 Como distinguir as matrizes deste problema 
 Como evitar complicações para si e para outros 
Sempre orientar os alunos para atuar a compreender o problema, 
para que dessa maneira ajam com cautela e protejam a si mesmo e 
os pacientes. 
O fato de o sigilo médico ser relativo, o permite ser revelado em 
determinadas situações: razões éticas, legais e sociais, sempre com 
cautela e em situações especiais. 
 Quando você for médico, você escolherá quando revelar o 
sigilo, decidindo através da racionalidade, para compreender a 
situação e decidir revelar ou não. 
CONFISSÃO: 
 “O que sei por confissão, sei-o menos do que aquilo que nunca 
soube.” Santo Agostinho. Ou seja, aqui se está colocando é o sigilo 
no absolutismo, onde não se pode de maneira alguma pode se 
quebrado. Atualmente, sabemos que é necessário que o sigilo seja 
relativo para que ele não prejudique a outro. 
ABSOLUTISMO: 
É contraditório em vários momentos da experiência profissional. O 
segredo é de ordem natural e racional, já a confissão é diferente para 
os religiosos já que é de natureza sacramental e transcendente. 
 Um sujeito que vai a um mentor, sacerdotal, está em uma outra 
ordem, não é a mesma nossa. 
SIGILO ABSOLUTO 
É uma solução prática e simplista para os interesses sociais, em que 
estão em jogo os direitos de uma comunidade. Os médicos têm 
deveres que os colocam acima dos interesses individuais, pois ele 
apresenta um compromisso de caráter público. 
Questão de prova: O silêncio de uma injustiça considerado como 
cumplicidade, assim, se o médico tomar conhecimento de 
determinadas situações e não agir, ele pode ser acusado de cumplice 
daquele fato, principalmente, no caso de um fato que ainda poderá 
ocorrer (futuro). Nesse meio tempo, o médico deve agir para 
prevenir problemas futuros. 
SEGREDO MÉDICO: 
Está sujeito às leis mais rígidas, devido à tradição de sua 
inviolabilidade. Essa proteção não tem só como objetivo obter a 
confiança do paciente, mas também é uma questão de ordem 
pública e social. Portanto, elas são mais amplas e mais profundas que 
só as regras do código. 
QUEBRA DO SIGILO: 
Intenção de se revelar a confidência profissional, através da sua 
divulgação a outras pessoas que não participam nem têm o direito 
de conhecer detalhes dessa relação médico-paciente, tanto na 
forma escrita quanto oral. Quando o conteúdo do segredo e a 
identidade da pessoa são identificados e publicados. 
 Exemplo: ao publicar dados de pacientes na internet. 
 Forma escrita: escrever o segredo e entregar para alguém. 
 Forma oral: falar o segredo para alguém. 
Porthes: “Não há medicina sem confidências, não há confidências 
sem confiança e não há confiança sem segredo”. 
CARACTERIZAÇÃO DE UM DELITO: 
1. Existência de um segredo: inviolabilidade 
2. Conhecê-lo em razão de função, ofício, ministério ou profissão: 
nesse caso se enquadra o médico, o advogado, entre outros 
profissionais que tomam conhecimento daquele segredo, não 
são o profissional da saúde. 
3. Ausência de motivos relevantes 
4. Possibilidade de dano a outrem 
5. Existência de dolo 
Se o paciente confessa que pratico um determinado crime há muito 
tempo. O médico deve informar a autoridade competente ou não? 
Depende, se ele não prejudicar outras pessoas, ele não é obrigado a 
falar, porém, se houver alguém cumprindo por esse crime, se houver 
possibilidade de machucar outros, ... É necessário informar. 
Cada legislação tem sua interpretação do código. 
ARTIGOS: 
2 Lahyse Oliveira 2020.1 
Art. 73: É vedado ao médico revelar o fato de que tenha 
conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por 
motivo justo, dever legal ou consentimento por escrito do paciente. 
 Ao entregar a cópia do prontuário por algum motivo legal, deve 
ser feito um protocolar avisando que foi entregue, sendo que 
ela só pode ser entregue ao paciente ou ao representante legal, 
com a autorização do paciente. 
Revelação: 
 Motivo justo: motivo relevante à ordem e a moralidade pública, 
justificando o não cumprimento da lei. Cabe ao médico justificar 
e provar a relevância do motivo que o levou à quebra da norma. 
 Dever legal: previsto em lei e que sua não execução constitui 
crime (ex.: notificações compulsórias nos casos de doenças 
transmissíveis). 
 Consentimento: autorização do paciente, sendo ele capaz, ou 
do responsável legal. 
