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Psicologia da Educação e da Aprendizagem 02 1. Conceito Geral: Psicologia da Educação 5 O Trabalho do Psicólogo 5 Áreas de atuação do psicólogo 6 A Pesquisa 7 A Experimentação 8 A Compreensão do aluno 9 A Compreensão do processo de ensino-aprendizagem 9 A Compreensão do papel do professor 10 Psicologia da educação x Psicologia escolar 11 A importância da psicologia na formação docente 14 2. Elementos Essenciais Para o Estudo da Psicologia da Educação 16 Estudo dos Elementos 16 Motivação 16 Percepção 17 Personalidade 18 Desenvolvimento 19 Aprendizagem 21 Afetividade 21 A inteligência 22 Emoções 23 Medicação na educação 25 3. Matrizes do pensamento psicológico e implicações para a educação 27 A psicologia na percepção e a educação pelos sentidos 27 Tato 29 Visão 29 Olfato 29 Paladar 29 Audição 29 3 4. Contribuições da Psicologia para o entendimento do contexto 32 Visão Sobre os Contos de Fadas e a Prática Pedagógica 32 Concepção do Desenvolvimento Humano 34 O papel da linguagem na aprendizagem e desenvolvimento 38 Linguagem verbal 39 Linguagem não-verbal 39 Material Complementar 40 5. O Desenvolvimento Humano 43 Fases do Desenvolvimento Humano 43 Período Gestacional 43 Primeira Infância 43 Segunda Infância 44 Terceira Infância 44 Adolescência 44 Início da Vida Adulta 44 Vida Adulta Intermediária 44 Terceira Idade 44 Tipos de Aprendizagem 45 6. Referências Bibliográficas 47 04 5 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 1. Conceito Geral: Psicologia da Educação Fonte: Dr. Consulta1 O Trabalho do Psicólogo uando se pensa sobre o traba- lho do psicólogo logo se ima- gina um divã onde se apoia o paci- ente para falar de seus conflitos pes- soais associando, neste contexto imaginário que o psicólogo é apenas um ouvinte. No entanto quando se dispõe a pesquisar sobre o tema per- cebe-se que o trabalho do psicólogo é muito mais amplo e significativo e este profissional está presente nos diversos segmentos da sociedade. 1 Retirado em: https://blog.drconsulta.com/ De origem grega, a palavra psi- cologia significa estudo da mente. Sendo assim, o psicólogo tem o pa- pel de analisar os processos mentais e as interações do ser humano con- sigo mesmo e com o mundo à sua volta. A partir da compreensão des- ses processos é possível propor in- tervenções que podem auxiliar o in- divíduo no autoconhecimento e no aprimoramento de suas relações so- ciais. O entendimento da ação do psicólogo e a ampliação de sua atua- Q 6 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM ção em áreas diversificadas contri- buem para a formação de seres hu- manos mais equilibrados emocio- nalmente e consequentemente, de uma sociedade melhor. Áreas de atuação do psicó- logo Campo de atuação do psicólogo é bastante abrangente e foram espe- cificadas na Resolução 13/2007: Psicologia Escolar/Educacional; Psi- cologia Organizacional e do Traba- lho; Psicologia de Trânsito; Psicolo- gia Jurídica; Psicologia do Esporte; Psicologia Clínica; Psicologia Hospi- talar; Psicopedagogia; Psicomotrici- dade; Psicologia Social; Neuropsico- logia. No campo da educação o psi- cólogo desenvolve pesquisas, faz di- agnóstico e propõe intervenções preventivas e corretivas de forma in- dividual ou coletiva. As ações desen- volvidas por este profissional possi- bilitam, a longo prazo, o desenvolvi- mento pessoal dos profissionais e alunos e produz resultados positivos no processo de ensino e aprendiza- gem, além de beneficiar as demais áreas da vida. O trabalho do psicólogo edu- cacional possui basicamente duas vertentes: Acadêmica – pesquisa, apri- moramento de teorias. Aplicada – onde os conheci- mentos das pesquisas realizadas são utilizados para melhorar a quali- dade da educação. Há atualmente diversos proce- dimentos utilizados na área esco- lar/educacional, entretanto algumas são mais corriqueiras e fácil de se- rem percebidas no cotidiano. Para melhor ilustrar e tornar mais didático a compreensão, será usado a seguir, um exemplo, será analisado à partir de um exemplo claro e recorrente, que acontece nas escolas. Exemplo: Após as avaliações foram verificados um rendimento muito inferior ao esperado a deter- minada matéria. A partir dessa veri- ficação é necessário entender o pro- blema e apontar a solução mais ade- quada. O psicólogo entra em cena e observa a rotina, faz pesquisas com envolvidos no processo. Ademais, é feita uma pesquisa sobre a realidade social que possam ter contribuído para o baixo desempenho. Partindo das hipóteses para o problema ela elabora e aplica questi- onários para alunos das turmas, professores, pais dos alunos envolvi- dos, direção da escola e elabora os gráficos de resultados com os dados obtidos: Depois decide pela utiliza- ção de outra estratégia, redividindo os alunos em grupos e alternando os professores; por último ela sugere a 7 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM mudança do ambiente, da sala onde os alunos se encontram. Depois de todas as etapas da pesquisa a conclusão da psicóloga foi: Os alunos foram unânimes em declarar que estudavam deter- minada matéria, mas que, ape- sar disso, não em-tendiam a o que era proposto; Embora trabalhassem, os alu- nos mostravam-se interessa- dos e, segundo depoimentos dos pais, estudavam nos fins de semana; Os alunos aprova- ram a troca de professores e obtiveram melhores resulta- dos. Observando o trabalho do pri- meiro professor, a psicóloga compreendeu que ele real- mente procurava explicar bem a matéria. Ao observar as aulas do novo professor, verificou que, além de explicar a maté- ria, ele procurava ser amigo dos alunos, conversar com eles, interessar-se por seus problemas, e que os alunos se mostravam mais entusiasma- dos em suas aulas. A psicóloga concluiu que o problema era devido à atitude do professor em relação à ma- téria e aos alunos: em-quanto o primeiro professor limitava- se a explicar a matéria, sem muito entusiasmo e sem um relacionamento amigável com os alunos, o segundo profes- sor, além de mostrar muito en- tusiasmo em relação à mate- mática, mantinha com os alu- nos uma relação de amizade e confiança. No caso exemplificado acima, vemos que as pessoas com quem a psicóloga conversou inicialmente partiram de informações parciais ou de ideias pré-concebidas, entretanto a conclusão resultou de uma pes- quisa e a partir de estudos, observa- ção e experimentação. A Pesquisa Fonte: Andrea Piacquadio A pesquisa é de suma impor- tância na psicologia, pois é à partir dela que é possível investigar a causa do problema a ser resolvido. Ao logo dos anos se absorve conhecimentos, através de processos culturais, ou- tros repassados de uma pessoa para 8 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM outra, na maioria das vezes de pai para filhos, dentre outros. Esses conhecimentos popula- res, passados de pai para filhos não podem ser desprezados, pois consti- tuem uma fonte de cultura e cons- trução do seu ser. No entanto muitas informações ou impressões que pas- saram a ser tratadas como certezas no decorrer do tempo podem na ver- dade ser equivocadas e podem nos levar a atitudes inadequadas por desconhecimento acerca do que é real e comprovável. Os ditados populares muitas vezes são desmentidos por especia- listas que testam as informações consolidadas culturalmente e com- provam através da ciência que não eram reais. As pesquisas nos levam do campo do imaginário ao campo da realidade. A partir de uma questão que pode ser uma simples questão do cotidiano, são realizados testes que permitam a organização dos da- dos que permitam a interpretaçãodos resultados. A pesquisa não deve sugerir uma resposta específica e nenhuma pesquisa realizada pode ser conside- rada perdida, ainda que existam no- vas teorias sobre o mesmo tema. Como resultado da pesquisa reali- zada uma nova hipótese é criada e isso vai instigar novas pesquisas e novas hipóteses sobre o tema cri- ando um ciclo de novos conheci- mentos. A Experimentação Fonte: www.shutterstock.com Um experimento pode ser con- siderado como um conjunto de ações a respeito dos fatos pesquisa- dos e possui papel fundamental, pois é à partir dele que conseguimos obter um conhecimento de forma mais aprofundada sobre determi- nada questão através de testes. A ex- perimentação faz com que facilite a próxima fase, a tomada de decisão à partir da conclusão que chegou o es- tudo. Para melhor ilustrar, o con- ceito de experimentação, segue abaixo o significado de experimen- tação, segundo a infopédia: 1.ato ou efeito de experimentar 2.emprego sistemático da expe- riência 9 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 3.método científico que con- siste em provocar observações, em condições especiais, para verificar uma hipótese2 Uma diferença que deve ser destacada, é que os experimentos que são realizados em laboratório, não sofrem influências externas, ao contrário dos experimentos realiza- dos em campo, isso faz com que no primeiro seja totalmente controlado por quem o realiza e no segundo caso não há esse controle. Segundo a concepção de al- guns