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normas do direito brasileiro -unidade I

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Autora: Profa. Andrea Wild
Colaboradoras: Profa. Elizabeth Nantes Cavalcante
 Profa. Angélica Carlini
Normas do 
Direito Brasileiro
Professora conteudista: Andrea Wild
Andrea Wild é graduada em Direito, cursado e concluído na Universidade Paulista (UNIP) no ano de 1994, onde 
também fez a pós-graduação lato sensu em Teoria Geral do Processo, concluída em 1996 e mestrado em Comunicação, 
concluído em 2004. Iniciou as atividades como docente do Curso de Direito da UNIP no ano de 1995, ministrando a 
disciplina de Prática Jurídica Civil. Buscando sempre estar atualizada nas questões educacionais, iniciou o doutorado 
em Educação na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), concluído no ano de 2012, no qual abordou 
temas sobre a competência pedagógica do docente do curso de Direito. Atualmente atua como coordenadora auxiliar 
do Curso de Direito da UNIP, campus Paraíso e como professora nas disciplinas Instituições Judiciárias e Ética e Direito 
Humanos na mesma universidade e campus. É advogada desde 1995 nas áreas cível e família, além de ser assessora 
da 20ª Turma Disciplinar do Tribunal de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo – OAB/SP. 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
W668n Wild, Andréa.
Normas do Direito Brasileiro / Andréa Wild. 2. ed. São Paulo: 
Editora Sol, 2020.
72. p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. LINDB. 2. Hermenêutica jurídica. 3. Modelos técnicos de 
interpretação. I. Título.
CDU 340
U501.57 – 19
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Sheila Folgueral
 Vitor Andrade
Sumário
Normas do Direito Brasileiro
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO ..............................................................................................................9
1.1 Noções gerais ............................................................................................................................................9
1.2 Fontes do Direito .....................................................................................................................................9
1.3 Lei ................................................................................................................................................................ 13
1.3.1 Processo legislativo ................................................................................................................................ 14
2 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
DIMENSÃO TEMPORAL...................................................................................................................................... 17
2.1 Breve histórico da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro ........................... 17
2.2 Vacatio legis............................................................................................................................................ 18
2.3 Cessação da vigência normativa .................................................................................................... 19
3 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
APLICABILIDADE DAS NORMAS .................................................................................................................... 21
3.1 Obrigatoriedade da norma ............................................................................................................... 21
3.2 Integração da norma .......................................................................................................................... 21
3.3 Irretroatividade e retroatividade da lei ........................................................................................ 24
4 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES EXTRATERRITORIAIS ............................................................................. 25
4.1 Domicílio, territorialidade e extraterritorialidade ................................................................... 25
4.2 Regime de bens ..................................................................................................................................... 27
4.3 Qualificação dos bens ......................................................................................................................... 29
4.4 Qualificação das obrigações ............................................................................................................ 29
4.5 Morte e sucessão .................................................................................................................................. 31
4.6 Constituição de sociedade ou fundação .................................................................................... 34
4.7 Competência internacional e conflito de jurisdição .............................................................. 35
4.8 Prova dos fatos ocorridos no exterior ......................................................................................... 37
4.9 Eficácia das decisões estrangeiras ................................................................................................. 38
4.10 Limites à extraterritorialidade da lei .......................................................................................... 40
4.11 Competência das autoridades consulares brasileiras no exterior .................................. 42
Unidade II
5 HERMENÊUTICA JURÍDICA: ASPECTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS .......................................... 47
5.1 Aspectos históricos .............................................................................................................................. 47
5.2 Aspectos filosóficos ............................................................................................................................. 48
6 HERMENÊUTICA JURÍDICA: CIÊNCIA DA INTERPRETAÇÃO ............................................................ 50
6.1 A interpretação jurídica enquanto atividade de compreensão ......................................... 50
6.2 Dogmática x zetética .......................................................................................................................... 52
6.3 A hermenêutica e a interpretação do Direito ........................................................................... 54
6.3.1 Interpretação do Direito e as cláusulas gerais ............................................................................ 54
6.3.2 Interpretação do Direito e as máximas da experiência ...........................................................54
6.3.3 Interpretação do Direito e o fenômeno da discricionariedade ............................................ 55
6.3.4 Interpretação do Direito e a jurisprudência ................................................................................. 55
7 MODELO HERMENÊUTICO E ASPECTOS TÉCNICOS DE INTERPRETAÇÃO .................................. 56
7.1 Modelo hermenêutico e sua utilidade prática ......................................................................... 56
8 ASPECTOS TÉCNICOS DE INTERPRETAÇÃO ............................................................................................ 58
8.1 Espécies de interpretação ................................................................................................................. 58
8.2 Quanto ao agente ................................................................................................................................ 59
8.2.1 Interpretação pública autêntica ....................................................................................................... 59
8.2.2 Interpretação pública judicial ............................................................................................................ 59
8.2.3 Interpretação pública administrativa ............................................................................................. 60
8.2.4 Interpretação pública casuística ....................................................................................................... 61
8.2.5 Interpretação privada (jusperito) ..................................................................................................... 61
8.3 Quanto à natureza ............................................................................................................................... 61
8.3.1 Interpretação gramatical ..................................................................................................................... 61
8.3.2 Interpretação lógica............................................................................................................................... 62
8.3.3 Interpretação histórica ......................................................................................................................... 63
8.3.4 Interpretação sistemática .................................................................................................................... 63
8.3.5 Interpretação teleológica .................................................................................................................... 64
8.3.6 Interpretação sociológica .................................................................................................................... 64
8.4 Quanto aos efeitos ............................................................................................................................... 65
8.4.1 Interpretação extensiva ........................................................................................................................ 65
8.4.2 Interpretação restritiva ......................................................................................................................... 65
8.4.3 Interpretação declarativa .................................................................................................................... 65
8.4.4 Interpretação modificativa ................................................................................................................. 65
8.4.5 Interpretação ab-rogante .................................................................................................................... 66
7
APRESENTAÇÃO
Este livro visa capacitar o aluno para que compreenda o conceito de fontes do Direito e a importância 
da norma como princípio relevante, introdução aos principais aspectos da interpretação da norma e de 
sua integração, estudo da vigência e da eficácia da norma. Faz o estudo das normas jurídicas como 
fonte de direito e sua importância no cenário jurídico nacional e internacional, estudo das fontes do 
Direito e de sua integração com as normas jurídicas, análise do papel da interpretação e da integração 
das normas jurídicas e sua aplicabilidade e estudo dos conceitos de eficácia da lei no tempo e no espaço 
e sua repercussão na aplicabilidade das normas jurídicas.
INTRODUÇÃO
A disciplina Normas do Direito Brasileiro tem relevada importância na medida em que trabalha 
com dois ilustres assuntos, que são: a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro – LINDB e 
a Hermenêutica Jurídica. A importância para a comunidade jurídica da Lei de Introdução às Normas 
do Direito Brasileiro – LINDB repousa na questão de consistir em um direito sobre direito, regendo a 
atuação do ordenamento jurídico.
Assim, teremos a oportunidade de estudar na LINDB normas que são delimitadoras das dimensões 
temporais dos preceitos normativos, incluindo a vigência e eficácia da lei, a adoção do princípio da 
vigência sincrônica das leis, o lapso temporal entre a publicação e a data de entrada em vigência da lei 
(vacatio legis), bem como a cessação da vigência normativa e o efeito repristinatório.
Estudaremos ainda os princípios determinantes da aplicabilidade de outras normas, ao tratarmos da 
sua obrigatoriedade, interpretação e aplicação, assim como o preenchimento de lacunas, o resguardo de 
determinadas situações jurídicas tal como o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.
Serão também objeto de nosso estudo as normas de competência internacional da autoridade 
judiciária brasileira e de competência de tribunal estrangeiro e de suas relações com o Brasil. Finalizando 
o estudo da LINDB, trataremos das questões normativas relacionadas à estabilidade das relações 
extraterritoriais, para o fim de solucionar conflitos de normas decorrentes do critério espacial, incluindo 
normas de direito internacional privado.
Já o estudo da Hermenêutica Jurídica está centrado na ciência da interpretação da linguagem 
jurídica, que tem como objetivo maior a sistematização de princípios e regras. Veremos que interpretar 
consiste em um processo de definição do sentido e do alcance na norma, ou seja, a significação dos 
conceitos jurídicos. Toda norma necessita de interpretação, mesmo que seja clara, não se aplicando a 
alegoria in claris cessat interpretatio, até porque a clareza constitui uma noção relativa por ser um valor, 
e o tempo tem o poder de alterar a visão dos institutos jurídicos.
Em nossa unidade de estudo passaremos por uma visão história e filosófica da Hermenêutica. 
Diferenciaremos a Dogmática da Zetética e focaremos no estudo das máximas da experiência, da 
discricionariedade, da jurisprudência e no modelo hermenêutico de interpretação e seus aspectos 
técnicos, com enfoque quanto ao agente, à natureza e efeitos da interpretação. 
