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Apostila Atuaao Grupos Vulneraveis 2021 - Direitos Humanos para Profissionais da Segurança Pública

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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ 
 
CAMILO Sobreira de SANTANA 
GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ 
 
SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS 
 
SANDRO Luciano CARON de Moraes - DPF 
SECRETÁRIO DA SSPDS 
 
ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE 
 
Antônio CLAIRTON Alves de Abreu – CEL PM 
DIRETOR-GERAL DA AESP|CE 
 
NARTAN da Costa Andrade - DPC 
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO INTERNA DA AESP|CE 
 
HUMBERTO Rodrigues Dias – CEL BM 
COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE 
 
José ROBERTO de Moura Correia – TC PM 
COORDENADOR ACADÊMICO PEDAGÓGICO DA AESP|CE 
 
Francisca ADEIRLA Freitas da Silva – CAP PM 
SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE 
 
Alana Dutra do Carmo 
ORIENTADORA DA CÉLULA DE ENSINO A DISTÂNCIA DA AESP|CE 
 
CURSO DE ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA FRENTE A GRUPOS 
VULNERÁVEIS - 2021 
 
DISCIPLINA 
Direitos Humanos para Profissionais da Segurança Pública 
 
CONTEUDISTA 
Rodrigo Ribeiro de Vasconcelos 
 
FORMATAÇÃO 
JOELSON Pimentel da Silva – 2º SGT PM 
 
• 2021 • 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
DIREITOS HUMANOS PARA PROFISSIONAIS DA SEGURANÇA PÚBLICA ............................... 4 
APRESENTAÇÃO .................................................................................................................. 4 
1. CONCEITO ...................................................................................................................... 5 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS ................................................................................................... 6 
3. CARACTERÍSTICAS .......................................................................................................... 8 
4. DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS FUNDAMENTAIS E DIREITOS HUMANOS ..................... 9 
5. CLASSIFICAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS .................................................................... 9 
6. SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ..................................................... 12 
7. EFICÁCIA ....................................................................................................................... 13 
8. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS E SEU DESDOBRAMENTO NO 
ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO ............................................................... 13 
9. OS DIREITOS HUMANOS NO COTIDIANO DOS AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA ....... 29 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 42 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 43 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITOS HUMANOS PARA PROFISSIONAIS DA 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
APRESENTAÇÃO 
 
Diuturnamente, escutamos a expressão “Direitos Humanos”, muitas vezes 
como se fosse um ser, que agiria, de modo onipresente, para proteger 
malfeitores que turbam a ordem pública.Diante dessa perspectiva, os “Direitos 
Humanos” vêm sendo alvo de repulsa de parte da sociedade por ser encarado 
como um inimigo dos profissionais de segurança pública. 
Mas, o que seriam os “Direitos Humanos”? Seriam, de fato, um organismo 
à serviço da criminalidade para obstaculizar as atividades policiais? Seriam 
direitos desarrazoados ofertados a criminosos? 
Neste curso, estudaremos, de forma objetiva, porém crítica, sobre os 
direitos humanos e sua aplicação no exercício das atividades dos profissionais 
de segurança pública, de modo que as perguntas feitas no parágrafo anterior 
possam ser plenamente respondidas. 
O presente material é resultado da fusão da apostila do Curso de 
Habilitação de Oficiais Policiais / Bombeiro Militares (CHO PM/BM) / 2018 e da 
apostila do Curso de Formação e Treinamento Profissional para Delegado de 1ª 
Classe da Polícia Civil do Estado do Ceará – Turma III /2021, bem como de 
pesquisas outras do conteudista. 
 
O Conteudista. 
 
 
 
 
 
 
 
1. CONCEITO 
 
Diversos são os conceitos de direitos humanos apresentados pela doutrina 
e por organizações que se preocupam com a questão. Não se pode afirmar que 
há um conceito correto em detrimento de outro, especialmente porque trata-
se de matéria em permanente construção. 
Porém, conforme relato do autor José Luis Bolzan de Morais temos: 
 
[...] os direitos humanos, como conjunto de valores históricos básicos 
e fundamentais, que dizem respeito à vida digna jurídico-político-
psíquico-econômico-física e afetiva dos seres e de seu habitat, tanto 
daqueles do presente quanto daqueles do porvir, surgem sempre 
como condição fundante da vida (MORAIS, 2002, p.64). 
 
Já João Baptista Herkenhoff, conceitua Direitos Humanos da seguinte 
forma: 
 
Por direitos humanos ou direitos do homem são, modernamente, 
entendidos aqueles direitos fundamentais que o homem possui pelo 
fato de ser homem, por sua própria natureza humana, pela dignidade 
que a ela é inerente. São direitos que não resultam de uma 
concessão da sociedade política. Pelo contrário, são direitos que a 
sociedade política tem o dever de consagrar e garantir. 
(HERKENHOFF, 2002). 
 
Para Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura 
(UNESCO), pode ser definido como: “A proteção de maneira institucionalizada 
dos direitos da pessoa humana contra os excessos do poder cometidos pelos 
órgãos do Estado ou regras para se estabelecer condições humanas de vida e 
desenvolvimento da personalidade humana”1. 
De todas essas concepções, extrai-se que os Direitos Humanos são direitos 
fundados na dignidade da pessoa humana, que estão em permanente processo 
 
1
Lesdimensionsinternacionalesdesdroits de I'homme, Unesco: 1978, p. 11, apud Ângelo, M. Direitos humanos. São Paulo: 
Editora de Direito, 1998, p. 17. 2 
 
 
de construção, mediante lutas sociais, para serem reconhecidos pelo estado e 
particulares, razão pela qual são considerados universais, indivisíveis e 
complementares. 
E o que popularmente costuma ser chamado de “os Direitos Humanos”? 
Diante da relevância da matéria, várias instituições públicas e privadas 
passaram a contar com comissões de Direitos Humanos, como a Ordem dos 
Advogados do Brasil e a Câmara dos Deputados do Brasil, com o escopo de 
promovê-los socialmente. Assim, na realidade, tal expressão refere-se agrupos, 
que não devem ser vistos como antagonistas das atividades policiais,existentes 
para defesa e implementação desses basilares direitos. 
 