estudiosos a intenção da expe- rimentação, não é confirmar as hi- póteses, mas sim a retificação dos erros nelas contidos. A Compreensão do aluno Não é a mesma coisa trabalhar com crianças de quatro anos, com crianças de dez anos ou com adoles- centes. O aluno está em formação, em desenvolvimento. E em cada uma das etapas desse desenvolvi- mento tem características diferen- tes, necessidades diferentes, manei- ras diferentes de entender as coisas. Cada aluno possui característi- cas e experiências próprias, e essa individualidade deve ser levada em conta, para garantir efetivamente 2 Retirado em: https://www.infopedia.pt/ um ensino e aprendizagem de quali- dade e que atenda suas especificida- des. Estudando o seu desenvolvi- mento nos aspectos emocionais, fí- sico, intelectual, dentre outros, di- ante das técnicas apresentadas, uti- lizando de métodos de aprendiza- gem de forma individual no que for possível, a fim de garantir que o aluno absorva os conteúdos apre- sentados, pois como dito acima, cada aluno possui sua individuali- dade e portanto limitações e apti- dões frente a determinados métodos de ensino. A maioria das escolas dá maior ênfase ao conteúdo a ser trabalhado. Entretanto, é extremamente neces- sário olhar esses aspectos, pois po- dem e muito prejudicar o desenvol- vimento intelectual. A Compreensão do pro- cesso de ensino-aprendiza- gem Para que ocorro o processo de ensino e aprendizagem não basta que o professor domine o seu conte- údo ou conheça o seu aluno. É pre- ciso que o professor consiga enten- der os mecanismos de aprendiza- gem do educando a fim de que con- 10 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM siga estimular estes mecanismos e mediar o processo de ensino e aprendizagem. A psicologia da educação pos- sui papel fundamental no processo de aprendizagem, e ocorre por inú- meros fatores que são estudados pela psicologia. A Compreensão do papel do professor Durante muitos tempos cons- truímos e alimentamos a ideia de que o professor é um sábio detentor de todo conhecimento que transmite conhecimento aos alunos iguais que aprenderão da mesma forma e no mesmo tempo. Esse conceito vem sendo desconstruído ao longo do tempo por pesquisadores e pensado- res que investigaram o tema e ofere- ceram grandes contribuições sobre ele. Durante muitos tempos cons- truímos e alimentamos a ideia de que o professor é um sábio detentor de todo conhecimento que transmite conhecimento aos alunos iguais que aprenderão da mesma forma e no mesmo tempo. Esse conceito vem sendo desconstruído ao longo do tempo por pesquisadores e pensado- res que investigaram o tema e ofere- ceram grandes contribuições sobre ele. A relação entre o professor e o aluno é de extrema relevância no processo de ensino e aprendizagem, bem como a relação de empatia, o clima que o ambiente proporciona. Cabe ao professor muito mais que passar a matéria no quadro e aplicar provas, é necessário ouvir as dúvidas e questionamentos dos alunos, de estudar métodos que facilite o en- sino e aprendizagem, estabelecendo uma “ponte” entre o aluno e o conte- údo. A forma com que o professor aponta os conteúdos, como lida no dia-a-dia com os desafios encontra- dos com os alunos, são muito rele- vantes no ensino e aprendizagem, pois são considerados referências àqueles que estão na condição de aluno, de quem absorve o conteúdo. Embora traga aspectos positi- vos, trazem também aspectos nega- tivos se não observados e tratados de forma adequada, pois transmite crenças, valores, opiniões, entre- tanto é capaz também de transmitir preconceitos, que são extremamente nocivos e limitadores. Por vezes o aluno aprende e absorve à partir de exemplos, do modo em que o profes- sor age, com o que faz e com o que deixa de fazer, do que realmente diz. Por este motivo, é ressaltada a importância do professor de agir de forma consciente e entender que 11 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM possui um papel fundamental e am- plamente além do que deseja trans- mitir de forma oral e que suas atitu- des influenciam, conscientemente ou não àqueles aos quais possui fun- ção de transmitir conteúdo em sala de aula, bem como nos demais am- bientes escolares. Cabe ainda ressaltar que o pa- pel do professor não para por aí, é muito importante, a sua participa- ção em atividades escolares fora da sala de aula como dito acima, claros exemplos dessas atividades são: Re- creio, torneios, promoção de eventos culturais e artísticos, nos esportes pois esse tipo de atividade é também faz parte das formas de aprendiza- gem, embora não seja atividade em sala contribui e muito na aprendiza- gem. Essas ações promovem gosto pela prática de esportiva, artes e in- terfere em processos culturais, por é também formas de transmissões culturais. O professor deve participar dessas atividades que contribuem para uma melhor aprendizagem das matérias escolares. Essa participa- ção proporcionaria ao professor oportunidades ótimas de conhecer melhor seus alunos e por vezes a sua realidade social e sua família. A inte- ração entre os professores e os pais dos alunos embora cada vez mais es- cassa possui uma relevância enorme no processo de aprendizagem. É necessário que além de ter ações conscientes na transmissão de conteúdos, cuidando para que seja transmitido aspectos positivos como citado acima, o professor acredite na relevância do seu trabalho, e tenha sede de melhorar a cada dia, de bus- car o melhoramento constante e no- vas técnicas e métodos que por ven- tura venham a surgir e possibilite uma melhor forma de aprendiza- gem. É sabido que cada vez menos pessoas se interessem pela área edu- cacional, porém é necessário por àqueles que optem por esse caminho ter ciência a importância e responsa- bilidade do seu papel. Psicologia da educação x Psicologia escolar Você sabe a diferença entre psicologia da educação e psicologia escolar? Fonte: Guia do estudante 12 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM A certa discussão entre os ter- mos psicologia da educação e psico- logia escolar. Desde Piaget, a utilização da psicologiacomo aliada da aprendi- zagem vem sendo explorada, sendo que, até então, não havia qualquer preocupação com relação às etapas de aprendizagem, bem como não ha- via também nenhuma preocupação acerca de cada aluno como indivíduo autônomo. Não havia, portanto, nenhum estudo quanto à individualidade dos estudantes. Ao aluno cabia, tão somente, ser um depósito de informações, e que deveria se esforçar ao máximo para que tais informações fossem “decoradas”. Tal concepção foi fortemente atacada por Piaget, que decidiu estu- dar a forma como se dava o aprendi- zado, e, assim, montar uma pedago- gia que se adaptasse a cada estágio de evolução do indivíduo. Piaget desenvolveu sua teoria afirmando que era preciso compre- ender os tipos de conhecimento para que fosse possível entender a forma pela qual as crianças adquiriam co- nhecimento. Segundo ele, o primeiro tipo de conhecimento que as crianças ti- nham era o conhecimento físico, ou seja, o conhecimento do mundo através da observação, ou através de brincadeiras, etc. Até que a criança desenvolva uma forma de conhecimento através da leitura, ou outro método tradicio- nal, a utilização de brinquedos, de formas de experiência física são fun- damentais para o primeiro contato com o mundo do conhecimento. O segundo tipo de conheci- mento é o lógico-matemático, onde as crianças são levadas a adquirirem conhecimento através do processa- mento mental das informações que são obtidas através da observação. É um tipo de conhecimento mais abstrato que o conhecimento físico, uma vez que, por meio dele, as crianças são levadas a deduzir o co- nhecimento das coisas através da observação e a responderem a ques- tionamentos que buscam explicar as coisas que elas testemunharam atra- vés do conhecimento físico. Destarte, o conhecimento ló- gico-matemático não exclui o conhe- cimento físico, mas o complementa. O terceiro e último tipo de co- nhecimento, segundo o pensamento de Piaget, é o conhecimento social. Por meio dele, as crianças são levadas a compreender os processos formadores da comunicação, e a forma como os indivíduos se relaci- onam socialmente, o que demanda um entendimento complexo das 13 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM emoções humanas e dos estímulos sociais. Através da construção do co- nhecimento na forma estabelecida pelos estudos de Piaget, passou-se a conhecer a importância da formação escolar na vida das crianças, e, por- tanto, foi necessário construir um ambiente propício para que o apren- dizado se desse de maneira profícua, através da criação de uma pedagogia voltada a motivar o aprendizado, e a construir pessoas inteligentes e com pensamento crítico. Neste contexto entram em cena a psicologia escolar e a psicolo- gia da educação. A psicologia escolar procura identificar, no ambiente da escola, aquelas crianças que possuem pa- drões específicos de comporta- mento, bem como aquelas que apre- sentam um nível mais elevado de aprendizagem, levando-se em consi- deração