9
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Unidade I
1 NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
1.1 Noções gerais
Quando falamos em Direito estamos nos referindo a um complexo de normas que conduzem nossa 
vida em sociedade. Nosso sistema jurídico é bastante complexo, porém dinâmico. Complexo porque 
se constitui de um conjunto de fontes formais do Direito, como leis, costumes e os princípios gerais; e 
dinâmico porque é mutável, acompanhando a evolução da sociedade.
Ao lado do que chamamos fontes formais do Direito ou fontes diretas, que são as leis, os costumes 
e os princípios gerais do Direito, temos o que denominamos fontes indiretas, que são a doutrina e a 
jurisprudência. Essas fontes não têm a função principal de produção do Direito, mas são métodos de 
interpretação da lei.
Dentre as fontes do Direito, vamos nos ater à lei. Mas o que é a lei? Lei pode ser conceituada como 
um mandamento jurídico escrito, emanada da autoridade estatal competente, que tem caráter geral e 
obrigatório, portanto, a todos imposta.
E sendo assim, não é dado ao aplicador da lei ou ao juiz valer-se de outra fonte do Direito quando há 
lei para ser aplicada ao caso concreto. Dado isso, decorre do princípio dalegalidade previsto em nossa 
Carta Magna (CF/88) em seu art. 5º, inciso II, que dispõe: “Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de 
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”.
Cabe ressaltar que o princípio da legalidade referido implica no direito de liberdade que nós 
particulares temos, ou seja, de que podemos fazer tudo aquilo que a lei não nos proíbe. Diferentemente 
do que para a Administração Pública, em que essa liberdade é mais restrita, sendo que o administrador 
poderá fazer tudo aquilo que a lei manda.
1.2 Fontes do Direito
A palavra fonte tem o sentido de origem, de procedência, de proveniência, portanto, estamos falando 
de onde nasce o Direito.
Iniciaremos nossos estudos abordando os seguintes aspectos:
• Fontes históricas: o Direito está em constante evolução, de forma que considerarmos que as 
fontes históricas poderiam nos trazer uma análise anacrônica, pois estaríamos revivendo um 
passado jurídico que muitas vezes não existe mais. 
10
Unidade I
• Fontes materiais: sabemos que o Direito não decorre de uma vontade desenfreada do legislador, 
mas sim dos reflexos da sociedade, tais como moral e economia, que nada mais são do que fatores 
jurídicos que interferem na elaboração da sistemática jurídica.
• Fontes formais: ao contrário das fontes materiais, pois já nos referimos aos fatores que originam 
as normas, trataremos da forma, ou seja, como as normas jurídicas se exteriorizam. No Brasil, 
podemos dizer que a principal forma é a escrita, o Direito positivado por lei e códigos.
Quando tratamos da interpretação do Direito, saber a origem dos institutos jurídicos é de 
extrema importância, a finalidade social para a qual ele foi criado, e em qual momento histórico e 
econômico. Não há como entendermos a nossa área atual sem nos referirmos ao Direito Romano, 
grande inspiração de nosso direito pátrio.
Muito do nosso direito pátrio foi inspirado no Direito Romano. Podemos conceituar o Direito 
Romano como o conjunto de normas vigentes em Roma desde sua fundação até Justiniano. 
O Direito tinha como pressuposto viver honestamente, não lesar ninguém e dar a cada um o 
que é seu (Ulpiano). O Direito Romano passou por três fases ou períodos distintos: Arcaico, 
Clássico e o Pós-Clássico.
Período Arcaico ou Pré-Clássico (753 a.C. a 27 a.C.)
Durante o Período Arcaico a família era o centro de tudo, cada cidadão romano era visto como 
parte integrante de uma unidade familiar. Nesse período surge a Lei das XII Tábuas (451-450 a.C.) 
como uma resposta a uma das revoltas da plebe, que lutou durante séculos por igualdade civil e 
política com os patrícios. O direito aplicado era consuetudinário e favorecia aos patrícios na aplicação 
das normas; os plebeus, na verdade, exigiram que as normas jurídicas fossem positivadas.
A Lei das XII Tábuas consiste em:
• Tábua I: do chamamento a Juízo.
• Tábua II: dos julgamentos e dos furtos.
• Tábua III: dos direitos de crédito.
• Tábua IV: do pátrio poder e do casamento.
• Tábua V: das heranças e tutelas.
• Tábua VI: do direito de propriedade e da posse.
• Tábua VII: dos delitos.
• Tábua VIII: dos direitos prediais.
11
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
• Tábua IX: do direito público.
• Tábua X: do direito sacro.
• Tábua XI: sem título (genérica).
• Tábua XII: sem título (genérica).
Muitos dispositivos da Lei das XII Tábuas são utilizados em nosso ordenamento jurídico.
Por exemplo, os itens 10 e 11 da Tábua I:
• 10: depois do meio-dia, se apenas uma parte comparece, o pretor decide a favor da que está presente.
• 11: o pôr do sol será o termo final da audiência.
O disposto no item 10 refere-se ao instituto da revelia, previsto no artigo 344 do NCPC 
(Lei nº13.105/2015): “Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-se-ão 
verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor”.
Já o disposto no item 11 refere-se ao horário dos atos processuais, previsto em nosso ordenamento 
no artigo 212 do NCPC: “Os atos processuais serão realizados em dias úteis, das 6 às 20 horas”.
Período Clássico (27 a.C. a 284 d.C. – Alto Império Romano)
Esse período foi considerado o período áureo do Direito Romano. São marcantes as figuras 
dos pretores e dos jurisconsultos (estudiosos do direito que interpretavam a lei e tinham 
reconhecimento de todos como sendo a expressão exata na norma). Os jurisconsultos eram 
considerados a aristocracia intelectual, devido à inteligência e conhecimentos técnicos; eles 
também eram conhecidos como prudentes e poderiam resolver as hipóteses concretas que lhe 
eram submetidas (respondere), orientavam os particulares nas atividades negociais que envolviam 
questões jurídicas (cavere). Era possível, em caso de litígios, aconselhar as partes (agere). Muito 
do direito privado, principalmente o direito civil, desenvolveu-se nesta fase.
Dentre os jurisconsultos, destaca-se Gaius, que escreveu as Institutiones, dividido em 4 livros:
• Fontes do Direito e das Pessoas.
• Das Coisas, Dos Direitos Reais e das Sucessões Testamentárias.
• Das Sucessões sem Testamentos e das Obrigações.
• Das Ações.
12
Unidade I
Ulpinianus, Julius Paulus, Papiniano (considerado o maior de todos os jurisconsultos) e 
Modestinus fecham a era de ouro do que se chamava “letras jurídicas romanas”; depois deles os 
imperadores passaram a decidir, pessoalmente, as questões mais relevantes. Aos poucos instituiu-
se o período de fórmulas ou direito formular, principalmente com a Lex Aebutia, na qual passou-se 
a admitir a utilização da fórmula, e os pretores passaram a ouvir as partes na primeira fase do 
processo e, caso encontrassem fundamentos para o seguimento do feito, elaboravam uma fórmula, 
a qual seria entregue aos árbitros.
Período Pós-Clássico (284 d.C. – 565/566 d.C.: Baixo Império Romano)
Esse foi o período de declínio do Direito Romano, poucas inovações foram introduzidas no 
Direito, vivendo-se mais da fase áurea.
O direito formular deixou de ser aplicado, dando lugar às Constituições Imperiais (providências 
legislativas do imperador), que podiam se apresentar nas seguintes formas:
• edicta: deliberações de ordem geral com duração indefinida;
• mandata: deliberações de caráter administrativo aos funcionários do império e governadores 
de províncias;
• decreta: decisões proferidas no âmbito do poder jurisdicional do imperador (jurisdictio);
• rescripta: respostas dadas pelo imperador a respeito de casos jurídicos a ele submetidos por 
magistrados e/ou particulares.
Estas constituições, na verdade, tinham o objetivo da personificação do monarca, chamadas 
também de leges. Em 395 d.C. o Império Romano é dividido em dois, ficando a primeira sede em 
Milão e a capital do segundo no Bizâncio; posteriormente foi trocado o nome para Constantinopla, 
pelo imperador Constantino. Atualmente diz respeito à região de Istambul, na Turquia.
O imperador do oriente Justiniano (527-565 d.C.) enxergou a necessidade de reerguer o Direito 
Romano, que se apresentava como condição indispensável para estruturar seu império.
Justinuanus convocou uma comissão dos maiores jurisconsultos de sua época para criar o 
Corpus Iuris Civilis, composto de quatro obras:
• Codex: do latim caudex, quer dizer tronco de árvore, diz respeito ao suporte do sistema legal. 
A compilação das Constituições Imperiais foi feita para que os romanos conhecessem todas 
as leis que vigoravam. Dividido em 12 livros da seguinte forma: Livro I (direito eclesiástico, 
fontes do Direito e das funções dos servidores públicos), Livro II-VIII (direito privado), Livro IX 
(delitos) e Livro X-XII (regras administrativas).
• Digesto: destinou-se à reunião dos pareceres e escritos dos jurisconsultos, no total de 50 
livros. Muito se aproveitou desta obra no tocante aos critérios de interpretação das leis.
