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história e cultura gastronômica

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Prévia do material em texto

História e Cultura Gastronômica 
Kleber Eduardo Men
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor Wilson de Matos Silva 
Filho, Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho, Pró-
Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva, Presidente 
da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretoria Executiva de Ensino Janes Fidélis Tomelin Diretoria 
Operacional de Ensino Kátia Coelho, Diretoria de Planejamento 
de Ensino Fabrício Lazilha, Direção de Operações Chrystiano 
Mincoff, Direção de Polos Próprios James Prestes, Direção de 
Desenvolvimento Dayane Almeida, Direção de Relacionamento 
Alessandra Baron, Head de Produção de Conteúdo Celso Luiz 
Braga de Souza Filho, Gerência de Produção de Conteúdos Diogo 
Ribeiro Garcia, Gerência de projetos especiais Daniel Fuverki Hey 
Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida 
Toledo, Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard, 
Coordenador de Conteúdo Vinícius Pires Martins, Projeto Gráfico e 
Editoração Jaime de Marchi Junior e José Jhonny Coelho, Designer 
Educacional Nádila Toledo, Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, 
Maria Fernanda C. Vasconcelos, Simone Limonta e Viviane Notari, 
Fotos Shutterstock e Istockphoto.
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-
900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de 
Educação a Distância; MEN, Kleber Eduardo.
História e Cultura Gastronômica. Kleber Eduardo 
Men.
 (Reimpressão)
Maringá - PR, 2018.
116 p.
“Graduação - EaD”.
1. História. 2. Cultura. 3. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-8084-972-1 CDD - 22ª Ed. 640
CIP - NBR 12899 - AACR/2
“Promover a educação de qualidade nas 
diferentes áreas do conhecimento, forman-
do profissionais cidadãos que contribuam 
para o desenvolvimento de uma sociedade 
justa e solidária”
Missão
3
pa
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a 
do
 re
it
or
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não somente 
para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima 
de tudo, para gerar uma conversão integral das pes-
soas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: 
intelectual, profissional, emocional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 
mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro 
campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa 
e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, 
com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. 
Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais 
de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos 
pelo MEC como uma instituição de excelência, com 
IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 
maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos edu-
cadores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição de 
educação precisa ter pelo menos três virtudes: ino-
vação, coragem e compromisso com a qualidade. Por 
isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, 
metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor 
do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que 
é promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais ci-
dadãos que contribuam para o desenvolvimento de 
uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos!
Reitor
Wilson de Matos Silva
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da
s
Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Comunidade 
do Conhecimento. 
Essa é a característica principal pela qual a 
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alunos, 
professores e pela nossa sociedade. Porém, é impor-
tante destacar aqui que não estamos falando mais 
daquele conhecimento estático, repetitivo, local e 
elitizado, mas de um conhecimento dinâmico, reno-
vável em minutos, atemporal, global, democratizado, 
transformado pelas tecnologias digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comuni-
cação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
lugares, informações, da educação por meio da conec-
tividade via internet, do acesso wireless em diferentes 
lugares e da mobilidade dos celulares. 
As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conhecimen-
to, que não reconhece mais fuso horário e atravessa 
oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer 
transformou-se hoje em um dos principais fatores de 
agregação de valor, de superação das desigualdades, 
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar. 
Logo, como agente social, convido você a saber 
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e usar a 
tecnologia que temos e que está disponível. Da mesma 
forma que a imprensa de Gutenberg modificou toda uma 
cultura e forma de conhecer, as tecnologias atuais e suas 
novas ferramentas, equipamentos e aplicações estão 
mudando a nossa cultura e transformando a todos nós.
Priorizar o conhecimento hoje, por meio da 
Educação a Distância (EAD), significa possibilitar o 
contato com ambientes cativantes, ricos em infor-
mações e interatividade. É um processo desafiador, 
que ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores 
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida sem 
desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que a EAD 
da Unicesumar se propõe a fazer. 
Pró-Reitor Executivo de EAD
William V. K. de Matos Silva
5
bo
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in
da
s
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou pro-
fissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando opor-
tunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o 
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará 
durante todo este processo, pois conforme Freire 
(1996): “Os homens se educam juntos, na transfor-
mação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem 
dialógica e encontram-se integrados à proposta pe-
dagógica, contribuindo no processo educacional, 
complementando sua formação profissional, desen-
volvendo competências e habilidades, e aplicando 
conceitos teóricos em situação de realidade, de ma-
neira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, 
estes materiais têm como principal objetivo “provocar 
uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta 
forma possibilita o desenvolvimento da autonomia 
em busca dos conhecimentos necessários para a sua 
formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou 
seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente Virtual 
de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, as-
sista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além 
disso, lembre-se que existe uma equipe de professores 
e tutores que se encontra disponível para sanar suas 
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendiza-
gem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e 
segurança sua trajetória acadêmica.
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Diretoria de Graduação e Pós
Kátia Solange Coelho
Diretoria de Design Educacional
Débora do Nascimento Leite
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
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Professor Mestre 
Kleber Eduardo Men
Olá, aluno(a)!
Seja bem-vindo(a) ao livro da disciplina de História e Cultura Gastronômica 
do curso de Gastronomia da Unicesumar. É um prazer enorme ter sido con-
vidado pela instituição para ser autor destelivro e, também, o professor 
formador desta disciplina, assim como fui também da disciplina de História e 
Cultura do Brasil. Como é de praxe, antes de tudo, gostaria de me apresentar.
Sou o professor Kleber Eduardo Men, sou formado em História, pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM), no ano de 2007. Sou especialista 
em Docência no Ensino Superior pela Unicesumar, no ano de 2011, e possuo 
mestrado em História das Instituições e das Ideias, pela Universidade Estadual 
de Maringá, no ano de 2013. Tenho mais de oito anos de experiência em 
docência, incluindo os ensinos fundamental, médio e superior e os cursos 
preparatórios.
Além de professor, sou autor de vários livros didáticos destinados à 
Educação a Distância, modalidade essa que me dedico bem antes de minha 
formação, já que trabalhei como Editor de TV por vários anos. No que diz 
respeito a este material, vou apresentar a você o tema central de cada unidade 
que aqui será abordada.
Na primeira unidade, vamos abordar a formação da civilização Ocidental. 
Analisaremos a partir do Renascimento Cultural, já que foi a partir desse perío-
do que esse modelo de civilização começou a se estruturar e, ao mesmo tempo, 
difundir-se pelo mundo. Sendo assim, vamos abordar o Renascimento e algu-
mas das bases que edificaram esse paradigma, que, nesse caso em específico, 
7G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
são a concorrência e o consumo; além de fazer uma breve abordagem sobre 
o processo de globalização e sua significativa contribuição com a melhora de 
vida da população mundial. Em consonância com esse tema, vamos elencar 
os pontos de nossa cultura gastronômica, que estão ligados a esse contexto, 
criando um campo de compreensão que permitirá a você estabelecer uma 
relação entre história cultural e história gastronômica.
Em nossa segunda unidade, vamos tratar de forma bastante descontra-
ída, mas não perdendo o viés científico, a maneira como os usos e costumes 
evoluíram ao longo de nossa história. Ainda nesse segundo momento, vamos 
demonstrar a você, estimado(a) aluno(a), de que maneira o processo de ci-
vilização foi, antes de qualquer coisa, um processo de moldagem dos usos e 
costumes. Para isso, vamos falar da forma de se comportar em público, da 
maneira correta como devemos comer, sentar, além dos devidos cuidados 
com as nossas necessidades fisiológicas. Tenho a certeza que você vai se 
divertir com essa agradável leitura. Esse tema, para um(a) aluno(a) do curso 
de gastronomia, é indispensável para a formação como profissional de uma 
área que está diretamente ligada a padrões de etiqueta social.
Na terceira e última unidade, vamos entrar de forma mais objetiva na 
história da alimentação. Vamos tratar do homem enquanto membro de uma 
sociedade e de que forma, ao longo dessa sua adaptação, criou mecanismos 
que possibilitaram transformar uma necessidade biológica em arte; não 
deixando de destacar, é claro, a importância da cozinha francesa à gastro-
nomia mundial.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Como se trata de um livro sobre História e Cultura Gastronômica, op-
tamos por fazer uma abordagem bastante diversificada, enfatizando temas 
que são comuns ao nosso cotidiano, temas esses que estão dentro de nossas 
casas, em nossas instituições religiosas, educacionais, enfim, é um tema rico 
e que suscita inúmeros debates. Vale lembrar que a cultura gastronômica, 
bem como a formação de nossa cultura em geral, é um assunto de suma 
importância para todos os profissionais, não apenas da área de gastronomia, 
mas de todos aqueles voltados a trabalhar com pessoas. Por isso, abordamos 
tais elementos que, de alguma forma, estão ligados a nossa cultura alimentar 
e à cultura geral. Em síntese, cultura, gastronomia, história são assuntos 
interligados e que despertam bastante curiosidade. Espero que vocês gostem 
bastante. Bom estudo!
Prof. Me. Kleber Eduardo Men
SUMÁRIO
UNIDADE 1
História e Cultura da 
Civilização Ocidental
15 O Renascimento Cultural e a 
Emergência do Paradigma Greco-
Romano em Fins da Idade Média
23 Os “Aplicativos” que Formaram 
a Civilização Ocidental
35 A Globalização e a Difusão do 
Modelo de Civilização Ocidental
UNIDADE 2
Civilização, Usos e Costumes
51 A Evolução do Conceito de 
Civilização: Apontamentos 
Preambulares
61 O Comportamento à Mesa
69 O Que é bom e o que é Ruim? 
Comentários a respeito 
dos hábitos em geral
UNIDADE 3
A Evolução da Gastronomia
83 Da Necessidade Fisiológica à 
Arte: A Evolução da Gastronomia
93 Expansão, Globalização 
e Gastronomia
101 A Contribuição da Cozinha 
Clássica Francesa
dica do chef habilidades
Legendas de
Ícones
recapitulando
saiba mais
fatos e dados minicaso reflita
Dica do Chef: dicas rápidas para complementar um conceito, detalhar procedimentos e proporcionar 
sugestões. Habilidades: elo entre as disciplinas do curso. Mão na massa: indicação de atividade 
prática. Fatos e Dados: complementação do conteúdo com informações relevantes ou acontecimentos. 