a sua idade. Já a psicologia da educação fornece a forma adequada para lidar com tais tipos de comportamento. Por exemplo: enquanto a psi- cologia escolar identifica os alunos que possuem hiperatividade ou défi- cit de atenção, a psicologia da educa- ção irá dizer qual a forma adequada para que a escola possa realizar o en- sino de forma que tais alunos não se- jam excluídos. A psicologia escolar procura ajudar indivíduos que necessitam de um cuidado especial, através de aconselhamentos, bem como atra- vés de profissionais específicos como fonoaudiólogos, etc. Os profis- sionais desta área são treinados para oferecer o suporte necessário tanto para o aluno como para a família, de forma que a aprendizagem se dê da forma mais proveitosa possível. Enquanto isso, a psicologia da educação procura entender a forma como se dá o comportamento do aluno em cada ambiente, obser- vando, por exemplo, a forma como o aprendizado se dá individualmente e em grupo. Ela estuda o comporta- mento humano, de forma a criar ma- teriais e técnicas adequadas para cada idade e etapa de desenvolvi- mento. A propósito: A Psicologia da educação es- tuda importantes aspectos do processo de ensino e de apren- dizagem, como as implicações das fases de desenvolvimento dos alunos conforme idades e os mecanismos psicológicos presentes na assimilação ativa de conhecimentos e habilida- des. A Psicologia aborda ques- tões como: o funcionamento da atividade mental, a influência do ensino no desenvolvimento intelectual, a ativação das po- tencialidades mentais para a aprendizagem, a organização das relações professor-alunos e dos alunos entre si, a estimula- ção e o despertamento do gosto 14 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM pelo estudo, etc. A Psicologia, de sua parte, fornece impor- tante contribuição, também, para a orientação educativa dos alunos.3 Os dois tipos de psicologia atuam de forma integrada e comple- mentar, auxiliando em benefício tanto dos professores quanto dos alunos. A importância da psicolo- gia na formação docente A partir do conceito anterior, é válido relembrar que há diferenças entre a psicologia da educação e a psicologia escolar, para falar da im- portância de cada uma delas. A educação escolar, identifica os alunos com algum distúrbio de aprendizagem, ou problemas que possam existir no campo da educa- ção que limite ou atrapalhe o ensino, enquanto a psicologia da educação, se preocupa em resolvê-los de forma eficaz, ou se não for possível ao me- nos minimizá-los, para que possibi- lite a aprendizagem do aluno. Em resumo, há necessidade do trabalho conjunto da psicologia es- colar e psicologia da educação, pois enquanto a primeira é responsável pela pesquisa, a segunda se encar- 3 LIBÂNEO, José Carlos, Didática, editora Cortez, São Paulo, 2006, páginas 26/27 rega da resolução prática. Sendo as- sim, não há como resolver determi- nado problema, sem identifica-lo, bem como identificar e não encon- trar formas de resolvê-lo, de nada adiantaria. Apesar de suas diferenças, a psicologia da educação e a psicologia escolar contribuem para o processo de formação escolar. Esta importân- cia se dá devido a contribuição que a psicologia traz diante das dificulda- des encontradas no caminho do curso. Através da Psicologia é possí- vel o estudo de práticas educacionais eficientes ao ensino, a identificação no início da vida escolar de distúr- bios de aprendizagem, que pode- riam retardar ou inviabilizar o en- sino de determinado aluno. Esse conjunto entre a psicolo- gia da educação e a psicologia esco- lar são peças chaves no processo de aprendizagem, pois juntos facilita muito o processo de formação do aluno, sendo assim necessário seu estudo na formação docente, a psi- cologia dá um suporte para que o profissional esteja mais apto a pro- porcionar uma educação eficaz e de qualidade, atingindo o objetivo da educação. 1 5 16 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 2. Elementos Essenciais Para o Estudo da Psicologia da Educação Fonte: Gustavo Fring4 Estudo dos Elementos motivação, percepção, perso- nalidade, afetividade, desen- volvimento, aprendizagem, inteli- gência, emoção, são elementos es- senciais para o estudo da psicologia da educação, para melhor demostrar o papel e importância de cada um, será percebido abaixo separada- mente cada um deles: 4 Retirado em: https://www.pexels.com/ Motivação: Dentre os elementos essenci- ais para estudo da psicologia da edu- cação, a motivação é a que mais me- rece destaque, ela é a porta de en- tradapara a aprendizagem, pois ela impulsiona a aprendizagem e é a principal responsável para que ela ocorra. A 17 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM Sem a motivação, a vontade de aprender, de assimilar e absorver conteúdos, torna-se quase impossí- vel a que o ensino e a aprendizagem ocorra, uma vez que ao estar desmo- tivado o aluno não busca absorver conteúdos, não busca superar os de- safios encontrados ao longo do ca- minho, pois qualquer que seja o en- sino e por mais capaz o aluno seja, ele irá encontrar dificuldades e desa- fios ao longo do percurso, por vezes desafios que nem são diretamente li- gado a aprendizagem. Esses desafios podem ser desde um problema de aprendiza- gem que necessite buscar formulas alternativas para que o ensino se de- senvolva, quanto a realidade social que o aluno vive. As questões sociais interferem muito na aprendizagem do aluno, o envolvimento familiar, cultural. Al- guns alunos se encontram em ambi- entes extremamente hostis, violen- tos e até abusivos. Esses são apenas exemplos da infinidade de aspectos que podem ser considerados desafi- adores no processo de aprendiza- gem e se desmotivado. Esses aspectos, aliados a uma desmotivação inviabiliza a aprendi- zagem, limita e por várias vezes faz com que o aluno desista de seguir em frente, de passar por cima dos desafios para que se chegue ao obje- tivo desejado. Por este motivo a mo- tivação é tão importante. Quando o aluno está motivado ele se empenha, supera desafios e não se intimida diante das dificulda- des, dos obstáculos. É como uma força que mantêm o aluno disposto a continuar ainda quando a sua rea- lidade é extremamente desmotiva- dora. Percepção: A percepção muda de acordo com os olhos e perspectivas de quem olha determinada situação. O que numa percepção pode ser um facili- tador, em outra pode ser algo que in- viabilize alcançar o seu objetivo. Isso acontece porque cada aluno possui sua realidade social, cultura, ambiente familiar diferente e, portanto um ser individual, com experiências pessoais diferentes. A partir das experiências vividas, cada aluno vê determinado elemento por um ângulo diferente, cada aluno tem a sua percepção sobre algo. Alguns alunos aprendem me- lhor de uma forma, outros de outra. Alguns alunos veem determinada matéria como algo “chato”, não tem nenhuma empolgação com a maté- ria, outros já se identificam mais, 18 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM possuem mais facilidade, mais apti- dão e portanto gostam da matéria. Esses são exemplos claros de como a percepção pode influenciar no ensino e aprendizagem, a forma com que cada aluno vê determinado objeto, e é necessário buscar formas alternativas para minimizar algu- mas formas na metodologia de en- sino de acordo com a percepção do aluno quando negativa sobre deter- minado elemento de estudo a fazê-lo olhar por outra perspectiva, que o motive e desperte a vontade de ab- sorver o conteúdo trabalhado. Personalidade: Como já dito, cada aluno é um ser individual, um conjunto de expe- riências vividas, crenças, culturas, criação e isso faz com que cada aluno tenha uma personalidade diferente, afinal, a personalidade é formada a partir de um conjunto de aspectos e não de um isolado. Abaixo se traz algumas defini- ções de personalidade pertinentes: 1 - Pessoalidade; qualidade ou estado de existir como pessoa. 2 - As características pró- prias e particulares que de- finem moralmente uma pessoa. 3 - [Por Extensão] Celebridade; alguém que possui relevância 5 Retirado em: Dicio.com.br/ social, cultural, artística etc. 4 - Os traços próprios e distinti- vos que diferenciam algo ou al- guém de outra coisa ou pessoa. 5 - Imagem; aspecto que uma pessoa demonstra e assume de maneira pública ou o que faz parte do caráter de alguém, se- gundo a opinião alheia. 