13
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
• Institutas: considerado uma espécie de manual de direito para os estudantes. Declaradas de 
uso obrigatório, tiveram força de lei, sendo dividida em quatro livros.
• Novelas: regras de Justiniano que se faziamnecessárias no próprio cotidiano, tendo o poder 
de derrogar as regras dos livros anteriores que se chocassem com o novo direito. Praticamente 
todas as escritas eram em grego, já que se destinavam às populações do Império do Oriente.
Algumas regras: Ninguém sofrerá penalidade pelo que pensa (comparativo com o texto constitucional 
em seu artigo 5º, IV – É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato); o encargo da 
prova fica com aquele que afirma, e não com o que nega (comparativo com a regra do Direito Processual 
Civil de que quem alega um fato deve prová-lo – ônus da prova).
1.3 Lei
A lei decorre de um ato do Poder Legislativo, ela deve expressar uma vontade da sociedade, uma 
finalidade social, afastando, portanto, o caráter individualista. A lei é fruto do processo legislativo 
elaborado por um dos poderes estatais.
A origem da palavra lei é muito discutida entre doutrinadores. Para alguns, ela se originou do verbo 
legere, que significa “ler”, pois antigamente era comum afixar as leis em praça pública para que fossem 
lidas por todos. Para outros, se originou do verbo ligare, que significa “ligar”; nesse particular entendia-se a 
bilateralidade da lei, ou seja, a ligação entre duas ou mais pessoas, atribuindo a elas direitos e obrigações. 
Por último, originando-se do verbo eligere, que significa “escolher”, porque o legislador pode, dentre tantas 
proposições normativas, escolher a que será transformada em lei.
Em sentido lato ou amplo, o vocábulo lei abrange, além da lei propriamente dita, outras espécies 
normativas, como a medida provisória e o decreto.
As medidas provisórias são editadas exclusivamente pelo chefe do Poder Executivo em casos de 
relevância e urgência. Têm força de lei, mas com estas não se confundem, são atos administrativos 
de natureza normativa. Só podem ser expedidas quando o critério de relevância (importância) da 
matéria se somar ao da urgência. O que é urgência? Um exemplo de urgência ocorre quando, de forma 
comprovada, inexistir tempo hábil para que uma dada matéria, que sem grandes prejuízos à Nação, 
tenha de ser disciplinada por meio de lei ordinária. O que tem se entendido como urgência é o prazo de 
se fazer o ato normativo em um período inferior a cem dias.
Uma vez editada a medida provisória, a mesma deverá ser submetida ao Congresso Nacional, já 
produzindo efeitos desde sua edição. A votação deve ser bicameral, ou seja, inicia-se pela Câmara 
dos Deputados e depois passa-se à apreciação do Senado Federal. Antes da apreciação pelas Casas do 
Congresso, a medida provisória deve ser previamente examinada por uma comissão mista de deputados 
e senadores, que emitirá um parecer.
A aprovação da medida provisória em ambas as Casas converterá a medida provisória em lei 
ordinária no prazo máximo de 60 dias, prorrogável por igual período; a aprovação se dará por maioria 
14
Unidade I
simples. Caso a medida provisória seja rejeitada ou não votada no prazo legal (rejeição tácita), perderá 
sua eficácia desde sua edição, devendo os efeitos gerados por ela serem disciplinados por meio de 
decreto legislativo a ser editado pelo Congresso Nacional. A exemplo do que ocorre com as leis 
delegadas, há matérias que não podem ser editadas por medidas provisórias, que estão previstas no 
rol do art. 62, §1º da CF/88 (BRASIL, 1988).
Os decretos são atos dos chefes do Poder Executivo, a saber, presidente da República, governadores 
e prefeitos, e esse atos são baixados mediante decretos. Não há, neste caso, a necessidade de ser 
referendado pelo Poder Legislativo. Dentre os decretos podemos citar os autônomos, que são aqueles 
editados dentro de uma certa rotina da função administrativa do chefe do Poder Executivo, por exemplo, 
o indulto de Natal. Há os decretos regulamentares, que complementam as leis. Assim, sua função é única 
e exclusivamente de regulamentação, não podendo criar mais direitos ou restrições do que o próprio 
texto legal.
A lei em sentido estrito é um mandamento comum e obrigatório que emana da autoridade 
competente, neste caso, do Poder Legislativo, para disciplinar determinada matéria no âmbito de sua 
competência. A lei poderá ser considerada uma lei substantiva ou material, quando definir direitos e 
deveres das pessoas e suas relações, por exemplo, as leis civis, leis penais, dentre outras.
A lei poderá ser considerada adjetiva ou formal quando instituir procedimentos a serem seguidos, 
como é o caso da lei processual civil ou penal; dizemos, neste caso, que é uma lei instrumental. A lei 
poderá ser de ordem pública, são aquelas que não podem ser substituídas pelas convenções particulares, 
como ocorre, muitas vezes, com os contratos. São exemplos de lei de ordem pública: as relativas à 
família, nulidades de atos, constitucionais, penais, direitos personalíssimos, dentre outras.
1.3.1 Processo legislativo
A formação da lei decorre do processo legislativo, o qual é estabelecido pela Constituição Federal. 
Abordaremos as seguintes espécies normativas: lei complementar, lei ordinária e lei delegada.
As leis complementares são espécies normativas que se destinam a complementar a Constituição, 
mas se submetem a um processo legislativo menos rigoroso do que aquele previsto para as emendas 
constitucionais. Têm um âmbito material delimitado constitucionalmente, uma vez que a Carta Magna 
a elas reservou certas matérias importantes, como as normas gerais do Direito Tributário, o Sistema 
Financeiro Nacional e as finanças públicas.
A Constituição exige quórum especial para a sua aprovação, consistente na maioria absoluta dos 
membros das Casas legislativas. Ressaltamos que a maioria absoluta consiste em mais da metade dos 
membros da Casa, enquanto, a maioria simples ou relativa consiste em mais da metade dos presentes 
à sessão.
As leis complementares não são superiores às leis ordinárias, uma vez que não existe 
hierarquia entre elas. As leis ordinárias são a espécie normativa da regra, seu processo legislativo 
é comum, exigindo-se para sua aprovação tão somente o quórum simples de maioria relativa. 
15
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
Pode versar sobre qualquer assunto que não seja reservado às leis complementares. As etapas de 
aprovação de uma lei ordinária são: iniciativa, deliberação parlamentar, deliberação executiva e 
fase complementar.
Comecemos pela iniciativa, que pode se dar por qualquer membro ou comissão da Câmara dos 
Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao presidente da República, ao Supremo 
Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao procurador-geral da República e aos cidadãos, 
observando-se a forma e nos casos previstos na Constituição (art. 61 da CF/88).
Das possibilidades de iniciativa acima previstas, podemos falar que são concorrentes e 
privativa. Apenas as propostas de iniciativa do presidente da República são privativas, ou seja, 
cabe a este propor iniciativas que fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas, bem 
como as que dispuserem sobre criação de cargos, funções ou empregos públicos ou aumento de 
sua remuneração.
Também são de proposta privativa pelo presidente da República: a organização administrativa e 
judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos territórios, 
assim como a que tratar de servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de 
cargos, estabilidade e aposentadoria. Por fim, também integram como matéria de proposta privativa por 
parte do presidente da República a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, 
também as normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Territórios.
É importante ressaltar a possibilidade de que uma lei tenha iniciativa popular, como uma forma 
de consagração da democracia direta, nos termos do art. 14 da CF/88, que dispõe que o povo poderá 
diretamente exercer seu poder de interferir na condução da coisa pública por intermédio de plebiscito,referendo e da iniciativa popular.
A iniciativa popular implica que o povo poderá apresentar à Câmara dos Deputados um projeto 
de lei subscrito por, no mínimo, 1% do eleitorado nacional, desde que este 1% esteja distribuído 
por pelo menos cinco estados e, em cada Estado, com não menos de 0,3% dos eleitores. O projeto 
de lei deve referir-se a um só assunto.
 Observação
A primeira lei decorrente da iniciativa popular foi a chamada Lei Glória 
Perez, Lei nº 8.930/1994, que tipificou o crime de homicídio qualificado 
como crime hediondo. Resultou de uma campanha gerada pela comoção 
nacional diante do assassinato da atriz Daniella Perez.
A Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar nº 135/10) é de inciativa popular, que tratou de questões 
relacionadas à inelegibilidade.
16
Unidade I
Passemos à segunda etapa de aprovação, que é a deliberação parlamentar. Uma vez feita a proposta 
de lei, ela será discutida e votada em ambas as casas parlamentares.
A casa parlamentar que primeiro tem contato com o projeto de lei é chamada de casa iniciadora, 
e depois a casa revisora é a que discutirá o projeto posteriormente. A definição de qual casa será a 
iniciadora depende de quem é a iniciativa da propositura de lei. Apenas quando a iniciativa de lei 
parte de um senador ou de uma comissão do Senado é que a casa iniciadora será o Senado Federal, do 
contrário, a casa iniciadora será sempre a Câmara dos Deputados.
