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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE - CAMPUS MOSSORÓ TÉCNICO EM INFORMÁTICA INTEGRADO - 3.02401.1M DISCIPLINA: HISTÓRIA III DOCENTE: ABIMAEL ESDRAS CARVALHO DE MOURA LIRA DISCENTE: GABRIEL AUGUSTO DO NASCIMENTO MELO FICHAMENTO BIBLIOGRÁFICO DA OBRA “A CIVILIZAÇÃO DO RENASCIMENTO” DE JEAN DELUMEAU. Mossoró/RN 2022 FICHA TÉCNICA Título original: La Civilisation de La Renaissance Tradução: Manuel Ruas Capa: José Antunes Ilustração da capa: Os Embaixadores (1533), de Hans Holbein, o Moço. National Gallery, Londres Impressão e Acabamento: Rolo & Filhos - Artes Gráficas, Lda. Depósito Legal n° 80745/94 ISBN 972-33-1000-7 Copyright: © B. Arthaud, Paris, 1964 © Editorial Estampa, Lda., Lisboa, 1983 para a língua portuguesa. DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa, 1983. Capítulo V - O progresso técnico “As invenções necessitam do apoio de um público que exerça sobre os técnicos uma pressão fecunda." (p. 152) “Esta maior atenção para com uma realidade simples significou uma profunda conversão intelectual da elite, que se afastou um pouco do mundo mundo das essências para se debruçar sobre o universo experimental." (p. 153) “A Consolidação do estado e o aumento da sua autoridade sobre os territórios que eram mais vastos que os da época feudal vieram favorecer a técnica." (p. 153. “Deste modo, a partir do Renascimento a técnica não só atraiu as atenções do poder público como passou a fazer parte integrante da cultura.” (p. 154) “Ora os engenheiros do Renascimento foram, antes de mais, especialistas de armamentos ofensivos e defensivos: isto aplica-se, principalmente, aos alemães mas aplica-se também a Leonardo." (p. 155) “O grande florentino insere-se num e numa tradição: foi um dos artistas-técnicos do Renascimento, aquele que teve realmente, a mais vasta curiosidade espiritural, uma curiosidade quase doentia que o fazia instável (B. Gille).” (p. 156) “Leonardo não era nem autodidacta nem «homem sem letras». Não passou por nenhuma universidade mas recebeu a habitual formação dos engenheiros da época, que associavam a habilidade manual a uma verdadeira cultura." (p. 158) “Leonardo não foi um gênio inventivo e a sua investigação não foi universal." (p. 158 “A grandeza de Leonardo como técnico reside menos nas suas invenções que na sua sua curiosidade espiritual e no seu método." (p. 160) “São evidentes as limitações de Leonardo como engenheiro. Falta-lhe uma linguagem mais adequada - uma das grandes insuficiências do Renascimento - e faltam-lhe instrumentos de medida. Mas com ele a técnica deixa de ser assunto de artesãos e ultrapassa o empirismo." (p. 161) “Leonardo tem um método: primeiro observa, depois reconstitui com experiências o dado da natureza, conversando apenas os elementos essenciais, e chega, por fim, a uma preposição de caráter geral. Assim se guinda acima dos dos outros engenheiros da época, pois sente a necessidade de racionalizar, de chegar à teoria e à abstracção." (p. 161) “Miguel Angelo, falando da cúpula de Santa Maria del Fiore, declarara: É difícil fazer igual; é impossível fazer melhor." (p. 163) “O assassinio de Henrique IV foi facilitado pelo facto de o seu carro não ter jogo dianteiro móvel e virar com dificuldade." (p. 164) “Os progressos da navegação* na época do Renascimento foram muito mais importantes que os da circulação terrestre, pois as grandes viagens de descoberta e o estabelecimento de relações regulares com a América e o Extremo Oriente foram dos maiores feitos desse tempo." (p. 166) “As origens da caravela não podem ser indicadas com precisão; o navio foi, porém, aperfeiçoado pelos portugueses, que a partir de 1420 começaram a ir cada vez mais longe ao longo da costa africana” (p. 167) “A mecanização, principalmente no final do período que estamos estudando, permitiu ainda sensíveis progressos na tecelagem, tratamento e acabamento dos tecidos." (p. 173) " porém o aumento da procura por parte de uma sociedade cada vez mais inebriada com o luxo e a necessidade de aumentar a produção levaram a invenção, cerca de 1590, por um pastor anglicano, William Lee, da primeira máquina de fazer malha, na qual uma série de hastes de aço, movimentadas simultaneamente, fazia de uma só vez uma fiada completa de malhas.” (p. 174) “A invenção da máquina de fazer malha de seda, vindo ao encontro das pesquisas de Leonardo para a racionalização do trabalho têxtil, convida-nos a insistir