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“ENSINANDO A PALAVRA NO PODER DO ESPÍRITO” ESCATOLOGIA BELO HORIZONTE 2011 2 SUMÁRIO I.INTRODUÇÃO.............................................................................................................03 II O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA...................................04 III PROBLEMAS DOS ESTUDANTES DE ESCATOLOGIA ..........................................12 IV O DIA DO SENHOR ..................................................................................................15 V REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA ............................................................20 VI O REINO DE DEUS...................................................................................................44 VII A LACUNA PROFÉTICA...........................................................................................56 VIII AS BODAS DO REINO............................................................................................60 IX O DIREITO AO GOVERNO DO REINO DE DEUS....................................................63 X AS NAÇÕES...............................................................................................................67 XI O REINO TEM DUAS CAPITAIS...............................................................................75 XII OS JUDEUS E SUA HISTÓRIA................................................................................78 XIII OS PROFETAS........................................................................................................81 XIV LINHA MESSIÂNICA...............................................................................................82 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................87 3 I INTRODUÇÃO A Teologia Sistemática vem desenvolvendo-se desde os primórdios e em cada época se prende a um tópico das doutrinas bíblicas. No século II, a Igreja lidava especialmente com a Apologética e as idéias fundamentais do cristianismo; nos séculos III e IV, com a doutrina de Deus; no século V, logo no início, lidava com a Antropologia e a Hamartiologia; do século V até o VII, com a Cristologia, nos séculos XI até XVI, com a expiação, no século XVI, com a aplicação da Redenção. Agora, o interesse especial da Era Moderna é a Escatologia, o único tópico da teologia que ainda sobrava para ser desenvolvido. Há cem anos atrás, James Orr (1844-1913) predisse que o século XX seria a era da escatologia. Escatologia é o estudo dos eventos que estão para acontecer segundo as Escrituras. O termo escatologia deriva do grego, eskatos, que significa “último”, e logia, que significa “tratado” ou “estudo” de um conjunto de idéias. O estudo da Escatologia é imprescindível, quer seja abordado no terreno da ciência, da filosofia ou da religião. O homem vive perenemente a procurar a verdade concernente ao seu destino do Universo no qual habita. Como ser racional, ele indaga: “Morrendo o homem, porventura tornará a viver?” (Jó 14.14). E nos apressamos em acrescentar: “Como podemos estar certos acerca de uma vida futura, relacionada com a existência presente?”. A Escatologia cristã, centralizada na Bíblia, é uma apresentação positiva das promessas baseadas nas palavras irrevogáveis de um Deus Eterno e imutável. Não existe vida, presente ou futura, à parte de Deus, a qual se torna possível por intermédio de seu Filho Jesus Cristo. Foi Ele quem disse: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância”. (Jo 10.10; 11.25,26; 14.1-3). “Se o cristianismo não for uma escatologia radical, ele não terá relação com Cristo” (Karl Barth). A segunda vinda de Jesus Cristo à Terra e os acontecimentos pertinentes à mesma criam um alicerce de esperança, consolo e bendita antecipação, que para sempre mitiga a sede do povo de Deus, cansado do pecado, do sofrimento e da tristeza associada à peregrinação terrena. Deus tem um plano eterno e um propósito, revelado nas Escrituras através de muitas passagens (Ef 3.10,11; Is 46.10; 2 Rs 19.25; Ap 1.6). Em Escatologia Bíblica estudamos parte deste propósito. 4 II O PLANO DA REDENÇÃO É O ÂMAGO DA ESCATOLOGIA A Doutrina da Redenção abrange: 1) A Doutrina do Parente Remidor - GO‟EL (Rute, Lv 25.25-34; Dt 25.5-10 ). 2) A Doutrina da Redenção da Terra - (Rm 8.18-23; Lv 25; Zc 14.4,5,8,10; Is 35.1,2,13; 11.5-9; Jl 2.22-27; Is 65.20 etc.). 3) A Redenção das Nações (Gn 9.12-17; Ap 10; Zc 14.16-19; Ap 21.24; 22.2; Is 60.3). 4) A Redenção de Israel (Am 9.15; J1 3.20,21; Is 60.4-12). 5) A Redenção do Homem (Ef 1.13,14; Rm 8.23,24; l Jo 3.1,2; Fp 3.21; Ap 1.5,6 ). O CENTRO DA MENSAGEM ESCATOLÓGICA É A COLOCAÇÃO APROPRIADA DE: 1) O trono de Davi, na profecia (2 Sm 7.12-16; S1 89.34-37; Is 9.6,7; Zc 14.9,16- 19). 2) A pessoa que se assentará nesse trono (Lc 1.31-33; Ap 20.6; Jr 23.5; 2 Sm 7.14-17; Mt 19.28;25.31). A menos que essas verdades sejam claramente definidas, recebendo alicerce bíblico, a profecia perderá a sua significação e vitalidade, surgindo assim certa incoerência, que tende a confundir e não a esclarecer. EXISTEM TRÊS LINHAS ESCATOLÓGICAS: 1. Amilenismo; 2. 2. Pós-Milenismo; 3. 3. Pré-Milenismo. 5 AMILENISMO Amilenismo - Embora seja o mais claro e simples dos sistemas, o amilenismo apresenta dificuldades especiais. Este ponto de vista pode ser declarado de modo breve: não haverá um reino terrestre de Cristo de mil anos de duração. O amilenismo não crê em duas ressurreições físicas (Ap 20.4-6). A primeira ressurreição, dizem os amilenistas, é espiritual, a segunda é física. Vários autores advogam este sistema, entre os quais Floyd, E . Hamilton e Ray Summers. A outra doutrina importante do amilenismo é a sua interpretação dos mil anos em Ap 20.2. Neste texto, fala-se de Satanás sendo preso por mil anos, e em Ap 20.4, daqueles que foram decapitados por causa de seu testemunho de Jesus, reinando com Ele por mil anos. Para os amilenistas, estes mil anos não são uma expressão literal, para eles estes mil anos constituem o período da Ressurreição do Senhor até a Parusia. Acham que Cristo está reinando, de modo espiritual, nos corações dos salvos. Acham que a Igreja é a Novo Israel de Deus. 6 Pós-Milenismo - Esta interpretação escatológica facilmente se confunde com o amilenismo. Afirmam seus adeptos que o Reino de Cristo é espiritual, não geográfico, de modo que onde há indivíduos que recebem Cristo e reconhecem Sua soberania sobre suas vidas, ai está o Reino de Deus. Há também a esperança da conversão de todas as nações do mundo, não na totalidade, mas a grande maioria da população de todos os povos da Terra. Assim, será inaugurado um longo período de paz entre os homens no mundo, que se identifica com o Reino milenar. Os pós-milenistas não interpretam os mil anos literalmente (Ap 20). Afirmam que haverá um curto lampejo de maldade antes da vinda do Senhor, seguido da ressurreição de todos, o julgamento e a consignação dos homens ao estado permanente do céu e do inferno. As raízes do pós-milenismo são reconhecíveis nas idéias de Ticônio e Agostinho. Jonathan Edwards, primeiro presidente da Universidade de Princeton no século XVIII, e os Hodges e B.B. Warfield, os famosos teólogos do seminário de Princeton, representavam este ponto de vista. Hoje, o Pós-Milenismo tem poucos adeptos em conseqüência dos acontecimentos históricos, nada animadores, mais do que pelas demonstrações de provas bíblicas. O Pré-Milenismo subdivide-se em duas correntes: Histórico e Dispensacional. 7 1. O Pré-Milenismo Histórico (Não Dispensacional) O Pré-Milenismo Histórico sustentaque o retorno de Cristo será precedido de certos sinais, depois seguidos de um período de paz e justiça no qual Cristo irá reinar em pessoa como Rei. Os Premilenistas históricos entendem a volta de Cristo e o arrebatamento como um só e o mesmo evento. Eles vêem unidade. Portanto, eles são distintos dos premilenistas dispensacionais, que os consideram como dois eventos separados pela Grande Tribulação de sete anos. O pré-milenismo foi a interpretação escatológica predominante nos três primeiros séculos da igreja cristã. Os antigos pais Papias, Irineu, Justino Mártir, Tertuliano e outros sustentaram essa concepção. A principal diferença entre o pré-milenismo histórico e o dispensacionalista é a distinção que os dispensacionalistas fazem entre Igreja e Israel. O pré-milenismo histórico considera a Igreja como o verdadeiro Israel espiritual de Deus. O Reino de Deus se concretiza presentemente na Igreja, embora os judeus ainda venham a ter um tempo de participação especial na história da salvação, convertendo-se e fazendo parte da Igreja. 