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Bens Públicos Graduação Curso de Teoria Microeconômica I Valéria Pero Bens Públicos • Bens que não seriam ofertados pelo mercado ou, pelo menos, não em quantidade suficiente. • Ex: Defesa Nacional; Iluminação pública • Duas propriedades: • Não-rivais • O custo marginal de prover o bem para um consumidor adicional é zero para qualquer nível de produção. • Não-excludentes • Os indivíduos não podem ser excluídos do consumo do bem. • Nem todos os bens produzidos pelo governo são bens públicos • Alguns desses bens são rivais ou excludentes: • Educação • Parques Slide 2 Provisão do bem público • Suponha que duas pessoas que dividem uma casa estão pensando em comprar TV. Ambas vão assistí-la e a TV será um bem público. • Quando vale a pena adquirí-la? • Considere: • w1 e w2 a riqueza inicial de cada pessoa; • g1 e g2 a contribuição de cada uma para compra da TV • x1 e x2 a quantia que restará para gastar em seu consumo privado. Slide 3 • As restrições orçamentárias serão: • x1 + g1 = w1 • x2 + g2 = w2 • Suponha também que: • g1 + g2 >= c. • Ou seja, a TV custa c e essa equação resume a tecnologia disponível para oferecer o bem público: eles podem adquirir a TV se pagarem juntos c. Slide 4 Provisão do bem público • As funções de utilidade: • U1(x1, G), onde G será 0 para indicar nenhuma TV e 1 para indicar existência de TV. • Essas duas pessoas podem avaliar de maneira diferente o consumo de TV. Podemos medir isso pelo preço que cada uma estaria disposta a pagar para ter a TV disponível: PREÇO RESERVA. • Preço reserva da pessoa 1 (r1) é a quantia máxima que ela está propensa a pagar para ter a TV. • Se a pessoa pagar o preço de reserva pela TV, ela terá w1 – r1 disponível para consume de outros bens. Slide 5 Provisão do bem público • Se ela for indiferente: • u1(w1 – r1 ,1) = u1(w1 ,0) • Observe que o preço de reserva em geral depende da riqueza de cada pessoa: a quantia máxima que cada um está disposto a pagar depende do quanto a pessoa é capaz de pagar. • Sob quais condições a TV deve ser fornecida? • u1(w1 , 0) < u1(x1 , 1) • u2(w2 , 0) < u2(x2 , 1). Slide 6 Provisão do bem público • Usando definição de preço reserva e a RO: • u1(w1 -r1, 1) = u1(w1 , 0) < u1(x1, 1) = u1(w1- g1, 1) • u2(w2 –r2, 1) = u2(w2 , 0) < u2(x2, 1) = u2(w2- g2, 1) • Podemos concluir que: • w1 -r1 < w1- g1 • w2 –r2 < w2- g2 • O que por sua vez implica r1 > g1 r2 > g2 • Condição necessária para que a compra da TV seja uma melhoria de Pareto: contribuição de cada pessoa para TV seja menor do que sua propensão a pagar pelo aparelho. Slide 7 Provisão do bem público • Logo se a propensão de cada pessoa a pagar exceder sua participação no custo, a soma da propensão a pagar terá de ser maior do que o custo da TV: • r1 + r2 > g1 + g2 = c • Essa é uma condição suficiente para que prover a TV seja uma melhoria de Pareto. Porém, depende da propensão de cada agente a pagar, que depende da distribuição de riqueza inicial. Exemplo em que colega de quarto que adora TV tem muito dinheiro e o outro, que é indiferente, não. Pense no caso contrário. Slide 8 Provisão do bem público • Resumindo: Se um bem público tiver que ser provido numa quantidade fixa ou não ser provido, uma condição necessáia e suficiente para que a provisão seja eficiente no sentido de Pareto é que a soma das propensões a pagar (os preços de reserva) seja maior que o custo de prover o bem público. Slide 9 Provisão do bem público Diferentes níveis do bem público • Suponha agora que os dois colegas de quarto tenham que decidir o quanto gastar e que quanto mais dinheiro gastarem melhor será a TV. • x1 e x2 a quantia que restará para gastar em seu consumo privado • g1 e g2 a contribuição de cada uma para compra da TV • G mede a qualidade da TV e c(G) a função custo da qualidade. Se os dois colegas quiserem comprar a TV com qualidade G, terão que gastar c(G). Slide 10 Diferentes níveis do bem público • A restrição orçamentária agora será: • x1 + x2 + c(G) = w1 + w2 • Alocação eficiente de Pareto quando consumidor 1 está tão bem quanto possível, dado o nível de utilidade do consumidor 2. • Se fixarmos a utilidade de 2 em uf2, , podemos escrever o problema como: Slide 11 Diferentes níveis do bem público Max (em x1 x2 G) u1(x1 ,G) de modo que u2(x2 ,G)=uf2 x1 + x2 + c(G) = w1 + w2 Condição ótima: a soma dos valores absolutos das taxas marginais de substituição entre o bem privado e público dos dois consumidores se iguala ao custo marginal de prover uma unidade extra do bem público: TMS1 + TMS2 = CM(G) Ou ao reescrevermos as definições de TMS: [Δ(x1)/ Δ(G)]+[Δ(x2)/Δ(G)] = [UMG/UMx1]+[UMG/UMx2] = CM(G) Slide 12 Diferentes níveis do Bem Público [ ] [ ] 0)(),(),( 0),( 0),( )( ),(),( 2211 2 22 2 1 11 1 212122211 = ¶ ¶ - ¶ ¶ - ¶ ¶ = ¶ ¶ =- ¶ ¶ -= ¶ ¶ =- ¶ ¶ = ¶ ¶ --++---= G Gc G Gxu G Gxu G L x Gxu x L x Gxu x L CPO wwGcxxuGxuGxuL µl µl µ µl (1) (2) (3) l µ µ µ µ µ l µµ = ¶ ¶ ® = ¶ ¶ ® ¶ ¶ = ¶ ¶ - ¶ ¶ ® 2 22 1 11 2211 ),( (2) De ),( (1) De )(),(),(1)3( x Gxu x Gxu G Gc G Gxu G Gxu (4) (5) (6) (5) e (6) em 4: Diferentes níveis do Bem Público )( )( ),( ),( ),( ),( 21 )(2 22 22 1 11 11 21 GCMaTMSTMS G Gc x Gxu G Gxu x Gxu G Gxu GCMa TMSTMS =+Þ ¶ ¶ = ¶ ¶ ¶ ¶ + ¶ ¶ ¶ ¶ !"