Quanto à votação propriamente dita para aprovação da lei, há dois tipos de quórum, um para 
instalação da sessão e outro para a aprovação. Para que a sessão seja instalada é necessário um quórum 
de maioria absoluta da casa parlamentar. É o que dispõe o art. 47 da CF/88, entendendo-se como 
maioria absoluta cinquenta por cento mais um dos membros da casa, e não dos presentes à sessão. Para 
a votação aplica-se o quórum de maioria simples ou relativa dos presentes à sessão.
Normalmente, a votação que ocorre nas casas parlamentares é aberta e não secreta, pelo princípio da 
transparência e do espírito democrático. Sendo a lei aprovada em ambas as casas, iniciadora e revisora, 
seguirá para sanção ou veto do chefe do Poder Executivo, iniciando-se assim a terceira fase. Se a casa 
revisora rejeitar, o projeto será arquivado (art. 65 da CF/88).
O chefe do Poder Executivo poderá sancionar ou vetar o projeto de lei. Trata-se de uma das possíveis 
intervenções de um poder em outro, previstas na Constituição Federal, que configuram a teoria dos 
freios e contrapesos. O veto dado pelo chefe do Poder Executivo poderá ser de duas ordens: jurídico ou 
político; o veto jurídico está relacionado à questão de inconstitucionalidade, enquanto o veto político 
se relaciona à questão de contrariedade ao interesse público.
O veto dado pelo chefe do Poder Executivo não sofre controle pelo Poder Judiciário, porque constitui 
um ato político. O prazo para que o chefe do Poder Executivo exerça o poder de veto é de 15 dias, no 
silêncio, considerar-se-á como sancionado o projeto de lei.
O veto deve conter os seguintes requisitos:
• ser expresso;
• ser motivado;
• ser supressivo (pode-se retirar parte do texto do projeto de lei, mas não acrescentar);
• ser total ou parcial;
• ser superável ou relativo (o Congresso Nacional pode rejeitar o veto).
Por fim, a última fase de aprovação é a fase complementar. Nesta fase, após aprovação do projeto 
de lei pelo Poder Legislativo, sanção dada pelo Poder Executivo, ou no caso de veto, rejeitado este pelo 
Poder Legislativo, segue-se para a fase complementar de promulgação e publicação.
17
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
A promulgação é o reconhecimento da existência de uma nova lei. Nos termos do art. 66, §7º da 
CF/88, se o presidente da República não a promulgar em um prazo de 48 horas, esta será promulgada 
pelo presidente do Senado em igual prazo e, na falta deste, caberá ao vice-presidente do Senado. Já a 
publicação é o ato de tornar pública a nova lei. A partir deste momento presume-se que a lei se torna 
de conhecimento público, obrigando a todos o seu cumprimento.
As leis delegadas cuidam do ato normativo elaborado e editado exclusivamente pelo presidente da 
República, em face da autorização concedida pelo Congresso Nacional, mediante resolução (art. 68 da 
CF/88). Elas extraem seus fundamentos diretamente da Constituição.
Os atos de competência exclusiva do Congresso Nacional não podem ser objetos de lei delegada pela 
sua própria natureza, assim como os de competência privativa da Câmara dos Deputados e do Senado 
Federal. Também não podem ser objeto de lei delegada matéria que for reservada à lei complementar, 
bem como referente à legislação sobre a organização do Poder Judiciário e do Ministério Público. 
Incluem-se ainda nessa vedação matéria sobre nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e 
eleitorais, planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos.
A autorização do Congresso Nacional para que o presidente da República edite uma lei delegada 
far-se-á por resolução. É possível que conste na resolução a determinação de apreciação pelo 
Congresso Nacional, que o fará em votação única, sem emendas (art. 68, §2º, §3º da CF/88). Como 
visto anteriormente, a lei, quando publicada, torna-se de conhecimento público, obrigando a 
todos que estiverem sob sua égide o seu cumprimento. A partir disso podem decorrer várias 
problemáticas, decorrentes da eficácia, vigência, de conflitos de normas no tempo e no espaço, 
dentre outros.
Imaginemos que duas leis em vigor estejam conflitando quanto ao seu conteúdo, qual deverá 
prevalecer? Outra situação: para determinado caso concreto não há legal cabível, como resolver? 
Toda essa problemática pode decorrer com o advento de uma norma ou com a sua falta. Para 
isso devemos nos socorrer da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB), que trata da 
aplicabilidade das leis em geral.
2 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
DIMENSÃO TEMPORAL
2.1 Breve histórico da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro
A LINDB foi instituída pela Lei nº 12.376/2010 (BRASIL, 2010), que na verdade alterou o Decreto-Lei 
nº 4.657/42, que, por sua vez, revogou a antiga Lei de Introdução ao Código Civil, chamada LICC. Ela 
era uma lei introdutória às demais leis, que continha disposições preliminares que antecediam o Código 
Civil. Não se tratava de uma lei civil, mas sim de uma lei autônoma que dispunha sobre aplicabilidade 
das normas em geral. Seu conteúdo alcançava questões de hermenêutica jurídica relacionadas ao direito 
público e privado e ao direito internacional privado.
18
Unidade I
Acertadamente, seu texto sofreu alterações, inclusive, a sua denominação, que passou a se chamar 
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro.
2.2 Vacatio legis
Para tratarmos da vacatio legis precisamos antes diferenciar alguns conceitos, quais sejam, validade, 
vigência e eficácia da lei. A validade de uma lei está relacionada com duas questões: a primeira é se a lei 
tem validade constitucional, ou seja, se está de acordo com os parâmetros constitucionais. A segunda 
diz respeito à validade formal, que indica se a lei foi elaborada por órgão competente e de acordo com 
os procedimentos legais, por exemplo, o processo legislativo.
A vigência da lei compreende o período que vai desde a sua publicação até a sua revogação, ou seja, 
é o tempo de sua atuação. A eficácia, por sua vez, está relacionada ao poder de aplicação da norma aos 
casos concretos, é a força que ela tem de produzir um ajustamento de conduta das pessoas para a vida 
em sociedade, é o que chamamos de eficácia social.
Tratando da vacatio legis, é necessário analisarmos o art. 1º da LINDB, que dispõe: “Salvo disposição 
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 (quarenta e cinco) dias depois de oficialmente publicada”.
De acordo com a LINDB, a lei entra em vigor num prazo de 45 dias após ter sido publicada. O dispositivo 
legal ressalva a possibilidade de disposição em contrário, ou seja,há leis que podem entrar em vigor na data 
de sua publicação, assim como há leis que podem entrar em vigor num prazo superior a 45 dias de acordo 
com a vontade do legislador, caso entenda que há a necessidade de um prazo maior para familiarização 
dos órgãos incumbidos de aplicar a lei.
Vejamos um exemplo: o Código Civil atual foi publicado em 11 de janeiro de 2002 (Lei nº10.406), 
tendo entrado em vigor um ano após a sua publicação. Este período compreendido entre a data da 
publicação e a entrada em vigor chamamos de vacatio legis. Como contamos o prazo da vacatio legis? 
Devem ser incluídos na contagem do prazo o dia da publicação em que a lei foi publicada e o dia em que 
vence o prazo. Se considerarmos uma vacatio legis de 15 dias, uma determinada lei que foi publicada no 
dia 2 de março inclui-se no cômputo o dia da publicação, que é 2 de março e o dia do fim do prazo, ou 
seja, 16 de março. Nesse caso, a lei entraria em vigor no dia 17 de março, não importando se este dia é 
domingo ou feriado, já que não estamos falando de cumprimento de obrigação. 
Imaginemos que a situação seja de uma lei brasileira que deverá gerar efeitos no exterior, como será 
esse prazo?
A LINDB nos dá a resposta no parágrafo primeiro do art. 1º, senão vejamos: “Nos Estados 
estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de 
oficialmente publicada”.
Se não houver estipulação em contrário, o prazo de entrada em vigor da lei brasileira no exterior 
será de três meses depois de publicada no Diário Oficial. Cabe ressaltar que se a mesma lei tiver um 
prazo para entrada em vigor no Brasil que for superior ao prazo de trêz meses, o prazo estabelecido para 
19
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
entrada em vigor no Brasil é que prevalecerá, mesmo para o exterior, pois não é admissível que uma 
norma brasileira entre primeiro em vigor no exterior do que no próprio Brasil.
Outra questão interessante é que mesmo que a lei esteja em vigor aqui no Brasil e tiver o prazo 
de meses para entrar em vigor no exterior, valerá a lei antiga, se houver (no exterior), até o prazo de 
três meses.
Imaginemos outra situação: estando no prazo da vacatio legis, a lei nova aguarda para entrar em 
vigor. Os atos jurídicos praticados durante a vacatio legis estarão sob a égide da lei anterior, válida até 
que perca sua vigência pela entrada em vigor da nova lei.
2.3 Cessação da vigência normativa
Como vimos anteriormente, a vigência é o tempo compreendido entre a publicação e a revogação 
de uma lei. Sobre este assunto a LINDB nos ampara novamente, nos dando a seguinte diretriz: “Não se 
destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue (art. 2º)”.