Minicaso: aplicação prática do conteúdo. Reflita: informações relevantes que proporcionam a reflexão de 
determinado conteúdo. . Recapitulando: síntese de determinado conteúdo, abordando principais conceitos. 
Saiba mais: Informações adicionais ao conteúdo.
mão na massa
História e Cultura 
da Civilização Ocidental
KLEBER EDUARDO MEN
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• O Renascimento Cultural e a emergência do paradigma greco-ro-
mano em fins da Idade Média 
• Os "aplicativos" que formaram a civilização Ocidental
• A globalização e a difusão do modelo de civilização Ocidental
• Estudar como o modelo de homem greco-romano emergiu na Europa 
Ocidental em fins da Idade Média.
• Observar como foi a formação da civilização Ocidental.
• Compreender quais foram os elementos que formaram a civilização 
Ocidental.
• Entender como o modelo de civilização Ocidental se difundiu pelo 
mundo.
Plano de Estudo
Objetivos de Aprendizagem
Introdução
Gostaria que você, aluno(a) da Unicesumar, prestasse muita atenção no que será demonstrado 
nesta introdução. Se você já passou dos 30 anos de idade, certamente já deve ter assistido à 
clássica trilogia, estrelada por Michael J. Fox e Cristopher Lloyd, “De volta para o futuro”. Se 
não assistiu, deveria assistir! Porém, qual a razão de estarmos tecendo tal comentário? É fácil! 
Em uma das cenas do terceiro filme da série, que se passa quase totalmente em 1955, o perso-
nagem Dr. Emmett L. Brown (Cristopher Lloyd) faz um comentário sobre um transistor que se 
quebrou, dizendo que a razão de tal ruína se justificava, pois a peça era “made in Japan”. Marty 
McFly (Michael J. Fox), rapidamente, o corrige e diz que, em 1985, ano em que se inicia toda a 
história, tudo era fabricado no Japão. Principalmente os aparelhos eletrônicos.
Da mesma maneira, se o(a) distinto aluno(a) tivesse a capacidade de construir uma máquina 
do tempo, a utilizasse para voltar ao ano de 1985 e aterrissasse, portando, alguns aparelhos 
eletrônicos fabricados na China, o espanto seria o mesmo, pois, há trinta anos, esse país não 
era a sombra do que se vê hoje.
Imagine, então, se você pudesse pegar essa mesma máquina do tempo e regressar ao início 
do século XVI? Imagine, também, que você entraria em uma taberna e dissesse ao público 
presente que daquele continente emergiriam os valores que transformariam toda a sociedade; 
que as pessoas daquele continente seriam as responsáveis por descobrir e colonizar um Novo 
Mundo; que aquela população iria propagar os valores do cristianismo por todo o globo, bem 
como seus usos e costumes!? Também não se assustaria se alguém lhe tentasse queimá-lo vivo, 
já que o considerariam louco.
Pois bem! Hoje em dia, parece muito fácil perceber que os valores da civilização Ocidental 
estão por toda parte, não apenas do lado Oeste do globo terrestre. Basta observar a quantidade 
de pessoas que utilizamcalças jeans e bebem Coca-Cola ao redor do mundo, isso apenas para 
citar dois exemplos bem simples.
Sendo assim, partindo desse ponto de vista, vamos buscar compreender como se formou 
a civilização Ocidental, e, ao longo do livro, apresentar como ela está intimamente ligada à 
cultura gastronômica, bem como seus valores, seus usos e costumes, sua identidade, enfim, 
tudo aquilo que nos for necessário para entendermos esse que é o mais bem-sucedido modelo 
civilizatório já visto.
13
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
15G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
O Renascimento Cultural e a 
Emergência do Paradigma 
Greco-Romano em 
Fins da Idade Média
O Renascimento Cultural foi um evento ocorrido em fins da Idade 
Média e responsável por debutar o homem moderno (BIGNOT-
TO, 2001), ou seja, apresentar um novo modelo de ser humano, 
inspirado no ideal do homem greco-romano. Em outras palavras, 
é o retorno de um modelo de homem voltado para os seus pró-
prios prazeres. Segundo Luzuriaga (1978, p. 93):
A Renascença não é apenas re-nascença, renascimento, ressu-
reição do passado, da antiguidade clássica, mas é antes de tudo 
criação, geração de algo novo. A Renascença não é apenas um 
movimento erudito ou literário, antes é nova forma de vida, 
nova concepção do homem e do mundo, baseada na perso-
nalidade humana livre e na realidade presente. A Renascença 
rompe com a visão acética e triste da vida, característica da 
Idade Média, e dá lugar a uma concepção humana, risonha 
e prazenteia da existência.
Conforme foi possível observar na citação acima, o espírito renas-
centista significou o surgimento de algo novo; algo que estava ligado 
a uma nova forma de conceber a vida, de interpretar o mundo. 
Não foi, ao contrário do que se pode pensar, um abandono das 
virtudes do cristianismo, mas sim uma nova forma de entender 
o próprio homem, já que esse era a criatura mais perfeita de Deus, 
se observado que Esse o criara a sua imagem e semelhança.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
O 
Renascimento foi o responsável por 
quebrar o modelo de sociedade do-
minada pelos dogmas medievais, em 
que uma vida de contemplação era 
preferível (muitas vezes obrigado) a uma vida 
de prazeres. Podemos, então, logo imaginar que 
o homem se tornou um ser mais risonho, alegre 
e feliz, já que a busca pelo prazer começa a guiar 
os seus instintos. Entretanto, esse evento está 
ligado a um contexto muito mais amplo, con-
forme destacou Cambi (199, p. 222-223):
Na origem da civilização Renascentista 
estão as grandes transformações políti-
cas, sociais e culturais que, iniciadas no 
século XIV e até mesmo antes, fazem 
sentir seus efeitos nos séculos seguintes. 
Entre essas, assumem particular relevân-
cia dois fenômenos estreitamente cone-
xos entre si. O primeiro é representado 
pela formação dos Estados nacionais na 
Europa e os regionais na Itália. O fim 
das duas grandes instituições universa-
listas medievais, o papado e o Império, 
favorece o nascimento e a sucessiva afir-
mação de algumas entidades nacionais. 
França e Inglaterra sobretudo, com a 
consequente simplificação da geografia 
política e o desaparecimento de numero-
sos potentados feudais locais, nascidos à 
sombra da política imperial e da Igreja.
Sendo assim, podemos perceber que essas mu-
danças na forma de conceber o homem também 
O Renascimento foi um momento de nossa 
história em que os valores oriundos da 
cultura Ocidental grega e romana come-
çaram a ser resgatados pelos pensadores 
e artistas italianos.
foram sentidas na política, uma área de grande 
importância na formação da sociedade moderna. 
Em suma, o Renascimento mexeu, de forma sig-
nificativa, com as estruturas morais europeias.
Nesse contexto, a cultura gastronômica 
também não poderia passar ilesa a essas trans-
formações, conforme podemos observar:
As cidades italianas da Renascença ge-
raram a ruptura decisiva dos padrões 
gastronômicos medievais. Nessa so-
ciedade urbana, dava-se menos ênfase 
à ostentação em favor da elaboração 
qualitativa, modelo que se difundia em 
todas as cortes europeias. A profusão de 
alimentos que caracterizara os banque-
tes da Idade Média cedia lugar à concep-
ção mais refinada dos prazeres da mesa 
(FRANCO, 2010, p. 151).
17G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Monalisa (Gioconda) de Leonardo da Vinci. Uma das obras que se tornou um ícone do Renascimento.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Dando continuidade a nossa discussão, primei-
ramente, é preciso deixar claro, estimado(a) alu-
no(a), que antes do advento do Renascimento, a 
Igreja Católica era a instituição mais bem orga-
nizada na Europa e que sua forma de interpretar 
o mundo foi imposta como um dogma. Nesses 
termos, o Renascimento representou um grande 
abalo ao predomínio mental dessa instituição, 
pois a liberdade de pensamento passou a ser 
vista como algo inerente ao “novo homem”.
Um dos pontos fundamentais desse perí-
odo foi a emergência de uma classe social que, 
ao contrário dos aristocratas feudais, tinham a 
sua riqueza oriunda das atividades comerciais. 
Essas atividades, somadas a uma nova men-
talidade urbana que insurgia nesse contexto, 
foi também um dos fatores mais importan-
tes à consolidação do Renascimento. Segundo 
Manoel (2011, p. 79):
No plano da vida material, o fortaleci-
mento da burguesia, a descoberta de 
novas terras e a ampliação da explo-
ração capitalista, naquele momento 
configurada na política mercantilista, 
iniciaram a demolição da sociedade 
feudal. No âmbito da crença, a Reforma 
Protestante abalou seriamente o mo-
nopólio religioso da Igreja Católica, 
obrigando-a a convocar o Concílio de 
Trento (1545-1563), durante o qual foi 
instituída a Contra-Reforma, ficando a 
Companhia de Jesus, fundada em 1540, 
encarregada de elaborar um método pe-
dagógico para fazer a Contra-Reforma 
por meio da educação.
Para que você possa melhor compreender a 
citação acima, vamos destacar alguns pontos 
essenciais. Primeiramente, do ponto de vista 
econômico e social, o período ao qual se en-
caixa o Renascimento assistiu a uma grande 
mudança. Aquele modelo de sociedade, baseada 
nos privilégios feudais, no direito de posse do 
feudo, em que o trabalho era apenas destinado 
àqueles seres “inferiores e mal nascidos”, foi 
gradativamente substituído por um modelo 
embasado no trabalho e na exploração das ati-
vidades mercantis. O trabalho passou a ser visto 
como um meio de ascensão social.