2. ASPECTOS HISTÓRICOS 
 
Os primeiros documentos oficiais de direitos humanos remontam à 
Inglaterra, sendo o mais antigo a Magna Carta de 1215, que visava regularizar 
questões de propriedade e relação de poder com o rei, à época João Sem Terra, 
tendo como principal legado a limitação do poder deste. 
No ano de 1628, os termos da Magna Carta de 1215 foram ratificados por 
meio da PetitionofRights, que também vedou prisões arbitrárias e estabeleceu 
o devido processo legal. Poucas décadas depois, em 1679, tivemos o Habeas 
Corpus Act, uma das principais garantias ao direito ambulatorial até os dias de 
hoje. 
Em seguida, no contexto da Revolução Gloriosa (movimento responsável 
pela queda do absolutismo e que consolidou o domínio da burguesia na 
Inglaterra), houve a promulgação da Bill of Rights, também chamada de 
Declaração dos Direitos de 1689, na qual ficou estabelecido que Rei teria o 
papel precípuo de chefe do Estado e poderes limitados, condicionados à 
atuação do Parlamento, que passou a ganhar protagonismo. 
A Magna Carta, a Petition of Rights, o Habeas Corpus Act e o Bill of Rights 
ratificam a ideia do Estado de Direito, Rule of Law,que preceitua que todos 
 
 
devem se sujeitar às imposições legais, inclusive o governante, no caso, o rei. 
Em 1776, os direitos individuais, como o sufrágio, a liberdade e a 
propriedade, e ideias republicanas ganham força com a Declaração de Virgínia, 
que antecedeu em poucas semanasa Declaração de Independência dos 
Estados Unidos da América. 
Na França, no ano de 1789, sob as ideias do iluminismo (movimento 
intelectual que buscava a explicação dos fenômenos por meio da razão) e 
diante da Revolução Francesa, que marcou a ascensão da burguesia na França, 
foi proclamada a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, a qual 
trazia em seu bojo os principais valores vigentes à época: liberdade, igualdade 
e fraternidade. 
Marco mais recente do desenvolvimento dos direitos humanos foi o fim 
da segunda guerra mundial, que ensejou a Declaração Universal dos Direitos 
Humanos da ONU de 1948, documento que retratou a preocupação de 
conferir aos direitos humanos caráter internacional. 
Depois da Segunda Guerra e da criação da Organização das Nações Unidas 
(também em 1945), líderes mundiais decidiram complementar a promessa da 
comunidade internacional de nunca mais permitir atrocidades como as que 
haviam sido vistas na guerra. Assim, elaboraram um guia para garantir os 
direitos de todas as pessoas e em todos os lugares do globo. 
O guia foi apresentado na primeira Assembleia Geral da ONU em 1946 e 
repassado à Comissão de Direitos Humanos para que fosse usado na 
preparação de uma declaração internacional de direitos. Na primeira sessão da 
comissão em 1947, seus membros foram autorizados a elaborar o que foi 
chamado de “esboço preliminar da Declaração Internacional dos Direitos 
Humanos”. 
Um comitê formado por membros de oito países recebeu a declaração e 
se reuniu pela primeira vez em 1947. Ele foi presidido por Eleanor Roosevelt, 
viúva do presidente americano Franklin D. Roosevelt. O responsável pelo 
primeiro esboço da declaração, o francês René Cassin, também participou. 
 
 
 
O primeiro rascunho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que 
contou com a participação de mais de 50 países na redação, foi apresentado 
em setembro de 1948 e teve seu texto final redigido em menos de dois anos. 
 A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem um importante 
desdobramento no ordenamento constitucional brasileiro, consoante será a 
seguir exposto. 
 
3. CARACTERÍSTICAS 
 
Conforme Milton Ângelo2, as principais características dos direitos 
humanos são as seguintes: 
a) inviolabilidade - não podendo ser desrespeitados por ninguém. 
b) irrenunciabilidade – não pode o titular de direitos humanos deles 
renunciar. 
c) imprescritibilidade - não desaparecem ou se extinguem com o decurso 
do tempo; 
d) inalienabilidade - são intransferíveis, a título oneroso ou gratuito; 
e) universalidade - destinados a todos, indistintamente. Não se exige uma 
característica especial para ser titular de direitos humanos. 
f) efetividade - devendo ser garantidos materialmente; 
g) interdependência - de forma que há interatividade com os preceitos 
constitucionais que dizem respeito aos direitos humanos e os demais ramos do 
Direito; 
h) complementariedade - os direitos humanos deverão ser interpretados 
de forma plurilateral, em concordância com princípios de direito público e 
privado, tanto a nível nacional quanto internacionalmente. 
i) historicidade – decorrem de um longo processo de conquista e 
positivação. 
 
 
2
Ângelo, M. Direitos humanos. São Paulo: Editora de Direito, 1998, p. 18 e s. 
 
 
j) função contra majoritária – servem como uma autolimitação para que a 
vontade da maioria não oprima os direitos das minorias. 
 
4. DIREITOS DO HOMEM, DIREITOS FUNDAMENTAIS E 
DIREITOS HUMANOS 
 
Esses três termos estão umbilicalmente ligados, porém não se confundem. 
Direitos do Homem referem-se àqueles direitos inerentes a natureza do 
ser, com viés jusnaturalista, razão pela qual independem de previsão 
normativa. Porém, importante ressaltar, que os legisladores nacionais e 
internacionais têm tido a preocupação de inserir tais direitos em documentos 
oficiais. 
Os Direitos Fundamentais são aqueles direitos essenciais para uma vida 
digna que estão expressos na legislação interna de um país, vide os diversos 
direitos previsto no artigo 5º da Constituição Federal de 1988. 
Os Direitos Humanos, por sua vez, em nada diferem em sua essência em 
relação aos direitos fundamentais, porém estão previstos em documentos de 
âmbito internacional, intencionando, destarte, validade supranacional, 
universal. 
 
5. CLASSIFICAÇÕES DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Os direitos humanos foram categorizados em “gerações” ou “dimensões”. 
A teoria das gerações tem como paradigma a evolução histórica dos direitos 
humanos na ordem jurídica supra estatal e nas Constituições dos Estados 
contemporâneos. Preconiza que o processo de criação de direitos humanos é 
contínuo e inesgotável. Os defensores dessa teoria vinculam cada etapa 
civilizatória a valores relevantes para a vida social. Sob a inspiração de 
determinado elemento axiológico, surgem direitos com o mesmo perfil. Os 
direitos humanos não são estanques ou incomunicáveis, mas complementares 
 
 
e conexos: integram-se uns aos outros para realizar o ideal de dignidade 
humana. 
Alguns autores preferem utilizar a nomenclatura “dimensões” de direitos 
humanos por entenderem que a expressão gerações poderia transmitir a falsa 
ideia de superação da geração anterior. 
Seja como for, é importante pontuar que os direitos são complementares, 
indivisíveis, interdependentes. Desta forma, assegurar o direito à vida (de 
primeira geração) e sonegar o direito à saúde (de segunda geração), por 
exemplo, constitui contradição insuperável, haja vista que, sem saúde, o direito 
à vida resta violado. 
Outrossim, importante reconhecer que tais direitos não seguem uma 
ordem cronológica. Como exemplo, cita-se a Era Vargas, em que os direitos de 
segunda geração foram impulsionados, enquanto diversos direitos de primeira 
geração foram suprimidos. 
A divisão em gerações tem origem didática. Apresentada por Karel Vasak, 
na conferência na conferência de Estrasburgo, em 1979, que se inspirou no 
lema da revolução francesa, ao estabelecer a divisão. Destarte, direitos de 
primeira geração apontam para a liberdade; os direitos de segunda geração 
para a igualdade e os de terceira geração para a fraternidade. (MAZZUOLI, 
2018, p. 51). 
Mais detalhadamente, podemos esquematizar as gerações de direitos 
humanos, consoante a clássica lição de Karel Vasak, da seguinte forma: 
 
1ª geração: 
 
Ligados à liberdade, são os direitos civis e políticos – também chamados 
de liberdades negativas. Fruto das revoluções liberais contra o absolutismo, 
são direitos de defesa contra o arbítrio do Estado, reclamam prestações 
negativas. Exemplos: Vida, liberdade de ir e vir, liberdade de opinião, 
privacidade, intimidade (Direitos individuais). 
 