A partir disso, podemos compreender que não sendo temporária a vigência de uma lei, ela produzirá 
todos os seus efeitos até que outra a modifique ou revogue. Há casos de leis temporárias, cuja cessação 
normativa se dará com o decurso de tempo previsto para sua duração. Por outro lado, há casos de 
vigência permanente, em que a lei é projetada para surtir efeito sem prazo determinado, durando até 
que seja alterada por uma nova lei ou revogada.
O que significa revogação? Revogar nada mais é do que tirar o efeito de uma norma, tirar a sua 
obrigatoriedade, ocorre quando ela perde a sua vigência. É importante ressaltar que uma lei só se 
considera revogada por uma nova lei quando esta entra em vigor.
 Lembrete
No período da vacatio legis a lei nova ainda não entrou em vigor, 
valendo, portanto, a lei antiga, que só perde a sua obrigatoriedade com a 
entrada em vigor da lei nova. 
Revogação é gênero, dividindo-se em duas espécies de cessação normativa, são elas: 
• Ab-rogação: é a supressão total da norma antiga, ou seja, a nova lei regulou toda a matéria sobre 
a qual versava a lei anterior; ou ainda por haver incompatibilidade entre ambas. Por exemplo, com 
o advento no novo Código Civil, ficou estabelecido em seu art. 2045 que o antigo Código Civil, 
Lei nº 3.071 de 1916, ficava revogado, entendendo-se aqui revogado em sua totalidade.
• Derrogação: é a supressão de parte da norma anterior, ou seja, ela ainda terá vigência, mas 
alguns dispositivos perderão a sua aplicabilidade frente à nova lei. Por exemplo, o novo Código 
Civil estabeleceu em seu artigo 2045 que ficaria revogada a parte primeira do Código Comercial.
20
Unidade I
Relembrando que a revogação pode se dar de maneira expressa, quando a lei nova declara 
expressamente em seu texto que a lei anterior está revogada, total (ab-rogação) ou parcialmente 
(derrogação). Pode também se dar tacitamente, quando não faz menção expressa à revogação, mas 
o texto da nova lei é incompatível com o da lei anterior. Esse preceito da revogação tácita já estava 
previsto no Direito Romano, contido no Digesto.
Outra situação muito comum é que nesse choque de normas, por incompatibilidade entre elas, 
haja uma interpretação de qual deverá prevalecer. É o que chamamos de antinomia, quando duas 
normas estão em choque. Então, devemos nos socorrer de alguns critérios, tais como hierárquico, 
cronológico e da especialidade.
Vejamos o que diz a LINDB sobre esse assunto: “A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou 
especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior (art. 2º, §2º)”.
Passemos para a análise dos critérios:
• Hierárquico: este critério tem por base a superioridade de uma norma sobre a outra. Isso quer 
dizer que em um eventual conflito de normas, a que for de nível mais alto será preferida em 
relação ao de nível inferior. Por exemplo, a norma constitucional prevalece em relação às normas 
inferiores, inclusive gerando um quadro de inconstitucionalidade.
• Cronológico: por este critério, a lei posterior revoga lei anterior, desde que sejam as normas do 
mesmo nível de hierarquia. Nesse caso, a última norma prevalece em relação à norma anterior.
• Especialidade: por este critério, a norma considerada especial prevalece em relação à norma 
geral. Podemos dizer que uma norma é especial quando possui os elementos da norma geral 
mais alguns elementos, que são chamados de especializantes, ou seja, há o acréscimo de 
elementos próprios em relação ao tipo definido na norma geral, assim, o tipo geral está 
contido no tipo especial.
Então, se uma determinada pessoa descumprir preceito previsto na lei geral e na especial, responderá 
perante as duas leis? Não. Como a lei especial prevalece em relação à lei geral, a pessoa terá sua conduta 
enquadrada na lei especial, não configurando, portanto, o bis in idem, que destaca que o indivíduo seja 
punido mais de uma vez pelo mesmo fato. 
Finalizando este tópico, falaremos do efeito repristinatório ou da repristinação. O que isso significa? 
Imaginemos que a lei A em pleno vigor é revogada pela nova lei B. Quando a lei B perder sua 
vigência, por exemplo, por ser uma lei temporária, voltará a ter vigência a lei A? Sem sim, ocorreria 
no caso a repristinação, que não é automática pelo nosso ordenamento jurídico. Vejamos o que 
diz a LINDB a respeito: “Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei 
revogadora perdido a vigência (art. 2º, §3º)”.
Neste particular, deixando a lei revogadora de ter vigência, não se restabelecerá a lei revogada, 
salvo disposição expressa em contrário. Caso isso ocorra, a lei revogada será restabelecida, gerando 
21
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
efeitos ex nunc. O que significa isso? Significa que gerará efeitos a partir do momento em que foi 
restaurada, e não da sua edição ou publicação.
3 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
APLICABILIDADE DAS NORMAS
3.1 Obrigatoriedade da norma
No Direito Romano já havia o entendimento de que se as leis limitavam à conduta humana em 
sociedade, havia a necessidade de que elas fossem conhecidas para serem respeitadas. A LINDB traz em 
seu corpo o mesmo entendimento, senão vejamos: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que 
não a conhece” (art.3º). 
Como vimos anteriormente, a norma passa a vigorar com a sua publicação. Sabemos ser impossível 
cientificar individualmente cada pessoa da existência da norma, de forma que após a sua publicação 
e transcorrido o período de vacatio legis a norma será obrigatória, sendo impossível a pessoa alegar 
descumprimento por sua ignorância.
O Superior Tribula de Justiça (STJ) já se manifestou nesse sentido, em sede de Recurso Especial, 
na qual o servidor pretendia eximir-se do cumprimento do prazo legal sob a argumentação de que o 
desconhecia, recurso que não foi conhecido.
 Saiba mais
Conheça o acórdão do STJ sobre alegação de desconhecimento da lei em:
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (STJ). Recurso Especial 
nº 404628. Distrito Federal. Brasília, 2002. Disponível em: <https://stj.
jusbrasil.com.br/jurisprudencia/7526798/recurso-especial-resp-404628-
df-2002-0001210-4>. Acesso em: 15 jan. 2019..
Aqui não devemos confundir a ignorância da lei com o erro de direito. O erro de direito pode estar 
relacionado à validade de algum negócio jurídico, solicitando-se a sua anulação desde que este seja o único 
ou principal motivo, como se fosse um vício do consentimento que possa macular a manifestação da vontade.
Assim, o erro de direito, quando não relacionado à recusa de aplicação da lei, pode ser objeto de 
anulação do negócio jurídico quando for o único ou principal motivo que lhe deu causa.
3.2 Integração da norma
Antes de falarmos da integração da norma, há a necessidade de fazermos alguns esclarecimentos sobre 
o Poder Judiciário. Tem o Poder Judiciário a função precípua de julgar e o mesmo encontra-se regularmente 
22
Unidade I
estruturado para exercer a sua função jurisdicional através de seus órgãos. O Poder Judiciário é o que 
detém o poder jurisdicional, entre outras palavras, não podemos fazer justiça com as próprias mãos, e sim 
submeter à apreciação do Poder Judiciário os conflitos de interesse para que ele atue fazendo justiça.
Por outro lado, não pode o Poder Judiciário se abster de analisar as demandas jurídicas que lhe são 
submetidas (art. 5º, XXXV da CF/88), configurando assim o que chamamos de princípio da inafastabilidade 
da jurisdição, ou seja, toda vez que houver lesão ou ameaça de lesão ao direito de alguém, será 
competente para apreciação o Poder Judiciário.
No entanto, pelo princípio da inércia da jurisdição, o Poder Judiciário não atua de ofício nas demandas, 
ou seja, deve ser ele provocado pelo interessado para poder intervir nas relações conflituosas, é o 
ordenado no artigo 2º do NCPC, que dispõe: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve 
por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”.
Assim sendo, toda vez que alguém tiver um direito violado ou na iminência de ser violado poderá 
procurar proteção de seu direito junto ao Poder Judiciário. O Poder Judiciário, por sua vez, pelo princípio 
da inafastabilidade que há pouco falamos, não pode se abster de analisar as demandas jurídicas que lhe 
são submetidas, mesmo que não haja norma jurídica para aplicação ao caso concreto. Isso pode ocorrer, 
e neste caso, é o que chamamos de lacuna no Direito.
Vejamos o que diz a LINDB sobre essa questão: “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de 
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (art. 4º)”.
Daí decorre que se houver uma lacuna, o aplicador do direito deverá preenchê-la. Não poderia ser 
diferente. Se não podemos fazer justiça com as próprias mãos, e sim “bater às portas” do Poder Judiciário 
solicitando uma providência (tutela jurisdicional) para resguardar nossos direitos, o Poder Judiciário não 
poderia se abster de nos amparar alegando lacuna no Direito.
Por outro lado, esse preenchimento da lacuna no direito não implica uma certa arbitrariedade do 
Poder Judiciário, de preenchê-la da forma que bem entender, mas sim buscando amparo na analogia, 
nos costumes e nos princípios gerais do Direito.