19G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Numa sociedade que se preocupa em explicitar as diferenças sociais por toda espécie de meios, o tipo de 
alimentação permitia estabelecer uma segregação não só entre as diferentes classes, mas também uma 
diferenciação entre cultura rural e cultura urbana. Os documentos literários constituem indicadores parti-
cularmente sensíveis do valor social atribuído aos diversos alimentos e nos permitem apreender o código 
social ao qual estes e as refeições eram investidos. Inúmeros textos nos lembram que o consumo diário de 
pão branco distinguia os citadinos das populações rurais. Estas revelavam-se mais propensas a consumir 
pão feito com uma mistura de cereais (trigo e milhete, por exemplo) ou, mais simplesmente ainda, cozendo 
os cereais e consumindo-os sob essa forma bruta. Longe de ser puramente literária, essa distinção é com-
provada também pela existência de discriminações sociais e alimentares nos espaço confinado dos nativos 
do século XV, que previam pelo menos duas mesas diferentes. Segundo o relatório de Benedetto Dei aos 
Consoli e Signori del Mare de Pisa em 1471, a escala de salários respeitava estritamente a hierarquia dos 
homens a bordo, que também se refletia nas diferenças de cardápios. Servia-se pão branco ao proprietário 
do navio e aos oficiais, enquanto o resto dos homens devia se contentar com rações de biscoitos secos.Fonte: GRIECO, Allen J. Alimentação e classes sociais no fim da Idade Média e na Renascença. In: FLANDRIN, Jean-Louis; 
MONTANARI, Massino (Org.). História da Alimentação. São Paulo: Estação Liberdade, 1998. (p. 468.)
O Calvinismo foi uma seita cristã, surgida no seio da Reforma Protestante, no século XVI, e que dentre seus 
principais valores está uma moral ligada ao trabalho honesto. Com base na teoria da Predestinação, para 
Calvino, o homem já nasce predestinado a salvação. Dentre os sinais divinos dessa escolha, está o acúmulo 
de riqueza por meio do trabalho. Dessa forma, criou-se uma moral religiosa na qual o trabalho era visto 
como uma forma de louvar e agradecer a Deus e que foi fundamental para a proliferação do capitalismo 
no mundo.
Acesse: <http://www.alunosonline.com.br/historia/calvinismo-protestantismo-joao-calvino.html>. Acesso em 14 dez. 2014.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
No campo religioso, conforme foi destacado por 
Manoel (2011), a Reforma Protestante acabou 
por quebrar o monopólio do cristianismo que 
a Igreja Católica possuía. Além disso, com o ad-
vento da religião calvinista, o trabalho passou a 
ser visto como dom divino e como uma maneira 
de se aproximar de Deus. Sendo assim, essa nova 
mentalidade, que se difunde com essas trans-
formações, vai, aos poucos, originando novos 
valores, que serão importantes para a formação 
da mentalidade moderna Ocidental. Outro ele-
mento que vem no bojo do Renascimento é o 
Humanismo, que, segundo o autor, embora não 
negue a existência de Deus, coloca o homem em 
um plano superior da vida mundana. Ou seja, 
o mundo espiritual pertence a Deus, mas aqui 
na Terra o homem foi colocado para ser feliz.
O Humanismo foi uma violenta reação 
ao modo de pensar, de educar, de se ex-
primir, e, podemos mesmo afirmar, foi 
uma reação à maneira de viver da Idade 
Média. As novas ideias renascentistas 
não se limitaram a recuperar os pensa-
dores da Antiguidade, mas chegaram 
a estabelecer uma espécie de tribunal 
epistemológico. Se, antes, o que valia era 
o saber referente a Deus e à salvação da 
alma, as novas realidades concretas e 
intelectuais do Renascimento, e da Era 
Moderna em geral, estabeleceram que o 
homem era o centro das preocupações do 
próprio homem (MANOEL, 2011, p. 79).
Eu gostaria que você, aluno(a), refletisse sobre a 
citação acima com base no exemplo que lhe darei. 
Vamos raciocinar da seguinte maneira: segundo 
a teoria bíblica, o homem foi criado a imagem e 
semelhança de Deus. Dessa forma, não há nada 
sobre a Terra semelhante ao homem, nem em 
espírito, nem com a capacidade de raciocínio. 
Já que somos a mais perfeita obra de Deus e se 
Ele nos deu a capacidade de pensar, agir, racio-
cinar, ter prazer, criar, inventar, sorrir, seria um 
desrespeito a Deus caso não usássemos esses 
dons e talentos. Assim, o Humanismo coloca 
o homem no centro das ações. Tudo que se faz 
aqui na Terra, em primeiro lugar, deve se levar 
em conta o prazer mundano. Deus, contudo, 
continuou, como citado anteriormente, sendo 
visto como a força criadora do universo. Em 
linhas gerais, essa foi a essência do Humanismo.
Portanto, o Renascimento Cultural, que se 
iniciou na Península Itálica no século XIV e se 
difundiu pela Europa nos séculos seguintes, não 
foi apenas um evento do qual emergiram inú-
meros artistas e pensadores. Foi um momento 
que fez surgir um novo homem, que passou a 
integrar essa sociedade com novos valores, com 
novos pontos de vista acerca da sua própria 
existência. Todas essas transformações foram 
importantes para moldar a sociedade Ocidental, 
criando costumes e práticas culturais que são 
vistas até hoje.
No contexto de transformações causadas 
pelo Renascimento, as cidades que mais tive-
ram destaque nesse período foram as italia-
nas Gênova e Veneza. Nessa região, em razão 
21G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
do desenvolvimento econômico, surgiu uma 
classe abastada que passou a refinar seus modos, 
inclusive, o próprio paladar. Seus costumes 
rapidamente se difundiram pela Europa, 
passando a influenciar outros países. Podemos, 
assim, destacar:
Ao mesmo tempo, ingredientes e pratos 
de terras distantes começaram a aparecer 
nas mesas. Em meados do século XVI, 
a variedade e abundância de alimen-
tos em Paris e nas capitais de provín-
cias francesas causavam admiração aos 
estrangeiros.
(...)
No final da Idade Média, numerosas 
tavernas e albergues surgiram nos ar-
redores de Paris. A partir desse sistema 
hoteleiro incipiente, desenvolveu-se, na 
área urbana, um tipo de estabelecimento 
que oferecia comida e bebida em mesas 
postas com toalhas e talheres. O guarda-
napo, utilizado já na antiguidade pelos 
romanos, só apareceu no século XVI. Sua 
função era, até então, preenchida pela 
borda da toalha (FRANCO, 2010, 161).
Pode ser observado, na citação acima, que o 
Renascimento provocou uma evolução dos cos-
tumes e, também, de uma cultura alimentar 
diferente, muito em função do tipo de sociedade 
que emergia por toda Europa. Não apenas a cul-
tura alimentar fora modificada, mas os próprios 
usos e costumes com relação aos instrumentos 
para se alimentar.
Mesmo no início da Renascença, os 
talheres eram frequentemente dese-
nhados para serem levados no bolso, 
pois nem sempre os anfitriões dispu-
nham de talheres para seus convida-
dos. Somente no final do século XVII, 
surgem faqueiros contendo colheres, 
facas e garfos. Mais tarde, a aristocracia 
começaria a acumular talheres de esta-
nho, de prata e de ouro. Até o século 
XVIII estojos de talheres individuais 
constituirão um símbolo de distinção 
e presente muito apreciado (FRANCO, 
2010, p. 163).
Em suma, o Renascimento representou uma 
mudança mais do ponto de vista da atitude do 
homem frente à vida que ele levava. Os valores 
medievais foram, aos poucos, sendo substituí-
dos pelos valores de uma sociedade em que o ser 
humano era cada vez mais o centro do universo 
e tudo isso alterou profundamente a relação dele 
com a forma de se alimentar.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
23G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Os “Aplicativos”que Formaram a
Civilização Ocidental
Prezado(a) aluno(a), atualmente, a palavra “aplicativo” tem se 
tornado muito comum, em razão das novas tecnologias que foram 
criadas nos últimos anos. Essa palavra, hoje, tornou-se uma expres-
são que nos remete à ideia de algo que foi criado para solucionar 
um determinado problema, melhorar um determinado produto, 
acelerar uma função, enfim, basta aparecer uma nova moda e já 
nos vem a ideia de “baixar” o aplicativo. Foi baseando-se nesses 
pressupostos que o historiador britânico Niall Ferguson (2012) 
desenvolveu a ideia de que o Ocidente conseguiu se sobressair 
como modelo de civilização ideal, em razão de sua capacidade de 
ter criado “aplicativos” que foram mais baixados pelas pessoas ao 
redor do globo terrestre. O termo aplicativo, para denominar tais 
transformações, inclusive, fora cunhado por esse autor.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Lembra-se da introdução desta unidade, 
quando mencionamos que, se você tivesse a ca-
pacidade de criar uma máquina do tempo e retor-
nar à Europa do século XV, seria difícil acreditar 
que o mais bem-sucedido modelo de civilização 
emergiu daquele lugar? Você iria se deparar com 
a potência do Império Turco Otomano, que já 
havia dominado, praticamente, toda a Europa 
Oriental, além de se impressionar com o es-
plendor do Império Chinês. Entretanto, cabem 
as perguntas: o que fez o Ocidente se tornar 
tudo isso em tão pouco tempo? Quais fatores 
contribuíram para a ocidentalização do mundo? 
Segundo o historiador Niall Ferguson (2012), o 
que colocou o paradigma civilizatório Ocidental 
na dianteira do mundo na Era Moderna foram 
os aplicativos criados pelos ocidentais. Isso 
mesmo que você leu! Paraesse historiador, se 
Ásia, Europa e África fossem um tablet, os aplica-
tivos criados pelos europeus teriam sido os mais 
“baixados” e isso fez toda a diferença.