 
 
2ª geração: 
 
Ligados à igualdade – São os direitos econômicos, sociais e culturais. 
Buscam uma igualdade material – isonomia. Exige prestação positiva por parte 
do Estado. Podem ser citados como momentos históricos a revolução 
industrial; a constituição de Weimar de 1919; a constituição mexicana de 1917. 
Exemplos: Direitos trabalhistas, direito à saúde, educação, transporte público. 
3ª geração: 
 
Ligados à fraternidade/solidariedade; São de titularidade coletiva 
(direitos difusos); Exemplos: Direitos do consumidor e do meio ambiente. 
Salienta-se que a doutrina tem avançado no estudo da temática e já 
começa a trabalhar os conceitos de quarta e quinta geração (dimensão), 
embora ainda não haja ainda um consenso quanto a tais termos. 
Porém, importante destacar que, de acordo com o professor Paulo 
Bonavides3, a paz social (missão maior das instituições de segurança pública) é 
direito fundamental de quinta geração. 
 
Tão característico e idôneo quanto a liberdade o fora em relação aos 
da primeira geração, a igualdade aos da segunda, a democracia aos 
da quarta e doravante a paz há de ser com respeito aos da quinta. 
(...)Elevou-se, assim, a paz ao grau de direito fundamental da quinta 
geração ou 
dimensão (as gerações antecedentes compreendem direitos 
individuais, direitos sociais, direito ao desenvolvimento, direito à 
democracia). Fizemo-la, aliás, objeto de conferência em Curitiba, por 
ocasião do 9º Congresso Ibero-Americano de Direito 
Constitucional,que teve a presença de 2.000 pessoas de 20 Estados 
da Federação e de outros países. 
 
 
 
3
http://professor.pucgoias.edu.br/SiteDocente/admin/arquivosUpload/4615/material/DIREITO%20%C3%80%20PAZ-
p%20.%20bonavides.pdf 
 
 
6. SISTEMAS DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
 
Após a 2ª guerra mundial, emergiu a preocupação de assegurar os direitos 
humanos em âmbito internacional, surgindo, então, o Direito Internacional dos 
Direitos Humanos. 
O Direito Internacional consiste em normas que governam as relações 
entre os Estados, mas compreendem também normas relacionadas ao 
funcionamento de instituições ou organizações internacionais, a relação entre 
elas e a relação delas com o Estado e os indivíduos. 
Desse modo, dentre outras diretrizes, estabelece normas relativas aos 
direitos territoriais dos Estados (com respeito aos territórios terrestre, 
marítimo e espacial), a proteção internacional do meio ambiente, o comércio 
internacional e as relações comerciais, o uso da força pelos Estados, os direitos 
humanos e o direito internacional humanitário. 
Por sua vez, o Direito Internacional dos Direitos Humanos estabelece as 
obrigações dos governos de agirem de determinadas maneiras ou de se 
absterem de certos atos, a fim de promover e proteger os direitos humanos e 
as liberdades de grupos ou indivíduos. 
A evolução do Direito Internacional tem desenvolvido a importância da 
figura do indivíduo como sujeito do direito internacional. Destarte, mais do que 
ser um sujeito de direito no âmbito interno do Estado, o indivíduo tem sido 
visto como um sujeito de direitos no âmbito internacional, digno de tutela por 
parte da comunidade internacional. 
Assim, surgiu o sistema globalde proteção dos direitos humanos, 
vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), lastreado em convenções 
internacionais. 
O sistema global é complementado por sistemas regionais de proteção 
dos direitos humanos. Atualmente há o sistema europeu(cujo principal 
documento é a Convenção Europeia para Proteção dos Direitos Humanos e das 
Liberdades Fundamentais), o sistema americano(cujo principal documento é a 
Convenção Americana sobre Direitos Humanos- Pacto de San José da Costa 
 
 
Rica) e o sistema africano(cujo principal documento é a Carta Africana de 
Direitos Humanos e dos Povos). 
 
7. EFICÁCIA 
 
Os Direitos Humanos possuem normatividade aberta, com maior 
incidência de princípios que de regras, que incidem em face do estado (eficácia 
vertical), de outros particulares em paridade de condições (eficácia horizontal) 
e de outros particulares com supremacia jurídica ou econômica (eficácia 
diagonal). 
 
8. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS 
HUMANOS E SEU DESDOBRAMENTO NO 
ORDENAMENTO CONSTITUCIONAL BRASILEIRO 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é refletida em diversos 
pontos da de nossa legislação. Para ilustrar o exposto, elencamos o paralelo 
normativo entre a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição 
Federal de 1988, realizado por Valéria Getúlio (Conselheira do Regional Centro-
Oeste do MNDH4),sendo exposto primeiramente a norma internacional e, em 
seguida, a norma interna: 
 
Art.1º. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e 
direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos 
outros com espírito de fraternidade. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos 
 
4
 http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/valeriabrito/valeria.html 
 
 
termos seguintes: (...) 
 
Art. 2º I) Todo o ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as 
liberdades estabelecidos nesta Declaração sem distinção de qualquer espécie, 
seja raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, 
origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 
II) Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição 
política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma 
pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo 
próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. 
 
Art. 5º. 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou 
de convicção filosófica ou política, (...) 
 
Art. 3º. Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança 
pessoal. 
 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, garantindo-se aos brasileiros e aos 
estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à 
segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) 
 
Art. 4º. Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão 
e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. 
 
 
 
 
 
Art. 5º. 
II - Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei. 
XLVII - não haverá penas: 
c) de trabalhos forçados: 
e) cruéis. 
 
Art. 5º. Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo 
cruel, desumano ou degradante. 
 
Art. 5º. 
III. Ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante 
 
Art. 6º. Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, 
reconhecido como pessoa perante a lei. 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a 
inviolabilidade do direito à vida, á liberdade, à segurança e á propriedade, nos 
termos seguintes: (...) 
 
Art. 7º. Todos são iguais perante a lei e tem direito, sem qualquer 
distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra 
qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer 
incitamento a tal discriminação. 
 