Vejamos os meios supletivos das lacunas:
• Analogia: neste caso, o juiz, ao decidir uma questão que não está contemplada no ordenamento 
jurídico de forma direta ou específica, faz uso de outra norma que prevê uma hipótese distinta, 
mas semelhante ao caso sob judice.
• Costume: o costume é fonte jurídica, porém secundária, podendo o juiz socorrer-se do costume, 
somente depois de esgotar todas as possibilidades legais aplicáveis ao caso. O costume é a longa 
prática reiterada de determinados atos, uniformes, públicos e morais.
• Princípios gerais do Direito: os princípios gerais do Direito são postulados que norteiam o nosso 
ordenamento jurídico.
23
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
• Equidade: não encontrando o juiz nenhum caso análogo, não conseguindo se socorrer dos 
costumes e, por fim, de princípios gerais do Direito, poderá servir-se da equidade.
Ao retomar sobre analogia, será necessário um juízo de valor pelo aplicador do direito, concluindo 
quais são os pontos comuns e os pontos diversos que devem ser considerados. Para que a ela seja 
aplicada, temos alguns requisitos, dentre eles destacamos a necessidade que o caso sob judice não esteja 
previsto em norma jurídica, senão, por óbvio, ela deveria ser aplicada e não haveria a necessidade de 
se recorrer à analogia. Aqui, o ponto crucial é a identidade de razão entre o caso concreto e a lei que 
disciplina hipótese distinta, porém, semelhante, e por esta questão a ela devendo se submeter.
Outro ponto que deve ser observado é que para o uso da analogia, o ponto de identidade não pode 
ser qualquer ponto, mas sim o ponto fundamental que implique em uma verdadeira e real semelhança, 
ou seja, mesma razão em ambas as situações, pois meras semelhanças não justificam o uso da analogia.
Quanto ao costume, o juiz pode decidir sobre determinada questão socorrendo-se do costume, se 
for notório (público). Caso o juiz desconheça o costume e este seja invocado por uma das partes em 
determinada demanda jurídica, deve o juiz exigir de quem o alega que o comprove. Os costumes podem 
ser secundum legem, praeter legem e contra legem. O secundum legem é aquele costume que decorre 
da própria lei, por exemplo, o parágrafo primeiro do art. 1.297 do CC prevê que as cercas vivas, de arame 
ou até de madeira, pertencem a ambos os proprietários confinantes, até que se prove em contrário, 
devendo estes, em conformidade com os costumes locais, custearem em partes iguais as despesas.
O costume praeter legem é o que se coaduna com o art. 4º da LINDB, pois ele é utilizado no caso 
de não ter sido possível o uso da analogia. Maria Helena Diniz (2014) cita como exemplo a utilização 
do cheque, que é ordem de pagamento à vista, sendo pós-datado e utilizado como garantia de dívida 
para desconto futuro.
O costume contra legem é aquele que se forma em sentido contrário à lei, que conduz a não aplicação 
da lei pelo seu desuso. Não é muito aceito pelos aplicadores do direito, já que uma norma só pode ser 
revogada por outra. Maria Helena Diniz (2014) cita como exemplo a prática rotineira do mercado de gado 
no município de Barretos, em que, independentemente dos valores envolvidos nos negócios, mesmo 
que vultuosos, admitia-se a prova exclusivamente testemunhal, contrariando dispositivos dos antigos 
Código Civil e Código de Processo Civil, em que só se admitia a prova exclusivamente testemunhal nos 
contratos cujos valores não excedessem dez vezes o valor do salário mínimo vigente (art. 401 CPC).
Em relação aos princípios gerais do Direito, eles podem estar prescritos na própria norma, como é 
o caso do princípio da legalidade previsto na CF/88, que reza que ninguém é obrigado a fazer ou ainda 
deixar de fazer alguma coisa, senão em virtude de lei. (art. 5, II). Também podem estar implícitos no 
sistema, ou seja, decorrem de uma análise sistemática do ordenamento jurídico, por exemplo, aquele 
que exercita o próprio direito não prejudica a ninguém.
Podemos conceituar a equidade como o ideal de justiça aplicada ao caso concreto. Acaba sendo um 
poder discricionáriodado ao magistrado, mas não arbitrário. Maria Helena Diniz (2014) cita como um 
dos exemplos a guarda compartilhada, em que o tempo de convívio com os filhos deva ser dividido de 
24
Unidade I
forma equilibrada com a mãe e com o pai, tendo em vista as condições que se apresentam e o interesse 
dos filhos (art. 1583, §2º CC).
3.3 Irretroatividade e retroatividade da lei
Neste tópico abordaremos o que chamamos de direito intertemporal. O que isso significa? Imaginemos 
que uma nova lei entra em vigor, será que ela disciplinará apenas questões futuras ou terá o condão de 
afetar atos já praticados na vigência da lei anterior?
O direito intertemporal existe para solucionar estes conflitos. É possível que ocorra algum tipo de 
conflito entre a norma anterior e a nova norma, pois, como já vimos, revogar é cessar a vigência da 
norma, mas não eliminar completamente a sua eficácia. Quando a norma nova disciplina de uma forma 
diferente da anterior determinada matéria, poderão ocorrer conflitos.
Vejamos o que diz a LINDB sobre esse assunto:
A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, 
o direito adquirido e a coisa julgada.
Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao 
tempo em que se efetuou.
Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por 
ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-
fixo, ou condição preestabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não 
caiba recurso (BRASIL, 2015, art. 6º, §1º, §2º, §3º).
Um dos critérios adotados é o que chamamos de disposições transitórias, que são disposições 
constantes do próprio texto novo para o fim de conciliar a nova norma com a anterior. Estas 
disposições são temporárias, porque sua aplicabilidade destina-se apenas a fazer a transição. 
Por exemplo, a Constituição Federal de 1988 traz em seu corpo o “Ato das Disposições Constitucionais 
Transitórias” (ADCT), que trouxe disposições que auxiliaram a harmonizar a transição de uma ordem 
constitucional para outra.
Outro critério é da irretroatividade ou retroatividade da lei. Dizemos que é retroativa uma norma 
nova que atinge os efeitos de atos que foram praticados na égide da norma anterior. Irretroativa é a 
norma nova que não alcança atos praticados na vigência da norma anterior. Como visto anteriormente, 
a norma nova tem aplicabilidade imediata e geral, respostando, contudo, o ato jurídico perfeito, o 
direito adquirido e a coisa julgada.
Vejamos cada um deles:
25
NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
• Ato jurídico perfeito: é aquele que se realizou na vigência da lei que o contemplou, de 
acordo com os preceitos legais que o regeram. Isso é extremamente importante a fim de 
garantir segurança jurídica na realização de atos jurídicos. Imaginemos um contrato celebrado 
na vigência de uma determinada lei, será válido mesmo que a lei posterior venha a existir, 
aplicando-se a ele a lei contemporânea.
• Direito adquirido: é aquele que já está incorporado ao patrimônio de seu titular. Aqui falamos 
de um direito concreto, e não em abstrato, ou seja, expectativa de direito não é resguardada por 
este instituto, pois seria a mera esperança em adquirir um direito. No caso do direito adquirido, o 
seu titular pode usufruir de seu direito consolidado em uma lei anterior, mesmo que ela já tenha 
sido revogada; cabe falar que tal instituto comporta exceções. Quando falamos de leis de ordem 
pública, como é o caso da lei penal, a lei poderá retroagir e alcançar o direito adquirido desde que 
seja para beneficiar o réu; é o que chamamos de retroatividade in bonam partem.
• Coisa julgada: é um efeito dos julgamentos. Porque no processo implica na imutabilidade e 
impossibilidade de se se rediscutir uma sentença judicial. Uma vez transitada a sentença, é como 
se ela fizesse uma lei individual que não poderá ser revogada ou discutida, salvo nos casos de ação 
rescisória, como forma de se manter a segurança jurídica.
Voltando à leitura do art.6º da LINDB, depreendemos que normas poderão retroagir, desde que não 
ofendam o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. Este comando também se encontra 
reproduzido na Constituição Federal em seu art. 5º, XXXVI.
4 LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO – LINDB: 
ESTABILIDADE DAS RELAÇÕES EXTRATERRITORIAIS
4.1 Domicílio, territorialidade e extraterritorialidade
Iniciaremos falando da extraterritorialidade. Uma norma poderá ultrapassar fronteiras desde que 
estabelecida em convenções internacionais. Quando falamos em territorialidade, dizemos sobre a 
aplicação da norma em seu próprio país, já a extraterritorialidade refere-se à aplicação da norma além 
de seus limites de origem ou do Estado. A norma extraterritorial existe para proteger o indivíduo em 
território estrangeiro ou para regular atos estrangeiros que tenham de ser cumpridos no País.
Durante algum tempo tivemos o conflito entre aplicar a lei da nacionalidade ou a lei do domicílio, 
pois era comum aplicar-se à pessoa a lei de sua nacionalidade. E se a pessoa não tivesse nacionalidade 
por tê-la perdido, por exemplo?