Niall Ferguson (2012) enumera seis “apli-
cativos”, que são: a competição, a ciência, a pro-
priedade, a medicina, o consumo e o trabalho. 
Não será o nosso objetivo principal detalhar 
cada um desses aplicativos, entretanto, em 
linhas gerais, buscaremos apresentar a você, 
aluno(a) de gastronomia da Unicesumar, dois 
pontos que acreditamos ser essenciais à nossa 
formação, que são a competição e o consumo, 
pois, queira ou não, eles estão presentes em 
nosso dia a dia.
Primeiramente, gostaria de mostrar a você a 
importância da competição. Você já pensou a 
razão pela qual está fazendo um curso supe-
rior? Sabemos que muitas pessoas já possuem 
alguma formação profissional, seja de âmbito 
técnico ou mesmo universitário. Embora sai-
bamos que muitos dos alunos que decidiram 
cursar Gastronomia na modalidade a distân-
cia já possuem uma graduação, é importante 
considerar que grande parcela de nossos alunos 
estão entrando pela primeira vez no mundo 
universitário. Sendo assim, a pergunta será 
refeita: qual a razão de você ter optado por 
um curso superior? A resposta é bem simples, 
porém necessita de uma reflexão importante. 
A razão pela qual você optou por cursar uma 
faculdade é que, com essa graduação, melhores e 
maiores oportunidades de trabalho, bem como 
de sucesso profissional irão aparecer.
“Não há nada de importante na vida, 
exceto a sua competência no seu traba-
lho. Nada. Só isso. Tudo o mais que você 
for vem disso. É a única medida do valor 
humano. (...). O código da competência é 
o único sistema moral baseado no padrão 
ouro” (AYN RAND. A Revolta da Atlas).
25G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
As palavras inveja e cobiça, quando as ouvi-
mos, quase sempre nos causam ojeriza, indepen-
dente do contexto em que elas estão inseridas. 
Entretanto, quando elas são colocadas na prática 
no mundo comercial, elas podem ser o grande 
motor do desenvolvimento das sociedades. Em 
suma, inveja e cobiça são os motores da compe-
tição. Quando você estiver trabalhando, desem-
penhando as suas funções como profissional da 
gastronomia, certamente objetivará ser o melhor 
de todos. Ninguém entra em campo para perder. 
Você gostará de ser reconhecido como aquele que 
faz o melhor molho, o melhor tempero, enfim, 
tudo isso fará com que você se dedique ainda 
mais e que se aperfeiçoe para que seu desem-
penho atraia uma clientela bastante qualificada. 
Contudo, infelizmente, muitas pessoas interpre-
tam que, para ser melhor do que o outro, não é 
preciso melhorar, mas sim sabotar o concorrente. 
Nada mais ruim do que isso!
Adam Smith (1723-
1790), o pai do libe-
ralismo econômico.
Ninguém melhor do que o filó-
sofo Adam Smith (1723-1790) 
soube entender perfeitamente a 
cobiça como motor da competição. 
Em sua obra mais famosa, a Riqueza 
das Nações, publicada originalmente em 1776, 
mostrou como a competição, motivada pelos in-
teresses pessoais, seria capaz de fornecer a todas 
as pessoas produtos de excelente qualidade e por 
bons preços. Faça um teste! Caminhe pela sua 
cidade e observe como nosso comércio é variado. 
Vamos observar a quantidade de produtos que 
existem e por preços variados. Tudo isso devido 
à “ganância” do comerciante que, 
para obter mais lucros, buscará 
oferecer os melhores produtos, 
com o melhor custo benefício.
Adam Smith (1999) uti-
lizou um exemplo muito per-
tinente para ilustrar como a 
competição é necessária e benéfica 
às pessoas. Ele afirmou que o seu jantar 
somente seria possível pelo interesse pessoal 
do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro, não 
pela benevolência deles. Ou seja, nas próprias 
palavras de Smith, se alguém deseja acordar de 
manhã e comer um pão bem fresquinho, com 
uma casquinha bem crocante, basta ir direto à 
padaria mais próxima de casa. Contudo, precisa-
mos compreender que a razão pela qual homens e 
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
mulheres passaram a noite trabalhando para esse 
desejo ser atendido não está relacionada apenas a 
uma questão sentimental, mas sim com o desejo 
que eles possuem de que aquela pessoa se torne 
um cliente fiel, consumindo os produtos dessa 
padaria com bastante frequência, o que possibili-
ta a esse estabelecimento crescimento comercial, 
qualitativo e, sobretudo, financeiro. Sabemos 
que muitas pessoas trabalham por paixão e de-
senvolvem produtos maravilhosos pelo simples 
prazer do trabalho, mas, em regra, o que ocorre 
no mercado é uma intensa competição.
E se, por acaso, abrisse outro estabelecimen-
to como esse, com um pão muito melhor e com 
preço mais acessível? Podemos destacar, nesse 
caso hipotético, duas opções: ou o primeiro es-
tabelecimento fecha as portas, encerrando suas 
atividades, ou usaria a competição para aprimo-
rar seus produtos, fidelizando ainda mais seus 
clientes. E foi isso que, segundo Niall Ferguson 
(2012), fez com que o Ocidente se sobressaísse 
ao Oriente.
Tanto China quanto o Império Otomano, 
no século XV, atingiram seu apogeu. Entretanto, 
em razão da dimensão territorial desses impé-
rios, a capacidade de se sentirem ameaçados 
diminuiu. Dessa forma, eles passaram por um 
período de acomodação, não percebendo a ne-
cessidade de inovarem suas tecnologias. Para 
justificar essa afirmação, com relação a China, 
Ferguson (2012, p. 47) compara dois rios, o 
Yangtze, na China, e o Tâmisa, na Inglaterra:
O Yangtze era parte de um vasto com-
plexo de canais que ligava Nanquim a 
Pequim, mais de 800 quilômetros para 
o norte, e a Hancheu, ao sul. No centro 
desse sistema, estava o Grande Canal, 
que, em sua máxima extensão, tinha 
mais de 1000 quilômetros. Datando do 
século VII a.C., com comportas intro-
duzidas no século X d.C. e belíssimas 
pontes como a Baodai, cheia de arcos, o 
Canal foi significativamente restaurado 
e aprimorado durante o reinado do im-
perador Yongle (1402-24), da dinastia 
Ming. Quando o engenheiro responsável, 
Bai Ying, terminou de represar e desviar 
o fluxo do rio Amarelo, foi possível trans-
portar cerca de 12 mil carregamentos de 
grãos pelo Canal a cada ano.
Vamos observar a comparação feita pelo autor 
com o rio Tâmisa:
Em comparação ao Yangtze, o Tâmisa, 
no início do século XV era um verda-
deiro fim de mundo. Londres era um 
porto movimentado, é verdade; o prin-
cipal centro de comércio inglês com o 
continente. O mais famoso prefeito da 
cidade, Richard Whittington, era um 
importante comerciante de seda que 
fizera fortuna com a exploração de lã, 
em notável crescimento na Inglaterra. 
E a indústria de construção naval da 
capital inglesa era impulsionada pela 
necessidade de transportar homens e 
suprimentos para as recorrentes campa-
nhas da Inglaterra contra a França. Em 
Shadwell e Ratcliffe, os navios podiam 
ser rebocados em ancoradouros para ser 
reabastecidos. E havia, é claro, a Torre de 
Londres, mais sinistra do que proibida 
(FERGUSON, 2012, p. 48).
27G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Como foi possível perceber, eram situações bas-
tante distintas. De um lado, um esplendoroso 
império Chinês que transportava centenas de 
toneladas de grãos por ano e, do outro, um país 
em que sua maior preocupação era transportar 
homens para uma batalha que, naquele contex-
to, parecia sem fim contra a rival França. 
A Guerra dos 100 Anos (1337-1453), que 
envolveu França e Inglaterra na Baixa 
Idade Média, foi um evento que retardou 
o processo de unificação política desses 
Estados. Houve um prejuízo humano muito 
grande, além de ter enfraquecido finan-
ceiramente esses países, que acabaram 
demorando muito para se expandir, em 
comparação a Portugal e Espanha.
Para conhecer mais sobre esse assunto acesse: 
<http://mundoestranho.abril.com.br/materia/o-
-que-foi-a-guerra-dos-cem-anos>.Acesso em: 
14 dez. 2014.
Em suma, prossegue o autor:
Para os padrões do século XV, a China era 
um lugar relativamente agradável de se 
viver. A rígida ordem feudal estabelecida 
no início da dinastia Ming estava sendo 
afrouxada com o florescimento do co-
mércio interno. Quem visita Suzhou 
hoje em dia ainda pode ver os frutos 
arquitetônicos daquela prosperidade 
nos canais arborizados e nas calçadas 
elegantes do velho centro da cidade 
(FERGUSON, 2012, p. 49).
Esses exemplos, prezado(a) aluno(a), foram 
para ilustrar como a acomodação de alguém – 
nesse caso, de um país – pode o levar à ruína. 
A Europa era um emaranhado de reinos que, 
pouco a pouco, foi conquistando sua soberania. 
Em razão dos limites territoriais reduzidos, eles 
tiveram de ser extremamente eficientes naquilo 
que se propuseram a fazer, já que qualquer des-
lize poderia significar a perda de uma posição 
para o país vizinho.