2.Pré-Milenismo Dispensacional – A passagem básica do Pré-Milenismo é Ap 20.4-6. Os Pré-Milenistas observam que aqui estão as provas de um período de mil anos e duas ressurreições, uma no início e outra no fim. O Pré-Milenismo insiste numa interpretação literal e coerente dessa passagem. Uma vez que o mesmo verbo – 8 ezesan (e)/zhsan devem ser do mesmo tipo. Ambas as ressurreições são físicas, porém não são iguais. A primeira é chamada de A Primeira Ressurreição, e é destinada somente aos salvos. Estes receberão corpos glorificados, espirituais; A Segunda apesar de ser física não será gloriosa, pois os que dela participarem provarão o dano da Segunda Morte. natureza, que “geme e suporta angústias”, aguardando sua redenção, será libertada da maldição da Queda (Rm 8.19-23). Até os animais viverão em harmonia uns com os outros (Is 11.6,7; 65.25), e as forças destrutivas da natureza serão acalmadas. Os santos governarão junto com Cristo nesse Milênio. Os Pré-Milenistas crêem que Jesus voltará antes dos mil anos (Ap 20.2-6) e que reinará sobre o mundo, o qual sobreviverá à destruição e ao julgamento e que os homens serão visitados por Deus sobre a terra na Grande Tribulação. Muitos pais da Igreja Primitiva eram milenistas (khiliastas: do grego khilia - xi/lia). Com a posição adotada por Agostinho (século V), o Pré-Milenismo caiu no desprezo geral até a revitalização ocorrida no século passado. Muitos crêem que o Pré-Milenismo é sinônimo do “dispensacionalismo” criado e popularizado por John Nelson Darby, destacado líder dos Irmãos Livres de Plymouth, Inglaterra. Com sua esquematização escatológica, ele obteve grande aceitação entre os evangélicos (principalmente no norte dos Estados Unidos), no movimento evangelístico que gerou muitos institutos bíblicos, “missões de fé” e a famosa Bíblia de Scofield. Aqui no Brasil, os batistas regulares, o Instituto Bíblico Palavra da Vida, a Chamada da Meia-Noite , as Assembléias de Deus e outras missões estrangeiras e escolas iniciadas por missionários da outra América divulgam esta posição teológica. Diversos teólogos dispensacionalistas de hoje, como Robert Saucy, Charles Ryrie, Craig e Darrell Bock, chamam-se “dispensacionalistas progressistas” e têm conquistado muitos seguidores. Eles não vêem a Igreja como um parêntese no plano de Deus. Do ponto de vista do dispensacionalismo progressista, Deus não tem dois propósitos separados para Israel e para a Igreja, mas sim um único propósito – o estabelecimento do Reino de Deus – no qual tanto Israel como a Igreja terão parte. O 9 dispensacionalismo progressista não vê nenhuma distinção entre Israel e a Igreja no estado eterno futuro, pois todos serão parte de um só povo de Deus. Além disso, eles defendem que a Igreja reinará com Cristo em corpo glorificado na terra durante o milênio. No entanto, há ainda uma diferença entre os dispensacionalistas progressistas e o restante do evangelicalismo em um aspecto: eles afirmam que as promessas do Antigo Testamento referentes a Israel ainda serão cumpridas no milênio pelo povo judeu, que crerá em Cristo e viverá na terra de Israel como “nação-modelo” para que todas as nações o vejam e dele aprendam. Portanto, eles não diriam que a Igreja é o “novo Israel” nem que todas as profecias serão cumpridas no Israel étnico. O termo “progressivo”, para este novo entendimento do dispensacionalismo, vem de um dos distintivos desta nova corrente: A relação progressiva entre as dispensações. Uma dispensação avança no plano divino sobre a anterior. A dispensação anterior antecipa e logo presencia o Messias. Depois de Sua ascensão, Cristo inaugura a presente dispensação. A futura dispensação é a dispensação do seu regresso e da consumação do seu Reino. As dispensações Presente e Futura são vistas no Novo Testamento como o cumprimento do Pacto Davídico. O dispensacionalismo progressivo passa por três dispensações bíblicas: 1ª) Passada. Da Eternidade passada até ao primeiro advento; 2ª) Presente. Do primeiro ao segundo advento; 3ª) Futura. Do segundo advento até à Eternidade futura. Estas três dispensações sustentadas pelo dispensacionalismo progressivo estão centralizadas em Cristo. Isto é, elas são cristocêntricas. O Dr. Aldery Nelson da Rocha também vê três dispensações: 10 1ª) A Dispensação do Mistério. Da eternidade passada até a Encarnação do Logos (Ef 3.9); 2ª) A Dispensação da Graça. Da Encarnação até a Segunda Vinda (Ef 3.2); 3ª) A Dispensação da Plenitude. Da Segunda Vinda até eternidade futura (Ef 1.10). O ESQUEMA DISPENSACIONAL DE SCOFIELD: 1. Dispensação da Inocência - Da Criação à Queda. 2. Dispensação da Consciência - Da Queda ao Dilúvio. 3. Dispensação do Governo Humano - Do Dilúvio à chamada de Abraão. 4. Dispensação da Promessa ou Patriarcal - Da chamada de Abraão à saída do Egito. 5. Dispensação da Lei ou Israelita - Do Monte Sinai ao Monte Calvário. 6. Dispensação da Graça ou da Igreja - Do Calvário ao Arrebatamento. 7. Dispensação do Milênio ou Governo Divino - Da Parusia ao Grande Trono Branco. O autor desta obra crê que Deus tem um único propósito - estabelecimento do Reino de Deus - no qual tanto Israel como a Igreja e os Gentios - as nações justas (o trigo) terão parte no Estado Eterno. E todos serão chamados Povos de Deus: “Agora o tabernáculo de Deus está com os homens, com os quais ele viverá. Eles serão os seus povos (no grego está no plural, laoi\-laoí); o próprio Deus estará com eles e será o seu Deus” (Ap 21.3). De acordo com o sistema apresentado pelos dispensacionalistas, há sete épocas da história da Salvação: Inocência, Consciência, Governo Humano, Patriarcal, a Lei, a Graça e o Milênio, que será o governo divino. A chave imprescindível para a 11 compreensão do futuro é Daniel 9.24-27. As 70 semanas se referem a 490 anos (70 x 7) e não a dias. As primeiras 69 semanas de anos terminaram com a crucificação de Jesus, encerrando a época na qual Deus tratava principalmente com Israel. Com a rejeição do Messias que Deus ofereceu a Israel no ministério e na pessoa de Jesus, Deus fez o relógio escatológico parar. No intervalo entre 69ª e 70ª semana, Deus estabeleceu a Igreja, a realidade não prevista pelos profetas do Antigo Testamento. A Igreja, portanto, é o ministério revelado a Paulo e aos escritores do Novo Testamento (Ef.3; Cl 1; Rm 16.25-27). Terminado este período da Graça, no qual os gentios e judeus são convidados a formar a “Noiva” de Cristo, ocorrerá o Arrebatamento (lTs.4.13-18). Este maravilhoso evento se realizará sem aviso prévio. O relógio profético então será reativado, com a atenção de Deus voltada para Israel. A 70ª semana de Daniel 9 marcará os sete anos da Grande Tribulação. Dentro da última semana de Danielhaverá o desenvolvimento do seguinte quadro: 1. Israel, a nação judaica, estará no centro do plano divino de Deus para com a humanidade. Restaurada, Israel reconstruirá o Templo e restabelecerá os sacrifícios exigidos pela lei mosaica. 2. O poder político internacional será exercido pelo Anticristo, a Besta ou o Homem de Iniqüidade (l Jo 4.3; Ap 13; 2 Ts 2.3). 3. O cristianismo apóstata, unindo o Catolicismo, a Igreja Ortodoxa e o Modernismo protestante, chamado a Meretriz, se aliará com o Anticristo (Ap 17) e prosperará através da união adúltera durante um tempo. 4. O pecado aumentará entre os homens e chegará a uma profundidade e intensidade jamais vistas a não ser na época do Dilúvio. 5. A ira de Deus será derramada sobre a Terra numa série de julgamentos e cataclismos. 6. Quando a Besta (o Anticristo) romper (Dn 9.27) com a nação Israelita, provocará uma crise internacional que atingirá seu auge na guerra de Armagedom. Tudo 12 culminará no fim dos sete anos da Grande Tribulação com a vinda de Jesus Cristo com os seus santos. Após a Parusia, o reino do Anticristo será destruído e Cristo passará a reinar sobre a terra (Zc 14.9,16-19; Mt 25.31-46; 19.28). Assim se cumprirão literalmente as profecias do Antigo Testamento que prevêem um reino messiânico na Terra. Passados os mil anos previstos em Ap 20, Satanás será solto da sua prisão, encabeçará uma revolta breve dos habitantes não regenerados, nações-bodes (Mt 25.31-46), mas que será esmagada . Sucederá então o último julgamento, do Trono Branco (Ap 20.11-15). Os mortos não convertidos serão julgados segundo as suas obras. A Igreja depois do Milênio gozará a Nova Jerusalém, e os judeus e as nações justas (ovelhas) gozarão a Vida Perfeita na Nova Terra, eternamente (Mt 25.31-46; Ez 37.21-28). DE UM MODO GERAL, HÁ QUATRO MANEIRAS DE INTERPRETAR A ESCATOLOGIA BÍBLICA: 1. A preterista - vindica a revelação do passado, interpretando a Escatologia em relação aos judeus e cristãos como em relação ao império Romano e à História. 2. A espiritualista - trata tudo como símbolos, e nada é literal, tudo é figurado. 3. A histórica - tudo vem-se cumprindo através da História. 4. A futurista progressiva - crê que tudo está por acontecer no seu devido tempo e lugar. Crê no cumprimento profético da Revelação no passado, presente e futuro. Embora muitos escritos proféticos tenham sido revelados através de simbolismo, todavia terão cumprimento literal. A cada ano surgem novas visões sobre a “Vinda” de Jesus. Qual corrente está certa? Quais as conseqüências que cairão sobre aqueles que estiverem errados? Cito como resposta as palavras de João Wesley: “É possível morrermos sem o conhecimento de muitas verdades e, mesmo assim, sermos levados ao seio de Abraão. Se, porém, morremos sem amor, de que nos valerá o conhecimento? Exatamente o mesmo que vale para o diabo e seus anjos!”. 