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no país a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
 
 
seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos Termos 
desta Constituição. 
 
Art. 8º Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais 
competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos 
fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. 
 
Art. 5º. 
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de 
seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas 
no prazo da lei (...); 
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de 
taxas: 
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de direitos ou 
contra ilegalidade ou abuso de poder; 
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou 
ameaça a direito 
 
Art. 9º. Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
 
Art. 5º. 
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de 
crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado 
envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da 
lei: 
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opinião. 
 
 
 
 
Art. 10. 
Todo ser humano temdireito, em plena igualdade, a uma audiência justa 
e pública por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir de 
seus direitos e deveres ou do fundamento de qualquer acusação criminal 
contra ele. 
 
Art. 5º 
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe 
dera lei, assegurados: 
a) a plenitude de defesa: 
b) o sigilo das votações: 
c) a soberania dos veredictos: 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida 
 
Art. 11. 
I) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser 
presumido inocente até que sua culpabilidade tenha sido provada de acordo 
com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido assegurada todas 
as garantias necessárias a sua defesa. 
II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que no 
momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. 
Também não será imposta pena mais forte do que aquela que, no momento 
da prática, era aplicável ao ato delituoso. 
 
Art. 5º. 
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia 
cominação legal: 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu: 
LVII: ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de 
sentença penal condenatória. 
 
 
 
Art. 12. 
Ninguém será sujeito a interferências em sua vida privada, em sua 
família, em seu lar ou em sua correspondência, nem a ataques á sua honra e 
reputação. Todo ser humano tem direito á proteção da lei contra tais 
interferências ou ataques. 
 
Art. 5º. 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das 
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral 
decorrente de sua violação: 
XI - a casa é o asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial: 
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações 
telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, 
por ordem judicial, (...) 
 
Art. 13. 
I)Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência 
dentro das fronteiras de cada Estado. 
II) Todo homem tem direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, 
e a este regressar. 
Art. 5º. 
XV - é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo 
qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com 
seus bens; 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 14. 
I) Toda pessoa, vitima de perseguição, tem o direito de procurar e gozar 
de asilo em outros países. 
II) Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição 
legitimamente motivada por crimes de direito comum ou atos contrários aos 
objetivos e princípios das Nações Unidas. 
 
Art. 4º. 
X - concessão de asilo político. 
Art. 5º § 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não 
excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou 
dos tratados internacionais em que a Republica Federativa do Brasil seja parte. 
 
Art. 15. 
I) Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do 
direito de mudar de nacionalidade. 
 
Art. 12 
São brasileiros; 
I – natos: (...) 
II – naturalizados: (...) 
§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
 
Art. 16. 
I) Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, 
nacionalidade ou religião, têm direito de contrair matrimônio e fundar uma 
família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua 
dissolução. 
 
 
 
II) O casamento não será válido senão com o livre e pleno 
consentimento dos nubentes. 
III) A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem o 
direito à proteção da sociedade e do Estado. 
 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado 
§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. 
§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável 
entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua 
conversão em casamento. 
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade 
formada por qualquer dos pais e seus descendentes. 
§ 5º - Os direitos e deveres referentes á sociedade conjugal são exercidos 
igualmente pelo homem e pela mulher 
§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio. 
§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de 
instituições oficiais ou privadas. 
§ 8º - O Estado assegurará a assistência á família na pessoa de cada um 
dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de 
suas relações. 
 
Art. 17. 
I) Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com 
os outros. 
II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade. 
 
 
 
 
Art. 5º. 
XXII - e garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por 
necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e 
prévia indenização em dinheiro, ressalvada os casos previstos nesta 
Constituição. 
 
Art. 18. 
Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e 
religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a 
liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, 
pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em 
particular. 
 
Art. 5º. 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado 
o livre exercício dos cultos religiosos e garantia, na forma da lei, a proteção aos 
locais de culto e suas liturgias. 
 
Art. 19. 
Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este 
direito incluía liberdade de, sem interferências, ter opiniões e de procurar, 
receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e 
independentemente de fronteiras. 
 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação independentemente de censura ou licença. 
 
 
Art. 20. 
I) Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação 
pacifica. 
II) Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. 
 
Art. 5º. 
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos 
ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra 
reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido 
prévio aviso a autoridade competente; 
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de 
caráter paramilitar; 
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas 
independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu 
funcionamento, 
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer 
associado; 
XXI - as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm 
legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente 
 
Art. 21. 
I) Todo ser humano tem direito de tomar parte no governo de seu país 
diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 
II)Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço públicodo seu 
país. 
III) A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta 
vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio 
universal, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade 
de voto. 
 
 
 
 
Art. 1º. Parágrafo Único. 
Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes 
eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 
 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo 
voto direto e secreto, com valor igual para todos e, nos termos da lei, 
mediante: 
I - plebiscito; 
II - referendo; 
III - iniciativa popular 
 
Art. 22. 
Todo ser humano, como membro da sociedade, tem direito à segurança 
social, e a realização, pelo esforço nacional, pela cooperação internacional e 
de acordo com a organização e recursos de cada Estado, dos direitos 
econômicos, sociais e culturais indispensáveis á sua dignidade e ao livre 
desenvolvimento da sua personalidade. 
 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a 
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a 
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme 
os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios (...) 
 
Art. 23. 
I) Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, 
a condições justas e favoráveis de trabalho e á proteção contra o 
desemprego. 
II) Todo ser humano, sem qualquer distinção tem direito a igual 
remuneração por igual trabalho. 
 
 
III) Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa 
e satisfatória, que lhe assegure, assim como á sua família, uma existência 
compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentará se necessário, 
outros meios de proteção social. 
IV) Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles 
ingressar para proteção de seus interesses. 
 
Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social: 
I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa 
causa, nos termos da lei complementar, que preverá indenização 
compensatória, dentre outros direitos; 
IV – salário mínimo, fixado por lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com moradia, 
alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim; 
Art. 8º - É livre a associação profissional ou sindical, observando o 
seguinte: (...) 
 
Art. 24. 
Todo ser humano tem direito a repouso e lazer, inclusive à limitação 
razoável de horas de trabalho e férias periódicas remuneradas. 
 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia, o lazer (...) 
Art. 7º. 
XIII – duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e 
quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução 
da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho: 
 
 
 
XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado em turnos 
ininterruptos de revezamento, salvo negociação coletiva; 
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a 
mais do que o salário normal; 
 
Art. 25. 
I) Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar 
a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, 
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, e direito à 
segurança em caso de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou 
outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de 
seu controle. 
II) A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência 
especiais. Todas as crianças nascidas dentro ou fora do matrimônio gozarão 
da mesma assistência social. 
 
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, 
a moradia o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e 
à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano 
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme 
os difamem da justiça social observada os seguintes princípios (...) 
 