Foi justamente essa competição que fez um 
pequeno reino, situado a Oeste do continente 
Europeu, denominado Portugal, lançar-se no 
desconhecido Oceano Atlântico em busca da 
tão cobiçada rota de especiarias indianas, fato 
esse que alterou profundamente a história da 
humanidade. Portugal queria ser o primeiro e 
realmente foi. Outros países, para não ficarem 
para trás, resolveram se lançar nessa disputa e 
as consequências foram inúmeras. A principal 
delas foi que os países europeus fizeram desse 
continente um local onde a competitividade 
estava mais avançada e, em decorrência disso, 
acabaram tomando a dianteira das transforma-
ções e inovações tecnológicas. Essa explicação 
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
está na própria geografia da região:
Podemos encontrar a resposta obser-
vando os mapas da Europa medieval, 
que mostram literalmente centenas de 
Estados concorrentes, dos reinos da 
costa Ocidental às muitas cidades-esta-
dos situadas entre o Báltico e o Adriático, 
de Lübeck a Veneza. Havia aproximada-
mente mil cidades na Europa do século 
XIV; e ainda cerca de 500 unidades mais 
ou menos independentes 200 anos mais 
tarde (FERGUNSON, 2012, p. 63).
Essa fragmentação fez com que essas cidades-
-estados competissem entre si. Conforme já 
foi dito, a competição foi a mola propulsora 
que impulsionou o Ocidente para a dianteira 
do mundo. Em suma, podemos concluir com as 
palavras de Ferguson (2012, p. 65) que:
A fragmentação política que caracterizou 
a Europa impossibilitou a criação de qual-
quer coisa que lembrasse remotamente 
o império Chinês. Também incentivou 
os europeus a procurar oportunidades 
– econômicas, geopolíticas e religio-
sas – em terras distantes. Você poderia 
dizer que se tratou de dividir e governar 
– exceto que, paradoxalmente, foi divi-
dindo a si mesmos que os europeus con-
seguiram governar o mundo. Na Europa, 
o pequeno era belo porque significava 
competição – e competição não só entre 
Estados, mas também no interior destes.
Como você já percebeu, a competição é a mola pro-
pulsora do capitalismo. Sem a competição, não te-
ríamos roupas, calçados, telefones, computadores, 
nem comida. Entretanto, tudo isso pode ser reme-
tido à ideia do consumo, que é o outro “aplicativo” 
que caracteriza a sociedade Ocidental, conforme 
já destacamos. Entretanto, como tudo na vida, 
sempre há dois pontos de vista.
A competição, bem como a necessidade de 
as empresas maximizarem os lucros, do ponto 
de vista da cultura alimentar, foi o que criou um 
formato de alimentação, o qual, praticamente, 
foi a marca principal do século XX: a empresa 
McDonalds. Segundo Franco (2010, p. 243),
no afã de maximizar o lucro, a 
McDonaldização dissimula um dos 
seus artifícios mais eficazes: substituir a 
maior parte possível do trabalho assala-
riado pelo trabalho da própria clientela. 
Para tanto, as empresas devem conven-
cer os clientes de que tudo é feito para 
oferecer-lhes serviços mais eficientes. 
Na verdade, à medida que a sociedade 
se McDonaldiza, todos gastamos mais 
tempo fazendo fila e executando tarefas 
não remuneradas para um número cres-
cente de empresas.
Isso, segundo o autor, está em todos os ramos 
da vida civil, pois o termo McDonaldização já se 
tornou um paradigma de produção e maximização 
dos lucros, pois vemos isso em bancos, em call cen-
ters e vários outros estabelecimentos comerciais. 
Assim como Taylor, Ford e Toyota, o Mcdonald’s 
também poderá ser elevado à categoria como 
modelo produtivo a ser seguido. Entretanto, esse 
é um outro debate!
29G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Parece que o exercício da viagem no tempo é 
um meio bastante didático de pensar a história. 
Da mesma maneira, se viajarmos uns 150 anos 
no tempo passado, observando qual o tipo de 
roupa que as pessoas vestiam nos diferentes 
continentes, bem como os utensílios utilizados 
por elas, perceberíamos o quão diferente eram 
as populações em seus usos e costumes. É jus-
tamente essa impressão que ficou no álbum 
de fotografias que Albert Kahn resolveu criar.
Em 1909, inspirado por uma visita ao 
Japão, o banqueiro e filantropo fran-
co-judeu Albert Kahn resolveu criar 
um álbum de fotografias coloridas de 
pessoas de todas as partes do mundo. 
O objetivo, segundo Kahn, era “fazer 
uma espécie de inventário fotográfico da 
superfície do globo habitada e desenvol-
vida pelo homem no início do século XX”. 
Criadas com o recém-inventado processo 
de autocromo, as 72 mil fotografias e 
100 horas de filmagem nos “arquivos 
do planeta” de Kahn mostram uma va-
riedade impressionante de trajes e cos-
tumes de mais de 50 países diferentes: 
camponeses miseráveis no Gaeltacht, 
recrutas desgrenhados na Bulgária, líde-
res hostis na Arábia, guerreiros comple-
tamente nus em Daomé, marajás cheios 
de adornos na Índia, sacerdotisas sedu-
toras na Indochina e caubóis de aparên-
cia estranhamente impassível no Velho 
Oeste americano. Naquele tempo, o que 
parece espantoso atualmente, éramos 
o que vestíamos (FERGUSON, 2012, 
p. 235-236).
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Pois bem, prezado(a) aluno(a), imagine você 
saindo agora de sua residência com destino a 
dar uma volta ao mundo. A possibilidade de 
você ficar espantado com a forma das pessoas 
se vestirem em locais muito distantes ainda é 
grande, mas, certamente, a quantidade de locais 
que lhe proporcionará tal espanto foi bastante 
reduzida, em comparação ao período em que 
Kanh fez o seu inventário imagético. Se, por 
acaso, for visitar as mesmas regiões onde esse 
banqueiro esteve, as chances de você se deparar 
com as mesmas situações são remotas. A que se 
deve isso? A evolução da ciência e da tecnologia? 
Sim, são dois fatores importantes, mas todos 
eles devem ser colocados a serviço do consu-
mo, pois foi esse um dos principais fatores da 
ocidentalização do mundo.
Em linhas gerais, podemos afirmar que, 
em qualquer canto do mundo que visitar, di-
ficilmente não encontrará uma calça jeans, um 
restaurante de fast food, uma pessoa usando 
tênis, telefonando com seu celular, divertindo-
-se com seus smartphones, ou, simplesmente, 
deslocando-se de um lado para o outro com um 
automóvel. Isso é um fenômeno recente e que 
merece muita discussão e questionamentos para 
entender a razão de tudo isso.
O que há em nossas roupas que parece 
ser irresistível aos outros povos? Vestir-se 
como nós significa querer ser como nós? 
Claramente, não se trata só de roupas. 
Trata-se de abraçar toda uma cultura 
popular que passa pela música e pelo 
cinema, sem falar dos refrigerantes e da 
fast food. Essa cultura popular contém 
uma mensagem sutil. Diz respeito a li-
berdade – o direito de se vestir ou beber 
ou comer como você quiser (mesmo que 
isso signifique ser como todos os demais). 
Diz respeito à democracia – porque só 
os produtos de consumo que realmen-
te agradam as pessoas são produzidos 
(FERGUSON, 2012, p. 237).
31G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Emborapercebemos que muitas dessas transformações ocorreram na segunda metade do 
século XX, isso é fruto de um modelo de sociedade denominado american way of life. O 
estilo de vida americano, conhecido como american way of life, surgiu no início do século 
XX e teve seu auge nos anos de 1920, nos Estados Unidos. A intensa transformação eco-
nômica e tecnológica que esse país vinha sofrendo desde o fim da Guerra de Secessão 
(1861-1865) proporcionou o desenvolvimento econômico e, como consequência, a vida 
das pessoas melhorou muito. Com uma indústria voltada aos trabalhos domésticos e ao 
entretenimento, logo os EUA se tornou um modelo ideal de sociedade. Os imigrantes 
que chegavam aos Estados Unidos não tinham outra escolha a não ser se adaptar a 
esse estilo de vida. Em linhas gerais, a liberdade adquirida pelas mulheres, os padrões 
sociais mais flexíveis do que os da Europa, a maneira de se vestir, de se comportar, as 
mais diversas formas de se divertir, comer, beber, etc. tudo isso ficou conhecido como 
american way of life.
Trocando em miúdos, o modelo de vida 
Ocidental, intimamente ligado ao vestuário, foi 
o meio mais democrático, no que diz respeito a 
atender aos anseios da população, já que nin-
guém vai até sua casa com uma calça jeans e o 
obriga a vestir. Da mesma maneira que ninguém 
vai até você e lhe força a utilizar um tênis. Nós 
utilizamos essas vestimentas porque elas são 
mais confortáveis e simples. O tênis, bem como 
a calça jeans – só para utilizar dois exemplos bá-
sicos – somente são produzidos em larga escala, 
em diferentes tonalidades de cores e tamanhos, 
além de preço, porque os próprios consumidores 
assim o desejam. Dessa forma, prevalece o velho 
brocardo: “o cliente sempre tem razão”.
O consumismo é um fenômeno que veio 
para ficar. Nem as sociedades anticapitalistas, 
principalmente aquelas oriundas da doutrina 
marxista, foram capaz de resistir a esse modo 
de vida. O consumo é eficiente porque ele é 
sedutor, não é preciso impor nada a força, basta 
fazer com que as pessoas sintam vontade em 
consumir determinado produto e pronto. 
Não é necessária qualquer ação violenta. Ao 
mesmo tempo em que a sociedade de consumo 
se propôs democrática, pois visava fornecer às 
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
pessoas uma grande variedade daquilo que elas 
queriam consumir, esse modelo acabou por ho-
mogeneizar a forma de se vestir, de comer, ou 
seja, criou um paradoxo (FERGUSON, 2012).
Foi justamente essa sociedade de consumo, 
bem como a revolução da produtividade do século 
XX, que acabou por diminuir a diferença aparente 
entre ricos e pobres. O paradigma taylorista de 
produtividade proporcionou ao industrial produzir 
mais com menores custos, podendo repassar essa 
economia no preço final da mercadoria, fazendo 
com que as pessoas tivessem um acesso cada vez 
maior a produtos mais baratos. Segundo Silveira, 
Carvalho e Alexandre (2010, p. 89), “através da 
Revolução da Produtividade, gerada com base nas 
experiências de Taylor, é que foi possível a mul-
tiplicação de bens, riqueza e a melhoria real nas 
condições de vida dos trabalhadores”.