13 “Nos essenciais, a unidade, nos assuntos de dúvida, a liberdade, em todas as coisas, o amor” (Rupertur Meldenius). QUADRO DAS DISPENSAÇÕES J. N. Darby 1800-1882 J. H. Brookes 1830-1897 James M. Gray 1851-1935 C. I. Scofield 1843-1921 Charles C. Ryrie 1963-1985 Aldery N. da Rocha 1985 Estado paradisíaco (até o dilúvio) Éden Edênico Inocência P A M I Antediluvian o Antediluvian o Consciência Noé Patriarcal Patriarcal Governo Humano S S A D S T É R Abraão Promessa Israel Sob a lei Sob o sacerdócio Sob os reis Mosaico Mosaico Lei A I O Gentios Messiânico Igreja Graça PRESENT E GRAÇA Espírito Espírito Santo Milênio Milenar Milenar Reino/Milênio Plenitude do Tempo FUTURA PLENITUDE DOS TEMPOS Eternidade 14 III PROBLEMAS DOS ESTUDANTES DE ESCATOLOGIA 1. Conhecimento bíblico desordenado. Há crentes portadores de um admirável saber bíblico, mas infelizmente, por falta de um estudo sistemático, seu conhecimento é avulso, solto, sem seqüência e desordenado. O verdadeiro estudante da Bíblia tem experiência profunda com o conteúdo das Escrituras. Sabe o tema principal dos livros, para quem ou qual povo foi escrito, o tempo e o lugar, o sentido do texto, até onde termina o assunto num capítulo, a mensagem que contém todo o arcano profético e a procedência da mensagem profética. Exemplo: Is 61.1,2; Lc 4.18,19. 2. Falta de afinidade com o Espírito Santo (lCo 2.10,14). A Bíblia foi produzida pelo Espírito Santo, e não é antigüidade na fé, cultura, curso superior, que irá fazer entender as Escrituras. O Espírito Santo é o verdadeiro intérprete da palavra (lJo 2.20,27). 3. Conhecimento especulativo. Este conhecimento é apenas especulação do intelecto humano (lCo 2.14; Tg 3.15). Especular é querer saber apenas por saber, mas sem qualquer intenção de glorificar a Deus, de consagrar a vida a Ele, e muito menos de obedecer à sua vontade. Há muita diferença entre “amar a sua vinda” (2Tm 4.8) e especular sobre a sua vinda. Conselhos Práticos Para Quem Quer Conhecer a Escatologia: Ler a Bíblia e meditar sobre a leitura, buscando conhecer e compreender a Escatologia dentro destes quatro aspectos: TEXTO: Is 61.1,2 – Lc 4. 18,19 1ªVinda - “O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas-novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os cativos, e proclamar o ano aceitável do Senhor”. 2ª .Vinda - “... e o dia da vingança do nosso Deus” (Is 63.1-6;34.8; J1 3.13-16; 2 Ts 1.7,8). 15 1. Do Reino (Ef 1.10,11; 3.11; Dn 7.13,14; 2 Sm 7.16; Sl 89.35-37; Ap 1.6). 2. Do Resgate das Coisas 3. Dos Objetos de Resgate: a) A Terra; b) As Nações; c) A Igreja; d) Israel; e) O Homem. 4. Das Setenta Semanas de Daniel (Dn 9.24-27) Conhecer as três classes gerais de doutrinas bíblicas: 1. Doutrinas da Salvação 2. Doutrinas da Fé Cristã 3. Doutrinas das Coisas Futuras - Escatologia Conhecer sistematicamente as doutrinas escatológicas: 1. Doutrina da Morte e do Estado Intermediário; 2. Doutrina do Juízo; 3. Doutrina das Ressurreições; 4. Doutrina da Vida de Jesus; 5. Doutrina do Milênio; 6. Doutrina da Revolta Final de Satanás; 7. Doutrina do Eterno e Perfeito Estado (Ap 21 e 22); 8. Doutrina das Dispensações. Conhecer os três elementos da profecia (l Co 10.32): “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos (ou gentios), nem à igreja de Deus”. 1. Gentios (Nações) - descritos em Daniel, livro que fala do tempo e da plenitude dos gentios; 2. Os Judeus - o Povo da Promessa. Ezequiel descreve história profética até a sua glória; 3. A Igreja - composta de judeus e gentios salvos. Conhecer os livros proféticos que ainda vão se cumprir. Os livros proféticos do Antigo Testamento podem ser divididos em dois grupos: Primeiro: Os que focalizam o próprio tempo em que foram escritos e o futuro; Segundo: Os que focalizam apenas o futuro. Os livros proféticos estão distribuídos da seguinte forma: 16 Presente e futuro Isaías Jeremias Ezequiel Daniel Oséias Amós Miquéias Sofonias Ageu Zacarias Só futuro Joel Obadias Naum Habacuque Malaquias 17 IV O DIA DO SENHOR 1 “Eis que vem o Dia do SENHOR, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti. Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres, forçadas; metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o restante do povo não será expulso da cidade. Então, sairá o SENHOR e pelejará contra essasnações, como pelejou no dia da batalha. Naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade, para o sul. Fugireis pelo vale dos meus montes, porque o vale dos montes chegará até Azal; sim, fugireis como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá; então, virá o SENHOR, meu Deus, e todos os santos, com ele. Acontecerá, naquele dia, que não haverá luz, mas frio e gelo. Mas será um dia singular conhecido do SENHOR; não será nem dia nem noite, mas haverá luz à tarde” (Zc 14.1-7). O capítulo 14 de Zacarias inicia com a seguinte afirmação: “Eis que vem o Dia do Senhor”. Para entendermos a importância dessa declaração, temos de considerar alguns fatos: Em primeiro lugar, a expressão “o Dia do Senhor” se refere à intervenção de Deus nos eventos mundiais para julgar os Seus inimigos, cumprir o Seu propósito quanto à história e, assim, demonstrar quem ele é – o Deus soberano do Universo (Is 2.10-22; Ez 13.5,9,14,21,23; 30.3,8,19,25,26). Em segundo lugar, já aconteceram vários “Dias do Senhor”, nos quais Deus demonstrou o Seu domínio soberano ao levantar nações para executarem o Seu julgamento sobre outras nações. Por exemplo, Ele levantou a Babilônia para julgar o Egito e seus aliados em torno de 500 a.C. (Jr 46.2,10; Ez 30.3-6). O futuro Dia do Senhor A Bíblia, entretanto, também prediz um futuro Dia do Senhor. Por exemplo, Is 2.10-22 descreve um Dia do senhor que compreenderá o sexto selo da futura septuagésima semana de Daniel 9 (Ap 6.12-17). O apóstolo Paulo predisse um futuro Dia do Senhor, quando uma destruição repentina e inescapável sobrevirá a todos aqueles que não creram em Jesus Cristo como seu Salvador pessoal (1Ts 5.1-11). 1 VARNER, William C. Jerusalém no Centro do furacão. Porto Alegre: Actual Edições, 2004, p. 31-41. 18 Ira e Bênção A Bíblia também assinala que o futuro Dia do Senhor terá, no mínimo, dupla natureza. Por um lado, ele será caracterizado pela escuridão e por um terrível derramamento da ira divina sobre o mundo (Sf 1.14,15). Assim será a sua natureza durante a septuagésima semana de Daniel 9 (o período da Grande Tribulação). Contudo, o Dia do Senhor também será caracterizado pela luz, por um derramamento da bênção divina e pela administração do governo de Deus sobre a terra. Após descrever o escurecimento do sol, da lua e das estrelas, bem como o juízo de Deus sobre os exércitos das nações reunidos em Israel no Dia do Senhor (Jl 3.9-16), o profeta Joel predisse a grande bênção de Deus “naquele dia” (Jl 3.18-21). O profeta Zacarias, depois de considerar o futuro Dia do Senhor, quando os exércitos de todas as nações guerrearão contra Jerusalém e serão surpreendidos pela volta do Messias à Terra para combatê-los (Zc 14.1-50, indicou que “aquele dia” também será caracterizado por luz (vv. 6,7), por grande bênção (v.8), e pela administração do governo de Deus sobre toda a Terra (v.9). Essa será a natureza do Dia do Senhor durante o Milênio. Amplo e estrito O futuro Dia do Senhor tem um duplo aspecto: é tanto amplo quanto estrito. O sentido amplo se refere a um tempo extenso, que cobre pelo menos toda a septuagésima semana de Daniel 9 e o Milênio. O sentido estrito se refere a um dia específico – o Dia em que Cristo voltará à Terra na Sua Segunda Vinda com os Seus anjos e a Igreja (Ap 19.11-16; Zc 14.5). O DIA DO SENHOR (AMPLO) Período de Paz Período de Perseguição 2ª Vinda Regeneração da Terra: Mt 19.28 3,5 anos 3,5 anos Ap 19.11-21 Milênio A Angústia de Jacó Jr 30.7; Dn 12.1 2 Pe 3.10,11 Jerusalém o Trono do Senhor 70ª Semana de Daniel A Grande Tribulação O Dia do Senhor Estrito Jr 3.17; 17.12; Ez 43.6,7; Mt 25.31 19 O Dia do Senhor estrito: quando Cristo voltar Os seguintes fatos indicam que um futuro Dia do Senhor será limitado a um único dia: Primeiro: o texto de Ap 16.12-16 revela que os exércitos de todas as nações do mundo iniciarão a sua concentração em Israel para o Armagedom apenas depois do derramamento da sexta taça (a que antecede ao último juízo da Grande Tribulação). Assim, esses exércitos começarão a se reunir no final daquele período (após os sete selos, as sete trombetas, e depois que as primeiras cinco taças de julgamentos do Dia do Senhor amplo tiuverem ocorridos). Segundo: os textos de Jl 3.9-16 e Zc 14.1-5 indicam que, após o ajuntamento dos exércitos da nações em Israel, “vem o Dia do Senhor” (Zc 14.1) e ele “está perto” (Jl 3.14). Conseqüentemente, esse Dia do Senhor só acontecerá depois que os exércitos tiverem se concentrado em Israel e uma importante parte do Dia do Senhor amplo tiver transcorrido. Esse Dia do Senhor estrito será uma parte do Dia do Senhor amplo, mas também se constitui num completo Dia do Senhor em si mesmo. O Dia do Senhor amplo abrangerá um extenso período de tempo. O Dia do Senhor estrito será limitado a “um dia” (Zc 14.7). Terceiro: os textos de Jl 3 e Zc 14 indicam que o Dia do Senhor a que se referem será o dia em o Messias guerreará contra os exércitos reunidos em Israel. De acordo com Ap 19.11-21, esse é o dia em que Cristo voltará do céu para a Terra. Sendo assim, o Dia do Senhor estrito é o dia do retorno de Cristo na Sua gloriosa Segunda Vinda após a Grande Tribulação (Mt 24.21,29,30). O texto de Jl 3.14,15 indica que o sol, a lua e as estrelas escurecerão antes que venha o Dia