Vejamos o que diz a LINDB sobre essa questão: “A lei do país em que for domiciliada a pessoa 
determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família (art. 7º)”.
A LINDB prevê, portanto, a aplicação da lex domicilii, responsável por reger o estatuto pessoal. 
Sendo o Brasil um país de imigração, tem a lei o maior interesse em sujeitar o estrangeiro à lei nacional, 
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Unidade I
independentemente de sua nacionalidade. É importante ressaltar que na antiga lei de introdução 
vigorava o princípio da nacionalidade, e não da lei em que a pessoa é domiciliada. Entendemos aqui 
domicílio como sendo um vínculo que liga uma pessoa a um determinado território.
Como vimos anteriormente na leitura do art. 7º da LINDB, serão regidos pela lei do domicílio os 
conflitos relativos ao nascimento e ao fim da personalidade, o nome civil com suas alterações, se houver, 
a capacidade civil (aptidão para ser titular de direitos e obrigações) e os diretos de família.
Os direitos de família são regidos pela lei do domicílio; e cabe aqui ressaltar a questão do casamento, 
o casamento é formal, ou seja, deve seguir certas formalidades para sua validade, formalidades que 
antecedem o casamento a fim de verificar inexistência de eventual impedimento dos nubentes para o 
ato. Ele será regido pela lei do local de celebração, ou seja, pela lex loci celebrationis, se realizado no 
Brasil, e, independentemente da nacionalidade dos nubentes, será aplicada a lei brasileira (arts. 1.525 
a 1.542 do CC). Caso o enlace seja realizado no estrangeiro, será reconhecido no Brasil desde que não 
ofenda a ordem pública brasileira ou fraude a lei nacional.
Vejamos o que diz a LINDB sobre esta questão: “Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada 
a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração (art.7º, §1º)”.
Quanto ao preceito anterior há uma facultatividade, podendo optar os nubentes estrangeiros não pela 
lei do local do ato, mas pela sua lei nacional, caso o casamento venha a ser realizado perante autoridade 
consular ou diplomática. Esta faculdade só se aplica se os nubentes tiverem a mesma nacionalidade e a 
autoridade e competência para a celebração. É importante ressaltar que se aplicará a lei da nacionalidade 
no que toca à forma do ato, ficando os efeitos materiais sujeitos à apreciação da lei brasileira.
Vejamos novamente a LINDB sobre esse assunto: “O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se 
perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes (art. 7º, §2º)”.
Quando se trata da invalidação do casamento, aplicar-se-á a lei do domicílio dos nubentes, caso 
tenham o mesmo domicílio. Se tiverem domicílios diferentes, deverá ser eleito como local competente 
para anulação docasamento o local do primeiro domicílio do casal, ou seja, o primeiro domicílio 
conjugal do casal.
Teremos de nos socorrer novamente da LINDB para esta questão, vejamos: “Tendo os nubentes 
domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal 
(art. 7º, §3º)”.
Maria Helena Diniz (2014) traz como exemplo um casal de franceses, com domicílio na França, cujo 
enlace realizou-se no Brasil sob a égide das leis brasileiras. Eventual invalidação deste enlace, se vier a 
ser discutida no Brasil, deverá ser aplicada a lei francesa, salvo se ofender a ordem pública. É importante 
ressalvar que este dispositivo se aplica aos requisitos substanciais (intrínsecos) do casamento.
Quando falamos em invalidação do matrimônio, podemos estar falando em ato nulo ou anulável. 
Mesmo que nulo ou anulável, os efeitos civis produzidos pelo casamento são válidos em relação aos 
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NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
cônjuges e em relação aos filhos, se realizado por boa-fé por parte de um ou de ambos. É o que chamamos 
de casamento putativo. Nesse particular, a boa-fé afasta o impedimento, desaparecendo a causa de 
nulidade por ignorância de fato ou de direito. A ignorância ou erro de fato relaciona-se em ignorar o 
fato que impediria o casamento, por exemplo, o casamento entre irmãos que ignoram esta condição, 
que só é descoberta após o casamento.
A ignorância ou erro de direito implica desconhecer uma norma que impediria a realização do 
enlace, por exemplo, casamento entre genro e sogra, quando os dois já são viúvos, já que o parentesco 
por afinidade em linha reta não se extingue com a dissolução do casamento que originou o vínculo. A 
presunção da boa-fé admite prova em contrário, cabendo a quem a nega. No caso de um dos cônjuges 
pretender a invalidação do casamento depois de tomar conhecimento do fato impeditivo, poderá 
solicitar ao juiz a anulação do enlace, cabendo a este último declarar a putatividade do casamento, cuja 
decisão terá efeito ex nunc, ou seja, a partir da decisão, não afetando assim os direitos adquiridos.
4.2 Regime de bens
De acordo com a LINDB, o regime de bens, legal ou convencional, é estabelecido pela lei do domicílio 
dos cônjuges no ato da celebração nupcial; caso tenham domicílios diferentes, será a lei do primeiro 
domicílio conjugal. Portanto, a mudança posterior de domicílio conjugal não tem o condão de alterar 
a lei que será aplicada ao caso.
É o entendimento expressado no art. 7º, §4º da LINDB: “O regime de bens, legal ou convencional, 
obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílios, e, se este for diverso, à do primeiro 
domicílio conjugal”.
Por outro lado, se os cônjuges se casaram no Brasil e aqui são domiciliados, a lei brasileira não poderá 
ser aplicada para bens situados em outros países, caso vigore a lei da situação do bem (lex rei sitae). 
Nossa legislação se rege pela mutabilidade do regime de bens adotado, desde que seja justificada. 
Assim, desde a celebração de um casamento a alteração do regime de bens somente poderá ser 
efetuada por decisão judicial, mediante razão justificada e pedido de ambos os cônjuges, e que não 
cause gravames a terceiros.
Uma das modalidades de se colocar fim ao casamento é o divórcio. A lei a ser aplicada ao divórcio é 
a lei do domicílio conjugal, caso ambos os cônjuges sejam domiciliados no mesmo país, caso contrário 
deverá ser aplicada a lei do último domicílio conjugal. O Brasil reconhece o divórcio obtido no estrangeiro, 
havendo a necessidade da devida homologação de sentença estrangeira pelo STJ. Neste caso, um novo 
casamento no Brasil será permitido, mesmo que o divórcio tenha ocorrido no estrangeiro.
Vejamos a LINDB sobre esta questão:
O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem 
brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da 
sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual 
prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as 
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Unidade I
condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no País. 
O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá 
reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos 
de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim 
de que passem a produzir todos os efeitos legais (art. 7º, §6º).
Cabe ressaltar que com o advento da EC/2010, que alterou o parágrafo 6º do art. 226 da CF/88, foi 
suprimida a necessidade da separação judicial como requisito prévio para o divórcio ou os dois anos 
de separação de fato. A lei de introdução definiu ainda a questão do domicílio internacional dos filhos 
incapazes ou não emancipados. Trata-se de domicílio legal, ou seja, o que é imposto pela lei, os filhos 
menores não emancipados terão o domicílio do casal.
Pela leitura do parágrafo 7º do art. 7º: “Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família 
estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados [...]”.
Embora seja mencionado que o domicílio do pai se estenda ao da mulher e dos filhos não emancipados, 
pela aplicação do princípio da igualdade, considera-se o domicílio familiar, já que as decisões no âmbito 
familiar devem ser tomadas de comum acordo entre o marido e a mulher. Uma possibilidade é o caso de 
a mulher ser abandonada pelo marido; nesta situação, a mulher poderia alegar o seu domicílio; e não 
mais o domicílio familiar.
Maria Helena Diniz (2014) cita como exemplo o marido que abandona o lar e fixa domicílio no 
exterior, ficando a mulher no Brasil. Para a ação movida pela mulher contra o marido será competente a 
lei brasileira. No caso de tutela e curatela, a lei do domicílio será o do tutor ou curador, já que o tutelado 
e o curatelado estão sob sua guarda.
Por fim, pode ocorrer a situação de adômide. Isso ocorre quando a pessoa não tem domicílio 
conhecido, adotando-se para estes casos o critério da residência. Pode ser simples estada ou morada 
ocasional, estabelecida provisoriamente e, na falta desta, pode-se considerar domicílio onde a pessoa 
for encontrada.
Vejamos a LINDB: “Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua 
residência ou naquele em que se encontre (art. 7º, §8º)”.
Casuística:
TJSP, AC 180.372-1 – Campinas, rel. Des. Munhoz Soares, j. 17-12-1992 – 
Casamento – Regime de bens – celebração no exterior – Casal estrangeiro 
com domicílio atual no Brasil – Ausência de pacto antenupcial no domicílio 
do casamento que determina a comunhão total – Imutabilidade inclusive 
para fins patrimoniais, não obstante o regime brasileiro em vigor seja o da 
comunhão parcial – Recurso não provido. O fato de cônjuges estrangeiros 
após o casamento mudarem-se para o Brasil não importa, só por isso, em 
possibilidade de alterar-se o regime de bens por que optaram.