6-[Psicologia] Reunião dos as- pectos ou das características psíquicas que, analisados de modo único, diferenciam um indivíduo, normalmente tendo em conta aspectos sociais.5 Como se pode observar a par- tir das definições acima demonstra- das, a personalidade pode ser vista de diversas formas, mas todas como um conjunto de aspectos, sejam eles aspectos sociais, morais, e como ca- racterísticas próprias. Cabe uma ênfase especial na última definição de personalidade pois se refere ao conceito segundo a psicologia, que é o objeto a ser estu- dado. Na psicologia os aspectos leva- dos em conta em sua definição a reu- nião das características psíquicas e que e aspectos sociais e diferenciam os indivíduos. Por esse motivo é necessário a análise da personalidade do aluno para garantir uma melhor aprendi- zagem, e é ainda necessário destacar que o ensino também contribui na 19 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM formação da personalidade, sendo assim uma via de mão dupla, onde a compreensão do conjunto de aspec- tos que determinam a personalidade de cada aluno contribui para um en- sino de qualidade, e o ensino contri- bui para a formação da personali- dade do aluno. Como os alunos entram na es- cola ou creches-escolas já nos pri- meiros anos de idade, logo perma- nece grande parte do tempo no am- biente escolar, esse período é crucial na formação da personalidade. O ambiente familiar, bem como o ambiente escolar possuem grande importância na formação da personalidade, sendo assim é im- portante “bater na tecla” da impor- tância da interação da família com a escola, pois são dois ambientes to- talmente diferentes, e com rotinas e princípios diferentes, e que preci- sam no que couber estarem alinha- dos. Grandes pesquisadores contri- buíram com suas pesquisas para de- mostrar a importância do papel da escola nos anos iniciais de vida na formação da personalidade como: Jean Piaget; Lev Vygotsky; Maria Ferreiro; Henri Wallon e Maria Montessori Desenvolvimento: O desenvolvimento do aluno em sala de aula é o mínimo esperado pelos pais e professores e também pelos alunos que iniciam a cami- nhada em busca do ensino. A forma como o aluno irá se desenvolver de- penderá de vários aspectos como dito acima. Quando é falado em desenvol- vimento, por vezes não é levado em conta sua amplitude. O desenvolvi- mento vai muito além do ensino, se trata do desenvolvimento intelec- tual, pessoal, morais, psicológicos, dentre outros, que podem ser espe- rado que na área educacional. Claramente o “desenvolvi- mento” quando referido a escolari- zação é mais comum ser compreen- dido como um bom desempenho na assimilação dos conteúdos, entre- tanto, podemos observar a ligação entre os mais diversos tipos de de- senvolvimento relacionados com a escolarização. Ao frequentar o ambiente edu- cacional o aluno não aprende so- mente ler e escrever, mas desen- volve seu lado artístico, cultural, suas relações interpessoais, desen- volve inteligência emocional, etc. Abaixo algumas definições de desenvolvimento para melhor ilus- trar: 20 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 1 - Ação ou efeito de desenvol- ver, de crescer, progredir, se tornar maior; desenvolução: o desenvolvimento de uma espé- cie. 2 - Ação de crescer ou progre- dir; progresso: o desenvolvi- mento das artes plásticas. 3- [Economia] Crescimento que, sendo social, político e eco- nômico, pode ser observado num país, numa região, numa comunidade etc.: plano de de- senvolvimento. 4 - Ação de compor ou elaborar, de criar algo novo; elaboração: o projeto de pesquisa ainda está em desenvolvimento. 5 - [Biologia] Aumento das ca- racterísticas relacionadas ao corpo; crescimento: desenvol- vimento mental; desenvolvi- mento de um órgão. 6 - Crescimentodos atributos individuais (psicológicos, mo- rais, intelectuais etc.): desen- volvimento de um talento. 7 - [Música] Parte de um musi- cal cujo elemento mais impor- tante (temático) é executado em suas múltiplas partículari- dades, detalhes ou possibilida- des; crescimento.6 Com essas definições é possí- vel observar a imensidão de concei- tos que pode ser trazidos, à partir da palavra desenvolvimento, e que 6 Retirado em: https://www.dicio.com.br/ pode ser aplicada na área da educa- ção e consequentemente entender que desenvolvimento está relacio- nado ao aperfeiçoamento, evolução, criação. Os alunos nos anos iniciais trabalham a sua criatividade e as de- senvolvem, desenvolvem a capaci- dade de memorização, de trabalhar com os estímulos a eles apresenta- dos, e é necessário acompanhar esse desenvolvimento pessoal do aluno. Fonte: https://unsplash.com Esse acompanhamento deve se dar de forma tranquila, sem co- branças, pois cada aluno responde de forma diferente a cada estímulo. Alguns alunos por outro lado pos- suem dificuldades de aprendizagem, como será trabalhado de forma mais detalhada mais à frente, fato é que estes necessitam de um olhar espe- cial. Nesse caso será necessário um 21 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM trabalho diferenciado à depender da questão apresentada. Embora o papel principal da escola seja a absorção de conteúdos, (desenvolvimento focado na apren- dizagem), o desenvolvimento nas demais áreas não podem ser ignora- dos, eles merecem também atenção especial, pois fazem parte e estrutu- ram a absorção de conteúdo. Aprendizagem O processo de aprendizagem, é o processo utilizado para que o aluno cumpra o objetivo esperado, que é aprender (aprender ler, escre- ver, conviver com os colegas, ab- sorva o conteúdo apresentado), o desenvolvimento de coordenação motora, desenvolvimento de aspec- tos cognitivos, etc.). O método utilizado é de ex- trema relevância na aprendizagem, como já estudado. O processo pode ser alterado ao longo dos anos de acordo com a idade, os anos iniciais embora os alunos ainda sejam menores, pos- suem uma capacidade enorme de absorção de conteúdos, sendo assim é inegável que o processo utilizado é de suma importância. Aprendizagem pode ser consi- derada é um processo no qual se aprende algo, que não implica em ser necessariamente conteúdo didá- tico. Afetividade Fonte: Trinity Kubassek As crianças, desde muito pe- quenas possuem necessidade de se comunicar com as outras pessoas, pois faz parte do ser humano se rela- cionar uns com os outros, para que transmita informações. Os bebês menores não pos- suem a fala desenvolvida, assim usam o choro para se comunicar, para dizer quando sente fome, frio ou algum desconforto, já os maiores possuem essa capacidade de falar o que sente, o que deseja, embora em algumas situações possuam dificul- dades para se comunicar. A dificuldade de comunicação pode se dar tanto por questões físi- cas, quanto emocionais. Ambas me- recem uma atenção especial, pois di- ficultam a relação interpessoal, o que afeta o aluno de diversas formas, inclusive na absorção de conteúdo. 22 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM A afetividade surge a partir das relações interpessoais: a relação de um aluno com o outro, a relação do aluno com o professor. A afetividade no ambiente educacional é um faci- litador, além de criar um ambiente agradável. A relação afetiva com o professor, principalmente na educa- ção infantil traz muitos benefícios, mas não somente na educação in- fantil, pois em qualquer etapa de en- sino é mais benéfico estudar e traba- lhar em um ambiente agradável e afetuoso. A inteligência A inteligência é um fato curioso, ela não possui só uma definição ou tipo. Quando falamos de inteligência, não estamos falando somente na aptidão que o aluno possui em determinadas áreas educacionais, ou ao seu bom desempenho nas avaliações e ativi- dades. Quando falamos de inteli- gência, não nos atentamos para as suas vertentes. Sobre os tipos de inteligência podemos destacar a inteligência emocional que desempenha papel fundamental na absorção de conteú- dos, na inteligência linguística, cor- poral, musical, espacial, interpes- soal, corporal, etc. Saber dessa diversidade de in- teligências é necessária para enten- der que o aluno pode ter determina- das inteligências mais desenvolvidas que outras, não devendo portanto ser julgado como menos ou mais in- teligente por esse motivo. É extremamente normal que algumas pessoas possuam alguma aptidão em determinadas áreas e di- ficuldades em outras, cada pessoa possui uma região cerebral mais de- senvolvida ou trabalhada, entre- tanto, nada impede que trabalhe as áreas com menor desenvolvimento. Por vezes essa aptidão se dá exata- mente por mais trabalhar essa área. É necessário dizer que em al- gumas situações, o professor precisa se atentar, como por exemplo, nos casos em que o aluno possui algum distúrbio de aprendizagem como foi já foi dito, pois é necessário abordar outras metodologias à fim de garan- tir que o aluno absorva o conteúdo que precisa ser trabalhado, que de- senvolva coordenação motora e de forma geral cumpra com o objetivo pretendido. Esses são casos especiais e por isso merecem maior destaque e es- tudo. Alguns alunos que possuem distúrbios de aprendizagem como: dislexia, discalculia, disgrafia e transtorno de déficit de atenção e hi- peratividade. Alguns desses casos e do grau do distúrbio, somente novas meto- dologias de ensino podem resolver ou minimizar o problema, em outros é necessário a medicação que deverá 23 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM ser feita por um profissional habili- tado, para evitar que o aluno seja prejudicado de uma forma geral na área escolar, e até mesmo em outras áreas da vida. Fonte: www.institutonoa.org/ Os distúrbios de aprendiza- gem serão melhor trabalhados em outro módulo, de forma mais deta- lhada, porém é pertinente dizer nesse momento que esses distúrbios podem afetar a aprendizagem muito além do que se possa por vezes ima- ginar, pois esse distúrbio afeta a au- toestima, a relação entre os alunos e a relação do aluno com o professor. Fato é que isso também afeta de modo geral a aprendizagem do aluno. Por esse motivo é tão impor- tante o conhecimento do professor de novas metodologias, e da identi- ficação desses distúrbios, pois quanto antes se atentarem para um distúrbio de aprendizagem que o aluno possa ter, mais rápido será es- tudado fórmulas alternativas, para minimizar o dano que poderá cau- sar. Como dito anteriormente, cada pessoa é única e com caracte- rísticas próprias, aptidões diferen- tes. Um aluno com dislexia por exemplo, pode ter uma aptidão ar- tística, consequentemente uma inte- ligência artística. Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Walt Disney, Van Gog são exemplos claros de que não é a capa- cidade de ler e escrever que define a inteligência, todos eles tiveram dis- lexia, e são considerados hoje “gê- nios”, verdadeiros exemplos. Eles possuíam um distúrbio de aprendizagem, mas por outro lado, possuem outros tipos de inteligên- cia, Einstein, por exemplo é conside- rado gênio da física e iniciou grandes pesquisas que interferem e contri- buem com pesquisas até hoje e trouxe inúmeras conquistas para o mundo. Emoções É inegável que as emoções possuem papel importante na aprendizagem, não é possível com- preender a aprendizagem sem que antes se entenda o papel das emo- ções. Sendo assim segue abaixo a de- finição de emoção: 24 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 1 - Reação moral,psíquica ou física, geralmente causada por uma confusão de sentimentos que, diante de algum fato, situ- ação, notícia etc., faz com que o corpo se comporte tendo em conta essa reação, expressando alterações respiratórias, circu- latórias; comoção. 2 - Ação de se movimentar, des- locar.7 A aprendizagem está ampla- mente ligada à questões emocionais, por esse motivo é importante seu es- tudo. O rendimento do aluno pode melhorar ou ter uma queda de acordo com seu lado emocional, pois se o aluno está bem emocional- mente, a probabilidade de que ele te- nha um melhor rendimento e de- sempenho é muito maior, por outro lado se o aluno se encontra com seu lado emocional abalado seu rendi- mento pode sofrer um abalo. Como visto acima nas defini- ções de emoção, pode se observar que emoção não é somente um ema- ranhado de sentimentos que são ge- rados por determinados conjunto de fatos, mas também o “mover-se”, ir a diante, sair de onde se encontra. De fato as emoções podem causar determinadas consequências como o movimento, como impulso em seguir em frente. A relação entre os amigos, a 7 Retirado de: www.dicio.com.br/ relação familiar, bem como a relação entre o professor e aluno é determi- nante na aprendizagem, pois o ser humano é um ser afetivo e que as re- lações sociais contam para que ocorra se desenvolvimento. Fonte: Lukas Essa relação gera uma infini- dade de sentimentos e emoções, que podem ser positivas ou negativas de forma a contribuir ou prejudicar o desenvolvimento da aprendizagem. Essa relação cria emoções ca- pazes de incentivar e facilitar, esse processo de aprendizagem, pois a parte do cérebro que processa as emoções também atua em outros fa- tores como a memorização, atenção e raciocínio. Por outro lado as emo- ções negativas podem atuar de forma contrária, desse modo preju- dicando o processo de aprendiza- gem. 25 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM Medicação na educação Por vezes somente terapia e metodologias especiais no uso da aprendizagem não são suficientes em casos de distúrbios de aprendi- zagem mais severos e que portanto precisa da introdução de medica- mentos. Para que haja a medicação no intuito de que o aluno não tenha sua aprendizagem comprometida, é ne- cessário que esta prescrição seja feita por meio de um profissional ha- bilitado, para que ao invés de corri- gir um possível problema, faça atos que podem piorar, ou comprometer a saúde física do aluno. Embora seja responsabilidade dos pais acompanhar os filhos ao médico, o cuidado com a saúde, por vezes isso não acontece. Isso pode se dar por inúmeros motivos, e não deve ser considerado negligência dos pais, se estes desconhecem a si- tuação do filho. O que é bem comum de acon- tecer nesses casos é o professor identificar sinais desses distúrbios e conversar com os pais pra que algo possa ser feito. Mas essa é uma rea- lidade nova, era bastante comum que os pais entendessem como ato de rebeldia, ou preguiça do aluno, isso não quer dizer que ainda não aconteça, mas em menor escala. É de suma importância o papel do psicólogo na área educacional, pois é possível diagnosticar precoce- mente esses tipos de distúrbios, o que ajuda e muito na aprendizagem. O professor não pode medicar ou diagnosticar o aluno, pois só um especialista possui propriedade para tal, e mesmo entre os especialistas ainda é muito comum nos dias atu- ais o abuso na prescrição de medica- mentos. Fonte: www. bebe.abril.com.br/ É evidente que no decorrer nos anos tem crescido o abuso de medi- camentos de uma forma geral, inclu- sive na área educacional. Por vezes alunos que são naturalmente agita- dos, são diagnosticados erronea- mente como portadores de TDAH, e medicados. A medicalização é o úl- timo caminho e deve ser feito se ne- nhuma outra metodologia for sufi- centemente eficaz no tratamento. 27 PSCILOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 3. Matrizes do pensamento psicológico e implica- ções para a educação Fonte: canal ciencias criminais8 A psicologia na percepção e a educação pelos senti- dos corpo humano é dotado de cinco sentidos: Visão, audição, tato, olfato, paladar, sendo cada um desenvolvido por determinada área do cérebro, e é desenvolvido dife- rente entre as pessoas. Cada aluno pode aprender me- lhor através de um determinado 8 Retirado de: https://canalcienciascriminais.com.br/ sentido, alguns são mais visuais, ou- tros mais auditivos e outros mais si- nestésicos. Essas características não fazem com que o aluno tenha vanta- gem ou prejuízo sobre os outros, so- mente que melhor assimila os conte- údos através de determinado sen- tido. Essa habilidade de aprender melhor de determinada maneira não é algo que as pessoas nascem e mor- rem com as mesmas habilidades, e O 28 PSCILOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM que podem ser aprendidas ou ensi- nadas de acordo com a forma que trabalhamos essa limitação ou a forma que nos aprimoramos e que podem mudar várias vezes ao longo dos anos. Uma pessoa pode ter um ou mais sentidos que se destacam, mas nada impede que fiquem presos a ele. O ideal é que procure se traba- lhar o maior número de sentidos possíveis, até porque em determina- dos momentos, não é possível esco- lher com qual trabalhar, é cobrado que ele desenvolva um determinado sentido. Em algumas situações, como em sala de aula ou recreio, por exemplo, é preciso que o professor aplique o uso dos cinco sentidos para que não atinja somente parte dos alunos, no que for possível, é ideal que trabalhe de forma indivi- dualizada com os alunos, para ga- rantir mais qualidade de aprendiza- gem, mas é compreensível que a maior parte do ensino é realizado em conjunto e portanto não é fácil trabalhar as individualidades de cada aluno. Mas uma outra questão que deve ser levantada é que é de suma importância que o professor se de- senvolva nos cinco sentidos, pois se o professor não trabalhar em si pró- prio essas habilidades, como será possível ensiná-las? O desenvolvimento de deter- minada área pode se dar por aspec- tos culturais, sociais, contexto vivido e ainda pode se dar pelos estímulos que recebe. Por este motivo é impor- tante desde os anos iniciais que a es- cola trabalhe e estude com os alunos os cinco sentidos, suas funções, con- ceitos, etc. Que os alunos entendam de maneira didática o papel de cada um dos sentidos e principalmente receber estímulos capaz de trabalha- los. O ensino na educação infantil séries inicias são marcadas por esses estímulos pois nessa fase aprendem a pegar no lápis, a distinguir as co- res, a ouvir com maior atenção os professores, entre outros. Fonte: Bebe Abril Como o próprio nome já diz, é o início de tudo, o início da aprendi- zagem da convivência com os cole- gas de classe, o ler, o escrever, por este motivo é tão importante ser tra- balhado já nas fases inicias do es- tudo, para que no decorrer do ensino 29 PSCILOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM e aprendizagem a percepção do uso dos sentidos seja construída e traba- lhada, para que não seja um pro- blema posteriormente, para que possa lidar com os estudos que são trabalhados das mais diversas áreas. Tato: O tato é o sentido sensorial responsável pelo que sentimos, na pele. O tato é o sentido que possui em maior parte no corpo, pois se en- contra em todo o corpo, e não so- mente nas mãos como muitos acre- ditam. É importante ainda dizer que, esse sentido pode ser sentido com maior ou menor intensidade de acordo com a parte do corpo, isso pode se dar por estímulos,entre ou- tros fatores. Visão: A visão, como o próprio nome diz, é tudo o que vemos através dos olhos. A visão é um sentido sensorial muito utilizado na educação, por- tanto, é também um dos mais desen- volvidos, justamente pelo motivo de ser mais trabalhado. É muito comum algumas pes- soas dizerem: “eu sou mais visual”, o que essa pessoa quis dizer com essa expressão é que possui esse sentido mais desenvolvido e que portanto, aprende melhor vendo imagens, gráficos, etc. Olfato: O olfato é o sentido sensorial responsável por sentirmos os chei- ros das coisas. Embora não muito utilizado ele também pode contri- buir para a aprendizagem. Os senti- dos mais utilizados na educação são: A audição, visão e o tato. Paladar: O paladar é o sentido sensorial pelo gosto, pelo que sentimos o sa- bor através da língua. Esse sentido sensorial também não é muito tra- balhado na aprendizagem escolar. Por vezes é utilizado nos anos inici- ais, porém no Ensino Médio e no En- sino Fundamental normalmente não é utilizado, mas trabalhamos com ele todos os dias quando nos alimentamos, mas quanto a educa- ção sua importância perde para os demais. Audição: Audição é o sentido sensorial responsável por aquilo que ouvimos, algumas pessoas tem mais facilidade de aprender, de assimilar algo, a partir do que ouve. São pessoas com este sentido sensorial mais desen- volvido. 