do Senhor estrito. O texto de Jl 2.31 declara que “o sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível Dia do Senhor”. Portanto, o Dia 20 do Senhor estrito de Jl e Zc 14 é o grande e terrível Dia do Senhor – o dia da gloriosa Segunda Vinda de Cristo. Dessa maneira, as Escrituras aplicam a expressão – “o grande e terrível Dia do Senhor” – ao Dia estrito, não ao Dia amplo, implicando que o Dia estrito diferirá do Dia amplo tanto em duração quanto em importância. Ainda que o período inicial do Dia do Senhor amplo envolva um grande derramamento da ira de Deus sobre o domínio de Satanás e da humanidade, o Dia estrito será o clímax apoteótico do julgamento. Tal Dia exporá os inimigos de Deus à autêntica presença de Cristo e à plenitude do Seu divino poder, glória, julgamento e podrio bélico (Mt 24.29,30; Ap 19.11,12,15). Esse Dia marcará a intervenção dos exércitos angelicais celeste contra os inimigos de Deus (Mt 24.31; Ap 19.14,17), dará fim ao governo de Satanás e da humanidade rebelde sobre o sistema mundial, bem como os expulsará da terra (Dn 2.31-35,37-45; 7.18,25-27; Lc 17.26-37; Ap 19.17-20.3). Por conseguinte, E. W. Bullinger declarou: “Ele é chamado „o grande e terrível Dia do Senhor‟ por o clímax de todo o período conhecido como o Dia do Senhor”. Em virtude do Dia do Senhor estrito ocasionar uma mudança tão decisiva e permanente no mundo, o profeta Joel chamou de “vale da decisão” ao local onde o clímax do julgamento de Deus será derramado sobre Satanás e a humanidade rebelde (Jl 3.14). C. F. Keil o denomina de “vale do julgamento decisivo, a partir do termo hebraico charats que signmifica decidir, determinar irrevogavelmente”. Qual a razão do Dia do Senhor estrito? O texto de Zc 14.2 declara a razão do Dia do Senhor estrito. Antes que chegue aquele dia, os exércitos de todas as naçlões concentrar-se-ão para empreenderem guerra contra Jerusalém. Eles conquistarão pelo menos a metade de Jerusalém, saquearão as casa, violentarão as mulheres e levarão a metade da população da cidade para ocativeiro. Porém, a outra metade não será removida, provavelmente porque o Dia do 21 senhorestrito se iniciará antes que os exércitos possam conquistar a outra metade da cidade. Outras passagens proféticas revelam que os líderes políticos e os exércitos de todas as nações virão contra Israel e Jerusalém perto do fim da futura Tribulação (Is 34.1-8; Jl 3.2,9-17; Mq 4.11-13; Sf 3.8; Zc 12.2,3,9; Ap 16.12-16; 19.11-21). O propósito de Deus Deus desempenhará um papel fundamental no ajuntamento desses líderes e exércitos (Zc 14.2; Jl 3.2; Mq 4.11-13; Sf 3.8) e terá dois propósitos. O primeiro será o de usar essa força militar como a Sua vara para quebrantar a rebeldia obstinada de Israel contra Ele e o Messias, de modo que a nação venha a se arrepender (Dn 9.9.24; 12.1,5-7; Zc 12.10-13.1). Enquanto Israel não se arrepende, Deus não esmagará Satanás e o seu reino, não os removerá da terra, nem estabecerá o Seu governo teocrático, Seu Reino sobre a terra (Zc 12-14; At 3.12-21), porque já determinou que Israel será líder espiritual do mundo durante o governo milenar de Cristo sobre a terra (Is 2.1-5; 61.6; Zc 8.20-23). E também que Israel será cabeça das nações por toda a eternidade (Is 61.7-9; 65.17-25; Ez 37.24-28; Dn 7.18,27). O segundo propósito é que Deus tenciona ter todas as forças políticas e militares do reino de Satanás reunidas num só local para que, juntas, sejam destruídas por Cristo quando Ele voltar do céu, por ocasião da sua gloriosa Segunda Vinda no Dia do Senhor estrito (Is 34.1-8; Jl 3.2,9-17; Mq 4.11-13; Sf 3.8; Zc 12.2,3,9; Zc 14.3,4; Ap 16.12-16; 19.11-21). O propósito de Satanás Satanás também desempenhará um importante papel no ajuntamento dessas forças políticas e militares concentradas contra Israel e Jerusalém próximo ao fim da tribulação (A 16.12-16). Ele igualmente tem dois propósitos. O primeiro será o de usar 22 essas forças para tentar aniquilar Israel antes que o povo judeu possa se arrepender. Já que não se arrepende, Satanás terá em mente que, se Israel for completamente destruído antes que se arrependa, Deus nunca esmagará a ele e ao seu reino. Num segundo propósito, uma vez que Zacarias 14.4 revela que, por ocasião do Dia do Senhor estrito, o Messias voltará do céu para Jerusalém, a intenção de Satanás é que as forças políticas e militares do mundo gentílico estejam concentradas naquele local para o auxiliarem na tentativa de impedir a segunda Vinda de Cristo à terra. Elas estarão congregadas “para pelejarem contra aquele que estava montado no cavalo [o Messias] e contra o seu exército” (Ap 19.19). O livramento divino Quando o remanescente de Israel na terra for inescapavelmente encurralado, sem dispor de qualquer recurso terreno para livrar-se do iminente aniquilamento, voltar-se-á para Deus e o invocará para que envie o Messias – O Go‟el (Lc 13.34,35; Rm 11.26; Is 59.20,21). Então o Messias aparecerá vindo dos céus com Seus poderosos anjos e Sua Igreja (Zc 14.5; Jl 3.11; Ap 19.14). Quando os judeus contemplarem as feridas da crucificação no corpo ressuscitado de Jesus, perceberão que Aquele a quem rejeitaram na Primeira Vinda era o seu legítimo Messias – o seu Go‟el. Então se arrependerão (mudarão suas mentes deixando de rejeitá-lo e passarão a confiar nEle como seu Messias e Salvador (Go‟el), conforme Zc 12.10-14). Em resposta ao arrependimento da nação, Deus a purificará de seus pecados (Zc 13.1). Uma vez que Israel tenha se arrependido, o Messias sairá para lutar contra as forças políticas e militares da nações (Zc 14.3). Seus pés tocarão no monte das Oliveiras, localizado a leste de Jerusalém. O monte se dividirá ao meio. Uma metade se moverá para o norte e a outra metade se deslocará para o sul, formando um novo vale na direção leste-oeste, através do qual o remanescente do povo de Israel escapará dos seus inimigos (Zc 14.4,5). O messias destruirá os poderes políticos e militares do mundo num horrendo juízo cheio de ira (Zc 14.12-15; Ap 19.15-21). A Pedra esmiuçará 23 a estátua (Dn 2) e encherá a terra (Dn 2,35,44,45). O Parente Vingador – Go‟el tomará vingança e remirá Israel e sua terra. Para Israel Jesus é o Parente Remidor, para os seus inimgos Ele é o Parente Vingador. O texto de Zacarias 14.6,7 indica que o futuro Dia do Senhor estrito não se caracterizará integralmente por trevas, nem completamente por luz. Pelo contrário, esse “um dia” será tanto de trevas quanto de luz. “Naquele Dia”, a primeira parte será marcada pela escuridão, enquanto os exércitos atacarem Jerusalém; mas a segunda e última parte será caracterizada pela luz, quando O Messias voltar para libertar o remanescente de Israel e destruir seus inimigos. (Renal E. Showers). Salmo 118.26 Baruch há bah Adoshem Adonai (IAHWEH). Bendito é o que vem em nome do Senhor Eis que a casa de vocês (Israel) ficará deserta. Eu lhes digo que vocês não me verão mais até que digam: “bendito o que vem em nome do Senhor”. 24 V REDENÇÃO: O PALCO DA ESCATOLOGIA “Há pessoas que pensam que o Antigo Testamento, em contraste com o Novo, ensina que a REDENÇÃO foi recebida pela observância da lei. Mas isto não é verdade. Ali também a Graça de Deus vem primeiro” (Christopher J.H. Whight). 2 Os atos redentores de Deus tem um propósito contínuo, que ele cumprirá definitivamente com a eliminação do mal, a vingança dos justos, o estabelecimento da justiça e da paz e com a Restauração da harmonia entre Deus, a humanidade e a natureza. Os cristãos vivem à luz da inauguração desse reino no ministério terreno de Cristo, e também da expectativa do seu estabelecimento final, quando ele vier novamente. “Deus poderia ter destruído o homem, após a Queda no Éden. Mas não o fez. Ele preferiu remi-lo e restaurá-lo. Deus poderia ter destruído a humanidade após a rebelião da torre de Babel, porém não o fez”. 3 “A história da REDENÇÃO começa com a chamada de Abraão e com a promessa de que através de seus descendentes, a Nação de Israel, Deus abençoaria todas as nações da terra”. 4 “A resposta de Deus para a praga internacional do pecado foi uma nova comunidade, uma nação que seria o padrão e o modelo da REDENÇÃO, como também o veículo através do qual a bênção da REDENÇÃO finalmente abraçaria o restante da humanidade”. 5 “Essa promessa ao patriarca Abraão tornou-se a base para toda a compreensão subseqüente do papel da terra no desenvolvimento da história da redenção”. 6 “A posse de uma determinada extensão de terra teria importância sob várias perspectivas com respeito à obra redentora de Deus no mundo. Mas a terra também servia como sombra, exemplo, profecia, antecipando a obra futura de Deus com seu povo”. 7 O povo de Deus é constituído da Igreja, de Israel Remanescente e dos Gentios que aceitarem o Governo do Messias no Milênio. A redenção envolve a restauração de tudo quanto foi perdido através do pecado, compreendendo a alma do homem, seu corpo, raça humana e a terra. Cristo o nosso Go‟el possui as qualificações como o Redentor do mundo. Sua paixão e morte, seu poder de julgar e reinar o qualificam como GO‟EL – Redentor. 2 WRIGHT, Christopher J. H. Povo Terra e Deus. 1ª ed. São Paulo: ABU, 1991, p.23. 3 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.34. 4 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.47. 