A sociedade de consumo é tão forte que até 
mesmo nos movimentos ditos revolucionários, 
que levantam bandeiras contra o capitalismo, 
é possível ver jovens com seus iPhones, iPads, 
vestindo roupas de marcas da moda, bem como 
fazendo um lanchinho em alguma rede de fast 
food famosa. Essa imagem é comum em todos os 
cantos do mundo, não apenas restrita ao mundo 
Ocidental. Isso é a prova mais concreta de que o 
consumo foi um aplicativo que deu certo!
Toda essa cultura do consumismo se tornou 
evidente logo após a Segunda Guerra Mundial 
(1939-1945). A primeira metade do século XX 
foi bastante complicada, principalmente para a 
Europa, em função da Primeira Guerra (1914-
1918), além dos regimes totalitários de orientação 
socialista que dominaram países como Alemanha, 
Itália e a União Soviética. Tudo isso limitou demais 
o acesso das pessoas e dos empreendedores ao 
crédito. Crédito esse que foi, digamos, mais farto 
a partir da década de 1950. Isso afetou profun-
damente a economia, já que, com a facilidade de 
se emprestar dinheiro, as empresas passaram a 
produzir mais e as pessoas, como agora podiam 
pagar os produtos parcelados, também puderam 
adquirir produtos sem a necessidade de dinheiro 
à vista. Isso jamais havia acontecido!
Os pais dos baby boomers foram a pri-
meira geração a ter acesso significativo 
ao crédito ao consumidor. Eles compra-
ram sua casa a prazo, seu carro a prazo 
e seus eletrodomésticos – geladeiras, 
aparelhos de TV e máquinas de lavar 
roupa – a prazo. Em 1930, quando veio 
a Depressão, mais da metade dos lares 
norte-americanos tinha eletricidade, um 
automóvel e uma geladeira. Em 1960, 
cerca de 80% dos norte-americanos 
tinha não só essas conveniências, como 
também telefone. E a velocidade com 
que os novos bens de consumo duráveis 
se difundiam continuou aumentando. 
A Máquina de lavar foi inventada antes 
da Depressão, em 1926. Em 1965, 39 
anos mais tarde, metade dos lares tinha 
uma. O ar condicionado foi inventado 
em 1945. Passou da marca dos 50% 
em 1974, 29 anos depois. A secadora 
de roupas apareceu em 1949, e 23 anos 
depois estava em mais da metade dos 
lares (FERGUNSON, 2012, p. 278-279).
33G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Frederick Winslow Taylor, conhecido como o pai da organização científica do trabalho, 
nasceu na Filadélfia, EUA, em 1856. Pertenceu a uma família de classe média, o que lhe 
propiciou uma boa formação escolar. Autor do livro Princípios da Administração Científica, 
Taylor conseguiu implantar um processo produtivo que revolucionou a indústria. Por 
meio de seus estudos, ele conseguiu fazer com que funcionários tivessem maior pro-
dutividade dentro das empresas, evitando o desperdício e fazendo com que toda essa 
economia fosse repassada ao produto final, barateando as mercadorias e permitindo 
que mais pessoas tivessem acesso a elas.
Fonte: SILVEIRA, Itamar Flávio; CARVALHO, Suelem Halim Nardo de; ALEXANDRE, Luís Fernando Pessoa. O 
Taylorismo e a Questão do trabalho na contemporaneidade. In: SILVA, Moacir José da; SILVEIRA, Itamar Flávio. 
História Econômica Moderna e Contemporânea. Maringá: EDUEM, 2010. p. 85-104 (Com adaptações).
Isso é apenas para mostrar um pouco das trans-
formações que o incentivo ao consumo pro-
vocou na sociedade. No que diz respeito aos 
países desenvolvidos, como os Estados Unidos, 
Canadá, Japão e outros da Europa, esse fenô-
meno do consumismo foi algo experimentado 
logo após a Segunda Guerra, entretanto, nos 
países emergentes, esse consumismo somente 
fora transformado em um estilo de vida mais 
recentemente, e isso pode ser visto principal-
mente aqui no Brasil.
Sendo assim, a sociedade de consumo, bem 
como a competição, é um dos principais pilares da 
civilização Ocidental. Foram esses aplicativos que 
colocaram o Ocidente na condição de vanguarda 
das inovações e transformações, que mudaram cul-
turas, usos, costumes, além de proporcionar muito 
desenvolvimento e conforto em nossas vidas.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
35G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
A Globalização
e a Difusão do Modelo de
Civilização Ocidental
Quando, em 1492, Cristóvão Colombo desembarcou aqui na 
América, um dos grandes objetivos de sua missão era cristianizar 
os povos “das índias”, pois, como sabemos, seu objetivo principal 
era o de atingir o Continente Asiático, partindo do Ocidente, rumo 
ao Oriente. Embora seu projeto de descobrir uma rota alternativa às 
Índias não tenha surtido efeito, a missão de cristianizar os nativos 
foi cumprida com êxito. Entretanto, isso não se deve a Colombo, 
mas, em grande parte, a atuação dos jesuítas a partir do século XVI.
A expressão globalização é utilizada para definir o processo de in-
teraçãocomercial e cultural que o mundo vem sofrendo nos últimos 
séculos, principalmente após o advento das Grandes Navegações, 
iniciadas pelos portugueses no século XV (SILVA; ALEXANDRE; 
ROCHA, 2010). Vale lembrar que a interação comercial e cultural 
entre os povos é bem antiga, pois, desde a antiguidade, os relatos 
mostram que essa interação era presente. No entanto, essa globa-
lização na velocidade que conhecemos hoje somente foi possível 
com o advento da comunicação em massa. Sendo assim, cabe a 
seguinte indagação: o que temos é um processo de globalização 
ou de massificação? Embora deixaremos a resposta por sua conta, 
vamos expor aqui alguns pontos para refletirmos sobre o assunto.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Sem dúvida alguma, um dos instrumen-
tos mais eficientes para a divulgação da cultu-
ra Ocidental foram os meios de comunicação 
de massa. Inclusive, o rádio, a TV, a Internet, 
além da prensa de Gutemberg, são produtos 
do Ocidente. Nada mais justo utilizá-los para 
a difusão de sua cultura. Entretanto, o acesso 
a esses meios de comunicação somente se in-
tensificou a partir da segunda Guerra Mundial.
Prezado(a) aluno(a), qual é o principal 
objeto que podemos destacar como símbolo 
da Ocidentalização do mundo? Certamente que, 
se você pensou Coca-Cola, a resposta está cor-
reta. Mas, para ampliar nossa discussão, qual o 
outro símbolo do Ocidente presente em todos 
os cantos do mundo? Acertou quem pensou na 
simples e confortável calça jeans. Esse ícone do 
mundo Ocidental tem uma presença global em 
razão de dois elementos essenciais do século XX: 
o cinema e a publicidade.
Começou quando o jovem John Wayne 
trocou as elaboradas chaparreiras de 
couro com franja dos primeiros filmes 
de caubói pelo jeans comum que usou 
em "No tempo das diligências" (1939). 
Então vieram o jeans e a jaqueta de couro 
de Marlon Brando em "O selvagem" 
(1953), seguidos dos traje vermelho 
(jaqueta), azul (jeans) e branco (cami-
seta) de James Dean em "Juventude 
transviada" (1955) e do jeans negro 
de Elvis Presley em "O prisioneiro do 
rock and roll" (1957). Os publicitários 
promoveram ainda mais o novo visual 
rústico com o “homem de Marlboro”, o 
caubói que usava jeans e fumava cigarro, 
concebido pelo executivo de publicida-
de Burnett, em 1954. Marilyn Monroe 
também foi uma das primeiras a adotar 
o jeans (FERGUNSON, 2012, p. 282).
Como foi possível observar, o cinema e a pu-
blicidade foram as duas grandes ferramentas 
que estimularam a ocidentalização do mundo. 
Vale lembrar que o estilo de vida transmiti-
do pela mídia, em geral, fazia uma associação 
entre o jeans e a liberdade. Acredito que todos 
os alunos que já passaram dos trinta anos de 
idade devem se lembrar da propaganda dos 
cigarros Marlboro e de como a imagem trans-
mitida era estimulante. A elevação do jeans 
como um ícone da cultura Ocidental foi as-
cendente. Hoje, ele está presente na vida de 
todas as classes sociais, sem exceção. Segundo 
Ferguson (2012, 182-183):
Começou nos traseiros de peões e presidi-
ários; foi obrigatório para os trabalhadores 
da defesa civil durante a guerra; passou 
aos grupos de ciclistas nos anos pós-guer-
ra; foi adotado pelos estudantes de West 
Coast e então da Ivy League; graduou-se 
para “conquistar” escritores, cantores de 
música folk e grupos pop nos anos 1960; e 
acabou sendo usado em público por todos 
os presidentes depois de Richard Nixon.
Sem dúvida alguma, o jeans, assim como a Coca-
Cola, são as principais marcas que atestam a 
37G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Os meios de comunicação foram indis-
pensáveis para evolução da humanidade. 
A prensa de Gutemberg, desenvolvida no 
renascimento, representou um grande 
salto no que diz respeito à comunicação. 
Com o Iluminismo, a difusão de ideias 
por meio dos livros impressos também 
foi de grande importância, principalmente 
em razão do movimento enciclopedista, 
que tinha como objetivo aglutinar todo 
conhecimento humano, para que fossem 
passados para novas gerações. No século 
XIX, tivemos a invenção do telégrafo, do 
telefone, mais tarde, tivemos o rádio, a 
televisão, até que pudéssemos chegar a 
Era da comunicação via Internet.