Art. 7º 
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento 
até cinco anos de idade em creches e pré-escolas; 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar á criança 
e ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito á vida, à 
saúde, á alimentação, à educação, ao lazer á profissionalização, á cultura, à 
dignidade, ao respeito, á liberdade e á convivência familiar e comunitária, além 
 
 
de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão. 
§ 1º - O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da 
criança, do adolescente e do jovem admitida a participação de entidades não 
governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo os seguintes 
preceitos: I, II, 2º, 3º, 4º 
 
Art. 229 - Os pais têm o dever de assistir e educar os filhos menores, e os 
filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou 
enfermidade. 
 
Art. 230 - A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as 
pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua 
dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito á vida. 
 
Art. 26. 
I) Todo ser humano tem direito á instrução. A instrução será gratuita, 
pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar 
será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem 
como a instrução superior, esta baseada no mérito. 
II) A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da 
personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do 
homem e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a 
compreensão, a tolerância, e a amizade entre todas as nações raciais ou 
religiosas, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da 
manutenção da paz. 
III) Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução 
que será ministrado aos seus filhos. 
 
 
 
 
 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será 
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua 
qualificação para o trabalho. 
 
Art. 206 - O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: 
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; 
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a 
arte e o saber; 
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino; 
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; (...) 
Art. 208 - O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a 
garantia de: 
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) 
anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela 
não tiveram acesso na idade própria; 
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito 
V- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um: 
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, 
por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência á saúde. 
 
Art. 27. 
I) Todo ser humano temdireito de participar livremente da vida cultural 
da comunidade, de fruir as artes e de participar do progresso científico e de 
seus benefícios. 
II)Todo ser humano tem direito à proteção dos interesses morais e 
materiais decorrentes de qualquer produção científica, literária ou artística 
da qual seja autor. 
 
 
Art. 5º. 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação 
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei 
fixar; 
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e à 
reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das obras que 
criarem ou de que participarem aos criadores, aos intérpretes e ás respectivas 
representações sindicais e associativas. 
 
Art. 28. Todo ser humano tem direito a uma ordem social e internacional 
em que os direitos e liberdades estabelecidos na presente Declaração possam 
ser plenamente realizados. 
 
Art. 5º. 
§ 2º - Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem 
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos 
tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte. 
 
Art. 29. 
I) Todo ser humano tem deveres para com a comunidade, na qual o livre 
desenvolvimento de sua personalidade é possível. 
II) No exercício de seus direitos e liberdades, todo homem estará sujeito 
apenas ás limitações determinadas pela lei, exclusivamente com o fim de 
assegurar o devido reconhecimento e respeito dos direitos e liberdades de 
outrem a satisfazer às justas exigências da moral, da ordem pública e do bem-
estar de uma sociedade democrática. 
III) Estes direitos e liberdades não podem, em hipótese alguma, ser 
exercidos contrariamente aos objetivos e princípios das Nações Unidas. 
 
 
 
Art. 5º. 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos 
desta Constituição; 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei. 
 
Art. 30. Nenhuma disposição da presente Declaração pode ser 
interpretada como o reconhecimento a qualquer Estado, grupo ou pessoa, do 
direito de exercer qualquer atividade ou praticar ato destinado á destruição 
de quaisquer dos direitos e liberdades aqui estabelecidas. 
 
Art. 5º 
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a 
coisa julgada. 
 
9. OS DIREITOS HUMANOS NO COTIDIANO DOS 
AGENTES DE SEGURANÇA PÚBLICA 
 
O agente de segurança pública deve ter em mente que sua função 
precípua é tutelar direitos e garantias fundamentais e que o fato de alguém 
infringir uma norma penal não o torna indigno de gozar destes direitos. 
Ademais, a prisão (restrição do direito de liberdade de um indivíduo) 
precisa ser vista não como um fim em si mesma, mas como efeito colateral da 
tutela de outro bem jurídico caro à sociedade, como o patrimônio, o meio 
ambiente, a dignidade sexual, a vida e etc. 
Violações de direitos humanos por agentes de segurança pública 
evidenciam, antes de tudo, despreparo do profissional, que conspurca a 
imagem de sua instituição perante a sociedade. 
O abuso do agente público (policial ou não) traz consequências deletérias 
para sociedade como um todo, que tem a legítima expectativa de uma ação 
 
 
lícita do Estado e, por isso, não pode tolerar qualquer conduta fora dos 
parâmetros legais. 
Desse modo, durante o exercício de seu trabalho, o policial deve observar 
os direitos dos particulares, vide: 
1) Vida (Art 5º, caput, CF/88): visar, em todos os casos, com máxima 
prioridade, salvaguardar a vida humana, inclusive de quem esteja violando a 
lei; 
2) Isonomia (Art 5º, caput, CF/88): tratar a todos indistintamente, sempre 
de forma digna; 
3) Imagem (Art 5º, X, CF/88): não expor a imagem de quem que seja 
injustificadamente ao público e, em hipótese alguma, com o intuito de 
execração; 
4) Sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas,de dados e 
das comunicações telefônicas (Art. 5º, XII, da CF/88): respeitar a intimidade do 
indivíduo, devendo observar o regramento legal caso haja a necessidade de 
relativização do direito em espécie; 
5)Integridade física e moral dos presos (Art. 5º. XLIX, da CF/88): o fato de 
alguém cometer uma infração penal não retira sua essência humana, nem, 
consequentemente, sua condição de sujeito de direito, razão pela qual sua 
integridade física e moral deve ser preservada. Logo, ofensas verbais e físicas 
aos presos não devem ser toleradas; 
6) Inviolabilidade domiciliar (Art. 5º, XI, da CF/88): consoante o texto 
constitucional: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo 
penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou 
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. 
Ou seja, fora das hipóteses legais, não pode o agente público, mesmo que 
a pretexto de agir com a finalidade pública de combater o crime, adentrar na 
casa de quem quer que seja. Nesse sentido, coleciona-se a célebre lição do 
Conde Chatham5, que asseverou: 
 
5
William Pitt, Earl of Chatham. Speech, March 1763, in Lord Brougham Historical Sketches of Statesmen in the Time of 
George III First Series (1845) v. 1). 
 
 
 “O homem mais pobre pode em sua cabana desafiar todas as forças 
da Coroa. Pode ser frágil, seu telhado pode tremer, o vento pode 
soprar por ele, a tempestade pode entrar, a chuva pode entrar, mas o 
Rei da Inglaterra não pode entrar!" ("The poorest man may in his 
cottage bid defiance to all the forces of the Crown. It may be frail, its 
roof may shake, the wind may blow through it, the storm may enter, 
the rain may enter, but the King of England cannot enter!" 
 
De acordo com a jurisprudência pátria, a entrada forçada do agente 
público em um domicílio somente se justifica quando embasada em uma justa 
causa, que deve ser justificada “a posteriori”. 
 