5 WRIGHT, Christopher J. H. Op. Cit., p.35. 6 ROBERTSON, O. Palmer. O Israel de Deus. São Paulo: Editora Vida, 2005, p.17. 7 ROBERTSON, O. Palmer. Op. Cit., p.16. 25 O processo da redenção foi entregue nas mãos da Igreja. A história da Igreja é a história da redenção no que se aplica à alma dos homens. Ainda não chegou o dia da redenção para a terra física, nem mesmo para a raça humana. O Ponto de Vista reformado da Redenção: 8 “A cosmovisão reformada se distingue das demais em alguns pontos fundamentais. Primeiro,ela estabelece a autoridade suprema das Escrituras, entendida como a revelação da mente de Deus ao homem como único ponto de partida para a construção de uma cosmovisão essencialmente cristã. Em segundo lugar, ela oferece um escopo integral não-dualista para a formação de uma cosmovisão a partir da união dos três aspectos fundamentais da revelação bíblica, a tríade criação-queda-redenção. E por último salientamos a visão reformada plena da soberania de Deus sobre a criação e o escopo integral da queda e a redenção total de Deus, em Cristo Jesus”. “Na tradição reformada a graça restaura a natureza, ou seja, o escopo da salvação de Cristo não se aplica apenas à dimensão espiritual do homem, mas à criação toda” (O planeta Terra e todo o Universo). A redenção envolve a alma, o corpo e a terra toda: Rm 8.23: “E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”. Ef 4.30: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção”. Mt 19.28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”. Lc 22.29,30: “Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio, para que comais e bebais à minha mesa no meu reino; e vos assentareis em tronos para julgar as doze tribos de Israel”.As duas grandes palavras proféticas são: 1. Regeneração; 2. Redenção. 8 CARVALHO, V. R. G. COSMOVISÃO CRISTÃ E TRANSFORMAÇÃO. Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2006, p. 53. 26 História inteira da humanidade pode ser contada com apenas três palavras: Geração, Degeneração e Regeneração. A Regeneração consiste do processo de restaurar, ao seu estado original, algo que sofreu um processo de Degeneração. O Propósito de Deus para com a Terra 1. Qual o propósito de Deus para com a Terra? 1.1. Para ser habitada: “Porque assim diz o Senhor, que criou os céus, o Deus que formou a terra, que a fez e a estabeleceu, não a criando para ser um caos, mas para ser habitada: Eu sou o Senhor e não há outro” (Is 45.18). [Leia Gn 1.2; Is 14.12; Ez 28.12-17]. 1.2. Para manifestar Sua Glória como nos dias do Milênio (Is 4.1-6). Is 4.2-6: “Naquele dia o renovo do SENHOR será cheio de beleza e de glória; e o fruto da terra excelente e formoso para os que escaparem de Israel. E será que aquele que for deixado em Sião, e ficar em Jerusalém, será chamado santo; todo aquele que estiver inscrito entre os viventes em Jerusalém; Quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião, e limpar o sangue de Jerusalém, do meio dela, com o espírito de justiça, e com o espírito de ardor. E criará o SENHOR sobre todo o lugar do monte de Sião, e sobre as suas assembléias, uma nuvem de dia e uma fumaça, e um resplendor de fogo flamejante de noite; porque sobre toda a glória haverá proteção. E haverá um tabernáculo para sombra contra o calor do dia; e para refúgio e esconderijo contra a tempestade e a chuva”. 2. O que houve com a Terra? 2.1. Com a queda de Satanás tornou-se um caos. “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!”(Is 14.12). “Filho do homem, levanta uma lamentação sobre o rei de Tiro, e dize-lhe: Assim diz o Senhor Deus: Tu eras o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura. Estiveste no Éden, jardim de Deus; cobrias-te de toda pedra preciosa: a cornalina, o topázio, o ônix, a crisólita, o berilo, o jaspe, a safira, a granada, a esmeralda e o ouro. 27 Em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados. Eu te coloquei com o querubim da guarda; estiveste sobre o monte santo de Deus; andaste no meio das pedras afogueadas. Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniqüidade. Pela abundância do teu comércio o teu coração se encheu de violência, e pecaste; pelo que te lancei, profanado, fora do monte de Deus, e o querubim da guarda te expulsou do meio das pedras afogueadas. Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura, corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei; diante dos reis te pus, para que te contemplem.”(Ez 28.12-17). 2.2. Com a queda de Adão foi amaldiçoada (Gn 3.11-19; 4.11,12; 8.21; Is 24.1-23). “A quem chamou Noé, dizendo: Este nos consolará acerca de nossas obras e do trabalho de nossas mãos, os quais provêm da terra que o Senhor amaldiçoou”(Gn 5.29). 2.3. Adão perdeu o direito de dominá-la pelo poder de Deus, para Satanás. (Mt 4.8; Jo 14.30; 16.11; l Jo 5.19). 2.4 Adão não podia, por recursos próprios, saldar a dívida para retomá-la. Somente o Parente Remidor - GO‟EL poderia fazer isto (Lv 25,26; Rt 2.1- 3; 3.10-18,4.1-10; Is 59.20; Gl 4.4,5; Hb 2.14,15; Ap 5). 3. O que acontecerá com a Terra? Deus vai redimi-la. Três coisas foram perdidas com o pecado: a) A Terra; b) A alma; c) O corpo. Cada um desses elementos tem um único meio de Redenção: Jesus mediante o Seu sangue. No momento nos prenderemos apenas a Redenção da Terra. No livro de Levítico, encontramos, a partir do capítulo 25, uma seqüência de leis referentes à terra: O Ano Sabático (25.1-7); O Ano do Jubileu (25.8-24); O Resgate da Herança (25.25-34); O Irmão Pobre (25.35-46); O Resgate do Irmão Pobre (25.47-55). Todas estas leis se fossem obedecidas daria à terra uma boa qualidade e bom aproveitamento. Com isso a terra produziria o fruto a tempo, proporcionando fartura, 28 prosperidade e bênção ao povo de Israel. Todavia, se todas essas leis não fossem obedecidas os castigos seriam: Desgraça (26.16,17); Seca (26.18-20); Feras (26.21,22); Enfermidades (26.23-26); Fome (26.27-31); Dispersão (26.32-39). Os setenta anos do cativeiro babilônico foi o juízo de Deus porque o povo não guardou os sábados da terra (Lv 25.3-5,8,9; 26.33-35; 2Cr 36.21). A história de Israel é a história da redenção e a forma social de Israel fazia parte do propósito e do padrão da redenção. A restauração do relacionamento entre Deus e o seu povo foi selada pela restauração do seu povo à terra. A história bíblica da redenção começa com as promessas de Deus a Abraão. Um elemento fundamental dessa promessa, conforme se encontra revelada e repetida na narrativa patriarcal, é que Deus daria a Abraão e a seus descendentes uma terra. 3.1. Deus tirará, através de flagelos, o véu de maldição que encobre e domina a atual natureza terrena (Is 25.7,8; 2 Co 3.15,16). 3.2. A terra será redimida (Rm 8.19-22; Jr 12.4; J1 2.18-27; Zc 14.4,5,8,10; Is 11.5-9;35.1,2;55.12,13;65.20-25). Este é o tempo que Jesus chama de “regeneração” “Mateus 19:28: “E Jesus disse-lhes: Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”. É o renascimento da criação. Agora, a criação geme e suporta angústia, mas será redimida do cativeiro quando Cristo voltar (Rm 8.19-22). Grandes mudanças topográficas ocorrerão (Zc 14.4,5,8,10; Is 35.1,2; 55.13). A natureza dos animais ferozes será transformada (Jl 2.22-27; Is 35.2,6,7; Ez 34.26,27), colheitas fracassadas somente ocorrerão para aqueles que deixarem de ir adorar em Jerusalém (Zc 14.16- 19). A vida humana será prolongada, mas haverá mortes durante este período (Is 65.20), pois a morte, o último inimigo, só será destruída no final dos mil anos (1Co 15.24-28; Ap 20.7-14; Is 25.7,8). Como espiritualizar todas essas predições?29 Certamente serão cumpridas de maneira literal. Não é filosofia humana, mas, sim, a Revelação Divina, que projeta luz sobre o futuro. 3.3. Antes da Redenção futura, a Terra será assolada, não de todo, mas de parte em parte (Hc 1.12-17; Ap 6.8; 9.4,15,16). Este processo é claramente visto como as pragas derramadas no Egito. 3.4. Em Habacuque, a Terra é a rede do sacrifício (Hc 1.13-17). 3.5. Mas no fim será cheia do conhecimento do Senhor (Hc 2.13,14; Is 11.9). O Senhor esvaziará a rede da impiedade e a encherá do conhecimento do Senhor. O nosso Deus não habitará nesta “favela” que o Diabo usurpou durante séculos! Ele implantará o seu Reino em Jerusalém somente depois que purificá-la (Is 4.1-6). 4. A Nova Criação 9 - Nova Terra e Novo Céu: Diversas são as passagens das Escrituras que nos chamam a atenção para eles (Ap 21.1,2; Is 65.17; 66.22; 2 Pe 3.10-13). São chamados novos, mas isto não quer dizer que sejam “novos” no sentido absoluto da palavra, pois a Terra permanecerá para sempre (Ec 1.4; S1 104.5; 119.90; J1 3.20; Is 60.21; Am 9.15; Mt 5.5; Gn 9.12-16; Is 45.17,18; 35.1,2,7,10). Nas passagens que falam que a Terra e os céus passarão (Mt 5.18,24,34,35; Mc 13.30,31; Lc 16.17,21,23; 2 Pe 3.10; Ap 21.1), a palavra original nunca é uma que indique o término da existência, mas, sim, parerkhomai - pare/rxomai, um verbo de significado muito amplo e geral, tal como “ir ou vir” a uma pessoa, um lugar, ou a um ponto; “passar”, como uma pessoa por um banho, ou um navio pelo mar, passar de um lugar ou condição para outro, chegar a passar através de, ir para de um a outro de, apresentar-se como quando se quer falar ou servir. Quanto ao tempo, significa ir até o passado, como um acontecimento, ou um estado de coisas que já aconteceu antes, dando lugar a outros eventos e a outro estado de coisas. A idéia principal é a de transição, não de aniquilação. Nem o céu nem a Terra serão aniquilados. Durante o Milênio, eles serão “regenerados” (Mt 19.28) e no Estado Eterno - Reino Eterno, serão “santificados” (2 Pe 3.10-13). Por que causaria estranheza a idéia de a matéria existir para sempre? Se Deus desejar que ela continue, então toda a opinião humana em contrário nada vale. Observemos que, da mesma forma que a justiça reinará na Terra durante o Milênio, habitará também na nova Terra (2 Pe 3.13). Alguns dos redimidos, sem dúvida, estarão no lar - na Nova 9 THIESSEN, H. C. Palestras em Teologia Sistemática. 