30 PSCILOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM Essas pessoas possuem maior capacidade de absorção de conteúdo quando ouve uma aula, uma pales- tra, ou lê em voz alta para que ouça sua voz e à partir disso absorva me- lhor os conteúdos. São pessoas que normalmente são boas ouvintes. Embora cada sentido seja mais ou menos trabalhado, é necessário estudá-los e conhecê-los. É impor- tante também, que seja trabalhado de forma a torna-los desenvolvidos, os motivos são óbvios: identificar qual meio é mais produtivo para o aluno na intenção de facilitar o es- tudo, ao mesmo tempo que identifi- car o que está menos desenvolvido e criar estímulos a fim de trabalhar o seu desenvolvimento. Embora seja mais estudada nos anos iniciais, sua contribuição perdura nos anos seguintes, pois o processo de aprendizagem perdura por toda a vida, como dito anterior- mente, estamos aprendendo algo a cada momento, portanto a vida pos- sui constante aprendizagem. 31 32 TITULO DA APOSTILA 4. Contribuições da Psicologia para o entendimento do contexto Fonte: Jornal VS 9 Visão Sobre os Contos de Fadas e a Prática Pedagó- gica Nos encontramos em um mundo cada vez mais digital e con- sequentemente as crianças também sofreram o impacto dessas mudan- ças. As histórias infantis, contos de fadas, por algumas crianças são até desconhecidos. As crianças na modernidade atual, estão acostumadas aos dispo- 9 Retirado em: https://www.jornalvs.com.br/ sitivos eletrônicos, onde podem jo- gar, ver desenhos, filmes e por este motivo com o passar dos anos as cri- anças tem deixado cada vez mais as bonecas, os carrinhos e principal- mente os livros de lado. Sabe-se que a leitura é essen- cial na formação da criança, não so- mente no lado educacional, mas de uma forma geral. Até mesmo as cri- anças menores se contribuem com os livros, muito embora algumas ainda nem saibam ler. Os livros in- fantis são dotados de imagem e isso PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 33 é algo proposital, não é algo por acaso. As ilustrações trabalham a imaginação, a criatividade, a dedu- ção o conhecimento das cores. Fato é que esse conjunto de desenhos, co- res e letras, transportam a criança para uma nova realidade, e até mesmo contribuem para a formação da personalidade. A leitura dos livros infantis, por sua vez trabalham a fala, a inter- pretação a construção do imaginá- rio, e todas essas mudanças vem prejudicado esse processo de forma- ção inicial que é tão importante na vida das crianças, embora a majora- ção do uso de dispositivos eletrôni- cos venham prejudicando também as outras etapas de formação. A contação de histórias é ativi- dade própria de incentivo à imaginação e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser contada, tomamos a experiência do nar- rador e de cada personagem como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e se mate- rializam na vida real. (RODRI- GUES, 2005, p. 4)10. A contação de histórias é um pa- pel importante na transmissão de conhecimentos, valores, costumes e tradições, fato que incentiva a 10 RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goiânia, 2005. aprendizagem, pois muitos contos trazem aspectos culturais e traba- lham na imaginação da criança. Chegaram ao seu coração e à sua mente, na medida exata do seu entendimento, de sua capa- cidade emocional, porque con- tinham esse elemento que a fas- cinava, despertava o seu inte- resse e curiosidade, isto é, o en- cantamento, o fantástico, o ma- ravilhoso, o faz de conta. (ABRAMOVICH, 1997, p. 37).11 Como visto, a curiosidade e a percepção dos alunos, são motiva- dores na leitura. A leitura trabalha vários aspectos emocionais, quase inconscientes na criança, trazendo como dito acima uma nova reali- dade, transporta os alunos pra den- tro das histórias. Sejam essas histó- rias contadas pelo professor, ou li- das pelos próprios alunos tem essa capacidade de trabalhar até mesmo problemas que acontecem no dia a dia trazendo dentro da história um contexto semelhante para que desta forma a criança se identifique na história e siga o exemplo do perso- nagem, ou dependendo do contexto faça o oposto para que não aconteça algo semelhante com ela. São inúmeras as possibilida- des que a contação de histórias e a leitura pelos alunos das histórias po- dem trazer na vida dos alunos, a de- pender do contexto e da história na qual se encontram. 11 ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infan- til: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 1997. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 34 Concepção do Desenvolvi- mento Humano Uma questão que sempre foi alvo de pesquisa entre os estudiosos da educação é: como o seu humano aprende? As concepções sobre como se dá o aprendizado tentam responder a esse questionamento e, de acordo com as respostas por elas dadas é que se faz o planejamento pedagó- gico. Portanto, toda ação pedagó- gica é sustentada por uma concep- ção de “ensino-aprendizagem”, ainda que os professores não te- nham conhecimento disso. Desde a antiguidade grega, onde o ser humano passa a procurar explicações racionais para fenôme- nos da natureza, desvinculando-se dos mitos, procurou-se saber se os indivíduos possuem características inatas ou se era possível determinar o aprendizado no ambiente acadê- mico. Existem, basicamente, três correntes que são mais frequentes e tentam explicar a forma como o ser humano se desenvolve e aprende no ambiente escolar: a inatista, a ambi- entalista e a interacionista. Para os defensores da concep- ção inatista, como o próprio nome sugere, os seres humanos já têm as suas características e potencialida- des ao nascer. O desenvolvimento, de acordo com tal pensamento, seria algo que já estaria biologicamente determinado, pois seria consequên- cia de características que o ser her- dava geneticamente. Desta forma, todas as experi- ências pelas quais o ser humano pas- sasse não interferiam no seu desen- volvimento, pois isto já estaria pre- viamente determinado, o que im- plicaem dizer que os defensores de tal concepção não admitiam a inter- ferência de eventos externos na ma- turação do sujeito desde o nasci- mento até a fase adulta. Platão foi o primeiro filósofo que defendeu que o ser humano já nasceria com características inatas, trazidas do “mundo das ideias”. Por- tanto, para ele, o ser humano já teria contato com o conhecimento antes mesmo de nascer. Essa concepção desconsidera a influência do meio ambiente, das experiências individuais, das rela- ções do sujeito com outras pessoas, justamente pelo fato de acreditar-se que o que ele será já está previa- mente determinado, desenvol- vendo-se espontaneamente dentro do processo de maturação biológica. Ora, se o indivíduo já nasce previamente determinado a desen- volve-se de certa forma, o papel do PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 35 educador e da escola pouco ser- viriam, pois a estes estaria reservado apenas o encargo de facilitar o de- senvolvimento que já seria normal para o indivíduo. De nada adianta- ria, portanto, tentar construir, por meio da ação educacional, qualida- des, aptidões e habilidades que não seriam inatas ao ser humano. Isto importa dizer que, para os defensores da concepção inatista, a educação não seria um fator rele- vante para o desenvolvimento do in- divíduo, servido ela, apenas, para desenvolver capacidades biologica- mente determinadas. O processo de educação seria, destarte, depen- dente de características próprias do indivíduo. Não é preciso muito esforço para se chegar à conclusão de que tal concepção coloca a responsabilidade do fracasso escolar no aluno, uma vez que, caso este não aprenda, é porque já nasceu sem as habilidades ou