A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é lícita, 
mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, 
devidamente justificadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da 
casa ocorre situação de flagrante delito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, 
e de nulidade dos atos praticados. 
STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 
5/11/2015 (repercussão geral – Tema 280) (Info 806). 
Nessa toada, esclarece-se que denúncia anônima da prática de tráfico de 
drogas somada à fuga do acusado ao avistar a polícia, por si sós, não 
configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no domicílio do 
acusado sem o seu consentimento ou sem determinação judicial. 
 
A existência de denúncia anônima da prática de tráfico de drogas 
somada à fuga do acusado ao avistar a polícia, por si sós, não 
configuram fundadas razões a autorizar o ingresso policial no 
domicílio do acusado sem o seu consentimento ou sem 
determinação judicial. STJ. 5ª Turma. RHC 89.853-SP, Rel. Min. Ribeiro 
Dantas, julgado em 18/02/2020 (Info 666). STJ. 6ª Turma. RHC 83.501-
SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 06/03/2018 (Info 623). 
 
Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça, visando coibir abusos, 
disciplinou a questão de forma esmiuçada, no âmbito do HC 598.051/SP, 
 
 
ocasião em que estabeleceu que o ônus de comprovar a higidez da ação, 
quando da entrada em domicílio, cabe ao Estado, sendo, assim, dever do 
agente público colher declaração da pessoa que autorizou o ingresso domiciliar, 
indicando-se, sempre que possível, testemunhas do ato, e registrar 
integralmente a diligência em vídeo e áudio. 
 
A prova da legalidade e da voluntariedade do consentimento para o 
ingresso na residência do suspeito incumbe, em caso de dúvida, aoEstado, e deve ser feita com declaração assinada pela pessoa que 
autorizou o ingresso domiciliar, indicando-se, sempre que possível, 
testemunhas do ato. Em todo caso, a operação deve ser registrada 
em áudio-vídeo e preservada a prova enquanto durar o processo. 
STJ. 6ª Turma. HC 598.051/SP, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado 
em 02/03/2021 (Info 687). 
 
Caso o agente público desborde dos limites legais em sua atuação, 
independentemente dos fins almejados, poderá ser responsabilizado nas 
esferas cível, administrativa e penal, cumulativamente. 
Logo, percebe-se que, em caso de inobservância do ordenamento jurídico, 
aquele que tem o dever de combater o crime pode vir a praticar crimes, como, 
exemplificativamente, os seguintes, previstos na Lei de Abuso de Autoridade 
(Lei nº 13.869/2019) e na Lei de Tortura (Lei nº 9.455/1997). 
 
LEI Nº 13.869/2019 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta 
desconformidade com as hipóteses legais: (Promulgação partes 
vetadas) 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, 
dentro de prazo razoável, deixar de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de 
conceder liberdade provisória, quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando 
manifestamente cabível.’ 
 
 
 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou 
investigado manifestamente descabida ou sem prévia intimação de 
comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, 
grave ameaça ou redução de sua capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade 
pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não 
autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo 
da pena cominada à violência. 
 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à 
revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio ou suas 
dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem 
determinação judicial ou fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, 
quem: 
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-
lhe o acesso a imóvel ou suas dependências; 
II - (VETADO); 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h 
(vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou 
quando houver fundados indícios que indiquem a necessidade do 
ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre. 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de 
investigação ou fiscalização, por meio manifestamente ilícito: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em 
desfavor do investigado ou fiscalizado, com prévio conhecimento de 
sua ilicitude. 
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o 
dever de fazer ou de não fazer, sem expresso amparo legal: 
 
 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou 
função pública ou invoca a condição de agente público para se eximir 
de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido. 
 
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de 
comunicação, inclusive rede social, atribuição de culpa, antes de 
concluídas as apurações e formalizada a acusação: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
LEI Nº 9.455/1997 
Art. 1º Constitui crime de tortura: 
I - constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, 
causando-lhe sofrimento físico ou mental: 
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima 
ou de terceira pessoa; 
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa; 
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com 
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico 
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de 
caráter preventivo. 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita 
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio 
da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida 
legal. 
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou 
anistia. 
 
Isso significa que não pode haver o uso da força nas atividades policiais? 
De forma alguma. O uso da força pode ser legal, caso revestido de amparo 
jurídico e razoabilidade, ou ilegal, caso transborde o poder autorizado pela lei. 
Nas palavras de Cees de Rover, no livro Servir e Proteger – direitos 
humanos e direito internacional humanitário para forças policiais e de 
segurança editado pela Cruz Vermelha, “uso da força é qualquer restrição física 
imposta sobre uma pessoa para obter o respeito à ordem (legal). O escopo é 
 
 
muito amplo, incluindo simplesmente o ato de tocar um a pessoa; o uso de 
meios de restrição, como algemas; métodos mais violentos, como bater em 
uma pessoa; meios técnicos como o gás lacrimogênio e armas de choque 
elétrico (conhecidas como tasers; até o uso de armas de fogo” (ROVER, pg. 261) 
Com o objetivo de regular o uso da força, alguns dispositivos possuem 
importância no cenário internacional, podendo exemplificar: 1) Código de 
conduta para os funcionários responsáveis pela aplicação da Lei (Resolução 
34/169 da ONU). 2) Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de 
Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei; 3) Portaria 
interministerial MJ/SDH 4.2262020. 4) Lei 13.060/2014. 
Dentro desse contexto, não obstante a importância de se proceder à 
análise completa de todas essas normas, passaremos a analisar alguns dos 
artigos dos referidos diplomas legais, começando pela Resolução 34/169 da 
ONU. 
Aduz o Art. 3º do código de conduta para os encarregados de aplicação da 
lei: 
 
Art. 3º “Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem 
empregar a força quando tal se afigure estritamente necessário e na 
medida exigida para o cumprimento do seu dever;” 
 
Como visto, o uso da força se reserva aos casos estritamente necessários, 
na medida exigida para o cumprimento do dever. Desta forma, imagine que em 
operação de patrulhamento a polícia aviste pessoa foragida. Realizado 
acompanhamento e captura, não havendo resistência por parte do agente, 
agressões posteriores não se apresentam legítimas e o agente público deverá 
ser responsabilizado por sua conduta. 
Dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo 
pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei, decorrente do Oitavo 
Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime e o Tratamento dos 
Delinquentes, são extraídas as seguintes proposições: ameaças aos 
encarregados de aplicação da lei são consideradas ameaças à sociedade em 
 
 
geral; dever de equipar os encarregados de aplicação da lei com vários tipos de 
armas; dever de recorrer a meios não violentos antes da arma de fogo; 
Sempre que o uso legítimo da força e armas de fogo for inevitável, os 
responsáveis pela aplicação da lei deverão: exercer moderação no uso de tais 
recursos e agir na proporção da gravidade da infração e do objetivo legítimo a 
ser alcançado; minimizar danos e ferimentos, e respeitar e preservar a vida 
humana; assegurar que qualquer indivíduo ferido ou afetado receba assistência 
e cuidados médicos o mais rápido possível; Garantir que os familiares ouamigos íntimos da pessoa ferida ou afetada sejam notificados o mais depressa 
possível. 
São dignos de transcrição os princípios 9 e 10 que tratam diretamente 
sobre o uso de arma de fogo, in verbis. 
 