Confira, também, alguns equipamentos desen-
volvidos para a Guerra e que fazem parte de 
nosso cotidiano: <http://www.tecmundo.com.
br/tecnologia-militar/34671-8-tecnologias-in-
ventadas-para-a-guerra-que-fazem-parte-do-
-nosso-cotidiano.htm>. Acesso em: 14 dez. 2014.
presença do modelo de vida desenvolvido no 
Ocidente por todo mundo. Esse modelo de glo-
balização, conforme já destacamos, é algo muito 
antigo. Sendo assim, é importante destacar o 
que defende Silva, Alexandre e Rocha (2010, 
p. 105):
Desde os tempos em que as nações eu-
ropeias promoveram as expansões ma-
rítimas, especialmente a partir do século 
XV, a tendência verificada nas atividades 
econômicas foi a de um alargamento de 
horizontes geográficos, culturais, políti-
cos e sociais. Corolário disso foi um, por 
assim dizer, processo de “arredondamen-
to” do mundo, vez que naqueles idos era 
concebido que a terra tinha a forma do 
tabernáculo e que sua pedra fundamen-
tal fora lançada pelos portugueses; esse 
processo alcançou uma tal complexidade 
de relações que até mesmo nos dias de 
hoje seus efeitos se fazem sentir, não 
apenas em regiões longínquas e retira-
das, mas por toda a ordem social.
Conforme destacaram os autores, como você 
pode perceber, esse processo “encurtou” as dis-
tâncias. Não é preciso ser italiano para se deliciar 
com a culinária típica desse país, tampouco será 
necessário ir até a Alemanha para degustar sua 
culinária ou os seus costumes. Enfim, quando 
se fala em cultura, com o avanço da globalização 
causado pela evolução dos meios de comunica-
ção, o modo de vida do Ocidente conseguiu se 
sobressair aos demais.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
Roberta era uma garota que adorava dançar. Devido ao seu talento nato, entrou para um grupo 
de danças típicas alemãs, pois, na cidade onde havia nascido, Rolândia, no norte do Paraná, a 
cultura germânica era muito forte. Ela sempre participava das apresentações com o seu grupo 
e isso chamava a atenção de muitas pessoas, inclusive de estrangeiros, que prestigiavam a 
apresentação do grupo em festas tradicionais.
Certo dia, o grupo do qual Roberta fazia parte foi convidado a fazer uma apresentação em uma 
cidade na Alemanha. Diante disso, Roberta se indagou: qual a razão de nós irmos nos apresen-
tar na Alemanha, será que eles não conhecem essas danças por lá? Sua curiosidade a levou a 
descobrir que, na verdade, em razão da globalização, muito da cultura tradicional alemã acabou 
sendo esquecida. Ficando apenas registrada na memória e no folclore dos descendentes de 
alemães que ainda estão vivos.
A necessidade de preservar a cultura fora do território germânico foi tão grande que, atual-
mente, muitas danças típicas de regiões da Alemanha somente são conhecidas no Brasil. Por 
isso, a importância da apresentação do grupo de Roberta na Alemanha, pois iriam mostrar aos 
germânicos um pouco da própria cultura que eles haviam esquecido.
Fonte: história fictícia, criada pelo autor, para ilustrar como a manutenção da cultura é importante a um 
grupo social.
39G A S T R O N O M I A • U N I C E S U M A R
Prezado(a) aluno(a), cabe aqui uma importante 
observação. Durante os anos da Guerra Fria, 
o embate entre capitalismo e socialismo foi a 
tônica desse período. URSS e EUA disputavam 
palmo a palmo a hegemonia do mundo. No 
final das contas, o capitalismo se sobressaiu 
ao comunismo. Qual a razão de tudo isso? 
Inúmeras explicações poderiam ser ditas, en-
tretanto, podemos destacar apenas um ponto. 
Enquanto o esforço dos países comunistas, 
liderados pela URSS era de fortalecer o Estado, 
fazendo com que todo esforço fosse em dire-
ção a torná-lo potente, as nações capitalistaslideradas pelos EUA tinham como maior ob-
jetivo o foco na satisfação das pessoas. Como 
toda economia de mercado, o foco principal 
está no cliente, nos consumidores. Afinal, 
são eles que irão destinar os seus ganhos à 
aquisição de uma determinada mercadoria. 
Essa disputa por uma fatia maior do mercado 
fez com que a qualidade de vida dos países 
capitalistas, bem como o índice de desenvol-
vimento humano fossem bem superiores aos 
países comunistas. Para ilustrar mais uma vez 
a nossa afirmação, destacaremos novamente 
a calça jeans:
Assim como os jovens do mundo inteiro, os adolescentes da União Soviética e seus satélites na 
Europa Oriental estavam clamando por jeans. Portanto, é realmente estranho que o principal 
rival dos Estados Unidos no mundo pós-guerra não tenha sido capaz de copiar essa peça de 
roupa tão óbvia. Talvez se tenha pensado que a loucura ocidental por jeans havia tornado a vida 
mais fácil para os soviéticos. Afinal, supostamente a União Soviética era o paraíso proletário, e 
os jeans são muito mais fáceis de fazer que as calças Sta-Prest, por exemplo (outra invenção de 
Levi Strauss, introduzida em 1964). Mas, de alguma forma, o bloco comunista foi incapaz de 
entender o poder de sedução de uma peça de indumentária que poderia ter simbolizado com igual 
eficácia as virtudes do dedicado trabalhador soviético. Em vez disso, o jeans azul, e a música pop 
com a qual logo esteve intimamente associado, tornaram-se símbolos perfeitos da superioridade 
ocidental. E, ao contrário das ogivas nucleares, o jeans foi de fato lançado contra os soviéticos: 
houve exposições da Levi’s em Moscou em 1959 e em 1967 (FERGUSON, 2012, p. 284-285).
Para se ter uma ideia, prezado(a) aluno(a), 
Niall Ferguson destaca, também, que havia 
na Alemanha Oriental o chamado “crime do 
jeans”, pois os jovens da Alemanha Oriental 
que possuíam algum parente do lado Ocidental 
sempre arranjavam uma maneira de conseguir 
algumas peças dessa vestimenta. Era, por assim 
dizer, um dos produtos mais contrabandeados 
do lado Oriental.
H i s t ó r i a e C u l t u r a G a s t r o n ô m i c a 
A 
globalização do modo de vida 
Ocidental, simbolizada pelo jeans, 
fica explícita, principalmente, nos 
movimentos revolucionários que se 
proliferaram a partir dos anos 1960. O principal 
“uniforme” de atos antiamericanos era o jeans. 
Ou seja, mais um paradoxo, já que eles protes-
tavam contra aquilo que vestiam.
Há um filme que retrata muito bem a 
forma como o modelo de vida, bem como os 
produtos criados pelo mundo Ocidental capi-
talista se sobressaíram ao Oriental capitalista. 
O nome é "Adeus Lênin" e mostra a experiência 
de uma família da Alemanha Oriental depois 
que o muro de Berlim caiu. O que aconteceu 
após a queda foi, literalmente, uma inunda-
ção de produtos capitalistas. Desde comida 
a vestimentas. As transformações ocorridas 
foram em uma velocidade extraordinária. O 
engraçado é pensar que o tal muro havia sido 
construído pelos comunistas com a justifica-
tiva de que era para evitar que os moradores 
do lado capitalista não atravessassem para o 
lado comunista, sobrecarregando o sistema 
daquele lado. O que se viu, na prática, foi algo 
totalmente inverso.
Portanto, para concluirmos este tópico, é 
importante esclarecer mais uma vez que toda 
essa globalização somente foi possível devido 
ao fato de que o modelo de vida capitalista 
Ocidental sempre objetivou atender aos anseios 
e necessidades colocados pelas pessoas, pelos 
cidadãos comuns. Essas pessoas não queriam 
mísseis ou ogivas nucleares, mas sim liquidifi-
cadores, ar-condicionado, televisores em cores, 
aparelhos de som, carros e, principalmente, ves-
timentas confortáveis, baratas e agradáveis aos 
olhos. Infelizmente, nenhum outro modelo de 
civilização conseguiu ser mais eficiente do que 
o Ocidental nesse quesito.
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Prezado(a) aluno(a)!
Nesta unidade, nosso objetivo foi o de destacar alguns pontos essenciais para que 
nossa compreensão da história e da cultura gastronômica sejam mais abrangentes. Não 
seria possível, aqui, abarcar toda história da humanidade, aliás, nem foi esse nosso 
objetivo, mas é importante ressaltar que o enfoque se deu na cultura Ocidental, pois, 
além de ter sido o paradigma civilizatório que obteve mais êxito, nós fazemos parte dela. 
Sendo assim, vamos retomar alguns pontos!
Primeiramente, é importante deixar claro que, na transição da Idade Média para a 
Modernidade, foi um período crucial na história do Ocidente. O renascimento trouxe 
à tona um modelo de vida que ficara esquecido na antiguidade. Esse modelo tinha 
o homem como seu principal objeto de preocupação, dessa forma, toda uma cul-
tura foi edificada para consolidar o homem no centro do universo, ou seja, a cultura 
antropocêntrica.
Foi também nesse momento que o modelo de vida desenvolvido na Europa Ocidental 
começou a tomar a dianteira de outras nações. Para ilustrar melhor essa relação, apre-
sentamos ao distinto aluno os aplicativos que tornaram isso possível. Sendo assim, a 
sociedade de consumo e a competição foram os dois pontos abordados por nós, pois 
acreditamos ser esses dois a principal base do mundo atualmente. A competição fez e 
ainda faz com que inúmeras pessoas se debrucem em estudos para desenvolver me-
canismo em que situações do conforto possam ser criadas. Além disso, essa mesma 
competição nos permite ter acesso a diversos produtos de marcas e preços diferentes. 
Essa é, por assim dizer, a mola propulsora também da sociedade de consumo que, por 
consequência, é também a mola propulsora de nossa sociedade.