capacidades necessárias para que desenvolvesse o aprendizado no am- biente escolar. Cria-se, assim, uma espécie de preconceito para com o aluno que demonstra dificuldade no aprendi- zado, uma vez que se o sujeito não aprende o conteúdo, é porque possui características que o impediram de avançar nos estudos. Ao defender-se essa concep- ção, por conseguinte, cria-se uma si- tuação que tira da escola qualquer responsabilização pelo aprendizado ou seu fracasso. A segunda concepção é a am- bientalista. Para os defensores desta con- cepção, que surgiu como contra- ponto à concepção inatista, as ques- tões genéticas não seriam relevantes no processo de aprendizagem. O indivíduo possui, para esta concepção, uma elasticidade que lhe permite aprender de acordo com o ambiente em que vive, importando em dizer que seria no ambiente em que está inserido que ele encontra condições que irão desenvolver e moldar a sua personalidade, seus va- lores, seus comportamentos, etc. Considerando-se o fato de que o ser humano se desenvolve de acordo com o ambiente em que está inserido, tal concepção desenvolve a estratégia de ensino e aprendizagem através de ações que visam a moldar o comportamento do educando, pro- piciando condições para que ele se desenvolva de acordo com o que es- tabelece o meio em que ele se encon- tra. E como se daria tal aprendi- zado de acordo com esta concepção? PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 36 Promovendo a repetição de comportamentos considerados cor- retos, bem como a punição a com- portamentos considerados inade- quados pelo meio social onde o edu- cando está inserido. Ou seja, a forma como o aprendizado se dava era através de estímulos (reforços ou punições). Era assim que acreditava-se que de- terminado comportamento surgiria no indivíduo. Pode-se facilmente chegar à conclusão de que, para os defensores da concepção ambientalista, o de- senvolvimento seria um processo através do qual determinado com- portamento é alterado ou reforçado pelas condições criadas e até mesmo manipuladas pelo ambiente em que o mesmo se encontra inserido. Como trazer tal concepção para o ambiente escolar? O professor seria o encarre- gado de realizar o molde do compor- tamento do aluno. Ele é quem vai planejar, organizar e executar as condições de aprendizagem. Como exemplos de premiação para as situ- ações que se entendem adequadas podemos citar: elogios, notas, diplo- mas, premiações. 12 LIBÂNEO, José Carlos, Didática, editora Cortez, São Paulo, 2006, páginas 12/13. José Carlos Libâneo assim de- fende: As dificuldades encontradas nos estudos não podem levar os alunos ao desânimo. O profes- sor deve colocar essas dificulda- des como desafios a vencer. (...) Os alunos devem ser encoraja- dos a buscar mais conheci- mento, a ampliar sua visão das coisas, a se manterem informa- dos dos acontecimentos políti- cos, econômicos, culturais e educacionais, a discutirem com fundamento os problemas da profissão, da cidade e do país. Para isso, precisam convencer- se da importância do estudo sis- temático e ganhar confiança em relação às suas próprias possi- bilidades intelectuais.12 Por outro lado, ao professor cabe também a repreensão aos com- portamentos que se entende como inadequados, aplicando-se puni- ções. A concepção ambientalista também não ficou imune a críticas. Se, por um lado, na concepção inatista, retirava-se toda a responsa- bilidade da escola quanto à aprendi- zagem, colocando no aluno a res- ponsabilidade pelo fracasso, na con- cepção ambientalista houve um ex- cessivo controle do professor no aprendizado do educando, despre- PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 37 zando-se a espontaneidade no de- senvolvimento do aluno. Ou seja, ela não permite que o conhecimento se dê de forma natu- ral, pelo fato de que só permitia o de- senvolvimento dos comportamentos e das atividades que faziam parte do planejamento traçado pelo profes- sor. Critica-se, ainda, a ideia de que o ser humano é um sujeito pas- sível frente ao meio em que vive. O fracasso escolar, para os de- fensores desta concepção seria cau- sado pelas condições sociais, como a falta de estrutura, a pobreza, a fome, a estrutura familiar, a violência, a in- fluência midiática, etc. Por mais contraditório que pa- reça ser, é justamente com base nessa “plasticidade” que o indivíduo possui de absorver o meio em que vive que faz com que a escola sinta- se impotente, uma vez que, de nada adiantaria incutir determinados comportamentos no aluno, se o que determinaria a sua forma comporta- mental seria o meio em que está in- serido. Aristóteles, que foi o primeiro filósofo a defender o empirismo na educação escolar, já dizia em sua “Ética a Nicômaco”: 13 LIBÂNEO, José Carlos, Didática, editora Cortez, São Paulo, 2006, páginas 12/13. “As virtudes, portanto, não são geradas em nós nem através da natureza nem contra a natu- reza. A natureza nos confere a capacidade de recebe-las, e essa capacidade é aprimorada e amadurecida pelo hábito”.13 A concepção interacionista co- loca-se de certa forma contra tanto a ideia de que os serem humanos já nascem com as características e ap- tidões que irão desenvolver, quanto a ideia de que os seres humanos são seres passivos frente ao meio em que vivem. Os defensores desta concepção sustentam que o desenvolvimento do ser humano depende tanto dos aspectos biológicos quanto dos as- pectos sociais. Entende-se que o processo de aprendizagem do indivíduo neces- sita dos aspectos biológicos, uma vez que se devem respeitar as possibili- dades de aprendizagem de cada idade do ser humano, bem como da sua interação com o meio, com as pessoas, e com o conhecimento acu- mulado, que é inegavelmente um as- pecto social. Os professores, neste aspecto, se transformam em mediadores en- tre o aluno e o conhecimento adqui- rido da cultura social. PSICOLOGIADA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 38 A propósito: Fizemos essas considerações para mostrar que a prática edu- cativa, a vida cotidiana, as rela- ções professor-alunos, os obje- tivos da educação, o trabalho docente, nossa percepção do aluno estão carregados de sig- nificados sociais que se consti- tuem na dinâmica das relações entre classes, entre raças, entre grupos religiosos, entre ho- mens e mulheres, jovens e adul- tos. São os seres humanos que, na diversidade das relações re- cíprocas que travam em vários contextos, dão significado às coisas, às pessoas, às ideias; é socialmente que se formam ideias, opiniões, ideologias. Es- te fato é fundamental para compreender como cada socie- dade se produz e se desenvolve, como se organiza e como enca- minha a prática educativa atra- vés dos seus conflitos e suas contradições. Para quem lida com a educação tendo em vista a formação humana dos indiví- duos vivendo em contextos so- ciais determinados, é impres- cindível que desenvolva a capa- cidade de descobrir as relações sociais reais implicadas em ca- da acontecimento, em cada si- tuação real da sua vida e da sua profissão, em cada matéria que ensina como também nos dis- cursos, nos meios de comuni- cação de massa, nas relações cotidianas na família e no tra- balho.14 14 LIBÂNEO, José Carlos, Didática, editora Cortez, São Paulo, 2006, páginas 21/22. O papel da linguagem na aprendizagem e desenvol- vimento Antes de adentrar ao tema, é necessário a compreensão dos con- ceitos que envolvem a linguagem. Abaixo, o conceito trazido pelo dici- onário de linguagem: 1 - Faculdade que têm as pessoas de se comunicar umas com as outras, exprimindo pen- samentos e sentimentos por pa- lavras, que podem ser escritas, quando necessário. 2 - Maneira de falar, relativa- mente às expressões, ao estilo: linguagem obscura. 3 - Voz, grito, canto dos ani- mais: linguagem dos papagaios. 4 - Modo de se exprimir por meio de símbolos, formas artís- ticas etc.: a linguagem do ci- nema. 5 - [Linguística] Sistema orga- nizado através do qual é possí- vel se comunicar por meio de sons, gestos, signos convencio- nais. 6 - Sistema de símbolos que permite a representação de uma informação; código: lin- guagem do teatro. 7 - Capacidade natural da espé- cie humana para se comunicar por um a língua. 