# $$ !$$ "#$$!$$"# (5) e (6) em (4): Diferentes níveis do Bem Público Diferentes níveis do bem público Por que essa tem de ser a condição de eficiência? Suponha que não: CM=1, TMS1 =1/4 +TMS2 =1/2 Pessoa 1 estaria disposta a aceitar ¼ mais unidades monetárias do bem privado pela perda de 1 unidade do bem público (uma vez que ambos custam R$1 por unidade). Do mesmo modo, pessoa 2 aceitaria ½ mais unidades do bem privado para diminuir 1 unidade do bem público. Suponha que se reduza a quantidade do bem público e que se ofereça uma compensação a ambas as pessoas. Quando reduzimos 1 unidade do bem público, poupamos 1 unidade monetária. Após pagarmos cada pessoa a quantia que ela exige para permitir essa modificação (3/4 = ¼ + ½) , descobrimos que ainda nos resta ¼ de unidade monetária. Esse dinheiro poderia ser dividido entre as duas pessoas, o que faria com que ambas melhorassem. Slide 16 Uma comparação • Vale a pena comparar condição de eficiência do bem privado e público: • bem privado: TMS de cada pessoa tem de igualar-se ao custo marginal. Cada pessoa pode consumir uma quantidade diferente do bem privado, mas todas têm de atribuir-lhe o mesmo valor na margem. • bem público: a soma das TMS tem de igualar-se ao custo marginal. Todas as pessoas tem de consumir a mesma quantidade, mas podem atribuir-lhe um valor diferente na margem. Slide 17 Preferências quase lineares e bens públicos • Em geral, a quantidade ótima do bem público será diferente em diferentes alocações do bem privado. Mas se os consumidores tiverem preferências quase-lineares, cada alocação eficiente apresentará uma quantidade única do bem público. • Preferências quase-lineares: ui(xi ,G) = xi + hi(G). • Isso significa que a utilidade marginal do bem privado será sempre 1 e, portanto, a TMS entre o bem público e privado – a razão das utilidade marginais – dependera de G. TMS1 = [Δ u1(x1, G)/ Δ(G)] / Δ u1/ Δ x1 = Δh1(G)/ Δ G TMS2 = [Δ u2(x2, G)/ Δ(G)] / Δ u2/ Δ x2 = Δ h2(G)/ Δ G Slide 18 Preferências quase lineares e bens públicos Sabemos que um nível eficiente de Pareto de um bem público tem de satisfazer à condição TMS1 + TMS2 = CM(G) Que no caso das preferências quase-lineares pode ser escrita como Δ h1(G)/ Δ G + Δ h2(G)/ Δ G = CM (G) Observe que essa equação determina G sem referencia a x1 oux2. Há portanto um único nível eficiente de provisão do bem público. Slide 19 Exemplo 1 ,699300 ) 1 ,899100 ) 999 1000 11 11 1 7,0 1 3,0 )( )ln(7,0),( e , )ln(3,0),( , )( 12 12 2121 21 222 111 ==Þ= ==Þ= =+Þ=++ =®=®=+ =+ += +== GxxiiGxxi xxGxx G G GG GCMaTMSTMS GxxGu GxxGuGGc G eficiente independe da renda dos indivíduos Funções de utilidade Quase-lineares Provisão privava dos bens públicos • O problema dos caronas • A provisão de alguns bens ou serviços necessariamente beneficia todos os indivíduos. • Os indivíduos não têm incentivo a pagar o valor que atribuem ao bem pelo direito de consumí-lo. • Os caronas subestimam o valor de um bem ou serviço com o objetivo de usufruir de seus benefícios sem ter de pagar por eles. • Mecanismos puramente individualistas não geram a quantidade ótima de um bem público devido ao problema do carona Slide 21 Problema do Carona BP Bem privado 1 w1 x GgÀ = BP Bem privado 22 xw = G TMS=1 TMS=1 indivíduo A indivíduo B (carona) Curvas de indiferença do Carona Curvas de indiferença de 1 Provisão de Bens Públicos • Provisão do BP por uma pessoa tende a reduzir a provisão de outras • Em geral, mercado competitivo gera pouca provisão (oferta) de bens públicos • Mecanismos de oferta de bens públicos ▫ Mecanismo de comando ▫ Sistema de votação ▫ Mecanismos de incentivo para revelação da preferência por BP Verdadeiro ou Falso? 1. Bens públicos são aqueles em que a pessoa tem de consumir a mesma quantidade, apesar das pessoas terem avaliações diferentes sobre o quanto querem desse bem. 2. Se um bem público tiver de ser provido numa quantidade fixa ou não ser provido, uma condição necessária e suficiente para que a provisão seja eficiente é que a média das propensões a pagar seja maior que o custo do bem público. 3. Em geral, os mecanismos puramente individualistas não gerarão a quantidade ótima de um bem público devido ao problema do carona. Slide 24