9. Os responsáveis pela aplicação da lei não usarão armas de fogo 
contra pessoas, exceto em casos de legítima defesa própria ou de 
outrem contra ameaça iminente de morte ou ferimento grave; para 
impedir a perpetração de crime particularmente grave que envolva 
séria ameaça à vida; para efetuar a prisão de alguém que represente 
tal risco e resista à autoridade; ou para impedir a fuga de tal 
indivíduo, e isso apenas nos casos em que outros meios menos 
extremados revelem-se insuficientes para atingir tais objetivos. Em 
qualquer caso, o uso letal intencional de armas de fogo só poderá ser 
feito quando estritamente inevitável à proteção da vida. 
10. Nas circunstâncias previstas no Princípio 9, os responsáveis pela 
aplicação da lei deverão identificar-se como tais e avisar prévia e 
claramente a respeito da sua intenção de recorrer ao uso de armas 
de fogo, com tempo suficiente para que o aviso seja levado em 
consideração, a não ser quando tal procedimento represente um 
risco indevido para os responsáveis pela aplicação da lei ou acarrete 
para outrem um risco de morte ou dano grave, ou seja claramente 
inadequado ou inútil dadas as circunstâncias do caso. 
 
 A portaria interministerial do Ministério da Justiça 4.226/2020 inovou, no 
Brasil, quanto ao tema, estabelecendo os seguintes princípios para o uso da 
força: legalidade, necessidade, proporcionalidade, moderação e conveniência. 
 
 
Quanto ao Princípio da legalidade, este não apresenta feição unívoca para 
o particular e para a administração pública. Se por um lado o particular pode 
fazer tudo àquilo que a lei não proíbe, ao agente público é dado fazer apenas 
aquilo que a lei permite (reserva de lei – positive bindung) (OLIVEIRA, Rafael, 
2013, pg. 26) 
Sobre a necessária observância da lei, assevera o Art. 9º I do Pacto 
Internacional dos Direitos Civis e Políticos: 
 
PIDCP, artigo 9(1) - Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança 
pessoais. Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. 
Ninguém poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos 
previstos em lei e em conformidade com os procedimentos nela 
estabelecidos. 
 
 Prossegue a portaria asseverando que os agentes de segurança pública 
não deverão disparar armas de fogo contra pessoas, exceto em casos de 
legítima defesa própria ou de terceiro contra perigo iminente de morte ou 
lesão grave. 
Acrescenta que não é legítimo: 1) o uso de armas de fogo contra pessoa 
em fuga que esteja desarmada ou que, mesmo na posse de algum tipo de 
arma, não represente risco imediato de morte ou de lesão grave aos agentes de 
segurança pública ou terceiro; 2) o uso de armas de fogo contra veículo 
que desrespeite o bloqueio policial em via pública, a não ser que represente 
risco imediato de morte ou lesão grave aos agentes de segurança pública ou 
terceiros. 
Aduz ainda que os disparos de advertêncianão são considerados prática 
aceitável e que o ato de apontar arma de fogo contra pessoa durante 
procedimento de abordagem não deverá ser uma prática rotineira e 
indiscriminada. 
Importa destacar que as vedações acima expostas não são incólumes a 
críticas visto que buscam prever de forma abstrata vedações ao uso da arma 
por parte do policial. Como se sabe, a atividade policial guarda extrema 
 
 
complexidade e somente uma análise do caso concreto pode permitir às 
autoridades, Delegado de Polícia, Promotor de Justiça e Magistrado uma 
decisão sobre a conveniência de indiciamento; denúncia e sentença, 
respectivamente. 
 A Lei nº 13.060/2014 disciplina o uso dos instrumentos de menor 
potencial ofensivo pelos agentes de segurança pública. O Legislador conceitua 
instrumentos de menor potencial ofensivo como: “Aqueles projetados 
especificamente para, com baixa probabilidade de causar mortes ou lesões 
permanentes, conter, debilitar ou incapacitar temporariamente pessoas”. 
No seu artigo 2º, a Lei nº 13.060/2014elenca os princípios para uso dos 
instrumentos de menor potencial ofensivo e estabelece casos em que não é 
legítimo o uso de arma de fogo. In verbis: 
 
Art. 2º Os órgãos de segurança pública deverão priorizar a utilização 
dos instrumentos de menor potencial ofensivo, desde que o seu uso 
não coloque em risco a integridade física ou psíquica dos policiais, e 
deverão obedecer aos seguintes princípios: 
I - legalidade; 
II - necessidade; 
III - razoabilidade e proporcionalidade. 
Parágrafo único: Não é legítimo o uso de arma de fogo. I – Contra 
pessoa em fuga que esteja desarmada ou que não represente risco 
imediato de morte ou de lesão aos agentes de segurança pública ou a 
terceiros; II – Contra veículo que desrespeite o bloqueio policial em 
via pública, exceto quando o ato represente risco de morte ou lesão 
aos agentes de segurança ou a terceiros. 
 
Ademais, salienta-se que o agente de segurança pública também deve 
obedecer a técnica procedimental na condução dos presos, observando que a 
algema é um artefato destinado a evitar fuga e assegurar a segurança do 
agente, de terceiros ou do próprio preso, que jamais pode ser usada 
injustificadamente ou com interesses escusos, como pôr exemplo. Nesse 
sentido, o Supremo Tribunal Federal dispõe: 
 
 
 
Enunciado Súmula Vinculante 11 - STF: “Só é lícito o uso de algemas 
em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à 
integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de 
terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de 
responsabilidade disciplinar civil e penal do agente ou da autoridade 
e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem 
prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” 
 
A atuaçao do agente de segurança pública fora da base técnica-normativa 
deve ser coibida pelas autoridades competentes. Nessa senda, emerge a figura 
do delegado de polícia como “primeiro garantidor da legalidade e da justiça”, 
consoante frase do Ministro Celso de Melo, proferida em seu voto no HC 
84548/SP, o qual faz a primeira análise técnica-jurídica dos fatos e deve 
reprochar ilicitudes eventualmente perpetradas, relaxando, se for o caso, a 
captura em flagrante delito. 
As decisões do Delegado de Polícia devemser fundamentadas, 
motivadas, haja vista que os atos de polícia judiciária ensejam uma série de 
restrições aos direitos fundamentais da pessoa humana. Como exemplo, 
podemos citar a decisão do Delegado de Polícia que ratifica a prisão captura, 
determinando o recolhimento do conduzido; a decisão de apreensão de bens; 
a requisição de documentos e informações por parte do Delegado de Polícia, 
etc. 
A motivação é um direito da sociedade e, mais especificamente, do 
investigado, para que possa exercer devidamente o contraditório e a ampla 
defesa, e um dever da Autoridade Policial, consoante infere-se do arcabouço 
normativo nacional e internacional. 
A Lei nº 9.784/99, por exemplo, que regula o processo administrativo no 
âmbito da Administração Pública Federal, exige motivação nos seguintes casos: 
 