Parágrafo único – permanece essa proibição: 
a) Mesmo que de fato seja de conhecimento público ou que o 
paciente tenha falecido. 
b) Quando de seu depoimento como testemunha. Nessa hipótese, 
o médico comparecerá perante a autoridade e declarará seu 
impedimento (estar sobre sigilo médico). 
c) Na investigação de suspeita de crime, o médico estará impedido 
de revelar segredo que possa expor o paciente a processo 
penal. 
A interpretação da lei não é tão fácil, pois o código se contradiz. 
CÓDIGO PENAL: 
O artigo 406, parágrafo II do Código Penal Brasileiro estabelece que, 
quando intimado a dar testemunho, o médico (ou qualquer 
profissional) não está obrigado a depor fatos a cujo respeito, por 
estado ou profissão, deva guardar sigilo. 
ARTIGOS: 
Art. 74: É vedado ao médico revelar sigilo referente a paciente menor 
de idade, inclusive a seus pais ou responsáveis legais, desde que o 
menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não 
revelação possa acarretar dano ao paciente. 
 Menor com discernimento: jovem de 14-16 anos. 
 Ainda assim, apesar do discernimento, ainda pode existir algum 
dano em determinadas situações, por isso, o médico tem que 
perceber o que ele pode ou não revelar. O aconselhado nessas 
circunstâncias é revelar junto com o paciente. 
Art. 75: É vedado ao médico fazer referência a casos clínicos 
identificáveis, exibir pacientes ou seus retratos em anúncios 
profisisonais ou na divulgação de assuntos médicos em meios de 
comunicação em geral, mesmo com a autorização do paciente. 
 Segundo esse artigo, em todas as divulgações médicas deve ser 
respeitada a privacidade do paciente exposto através da sua 
não identificação. 
o É o contrário do que tem acontece nas redes sociais 
em geral; 
 Outro ponto que deve ser levantado é o fato de que essas 
informações devem ser utilizadas em benefício da população, a 
fim de esclarecer dúvidas à esta, e não com o objetivo de auto-
promoção. 
Art. 76: É vedado ao médico revelar informações confidenciais 
obtidas quando do exame médico de trabalhadores, inclusive por 
exigência dos dirigentes de empresas ou instituições, salvo se o 
silêncio puser em risco a saúde dos empregados ou da comunidade. 
 Exemplo: o paciente trabalha em uma empresa e o médico 
descobre que esse paciente é soropositivo. O paciente não quer 
que seus colegas descubram e deve permanecer assim. 
 Exemplo 2: o paciente que trabalha em uma empresa, em que 
a toxidade do ambiente pode causar doenças pneumologicas 
que vão acarretar problemas para todos, dessa forma a fabrica 
precisa fazer mudanças para que os funcionários não sejam 
atingidos por esses metais e torna-se imperativo a quebra do 
sigilo. 
Art. 77: É vedado ao médico prestar informações a empresas 
seguradoras qualquer informaçãosobre as circunstâncias da morte 
de paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de 
óbito, salvo por expresso consentimento do seu representante legal. 
 Muitas seguradoras não cobrem o seguro de determinadas 
doenças, como por exemplo, suicídio. 
 O médico não deve revelar nada, além do que já está posto na 
declaração de óbito. 
Se o paciente admite para o médico que agride filho ou parceiro, pode 
fazer a denúncia? No caso de uma criança agredida ou deficiente, é 
dever legal. Não é comum o agressor admitir ser um agressor. O 
paciente agredido sendo maior de idade, não devemos nos meter, 
pois você não tem ideia se essa pessoa corre risco – se a pessoa 
denuncia pode ser que ela morra. Se o paciente pedir ajuda, 
devemos encaminhá-la para a denúncia, porém, não devemos 
denunciar por ela. As vezes você denunciar pode te envolver uma 
situação perigosa. 
Art. 78: É vedado ao médico deixar de orientar seus auxiliares e 
alunos a respeitar o sigilo profissional e zelar para que seja por eles 
mantido. 
 O sigilo existe de médico para médico? Não, porque todos os 
médicos estão submetidos ao sigilo, então se você está 
revelando o sigilo para outro médico, na maioria das vezes, não 
tem problema. Geralmente, ocorre para tentar discutir o 
problema. 
 Todas as áreas de saúde estão sujeitas ao sigilo. 
Art. 79: É vedado ao médico deixar de guardar o sigilo profissional na 
cobrança de honorários por meio judicial ou extrajudicial. 
ATIVIDADE 
Uma jovem de 13 anos (classe média alta, estudante, ambiente 
familiar estável) apresenta-se na consulta com amenorreia. O 
médico faz o teste de gravidez e esse tem resultado positivo. Na 
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anamnese vem a saber que a jovem foi aliciada por um amigo de seu 
pai, que a engravidou. Quando interrogada sobre o que iria fazer, a 
jovem chorou e não apresentou alternativas. No entanto, pediu que 
seus pais não fossem comunicados. 
Na situação apresentada, qual a sua opinião sobre a atitude tomada 
pelo médico?

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