Do ponto de vista da globalização do modelo de vida Ocidental, vale lembrar que isso 
somente foi possível em razão do objetivo central, que é a satisfação das pessoas. Essas 
pessoas, transformadas em potenciais consumidores, tiveram suas vidas revolucionadas 
com a maior disponibilidade de bens de consumo, facilitando suas tarefas de trabalho, 
além de facilitar, significativamente, a vida doméstica.
Portanto, diante disso, vamos, agora, tratar da intimidade dessa civilização que se 
formou a luz de tudo isso que fora exposto até aqui. Vamos entender como as práticas, 
usos e costumes que hoje possuímos foram, aos poucos, moldados por um conjunto de 
regras que, muitas vezes, foram inerentes à vontade das pessoas.
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ad
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e 
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do 1. Diante do contexto apresentado no início desta unidade, explique 
quais foram as principais transformações na forma de pensar ocor-
ridas no período do renascimento.
2. Explique de que forma a competição e o consumo foram importantes 
para consolidar o modelo de civilização desenvolvido pelo Ocidente.
3. Descreva de que forma a globalização contribuiu à melhora da vida 
das pessoas:
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Título: Adeus Lênin.
Ano de lançamento: 2002.
Sinopse: Este filme mostra, de forma bem hilária, como a vida de uma família 
é profundamente revolucionada com a Queda do Muro de Berlim e o con-
sequente fim do comunismo na Alemanha Oriental. De uma hora pra outra, 
eles sentem a invasão de produtos como a Coca-Cola, televisores em cores, 
equipamentos eletrônicos em geral, dentre outros. A parte engraçada é que 
os jovens buscam esconder da mãe, uma comunista fervorosa e de saúde 
debilitada, todas essas transformações.
Sobre o Renascimento, acesse: <http://www.todamateria.com.br/renascimento-cul-
tural/>. Acesso em: 14 dez. 2014.
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De Henry Ford 
ao Mcdonald’s
A industrialização da alimentação e o surgimento, no nosso século, da distribui-
ção em grande escala constituem fenômenos recentes deste lado do Atlântico. 
Datam sobretudo dos anos de 1960.Em compensação, nos Estados Unidos 
alguns produtos alimentares industrializados – entre os quais a Coca-Cola 
– encontram-se no mercado há cem anos ou mais. Heinz, Nabisco, Kellogg, 
Campbell, figuram já entre as maiores empresas americanas na década de 
1880 ou 1890, e a indústria agroalimentar revela-se, no final do século XIX, 
a primeira do país. A descoberta das bactérias e a obsessão subsequente em 
relação aos germes favorecem, paradoxalmente, uma concentração da indústria 
de laticínios. No início do século XX impõe-se a obrigação de pasteurizar o 
leite e só conseguem sobreviver as empresas capazes de fazer investimen-
tos consideráveis, que, em decorrência de tal operação, se tinham tornado 
necessários. Desde os anos 1930 desenvolve-se no país a distribuição em 
grande escala. Nesse sentido, a América antecipa tendências surgidas mais 
tardiamente em outras partes. Assim, a compreensão dessa realidade ame-
ricana deveria permitir apreender melhor os fenômenos que, em matéria de 
alimentação, estão se processando há cerca de trinta anos no Velho Mundo.
(...).
Em duas ou três décadas, uma parte crescente do trabalho culinário, tanto 
em casa como no restaurante, deslocou-se da cozinha para a fábrica. Esses 
alimentos transformados, “marketados”, divulgados pela publicidade, são 
também produtos que incorporam um valor agregado cada vez mais elevado, 
já presente no nível da preparação: a indústria toma à sua conta o essencial 
do trabalho doméstico; uma vez transformados pela indústria, os alimentos 
tornam-se “alimentos-serviço”.
(...).
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As modificações introduzidas nos gêneros alimentícios não correspondem 
somente a uma demanda dos consumidores. Nesse aspecto, desde os anos 
de 1960, a distribuição desempenha um papel determinante. Com efeito, 
ela obedece a diversos imperativos – logísticos, tecnológicos, econômicos. 
É também sob a pressão dos distribuidores que se desenvolvem e se gene-
ralizam mercadorias mais fáceis de estocar, transportar, exibir e conser-
var nas prateleiras. A agricultura seleciona produtos por sua aparência e 
duração de vida nas lojas. Das frutas aos queijos, os alimentos cotidianos 
passam por profundas transformações. Do mesmo modo, é sob a pressão 
dos supermercados que, nos anos 1960, aparecem e depois se impõem as 
embalagens plásticas, em particular para a água mineral e o óleo. As garrafas 
de PVC implantam-se rapidamente porque são mais fáceis de transportar 
em paletes, mais leves, menos frágeis, além de serem descartáveis. Somente 
muito mais tarde as pessoas se deram conta de seus inconvenientes para o 
ambiente. Alguns consumidores começam a se queixar: seu queijo favorito 
é, quase sempre, pasteurizado, as maçãs são apenas da variedade insípida 
dita Golden delicious, as frutas chegam aos supermercados sem o devido 
grau de maturação, o pão já não tem as características gustativas às quais 
estavam acostumados. Em contrapartida, os supermercados oferecem 
preços vantajosos ao conseguirem consideráveis economias pelas compras 
em alta escala.
Fonte: FISCHLER, Claude. De Henry Ford ao McDonalds. (texto adaptado). In: FLANDRIN, 
Jean-Louis; MONTANARI, Massino. (Org.). História da Alimentação. São Paulo: Estação 
Liberdade, 1998. p. 845-848.
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Civilização, Usos e Costumes
KLEBER EDUARDO MEN
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
• A evolução do conceito de civilização: apontamentos preambulares
• O comportamento à mesa
• O que é bom e o que é ruim? Comentários a respeito dos hábitos 
em geral
• Apresentar ao aluno como o comportamento social foi moldado 
ao longo dos anos.
• Destacar que o comportamento está diretamente ligado ao tipo 
de sociedade que se deseja formar.
• Estudar como as necessidades fisiológicas também foram objeto 
de preocupação para a concepção de uma nova sociedade.
• Observar como os hábitos, em geral, foram objeto de preocupa-
ção das civilizações.
Plano de Estudo
Objetivos de Aprendizagem
IntroduçãoIntrodução
Olá, aluno(a)!
Nesta segunda unidade de nosso livro, vamos fazer uma análise sobre o comportamento e 
os usos e costumes que fizeram parte do processo civilizatório. Vamos refletir de que maneira as 
nossas práticas comportamentais foram inseridas em nossas vidas, bem como a forma como elas 
estão presentes, além de sua importância para a consolidação do modelo de Civilização Ocidental.
Certa vez, ao ficar encantado com a sobremesa de um restaurante, veio-me uma vontade 
imensa de lamber o delicioso creme de chocolate com pimenta que havia sobrado no prato. Ao 
perceber a minha ideia, minha esposa logo me repreendeu, dizendo que não seria educada tal 
atitude. Entretanto, mesmo sabendo que tal ato não seria bem visto pelos frequentadores do 
restaurante, fiquei me indagando, quem foi o responsável por criar esses códigos de etiqueta? De 
onde veio essa lista de mandamentos do que podemos ou não fazer? Qual diferença tem entre 
eu passar o dedo sobre o meu próprio prato e levá-lo à boca ou utilizar uma colher para isso? 
Esta unidade terá como objetivo abordar essas questões, lançando luzes sobre esses manuais 
de comportamento que surgiram com a finalidade de moldar os costumes.
O que diferencia os homens dos animais é a nossa capacidade de raciocinar. Se você pisar 
na pata de seu dócil cão de estimação, certamente, se a pisada for dolorida, ele irá lhe morder 
em busca de se defender. Isso, pelo menos em regra, não ocorre com os seres humanos, pois 
temos outros meios para solucionar nossos problemas que não a agressão física. Posto isso, 
devemos compreender que o processo de civilização do homem passou, antes de tudo, por uma 
formatação dos seus usos e costumes. A criação desse conjunto de regras foi uma maneira de 
nos separar ainda mais dos animais. Por isso, compreendê-los é, acima de tudo, entender a nossa 
própria existência em sociedade.
Para que nosso trabalho obtenha êxito, vamos utilizar como referência principal a obra do 
sociólogo Norbert Elias, que, em seu livro “O processo civilizador”, conseguiu nos mostrar onde 
se encontra toda a gênese dos costumes que hoje são praticados em todo mundo Ocidental. 
Sendo assim, convido você, estimado(a) aluno(a), para fazer uma viagem sobre o nosso com-
portamento social, observando como as práticas que nos cercam são oriundas de uma ampla 
experiência civilizatória.
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A Evolução do 
Conceito de Civilização: 
Apontamentos 
Preambulares
Prezado(a) aluno(a), por mais que a qualidade do futebol brasileiro 
tenha caído nas últimas décadas, o esporte bretão (nome esse que 
é dado em razão da origem do futebol ter sido a Grã Bretanha) 
ainda continua como o mais popular aqui no Brasil. Basta ver a 
quantidade de canais nas TVs por assinatura que dedicam grande 
parte do seu tempo à transmissão de jogos, bem como à cobertura 
de eventos relacionados ao futebol. Além, é claro, dos programas 
de debates acerca de quem foi o melhor jogador, o gol mais bonito, 
a maior polêmica, enfim, a criatividade da imprensa é infinita para 
angariar telespectadores.
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Entretanto, o nosso futebol não é feito apenas 
de pontos positivos, pois há muito que se me-
lhorar, principalmente no que diz respeito à 
relação entre os torcedores. Em outras palavras, 
temos a violência nos estádios de futebol como 
um mal que precisa ser combatido. Mas por que 
razão eu iniciaria a unidade de um livro sobre 
história e cultura gastronômica abordando o 
futebol brasileiro? A resposta é simples: toda 
vez que há cenas de violência entre as torcidas 
a primeira expressão que os narradores e co-
mentaristas utilizam para denominar tais atos 
é

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