CAPÍTULO XII 
DA MOTIVAÇÃO 
Art. 50. Os atos administrativos deverão ser motivados, com 
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando: 
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; 
 
 
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; 
III - decidam processos administrativos de concurso ou seleção 
pública; 
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo licitatório; 
V - decidam recursos administrativos; 
VI - decorram de reexame de ofício; 
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a questão ou 
discrepem de pareceres, laudos, propostas e relatórios oficiais; 
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou convalidação de 
ato administrativo. 
§ 1o A motivação deve ser explícita,clara e congruente, podendo 
consistir em declaração de concordância com fundamentos de 
anteriores pareceres, informações, decisões ou propostas, que, 
neste caso, serão parte integrante do ato. 
§ 2o Na solução de vários assuntos da mesma natureza, pode ser 
utilizado meio mecânico que reproduza os fundamentos das 
decisões, desde que não prejudique direito ou garantia dos 
interessados. 
§ 3o A motivação das decisões de órgãos colegiados e comissões ou 
de decisões orais constará da respectiva ata ou de termo escrito. 
 
Como dito, os atos administrativos exarados pela Autoridade Policial 
apresentam expressiva restrição de direitos fundamentais, dentre eles a prisão. 
Nesse sentido, as normas internacionais de proteção dos direitos humanos não 
deixam dúvidas sobre a necessidade de fundamentação da prisão. 
 
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS 
Art. 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. 
 
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS 
ARTIGO 9 
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança pessoais. 
Ninguém poderá ser preso ou encarcerado arbitrariamente. Ninguém 
poderá ser privado de liberdade, salvo pelos motivos previstos em lei 
e em conformidade com os procedimentos nela estabelecidos. 
2. Qualquer pessoa, ao ser presa, deverá ser informada das razões da 
prisão e notificada, sem demora, das acusações formuladas contra 
ela. 
 
 
ARTIGO 14 
3. Toda pessoa acusada de um delito terá direito, em plena 
igualmente, a, pelo menos, as seguintes garantias: 
a) De ser informado, sem demora, numa língua que compreenda e de 
forma minuciosa, da natureza e dos motivos da acusação contra ela 
formulada; 
 
PACTO DE SÃO JOSÉ DA COSTA RICA 
Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal 
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das razões da 
detenção e notificada, sem demora, da acusação ou das acusações 
formuladas contra ela. 
 
Em suma, a importância e a juridicidade do cargo de Delegado de Polícia 
(ver Art. 183 da Constituição do Estado do Ceará) implicam na necessidade de 
fundamentação jurídica dos atos praticados, mormente aqueles que restrinjam 
a liberdade de pessoa investigada. Uma formal fundamentação jurídica, a par 
de ser garantia do cidadão, representa embasamento para a legítima atuação 
estatal. 
Por fim, repisa-se que não se combate o crime cometendo crimes, e que a 
ação à margem da lei do agente de segurança pública acarretará uma 
persecução criminal natimorta, tendo em vista a teoria da árvore dos frutos 
envenenadas (fruit of the poisonous tree), que, com esteio no Art. 5º, inciso 
LVI, da Constituição Federal, estabelece que toda prova decorrente de uma 
prova ilícita também será igualmente ilícita, logo inapta para ensejar uma 
condenação. 
 
PENAL E PROCESSUAL PENAL. RECURSO ESPECIAL. TRÁFICO DE 
DROGAS. PROVA OBTIDA DE CONVERSA TRAVADA POR FUNÇÃO 
VIVA-VOZ DO APARELHO CELULAR DO SUSPEITO. DÚVIDAS QUANTO 
AO CONSENTIMENTO. INEXISTÊNCIA DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL. 
ILICITUDE CONSTATADA. AUTOINCRIMINAÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE. DESCOBERTA INEVITÁVEL. INOCORRÊNCIA. PLEITO 
ABSOLUTÓRIO MANTIDO. RECURSO ESPECIAL DESPROVIDO. 
1. O Tribunal de origem considerou que, embora nada de ilícito 
houvesse sido encontrado em poder do acusado, a prova da 
 
 
traficância foi obtida em flagrante violação ao direito constitucional à 
não autoincriminação, uma vez que aquele foi compelido a 
reproduzir, contra si, conversa travada com terceira pessoa pelo 
sistema viva-voz do celular, que conduziu os policiais à sua residência 
e culminou com a arrecadação de todo material estupefaciente em 
questão. 
2. Não se cogita estar diante de descoberta inevitável, porquanto 
este fenômeno ocorre quando a prova derivada seria descoberta de 
qualquer forma, com ou sem a prova ilícita, o que não se coaduna 
com o caso aqui tratado em que a prova do crime dependeu da 
informação obtida pela autoridade policial quando da conversa 
telefônica travada entre o suspeito e terceira pessoa. 3. O relato dos 
autos demonstra que a abordagem feita pelos milicianos foi obtida 
de forma involuntária e coercitiva, por má conduta policial, gerando 
uma verdadeira autoincriminação. Não se pode perder de vista que 
qualquer tipo de prova contra o réu que dependa dele mesmo só 
vale se o ato for feito de forma voluntária e consciente. 4. Está-se 
diante de situação onde a prova está contaminada, diante do 
disposto na essência da teoria dos frutos da árvore envenenada 
(fruits of the poisonous tree), consagrada no art. 5º, inciso LVI, da 
Constituição Federal, que proclama a nódoa de provas, 
supostamente consideradas lícitas e admissíveis, mas obtidas a partir 
de outras declaradas nulas pela forma ilícita de sua colheita. 
5. Recurso especial desprovido. (REsp 1630097/RJ, Rel. Ministro JOEL 
ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 18/04/2017, DJe 
28/04/2017) 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Diante do exposto, infere-se a importância dos direitos humanos, a missão 
dos profissionais da segurança pública de assegurá-los, bem com as 
consequências deletérias, em caso de violação, para as instituições públicas, a 
persecução criminal, o próprio agente público e, sobretudo, a sociedade. 
Que este material sirva de norte na luta diária dos profissionais de 
segurança pública e instrumento para construção de uma sociedade mais justa 
e pacífica. O conteudista. 
 
 
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______. Lei nº 13.869, de 05 de setembro de 2019. Dispõe sobre os crimes de 
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nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei 
nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 
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