1ª ed. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1987, p. 373. 30 Jerusalém, mas mesmo os que habitarem na Nova Terra terão contato com o Novo Céu (Ap 21.24). Modelos da nova criação. 10 “O modelo da nova criação é tirado de textos bíblicos que falam de um Reino futuro e eterno, de uma nova terra e da renovação da vida sobre ele, de uma ressurreição corporal (especialmente da natureza física do corpo ressurreto de Cristo), de um ajuntamento social e político entre os redimidos. O modelo da nova criação espera que a ordem ontológica e o escopo da vida eterna sejam essencialmente contínuos ao da presente vida terrena, com exceção do pecado e da morte. A vida eterna para os seres humanos remidos será uma existência corporal na terra (quer a terra presente quer uma terra completamente nova), colocada em uma estrutura cósmica como a temos agora”. “Segundo a linguagem de Isaías 25, 65 e 66, de apocalipse 21 e de Romanos 8, o modelo da nova criação defende a idéia de que a terra e a ordem cósmica serão renovadas e eternizadas pelo mesmo poder criador que concede vida imortal e ressurreição aos santos. O modelo da nova criação rejeita a dicotomia que é fundamental ao modelo da visão espiritual, assim como vê a vida eterna em sentido holístico espiritual e material. O modelo da nova criação afirma uma criação futura e holística abençoada com a perfeição da justiça e da vida eterna”. RECORDANDO: TRÊS ELEMENTOS FORAM PERDIDOS COM O PECADO: 11 1) A Alma - “Porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”. 2) O Corpo - Não poderia comer da Árvore da Vida. 3) A Terra - Ele perdeu o domínio. Os três principais eventos da Redenção seguem os três elementos implicados na perda: 1) A Conversão: Redenção da alma (Gl 3.13). 2) A Ressurreição: Redenção do corpo (Rm 8.23). 3) A Segunda Vinda de Cristo: Redenção da Terra (Rm 8.21; At 3.21; Mt 19.28). A terceira fase da Redenção diz respeito à Terra e àqueles que estiverem nela após o Arrebatamento. O Diabo descerá à Terra a fim de tomar posse completa dela e reinará na pessoa do Anticristo: “Ap.12.7-12: Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não 10 BOCK, Darrell. O MILÊNIO: 3 PONTOS DE VISTAS. São Paulo: Editora VIDA, 2005, p. 145,146. 11 BLOOMFIELD, Arthur E. Antes da última batalha. 1ª ed. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1981, p. 55-57. 31 prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele. Então, ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e o poder, e o reino do nosso Deus, e a autoridade do seu Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, o qual diante do nosso Deus os acusava dia e noite. E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte. Pelo que alegrai-vos, ó céus, e vós que neles habitais. Mas ai da terra e do mar! porque o Diabo desceu a vós com grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta”. A Redenção deveria vir por uma pessoa: Moisés foi a pessoa que Deus escolheu; ele é o tipo de Jesus. Deus não poderia chamar um egípcio, mas um judeu. Tinha que ser um Parente (Ex 2.8-10). Moisés foi enviado de Deus (Ex 3.10), como Jesus foi enviado do Pai (Jo 14,16; 3.16). Moisés era dependente do Pai (Ex 3.12-14). Jesus também dependia plenamente do Pai (Jo 5.19); Ele se despiu de sua glória, do uso da sua Divindade e veio como homem dependente em tudo do Pai. Jesus dependeu do Poder do Espírito Santo (Is 11.2; 61.1,2; Jo 1.32; Lc 4.16-21). Ele recebeu do Pai toda a autoridade no Céu e na Terra (Mt 28.10). Jesus foi a pessoa (Jo 3.16,17) por quem o Pai efetuaria a Redenção. Quando Deus tirou os filhos de Israel do Egito, lhes prometeu a herança de uma terra onde manava leite e mel (Ex 3.8), mas o cananeu, o heteu, o amorreu, o Ferezeu, o heveu e o jebuseu moravam lá. Parece estranha a promessa, mas ela foi feita por Deus. Ele não estava enganando! Deus, evidentemente sabia que havia estranhos na terra. O que faltava era que o povo tomasse Posse da terra (Js 1.11-15). Quando Jesus promete a Terra aos seus filhos (Mt 5.5), parece um absurdo, pois sabe- se que o Diabo é o príncipe deste mundo. Mas a Terra é nossa! Cada palmo dela é do Senhor! (Ex 9.29; 19.5; Dt 10.14; S1 24.1; 1 Co l0.26). Um Preço foi pago. Jesus morreu pela criatura! O que falta? Falta a Posse. Em Romanos, a Criação chora e geme pela plenitude da Redenção; Ap 5 diz que a Criatura se curva ante o Cordeiro porque é chegada a hora da Posse (Ap 5.13). Assim como a terra já podia ser contada como de Israel nos dias de Moisés, embora lhe faltasse a posse, que equivalia à expulsão dos gigantes que minavam aquela terra, também haverá necessidade de que haja Vingança e Posse da Terra, o que representa uma grande luta por parte do Senhor e seus santos contra Satanás e seu reino. 32 A Posse da Terra Requererá Duas Etapas: 1) A Vingança contra o Posseiro - Satanás. O juízo antecedente. 2) Um Dia de Vingança (Is 61.2; 34.8; 63.1-6;J1 3.13-16; 2 Ts 1.7, 8). A Posse virá após esse dia. A Redenção da Terra Tem Três Opções (Lv 25.23-31; Jr 32.6-15): 1) O Parente Remidor - tipo de Jesus; 2) O Esforço próprio - tipo do esforço próprio de Israel (Lv 25.26,27); 3) O Ano do Jubileu - tipo do Milênio (Lv 25.28,29). O Parente Remidor, biblicamente, teria que cumprir as seguintes exigências: 1) Ser parente próximo (Lv 25.48,49; Rt 3.12,13; Jr 32.7; Rt 3.9). 2) Capaz de redimir (Mt 4.4-6; Jr 50.34; Jo 10.11,12). 3) Ter posses, para pagar 0 preço completo pedido (Lv 25.27). A Redenção é efetuada somente pelo sangue (Ex 12. 13,23,27; lPe 1.18; 1Co 6.20; 7.23; 2 Pe 2.1; Ap 5.9; 14.3,4). O Parente Remidor tinha também direitos: 1) Direito de remir pessoas ou herdades (Lv 25.25,48; G1 4.5; Ef 1.7). 2) Direito de pagar a dívida exigida (Lv 25.27; G1 3.13; l Pe 1.18,19; Jr 32.7). O esforço próprio (Lv 25.25-31) equivale ao seguinte processo: Se a pessoa que vendeu uma herdade não possuísse um Parente Remidor, poderia esforçar-se por herdar a terra alcançando meios financeiros para tê-la de volta. A terra é vista de dois pontos de vista: 1 ) A Terra da Promessa - Israel; 2 ) O planeta Terra - as nações. A Terra da Promessa - Israel. O processo para herdá-la está descrito em Lv 25 e 26. É literal: o herdeiro é Israel e os posseiros são os árabes. O planeta Terra - as nações. O processo para herdá-la é o mesmo que está em Lv 25. É espiritual. O herdeiro são as nações e o Posseiro é Satanás. Em relação a Israel, ele matou seu Parente Remidor. Poderia confiar Nele, mas o rejeitou (Jo 1.11). Israel O matou (Mt 27.11-25). Até hoje, Israel quer conseguir a Posse 33 da terra por esforço próprio, mas não conseguirá jamais por si mesmo! Por algum tempo, esperará no falso Messias que virá, mas nem assim conseguirá; pois a aliança que o Anticristo fará será quebrada (Dn 9.27) e ele pisará na Terra e a deixará num estado abominável semelhante ao do Egito e de Sodoma. Tal é a situação de iniqüidade que prevalecerá em Jerusalém (Ap 11.2,8) na última parte da última semana de Daniel. Toda a cronologia da história de Israel após a morte de Cristo é resumida numa tentativa frustrada da conquista da terra por seu próprio esforço. Em relação às nações, quando Pilatos disse: “Sou inocente do sangue desse homem”, poucos sabem que ele estava proferindo uma palavra substitutiva de culpabilidade sobre Cristo. Pilatos representava os gentios, que transferiam a sua culpa a Jesus. Por isso Jesus morreu: por nossa culpa. Em Dt 2l está o processo de transferência da culpa (Dt 21.1-9; Mt 27.11-26). O morto é o tipo de nossos delitos e pecados. Os anciãos representam o povo de Israel. As cidades mais chegadas tipificam o mundo todo culpado (Rm 3.23). A bezerra, a novilha, é o tipo de Jesus. O vale áspero é o tipo do Calvário. O ato de lavar as mãos sobre a bezerra é o tipo da transposição da culpa e aceitação da substituição efetuada pela novilha. Pilatos é o tipo dos gentios. Ele lavou as mãos do sangue inocente e transpôs a culpa de todos os gentios para o Cordeiro de Deus. O que era para Israel fazer, os gentios fizeram. O que Israel fez foi pedir que o sangue de Jesus caísse sobre eles, sobre suas cabeças. Por isso, quando Jesus morreu, o sangue dele foi derramado sobre a Terra (eis o preço da Redenção da Terra e de todo aquele que crê) e ainda continua caindo sobre os judeus e seus filhos (Mt 27.24,25). Jesus morreu pelos gentios! Lavou sua culpa! Jesus nos redimiu (1Pe 1.18,19) e também redimiu a Terra. Os gentios não têm nada a fazer para alcançarem a Posse da Terra a não ser crer em Jesus e esperar a ocasião da Posse. 