novamente no gosto da mecanização que caracteriza o Renascimento." (p. 174) “Os progressos da relojoaria eram solidários dos processos de uma civilização que utilizava da vez mais os metais - ouro e prata, mas também ferro, cobre, etc. De facto, o trabalho nas minas conheceu, na época do Renascimento, transformações mais importantes do que as da indústria têxtil." (p. 176) “Com o aumento da riqueza das classes médias, as portas de ferro, os parafusos, as fechaduras e as chaves, tinham cada vez mais procura por causa do receio dos ladrões…” (p. 181) “A partir de cerca de 1525, por causa do desenvolvimento de armas de fogo, a armadura deixou de dar proteção eficaz mas nem por isso deixou de ser envergada em combate - e nos torneios, pelos príncipes, pelos nobres e por todos as homens de armas que não tinham de suportar as fadigas dos soldados ordinários." (p. 181) “As profundas transformações sofridas pela arte militar nos séculos XV e XVI não devem contribuir para se falsear as perspectivas históricas e pensar que a guerra foi, nessa época, o principal responsável pelo progresso humano." (p. 190) “A imprensa - que suscitou, por tabela, um considerável avanço da indústria do papel - foi considerada, na época da sua invenção, uma arte divina, o símbolo de uma nova idade de ouro." (p. 192) “A vida do espírito beneficiou, portanto, na época do Renascimento e de forma espectacular, dos progressos técnicos então alcançados. Esses avanços da técnica elevaram a nível da civilização ocidental, dando-lhe meios de renovação espiritual e de a!alargamento de horizontes. Deram-lhe também maior conforto material e maior alegria de viver." (p. 194) “Os progressos da técnica do vidro trouxeram consigo a vulgarização dos óculos, que tinham sido inventados ou introduzidos na Europa no final do século XIII." (p. 196. “A nossa época actual tende a opor arte e técnica; mas nem sempre assim foi. Talvez o diálogo entre a arte e a técnica nunca tenha sido tão fecundo como no tempo do Renascimento." (p. 198) Capítulo VI - A técnica dos negócios. “Os trabalhadores das cidades parecem restituir nessa altura um meio revolucionário." (p. 199) “Mas os príncipes e o patriciado das cidades compreenderam que as corporações tinham de ser dominadas. Não as suprimiram - pois eram indispensáveis - mas vigiaram-nas e dominaram-nas cada vez mais de perto. Afastando-as gradualmente da vida política e retirando-lhes toda e qualquer função militar, deram-lhe, em compensação, maior autoridade económica.” (p. 201) “...e foi no mundo dos grandes mercadores que nasceram em conjunto, muito antes do século XVI, a mentalidade capitalista e os instrumentos bancários e contabilísticos que lhe permitiram exprimir-se.” (p. 202) “Caminhava-se assim para um sistema que dava, em todos os casos, um prêmio ao segurador e que, por conseguinte, lhe diminuía os riscos.” (p. 203) “Juntamente com o prêmio de seguro, a contabilidade* por partidas dobradas foi outra inovação capital na técnica dos negócios da época do Renascimento. Num período em que o crédito era restrito, e enquanto era ilimitado o círculo dos seus correspondentes, um homem de negócios podia contentar-se com uma contabilidade simples. Registrava as receitas e as despesas numa conta de caixa e podia, além disso, ter uma espécie de caderno em que apontava os créditos e os débitos, que eram em pequeno número.” p 204) “O desenvolvimento das técnicas bancárias deve, portanto, ser considerado, na mesma medida que o florescimento artístico, como característica essencial do Renascimento.Ora também neste domínio a Itália desempenhou o principal papel. A palavra banco é de origem italiana. Designava originalmente o banco dos cambistas que se instalavam na praça pública, in mercato, e praticavam a troca de mão em mão.” (p. 205) Capítulo VII - Um primeiro capitalismo “Portanto, os homens de negócios do Renascimento conduziam muitas vezes, ao mesmo tempo, empreendimentos comerciais, empresas industriais e operações financeiras. Mas uma evolução premente as conduzia, quase irresistivelmente, para este último sector - o comércio de dinheiro.” (p. 226) “O movimento financeiro, que foi aumentando na sociedade ocidental do século XIV até ao século XVII, não deve fazer-nos esquecer a relação existente entre a letra de câmbio e o comércio. «O câmbio - escrevia Boyron em 1582 no Traité de la marchandise et du pariait commerçant - é uma gentil invenção e como que um elemento, ou tempero, de todo o tráfico: sem o qual (tal como a humana fábrica não pode subsistir sem os elementos) o tráfico não pode existir». Ora foi o comércio, e não a banca, que, na época do Renascimento, suscitou as mais modernas sociedades - aqueles que não eram dominadas por uma só família e que, por conseguinte, deixam já prever as sociedades anônimas.” (p. 231) “Quanto a colonização, deu origem a um capitalismo açucareiro e esclavagista. Cerca de 1635, uma das maiores explorações açucareiras do Brasil, o Colégio de Santo Antão, empregava perto de oitenta Negros, e uns quizes indivíduos que empregavam funções técnicas.” (234. p) Capítulo VIII - As cidades e o campo “Todas as modificações que temos vindo a descrever e alguns aperfeiçoamentos da utensilagem agrícola - maior uso da enxada metálica, adaptação às charruas da alça da artilharia - não podem fazer-nos esquecer que o mundo rural, desdenhado pelas camadas superiores da sociedade, ficou ainda por muito tempo técnica e mentalmente conservador.” (p. 256) “Muitos factores explicam sem sombra de dúvida a estagnação da economia agrícola. No sul, a mediocridade de meios técnicos estava ligada ao individualismo dos camponeses. «libertos em quase toda a parte da servidão, os rendeiros consideram-se proprietários hereditários. A exploração das terras de cereal não Ihes impunha - salvo algumas exceções, já Ihes não era imposto - o respeito das regras colectivas tradicionais, carregadas de obrigações, como impunha, pelo contrário, em vastas partes do Norte da Europa.” (p. 254) “Mas as cidades, por mais orgulhoso que sejam os seus monumentos e por mais poderosas que seriam as suas muralhas, são, em todos os tempos, entidades vulneráveis. Quanto mais civilizadas são, mais dependentes ficam; quanto maior a sua beleza, mais invejadas se sentem.” (p. 255) “Mas as epidemias de peste são para as cidades do Renascimento mais temíveis ainda que os homens de armas. Aparecem com maior frequência e fazem mais vítimas.” (p. 256) “Estes números, naturalmente, serão exagerados, «mas indicam, sem erro possível, que um quarto ou um terço de uma cidade podia desaparecer bruscamente numa época em que os conhecimentos de higiene e de medicina não davam defesas contra o contágio. E concordam com todas as narrações já lidas, com as descrições de ruas juncadas de mortos, da carroça que passava diariamente cheia de cadáveres empilhados uns sobre os outros, em tão grande número que já se não podia dar-lhes sepultura (F. Braudel).” (p. 256) “Crescimento das cidades mas, mais ainda, promoção da cidade. A cidade, na época do Renascimento, é um ser de razão. Não só é vivida como também é pensada. Mas neste domínio, como em muitos, não se observa um corte radical entre o período medieval e o período que se lhe seguiu. Quando os arquitectos do Renascimento começaram a reflectir sobre a cidade, não rejeitaram em conjunto as fórmulas a que os acasos, as tentativas e a diversidade dos locais tinham conduzido os seus predecessores.” (p. 258) “Mas o Renascimento acrescenta a noção de commoditas a noção de voluptas. A cidade não deve ser apenas prática. É conveniente que seja também bela.” p 261. Capítulo IX - Mobilidade Social. Rico e Pobres “A época do humanismo viu a concretização de dois aspectos aparentemente opostos da civilização ocidental: a afirmação das individualidades nacionais e a intensificação das trocas entre os países.” (p. 277) “Em que medida foi esta mobilidade física, ou horizontal, acompanhada de uma mobilidade vertical? Claro está que aqueles que fugiam ao campo para se instalar na cidade esperavam conseguir nela alguma ascensão social, por modesta que fosse. Quantos a alcançaram? A massa de pessoas pobres continuou, sabe-se, a ser enorme. Mas eram-lhes oferecidas certas possibilidades de escapar à sua anterior condição - possibilidades que estavam sob algum dos títulos seguintes: Igreja, bens fundiários, comércio, ofícios, emigração para as colónias.” (p. 279) “O luxo do vestuário é contagioso e, com ele, a nobreza atraiu a si todos aqueles que, de um ou de outro modo, podiam esperar vir um dia a entrar nessa camada superior da sociedade. Os burgueses envergonhavam-se de ser burgueses e fingiam de nobres enquanto esperavam por sê-lo: daí a dificuldade de constituição de uma mentalidade de classe. «Quando o grande se excede, o pequeno quer imitá-los. Tal imitação impressionava, no fim do Renascimento, todos os observadores.” (p. 290)
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