8 - Maneira particular de se co- municar usada por um grupo específico; jargão: linguagem da rua.15 15 Retirado em: https://www.dicio.com.br/ PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 39 Como visto, a linguagem está relacionada a forma de comunica- ção. O processo de construção da linguagem é demorado, e já se inicia ao nascimento e perdura normal- mente até a adolescência. Na fase adulta já se encontra totalmente de- senvolvida. Ela começa a se cons- truir com o nascimento e vai se cons- truindo aos poucos, de forma grada- tiva e individual. Cada criança tem seu ritmo. Na aprendizagem, o papel da linguagem é muito importante, pois é a forma de comunicação mais viá- vel seja entre colegas, seja entre o aluno e o professor. Na vida em geral o uso da linguagem é a forma mais fácil na comunicação, de se expres- sar. Mas é necessário ressaltar que ao se referir em linguagem, não se li- mita a fala. A linguagem pode ser verbal ou não. Linguagem verbal: A linguagem verbal se refere a fala, escrita, qualquer forma que usa a palavra como a forma de comuni- car, e consequentemente é a forma mais clara e mais usual de comuni- cação. Linguagem não-verbal: Linguagem não-verbal: Na lin- guagem não verbal, ao contrário da linguagem verbal, não há o uso da palavra. A forma utilizada na comu- nicação através da linguagem não verbal são gestos, imagens, cores, etc. São portanto formas de comuni- cação através da linguagem à partir de aspectos visuais. Em outras palavras, não se dá por aquilo que é lido, escrito ou ou- vido e sim pelo que é visto, seja uma imagem, uma expressão facial ou gestos que as pessoas trazem de forma consciente ou não, além da forma de imagens que poderia ser pictogramas, pinturas e placas de transito, etc. Abaixo a imagem de uma pin- tura na caverna, um clássico exem- plo de comunicação não-verbal utili- zado a milhares de anos chamada de arte rupestre. Fonte: Pinterest Na literatura, teatro e cinema, as formas de comunicação mais usual também é a utilização da lin- guagem verbal, entretanto podemos destacar o desenho “pantera cor-de- PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 40 rosa” e também a série de comédia “Mister Bean”. Há ainda a parte que é dedicada a deficientes auditivos. A linguagem pode ser ainda a união da linguagem verbal e não- verbal, que é considerada “lingua- gem hibrida ou mista”. Material Complementar: O texto abaixo é uma transcrição de um trecho do filme indiano de 2007 chamado “Como estrelas na terra: toda criança é especial” dirigido por Aamir Khan e Amole Gupte. O filme traz a história de um menino chamado Ishaan, que possuía um distúrbio de aprendizagem que o deixava com a autoestima baixa, tímido e retraído. Os pais não compreendiam sua dificuldade e o viam como que se desculpando para não estudar. Até que ele chega na sala de aula e o professor (que também é diretor do filme) resolve contar uma história: “Hoje vou contar uma história, de um garoto... Era uma vez um garoto, não me perguntem onde, que não sabia ler ou escrever, mesmo tentando muito. Ele não conseguia lembrar que o B vem de- pois do A para fechar. As palavras eram sua inimigas, dançavam feito formi- gas, assustando-o e atormentando-o. Os estudos lhe causavam terror. Mas quem podia compartilhar a sua dor? Seu cérebro estava cheio, nada fazia sentido no meio, o alfabeto dan- çava em devaneio, certo dia o garoto falhou e nos estudos desmoronou, todos riram na sua cara, mas sua coragem ninguém arrancara. E um dia ele achou o ouro, o mundo ficou maravilhado com a teoria que ele contou. Podem adivinhar quem ele é? ...” Mostrando uma foto os alunos disseram se tratar de Albert Einstein, fa- moso físico que trouxe inúmeras contribuições em vários campos da física. O professor contou sobre os feitos de Albert Einstein, Leonardo da Vinci, Thomas Edson, Abhishek Bachchan, Pablo Picasso, Walt Disney, Agatha Christie, dentre outros nomes nacionalmente reconhecidos por talentos variá- veis como: artes, cinema, física e mencionou escritores que possuíam distúr- bios de aprendizagem e mesmo assim foram verdadeiros gênios, exemplos a serem seguidos. PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 41 Fonte: Medium.com “Como estrelas na terra: toda criança é especial” é um dos filmes que todo professor deveria assistir. Embora por vezes sejam encontrados inúmeros desafios no caminho docente, o trabalho do professor é extremamente impor- tante para a vida do aluno. Todo professor deveria ter ciência do seu poder de influenciar a vida dos alunos, do quão importante seu trabalho é para a formação do discente, de tra- balhar de forma a atingir a todos, de transmitir ensinamentos além do ler e escrever. No trecho citado, em que o professor conta uma simples história aos alunos, depois de perceber que um deles possui um distúrbio de aprendizagem, faz com que o aluno se identifique com a história e com os problemas enfren- tados por pessoas tão importantes e de renome mundial. Neste contexto, surge um fio de esperança para o aluno que não se sente mais sozinho. Ele percebe que pode ir além e também ser um dos nomes reconhecidos como os que o professor citou. Assim podemos ilustrar melhor a importância da psicologia na prática docente, bem como, de que modo uma abordagem simples como um conto de fadas, uma históriainventada, além de todos os benefícios que já foram men- cionados acima, tem o poder de transformar vidas! 42 43 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 5. O Desenvolvimento Humano Fonte: Uol Universa16 Fases do Desenvolvimento Humano omo dito, o ser humano se encontra em constante evo- lução, constante desenvolvimento e aprendizagem, desde a sua concep- ção. Esse desenvolvimento se dá em algumas fases: Período Gestacional: O período gestacional, é o pe- ríodo desde a concepção até a o mo- mento anterior ao nascimento. Em 16 Retirado em: https://www.uol.com.br/ outras palavras, compreende o perí- odo em que a criança está no ventre da mãe. Primeira Infância: A primeira infância é o período compreendido desde o nascimento até os três anos de idade. Os sentidos começam a se desenvolver à partir dos três meses, enquanto a parte cognitiva, já se inicia nas primeiras semanas. C 4 4 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM Segunda Infância: A segunda infância compre- ende o período dos três aos seis anos. Terceira Infância: A terceira infância compre- ende o período de seis aos onze anos, nesta fase por se tratar de fase esco- lar, a criança recebe mais estímulos Adolescência: Compreende a fase entre a transição da terceira infância e o iní- cio da vida adulta, ou seja, é quando se deixa de ser criança e começa a se encaminhar para a vida adulta. Nesta fase a lei 8.069/90 (Es- tatuto da Criança e do Adolescente) entente por compreender dos doze aos dezoito anos. Início da Vida Adulta: Compreende a idade dos vinte aos quarenta anos de idade. Vida Adulta Intermediária: Compreende a idade dos qua- renta aos sessenta e cinco anos. Terceira Idade: Compreende a fase à partir dos sessenta e cinco anos de idade. Nessa fase embora a memória se en- contre na maioria dos casos com cer- tas perdas, é a fase em que as mais variadas áreas sofreram desenvolvi- mento. Em outras palavras, pos- suem muitos conhecimentos acu- mulados. O corpo humano, se desen- volve desde a gestação, desde a sua concepção. Ainda na barriga da mãe, a criança tem seu desenvolvimento cerebral, corporal e até mesmo inte- lectual. Ela sente e vive experiência externas através da mãe, assim já nasce com uma série de informa- ções, experiências, além de desen- volver suas habilidades que são ine- rentes do ser humano, que se torna mais perceptível após o nascimento. Na gestação ocorre a primeira fase do desenvolvimento. Fonte: Sou Mamãe Após o nascimento se inicia um processo mais perceptível desse desenvolvimento, pois apesar do de- senvolvimento intrauterino ser 45 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM maior, a sua parte intelectual é mais perceptível quando a criança co- meça a interagir com o meio e as pessoas com os quais convivem. Cada uma dessas fases pos- suem relevância em aspectos dife- rentes, na memória, capacidade de aprendizagem, raciocínio lógico, ve- locidade mental, etc. A partir dos 30 anos, esses aspectos citados costu- mam ter um queda quase impercep- tível que eleva nos anos subsequen- tes. Cabe ressaltar que esses aspec- tos são extremante variáveis de uma pessoa pra outra. Tipos de Aprendizagem A aprendizagem possui di- versas formas que podem ser utiliza- das para o seu desenvolvimento. Es- sas formas variam de cada professor e também dos alunos. Geralmente a forma utilizada é a mais benéfica para a maioria dos alunos, entre- tanto alguns alunos demandam uma metodologia diferente para garantir que o aluno acompanhe os demais na aprendizagem. A aprendizagem tem relação com mudança. Em outras palavras, ao adquirir novas informações, no- vos ensinamentos o aluno não é mais o mesmo, houve uma mu- dança, pois se acrescentou informa- ções, novos comportamentos à par- tir das mudanças causadas por essas informações e não somente em am- bientes escolares, mas também em ambientes não escolares. A aprendizagem consiste em aprender, na integração de algo novo. Aprender a jogar futebol, a pescar, a ler, é uma infinidade de coisas aprendidas ao longo da vida. Apesar de nesse momento o assunto principal seja a aprendizagem esco- lar, é necessário ressaltar que não é exclusividade da área educacional, para então partir para os tipos de aprendizagem. 46 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO E DA APRENDIZAGEM 47 6. Referências Bibliográficas LIBÂNEO, José Carlos, Didática, editora Cortez, São Paulo, 2006. RODRIGUES, Edvânia Braz Teixeira. Cultura, arte e contação de histórias. Goi- ânia, 2005. ABRAMOVICH, Fanny. Literatura infan- til: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipi- one, 1997. 04 8
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