34 Mas os judeus ainda precisam pagar um preço caro até que a Posse chegue. Seu esforço de nada adiantará! A 3ª opção da Redenção da Terra é o Jubileu (Lv 25.25-28). O Reino de Deus não se restringe apenas aos dias do Milênio, mas é Eterno (Dn 7.13,14, 18, 27; 2 Pe 1.11; Lc 1.31-33; Ex 15.18; Ap 11.15; Dn Os Documentos da Posse:a Escritura Selada e Aberta “Vi na mão direita daquele que estava sentado no trono um livro escrito por dentro e por fora, e todo selado com sete selos” (Ap 5.1). Jesus é o herdeiro de todas as coisas e, juntamente com Ele, os santos (Rm 8.17). Após o Arrebatamento, Satanás irá querer tomar posse definitiva da Terra. Ele já dissera a Jesus: “Tudo isso (as nações) te darei, se prostrado me adorares.” Se as nações não estivessem nas mãos dele, de forma que pudesse dá-las ao Senhor, isso não teria sido uma tentação verdadeira. Adão vendeu a Terra a Satanás, e ela se tornou uma propriedade comprada. Após o Arrebatamento, ficará parecendo que ele se tornou o único proprietário, pois nós, a Igreja do Senhor, que temos através de Cristo o direito à Terra, estaremos ausentes. Mas é Deus quem detêm a escritura da Terra. Em sua mão direita há um documento selado, evidência legal de que a Terra se acha sujeita à Redenção, se houver Parente Remidor que possa e queira pagar Preço tão grande. Mas o Diabo, um desordeiro, não reconhece a Lei. Não apenas se recusa a abandonar a Terra, mas também está se preparando para resistir ao despejo. Portanto, é necessário que Alguém pegue o Livro Selado, rompa os selos, e aja pela autoridade do Livro Aberto. O rompimento dos selos é o processo de Redenção da Terra. Mas quem vai romper os selos? Quem pode pagar o terrível Preço do Resgate? Quem se habilita a realizar o despejo de Satanás? Miguel o expulsará para a Terra no meio da Grande tribulação, mas quem enfrentará esse leviatã? (Jó 41.8-10; Is 27.1; Jó 26.13; Ap 12.3,9,17; Sl 104.26 ). Na antiga literatura aramaica (ugarítica), o leviatã era um monstro de sete cabeças, inimigo da ordem criada por Deus. O leviatã com sete cabeças faz referência ao Dragão dos capítulos 12 e 13 do livro de Apocalipse. É o próprio diabo que tem sete cabeças que dá poder ao anticristo (Ap 35 13.1) que também tem sete cabeças. A palavra dragão em Ap 12.3,9,17 no Novo Testamento hebraico é tanin ). João chorou porque ninguém era digno de abrir os selos, mas (Ap 5.5-7) eis aí o Cristo, o Cordeiro de Deus, o Leão da Tribo de Judá, a Raiz de Davi. Ele venceu, para poder abrir o Livro e os Sete Selos. Só Jesus pode resgatar a Propriedade comprada. Só Ele pode despejar Satanás. Esse acontecimento marcará o momento de uma grande alegria nos céus (Ap 12.12), a primeira depois daquele dia distante em que as estrelas da manhã cantaram juntas e os filhos de Deus gritaram de alegria (Jó 38.7). Cristo Toma Posse: Ap 10.1,2,5,6. O Livrinho = Livro Aberto O ato do rompimento dos Selos somente o Resgatador pode efetuar.Mas quando Resgatador chega a esse ponto não é mais chamado, na Bíblia,de Resgatador, mas, sim, de Vingador (Is 61.2 refere-se a este ato). O Ano Aceitável é o tempo equivalente ao resgate da alma. Vemos este mistério claramente demonstrado em Lv 25.30 e 1 Pe 1.18, 19. É o Tempo da Graça - Jesus veio para cumprir este tempo na sua Primeira Vinda (Lc 4.18,19). Por isso, Ele parou de ler na frase “o ano aceitável do Senhor” (Is 61.1,2; Lc 4.18, 19). Por que não leu o resto do texto? Porque, na sua Primeira Vinda, Ele não veio para vingar, mas veio para pagar o Preço da Redenção. O processo de rompimento dos Selos no Apocalipse é o processo de Posse da Terra. Em Ap 12, Satanás será derribado à Terra. Quando será esse evento? O tempo em que esse evento vai acontecer literalmente será o tempo determinado para a última etapa da Grande Tribulação, descrita como Grande Angústia de Jacó. Mas o Remanescente será livre dela (Sl 91.1-16; Jr 30.7). Satanás se recusará a deixar a Terra. Então será feito o desafio. Aquele Que Rompe os Selos é o Mesmo Que Toma Posse! A Redençãoé efetuada pelo poder. A Redenção é consumada pela manifestação do Vingador (Ap 10.1-6). (Leia também: Ef 1.14; Rm 8.19-21). 36 João comeu o Livrinho (Ap 10.9-11). É o mesmo que acontece com Baruque. Após a lavração de uma escritura remida por Jeremias, o profeta, a escritura lavrada foi colocada num vaso para que se esperasse o cumprimento certo. “Tudo está cumprido, esperemos a posse” (Jr 36.15-32). Ap 6.11-19.21 - Todo o teor desta passagem envolve um processo profético que somente agora você pode entender claramente. Haverá o despejo de Satanás e a Posse. A Completa Redenção 12 Após o Milênio haverá algumas mudanças. A Cidade Santa descerá do Céu, até as proximidades da Terra. Será o lugar de moradia dos santos da Noiva de Cristo, por toda a Eternidade. Portanto, haverá pessoas com corpos glorificados (pneumatiko/n – corpo espiritual) vivendo na Nova Jerusalém e haverá pessoas com corpos físicos (yuxiko/n – corpo almático) vivendo na Terra. As pessoas que estiverem na Terra são as que viveram no Milênio. Na Cidade Santa, iluminação provirá da Glória de Deus e do Cordeiro, que é a sua lâmpada. As nações na Nova Terra andarão mediante a sua Luz e os reis da Terra lhe trarão a sua glória (Ap 21.24). “As nações andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória”. Isso ocorrerá após o Milênio, depois de já haver sido iniciada a Eternidade. Trata-se de uma condição permanente. Já não haverá mais morte: “Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4). “Então virá o fim quando ele (Jesus) entregar o reino a Deus o Pai (no fim do Milênio), quando houver destruído todo domínio, e toda autoridade e todo poder. Pois é necessário que ele reine (durante todo o Milênio) até que haja posto todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte. Pois se lê: Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés. Mas, quando diz: Todas as coisas lhe estão sujeitas, claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou todas as coisas. E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus seja tudo em todos” (1Co 15.24-28). 12 BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 62. 37 A Aliança do Arco-Íris 13 A Aliança do Arco-Íris, que Deus fez com o homem logo após o Dilúvio, tem uma importância toda especial, pois é a única que diz respeito à Terra e a toda criatura viva. Possui também um traço comum a todas as alianças: é eterna (Gn 9.12-16). A aliança é para “gerações perpétuas”. Isto significa que Deus não destruirá a Terra para sempre nem as coisas da Terra, como fez por ocasião do Dilúvio. O propósito e significado desta aliança são enunciados em Gn 8.21. Quando a Bíblia diz que o mundo daquele tempo veio a perecer afogado em água, devemos lembrar que o planeta não foi destruído, não deixou de existir. Assim também será no Dia do Senhor, haverá juízo sobre a terra, mas o planeta sobreviverá. A Terra é Eterna 14 A terra é eterna: Is 45.17,18;60.21; Ec 1.4;S1 104.5; 119.90; J1 3.20. “Então todo o seu povo será justo, e possuirá a terra para sempre. Ele é o renovo que plantei, obra das minhas mãos, para manifestação da minha glória” (Is 60.21). “Gerações vêm e gerações vão, mas a terra permanece para sempre” (Ec 1.4). Para que a Terra possa durar para sempre, terá que ser incluída no processo de Redenção (Is 35.1,2,7; Mt 19.28). “Esta Terra que tem sido consagrada pela „presença do Filho de Deus‟, onde foi feito o sacrifício mais custoso que jamais houve, no Calvário, a fim de redimir uma raça perdida, e para a qual Deus tem reservado um grande futuro, é um lugar por demais sagrado para ser extinta ou deixada de existir, porquanto é o planeta mais querido na mente de Deus, dentre toda a Sua vastíssima criação” (Clarence H. Larkin). O novo céu e a nova terra não resultarão de alguma catástrofe no fim do milênio. Pelo contrário, são resultantes do processo de redenção e do reinado de Cristo durante mil anos. É inconcebível que a obra redentora de Cristo, que culminará com o reinado milenar, venha a resultar num fracasso caótico como a destruição do planeta. 13 BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63. 14 BLOOMFIELD, Arthur E. Op. Cit., p. 63. 38 “[...] o resultado final do futuro, prenunciado nas Santas Escrituras, não é a existência meramente espiritual de almas salvas, mas a restauração do cosmos inteiro, quando Deus será tudo em todos debaixo dos céus e a terra renovados” (Abraham Kuyper). LIVRO TEMPO HISTÓRICO TEMPO FUTURO Isaías Exílio de Judá na Babilônia e retorno depois de 70 anos O retorno de Israel no fim da Grande Tribulação. 