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NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
TJRJ, AC 2006.001.20505, 7ª C. Cív., Relª Desª Helena Cândida Gaede, j. 1-8-
2006 – Conteúdo probatório a que o primeiro domicílio conjugal teria sido o 
Brasil. Reconhecimento do regime da comunhão universal de bens, conforme 
a legislação pátria regente à época, com a consequente sobrepartilha dos 
bens arrolados na inicial. Art.7º, §4º, da LICC (atual LINDB), e 31 do CC/16. 
Desprovimento do recurso.
4.3 Qualificação dos bens
O critério para qualificação dos bens é territorial, ou seja, aplica-se a lei do país onde estiverem 
localizados (lex rei sitae). Assim, aplica-se a lei do país onde os bens móveis ou imóveis estiverem localizados. 
Esse dispositivo tem aplicação para bens considerados individualmente, isso se falamos de um complexo de 
bens, por exemplo, de um patrimônio conjugal ou de um espólio, aplicar-se-á a lei do domicílio do autor 
da herança.
No caso de os bens móveis, se mudarem de local, aplicar-se-á a lei da nova situação do bem móvel. 
Vejamos o que diz a LINDB sobre esta questão:
Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á alei do país em que 
estiverem situados (art. 8º).
Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto 
aos bens móveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros 
lugares (art. 8º, §1º).
Quanto às aeronaves e embarcações, não se aplica a lei da situação do bem, 
já que que se locomovem de um lugar para outro, aplicando-se a lei do 
pavilhão, ou seja, a lei do país em que estiverem matriculados.
Como vimos anteriormente, para os bens sem localização, ou seja, para os bens em trânsito, se aplica 
a lei do domicílio de seu proprietário (art. 8º, §1º), são os chamados bens sem localização permanente.
4.4 Qualificação das obrigações
Primeiramente temos de diferenciar obrigações que decorrem da lei, que são as chamadas obrigações 
ex lege, das obrigações convencionais, que normalmente são de cunho civil ou comercial.
As obrigações que decorrem da lei são consideradas obrigações acessórias, pois são consequência 
de uma relação jurídica principal. Nesse caso, aplica-se a lei que regerá a relação principal, por exemplo, 
entre vizinhos proprietários a obrigação seguirá a lex rei sitae, ou seja, da situação do imóvel, já que 
se trata de uma obrigação em razão da coisa (bem). Maria Helena Diniz (2014) cita como exemplo as 
obrigações ex delicto, isto é, obrigação de indenizar decorrente de um ato ilícito, aplicando-se a lei do 
local do delito ou ato ilícito.
30
Unidade I
Nas obrigações convencionais, bem como as de caráter unilateral, aplicar-se-á quanto à forma a lei do local 
do ato, ou melhor, onde se constituírem. Quando falamos em forma estamos dizendo como o ato se mostra, 
por exemplo: procuração, testamento e outros. Quando falamos do conteúdo ou substância do ato, tais como 
validade do consentimento, licitude do objeto, modalidades etc., outras normas se aplicarão, havendo aqui uma 
divergência doutrinária entre a aplicabilidade da lei do local da constituição do ato, da aplicabilidade da lei 
pessoal dos declarantes ou ainda da aplicabilidade da lei escolhida intencionalmente pelos contratantes.
Para nos direcionar neste caso, vajamos novamente a LINDB: “Para qualificar a reger as obrigações, 
aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem” (art. 9º)”.
Como estamos falando de forma extrínseca do ato, se constituído no exterior terá validade no Brasil 
desde que a forma estabelecida pelo lugar de sua celebração for observada. Vejamos: “Destinando-se 
a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será observada, admitidas as 
peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato (art. 9º, §1º LINDB)”.
O art. 9º da LINDB é norma cogente, ou seja, não pode ser alterado pelas partes. Há, no entanto, 
exceções à sua aplicabilidade, por exemplo, contrato trabalhista que é assumido pelas partes estrangeiras 
ou não, em território nacional ou no exterior. Nesse caso, a lei a ser observada é a do local onde o serviço 
será executado ou o trabalho prestado.
Aqui cabe uma ressalva de que o contrato poderá ser celebrado em um determinado país para ser 
executado no Brasil, situação em que teríamos de aplicar a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). 
Imaginemos que haja conflitos de normas entre a lei brasileira e a lei do país em que o contrato foi 
celebrado. Nesse contexto, por um dispositivo na Organização Internacional do Trabalho (OIT) devemos 
aplicar a lei mais favorável ao trabalhador, devido ao caráter protetivo do Direito do Trabalho.
Uma segunda exceção ao art. 9º da LINDB seriam os contratos de transferência de tecnologia. Diante 
disso haverá aplicação do direito pátrio, já que a questão é disciplinada por normas de ordem pública. 
Também se configura como exceção ao dispositivo legal os atos relativos à economia dirigida ou aos 
regimes de bolsa e mercados, que nesse cenário se sujeitam à lei do país de sua execução.
Casuística:
O critério da lex loci estabelecido no art. 9º da lei de Introdução ao Código 
Civil Brasileiro (atual LINDB) não pode ser aplicado para dirimir o dissídio 
oriundo de contrato de trabalho de marítimo engajado em navio estrangeiro, 
uma vez que o princípio prevalente é o da lei do Pavilhão [...]. Incompetência 
da autoridade judiciária trabalhista brasileira, em face do disposto no art. 12 
da Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942, combinado com o art. 651 da CLT 
(TRT da 8ª Região. LTr, 296:377).
As relações oriundas de contrato de trabalho ajustado no estrangeiro, desde 
que o empregado execute o trabalho em território brasileiro, regem-se pelas 
leis do Brasil. Para o julgamento de seus efeitos, competente é a Justiça do 
Trabalho (TST). (RF, 138:269).
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NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO
 Saiba mais
Saiba mais sobre a competência da Justiça Especializada do Trabalho em:
SENADO FEDERAL. Atividade Legislativa. Art. 114. Disponível em: <https://
www.senado.leg.br/atividade/const/con1988/con1988_15.12.2016/
art_114_.asp>. Acesso em: 16 jan. 2019.
Ainda quanto à qualificação das obrigações, a LINDB preceitua que: “A obrigação resultante do 
contrato se reputa constituída no lugar em que residir o proponente (art. 9, §2º)”.
De início acreditamos estar havendo um conflito de normas entre a lei de introdução e o nosso 
Código Civil, por quê? O nosso Código Civil disciplina em seu art. 435 que o negócio jurídico contratual 
será considerado celebrado no local em que for proposto, ou seja, diferentemente do que diz a LINDB.
O que vale, o local de celebração do negócio jurídico ou da residência do proponente? Trata-se 
de conflito aparente de normas, uma vez que o art. 435 do CC diz respeito ao nosso direito interno, 
notadamente quando os dois contratantes residirem no Brasil. Já a lei de introdução traz como referência 
a aplicabilidade da lei do local de residência do proponente quando os contratantes estiverem em 
países diferentes. Veja que a lei de introdução usa o termo residência, portanto, onde se encontrar o 
proponente, e não necessariamente em seu domicílio, afastando assim a aplicação da lex domicilii (lei 
do domicílio) e da lex loci actum (lei do local do ato).
4.5 Morte e sucessão
Pela leitura da lei de introdução com relação ao evento morte real ou presumida e sucessão, podemos 
verificar que ela adotou a teoria da unidade sucessória, ou seja, os bens do falecido constituem uma 
universalidade, até que se efetive a partilha de bens, e será regida pela lei do domicílio do falecido ou de 
cujus. O mesmo se aplicará se a morte for presumida (ausência).
Aplica-se a lei do último domicílio do falecido, pois foi onde se operou a extinção de sua personalidade, 
cujos direitos e deveres serão transferidos. Vejamos a letra da LINDB: “A sucessão por morte ou por 
ausência obedece à lei do país em que era domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja 
a natureza e a situação dos bens (art. 10)”.
Podemos perceber pela leitura desse dispositivo que não se considera a nacionalidade do falecido 
ou de seu sucessor, bem como não será considerada a lex rei sitae, ou seja, o local de situação dos 
bens móveis e imóveis. Não poderia ser diferente; o juízo do local do último domicílio será o mais bem 
aparelhado para conhecer do espólio, por ser o local onde o falecido tinha sua sede jurídica, ou seja, 
onde vivia e respondia juridicamente.
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Unidade I
A sucessão poderá ser legítima (sem disposição de última vontade) ou testamentária. Caso o falecido 
tivesse várias moradas, o juízo competente será aquele em que o inventário ou arrolamento de bens for 
primeiro requerido.
Assim, a lei do domicílio do falecido regulará:
• a instituição e substituição da pessoa que será sucessível;
• a ordem de vocação hereditária, caso se trate de sucessão legítima;
• medida dos direitos sucessórios dos herdeiros necessários (sucessão legítima) e dos legatários 
(sucessão testamentária);
• limites da liberdade de testar;
• existência e medida da legítima do herdeiro necessário;
• causas de deserdação;
• colação;
• redução das disposições testamentárias;

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