33.14-17: profecias sobre nações estrangeiras. Ezequiel A ressurreição da nação de Israel e o juízo dos países vizinhos Oséias A idolatria de Israel nos dias dos reis A união da nação prostituta ao Senhor pelo arrependimento. A divisão da terra (Israel) Daniel Nabucodonosor Babilônia As nações no Tempo dos Gentios. Amós A justiça social Tipo do ministério de injustiça que operará nos dias do Anticristo Sofonias A destruição de Nínive e Assíria Deus vai atrair as nações para Jerusalém. Ageu Edificação do Templo por Zorobabel nos dias de Esdras. O Templo em sua glória em Jerusalém (Ez 40-48). Zacarias Edificação espiritual da Nação nos dias de Neemias O Armagedom Angústia de Jacó (Só futuro). Joel O Dia do Senhor. Obadias A extensão do reino terreno de Israel após a oposição de seus vizinhos árabes (Sl 78.4). Naum A condenação de Nínive. Habacuqu e A ascensão e destruição do Anticristo (Hc 2.8-10). Malaquias Sacerdócio de Levi consumido. O Dia do Senhor em relação aos inimigos 39 TRÊS POVOS E UM REINO O MINISTÉRIO DOS PROFETAS ABRANGE O CAMPO DAS PROFECIAS: 1. Messiânicas: 1 Pe 1.11; Lc 24.27,44; 2. Hebraicas: Rm 11.26; 3. Gentílicas: Lc 21.24 4. Eclesiásticas: Ef 3.10 O MINISTÉRIO DOS PROFETAS TEVE E TEM COMO PROPÓSITO: 1. Cristo, o Rei de Israel; 2. Cristo, o Juiz das Nações; 3. Cristo. O Senhor da Igreja. AS PROFECIAS BÍBLICAS REVELAM: 1. Juízo e bênção sobre Israel: Is 5.5; Ez 34.24-31; 2. Juízo e bênção sobre as nações: Is 14.24-26; 23.8,9; Jr 49; Is 2.2-5. “Antes de entrarmos no capítulo em que trataremos do Reino de Deus é necessário distinguirmos que Deus trata com três povos: Israel, Igreja e as Nações (Gentios)”: 15 “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”. Um dos grandes temas da profecia bíblica é o destino de Israel. Desde o nascimento de Israel enquanto nação até à consumação final do seu destino, cada estágio foi predito pelos seus profetas. Entretecido na história de Israel encontra-se o destino da Igreja. A mesma teve origem no interior de Israel, mas ao longo dos séculos os destinos destes divergiram largamente. No entanto, tem havido uma contínua interação entre ambos. As profecias sobre estes dois povos têm se cumprido e com certeza aquelas futuras cumprir-se-ão. Uma função vital da profecia é fornecer ao povo de Deus uma visão clara do seu destino divinamente traçado. Sem tal visão o povo de Deus perecerá. 15 Derek Prince: “O Destino de Israel e da Igreja”. 40 “Não havendo profecia, o povo se corrompe; mas o que guarda a lei, esse é bem- aventurado”. Quem é Israel? Tem havido uma distorção sobreo que é Israel. Muitos dos Pais da Igreja confundiram a nação de Israel com a Igreja. Eles desenvolveram a doutrina de que a Igreja substituiu Israel nos propósitos de Deus e que, por isso, a Igreja ficou conhecida como o “novo Israel”. Este tipo de ensino foi promulgado cerca de 150 D.C. por Justino Mártir e posteriormente adotado por Irineu, Orígenes e Agostinho. O Velho Testamento foi sendo interpretado de uma forma “alegórica”. Depois do ano 400 D.C. os teólogos, comentadores e tradutores da Bíblia têm utilizado o termo Israel como sinônimo de Igreja. Porém, após o reconhecimento de Israel como Nação em 24 de maio de 1948, e a tomada da Velha Jerusalém como capital em 1967, a velha interpretação teve de ser reformulada. A verdade essencial é em geral simples e a verdade é esta: Israel é Israel e a Igreja é a Igreja. Derek Prince descobriu 77 ocorrências no Novo Testamento em que surgem as palavras Israel ou Israelitas. E concluiu que os apóstolos nunca utilizaram Israel como sinônimo da Igreja. Nem tão pouco a frase “o novo Israel” surge em algum lugar no Novo testamento. O termo Israel é freqüentemente utilizado como “tipo” da Igreja (1Co 10.10). Porém, retratar Israel como “tipo” da Igreja é completamente diferente de identificar a Igreja como Israel. Quem é judeu? A palavra judeu ocorre cerca de 200 vezes no N.T. De todas essas referências, a única passagem em que judeu é claramente utilizado de uma forma diferente é Rm 2.28,29: “Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não na letra, cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus”. Derek Prince em “O Destino de Israel e da Igreja”, nas 77 referências que contou as palavras Israel e Israelitas, afirma que em nove casos são uma citação direta das 41 Escrituras do Velho Testamento, em cada exemplo o significado no N.T. é precisamente o mesmo do V.T. Há mais 66 passagens que não são citações do V.T. mas em todos estes casos, o uso no N.T. concorda com o V.T. Desse modo permanecem apenas duas passagens no N.T. em que Israel é utilizado com um sentido especial (Rm 2.28,29; Ap 2.9; 3.9). “Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás”; “Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás (aos que se dizem judeus e não são, mas mentem), eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo”. O termo judeu, que é derivado do nome Judá, significa “louvor” ou “ações de graças”. Quando Lia deu a luz o seu quarto filho, chamou-o Judá (em hebraico Yehudah), ou judeu é louvor. Assim, Paulo diz que se alguém é um verdadeiro judeu, então o seu louvor deve vir de Deus e não dos homens. Em certo sentido, ele está dizendo que não basta ser judeu exteriormente. Um verdadeiro judeu deve ter uma condição íntima de coração que o faz merecer o louvor de Deus. Para ser um verdadeiro judeu não basta que a pessoa tenha todas as marcas exteriores; ela deve também possuir a condição espiritual íntima que dê louvores a Deus e dEle obtenha louvor. A IGREJA NÃO É ISRAEL Quando o Senhor prometeu fundar a Sua Igreja, Israel já existia há quase dois mil anos. Deus criou esta nação especial, realizando um milagre biológico em Abraão e Sara. Este povo foi primeiro chamado de hebreus, depois israelitas e, mais tarde, judeus. Deus deu a eles a promessa simples de que se O adorassem e lhe obedecessem, Eles os abençoaria. Se desobedecessem e adorassem outros deuses, porém, Ele os amaldiçoaria. A história da desobediência de Israel é bem conhecida. Seiscentos anos antes de Cristo vir ao mundo, Deus permitiu que fossem levados para a Babilônia (70 anos de cativeiro por não terem guardado os sábados da terra). O povo não tirou proveito dessa experiência nem das profecias de Daniel, Isaías, Jeremias e outros. Rejeitaram o Messias, crucificaram-no e por esta razão Israel foi colocado em “suspensão” profética e a Igreja fundada no Pentecostes tornou-se o centro especial da atenção de Deus. 42 Deus ainda não terminou sua obra com Israel. “Naquele dia (O Dia do Senhor), tornarei a levantar o Tabernáculo de Davi, que caiu, e taparei as suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e a edificarei como nos dias da antiguidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o SENHOR, que faz estas coisas. Eis que vêm dias, diz o SENHOR, em que o que lavra alcançará ao que sega, e o que pisa as uvas, ao que lança a semente; e os montes destilarão mosto, e todos os outeiros se derreterão. E removerei o cativeiro do meu povo Israel, e reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto. E os plantarei na sua terra, e não serão mais arrancados da sua terra que lhes dei, diz o SENHOR, teu Deus” (Am 9.11-15). Pedro cita esta passagem dizendo que esta restauração ainda é futura: “E com isto concordam as palavras dos profetas, como está escrito: Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificá-lo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e também todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas que são conhecidas desde toda a eternidade”. As promessas não cumpridas de um Reino de Justiça, como o “Trono de Davi seu pai”, devem ser ainda cumpridas durante o Reino Milenar, quando Cristo, o herdeiro legal de Davi, governará o mundo como Rei dos reis e Senhor dos senhores. Todas as promessas para Israel serão realizadas nessa época. Reunir Israel e a Igreja, como sendo uma e a mesma coisa, sugerindo que a Igreja é agora herdeira das promessas feitas a Israel é não discernir a Economia Divina. Os reconstrucionistas, alguns pós-milenistas, e outros esperam que a Igreja (como Israel de Hoje) antecipe o Reino. Deus tem um propósito Eterno, Ele quer que os Gentios, a Igreja e Israel entrem no Reino Eterno do Pai após o Milênio. Até lá Ele tratará com cada um desses povos. 43 Durante a Graça – O Ano Aceitável do Senhor, Ele está separando um remanescente dentro da Igreja para no arrebatamento entrar no Reino de Deus. Hoje em dia, muita gente pensa na Igreja como uma estrutura física de madeira, tijolos ou pedras, mas não é essa a utilização que o Novo Testamento faz do termo. No grego do N.T., a palavra geralmente traduzida por igreja é ekklesia (e)kklhsi/a). Refere-se a um grupo de pessoas colocadas para um propósito especial. A palavra portuguesa que mais se aproxima é “assembléia”. Em Atos 19.32,39,40 é a palavra usada para descrever o corpo de cidadãos de Éfeso que foram convocados para decidir os assuntos da comunidade. EKLESIA é uma assembléia de pessoas chamadas da presente ordem mundial para servirem a Jesus Cristo e serem por Ele preparadas para se tornarem os governantes (reis e sacerdotes – Ap 1.6; 2.26,27; 5.10) do Reino vindouro. A Igreja é o corpo de Cristo (Ef 1.22,23), não é uma organização, mas um organismo. Cada membro deste corpo tem uma relação pessoal de fé com Cristo, como sua cabeça, através dEle com todos os outros membros. Este conceito tem sido, através dos séculos, corrompido e distorcido. Hoje a Igreja apresenta pouca ou nenhuma semelhança com o modelo original estabelecido no N.T. Muitos dos que se consideram membros da Igreja hodierna não possuem nenhuma relação viva e pessoal com Cristo e são freqüentemente inimigos de outros cristãos professos. Apenas uma pequena minoria dos que são em geral chamados cristãos são membros
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